DEPARTAMENTO
DE
CIÊNCIAS
CONTÁBEIS
ANÁLISE
DO
IMPOSTO SOBRE
VALOR
AGREGADO
COMO
ALTERNATIVA Aos
ATUAIS
TRIBUTOS
INÇIDENTES
SOBRE
A
PRODUÇÃO,
O
CONSUMO
E
A PRESTAÇÃO
DE
SERVIÇOS
CARLOS
EDUARDO
OSÓRIO
ANÁLISE
DO
IMPOSTO SOBRE
VALOR AGREGADO
COMO
ALTERNATIVA AOS
ATUAIS
TRIBUTOS
IN
CIDENTES
SOBRE
A
PRODUÇÃO,
O
CONSUMO
E
A PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS
Monografia
apresentadaa Universidade
Federalde Santa
Catarinacomo
um
dos
pré- requisitospara obtenção
do
grau de
bacharelem
Ciências Contábeis.FLORIANÓPOLIS
CARLOS
EDUARDO
OSÓRIO
ANÁLISE
DO
IMPOSTO SOBRE
VALOR
AGREGADO
COMO
ALTERNATIVA AOS
ATUAIS
TRIBUTOS
INCIDENTES
SOBRE
A
PRODUÇÃO,
O
CONSUMO
E
A PRESTAÇÃO
DE
SERVIÇOS
Esta
monografia
foi apresentadacomo
trabalhode conclusão
do
Curso de
CiênciasContábeis
da
Universidade
Federalde Santa
Catarina,obtendo nota de
banca
constituída pelo orientador e
membros
abaixomencionados.
Compuseram
a
banca:
7 I
Prof.
Lor
f"
ão
.í-ff es, Dr.Dzpzú
ea -ênzizs contábeis,
UFSC
Nota
atrib _-'‹ J
O
Prof.
Nivalggšão
do
Santos,Msc.
Departamento
de
Ci" ciC
ntábeis,UFSC
Nota
a~
Prof.
Vladimir
Arthur
Fey,M
Departamento
de
CiênciasCont
'is,
UFSC
Nota
atribuída Ôf] }¡ Florianópolis,novembro
de 2002
lv _Pl
, D Prof.Lu
~ 1» ra,Msc.
AGRADECIMENTOS
Agradeço
aos
meus
pais, Carlos e Matilde, pelo apoio incondicionalque
me
dedicaram
em
todos
os
momentos
da
minha
vida.À
minha
namorada,
Greice,por todo
amor
e carinho.Aos meus
amigos
de
sala, pelacompanhia
eamizade
nessa dificil jornada,em
especialà
Leslie pela ajudanos
momentos
dificeis.Ao
meu
orientador, Professor Loreci, pelo esforçoa
mim
dedicado
na
elaboração desse trabalho.LISTA
DE ABREVIATURAS
... ..6
RESUMO
... ... ... ... ... ..7
1INTRODUÇÃO
... ... ... .. 8 1.1CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
... ..9
1.2TEMA
... ..9
1.3PROBLEMA
... _.9
1.4JUSTIFICATIVA
... ..10
1.5OBJETIVOS
... .. 11 1.5.1 ObjetivoGeral
... .. 11 1.5.2 ObjetivosEspecíficos
... .. ll 1.6METODOLOGIA
... .. 11 1.7LIMITAÇÕES
DA
PESQUISA
... .. 132
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
... .. 143
SISTEMA
TRIBUTÁRIO
NACIONAL
... .. 173.1
CONCEITO
DE
SISTEMA TRIBUTÁRIO
NACIONAL
... ..17
3.2
PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
... ..19
3.2.1 Princípio
da
Legalidade ... _. 19 3.2.2 Princípioda
Anterioridade ... ..22
3.2.3 Princípio
da
Igualdade ... ..23
3.2.4 Princípio
da
Capacidade
Contributiva ... ..25
3.2.5 Princípio
do
Não-Confisco
... ..26
3.2.6 Princípio
da
Não-Cumulatividade
... ..27
3.3
TRIBUTOS
IN
CIDENTES
SOBRE
A
PRODUÇÃO,
O
CONSUMO
E
A
PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS
... ..29
3.3.1 IPI
-
Imposto
sobreProdutos
Industrializados... ... ..29
3.3.2
ICMS
-
Imposto
sobreOperações
Relativasa
Circulaçãode
Mercadorias e
sobre Prestaçãode
Serviçosde
Transporte Interestadual e Intermunicipal ... ..33
3.3.3
ISS -Imposto
sobre Serviçode Qualquer Natureza
... ..36
3.3.4 Contribuições Sociais ... ..
39
4
IMPOSTO SOBRE
VALOR
AGREGADO
... ..42
4.1
FORMAS DE TRIBUTAÇÃO
DO
CONSUMO
... ._43
4.1.1O
IVA
como
Altemativa
de
Tributação-
a
Experiênciado
MERCOSUL
... ..45
4.1.2
O
IVA
frenteos
Princípios Constitucionais Tributários Brasileiros ... ..46
4.2
ANÁLISE
DAS
PROPOSTAS
DE IMPLANTAÇÃO
DO
IVA
... ..47
4.2.1
Vantagens
da
Aplicação
do
IVA
... ..48
4.2.2
Desvantagens
da
Aplicaçãodo
IVA
...49
4.2.3
Impostos
Especiais ... ..50
4.2.4
Quadro
Comparativo
dasCompetências
Tributárias eda
Repartição das Receitas.... 515
CONCLUSÃO
... ..52
' A
6
REFERENCIAS
... ..54
-
Área
de
LivreComércio
dasAméricas
CF
-
Constituiçãoda
República
Federativado
Brasilde
1988
COFINS
-
Contribuiçãopara
o Financiamento
da
Seguridade
SocialE2
O
>.CPMF
-
Contribuição Provisória sobreMovimentações
FinanceirasCTN
-
Código
TributárioNacional
FINSOCIAL
~
Fundo
de
Investimento SocialICM
-Imposto
sobre Circulaçãode
Mercadorias
ICMS
-Imposto
sobreOperações
Relativasa
Circulaçãode Mercadorias
e sobre Prestaçãode
Serviços
de
Transporte Interestadual e Intermunicipal IPI-Imposto
sobreProdutos
IndustrializadosISS
-Imposto
sobre Serviçosde Qualquer Natureza
IVA
-Imposto
sobreValor
Agregado
IVC
-Imposto
sobreVendas
eConsignações
MERCOSUL
-
Mercado
Comum
do
Cone
SulPEC
-
Proposta
de
Emenda
ConstitucionalPIB
-
Produto
InternoBruto
PIS/PASEP
-
Plano de
IntegraçãoSocial/Programa de
Formação do
Patrimôniodo
Servidor PúblicoSIMPLES
-
Sistema
Integradode
Pagamento
de
Impostos
e Contribuiçõesdas
i
Microempresas
e dasEmpresas
de
Pequeno
PorteSTF -
Supremo
Tribunal FederalSTJ
-
Superior Tribunalde
JustiçaRESUMO
A
presentemonografia
tevepor
fim
analisara
implantaçãodo
Imposto
sobreValor
Agregado no
Sistema
TributárioNacional
como
alternativa aos atuais tributos incidentessobre
a produção,
o
consumo
e a
prestaçãode
serviços.O
trabalho constituiu-sede
pesquisa bibliográfica sobreo
assunto e está estruturado'em
três partes distintas.Na
primeira parte é apresentadoum
breve relato sobreo Imposto
sobreValor Agregado,
suaorigem
e seus principais conceitos.A
segunda
parte tratoudo
Sistema
Tributário Nacional,dos
princípios básicosque
regem
a
tributação nacional edos
atuais tributosque
incidem
sobrea produção, 0
consumo
ea
prestaçãode
serviços.Por
último passou-seà
análiseda
implantaçãodo Imposto
sobre
Valor
Agregado no
Sistema
TributárioNacional de acordo
com
a Proposta de
Emenda
Constitucionalem
tramitaçãono
Congresso
Nacional.1.1
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
Os
tributossurgiram
da
necessidadedos Estados
de
gerarem
recursospara sua
existência,para
garantiada
sua continuidade epara prover
as exigênciasde
seus administrados.Com
o
constanteaumento da
atividade estatala
manutenção
dos
Estados
foi setomando
dispendiosa, ea
ímicaforma dos
governantessuprirem
essas despesas éaumentando
a carga
tributária. _A
apropriaçãode bens
individuais feita pelosEstados para
atender as necessidades coletivas é válida,o
importante é aplicar essa apropriaçãotendo
a consciênciade
que
elanão
ultrapasseos
limites assecuratóriosdo
desenvolvimento
nacional.Não
setem
no
Brasila
consciênciade
que os
tributosem
excessopodem
interferirno
›
crescimento
do
pais.Em
1967
a
carga ítributária erade
19,36%
do
PIB,
hoje, estima-seque
a
carga tributáriacorresponda
a35
%
de toda
riquezaproduzida
no
território nacionall.'
Pode-se
verificarque
essemodelo
tributário,o
qualonera mais de
um
terçoda
produção
nacional,causa
limitesao
crescimentoeconômico do
paísalém
de
dificultara
competitividade
das
indústrias nacionais frente as estrangeiras._ ‹'Í
Nunca
o governo arrecadou
tantocom
impostos,mas
estima-seque a cada
real -arrecadadoum
real seja sonegadoz.Esse
modelo
tributário fazcom
que o
país entrenum
circulo vicioso:para amnentar a
arrecadação "ogovemo
inventanovos
tributosou
novas
formas de
tributação,por sua vez os
contribuintesrecorrem à
inadimplência ea sonegação,
diminuindo a
arrecadação eforçando o governo a
novas
medidas
tributárias.Percebe-se
que o
atualSistema
TributárioNacional
apresenta vários defeitos,além
da
excessivacarga
tributáriao
sistema émuito
complexo
etem
um
custode
arrecadação. e controlemuito
elevado.Esses problemas
são decorrentesde
uma
estrutura distorcidade
tributosonde
predominam
impostos
cumulativos e alíquotas elevadas.O
atual sistema penalizaa produção,
desestimulaa
poupança
e limitaos
investirnentosno
setor privado.1
cf BRAsIL.
Banco central. Tributaçãoem
Revista. Brasília, oúf/nov/dez, 1995. _2
Cf
MARTINS,
Ives Gandra daSilva. Folha de São Paulo. São Paulo, 01 nov. 2001, pagina'
F
-9. Disponível9
Diversas propostas
de reforma
ao
Sistema
TributárioNacional
jáforam
apresentadas, (Ministérioda Fazenda, Conselho
Federalde
Contabilidade, etc.) todasunânimes
sobre anecessidade
de
simplificaçãodo
sistema ea
implementação de
uma
nova forma
de
administração tributária.A
maior
parte das propostas projetaa diminuição
do
número
dos
tributos, atravésda
substituição daqueles tributos incidentes sobre
a produção,
o
consumo
e
a prestaçãode
serviços
por
um
imposto
único,o
Imposto
Sobre Valor Agregado.
1.2
TEMA
Essa
monografia
tem
como
tema
analisar asvantagens
edesvantagens
da
inclusãodo
Imposto
sobreValor
Ag-regadono
Sistema
TributárioNacional
de
acordo
com
as últimas propostas apresentadasao Congresso
Nacional,demonstrando
os
conceitos básicosdo
imposto,sua
basede
cálculo,forma
de
tributação e outros aspectosfundamentais para
a
sua implantação.1.3
PROBLEMA
Existe
no
Brasiluma
grande
discussão sobre a implantaçãodo
IVA
no
Sistema
Tributário Nacional,inúmeros pontos
são favoráveisa
implantação desse imposto,mas
igualmentenumerosos
são ospontos
contrários asua
implantação.O
Ministrode
Estado da Fazenda,
Pedro Sampaio
Malan3, disserta sobrea
dificuldadena
implantaçãodo Imposto
sobreValor
Agregado:
Ainda que
em
favor da tese deum
imposto sobre valor agregado (IVA) federal militemfortíssimos argumentos técnicos, a verdade insofismável é que,
no
curso dessas três últimasdécadas, foi construído
um
modelo
de federalismo fiscal, tendo por baseuma
tributação deconsumo
marcantemente estadual. Alterá-la, portanto, implicaria,na
prática,uma
profunda reestruturaçãodo
federalismo fiscal brasileiro, cujos custos, especiahnente os deordem
politica, certamente superariam os beneficios de
ordem
técnica.Dessa
forma
o
problema
dessamonografia
é analisar asvantagens
edesvantagens
da
implantação
do
IVA em
substituição aos atuais tributosque incidem
-sobre aprodução,
o
3
BRASIL.
Proposta deEmenda
Constitucional 383/2001. Disponível em:
consumo
e a 'prestaçãode
serviços descritosna
Constituição Federal,bem
como
sehá
ou não
necessidade
de
criarmosum
novo modelo
fiscal para suprir a obrigatoriedadede arrecadação
tributária das esferas
govemamentais,
frente à elevada carga tributária já existente.1.4
JUSTIFICATIVA
Devido
a excessiva carga tributária incidente sobreo
consumo
nacional diversaspropostas
de
implantaçãode
novos
impostos
jáforam
desenvolvidas.A
maioria dessas propostas visaum
sistemade
tributaçãoque não
exerçao que
seconvencionou denominar de
tributaçãoem
cascata, efeitogerado na
tributaçãodo
IPI edo
ICMS.
Correntes
divergem
sobre a criaçãodo
IVA
e
sua implantaçãono
Brasil, setores ligados às indústrias eao comércio
são favoráveis a implantaçãodo IVA,
pois esse diminuiria a carga tributária hojeonerada
pelo IPI e peloICMS.
O
Conselho
Federalde
Contabilidadeapresentou
em
1996
um
conjuntode
propostasde
alteraçãodo
Sistema Tributário Nacional,que
incluía a criaçãodo IVA.
Por
outro lado,uma
partedo
setor político diretamente ligada agrandes
indústrias favorecidas pela isençãode
impostos
é contraa
implantaçãodo IVA,
poiso
fato .geradordo
IVA
seráo
consumo
enão
a
fabricação,beneficiando
osEstados
que têm
menos
indústrias,ou
seja,bom
parao
equilíbrio federativo,péssimo para os Estados
beneficiados' pela "guerra fiscal".A
discussão sobre a implantaçãodo
IVA
é atual e conflitante, ehá
a necessidade desse debate frente auma
nova
situaçãoeconômica
mundial.Com
o surgimento dos blocos
econômicos
diversas barreirasdevem
ser extintas, dentre elas as barreiras fiscais entreos
países integrantes
de
um
mesmo
blocoeconômico
devem
ser revistas.Nos
paísesdo
MERCOSUL
enos demais
países aserem
abrangidos pelaALCA,
por exemplo,
vigorao
princípiodo IVA,
um
único imposto,enquanto
no
Brasil existem cinco tributos incidentes sobreo
consumo.
V
Além
disso,o
Brasil éo único
paísque adotou
uma
forma de
tributação mista, inclusivecom
titularidadede
entidades subnacionais,ou
seja, federalizandoo
IPI, regionalizandoo
ICMS
e 'municipalizandoo
ISS.Nos
demais
países a tributação é essencialmenteda
entidade federalou
central,conforme
o modelo
de
Estado.O
Brasil,ao
escolherna
década de
sessentaum
sistemade
tributação relativo a“
11
colocou na vanguarda da
adoção
de
técnicasde
tributação,sendo
que
hoje é necessárioque
o
Brasilbusque
sernovamente
pioneiro, discutindo asvantagens
e asdesvantagens
na
aplicaçãodo
IVA
num
sistema já estruturadode
tributação mista.1.5
OBJETIVOS
1.5.1 Objetivo geral
O
objetivo geral destamonografia
é analisar a implantaçãodo
Imposto Sobre Valor
Agregado no
Sistema
Tributário Nacional.1.5.2 Objetivos específicos
0 destacar aspectos conceituais
do
Sistema
Tributário Nacional;0 descrever os atuais tributos incidentes sobre a
produção, o
consumo
ea
prestaçãode
serviços; 1
e conceituar
o
Imposto sobre Valor
Agregado
e suaforma
de
tributação;-0 analisar a
proposta
de
inclusãodo
IVA
no
Brasil, suasvantagens
e desvantagens.1.6
METODOLOGIA
Na
busca por
um
melhor entendimento
do
mundo
que
o
cercao
serhumano
criouo
conhecimento
científico,um
conjuntode conhecimentos
relacionados entre si que, atravésde
métodos
de
análise e pesquisa,trazem
novos
conceitos sobre os diversos fatosque
cercam o
homem.
“A
descobertade novos
fenômenos ou
aobtenção
.demaiores conhecimentos
sobreos
antigos éunicamente
resultadoda
melhoria dos
métodos
e técnicasde
pesquisa científica frente às ilimitadas indagações e_preocupações humanas”.4
Percebe-seque
a técnicade
pesquisa é
fiindamental para
a aquisiçãode conhecimento.
4
Assim, a
únicaforma
do
serhumano
evoluir seugrau de conhecimento
é atravésda
pesquisa cientifica.
Define-se
pesquisa cientificacomo
sendo
“(...)um
procedimento
intelectual para adquirir
conhecimentos,
atravésda
realidade ebusca de novas verdades
sobreum
fato.”5O
conhecimento
científico,formulado
atravésde
pesquisa científica, sedá
de
muitas formas, as
mais
usuais são os trabalhos publicados: artigos, resenhas,papers,
relatórios e entre outrosmonografias.
Por
sua vez, asmonografias
são, “(...)um
estudo sobreum
tema
específico
ou
particular,
com
suficiente valor representativo eque
obedece
a rigorosa metodologia.”6Pode-
se deduzir
de toda
essa análiseque
a finalidade finalda
monografia
é expandir as fionteirasdo
conhecimento.
A
pesquisa nessamonografia
será feita atravésde
uma
abordagem
qualitativa,que
considera
que há
uma
relaçãodinâmica
entreo
mundo
real eo
sujeito, isto é,um
vínculoindissociável entre
o
mundo
objetivo e a subjetividadedo
sujeitoque
não
pode
ser traduzidoem
números7.
Também
é possível classificar esta pesquisacomo
exploratória vistoque
éo
tipode
pesquisaque
“(...)têm
por
objetivo proporcionarmaior
familiaridadecom
o
problema,
com
vistas atomá-lo mais
explícitoou
a construir hipóteses.”8Para
atingiro
objetivo principal dessamonografia,
que
éo
de
analisar aimplantação
do
IVA
no
Sistema
Tributário Brasileiro, será utilizadoo método da
pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partirde
material já elaborado, constituído principalmentede
livros e artigos científicos9. -“O
método
nada mais
édo
que
o caminho
a ser percorrido para atingiro
objetivoproposto”.1°
Dentre
os diversoscaminhos
possíveis para a pesquisa dessamonografia
também
será utilizado
o
método
comparativo
“(...) consistindona
pesquisade
doisou
mais
fenômenos
comparativamente, não bastando apenas o
simples relatode
suas peculiaridades,mas
sim, a realizaçaode
um
cotejo entre osfenômenos,
confiontando
os entre si,de forma
a identificar eanalisar suas diferenças e
seme1hanças.”“
5
FACHIN,
Odília.
Fundamentos
de Metodologia. São Paulo: Atlas, 1993. p. 101. 6MARKONI,
Martina de Andrade;
LAKATOS,
Eva
Maria. Técnicas de Pesquisa. 2. ed. São Paulo: Atlas,1990. p. 205.
j
7
Cf
GIL, Antonio Carlos.
Como
Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1993. p. 48.8
GIL, Antonio Carlos.
Como
Elaborar Projetos de Pesquisa, p. 45.9
Cf
GIL, Antonio Carlos.Como
Elaborar Projetos dePesquisa, p. 48.
1°
SANTOS,
João Almeida;
PARRA,
Domingos
Filho. Metodologia Científica. São Paulo: Futura, 1998. p. 212.“
PASOLD,
Cesar Luiz. Pratica da Pesquisa Jurídica: idéiae ferramentas para o pesquisador do direito.
13
A
análisedo tema
dessamonografia
é controverso e confuso,por
issouma
pesquisa científica sobre essetema
éfundamental
pois, “a pesquisa científica é requerida (...)quando
ainformação
disponível se encontraem
tal estadode
desordem que não
possa
seradequadamente
relacionadaao
problema.”12Este
estudo utilizaráem
sua pesquisa científicauma
abordagem
qualitativa atravésde
uma
técnicade
pesquisa exploratória, utilizandoo
método
comparativo
para integraro
tema
com
aplicações internacionais,mas,
principalmenteo
método
de
pesquisa bibliográfica, atravésde
publicações já existentes.1.7
LMTAÇÕES
DA
PESQUISA
Esta
pesquisa éapenas
uma
introduçãoao
estudodo tema
proposto,visando
atrairinteresse a
uma
modalidade
de
tributaçãoconstantemente
citadacomo
alternativaaos
problemas
tributários nacionais. ~Para
a realização dessa pesquisa serão utilizadas publicações sobre tributos,em
especial a bibliografia sobre
o
IVA, que
apesarde
rarano
Brasil é vastaem
outros países, e as publicações e projetosde
lei sobrea
forma que
se planeja incluiro
IVA
como
substitutoaos
tributos incidentes sobre aprodução,
o
consumo
e a prestaçãode
serviços.Diante
do
exposto
esta pesquisa bibliográfica limita-sea
analisarcomparativamente
os
tributos atuais e a implantaçãodo IVA,
frente a legislação já existente e aspropostasde
implantaçãodo IVA.
12
A
tributação sobreo
comércio
surgiuno
Egito,aproximadamente
no
ano de
3300
AC,
onde
qualquermercadoria
que
saíssede
seu lugarde produção
estava sujeita auma
espécie
de
tributação.Na
antigaGrécia
eem Roma
essaforma de
tributaçãocontinuou
existindo,sendo
que
o
recurso provenientedos impostos
era utilizado paraa proteção
do
comércio”.
'Pode-se afirmar que
a primeira legislação existente sobre os'impostos
incidentessobre
o
consumo
é aCentésíma
Rerum
Venalíum
de
9
DC
que
instituiuum
imposto de
1%
que
incidia sobre asvendas
realizadasem
leilão público, cuja finalidade era angariar recursos parao
exércitodo
Império
Romano.
A
partirde
então todas asimposições
tributáriaspassaram
a prever a tributação sobreo consumo,
“(...)em
1292,o
rei Felipeda França
impôs
alíquota
de
5 a12%
sobre todas asvendas
ecompras,
exceto ascorrespondentes
a alimentos.”14O
Imposto
sobreo Valor
Agregado
teve suaorigem
em
1950,fiuto da
necessidadede
um
novo modelo
tributário,com
impostos
incidentes sobreo consumo. Esse imposto
teriacomo
característicaa
neutralidadeeconômica,
a justiça fiscal,uma
relação direta entreo
contribuinte e0
Fisco e a previsãode
alíquotas progressivas”.O
IVA
foiimplementado na
prática, pela primeira vez,na
França,em
1954,por
intermédiodo
sistemade
déductíon
financíère
(crédito financeiro),quando
assumiu a
designaçãoT
axe
sur la Valeur Ajoutéeló.A
refonna
tributária francesa foi difundida pelas legislações tributáriasde todo o
mundo,
aDinamarca
introduzo Imposto
sobreValor
Agregado
em
1967, aAlemanha
em
1968,
Luxemburgo
e Bélgicaem
1969, eno
finalda década de 60
esseimposto
étambém
introduzidona
América
Latina.No
Brasil, parteda
teoriada
tributação sobre valoragregado
/
13
Cf
MEIRELLES,
José Ricardo. Impostos Indiretos no Mercosul e Integração. São Paulo: LTr, 2000. p.46-
47.
14
MEIRELLES,
José Ricardo. Impostos Indiretos no Mercosul e Integração, p.47-48.
15
Cf
MATTOS
FILHO, Ary Oswaldo (Coord.).
Reforma
Fiscal: coletânea de estudos técnicos. São Paulo:DBA,
1993. vol 2. p. 358. '16
Cf
FOERSTER,
Gerd;
SUDHAUS,
Ingo. Tendências Atuais daReforma
Tributária no Brasil. Disponível15
foi introduzida
na reforma
Constitucionalde 1965
atravésdo
princípioda
não-
cumulatividade".Maria
Salgado” definiu o Imposto
sobreo Valor Agregado,
como:
Aquele que recai sobre
o
consumidor final, que équem
definitivamentepaga o
impostoatravés do consumo,
com
ingressono
Fisco por cadauma
das etapasdo
processoeconômico
de produção, distribuição e comercialização, proporcional ao valor que cada
uma
das etapas incorpora o produto.Evaristo
Paulo
Gouveia”
leciona sobreo
IVA:
O
conceito proposto ultrapassa ao que geralmente se atribui aos impostos conhecidoscomo
incidentes sobre
o
consumo, alcançando de forma impositiva universalmente os setores deprodução (inclusive de produtos primários) de bens, sua distribuição e a prestação de quaisquer formas de serviços.
Cesare
Cosciani2°em
suaobra
sobreo Imposto
sobreValor
Agregado o
conceituacomo:
El impuesto al valo agregado, concebido
como
impuesto generaly
uniforme, debeestructurarse de
manera
tal que a través de la imposición de los valores adicionadospor
lasactividades independientes, grave en igual
medida
toda la renta nacional neta-
excluida lacorrespondiente a la administración .pública -, sin que ninguna de las partes sufra processos de doble de imposicion
o
beneficios por saltos del impuesto-.O
IVA
éum
imposto
geral euniforme
com
diferenciaçõesde
amplitudenos
sistemas tributáriosdos
paísesque o
adotam.
Normalmente o
IVA
éum
imposto
indireto, utilizadopara
a tributaçãodo
consumo
em
geral, incidente sobre a cadeia produtiva ede
distribuiçãode
mercadorias
parao
consumidor
final,a
tributação sobre os serviços,pode ou
não
ser incluídana
incidênciado
IVA21.
O
objetode
tributaçãodo
IVA
éo
consumo
e/ou a prestaçãode
serviços.Para
setributar
adequadamente
o
consumo
e/ou a prestaçãode
serviços deve-se utilizarum
sistemade
17
BALTHAZAR,
Ubaldo César.
Reforma
Tributária eMERCOSUL.
Florianópolis: Diploma Legal, 1999. p. 19.18
MEIRELLES,
José Ricardo. Impostos Indiretos no Mercosul e Integração, p. 49.
19
GOUVEIA,
Evaristo Paulo. Imposto Geral sobre Operações ou TransaçõesUsando
como
Base Tributávelo Valor Agregado. São Paulo: Bushatsky, 1976. p. 18. 2°
COSCIANI,
Cesare. El Impuestoal Valor Agregado. Buenos Aires: Depalma, 1969. p. 61.
Tradução livre do autor:
O
imposto sobre valor agregado, criadocomo
imposto geral e uniforme, deve seestruturar de maneira que tribute os valores adicionados pelas atividades independentes, onerando igualmente
toda a renda nacional líquida
-
excluída as correspondentes à administração pública -,sem
quenenhuma
daspartes sofia bi-tributação ou beneficios por isenções.
21
cf
BALTHAZAR,
compensação
que
transferea carga
tributáriado
contribuintede
direito (oprodutor
ou
22
comerciante)
ao
contribuintede
fato,o
consumidor
final _O
fatogerador
do
IVA
consiste nas entregasde bens e/ou
prestaçãode
serviços enas
importações de produtos
e mercadorias."A
base
imponível consistena
totalidadeda
contraprestaçãode cada operação
sujeitaao
imposto.O
objetodo IVA,
aseu
turno, éo
consumo,
jáque
atravésda
repercussãoeconômica,
transfere-sea
carga tributáriado
contribuinte
de
direitopara
o
contribuintede
fato,consumidor
final".23No
Brasilnão
há
tributação sobreo
valoragregado porque
o nosso
sistemade
compensação
éde imposto
contra imposto, e,com
a
diferenciaçãode
alíquotas existente, essesistema
não
tributao
valoragregado
de forma
exata.Os
paísesque
se utilizamdo
valoragregado,
baseiam-sena
compensação
de base
contra base enão de imposto
contraimposto”.
Uma
diferença entreo
IVA
eo
ICMS
diz respeitoao
localda
incidênciado
tributo.No
IVA
europeu
vigorao
princípiodo
destino,ou
seja,o
tributo écobrado
no
localde
consumo
enão
no
localda
produção”.
O
ICMS
brasileiro,por
outro lado, criouum
regime
híbrido eextremamente
burocratizado,no
qual subsistem alíquotas diferentes, tantono
Estado
de
origem
como
no
Estado de
destino,quando
se tratade operação
interestadual26.Percebe-se
que o
IVA
éum
imposto
semelhanteao
ICMS,
no
entantomais
abrangente
que
este,com
incidência sobrebens e
serviços, e que,de
.acordocom
os planos
de
harmonização
tributáriano Mercosul
eda
reforma
tributária, substituiriao
ICMS,
o
ISS
etambém
o
IPI, cuja existêncianão
se justificariamais
em
um
regime
tributárioque
adotasseo
IVA.
Além
do
IPI,do
ICMS
edo
ISS,um
Imposto
sobreValor
Agregado que busque
efetivamente extinguir
a
cumulatividadeno
setor produtivo brasileirodeverá
incorporar as contribuições sociaisque
incidem
cumulativamente
sobrea produção, o
consumo
ea
prestaçãode
serviços:a
COFINS,
a
PIS/PASEP
ea
CPMF.
22
Cf FIGUEIRAS,
Marcos Simão. Mercosul no Contexto Latino-Americano. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1996. p.132.
23
FIGUEIRAS,
Marcos Simão. Mercosulno
Contexto Latino-Americano, p. 132.24
cf
BALTHAZAR,
Ubaldo césar(org.).
Reforma
Tributaria aMERCOSUL,
p. 63.25
BALTHAZAR,
Ubaldo césar(org.).
Reforma
Tributaria aMERCOSUL,
p. 220. 26MACHADO,
Hugo
de Brito. Curso de Direito Tributário. 20 ed. rev.atual. e amp. São Paulo: Malheiros,
3
SISTEMA TRIBUTÁRIO
NACIONAL
Neste
capítulo serão apresentadasalgumas
considerações sobreo
Sistema TributárioNacional
e sobreos
princípiosque
regem
asnormas
tributárias, pilarespara
todo
o
sistemade
tributação brasileiro, os princípios constitucionais tributários e os tributos incidentes sobrea
produção,
o
consumo
ea
prestaçãode
serviços.3.1
CONCEITO
DE
SISTEMA TRIBUTÁRIO
NACIONAL
O
termo
sistema (origináriodo
grego systema que
significa reunião,método,
juntura27)modemamente
serve para descreverum
“conjuntoorganizado
de
partes relacionadas entre si e interdependentes”28.Quando
utilizado junto aosvocábulos
tributário eNacional
“(...) presta-se para designar a totalidadedos
tributosharmonicamente
estabelecidose -cobrados
no
País.”29 'Sistema
tributário é “(...)o
conjuntode
tributos vigentesem
um
paísem
determinada
época,sem
se distinguir entreos de competência
federal, estadual e municipal, ede
regras jurídicasque
os
disciplinam.”3°Também
podemos
definir sistema tributáriocomo
sendo
“(...)um
conjuntode
regras constitucionais e infiaconstitucionaisde
natureza juridico-tributária,harmorricamente
coordenadas
e subordinadas,fundadas
em
cânones
ou
preposiçõesque
garantem e
legitimam a estrutura elaborada.”31A
Importante
destacar
que todo Sistema
TributárioNacional deve
estar voltadopara
o
objetivo final
do
Estado,ou
seja, a garantiado
bem
estardos
indivíduosque
o
compõem,
o
bem comum”.
Para
tanto é indispensável aharmonização
dasnormas
tributárias,visando
promover o
equilíbrio social e distribuira
receita, caso contrário asnormas
não formarão
um
sistema tributário e
sim
um
regime
tributárioimposto
pelo Estado.“Quando
as
normas
2”cf
s1LvA,De
Pràoioo e. voozirioiâiio Joiiúioo. 12.
ea
Rio ae roiieiioz Forense, 1997. 4v. p. 242.28
MACHADO,
Hugo
deBrito. oiii-eo de Direito Tributário, p. 229 29
OLIVEIRA,
José Jayme de Macedo. Código Tributário Nacional: comentários, doutrina e jurisprudência.São Paulo: Saraiva, 1998. p. 20
3°
ROSA
JR., Luiz
Emygdio
F.Manual
de Direito Financeiro&
Tributário. 13. ed. rev. e atual. Rio deJaneiro: Renovar, 1999. p. 225. 31
CRETELLA
JR., José. Curso de Direito Tributário Constitucional. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 13.
32
tributárias são
impostas
sem ordem
esem
investigaçãode
causas, visandoapenas
auma
obtenção de
recursos pelo Estado,estaremos
diantede
um
mero
regime
tributáriomas
não
de
um
sistema tributário”.33Os
sistemas tributáriospodem
ser divididosem
flexíveis e rígidos: flexíveissão
aquelesonde
o
legislador ordinárionão tem
qualquer proibiçãono
exercícioda
competência
tributária34 e rígidos são aqueles
nos
quaiso
legislador ordinárionão
dispõede
nenhuma
opção,
“(...) vistoque
a Constituição estabeleceo
disciplinamento completo,traçando todas
asnormas
essenciaisdo
sistema.”35.
O
Sistema
Tributário Brasileiro é rígido,uma
vez
que
a “(...) Constituição Federalrelaciona
um
a
um
todos os impostos
que
as pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)podem,
nas suascompetências
privativas, instituir e exigirdos
respectivos contribuintes.”36Outra
caracteristicado
Sistema
TributárioNacional
é suacomplexidade
e exaustividade, poistodos “os
princípios, regras enormas
de
caráter geral eespecífico
que
necessitam ser
bem
estudados
ecompreendidos
paraserem corretamente
aplicadosaos
casos concretos”37 estão detalhadosna
Constituição Federal.Roque
Antonio Carrazza”
bem
destacaa
importânciado
texto constitucionalno
Sistema
Tributário Nacional: VA
constituição é, portanto,o
fundamento último daordem
jurídica, ou seja, a base dasatividades estaduais.
E
ela que define a vida pública, que elenca os direitos individuais ecoletivos e difusos e suas garantias.
Nenhum
ato infraconstitucionalpode
subsistir se, diretaou indiretamente, afrontar seus superiores ditames. V
Percebe-se, entretanto,
que
diversos princípios constitucionaisnão
são respeitadoscomo
deveriam,o
descumprimento de
princípios constitucionais pelo legislador ordinário,quando da
aplicaçãodos
tributos, éuma
demonstração de
que o
atualmodelo
tributárioprecisa ser revisto, para
que
sepossa
efetivamente respeitar os princípios relacionadosem
nossa
Constituição, pois “(...) inconstitucional é,não
só anorma
jurídicaque
violaa
letraexpressa
do
Texto
Supremo,
mas
aque
atritacom
seu espírito.”3933
ROSA
JR., Luiz
Emygdio
F.Manual
de Direito Financeiro&
Tributário, p. 225. 34Cf
CASSONE,
Vittorio. Direito Tributário. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 24.35
MACHADO,
Hugo
deBrito. Curso de Direito Tributário, p. 230.
36
CASSONE,
Vittorio. Direito Tributário, p. 24.
3”
CASSONE,
viúoiio. niroiio Tributário, p. 24.
38
CARRAZZA,
Roque Antonio.ICMS.
7.ed. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 23.
× 19
3.2
PR1Nc1'íPIos
coNsTrTUc1oNArs TRIBUTÁRIOS
Princípio é
um
termo
derivadodo
latim, principíum,que
significa origem,começo4°.
Juridicamente princípio significanorma
elementar, requisito filndamental, preceito, diretriz,norte
do ordenamento
jun'dico41,ou
seja, princípios são “(...)ordenações que
se irradiam eimantam
os sistemasde nonnas,
são núcleosde condensações nos
quaisconfluem
valores ebens
constitucionais.”42Os
princípios são, dentrodo ordenamento
jurídico,o ponto de
partida eo
fundamento
de todos
regramentos, restringindo asnormas
infraconstitucionaisa
respeitaremsuas determinações.
Ele
é poisuma
limitaçãono
poder de
tributar. Violarum
princípio,como
asseveraCelso Antônio Bandeira de Mello”,
-émuito mais grave
que
transgrediruma
norma
qualquer: _
A
desatenção ao princípio implica ofensanão
apenas aum
específicomandamento
obrigatório,
mas
a todo o sistema de comandos.E
amais
grave forma de ilegalidadeou
deinconstitucionalidade, confomie
o
escalãodo
princípio atingido, porque representaminsurgência contra todo
o
sistema, subversão de seus valores fundamentais, contuméliairremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto porque, ao
ofende-lo, abatem-se as vigas que o sustentam e alui-se a toda a estrutura nelas esforçada.
Passa-se, a seguir, à
exposição dos
principios constitucionais presentesem
nosso
ordenamento,
os quais são responsáveis pelacoordenação
do
Sistema Tributário Nacional,em
especial os principiosnos
quais sebaseiam
os tributos incidentes sobre aprodução,
eoconsumo
e a prestaçãode
serviços.3.2.1 Princípio
da
LegalidadeO
princípioda
legalidade éum
dos
principais pilaresdos Estados democráticos de
direito,
juntamente
com
os
postuladosda
igualdade, liberdade eda
fratemidade sãoos
ideaisbásicos
da
Revolução Francesa de
17 8944.Em
nosso
ordenamento
o
princípioda
legalidade está previstona
Constituição Federal,que
em
seu artigo 5°, inciso II,prevê
que:4°
cf s1LvA,
De
Piâciâo z. vocabulário Jurídico, sv. p. 447.
41
CARRAZZA,
RoqueAmomo.
ICMS,
p. 29.42 SILVA, José Afonso
da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 1998. p.
93-94. ~
43
MELLO,
Celso Antônio Bandeirade. Curso de Direito Administrativo. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p.
476-477.
44
cf
cAssoNE,
viúono. DireitoTfibuúâfio,
p. 99. -
Art. 5°
II
-
ninguém
será obrigado a fazerou
deixar de fazeralguma
coisa senãoem
virtude de lei .45A
Constituição aindaprevê
em
seu artigo 150, inciso I,o
princípioda
legalidadeem
relação
à
instituiçãode
tributos:Art. 150.
Sem
prejuizo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I
-
exigirou
aumentar tributosem
lei que o estabeleçafw ,s ,.ir. _z_.
'I
¢T\'I`
.itvy
Devido
sua importânciao
princípioda
legalidadetambém
está previsi'/Óno Código
Tributário Nacional,
que
mesmo
sendo
anterior à Constituição já instituíao
princípiocomo
um
dos
pilaresda
tributação.O
art.97 do Código
TributárioNacional
disciplina que:Art. 97. .Somente a lei pode estabelecer:
I-
a instituição de tributos, ou sua extinçãof"O
cerne desse princípio éque somente
a lei écapaz de
criara
obrigação tributária,Cretella Júnior” explicita que:
O
princípio da legalidade tributárianada
mais é do que a consagração da tradicional garantiaexistente
no
Estadodo
Direito, segundo o qualo
tributo só poderá ser criado_
ou
aumentado
-
por lei, consistindoem
mera
transposição, para esta área especializada, daregra genérica, outorgada a todo cidadão, de que “ninguém será obrigado a fazer
ou
deixarde fazer
alguma
coisa, senãoem
virtude de lei”.O
princípioda
legalidade éuma
dasmaiores
garantiasdos
cidadãos contrao abuso
de poder dos
governantes.Nas
palavrasde
Roque
Antonio
Carrazza4°:O
principio da legalidade garante, decisivamente, a segurança das pessoas, diante datributação.
De
fato,de
pouco
valeria a Constituição haver protegido a propriedade privada(arts. 5°, XXII, e 170, II) se inexistisse a garantia cabal e solene de que os tributos
não
seriam fixados
ou
alterados pelo Poder Executivo,mas
só pela lei.Do
princípioda
legalidadedecorrem duas
regras básicas: a reserva formal,ou
seja, aindispensabilidade
de
ato legislativo para a instituiçãoou aumento
de
tributo; e a reserva45
BRASIL.
Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada
em
5 de outubro de 1988. 21. ed.atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 5.
46
BRASIL.
Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada
em
5 de outubro de 1988, p. 87.47
BRASIL.
Código Tributário Nacional. Organizador Roque Antonio Carrazza. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2000.
4*
CRETELLA
JR., José. curso de niieiw rriiiiiiâiiii ciiiiiiitiiciiiiiai, p. ss-59. 49
CARRAZZA,
RoqueAntonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. ll. ed. São Paulo: Malheiros,
21
absoluta, pela qual a lei instituidora
do
tributodeverá
contertodos os elementos
do
tipo tributário”.A
exigênciada
leique
instituirum
tributo conter oselementos
de
seu tipo tributário éum
desdobramento
do
principioda
legalidade,conhecida
como
princípioda
tipicidadetributária.
Segundo
esse principio,como
'bem
destaca, JoséJayme
de
Oliveirafl:Fato gerador, base de cálculo, alíquota e contribuinte
do
tributotêm
necessariamente que encontrar definiçãona
norma
legal, (...), pois ao Executivo incumbe só a aplicação da lei, enão
sua complementação tocante a tais elementos, corporificadores das espécies tributárias.Apesar
de fundamental para a segurança
juridicao
princípioda
legalidade,na
searatributária,
admite exceçoes
no
que
se refere àmajoração de
certos tributos, essasexceções
estão previstas
no
artigo 153, § 1°da
Constituição Federal:Art. 153.
Compete
aUnião
instituir impostos sobre:I
-
importação de produtos estrangeiros ; «II exportação, para o exterior, de produtos nacionais
ou
nacionalizados;IV -
produtos iiidustiializados;V
_
operações de crédito,câmbio
e seguro, ou relativas a titulos ou valores mobiliários; § 1°É
facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidosem
lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV,V.”
Enquadram-se,
portanto, nasexceções ao
principioda
legalidade,podendo
inclusiveserem
.alteradospor
decretos, osimpostos
de importação
e exportação,o imposto
sobreprodutos
industrializados eo
imposto
sobreoperações
financeiras.Além
dos impostos
citados acima,em
outros casoso
principioda
legalidadetambém
não
é obrigatório,podendo o Poder
Executivo
legislar inclusive atravésde
medida
provisória.São
eles: .a criaçãode impostos
extraordináriosde
guerra, a instituiçãode
empréstimos
compulsórios
de emergência
em
casosde calamidade
pública, guerraou
sua iminência e alterações referentes às contribuições sociais para custeioda
seguridade social”.Sobre
asexceções ao
princípioda
legalidade lecionaAliomar
Baleeiro54:A
regra geral,não
obstante, sobre exceções, previstasno
art. 150, § 1° e outros. Referem-seelas: I
-
aos impostos incidentes sobre ia importação e exportação; sobre produtosindustrializados e sobre operações de crédito,
câmbio
e seguro,ou
relativas a títulos evalores mobiliários (art. 153, I, II,
IV
e V); Il~
aos empréstimos compulsórios, instituídos5°
cf
cAssoNE,
vitioiio. Direito Ti-ibiiiârio, p. 100.
51
OLIVEIRA,
JoséJayme de Macedo. Código Tributário Nacional: comentários, doutrina e jurisprudência, p. 217.
52 BRAS]]¡. Constituição da
República Federativa do Brasil: promulgada
em
5 de outubro de 1988, p. 89.53
Cf
COELHO,
Sacha
Calmon
Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense,2000. p. 222. _
54
BALEEIRO,
Aliomar. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense,
para atender as despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência,,(ai1;. 154, II); III
~
aos impostos instituídosem
caso de, guerraou
sua iminência (art. 154, H);IV -
às contribuições sociais, para custeio da Seguridade Social,previstas
no
artigo 195.Denota-se
que o
princípioda
legalidade éo
-postuladofundamental
de
todo
0
Sistema
Tributário Nacional.É
eleque
garante asegurança
jurídica parao
cidadão, limitando o_Poder
Público a
somente
atravésde
lei exercer seupoder
de
tributar.Mesmo
asexceções
-aoprincípio
da
legalidade já estão exaustivamente previstasna
Constituição, assimo
Estado
não
tem
competência
paracompelir
o
cidadão rapagar
tributossenão por
previsão legal, seja elaconstitucional
ou
ordinária. '3.2.2 Princípio
da
AnterioridadeO
princípioda
anterioridadeprevê que
“(...)não
podem
aUnião,
os Estados,o
Distrito Federal e os
Municípios
cobrar tributono
mesmo
exercício financeiroem
que
tenha
sido publicada a leique
os instituiuou
aumentou.”55 Esse
princípio está descritono
artigo 150, III,“b” da
Constituição Federal:Art. 1,50.
Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,aos Estados,
ao
Distrito e aos Municípios:III
~
cobrar tributos:b)
no
mesmo
exercício financeiroem
que haja sido publicadaa lei que os instituiuou
aumentousõ 1
Esse
princípio,também
conhecido
como
princípioda
não
surpresado
contribuinte, visa garantiro
conhecimento
prévio,com
razoável antecedência,dos
tributosaos
quais se estará sujeitono próximo
exercício financeiro.A
anterioridadecomplementa o
princípioda
legalidade, limitando ra aplicação
da
leique
instituium
novo
tributoou que
majora
um
já existente”.O
princípioda
anterioridade “(...)confereao
contribuinteuma
garantia efetivade
que
só
deverá pagar
tributonos
termos,nos
prazos e nasformas
previstasna
leique
vigiaao
tempo do
exercíciofinanceiro
anteriorà
ocorrênciado
fato gerador”58.55
MACHADO,
Hugo
deBrito. Curso de Direito Tributário, p. 239. 56
BRASIL.
Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada
em
5 de outubro de 1988, p. 87.57 Cf
BALEEIRO,
Aliomar. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar, p. 48.
58
CARRAZZA,
Roque23
Como
ocorreno
princípioda
legalidade alguns tributos,por
sua natureza regulatória,~
não
estão sujeitosao
princípioda
anterioridade.Essas exceçoes
estão previstasno
artigo 150, § 1°da
Constituição Federal: .Art. 150.
§ 1°
A
vedaçãodo
inciso III, b,não
se aplica aos impostos previstos nos arts. 153, I, II,IV
eV, e 154,11.”
Assim,
a Constituição Federal permite cobrarno
mesmo
exercícioem
que
a lei forpublicada os
impostos de
importação' e exportação,o imposto
sobreprodutos
industrializados,o
imposto
sobreoperações
financeiras eimpostos
extraordináriosde
guerra.Todos
os
demais
tributos estão sujeitosao
principioda
anterioridade,ou
seja, as leisque
instituíremou
aumentarem
osdemais
tributosdeverão
ser publicadasno
exercício financeiro anterior à suavigência.
3.2.3 Principio
da
IgualdadeTambém
conhecido
como
princípioda
isonomia
tributária,o
principioda
igualdade decorredo
preceito constitucionalde que todos
são iguais perante a lei (art. 5°caput da
Constituição Federal). - -
Quanto
ao
tratamento tributário a Constituição regeno
artigo 150, inciso II:Art. 150.
Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
II
-
instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontremem
situaçãoequivalente, proibida qualquer distinção
em
razão de ocupação profissionalou
função poreles exercida, independentemente da denominação juridica dos rendimentos, titulos
ou
direitos.”
A
O
princípioda
igualdade limita a atuaçãodo
legislador,que
éobrigado
anão
discriminar os contribuintes
que
seencontram
em
situação jurídica equivalente e, adiscriminar,
de acordo
com
suas desigualdades, os contribuintesque
não
seencontram
em
situação jurídica equivalenteól,ou
seja, tratar igualmente os iguais edesigualmente os
desiguais.Um
exemplo da
aplicaçãodo
princípioda
igualdade é a tabela progressivado
imposto
de
renda, pela tabela àmedida
que
o
rendimento
aumenta o
imposto aumenta.
Nesse
59
BRASIL.
Constituiçãoda
República Federativa do Brasil: promulgadaem
5 deoutubro de 1988, p. 88.
6°
BRASIL.
Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada
em
5 de outubro de 1988, p. 87.61
Cf
CARRAZZA,
exemplo
severificam
os doisextremos
do
principio:na
mesma
faixade
tributação seencontram
os iguais, e,em
faixasde
tributação diferente, seencontram
os desiguais”.Hugo
de
BritoMachado*
ressalva que:O
principio da isonomia, entretanto,tem
sido muitomal
entendido, prestando-se parafundamentar as mais absurdas pretensões. Dizer-se que todos são iguais perante a lei,
na
verdade,
nada
mais significado
queafirmar
que asnormas
jurídicasdevem
tero
caráterhipotético. Assim, qualquer que seja a pessoa posicionada nos termos da previsão legal, a
conseqüência deve ser sempre a
mesma.
Em
outras palavras, ocorrida, vale dizer,concretizada, a previsão normativa, a conseqüência deve ser a
mesma,
sejaquem
for apessoa
com
esta envolvida.Para
uma
melhor
aplicaçãodo
princípioda
igualdade entre os contribuintes éfundamental a
verificaçãode
quais os critérios -que diferenciam as pessoas.Caso
essescritérios
sejam
plausíveis, naturais, condizentescom
a necessidadeda
discriminaçãonão há
violação
ao
princípioda
igualdade.Neste
sentido leciona GiseleLemke“:
Quanto
ao fator de discriminação, elenão pode
ser tão especifico que se dirija apenas auma
pessoa determinada já aotempo
da edição da lei. Isso equivaleriaou
auma
perseguiçãoou
aum
favoritismoem
relação a essa pessoa, o que contraria frontahnente o preceito da isonomia. Assim, o fator de discriminação deve dizer respeito aum
grupo de pessoasou
aurna
pessoa indeterminadano
presenteou
auma
situação abstrata, que tenha possibilidadede se repetir.
Além
disso, esse fator de discriminação deve residirna
pessoa, coisaou
situação discriminadas.
Não
teria lógica buscarnum
elemento estranho a determinada situação a favor de sua discriminação.Em
outras palavras, só é possivel criar diferenciaçõesentre pessoas, coisas ou situações, se houver nelas
mesmas
caracteristicas diversas entre si.Assim,
caso hajaelementos
diferenciadores razoáveisque
possibilitem a discriminação, essanão
será contráriaao
princípioda
igualdade.É
o
caso da
Súmula 539 do
STF, que
diz: 'Súmula 539
STF
-
É
constitucional a lei do município que reduz o Imposto PredialUrbano
sobre imóvel
ocupado
pela residência do proprietário quenão
possua outro.”O
princípioda
igualdadeabrange
todas as espéciesde
tributo e sua aplicação influencia outros princípioscomo
o
princípioda
seletividade eo
princípioda capacidade
contributiva,no
qual as desigualdades são consideradas para se instituir distinçõesna forma
de
tributação. .3.2.4 Princípio
da
Capacidade
Contributiva62
cf
cAssoNE,
viiiorio. nifoiio Tiiooiâiio, p. ioo. 63
MACHADO,
Hogo
ooBrito. corso ao niioiio Tiiooúâi-io, p. 235. 54
LEMKE,
Gisele. Imposto de Renda: os conceitos de renda e de disponibilidade econômica e jurídica. São
Paulo: Dialética, 1998. p. 32.
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