CENTRO
SÓCIO
ECONÓMICO
›CURSO
DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM
ADMINISTRACAO
ÁREA
DE CONCENTRAÇÃO; ADMINISTRAÇÃO
UNIVERSITÁRIA
DISSERTAÇÃO DE
MESTRADO
_,__1 ____.í- ‹í,._- ._._- ___í----" __1-_ ___-=-___---' \\\\\\\
\\
__í._-- ___.._- ___...---'“CONCEPÇÃO
E
PRÁTICA
DA
EXTENSAO
UNI-
VERSITÁRIA
NA
PERSPECTIVA
DO MODELO
MULTICAMPI DE
UNIVERSIDADE
UM
ESTU-
DO
DE CASO
NA
UNIVERSIDADE
DO
OESTE
DE
SANTA CATARINA
-O 7 87O
237UFSC"BU
EVALDO
SCI-IAFFRATH
Florianópolis,
Outubro
de 1994I .
o'
, ›
PERSPECTIVA
DO
MODELO
MULTICAMPI
DE
UNIVERSIDADE-
UM
ESTUDO
DE
CASO NA
UNIVERSIDADE
DO
OESTE
DE
SANTA CA
TA-
RINA
EVALDO
SCHAFFRATH
ESTA DISSERTAÇÃO
POI
JULGADA
ADEQUADA
PARA
OE-
TENÇÃO
DO
TÍTULO
DE MESTRE
EM
ADMINISTRAÇÃO
(ÁREA
DE
CONCENTRAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO
UNIVERSITÁRIA),
E
APROVADA
EM
SUA
FORMA
FINAL
PELO
CURSO DE
PÓS-
GRADUAÇÃO
EM
ADMINISTRAÇÃO.
of/¿r‹.:›1/\
QÁ
9
Í*
PR .NELSON COL
OSSI,PhD
Coordenador doCPGA
APRESENTADO À
COMISSÃO
EXAMINADORA
INTEGRADA
PELOS
PROFESSORES:
PRO.
JOS
Í: g','zlNTADOR)
A*
A/À,
*~
PROF.
A
/ONIO
-O Ó
GRILLO,
Dr
I
PROF.
LU
/ARLOSLÚCKMANN,
Mestre
aos
meus
filhos
Silviane
e
Ales-
sandro
pelo
amor, apoio
e
com-
preensão nos
momentos
difíceis
de
ausência.
A
meus
pais
eirmãos por
acreditarem
desde
cedo
no
meu
potencial.'
Ao
Professor
eamigo
Henrique
João
Blind, pela oportuni-
dade
e incentivo.Aos
Professores José
Salm,
Antônio
Nicolló
Grillo eTeodo-
ro
Rogério
Vahl,
pela orientação
segura
eamiga.
Ao
Professor
Luiz
Carlos
Lückmann,
mais do que
um
co-
orientador,
um
amigo
solícito.Ao
colega Vicente de Paula Souza,
pelo
companheirismo
de
todas
as horas.A
Professora
Maria
Gôngora,
pela presteza
na
correção
da
ortografia.
Aos
Professores
do
CPGA/UF
SC,
com
os quais
tivea
felici-dade de
conviver
eabsorver
novos
conhecimentos.
Ao
Nelson, à
Marilda,
à
Sílvia eao
Márcio do
CPGA,
pela
amizade
e solicitude.A
todos
os colegas
da Pós-Graduação
pela
amizade,
pelo
convívio,
pela
troca
de
idéias.A
UNOESC,
nas pessoas dos
Professores
AristidesCima-
don,
Luiz
Alberto
Menegazzo
eNelson
Denardi, pela oportunida-
de
que
me
proporcionaram.
Por
fim,
a
todos
aqueles
que
de
forma
diretaou
indiretacontribuíram para
a
realizaçãodeste
trabalho.-
INTRODUÇÃO
... .. 01 -FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICO-EMPÍRICA
... .. O8 2.1 - 2.2 - 2.3 - 2.4 - 2.5 - Universidade e Sociedade ... .. O8A
Relação da Extensãocom
as Funções do Ensino e da Pesquisa ... .. 14Origens da Extensão e O Seu Desenvolvimento na Universidade Brasileira ... .. 20
Concepções de Extensão ... .. 33
2.4.1 - Concepção Assistencialista de Extensão ... .. 34
2.4.2 - Extensão
como
Comunicação ... .. 39O
Modelo de Universidade Multicampi ... .. 45-
METODOLOGIA
... _. 50 3.1 - 3.2 - 3.3 - 3.4 - 3.5 - 3.6 - 3.7 - Perguntas de Pesquisa ... .. 50Definição Constitucional e Operacional de Variáveis ... .. 51
População e Amostra ... .. 52
Caracterização e Delimitação da Pesquisa ... .. 53
Coleta de Dados ... .. 54
Tratamento dos Dados ... .. 56
Limitações da Pesquisa ... .. 57
_
APRESENTAÇÃO
E
ANÁLISE
DE
DADOS
... .. 594.1 - Diagnóstico Institucional da Extensão Universitária nas ex-Fundações Educacionais ... _. 59 4.1.1 -
A
Relação das Fundaçõescom
a Comunidade circundante 59 4.1.2 - Caracterização dos Projetos e Atividades desenvolvidas ... .. 634.1.4 - Concepções, de Extensão ... .. 77
4.2 -
A
Extensão no Projeto de Universidade daUNOESC
... .. 814.2.1 - Breve Histórico ... .. 81
4.2.2 - Estrutura Organizacional ... .. 87
4.2.3 -
A
Concepção de Extensão Universitária na Visão da Comissão Pró-Universidade ... .. 914.2.4 - Linhas Básicas de Ação e Metas Prioritárias para a Extensão . 94 4.3 -
A
Extensão a partir da Implantação do Projeto de Universidade ... .. 974.3.1 -
A
Extensão Enquanto Elo de Integração da Universidadecom
a Comunidade ... .. 974.3.2 -
A
Extensão e Sua Vinculaçãocom
o Ensino e a Pesquisa 107 4.3.3 - Alguns Programas e Projetos de Extensãoem
Andamento 115 4.3.4 -A
Extensão no Modelo Multicampi ... .. 1254.3.5 -
O
Processo de Institucionalização da Extensão naUNOESC
129 5 -CONCLUSOES
E
RECOMENDAÇÕES
... .. 1346 -
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... .. 142Tabelal - Tabela2 - Tabela3 - Tabe1a4 - Tabela5 - Tabela6 - Tabela 7 - Tabela8 - Tabe1a9 - Tabela 10- Tabela 1 1 - Tabela 12- Tabela 13- Tabela 14- Tabela 15- Tabela 16- Tabela 17- Tabela 18- Tabela 19- Tabela 20- Fundações
X
Comunidade ... _. 62Sociedade
X
elaboração/execução de programas ... .. 63Fatores determinantes para o levantamento das prioridades extensionistas ... .. 64
Formas de financiamento dos projetos de extensão ... .. 67
Atividades mais desenvolvidas nas ex-Fundações ... .. 70
Projetos desenvolvidos nas ex-Fundações nos anos de1989, 1990 e 1991 ... ..71
Pesquisa
X
realidade circundante ... .. 74Formas de extensão-nas ex-Fundações ... _. 76 Consciência das pessoas envolvidas
com
extensãoX
concepções de extensão ... .. 78Concepções de extensão
X
ações extensionistas desenvolvidas nas ex-Fundações ... .. 79Integração da
UNOESC
com
a comunidade ... _. 99 SociedadeX
desenvolvimento de programas ... .. 102Pessoas envolvidas
com
a extensãoX
concepções de extensão _ 104 Concepções de extensãoX
ações extensionistas praticadas naUNOESC
... .. 105Prática da extensão
X
ensino e pesquisa ... .. 110Pesquisa
X
realidade circundante ... .. 112Prática da extensão universitária
X
forma ... .. 117Modalidade mais desenvolvidas ... .. 119
Atividades desenvolvidas na
UNOESC
nos anos de 1992 e 1993 ... .. 120The
objectiveof
this paper is to studyand
analyse thechanges
thathappened
With the university extension at Universidadedo
Oeste de SantaCatarina -
UNOESC,
considering thetwo
last years before the university project authorizationby
the Federal Council of Education, into the act587/91, as well its
development
until thismoment,
comparing
its concepti-on and
practice.The
optionwas
a case study, duringwhich
was
done
document
analysis, interwiews
and
questionaire application.The
study is sad to beof
qualitative type.
The
resultsshowed
that the practice of extensiondeveloped
ind theex-Educations that today constitute the
UNOESC,
ismainly
characterizedby
servicesdone
to education area, scatteredand
nonsequential,having an
assistant conception.
i
In conclusion, the creation
of
UNOESC,
is changingmind
of
the tree functionsof
theacademic
tripod.The
university structure favor the depar- tments, graduationand
reaserch/extension the university extension is in- creasing in quantityand
in quality.This paper is valid at
UNOESC
only, but, taking care, the resultscan
be used
for research in other similar universities.Esse
trabalhotem
por objetivo estudar e analisar asmudanças
que
ocorreram
em
relação à extensão universitáriano
contextoda
Universidadedo Oeste
de Santa Catarina -UNOESC
-, considerando-se os dois últimosanos
antesda
autorização de seu Projeto de Universidade, peloConselho
Federal
de Educação, no
Parecer 587/91,bem
como
a suacaminhada
atéo
presente
momento,
confrontando a suaconcepção
e prática.Optou-se, portanto, por
um
estudo de caso, durante o qualforam
empreendidas
análises documentais, entrevistas semi-estruturadas e aplica-ção
de
questionários.O
estudopormenorizado
caracteriza-secomo
sendo
do
tipo qualitativo.Os
resultados obtidosdemonstram
que
a práticada
extensão desen-volvida nas
ex-Fundações
Educacionaisque
hoje constituem aUNOESC
caracterizava-se, basicamente,
em
prestação de serviços, principalmentevoltados para a área
da
educação, de caráter esporádico e insequencial,contendo
em
seu bojouma
concepção
assistencialista.Verificou-se que,
com
a criaçãoda
UNOESC,
estáhavendo
uma
mudança
de mentalidadeem
relação às três funçõesdo
tripé acadêmico.Favorecida por
uma
estrutura universitáriaque contempla
os departamen-tos e a pró-reitoria de pesquisa,extensão e pós-graduação, a extensão uni-
versitária
vem
sofrendoum
incremento tanto qualitativo, quanto quantita-tivo. _
A
validadedo
presente estudo circunscreve-se àUNOESC.
Contudo,
com
a devida cautela, tais resultados poderão ser considerados para efeitode
pesquisaem
outras organizações universitárias multicampi,com
carac-terísticas similares.
A
universidade, por longo tempo, foi consideradacomo
“repositóriodo
saber”,não
havendo, por isso, a necessária interação entre ela e a socie-dade.
Assim
sendo,assumia
atitude de isolamento,sem
preocupação
com
as
novas
exigênciasdo
meio
interno e externo, restringindo-se a transmitirconhecimentos, através
da
função-ensino.Neste
contexto, a participaçãoda
universidadeno
processo de des-envolvimento
científico e tecnológico, por intermédioda
pesquisa e a apli-cação
deconhecimentos
atravésda
extensão, são atribuiçõesassumidas
recentemente.
A
extensão universitáriafinnou-se
como
função institucional porinfluência
do pragmatismo
norte-americano e pela necessidade de trans-formar conhecimentos
teóricosem
prática, demaneira
a levar resultadospara a
comunidade.
A
universidadecontemporânea
échamada
a assumir deforma
ex-plícita a função
da
extensão universitária. Ela representa a abertura desta àcomunidade.
Cabe
à extensão o papel de colocar a serviçoda população
oconhecimento
produzido eacumulado na
universidade. Esta contribuiçãovisará fornecer à sociedade elementos para interpretação e transformação
da
realidade.No
entanto, constata-se que, entre as funções principaisda
universi-dade, a extensão é a
que
menos
setem
desenvolvido,sendo
chamada
porDaí, parece justificável
que
a extensão universitária seja alvo de atenção especial por parte dos responsáveis pelas diretrizes educacionaisdo
país, para estimular o desenvolvimento deprogramas
extensionistas.Isto porque,
sendo
uma
das funções fundamentaisdo
processo universitá-rio, representa
um
instrumento de troca deconhecimentos da
universidadecom
o
meio
circundante e, essencialmente,uma
aplicaçãodo
ensino eda
pesquisa à solução dos
problemas
e ao atendimento das aspiraçõesda
co-munidade.
Depois
de muitas pressões, sobretudodo segmento
estudantil, repre-sentado pela
União
Nacional dos Estudantes(UNE),
foiimplementada
aReforma
Universitária. Surgiu, então, a Lei 5.540, de28
denovembro
de1968,
que
estabelececomo
atribuições básicasda
universidade brasileira oensino, a pesquisa e a extensão.
O
documento
legal determinaque
essasdevem
vincular-se demodo
indissociável, a tal ponto de o cursoacadêmi-
co
não
constituir-se apenasna
assimilação deconhecimentos
teóricos,mas
completar-se
na
prática das atividades das duas outras funções.Apesar
de sua relevância,somente
em
meados
da década
de 70, pa-rece ter-se generalizado a idéia
da
necessidade de seimplementar
uma
política extensionista
em
cada universidade. Isto, depois de seterem
esva-ziados alguns
programas
extensionistasmarcados
pelo semblante autoritá-rio
do regime
militarda
época.Teoricamente, parece
não
haver dúvida acercada
importânciada
função-extensão
como
instrumento decompromisso da
universidadecom
o desenvolvimento da comunidade,
desdeque
procure identificar os an-seios
da
sociedade _emque
está inserida e prestaruma
resposta a elas. ParaDemo
(1980:130) “a Universidade échamada
a assumir deforma
definiti-va
seucompromisso
com
a política social por duas razões principais: por-de
educação
e cultura; por autocrítica,na
medida
em
que
precisa reconhe-cer
que
oacúmulo
de privilégiosdeve
ser socialmente retribuído”.A
extensão universitáriatem
um
sentido prático.No
entender deCassimiro
e Gonçalves, a extensãonão
existeem
livros,nem
nas lacunasde
uma
conferência.“Só
se sabe verdadeiramente oque
é extensão, fazen-do-a.
Só
se reflete séria e validamente sobre extensão, a partirdo que
sefaz”(1986:35).
São inúmeras
as possibilidades práticas de se fazer extensão.Porém,
a inexistência
de
uma
compreensão mais
exatado que
ela seja se refletena
própriaconfiguração
tipológica dos programas.Independente de
como
se apresentem - sob aforma
de cursos, deseminários, de debates
ou
estágios, o semblante autoritárioda
instituiçãode ensino superior é marcante.
Gurgel
(1980:138)combate
esse semblanteautoritário
da
universidade, afirmandoque
a“comunidade deve
ser respei-tada e
não
pode
ser “violentada”com
programações
meramente
episódicase
que
são feitas apesar dela”.Esta característica está presente até hoje
na
maioria das IES, Brasil afora.
No
entanto,do
finalda década
de 80 para cá, a extensão estásendo
repensada e tem-se observado
um
propósito de colocá-la aomesmo
nívelinstitucional
da
docência eda
pesquisa.Dois
fatores contribuíram, decisi-vamente
para isto: a eleição democrática dos Reitores das UniversidadesPúblicas e a criação
do
Fórum
de Pró-Reitores de Extensão das Universi-dades
Públicas Brasileiras.Está se
formando
uma
consciência deque
a extensãodeve impregnar
todo o processo de ensino/aprendizagem.
Nesta
perspectiva surge a teoriada
“rua demão
dupla”, oque
quer dizerque
a extensãotem
a função delevar a
“produção” da
instituição de ensino para acomunidade
sob diver-sas
formas
e, por outro lado, trazerda comunidade
informaçõesque
pos-novos
conhecimentos, fruto deum
diálogo intenso e sistemático,que
porsua vez,
novamente
serão estendidos àcomunidade,
criando assimum
cir-culo vicioso
no
sentido positivodo
termo.É
neste período de transição, deuma
extensãopuramente
assisten-cialista, desvinculada
do
ensino eda
pesquisa, parauma
faseem
que
estásurgindo
uma
universidademais comprometida
com
a realidadedo
meio
circundante,que
se situa este estudo.Busca-se
nele analisariasmudanças
que
ocorreramem
relação à ex-tensão universitária
no
contextoda
UNOESC,
considerando-se os dois úl-timos anos antes
da
autorização de seu Projeto de Universidade, peloCon-
selho Federal de
Educação,
atéo
presentemomento,
confrontando a suaconcepção
e prática.A
Universidadedo
Oeste de Santa Catarina -UNOESC
- constitui-senuma
universidade multicampi, resultadoda
agregação dasex-Fundações
Educacionais de
Chapecó,
Joaçaba e Videira.h
Trata-se, portanto, de
um
estudo de casoque
visa identificar e anali-sar as
mudanças
ocorridasna
UNOESC
em
relação à extensão, tendocomo
questão de
fundo
o seguinteproblema
de pesquisa:'
QUE MUDANÇAS OCORRERAM
EM
RELAÇAO
A
CONCEPÇAO
E
PRÁTICA
DA
EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA,
COM
O
PROCESSO
DE
CRIAÇÃO
DA
UNOESC?
Ao
longo do
processo, buscar-se-ão os seguintes objetivos:OBJETIVO
GERAL
Identificar e analisar as
mudanças
ocorridasna concepção
e práticada
extensão universitária desenvolvidana
UNOESC
a partir de seu proces-OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
l- Analisar a prática
da
extensão universitáriana
perspectivado
mo-
delomulticampi
de universidade;2- Identificar a
concepção
de extensão presente nas ações extensio-nistas praticadas
no
contextoda
UNOESC,
antes e depois de sua criação;3- Identificar os avanços
que
a criaçãoda
UNOESC
trouxe para aprática extensionista.
O
estudo estrutura-seda
seguinte forma:num
primeiromo-
mento
apresenta-seuma
revisãoda
literaturaenfocando
inicialmente a re-lação
da
universidadecom
a sociedade para,em
seguida, enfatizar a exten-são universitária e sua vinculação
com
o ensino e a pesquisa.Num
segundo
momento,
buscou-se
subsídios para acompreensão
do
processo de estabelecimento e desenvolvimentoda
exten-são universitária
no
Brasil, paraem
seguida abordar as duas principaisconcepções
de extensão desenvolvidas a nível de universidade, aludindosuas diferenças básicas e apresentando as características
do
modelo
multi-campi de
universidade.O
terceiro capítulo apresenta a metodologia empregada, ressaltando-se a especificação
do problema
e definindo-se a população, caracterização e delimitaçãoda
pesquisa, assimcomo
o processo de coleta e tratamento de dados.O
quarto capítulo faz a apresentação e análise dos dados,bem como
verifica a prática e
concepção da
extensão universitária nasex-Fundações
Educacionais
que
hoje constituem aUNOESC.
O
quarto capítulo,num
segundo
momento,
aborda o Projetode
Uni-versidade
da
UNOESC,
iniciandocom
um
pequeno
histórico dasFunda-
ções e decomo
se desenvolveu a idéia da universidade, paraem
seguida,analisar a sua estrutura organizacional, a
concepção
de extensão universi-tária e as linhas básicas de ação e
metas
prioritárias para a extensão.O
subcapítulo três procede à análise dedados
primários e segundári-os,
enfocando
a extensão a partirda
implantaçãodo
projeto de universida-de.
No
primeiromomento
analisa-se a integraçãoda
UNOESC
com
a co-munidade
circundante, destacando-se,em
seguida, o vínculo existente en-tre a extensão e as
demais
funçõesdo
tripé acadêmico.No
terceiromomen-
to ressaltam-se alguns
programas
e projetos de extensãoque foram
realiza-dos
eque
estãoem
andamento,
para,num
momento
seguinte,mencionar
aextensão e sua prática
no
modelo
multicampi, concluindo, assim,com uma
breve análise
da
institucionalizaçãoda
extensãona
estrutura atual.No
último capítulo são apresentados as conclusõesdo
presente estu-FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
2.1
-UNIVERSIDADE
E
SOCIEDADE
A
universidade éuma
instituiçãocom
uma
missão
global. Esta mis-são está centrada
na
sua relaçãocom
a sociedade.Abreu
&
Abreu
(1984:l56)
afirmam
que
a universidade,quando
atinge o nível de institui-ção, é
uma
organizaçãocomprometida
com
amudança
e o crescimento,ou
seja,
com
o desenvolvimento da
sociedade.O
compromisso
socialda
universidade,segundo
oDocumento
Finaldo
IIEncontro
Nacional de Pró-Reitores de Extensão das UniversidadesPúblicas Brasileiras (1988) “é o de inserir-se nas ações de
promoção
e ga-rantia
dos
valores democráticos,da
igualdade e desenvolvimento social,notadamente
resgatando a cidadaniacomo
valor norteadorda
práxis uni-versitária e priorizando as atividades direcionadas à luta contra a depen-
dência
econômica,
cultural e política”.Enquanto
agência demudança,
a universidade está necessariamenteao largo
de comprometimentos
com
o “statusquo”e
o “establishment”dasociedade.
Por
isso,não
reproduz a sociedade,mas
a transforma, elevando-a
(Abreu
&
Abreu,
l984:l57).A
universidade éuma
instituição produtorado
saber.A
produção do
saber
tem
sempre
a vercom
a aliança/enfrentamento de interessesna
soci-edade.
É
sempre
um
serviço à afirmaçãoou negação
de interesses. ParaSales (l986:3) a universidade e as instituições de ensino e pesquisa são
compostas
de funcionários de interesses. Dentro delas aconteceuma
alian-ça/enfrentamento de interesses,
afirmando/negando
interessesmais
funda-“Até supomos que o atual
modo
de produzir saberes_ nas instituições de ensino e pesquisa é
um
serviço deperpetuação de interesses já afirmados” (Sales,
1986:3).
Complementa
o autor, dizendoque
a aliança/enfrentamento de inte-resses está
na origem
e possibilidade de superação dosproblemas da
soci-edade.
“Pelo que faz e pelo que deixa de fazer, a universi-
dade está sempre contribuindo para afirmação ou
negação de interesses.
Não
estar consciente disso, jápode ser
um
serviço aos interesses que já estão afir-mados” (Sales, l986:4).
Compartilhando
dessa linha de pensamento,Abreu
&
Abreu
(l984:l64)
afirmam que
a universidadecomo
instituição reúneem
si ascompulsões
de: a) reproduzir oconhecimento
(ensino); b) produzirnovo
conhecimento
(pesquisa); c) difundir oconhecimento
novo
(extensão) e d)desenvolver as aplicações
do conhecimento que dão
as tecnologias(desenvolvimento).
Uma
tecnologia para Sales (1986:4) é omodo
de sentir/pensar/agir.“São
tecnologias de aproveitamento das potencialidades dos agentes hu-manos
e materiaisda
construçãoda
sociedade”.São
tecnologias apropriadas àprodução
deum
modo
de sen-tir/pensar/agir
na
sociedadeadequada
a fazer valer interesses negados, res-gatar auto-estima e a altivez de
quem
não
estáconseguindo
sen-tir/pensar/agir
como
construtorda
sociedade e detentor deum
saber (Sales,construtores
da
sociedade são os trabalhadores.É
para elesque
a universi-dade
estariaconvocada
a contribuir para “esclarecer/organizar/viablizar”osseus interesses.
Porém, na
realidade, as universidades brasileiras estãodevendo
muito
no
que
tange ao seu papel social.Na
percepção deSchuh
(l986:170), as universidades brasileiras, hoje
em
dia, integram a sociedadeapesar de
terem pouca
relevância para ela.Na
concepção do
autor,não
estão liderando as
mudanças
na
sociedade, poisnão
sepreocupam
com
a relevância de seu ensino e treinamento;não
se responsabilizam pelo des-envolvimento
econômico
do
país,ou
pelo desenvolvimentodo
seu próprioEstado.
“Ela desenvolve suas ações de ensinar e de pesqui-
sar,
como
se tivesse compromissoem
primeiro lu-gar, e, mais ainda, exclusivamente
com
o °saber°,entendendo tal “saber”
como
o “saber” dos livros, doscientistas, de tudo aquilo que se elabora
em
termosde intelectualidade nos países mais adiantados do
que o nosso e que, portanto, possuiriam e cultivari-
am
0 “verdadeiro saber' (Cassimiro&
Gonçalves,1986: 141).
Acreditam
os autores que, ainda hoje, nossas universidadesnão
en-contraram o
caminho
do
diálogo entre elas e ascomunidades, porque
am-
bas
possuem
interesses diferentes ebuscam
diferentes objetivos.“A
universidade deve ser a luz que ilumina os de-mais organismos atuantes no seio das comunidades,
sejam os próprios integrantes das comunidades,
tanto
em
termos de indivíduos,como
em
termos deinstituições e demais organismos”(Cassimiro
&
Gonçalves, 1986: 143-144).
Para
que
haja de fato a interaçãoda
universidadecom
a sociedade énecessário a abertura
da
universidade para acomunidade,
realizada dema-
neira
programada,
segura,com
clareza de propósitos e objetivos. Evita-se,assim, guardar atrás das portas
uma
enorme
potencialidade de recursossem
o devido
aproveitamento.Para
que
essa abertura, essa integraçãoda
universidadecom
a co-munidade
aconteça, Frantz (1989:49) aponta a necessidadeda
universida-de, institucionalmente, ter a
coragem
política e as condições objetivas paraisto.
Em
contrapartida, é necessárioque
acomunidade
se organizeem
grupos, associações, sindicatos,
comunidades
de base,movimentos
alter-nativos e outras
formas
de expressão coletiva, paraque
essa relação acon-teça de
forma
significativa, objetivando a transformaçãoda
sociedade.Já Paviani e Pozenato (1984:33) acreditam
que
a universidade con- temporânea,além
de suavocação
universalistaem
relação à ciência,pode
ter
uma
acentuadavocação
regionalista. Neste caso,afirmam
eles, trata-sede
uma
opção
explícita para o desenvolvimentoda
região.“Numa
sociedade subdesenvolvida talvez seja este omelhor caminho, o impulso seguro para o crescimen-
to econômico, o
bem
estar social, a independênciaÉ
atravésda
extensãoque
sedá
a articulaçãoda
universidadecom
a sociedade.É
a extensãoquem
vai proporcionar as condições propícias paraque
a sociedade coloque os seus problemas.Como
afirma
Saviani ““... o contatocom
osproblemas
efetivosda
sociedade
que
vai permitir a universidade transformar os objetos de suaspesquisas
em
algo relevante para a sociedade e adequar o ensino às neces- sidadesda
sociedade”(1981:67).Isto significa envolver-se
na
pesquisada
qualidade de vida, desta-cando-se a instrumentalização
do
posicionamento crítico perante a transi-toriedade das circunstâncias.
A
identificação dosproblemas
aserem
entendidos/solucionados sedará,
no
dizerde
Sales (l986:6), “saindoda
universidade, consultando asorganizações representativas dos diferentes grupos e classes sociais, con-
sultando as organizações representativas dos trabalhadores, de seus aliados
e
de
seus adversários”.Segundo
Reis (l988:39) “o contatoou
a relação entre “intelectuais” e“simples°, entre “intelectuais” e “massa”; “intelectuais” e “povo” (grifos
do
autor). Entre a escola, a universidade (professores e alunos) e a população,
constitui o alicerce primeiro
do que defendemos na
extensão universitária.O
autorcomplementa
seupensamento quando
dizque
a relação uni-versidade-população vai
além
““namedida
que
esta tenhaum
caráter pro-cessualmente dialógico,
ou
seja,que
expresseuma
prática políti-co/pedagógica administrativa conjunta, reciprocamente, de
mútua
influên-cia e
simultaneamente
transformadora entre universidade e população.E
com
repercussão concomitante deste processo,no
conjuntoda
sociedade”.“Esta rela ão dialó ica P oderia ser entendida
tam-bém como
um
“em-acontecendo” universidade-responsabi-lidade coletiva. Nele estão articulados, imbricados,
. processual e simultaneamente o ato de educar, for-
mar profissionais, produzir conhecimentos, analisar e contribuir à solução de problemas de interesse co-
mum
ou específico” (Reis, 1988139).Garrafa,
apud
Reis (1988:2l) parte deuma
compreensão da
extensãoque
pressupõeum
duplocompromisso
com
a população: “o primeiro des-tes
compromissos
diz respeito à identificação, defesa e explicitação de po- sicionamentosnovos que
sirvam de base, paraque
professores e estudantesultrapassem os limites das salas de aula,
assumindo o
desafio de aprender eensinar
na
realidade.Com
isso, a universidade estará proporcionando àsociedade
uma
força de trabalho compatível às necessidadesdo
país e aextensão estará contribuindo para a
formação
de cidadãos intelectuais etécnicos capazes de pensar e agir criticamente, frente às exigências coleti-
vas.
Um
segundo compromisso,
diz respeito aoconhecimento
produzido eacumulado
pela universidade,que
deveria ser colocado a serviçoda popu-
lação,
fomecendo
à sociedade, elementos para interpretação etransforma-~
çao
da
realidade”.No
documento
Política de Extensão, das Pró-Reitorias de assuntosComunitários
e deEnsino
e Pesquisa da Universidade Federal de Juiz deFora
(MG),
segundo
Reis (l988:21), “é reiterado esse sentidoda
extensão,enquanto
articuladorado
ensino eda
pesquisa e viabilizadora de apoio eestímulo à organização e libertação
da
Sociedade: “a extensão universitáriadeve
ser entendidacomo
elemento de ligaçãodo
ensino eda
pesquisacom
a sociedade,
ou
seja, a extensão é o elemento articuladordo
ensino eda
pesquisa, viabilizando a função transformadora
da
universidade junto à sociedade.A
extensão universitária é apoio e estímulo à organização e li-Como
foi discutidono
IIEncontro
Nacional de Pró-Reitores deEx-
tensão das Universidades Públicas Brasileiras e publicado
em
Documento
frnal (1988), “a universidade
deve
dirigir seus interesses epreocupações
para as questões sociais. Para tanto, cabe-lhe buscar junto à própria
comu-
nidade subsídios
que
lhepermitam
detectar seus anseios,numa
postura deconvivência aberta e horizontal”.
“A
medida da universidade é a realidade provocantede seu meio. Importa dizer que se ela não interpreta
as entranhas de sua realidade circundante, transfor-
ma-se
em
algo destinado à inutilidade” (Cameiro,1985:25).
2.2
-A
RELAÇÃO
DA
EXTENSÃO
coM
AS
FUNÇÕES
Do
ENs1No
E
DA
PESQUISA
A
Lei 5.540/68,bem como
o Art.207
da Constituição Brasileiraapontam
para a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão.Contudo, na
prática, essas três funçõesandam
separadas. Reis(1992:74-75) afirma
que
o sistema orçamentário-financeiro das universi-dades está organizado tendo
como
pressuposto o ensino, a pesquisa e aextensão
como
funções distintas e separadas.H
Na
visãodo
autor, essequadro
fortalece a dissociação-eo
estan-quismo
entre ensino, pesquisa e extensão e inviabiliza a indissociabilidade,além
de reforçaruma
hierarquia de importância deuma
sobre a outra,com
as conhecidas consequências
que
isso acarretaem
nível das estruturas deEle
defende
a extinção de qualquerprograma
específico de financi-amento
e qualquer alocação orçamentáriaem
que
se considere ensino-pesquisa-extensão separados e isoladamente, embora,
reafirma
o autor,seja a situação vigente (Reis, 1992:75).
Silva (1991 180) ao analisar a indissociabilidade entre as três funções
da
universidade, acreditaque
“se as atividades de extensãonão
estiveremsendo
realizadas para o progresso deuma
destas funções,simplesmente
perdem
o
seuporquê
dentro deuma
instituição de ensino superior, levandoa universidade a agir
como
qualquer “órgão público de prestação deservi-/
993
ços .
A
extensão,segundo
oDecanato
de Extensãoda
UnB
(l989;9)“embora
formalmente
colocadono
mesmo
nível e contexto dos outros doiscomponentes
do
tripéacadêmico
- ensino e pesquisa -, durantemuito
tem-po,
não passou
deum
instrumento de captação de recursos para as univer-sidades. Sofria
de
imprecisão conceitual.E
isto, de certa forma, abriu asportas para o
inadequado
usoque
dela fizeram as instituições superiores deensino”.
Silva,
ao
estudar a práticada
extensão universitária,na
UniversidadeFederal
de
Santa Catarina-UFSC,
num
período recente, constatouque
defato havia a indissociação entre ensino, pesquisa e extensão, o
que
pode
sercomprovado
pelodepoimento
seguinte:“A
extensão foi caracterizada pela universidadecomo
tudo que não é ensino e pesquisa. Hoje esteentendimento está mudando...
A
extensão deve ser aligação da universidade para reformular o ensino e a
No
mesmo
estudo, a autora constatouque
as atividades de extensão desenvolvidasna
Instituiçãolem questão consistiam de “consultorias, ser-viços técnicos, serviços de ensino, atividades assistenciais, atividades cul-
turais, atividades esportivas e outras”, sendo
que
asmodalidades de
servi-ços
de
ensino e consultoriasapresentavam
um
índicemais
significativo, oque
quer dizerque
as atividades de consultoriassignificam
captação derecursos para a universidade,
enquanto
a prestação de serviços de ensino exigepoucos
recursos financeiros e ainda através delespodem
ser minis- tradosconteúdos não abordados
nos currículos oficiais” (Silva, 1991:74-75).
A
Coordenação
Nacionaldo
Fórum
de Pró-Reitores deExtensão
dasUniversidades Públicas Brasileiras, in
Decanato
deExtensão/UnB
(1989:119), ao elaborar sugestões ao Ministério de
Educação
e Cultura -MEC,
viaCRUB, em
1988, referente à extensão universitária, entendeque
“a extensão universitária só
tem
sentidocomo
um
processo deaproxima-
ção
da
universidadecom
a realidade social,na
medida
em
que
o ensino e apesquisa
possam
ser repensadosem
função desta prática”.O
Fórum
vê aextensão
como
articuladorado
ensino eda
pesquisa, constituindo-seem
um
canal viabilizadordo
contatoda
universidadecom
uma
realidadeque
precisa ser identificada, estudada, interpretada e transformada.
Para o
Fórum
de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públi-cas Brasileiras (in
Decanato
deExtensão/UnB,
1989: 121) , a “extensãonão
é vista
como
uma
função indissociadado
ensino eda
pesquisa, mas, reco-nhecida
como
um
processo decomunicação
entre a universidade e a socie-dade que penneia
o ensino, a docência e a investigação”.Nessa
linha de pensamento, o ensino deixa de seruma
“puratransmissão de conhecimentos' e passa a representar
uma
prática socialviva e engajada
que não pode
ser desligadada
questãoda
aprendizagem. Ensino/aprendizagem, portanto, são vistoscomo
dois níveis deum
mesmo
momento
pedagógico.Desta
forma,rompe-se
igualmentecom
a visão aca-demicista
que
reconhece a sala de aulacomo
único espaço educativo e re-conhece-se ser a realidade
uma
fonte inesgotável de aprendizado.O
está-gio curricular,
na
visãodo Fórum,
“namedida
em
que
se explora o seupotencial extensionista, passa a representar
um
importantemomento
da
relação teoria/prática e de integração interdisciplinar, deixando de ser
simplesmente
um
mecanismo
de contabilização de créditos para conclusãode
cursosde graduação
como
ainda ocorreem
muitas IES”.Extensão, pesquisa e ensino têm, por
um
lado, características própri- asque
osdefinem
enquanto
modos
de operar deuma
instituição universi-tária.
Mas
devem
teruma
identidade de propósito euma
articulação deações
(Núcleo
deExtensão do
Centro de Ciênciasda
Educação da
Univer-sidade Federal
do
Piauí, 1985:l69). _Para o
Núcleo
deExtensão da
UFP,
a extensão realimenta o ensino ea pesquisa por ter
um
contato diretocom
a realidade.Segundo
eles,“realimenta
o
ensino favorecendo a articulação entre teoria e prática, esti-mulando
areflexão
crítica, propiciando aos alunos e professoreso
retornoàs fontes geradoras
do
conhecimento”(1985;l69).Para os
mesmos
autores (1985:l70), o ensino realimenta a extensão.“O
ensino realimenta a extensão quando aquele éentendido como
um
ato de criação,como
reflexãosobre a realidade, onde teoria e prática não se
opõem, se completam; se o ensino for compreendido
também
como
forma de aprender, de reelaborar o saber que está presente na comunidade”.Na
relação extensão/pesquisa, acredita-seque
as universidadesque
verdadei-ra. Savi acredita
que
é lícito esperarque
se consiga fazer extensão, se ascondições
de
pesquisa já existiremna
universidade.Comenta
o autorque
“... esta visão
pode
criaralgum
embaraço
para aquelas instituiçõesque não
exercem
a funçãoda
pesquisa efazem
extensão,porque
esgotadas as in-formações do que
têm
a estender,podem
entrarnuma
fase repetitiva, dereflexo
insignificante paraquem
recebe” (Savi, l987;179).A
pesquisa, nessa relação dialéticacom
a extensão,segundo
Garrafa(l989:21), é a pesquisa a curto e
médio
prazo, é a pesquisacomprometida
com
a realidade concreta.“Isto não significa que a extensão queira deixar de
lado a pesquisa de ponta.
É
fundamental que se in- centive e se apóie a pesquisa de ponta” (Garrafa,19s9z21).
Nesta
perspectiva,o
Fórum
de Pró-Reitores de Extensão das IESP,acredita
que
“a pesquisa passa a representar a possibilidade de resposta amuitos
problemas ou
desafios apresentados pela realidade e permite a inte-gração
da população na
condição de agente ativoda
ação desenvolvida.A
extensão propiciará igualmente a difusão dos resultados de estudos, levan-
tamentos
e pesquisas, demodo
que
osmesmos
tenham
uma
utilidade so-cial”
(Decanato
deExtensão/UnB,
1989: 121).Em
tennos mais
práticos, isto quer dizer,segundo
sugestãodo
Fó-rum
de Pró-Reitores de Extensão dasIESP
para oMEC,
inDecanato
deExtensão/UnB
(l989:123),que no
casoda
pesquisa social, “deve-se esti-mular formas
de observação participante, de pesquisa-ação e outras alter-nativas similares
que levem
apopulação
a funcionarcomo
sujeito ativoda
produção do conhecimento
eda
descoberta de altemativas para a soluçãomecanis-mo
que
possibilite à universidade, pela viada
extensão, aampla
difusão deresultados
de
pesquisasmediante
instrumentosque
tomem
as informaçõesdisponíveis, acessíveis ao nível
do
saber popular e aos grupos institucio-nais”.
Portanto, a extensão
tem
opoder
de realimentar a pesquisa.O
conta-to
mais
diretocom
a realidade permite à universidade o estabelecimento deprioridades, de linhas
ou
áreas de pesquisamais
relevantes.O
inverso tam-bém
é verdadeiro.A
pesquisatambém
realimenta a extensão: abrindo perspectivas, identificando variáveis e suas interrelações, trazendo luz aosdados
a partir dos quais a extensão possa operar.Ao
se analisar a relação entre o tripéacadêmico formado
pela exten-são, ensino e pesquisa, faz-se necessário
mencionar
a questãoda
interdis-ciplinaridade.
A
interdisciplinaridade,segundo
Garrafa, inDecanato
deExtensão/UnB
(l989:6)“além
de propiciar resultadosmais
enriquecedorese eficazes, ela
vem
ao encontro das exigênciasdo
próprio cotidiano,uma
vez que
adinâmica
social é refratária àcompartimentação do conhecimen-
to”.
O
autor, ao fazermenção
ao trabalho realizado por sua equipe,constatou
que
a interdisciplinaridade proporcionouuma
integraçãomais
efetiva entre as equipes de técnicos, professores e alunos
da
própriaUnB
eentre estas e os
segmentos
comunitários.Entretanto, Garrafa, in
VI
SEURS
(Anais, l989:30), adverteque
é“preciso deixar
bem
claroque
a interdisciplinaridade para ser efetivadana
prática, precisa
na
prática concreta teruma
infra-estrutura”. Elanão pode
ser concebida,
segundo
o autor, deforma
amadorística,com
pessoas traba-lhando por nada. Ele enfatiza
que na
sua Instituição se trabalhacom
bolsasde
extensão para os alunos,“como
várias universidadesdo
Brasil já fa-Para
que
a interdisciplinaridade se concretize e aconteça o equilíbrioda
extensãoem
relação ao ensino e pesquisa, é necessárioo
suportedo
de-partamento
acadêmico.“O
departamento acadêmico, célula de todo o es-quema de reforma universitária, que é responsável pelo que diz respeito ao planejamento e execução de
medidas referentes ao ensino e pesquisa, tem que ser
responsável pela extensão” (Gurgel, apud Souza,
l986:164).
A
relação entre extensão/ensino/pesquisa resultanum
processo deretroalimentação.
Como
afirma
Gurgel (1986:l6l), “a retroalimentaçãorepresentando o
movimento
dialético de ida e volta”, a relaçãoem
duasmãos,
possibilitadora demudanças
nos dois sentidos ¬na
universidade esociedade”.
na
_
2.3
-ORIGENS
DA
EXTENSAO
E
O
SEU DES
ENVOLVIMENTO
NA
UNIVERSIDADE
BRASILEIRA
A
idéiada
extensão universitária surgiu, primeiramente, peloque
sesabe,
em
Oxford,na
Inglaterra,inofim
do
séculoXIX,
como
consequênciade drásticas e avançadas reformas.
O
seu objetivo se resumia quaseque
somente
àpromoção
de cursos forado
campus
(Marchetti, l980:204).A
extensão passou a seruma
atividade regular, primeiramente, nas universidades norte americanas. Isso sedeu
com
a criação dosLand-Grant
di-fundir entre os agricultores
conhecimentos
e procedimentos técnicosmais
eficazes”.
No
espírito dessanova
concepção
de ensino, os “colleges” criaramos
Extension
Services,que tinham
a função de oferecer oportunidadespermanentes
de educação, dentro e forado campus,
aosconsumidores
eprodutores das
novas
práticas tecnológicas. Eis, então, a funçãoda
Exten-são,
conforme
afirmam
Resende, Filho&
Carvalho (l978:33).“...surgiu então
como
um
serviço à sociedade atravésde pesquisas aplicadas e
como
disseminação dos no-vos conhecimentos à comunidade para torná-la mais
esclarecida e culta”.
O
conceito básico de universidade“Land
Grant”, portanto, foi o for-necimento
deeducação
superior para as massas, sobretudo, noscampos
da
agricultura e das artes
mecânicas
(Schuh, 1986:l68).Segundo
o
autor, a universidadedo
tipo“Land
Grant” carrega con-sigo a idéia de
que
ela gerarianovos conhecimentos
eque
aplicaria essesnovos conhecimentos na
solução dosproblemas
da sociedade.É
importan-te reconhecer,
complementa
ele,“que não há nada
neste conceitoque
arestrinja à agricultura e às artes mecânicas;
na
realidade, oque
a identificanão
são os assuntosem
que
se especializa,mas
sim
um
sentido forte demissão
a cumprir.E
não
é sóum
indivíduoque
deve tero
senso de missão.É
a instituição.É
a universidadeque
tem
o senso demissão
- de querer re-solver os
problemas da
sociedade” (Shuh, 1986:l68).Quanto
às origensda
extensão universitáriana
América
Latina, estatem
como
referência Córdova,na
Argentina.Marchetti (1980:204) afirma
que
“no âmbito latino-americano, aRe-
todo
o
continente, considerou sua desde o primeiromomento
a obrigaçãode colaborar
no
desenvolvimento da
cultura dos trabalhadores manuais, para os quais criou cursos,programas
de capacitação sindical, etc”.A
autora esclarece aindaque
os reformistasdefendiam que
todos ti-nham
o direito auma
educação
integral. Eles sustentavamque não
só a extensãoda
universidade correspondia ao povo,mas
o conteúdo todo, co-meçando
pelaeducação
pública, universal e completa.Para
Bernheim, apud
Gurgel (1986:36), “omovimento
deCórdova
iniciou oquestionamento da
Universidade latino-americana tradicional,propiciando
uma
confrontação entreuma
instituição de ensino superiorarcaica e fechada
em
simesma,
com uma
sociedadeque
procuravanovos
caminhos
pela viada
modernização”.Segundo
Gurgel
(1986:36) “...a extensão universitária,no
documen-
to deCórdova
é vistacomo
objetivadorado
fortalecimentoda
universida-de, pela projeção
da
cultura universitária aopovo
e pelamaior
preocupa-ção
com
osproblemas
nacionais”.Parece
que
a partir de Córdova, a questão damissão
socialda
uni-versidade
passou
a constar, efetivamente, dos discursos oficiais e das pro- postasdos segmentos componentes da
estrutura universitária. Conclui-seque
uma
maior
conscientização e politização dos quadros estudantis con-tribuiu para definir o “perf1l”da universidade latino-americana (Gurgel,
1986:36).
O
berçoda
extensão está nas universidades populares.Assim
acon-teceu
na
Inglaterra e nosEUA.
No
Brasil, “a universidade popularcomo
estrutura vinculada ao sistema de ensino superior aparece
com
a criaçãoda
Universidade Livre de
São
Paulo,em
1912.Na
Universidade Livrede São
Paulo
foi defenida a primeira formulação extensionistado
país: os cursosde extensão” (Gurgel, 1986233).
Segundo
o autor, “estes, ainda hoje, repre-Gurgel
reconheceque há
referências eque
de fato já existiam uni-versidades populares anteriores à de
São
Paulo,como
asdo Rio
De
Janeiroe
Maranhão.
“A
universidade popular do Maranhão data de1906 e, segundo o jomal
O
DiárioDo
Maranhão dejaneiro daquele ano, ela funcionava nas noites de
terça-feira, visando colocar o conhecimento cientí- fico e literário ao alcance de todos, ministrando
igualmente conhecimentos de ordem prática”
(Gurgel, l986:32).
No
dizer de Gurgel, oque há
de especialna
universidade popular deSão
Paulo
é o surgimento diretamente relacionado auma
instituição deensino superior, sendo, portanto,
segundo
o autor, a primeira experiênciade
extensão universitária surgidano
país (1986:32-33).A
extensãono
Brasil teveuma
influênciamuito
fortedo
padrão ex-tensionista americano.
A
primeira experiência neste sentido sedeu
com
a criaçãoda
Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa,em
Mi-
nas Gerais,
que
foi inauguradaem
1926, tendocomo
modelo
osLand
Grant
Colleges.Seu
idealizador foio
governador deMinas
Gerais, ArturBemardes, que convidou
o professorHenry
Rolfs paraimplementar
a idéia(Gurgel, l988:62).
A
primeira experiênciano
sentido de levar assistência técnica aos agricultores,segundo o
autor, aconteceucom
a “Primeira Se-mana
do
Fazendeiro”,em
1929.Quando,
em
1931, foi realizada aReforma
FranciscoCampos,
sente- se nitidamente o crescimento dos ideais defendidos pelos “pioneiros”“E a extensão universitária aperece
como
atividade preponderante, institucionalizada a partir da univer-sidade, de acordo
com
a proposta norte-americana” (Fávero, apud Gurgel, l986:64).No
corpo da
leida
reforma,no
Estatuto das Universidades Brasilei-ras,
que
foiaprovado
pelo Decreto n. 19.851, de 11 de abril de 1931, se-gundo
Gurgel,em
três artigos existem referências à extensão,sempre
atra-vês
de
cursosou
seminários, voltados para a divulgação de (...)em
benefí-cio coletivo.
“A
programação de extensão deveria ser aprovadapelos colegiados da universidade e divulgar conhe-
cimentos que salvaguardassem os altos interesses
nacionais, ou seja, que estivessem a serviço do grupo
do poder e de sua postura nacional populista”
(Gurgel, 1986:65).
No
entanto, a influênciado
modelo
norte-americano de extensãosomente
se faz sentirmais
intensamentena década
de 50, quando,segundo
Gurgel
(1986:65), “a extensão rural passa a ser consideradacomo
um
ins-trumento eficaz
pelo Estado”. Issopode
sercomprovado
com
a criação devários órgãos:
Associação
e Assistência Rural deMinas
Gerais,em
1948;Associação
Brasileira de Crédito e Assistência Rural,em
1956.Os
pressupostosdo
manifesto deCórdova
foram retomados
pelos estudantes brasileirosem
1938,quando
se decidiram a lutar pela concreti-zação de
uma
universidade a serviçodo
povo
brasileiro.Na
ocasião foi feita a escolhada
primeira diretoriada União Nacio-
Re-forma Educacional
Brasileira (Gurgel, 1986:39).O
documento
foi elabora-do por
uma
comissão,formada
pordoze
estudantes, encarregada de tirar asconclusões das
60
teses então discutidas (Poemer,apud
Gurgel, 1986:39).Gurgel, citando
Poemer
(1979), destacaque
amaior
ênfasedo
do-cumento
refere-se à questãoda
reforma universitária,onde
sedefinem
asfunções
que
a universidade brasileira deveria ter:a)
“promover
e estimular a transmissão e odesenvolvimento do
sa-ber e de
métodos
de estudo e pesquisa, atravésdo
exercício das liberdadesde pensamento,
de cátedra, de imprensa, de crítica e de tribuna, de acordocom
as necessidades e fins sociais;b) propiciar a difusão
da
cultura pela integraçãoda
universidadena
vida social popular”(1986:40).
Na
afirmação de Gurgel, a proposição de 1938 já defineuma
propos-ta funcional
em
relação ao ensino, pesquisa e extensão,que muito
se asse-melha
aoque
posteriormente se consubstanciariana
lei n.5540/68
(1986:40-41). '
O
inícioda década
de60
assiste ao aparecimento de todauma
sériede
experiências,no
sentido deum
relacionamento entre a universidade e asociedade. »
“Procurava-se disseminar idéias referentes a novos projetos para a sociedade brasileira
bem como
pres-tar serviços sociais” (Gurgel, 1986:54).
Das
formulações existentesque
podem
ser caracterizadascomo
ex-tensão universitária,
segundo
Gurgel (1986:55), três entidadesassumiram
maior dimensão:
o Centro Popular de Cultura (CPC), o Serviço de Exten-É
a Lei 5.540/68que
fixa pela primeira vezno
Brasil a extensãouniversitária
como
função das Instituições deEnsino
Superior (Toaldo,1977:39). Fá-lo
em
seus artigos20
e 40,que
rezam:Art.
20
-“As
universidades e os estabelecimentos isolados de ensinosuperior estenderão à
comunidade,
sobforma
de cursos e serviços especi-ais, as atividades de ensino e os resultados
da
pesquisaque
lhes serão ine-rentes”.
Art.
40
-“As
instituições de ensino superior:b)
por
meio
de suas atividades de extensão, proporcionarão aos cor-pos
discentes oportunidades de participaçãoem
programas
de melhoria dascondições de vida
da
comunidade
eno
processo geral dedesenvolvimen-
to”.
A
institucionalizaçãoda
reforma universitária atravésda
Lei n.5.540, de
28 de
novembro
de 1968, é resultado de determinações legaisanteriores
como
o decreto-lei n. 53, de 19 denovembro
de 1966, o decreto-lei n. 252,
de 28
de fevereiro de 1967,além
dos resultadosdo
RelatórioMeira
Mattos
edo
Grupo
de Trabalho (Silveira, 1987:3 8).Na
opinião deGurgel
(1986:80), a Lei n. 5.540/68tem
de ser vistaobrigatoriamente
como
o instrumento legal pormeio do
qual oMovimento
Militarde 1964 procedeu
aos reajustes necessários,no
sentido deque o
sistema de ensino superior atendesse a seus interesses.
A
nova ordem,
se-gundo
o
autor, “exigiauma
universidademoderna
em
sua estruturaadmi-
nistrativa, orgânica
em
seufuncionamento
interno, funcional ao sistemapolítico vigente, racional e eficiente
em
sua atuação”. _ç
Fazendo
referência aos artigos20
e40 da
lei, Gurgel (1986:83)afirma:
“a ênfasedada
ao relacionamento educação/sociedade, ou,mais
especialmente à extensão universitária, parece dever-se à influência
do
É
justamente oque
afirma Pinto,apud
Reis (1988). Parao
autor,“estudantes, através
da
UNE
-União
Nacional de Estudantes e intelectu-ais, levantaram a bandeira
da
universidadeadequada
à realidade nacional.Realizaram
vários encontros e seminários,merecendo
oCongresso da
Bahia,
em
1961,um
destaque especial por seu posicionamento quanto à extensão”:“- abrir a universidade para o povo, através da cria-
ção nas Faculdades de cursos acessíveis a todos; uti-
lizar os Diretórios Acadêmicos
como
organizadores(ou as próprias Faculdades) de cursos de alfabetiza-
ção de adultos (ao alcance de qualquer Faculdade), e
cursos para líderes sindicais;
- colocar a Universidade a serviço das classes des-
validas,
com
a criação de escritórios de assistência jurídica, médica, odontológica, técnica (habitações,saneamento de vilas ou favelas, etc).
Que
isto nãoseja realizado patemalisticamente, a título de esmo-
la, concorrendo para atenuar os males sociais e indi-
retamente solidificando a estrutura iníqua
em
quevivemos.
É
necessário, sobretudo, despertar a cons-ciência popular para seus direitos. Entretanto, en-
quanto vai lutando, não podemos deixar que milha-
res de pessoas morram do nosso lado;
- colocar a universidade a serviço dos órgãos gover-
namentais, sobretudo no interior dos Estados. Pro-
mover, por exemplo, o levantamento topográfico de