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Hábitos de vida, comorbidades e uso de medicamentos em idosas vestibulopatas

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Hábitos de vida, comorbidades e uso

de

medicamentos

em

idosas

vestibulopatas

Lifestyle, comorbidities and medication use

in elderly women with vestibular diseases

Resumo

Introdução: o equilíbrio corporal é fundamental no relacionamento espacial do organismo com o ambiente e, para o seu funcionamento adequado há necessidade, sobretudo, do sistema vestibular. Os distúrbios vestibulares são comuns na população idosa, que requer cuidados especializados não apenas em relação à sua condição de saúde, mas, também, quanto aos aspectos sociais e psíquicos relacionados à ocorrência desses distúrbios. Objetivo: estudar possíveis hábitos de vida, presença de comorbidades e uso de medicamentos em idosas vestibulopatas. Material e Método: para isso, estudou-se a prevalência de queixas vestibulares, hábitos, comorbidades e medicamentos numa amostra de 18 idosas com idades entre 60 e 84 anos, por meio de um questionário semi-aberto previamente testado. Resultado: as queixas mais prevalentes relatadas pelas idosas foram: tontura (100%), redução da memória (94%), instabilidade postural (89%), vertigem (83%) e dores musculares e cervicais (78%). Dentre as comorbidades relatadas, as mais prevalentes foram: alterações reumatológicas (78%), distúrbios do sono e da visão (ambas com 61%) e problemas de audição e hipertensão (ambas com 44%). O café foi o hábito de consumo mais referido pelas idosas, e a prática de exercícios físicos foi citada por 72% delas. Entre os medicamentos mais utilizados os mais prevalentes foram os anti-hipertensivos (44%) e os diuréticos (33%). Conclusão: certos hábitos de vida, comorbidades e alguns tipos de medicamentos podem estar relacionados às queixas vestibulares de idosas vestibulopatas, o que pode comprometer o tratamento e a reabilitação dos seus distúrbios do equilíbrio corporal e, ainda, trazer mais prejuízos à saúde e qualidade de vida dessas mulheres.

Palavras-chave:

Equilíbrio corporal. Doenças vestibulares. Saúde do idoso.

Andrea Oriani Prezotto1

Célia Aparecida Paulino2

Maria Rita Aprile2

1 Aluna voluntária de Iniciação

Científica do Programa de

Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil).

2 Professora Doutora do

Programa de Mestrado

Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil).

Autor para correspondência:

Célia Aparecida Paulino Rua Maria Cândida, 1813 São Paulo, CEP: 02.071-022

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Introdução

O equilíbrio corporal depende da integridade do sistema vestibular, do sistema somatossensorial e da visão1. Qualquer alteração nessas funções pode alterar o equilíbrio corporal do indivíduo e comprometer a sua capacidade de reagir a sons ambientais e de manter uma comunicação efetiva com o meio2.

Os distúrbios vestibulares acometem indivíduos de todas as idades, sobretudo, os idosos e as mulheres. Em mais da metade dos casos o desequilíbrio inicia-se entre 65 e 75 anos3. Entre as queixas vestibulares, a tontura é considerada o segundo sintoma de maior prevalência, perdendo em frequência apenas para a cefaléia1.

O envelhecimento envolve redução da capacidade funcional e sobrecarga dos mecanismos de controle homeostático, sendo representando pelos chamados envelhecimento somático e psíquico4. A cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira, sendo que, a maioria com doenças crônicas e alguns com limitações funcionais5.

O aparelho neuronal, destinado ao equilíbrio corporal e à função vestibular-oculomotora, apresenta perda gradual de velocidade e precisão com o avanço da idade, manifestada em forma de tontura e vertigem1, sendo a vertigem responsável por 54% dos casos, nos quais a queixa do paciente é a tontura6.

A tontura é a sensação de alteração do equilíbrio corporal de caráter não-rotatório. A vertigem é a tontura de caráter rotatório, quando o paciente tem a sensação que seu corpo ou os objetos ao seu redor estão girando7.

Ainda, entre os processos mórbidos do idoso, o zumbido pode ter reflexo no funcionamento do organismo como um todo8. O zumbido pode estar associado a várias causas, dentre elas as otológicas, metabólicas, neurológicas, cardiovasculares, farmacológicas, odontológicas e psicológicas7.

O incômodo gerado pelo zumbido é somado à deficiência auditiva própria da idade, levando ao isolamento social do idoso, muitas vezes por dificuldade de comunicação. Os déficits de atenção, concentração e alterações no sono, que já são comuns nesta idade, são elevados na presença do zumbido, dificultando a realização das atividades diárias, e até mesmo gerando o risco de quedas8.

Os idosos são particularmente mais suscetíveis às lesões decorrentes de quedas, em especial, pela presença de determinadas comorbidades, já que, no processo de envelhecimento, ocorre diminuição do equilíbrio corporal e aumento do tempo de reação, o que predispõe o idoso mais facilmente às quedas e suas complicações9.

Por sua vez, a audição é um dos sentidos de maior importância para o homem, pois o coloca em contato com os seus semelhantes e com a natureza10. A perda auditiva resultante dos efeitos do envelhecimento faz com que os idosos tenham que enfrentar a dificuldade de comunicar-se com os outros, comprometendo seu relacionamento pessoal e reduzindo sua qualidade de vida7. P rez o tt o e t al, 20 10

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Existem determinados grupos de indivíduos que têm maior chance de adquirir perda auditiva por inúmeros fatores predisponentes, como acontece com aqueles submetidos à exposição ocupacional (ou não) ao ruído e à ingestão de medicamentos ototóxicos, ou aqueles que apresentam alterações metabólicas11.

Em adição, a acuidade visual, que geralmente também diminui com a idade, é a capacidade dos olhos discriminarem os detalhes finos de objetos no campo visual12. No controle do equilíbrio corporal, a visão é uma função importante e, com o envelhecimento, ocorrem degenerações oculares, levando a um decréscimo da visão e contribuindo para a instabilidade postural13.

O indivíduo portador de desequilíbrio possui geralmente mais de uma doença, as quais podem ser responsáveis pela manutenção da tontura. Essas comorbidades interferem no desempenho do sistema vestibular causando parte dos sintomas clínicos apresentados e impedindo a compensação central14.

Dentre essas comorbidades está a hipertensão arterial, que promove alterações no coração e nos vasos sanguíneos15, podendo causar distúrbios do equilíbrio corporal em decorrência do comprometimento periférico e/ou central do sistema vestibular16, em razão do déficit no fornecimento de oxigênio e nutrientes para a manutenção da integridade celular17. De fato, alterações vasculares aumentam a viscosidade sanguínea, o que reduz o fluxo sanguíneo capilar e, como conseqüência, ocorre hipóxia tecidual, que leva a queixas ou mesmo perda auditiva dos seus portadores18.

Outras comorbidades importantes referem-se às alterações do metabolismo da glicose, que podem gerar manifestações auditivas, vestibulares ou mistas. Seus portadores podem apresentar zumbidos; sensação de plenitude auricular; vertigem, e queixas de irritabilidade, flutuação ou sensação de desfalecimento, além das queixas auditivas que variam de hipoacusia até perdas neurossensoriais11.

De igual modo, aspectos psíquicos como o estresse também podem estar relacionados aos distúrbios do equilíbrio, como evidenciado numa população adulta, na qual as queixas de tontura estavam associadas, sobretudo aos sintomas psicológicos do estresse, cuja fase predominante foi a de resistência19.

Por tudo isso, o número de idosos que depende de algum tipo de medicamento para tratamento das suas doenças crônicas é muito grande, e nem sempre é possível um acompanhamento médico mais freqüente e rigoroso para observar seus eventuais efeitos adversos20. Dessa forma, pode ocorrer ototoxicidade iatrogênica, comprometendo a função auditiva e/ou o sistema vestibular21. Entretanto, o mecanismo da ototoxicidade não está claro; pode estar relacionado às mudanças bioquímicas e eletrofisiológicas na orelha interna e às mudanças na dinâmica de transmissão do impulso nervoso no oitavo par de nervos cranianos22.

Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi investigar possíveis hábitos de vida, a presença de comorbidades e o uso de medicamentos em idosas vestibulopatas.

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Material e Método

Foi desenvolvido um estudo do tipo retrospectivo, descritivo e analítico, sem qualquer risco à saúde e integridade dos participantes.

O estudo foi realizado nas dependências do Laboratório de Pesquisa em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Bandeirante de São Paulo.

A amostra da pesquisa foi composta por 18 mulheres idosas com idades variando entre 60 e 84 anos, e provenientes da comunidade.

Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas individuais com cada uma das idosas integrantes da amostra; cada entrevista teve uma duração média de 15 a 20 minutos.

Utilizou-se um questionário estruturado, com perguntas abertas e fechadas, previamente testado para fins de pesquisa. As perguntas versavam sobre aspectos sócio-demográficos e de saúde (incluindo o uso de medicamentos), sobre hábitos de vida e de consumo, além de antecedentes familiares de cada idosa participante.

O estudo foi aprovado junto à Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da instituição (Protocolo 251/08). A coleta de dados foi realizada no ano de 2008.

As pacientes idosas foram orientadas e concordaram em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados

O Gráfico 1 ilustra a distribuição das idosas nas diferentes faixas etárias. As faixas etárias encontradas foram: 5 idosas (28%) com idade entre 60 a 65 anos; 4 idosas (22%) de 66 a 70 anos; 6 idosas (33%) de 71 a 75 anos; 1 idosa (6%) de 76 a 80 anos, e 2 idosas (11%) acima de 80 anos.

Dentre as queixas relacionadas ao equilíbrio corporal e à audição e outras, as mais relatadas pelas idosas foram: tontura (100%), redução da memória

Gráfico 1. Distribuição das faixas etárias das idosas avaliadas.

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(95%), instabilidade postural (90%), vertigem e dores musculares e cervicais (ambas com 75%), zumbido e cefaléia (ambas com 70%), e outras, como ilustrado no Gráfico 2.

O Gráfico 3 apresenta a frequência relativa (%) das comorbidades relatadas pelas idosas. Algumas comorbidades foram referidas por mais da metade das idosas, como as alterações reumatológicas (78%) e os distúrbios do sono e problemas de visão (61%). Também foram relatados: problemas de audição e hipertensão (44%); distúrbios de tireóide (39%); dislipidemias e enxaqueca (33%), e outras comorbidades com menor prevalência.

Gráfico 2. Prevalência das queixas relacionadas ao equilíbrio

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Dentre os hábitos de consumo, a ingestão de café foi relatada por 94% das idosas, 89% faziam uma alimentação equilibrada e 71% consumiam chocolate frequentemente, como ilustrado no Gráfico 4.

Gráfico 3. Prevalência das comorbidades relatadas pelas idosas.

São Paulo, 2010.

Gráfico 4. Prevalência dos hábitos de consumo relatados pelas

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A Tabela 1 apresenta a frequência absoluta (nº) e relativa (%) dos hábitos de vida das idosas, sendo que 72% relataram praticar exercícios físicos e, 1 idosa (6%) relatou já ter feito uso de drogas de abuso.

Tabela 1 - Prevalência dos hábitos de vida relatados pelas idosas. São Paulo, 2010.

HÁBITOS DE VIDA (nº) (%)

Prática de atividade física 13 72

Uso de drogas de abuso 1 6

Consumo de cigarro - -

Com relação aos medicamentos mais utilizados pelas idosas, os mais frequentes foram: anti-hipertensivos (44%); diuréticos (33%); hormônios tiroidianos e vitaminas (ambos com 28%); antiinflamatótios não esteroidais (AINE’s) e antiarrítmicos (ambos com 22%), entre outros com menor prevalência, como ilustrado no Gráfico 5.

Discussão

O presente estudo identificou queixas de distúrbios do equilíbrio corporal e da audição em idosas, com predomínio da faixa etária de 70 a 75 anos. De fato, Paulin et al.23 relataram maior tendência das mulheres aos distúrbios vestibulares em função da variação hormonal e dos distúrbios metabólicos

Gráfico 5. Distribuição dos grupos farmacológicos mais utilizados

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mais prevalentes; esses autores também destacaram que as mulheres apresentam maior preocupação com a saúde e, por essa razão, buscam os serviços médicos com mais frequência.

É descrito na literatura que até os 65 anos de idade a tontura é a segunda queixa mais relatada em âmbito mundial; em indivíduos maiores de 75 anos, a prevalência deste sintoma é de 80%3. Em concordância, 100% das idosas deste estudo relataram queixa de tontura.

Assim como a tontura, a incidência da queixa zumbido é maior naqueles indivíduos que possuem uma vida com pouca atividade física, social e intelectual3. Também é relatado que os idosos possuem mais tempo livre e, portanto, o silêncio e a atenção auditiva aumentam a percepção do problema e o incômodo gerado pelo zumbido24.

A instabilidade postural foi referida por 89% das idosas avaliadas. Sabe-se que este quadro está relacionado à deterioração dos sistemas responsáveis pelo equilíbrio corporal, que pode levar à queda25.

A vertigem foi relatada por 83% das idosas desta pesquisa, o que pode causar um prejuízo considerável na qualidade de vida e levar à incapacitação parcial ou total no desempenho das atividades sociais e profissionais dessas mulheres. A insegurança física gerada pelo distúrbio do equilíbrio corporal habitualmente conduz à insegurança psíquica, ansiedade, depressão e pânico26.

Neste sentido, é importante o estudo das relações entre sintomas vestibulares e certas características em idosos, bem como as possíveis interferências nas suas atividades cotidianas, a fim de se obter informações, não só a respeito da saúde, como também da qualidade de vida desses pacientes vestibulopatas.

Do total de idosas aqui avaliadas, 67% relataram zumbido e 44% hipertensão arterial sistêmica. Neste sentido, Ferreira et al.8 evidenciaram uma alta correlação entre o zumbido e a hipertensão. Da mesma forma, Marchiori e Rego Filho27 encontraram associação significante entre hipertensão arterial sistêmica e vertigem, sugerindo que este sintoma vestibular deve ser tratado para uma melhor qualidade de vida dos pacientes portadores de hipertensão.

Outro estudo, por outro lado, revelou não haver significância entre o zumbido e a hipertensão, e informou que o zumbido deve ser averiguado e tratado durante o processo de envelhecimento, por ser prejudicial ao indivíduo e poder contribuir até para a alteração circulatória28.

Ainda, a insônia e a dificuldade de concentração foram relatadas por 67% das idosas. Sanches et al.29 observaram que 52% dos indivíduos estudados tinham distúrbios do sono e 47% dificuldade de concentração, justificando, assim, uma piora da qualidade de vida. De acordo com Davies30, o padrão do sono vai mudando com o envelhecimento; segundo o autor, os idosos muitas vezes sentem a necessidade de tirar um cochilo durante o dia, interferindo, assim, no sono durante a noite.

Outra hipótese é a de que a insônia também poderia estar relacionada com a quantidade de cafeína ingerida por esses indivíduos, uma vez que o consumo de café foi citado por 90% das idosas. Por ser uma substância

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psicoativa, a cafeína causa insônia e, também, em altas doses, pode ser tóxica ao sistema vestibular31.

Do total de idosas pesquisadas, 61% apresentavam problemas visuais. Em estudo de Luiz et al.32 foi mostrado que os idosos com déficit visual apresentaram idade mais avançada, além de humor deprimido e maior comprometimento funcional, incluindo maior número de quedas. De fato, a visão é importante no controle postural e na manutenção do equilíbrio corporal; a melhora da função visual deve possibilitar aos idosos uma maior independência funcional e melhoria de sua qualidade de vida33.

Dentre os distúrbios metabólicos, as dislipidemias foram citadas por 33% das idosas. Sobre isso, Ferreira Junior et al.34 descreveram que entre as dislipidemias, a hipertrigliceridemia levaria a um aumento da: agregação plaquetária, da viscosidade sanguínea, da rigidez das hemácias, do aumento de fibrinogênio e, ainda, uma diminuição do fluxo capilar na orelha interna, com hipóxia tecidual e consequente prejuízo da bomba de sódio e potássio. Por sua vez, o diabetes foi referido por apenas 11% das idosas analisadas. Mantello et al.35 escreveram que as mudanças no metabolismo da glicose são citadas como as principais alterações metabólicas que levam a transtornos vestibulococleares. Como as estruturas labirínticas possuem uma atividade metabólica intensa, a glicose é necessária para a produção de energia e para manter concentrações adequadas de sódio e potássio na endolinfa36.

Dentre os hábitos de consumo, a alimentação equilibrada foi citada por 89% das idosas. Alguns costumes como o consumo de álcool, fumo, açúcar, sal, gorduras saturadas e cafeína, além do sedentarismo, devem ser banidos da vida de pacientes vertiginosos, já que podem exacerbar os sintomas cócleo-vestibulares e tornar ainda mais lenta a compensação vestibular35.

Referente aos hábitos de vida, 72% das idosas praticavam atividade física. No entanto, Ferraz et al.37 compararam adultos jovens, idosos sedentários e idosos que praticavam exercícios físicos e chegaram à conclusão de que os idosos sedentários eram sujeitos a uma maior oscilação postural. Ainda, Sanglard et al.38 concluíram que a instabilidade postural e as quedas associadas a inúmeros fatores inerentes ao processo de envelhecimento, fazem com que os idosos percam a confiança nos seus movimentos, o que os torna mais sedentários.

Durante o envelhecimento, a capacidade dos sistemas sensoriais enviarem informações para o sistema nervoso central fica comprometida, seja pela presença de doenças, seja pelo uso de medicamentos39. Em relação ao uso de medicamentos, é descrito que o uso concomitante de cinco ou mais fármacos está associado ao maior risco de tontura em indivíduos idosos40. Neste estudo, o uso de medicamentos pelas idosas foi uma realidade, especialmente, no tocante a fármacos anti-hipertensivos e diuréticos, entre outros grupos farmacológicos.

O uso de anti-hipertensivos foi citado por 44% das idosas. Corroborando tais achados, Hamra et al.20 afirmaram que certos medicamentos, como os anti-hipertensivos, podem causar tonturas e alguns provocam até diminuição dos reflexos, podendo ocasionar quedas e conseqüentes fraturas. Também, Valete-Rosalino22 acrescentou que essa tontura ocorre pela redução do fluxo

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sanguíneo e o uso de medicamentos está associado à perda auditiva e à tontura em pacientes idosos.

Também, 22% das idosas relataram o uso de antiarrítmicos do grupo dos beta-bloqueadores. Tinetti et al.40 encontraram significância estatística entre pacientes com sintoma de tontura em relação àqueles sem tontura e que faziam uso de fármacos beta-bloqueadores. Em adição, vale ressaltar que as interações farmacológicas são frequentes com esse grupo farmacológico, ocasionando muitas vezes reações adversas importantes41.

Além disso, de acordo com Hyppolito e Oliveira21, algumas substâncias como no caso de diuréticos e de antiinflamatórios não esteroidais podem causar perdas auditivas por lesarem a cóclea. Neste contexto, a associação entre perda auditiva e uso de medicamentos pode ser feita através da investigação do número de medicamentos ou das classes terapêuticas utilizados pelos idosos22.

Assim sendo, as vestibulopatias podem estar relacionadas a diversos fatores, exigindo maior atenção em relação aos hábitos de vida, ao controle das comorbidades e ao uso de medicamentos, que podem causar ou até mesmo agravar as queixas vestibulares.

Conclusão

Os resultados obtidos mostram que o equilíbrio corporal se deteriora com o passar dos anos, e esse comprometimento pode ser desencadeado ou agravado pela presença de comorbidades próprias dos idosos, por certos hábitos de vida e até pelo uso de determinados medicamentos. Essas alterações do equilíbrio podem limitar as atividades cotidianas do idoso e prejudicar sua sociabilidade, reduzindo, assim, sua qualidade de vida. Com isso, as informações aqui obtidas podem colaborar com os especialistas envolvidos no tratamento de idosas vestibulopatas, com reflexos positivos em sua qualidade de vida, especialmente no que se refere à melhoria das suas relações sociais e redução das suas atitudes depressivas, entre outros aspectos da vida da população idosa.

Agradecimentos

Às mulheres idosas que concordaram em participar como voluntárias desta pesquisa.

Abstract

Introduction: body balance is essential to the spatial relationship of the organism with the environment and for its proper functioning is necessary, above all, the vestibular system. The vestibular disorders are common in the elderly population who requires specialized care not exclusively related to their health condition, but also to social and psychological aspects of these disorders. Objective: to study possible lifestyle habits, comorbidities and medication use in elderly women with vestibular diseases. Method: this

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study evaluated the prevalence of vestibular complaints, lifestyle habits, comorbidities and medications of 18 elderly women aged from 60 to 84 years, by a semi-open questionnaire previously tested. Result: the most prevalent complaints reported were: dizziness (100%), memory loss (94%), postural instability (89%), dizziness (83%) and muscle pain and neck (78%). Among the comorbidities, the most prevalent were: rheumatic changes (78%), sleep and vision disorders (both 61%), hearing problems and hypertension (both 44%). Drinking coffee was the consuming habit more reported, and physical exercise was cited by 72% elderly women. Among the most widely used drugs the most prevalent were anti-hypertensive (44%) and diuretics (33%). Conclusion: certain lifestyle habits, comorbidities, and some types of drugs may be related to vestibular symptoms in elderly women, which may compromise their treatment and rehabilitation of balance disorders, and also may produce more harm to health and quality of life of these women.

Key-Words: Postural balance. Vestibular diseases. Elderly health.

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