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Desenvolvimento do empreendedorismo de negócios: a influência do empreendedor no sucesso do negócio

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, SOCIOLOGIA E GESTÃO

DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO DE NEGÓCIOS:

A INFLUÊNCIA DO EMPREENDEDOR NO SUCESSO DO NEGÓCIO

Dissertação de Mestrado em Gestão

Paulo Alexandre Ribeiro Ferreira Dias da Fonseca

Trabalho efetuado sob a orientação de: Prof. Doutor Mário Sérgio Carvalho Teixeira

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DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, SOCIOLOGIA E GESTÃO

DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO DE NEGÓCIOS:

A INFLUÊNCIA DO EMPREENDEDOR NO SUCESSO DO NEGÓCIO

Dissertação de Mestrado em Gestão

Paulo Alexandre Ribeiro Ferreira Dias da Fonseca

Trabalho efetuado sob a orientação de: Prof. Doutor Mário Sérgio Carvalho Teixeira

Composição do Júri:

Presidente – Carlos Duarte Peixeira Marques, Professor Auxiliar, Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro Vogal – Alberto Moreira Baptista, Investigador Auxiliar, Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro

Vogal – Mário Sérgio Carvalho Teixeira, Professor Auxiliar, Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro

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Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Gestão, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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ou indiretamente, tornaram a sua realização possível. Se existe uma única palavra para manifestarmos incondicionalmente a nossa profunda gratidão e sincero reconhecimento, a todos em geral, essa palavra será obrigado.

Contudo, devemos ter especial atenção a todos aqueles que mais de perto nos acompanharam:

 Ao meu orientador, Professor Doutor Mário Sérgio, que como professor, orientador e amigo, esteve sempre presente, cuja confiança, apoio e estímulo foram importantes para avançar co m este trabalho;

 À Sra. D. Manuela Mourão da secretaria do Departamento de Economia, Sociologia e Gestão pela “cereja em cima do bolo”;

 A todos os participantes no estudo que dispuseram o seu tempo, a sua confiança e que sem eles nada teria sido possível;

 Aos colegas de trabalho que me apoiaram, que me disponibilizaram tempo, recursos e , em situações especiais, foram “segurando as pontas por mim”;

 Aos meus colegas de curso pelo incentivo, apoio e interesse que sempre manifestara m para que chegasse a bom porto;

 Aos meus amigos que, direta e indiretamente, contribuíram para atingir este objetivo;

 À minha família, em especial à minha mãe, esposa e à minha filha, pelo amor e compreensão.

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portugueses a um gradual e constante desinvestimento em atividades de produção industrial, agrícola e de bens de consumo. Estas atividades, para além de proporcio narem a entrada de divisas resultantes das exportações, mantinham um tecido empresarial e uma cultura ligada aos negócios que permitia a existência de alguma autonomia económica e meios reais de produção de riqueza, face aos países com quem temos relações comerciais. Assim, explorávamos algumas das matérias -primas que possuíamos e transformávamos nas nossas indústrias. A riqueza produzida por estas atividades foi sendo substituída por atividades ligadas a sectores de construção e produção de serviços. Sendo estas atividades necessárias para a economia, não produzem o mesmo tipo de riqueza, porque a maior parte dos ativos necessários a estas atividades foi importado para aplicar de forma desordenada no país, o que implicou o desequilíbrio constante da nossa balança comercial. A saída de divisas, o aumento constante da dívida pública e a destruição de grande parte do tecido empr esarial, pela transferência de ativos financeiros e mão-de-obra para essas atividades, fez descurar o resto das atividades sustentáveis e a manutenção do necessário espírito empreendedor.

Face à problemática em questão, entendemos definir, como objetivos d e investigação, a avaliação das características de um conjunto de empreendedores que têm tido maior ou menor sucesso, de forma a compreender as diferenças que podem justificar o seu sucesso ou insucesso, contribuindo desta forma para uma melhor perceção das características que podem ser desenvolvidas para melhorar a capacidade empreendedora e, assim, apoiar a elaboração de soluções eficazes para esse fim.

Perante estes objetivos, consideramos que seria necessária a utilização de uma metodologia que tivesse mais em atenção o pormenor, o que se consegue através do relacionamento mais aprofundado com os nossos interlocutores. Assim, optamos pelo método de estudo de caso com entrevista individual em profundidade semiestruturada para avaliar essas características que melhor justificam o sucesso ou insucesso deste grupo de doze empreendedores da cidade de Vila Real.

Os resultados indicam que o planeamento e o risco controlado, aliado à capacidade de diversificação e inovação, são as principais características que diferenciam os empreendedores de sucesso.

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Portuguese to a gradual and constant disinvestment in activities of industrial, agricultural, and consumer goods production. These activities, as well as providing the entry of foreign exchange resulting from exports, maintained a business fabric and a culture connected to business, which allowed for the existence of some economic autonomy and real means of wealth production, towards the countries which we have commercial relations. Therefore, we exploited some of the raw materials that we had and we transformed them in our industries. The wealth produced by these activities was gradually substituted by activities connected to the construction and services sectors. Although these activities are necessary for the economy, they do not produce the same type of wealth since most of the required assets for these activities have been imported to apply in a disorderly manner in the country, which has resulted in the constant deficit of our trade balance. The exit of foreign exchange, the constant increase of the public debt, and the destruction of a great part of the business fabric, by the transfer of financial assets and labor for these activities, have meant the neglect of the rest of the sustainable activities and the maintenance of the necessary entrepreneurial spirit.

Addressing the issue in question, we intend to define, as research goals, the evaluation of the characteristics of a set of entrepreneurs, with more or less success, to understand the features can be developed to improve entrepreneurship capacities and to support the elaboration of good solutions for that end.

To achieve these goals, we considered that it would be necessary to use a methodology that paid more attention to detail, which can be obtained through a deeper relationship with our interlocutors. Therefore, we have chosen as a method of case study with semi-structured in depth individual interview, to evaluate those characteristics that better justify the success or failure of this group of twelve entrepreneurs from the city of Vila Real (Portugal).

The results indicate that planning and controlled risk, together with the capacity for diversification and innovation, are the main reasons that justify and differentiate the successful entrepreneurs.

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LISTA DE FIGURAS ... iii

LISTA DE QUADROS... iii

ABREVIATURAS ... iv

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO DA PROBLEMÁTICA EM ESTUDO ... 1

1.1. O SUCESSO E INSUCESSO EMPREENDEDOR ... 1

1.2. RELEVÂNCIA E OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO ... 3

CAPÍTULO II. REVISÃO TEÓRICA... 9

2.1. FATORES EXPLICATIVOS DO SUCESSO EMPREENDEDOR ... 9

2.1.1. Características psicológicas dos empreendedores ... 11

2.1.2. Outros fatores explicativos do sucesso empreendedor ... 14

2.1.3. Empreendedorismo genético versus empreendedorismo do meio ... 16

2.2. POLÍTICAS ATIVAS DE EMPREENDEDORISMO ... 24

2.2.1. A história na formação da cultura empreendedora ... 24

2.2.2. Alavancar o empreendedorismo (politicas empreendedoras) ... 26

2.2.3. O empreendedorismo como base da cultura empresarial: Condição essencial para a sustentabilidade nos negócios ... 28

2.2.4. O Empreendedorismo a estrutura e dinamização dos Mercados ... 29

CAPÍTULO III. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO ...33

3.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E A IMPORTÂNCIA PARA O ESTUDO ... 33

3.2. OBJETIVOS DO ESTUDO ... 35

3.2.1. Objetivo geral ... 36

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3.3. QUESTÕES DA INVESTIGAÇÃO ... 36

3.4. TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS ... 37

3.4.1. Métodos de recolha de dados ... 37

3.4.2. Método do estudo de caso ... 41

3.4.3. Métodos a utilizar na investigação ... 44

3.5. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS... 46

CAPÍTULO IV. RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO ... 49

4.1. CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA... 49

4.2. CARATERIZAÇÃO E HISTÓRIA DE VIDA DO ENTREVISTADO (A) ... 52

4.3. HISTÓRIA DA EMPRESA/NEGÓCIO E DADOS FATUAIS (B) ... 59

4.4. COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS DO EMPRESÁRIO QUE LEVARAM À CRIAÇÃO OU MANUTENÇÃO DO NEGÓCIO (C) ... 73

4.5. COMPETÊNCIAS DE GESTÃO DA EMPRESA: CAPACIDADE ORGANIZACIONAL E DIFUSÃO DE CULTURA EMPREENDEDORA (D)... 84

4.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 98

CAPÍTULO V. CONCLUSÃO ... 101

BIBLIOGRAFIA ... 111

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução da taxa de desemprego por grupo etário (2011–2013)... 2

Figura 2: Sociedades constituidas: total e por setor de atividade económica principal ... 4

Figura 3: Sociedades dissolvidas: total e por setor de atividade económica principal ... 5

Figura 4: Influencias na formação do empreendedor ... 56

Figura 5: Idade início como empresários ... 57

Figura 6: Estrutura de capitais ... 61

Figura 7: Razões da criação do negócio ... 73

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Vantagens e desvantagens da metodologia qualitativa ... 38

Quadro 2: Características dos interlocutores adquiridas ao longo da vida ... 50

Quadro 3: Objetivos determinados e resultados esperados ... 51

Quadro 4: Relação de casos de sucesso e insucesso ... 59

Quadro 5: Implicações do relacionamento juvenil na formação do empresário ... 83

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ABREVIATURAS

ADN Acido Desoxirribonucleico

CIP Confederação Industrial de Portugal

CTUP Custo em Trabalho por Unidade Produzida

EUA Estados Unidos da América

I & D Investigação e Desenvolvimento

PME Pequenas e Médias Empresas

QL Padrão de Especialização Produtiva

UE União Europeia

UTAD Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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1.1. O SUCESSO E INSUCESSO EMPREENDEDOR

Os jornais, revistas, prestigiados comentadores políticos, gestores, economistas e as mais variadas fontes de informação, umas mais especializadas do que outras, apontam o desenvolvimento e a criação de empresas como problemas nucleares nos dias de hoje e de importância vital para o desenvolvimento da nossa economia. O empreendedorismo e a inovação são pilares fundamentais para o desenvolvimento e aumento da competitividade da economia nacional. Portugal tem de construir uma economia do conhecimento, alicerçada no capital humano qualificado e no espírito empreendedor. Não existe outra opção se queremos competir numa economia cada vez mais global e integrada (D’Avila, 2012).

De um modo geral, julgamos estar perante uma economia nacional com baixos índices de performance e competitividade em relação aos seus pares europeus, sendo muitas as causas estruturais apontadas para este desequilíbrio. Das mais importantes e referidas diariamente nos órgãos de comunicação social podemos destacar: excesso de burocracia que dificulta a implementação de projetos empresariais, o excesso de impostos, aplicação do Direito e o lento funcionamento do sistema judicial, falta de formação e informação em relação às políticas orientadoras, falta de controlo na execução dos objetivos traçados.

Atualmente Portugal confronta-se e depara-se com uma grande percentagem de desemprego na população ativa que ronda os 16,3%, sendo esta taxa muito superior nos jovens com idades entre 15 e 24 anos.

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Fonte INE, 2014

Figura 1: Evolução da taxa de desemprego por grupo etário (2011–2013)

Paralelamente o país debate-se com uma indústria pouco desenvolvida, com baixa produtividade e com peso muito reduzido na economia, como se pode apreciar num documento da CIP – Confederação Industrial de Portugal (2010):

“Quando comparado o padrão de especialização produtiva do VAB de Portugal com a média UE27 (100) nos grandes sectores da indústria portuguesa (em sentido lato), as utilities (QL=133) aparecem como uma indústria sobre-especializada, a indústria transformadora (QL=84) como uma indústria moderadamente sub-especializada e a indústria extrativa (QL=49) como uma indústria muito sub-especializada.

A produtividade aparente do trabalho na indústria transformadora é menos de metade em Portugal (46,1%) que a média da UE27, aproximando-se dos valores registados nas economias de Leste; na indústria extrativa, o valor alcançado é ainda inferior (39,2% dessa média), enquanto nas Utilities apresenta uma produtividade 26% superior à média da UE; isto acontece num contexto em que, pelo menos na indústria transformadora, as principais economias europeias, mesmo as subespecializadas (p.e., França, Reino Unido e Holanda) exibem uma produtividade aparente do trabalho bastante superior à média da UE27.

O nível médio salarial reflete exatamente esta realidade: o sector das utilities é o que mais se aproxima da média da UE27; na indústria extrativa e na indústria transformadora, Portugal compensa em termos de competitividade os diferenciais de produtividade com níveis muito baixos de salários médios (cerca de metade da média UE27 na indústria extrativa e de 40% da média na indústria transformadora), sendo este efeito mais efetivo na

37,70 19,00 14,30 13,80 1,20 37,70 18,10 13,40 13,00 1,70 30,10 14,00 11,00 10,90 1,10 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00

15-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-64 ano 65 e mais anos

2013 2012 2011

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indústria transformadora, onde os CTUP (custo em trabalho por unidade produzida) são inferiores à média europeia (mas superiores, ainda assim, aos CTUP das economias de Leste, cujos salários médios são inferiores aos portugueses).

Nas três indústrias em análise, verifica-se que os meios humanos e financeiros afectos a I&D são, em termos relativos, praticamente inexpressivos quando se compara Portugal com algumas das mais importantes economias europeias.

Globalmente, as utilities afirmam-se como a indústria em que Portugal apresenta melhores indicadores quando comparados com a UE27. “

O espírito empreendedor pode nascer com a pessoa e também por influência do meio (Chou, Leporé, Chiang, Avedissian, Barysheva, McMahon, Zubicaray, Meredith, Wright, Toga & Thompson, 2009). O empreendedor pode criar um ambiente empreendedor, que pode ser absorvido pela cultura da empresa, promovendo um maior dinamismo à organização, uma maior aprendizagem, transformando a empresa num organismo vivo, que se vai adaptando às mudanças do meio, evoluindo com os mercados na procura de soluções para as suas necessidades ou para a exploração das oportunidades. Porém, existem empreendedores que, embora possuam estas mesmas capacidades, não conseguem ou têm dificuldades em ver florescer os seus negócios, perdendo-se desta forma recursos importantes para a economia.

1.2. RELEVÂNCIA E OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO

O resultado do que se aprende nas aulas de história, ao longo do ensino primário e secundário, permitiu-nos verificar que, ao longo dos tempos, a linhagem, a questão do sangue, da hereditariedade, eram suficientes para justificar capacidades que permitiam desde logo ascender a lugares de destaque para orientação e tomada de decisão, com os respetivos benefícios sociais e materiais.

Assim, somos da opinião que o meio, pelo menos em certos patamares sociais, não era tido em conta como fator fundamental na composição do indivíduo, pois a sua educação e formação era proveniente de dados históricos e tradições que condicionavam o desenvolvimento do próprio meio, sendo também a principal influência sobre as características dos indivíduos. A ciência, como instrumento crítico do conhecimento era proibida. Viviam-se períodos de estagnação do conhecimento e da inovação. Havia muita

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aversão ao risco e ao desconhecido. O desejo das pessoas decidirem o seu destino, era subjugado a interesses superiores ou divinos. A idade média foi um destes períodos de estagnação. Com o passar dos tempos, as tradições foram sendo vencidas pelo conhecimento, que se diluiu pela sociedade, novas oportunidades foram surgindo e sendo aproveitadas pelos mais “capazes”.

Apesar das dificuldades sentidas no país, na sociedade e na economia as empresas vão nascendo, adaptando-se e evoluindo. Vários economistas de renome (como o Doutor Daniel Bessa), afirmam nos jornais que é nos três primeiros anos que as empresas têm mais dificuldades. Segundo as estatísticas, um terço acaba mesmo por fechar. Em 2012 foram constituídas 27.648 sociedades e dissolvidas 25.473. Contudo, em 2013 o resultado foi diferente, pois verificou-se um aumento no número de empresas, foram constituídas 32.080 e dissolvidas 17.748 empresas. Praticamente ficamos com o mesmo número de 2011. Para um país que necessita de crescer perto de 4% ao ano nos próximos anos, é necessário um esforço acrescido para obter um resultado líquido positivo de empresas e empregos para aumentar a riqueza nacional.

Fonte: Pordata, 2014

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Fonte: Pordata, 2014

Figura 3: Sociedades dissolvidas: total e por setor de atividade económica principal

Provavelmente, das empresas que nascem, algumas surgem devido à expansão de uma empresa ou grupo económico que, possuindo vantagens competitivas relacionadas com matérias-primas, conhecimento, equipamentos, etc. obtém razoável quota de mercado. Outras possivelmente através da intuição, da perceção de uma oportunidade detetada por indivíduos com capacidades visionárias e impulsionadoras, conseguindo gerar vantagens competitivas, arriscando assim de uma forma mais controlada a entrada no negócio, adaptando-se com o tempo às necessidades do mercado. Há ainda outras empresas que surgem por necessidade do empreendedor criar o seu próprio emprego, para resolver um problema de desemprego e garantir a sua subsistência individual e familiar.

A dicotomia entre empreendedorismo por oportunidade e por necessidade, embora possa utilizar os mesmos meios e obter os mesmos resultados, no mínimo difere ao nível das caraterísticas empreendedoras. Assim, podemos identificar o empreendedor por oportunidade como o empreendedor “puro”, aquele que com serenidade consegue identificar uma oportunidade, reunindo depois, no seu íntimo, as forças necessárias para construir um plano, colocá-lo em prática correndo riscos de forma controlada, uma vez que possui conhecimentos e características que lhe permitem inovar, ajustar o negócio ao mercado quando este diverge para direções não previstas, aproveitando-as para a procura constante de novas oportunidades (Schumpeter, 1934). Aquele que arrisca por necessidade, muitas vezes está num estado psicológico mais controverso, sem grandes alterativas, olhando para o simples fato da mudança como uma oportunidade de melhorar as suas condições, arriscando por vezes de uma forma descontrolada, com a consciência de que o seu estado, na pior das hipóteses, não será muito diferente do atual (Portela, Hespanha,

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Nogueira, Teixeira & Baptista, 2008). Pensamos que este tipo de empresários que surgem por necessidade, por vezes por influência de terceiros, por políticas de fomento ao auto emprego, por apoios estatais e institucionais, como o microcrédito, independentemente de terem sucesso ou insucesso não podem ser reconhecidos como empreendedores se não reunirem as principais características empreendedoras já identificadas e que resultam na capacidade de inovar ou criar negócios continuamente novos. Christensen & Parsons (2010) revelam que empresários que têm os seus negócios estáveis e que não pretendem fazer novos investimentos ou procurar novas oportunidades, não têm a habilidade ou a capacidade de desenvolver novos negócios, sendo desta forma considerados como empreendedores por necessidade, auto empregados que preferem trabalhar para outras entidades.

Existem também pessoas que, sempre por diversas razões, se viram obrigadas a criar o seu emprego ou a montar um negócio, aproveitando oportunidades ligadas com os facilitadores em cima mencionados, que tiveram sucesso e que de sucesso em sucesso adquiriram o estatuto de empreendedores. Este fato leva-nos a pensar na possibilidade de que todos nós podemos ser moldados pelo meio e que não é o fato de não possuirmos, à partida, uma série de caraterísticas visíveis que elas não estejam codificadas no nosso ADN e nos permitam dar um “murro” na mesa e mudar as nossas vidas apostando num futuro mais empreendedor. Fatores genéticos influenciam a tendência para se tornar empreendedor e os fatores ambientais explicam grande parte da variação empresarial (Nicolaou & Shane, 2008).

Uma das formas de medir o desempenho envolve o crescimento e a sobrevivência. Dados sobre o empreendedorismo por um lado, e o crescimento e sobrevivência, por outro, foram encontrados em várias disciplinas das ciências sociais, incluindo a sociologia, a economia e em estudos regionais. Dentro da economia existem vários estudos que resumem as conclusões de uma série de resultados empíricos. Geroski (1995) e Caves (1998), entre outros, realizaram os primeiros estudos que examinaram a relação entre o tamanho da empresa e o seu crescimento nos EUA, estabelecendo que a probabilidade de uma nova empresa sobreviver é bastante baixa, mas que a probabilidade de sobrevivência é positivamente relacionada com a dimensão e idade da empresa. O tipo de resultados que sobressai desta literatura é que estamos perante um amplo espectro de tamanho de empresas que estão incluídas nas amostras, onde as empresas menores apresentam sistematicamente taxas de crescimento maiores do que as grandes empresas (Geroski,

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1995). A vantagem de crescimento das pequenas e novas empresas em relação às grandes empresas, tem demonstrado ser ainda maior em indústrias de alta tecnologia (Audretsch, 1995). A observação deste tipo de resultados sobre a relação entre o tamanho e a idade da empresa, por um lado, e o crescimento e sobrevivência, por outro, foram confirmados por uma série de países europeus, incluindo Portugal (Mata, 1994), Alemanha (Wagner, 1994), Noruega (Tveteras & Edie, 2000) e Itália (Audretsch, Enrico & Vivarelli, 1999).

Há muito que o estudo das características que diferenciam os mais capazes procura distinguir as capacidades que os levam a tomar certas posições e atitudes, relativas a decisões que têm como objetivo influenciar a sua própria vida e tudo que os rodeia, obtendo desta forma vantagens. Entre estes estudos, estão aqueles que pretendem determinar as características do típico empreendedor. Este tipo de pessoas, que tem iniciativa, capacidade e desejo de controlar a sua vida, possuindo autoconfiança para decidir perante uma oportunidade (previsível ou criada pelo próprio), assumindo riscos, devido a uma ambição material e social, são hoje objeto de estudo devido às suas capacidades de intervenção e dinamização da economia. O empreendedorismo é a descoberta, avaliação e exploração de oportunidades para criar bens e serviços (Shane & Venkataraman, 2000).

Contudo, ser empreendedor não é sinónimo de sucesso, pois, enquanto existem empreendedores que atingem os seus objetivos económicos, financeiros e sociais, outros não conseguem.

Assim, o objetivo geral deste estudo pretende avaliar um conjunto de características empreendedoras que podem influenciar o sucesso ou o insucesso entre empreendedores. Esta abordagem pretende alertar para a necessidade de correções de atitudes e ajudar a ultrapassar problemas, apontando possíveis alterações para desbloquear o normal fluir e desenvolvimento dos recursos aplicados. Desta forma, vamos procurar verificar como o empreendedor funciona e como influencia o que o rodeia, ou, como as características empreendedoras influenciam o negócio, a comunicação na empresa, a estrutura utilizada, os recursos humanos, a sua orientação e aproveitamento.

Esperamos, assim, que a troca de ideias e a recolha de experiências com os empreendedores que participaram no projeto, contribuam para o reforço da teoria e indiquem direções na aplicação de políticas que permitam alinhar, orientar a energia e os recursos de uma forma mais lógica e equilibrada, de forma a ampliar os resultados dos

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negócios e ajudar um maior número de projetos a ultrapassar com sucesso o “Vale da Morte do Empreendedorismo Português” (conceito lançado pelo Professor Doutor Daniel Bessa em relação a resultados de investigação de conhecimento produzido em Portugal que são arquivados ou vendidos a empresas estrangeiras que os aplicam no mercado global).

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CAPÍTULO II.

REVISÃO TEÓRICA

2.1. FATORES EXPLICATIVOS DO SUCESSO EMPREENDEDOR

Um empreendedor pode possuir traços empresariais, capacidades empresariais, mas não ter comportamentos conducentes à criação da empresa. Para isso tem de estar motivado, pelo que é necessário saber o que o impulsiona a criar a empresa (Parreira, Pereira & Brito, 2011). McFarling (2000) definiu, com base na oportunidade de visão e na inclinação para ser empreendedor, quatro tipos de empreendedores: aqueles que tanto têm a oportunidade como a inclinação; os que têm a oportunidade mas não têm a inclinação; aqueles que têm a inclinação mas não têm a oportunidade e aqueles que não têm nem a oportunidade nem a inclinação. Bird (1988) mencionou que as oportunidades empresariais são o resultado de cuidadosa reflexão e ação. Aviram (2006) no decorrer do seu estudo sobre os fatores que influenciam as pessoas desempregadas, propõe que todas as oportunidades empreendedoras que uma pessoa pode encontrar são o resultado do pensamento criativo baseado em quatro fases: coleta de dados relacionados com o conhecimento já existente; incubação dos dados, o que implica esforço mental no processo de resolução de conflitos; obtenção de uma ideia, um avanço, um subproduto resultante da ponderação da fase anterior; e verificação da ideia, da sua viabilidade ou de uma forma de a melhorar.

Em relação à inclinação, essa acontece, como em qualquer outro comportamento humano ativado, por algum tipo de motivação que é influenciada pelo meio ou pelos traços de personalidade. Assim, poderíamos pensar em incluir a motivação como percutor do empreendedorismo. Contudo, as motivações empresariais são um tema muito controverso,

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possuindo grande variabilidade, existindo autores como Cooper, Woo & Dunkleberg (1989), que as consideram irrelevantes para o processo de empreendedorismo, dando mais valor às capacidades empresariais e a outros fatores.

Recentemente têm surgido investigações que apontam a influência do meio e as características das oportunidades como instrumentos que estimulam a criação das empresas, mas não podemos esquecer que são as características pessoais do empreendedor que influenciam as suas decisões (Shane, Locke, & Collins, 2003). Podemos assim supor que o meio determina e o empreendedor decide de acordo com as suas características. Sendo o meio um fator tão importante, não podíamos deixar de incluir o meio como regulador dos traços de personalidade, uma vez que a interação com os empreendedores também pode determinar o sucesso ou insucesso dos empreendedores.

Para uma análise mais detalhada dividimos o meio em dois segmentos: mercado e facilitadores, uma vez que a sua utilização, ou não utilização, pode implicar desequilíbrios económicos e financeiros nas empresas. O mercado inclui o risco setorial, concorrência, conhecimento, legislação e localização/área geográfica. Uma vez que um mercado para um produto ou para um negócio é um conjunto de clientes com determinadas necessidades por satisfazer (Coelho, Bastos, Pires & Pinto, 2004).

Pensamos que o acompanhamento dinâmico das necessidades dos clientes e das novas iniciativas da concorrência induz assim o lançamento de novos produtos ou a entrada em novos mercados, de que resulta um permanente reforço da adequação da estratégia da empresa tornando assim o mercado, uma variável importante a analisar. Quanto aos facilitadores, como políticas que alteram os fatores de oportunidade, políticas que promovem o acesso de minorias anteriormente excluídas, políticas que promovem o acesso às competências e capacidades dos indivíduos e empresas através da educação, formação ou apoios financeiros, políticas e campanhas que promovem a atividade empresarial, alteração do fator risco recompensa através da redução de impostos, atribuição de subsídios, regras de mercado, de trabalho, regulamentos das falências, julgamos que se bem aproveitadas pelos empreendedores vão causar vantagens importantes para verificar. Segundo Caprana & Cervone (2000), os traços de personalidade são disposições que permitem exibir respostas a várias situações. Estas respostas servem decerto para resolver questões pendentes de importância variável, sendo que, quanto maior for o problema a

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resolver, maior será o prémio, o retorno e a motivação (material ou moral) para o resolver. Tem-se verificado que muitos dos traços de personalidade encontrados nos empreendedores são também fatores de motivação para criarem empresas (Parreira et al., 2011). A motivação proporciona o desejo de atingir determinadas metas que implicam esforço, desenvolvimento de técnicas, aquisição de experiências, conhecimentos e competências. Embora, como já foi referido, as motivações e as características pessoais sejam um tema muito controverso, com grande variabilidade de traços de personalidade, onde as características correlacionadas com o empreendedorismo são contraditórias (Stevenson, Howard, David, & Gumpert, 1985). Enunciamos de seguida um conjunto de características empreendedoras que se pretende evidenciar nas entrevistas, que pensamos serem centrais para o desenvolvimento do estudo, considerando terem sido já referenciadas inúmeras vezes em estudos anteriores.

2.1.1. CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DOS EMPREENDEDORES

Vejamos um conjunto de características psicológicas dos empreendedores, que foram referidas por diversos autores, como Hisrich & Peters (2004), Dornelas (2001), Lin (1999), etc.

Inovador – Pessoa que possui a capacidade de uma adaptação constante às novas necessidades, evoluindo através de novas formas de fazer as coisas ou da conceção de novos produtos. Segundo Schumpeter (1934), esta caraterística é o conceito central do empreendedorismo, sendo que a capacidade de inovar é sustentada pelo desejo e interesse em novas formas de fazer as coisas (Patchen, 1965, como citado em Parreira et al., 2011), orientando as pessoas para a inovação (Heunks, 1998). Yong (2007) acrescenta que a curiosidade e a capacidade para a procura de novas experiências são um desafio que estimula a personalidade destes indivíduos. Carland, Hoy & Carland (1998) concluem que o empreendedorismo é função de quatro elementos principais, dos quais a propensão à inovação é um deles.

Pró atividade – Identifica-se como a capacidade para por ele próprio agir (Frese & Fay, 2001), pois estas pessoas têm a sensibilidade para detetar novas oportunidades e atuar prontamente para obter vantagens (Rauch & Frese, 2007).

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Tolerância ao stress – Capacidade de se manter a trabalhar mesmo em condições adversas e de sobrecarga de trabalho, onde a pressão e a insegurança são reduzidas graças à tolerância ao stress. Estas pessoas gostam de traçar, definir e controlar o seu próprio destino. (Brandstatter, 1997).

Liderança – Pessoa que, a partir de um objetivo próprio, influencia outras pessoas a adotarem voluntariamente esse objetivo (Filion, 2000; Hisrich & Peters, 2004). Pessoas com esta capacidade são pessoas extrovertidas, sociáveis, que exteriorizam facilmente os seus sentimentos e são recetivos ao comportamento dos outros, empreendedores que reconhecem a importância do seu contato face a outras pessoas, pelo que eles rapidamente e vigorosamente procuram agir para isso (Markman & Baron, 2003).

Autoconfiança – Quem possui esta caraterística tem facilidade em enfrentar problemas complexos, onde os recursos são escassos, devido ao elevado grau de otimismo e inteligência emocional do indivíduo (Crane & Crane, 2007). Este traço avalia o grau de estabilidade emocional do indivíduo (Yong, 2007).

Eficácia global – Capacidade de manter elevados padrões de desempenho, de responsabilidade e necessidade de realização, que dão origem a grande comprometimento com o trabalho (Yong, 2007). Estas pessoas têm a perceção das suas capacidades para se motivar e mobilizar recursos cognitivos para ações necessárias, para deter o controlo sobre a sua vida (Chen, Greene & Crick, 1998).

Sociável – Grau de utilização da rede social para suporte à atividade profissional (Hisrich & Peter, 2004; Markman & Baron, 2003).

Locus de controlo interno – Acredita que o seu destino pode ser controlado por acontecimentos internos (Brockaus & Robert 1982) e que as recompensas que daí provêm são resultado do seu esforço (Rotter, 1966, como citado em Parreira et al., 2011), o que os torna mais ativos e determinados, aumentando o comportamento empreendedor.

Realização – Satisfação cognitiva que leva as pessoas a tomarem iniciativas, a assumirem riscos, a fixarem objetivos desafiadores, controlando as atividades para que possam corrigir os riscos atempadamente orientando-os para o sucesso (McClelland, 1965, como citado em Parreira et al., 2011). Esta caraterística, segundo Collins, Locke & Hanges

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(2000), diferencia os empresários da população em geral e os empresários de sucesso dos de insucesso.

Propensão para o Risco – Os empresários estão dispostos a aceitar riscos moderados a vários níveis: monetários, de segurança, reputação e status. É uma capacidade de correlacionar as variáveis que podem influenciar o resultado, decidindo em situações de incerteza a partir desses dados, demonstrando que a personalidade empresarial que obtém sucesso é a que corre riscos calculados (Hisrich & Peters, 2004).

Desejo de independência – Traduz-se pela necessidade de planear a sua vida e tomar as suas decisões. Este tipo de pessoas gosta de fazer as coisas à sua maneira, sem estarem sob diretivas de terceiros (Pereira, 2001).

Reconhecimento e aceitação pelos outros – Caraterística humana de se comparar com os seus pares e com a sociedade em termos de prestígio e status (Lin, 1999). O fato de ser um empresário de sucesso, de criar impacto positivo e promover socialmente o individuo é um dos motivos pelos quais os empresários criam as suas empresas (Parreira et al., 2011). Segurança familiar – A família é um pilar emocional e social de apoio. A segurança familiar surge como motivo central para a criação de empresas (Pereira, 2001), em especial nos países menos desenvolvidos, onde a estabilidade económica é menor sendo necessário garantir a segurança da família. Hoje em Portugal, devido às elevadas taxas de desemprego e às fracas perspetivas futuras, neste campo, também começa a ser necessário garantir a segurança familiar futura. Os negócios empresariais de família são também uma das formas primárias para a criação de postos de trabalho nas economias de mercado (Shanker & Astrchan,1996).

Persistência – Pessoa que não desiste com facilidade de projetos em que acredita, capacidade de trabalhar de forma intensiva, sujeitando-se a privações sociais em projetos de retorno incerto (Markman & Baron, 2003; Souza, Souza, Assis & Zerbini, 2004).

Planeador – Prepara o futuro, definindo o que quer e como quer fazer. O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, antecipando-se aos fatos e possuindo uma visão futura dos acontecimentos (Dornelas, 2001).

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Deteta oportunidades – Habilidade de capturar, reconhecer e fazer uso efetivo de informações abstratas, implícitas e em constantes mudanças (Markman & Baron, 2003).

2.1.2. OUTROS FATORES EXPLICATIVOS DO SUCESSO EMPREENDEDOR

São inúmeras as correlações entre variáveis que podem determinar o sucesso de empreendimentos e dos próprios empreendedores. O relacionamento das várias características empreendedoras, que existem em diferentes proporções dentro dos empreendedores, com as características existentes no meio, dificulta muito o trabalho dos investigadores que procuram explicar o sucesso do empreendedorismo. Possivelmente, talvez o fato de ser difícil delimitar estas fronteiras, devido à sua constante evolução e inovação, seja a sua principal caraterística diferenciadora de outras disciplinas. No entanto, os vários estudos feitos nos últimos anos têm apontado para diferentes formas de estar na vida e nos negócios que permitem situações de sucesso aos empreendedores.

A possibilidade de ganhos elevados pode atrair as pessoas para atividades não dependentes, provavelmente porque ganhos elevados se traduzem no horizonte das pessoas como possibilidades de sucesso. No entanto, De Wit (1993) não encontrou relevância significativa entre os ganhos elevados e a atração para uma atividade por conta própria, provavelmente porque a esses ganhos elevados está inerente determinada quantidade de risco que não compensa os ganhos. Johansson (2000) tem opinião diferente, entendendo que os ganhos elevados podem atrair pessoas para atividades não dependentes e alerta que os trabalhadores mais mal pagos são os mais propensos a mudar, pois é para estes que este tipo de mudança permite atingir patamares de sucesso que são praticamente inatingíveis no atual trabalho. Já Parker (2003) encontrou resultados mistos, o que poderá querer dizer que as pessoas são diferentes e que, mediante as suas capacidades, percebem de forma diferente o risco e a probabilidade de sucesso.

As relações entre o meio e os empreendedores podem determinar o sucesso, contudo, segundo Oberschachtsiek (2008), as características das empresas e a educação, por si só, não são a principal componente de longevidade empresarial, apontando em primeiro lugar a solidez financeira e o volume de capital inicial como fator determinante no sucesso, porque no início é importante aprender e conhecer o negócio, sendo necessários meios para aguentar as rentabilidades negativas iniciais. Para além de um volume de capitais próprios

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compatíveis com o negócio, destaca também a experiência em negócios e as capacidades específicas dos empreendedores como fator explicativo do sucesso. Carson (2003) concorda, afirmando que são as habilidades que fazem os bons empresários, não necessariamente a aquisição de educação.

Por outro lado a educação funciona como um filtro, onde os mais bem formados são mais bem informados e mais eficientes nas avaliações, existindo muitas oportunidades nas indústrias baseadas no conhecimento (Keeble, Walker & Robson, 1993). Haapaner & Tervo (2009) concordam, afirmando que a educação é um fator importante no sucesso. Quanto ao género (Haapaner & Tervo, 2009), aceitam que quanto ao sucesso existem diferenças no género, apontando uma maior tendência para o sucesso nos homens. Já Marshall (1999) acha insignificante o efeito sobre a taxa de sucesso que diferencia os homens das mulheres.

Os empreendedores que possuem pais ou familiares diretos que possuem negócios têm uma maior probabilidade de serem bem-sucedidos (Haapaner & Tervo, 2009; Millan, Congregado & Román, 2010). O argumento mais usado para explicar esta afirmação baseia-se no fato de existir uma aprendizagem constante ao longo dos tempos, a que acresce a possibilidade do mercado de trabalho dos pais ou familiares poder ser fator de proximidade, permitindo a transferência intergeracional de capital humano e habilidades empresariais. Já Van Pragg (2003) possui posição contrária, uma vez que nos seus estudos não encontrou nenhuma relação entre proximidade familiar nos negócios e sucesso.

A experiência profissional permite ao indivíduo, ao longo do tempo que trabalha na função enquanto empregado por conta de outrem, ganhar experiência, aprender com os erros, conhecer o mercado, as suas dificuldades e benefícios. Parker (2009) percebe que há uma relação positiva entre a experiência e a sobrevivência da empresa a longo prazo. Contudo, ser empresário com sucesso não depende só da experiência da função ou do conhecimento do meio, pois existem outras variáveis, que não se transmitem e são fundamentais para o sucesso. Possivelmente esta é uma das causas pela qual Tokila (2009) não encontrou nenhuma relação entre a experiência e o sucesso dos empreendedores. Por outro lado, a experiência pode ser diferenciadora quando comparamos a probabilidade de sucesso entre empresários mais velhos e mais novos. Aparentemente, os empresários mais velhos e mais experientes têm maiores possibilidades de sucesso, porque tiveram mais tempo para

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construir melhores redes, identificarem melhores oportunidades, serem mais avessos ao risco não controlado. Esta relação positiva entre mais experiência e maior sucesso é defendida por Taylor (2004) e Hapaner & Tervo (2009). Evidências econométricas apontam que a tendência para as pessoas se tornarem empresárias aparece a meio da carreira profissional (30 anos para homens e 35 para mulheres), possivelmente porque é uma altura em que a perceção do negócio e o rácio risco/benefício é mais equilibrado. A possibilidade de sucesso aumenta com a idade porque, em primeiro lugar, o sucesso requer tempo para ser estabelecido e as pessoas melhoram as suas competências empresariais juntamente com a experiência (Taylor, 1999; Haapaner & Tervo, 2009). Também experiências anteriores como empresários têm resultados positivos sobre a probabilidade de voltarem a trabalhar por sua conta (Taylor, 1999). Os indivíduos que tiveram experiências anteriores como empresários têm menor probabilidade de falhar, pois já aprenderam com os erros (Taylor, 1999). Contudo, Van Praag (2003) não observa relação positiva entre experiência empresarial e sucesso.

Degen (1989) afirma que empreendedor de sucesso é aquele que não se cansa de observar negócios na constante procura de novas oportunidades. Efetivamente para se ter sucesso nos negócios é necessário ter visão. Nos dias de hoje a globalização impõe um conjunto tão heterogéneo de mercados e formas de os trabalhar que é praticamente impossível determinar vantagens e desvantagens em determinado negócio ou mercado. A título de exemplo, as empresas de construção que apostaram no mercado nacional, morreram ou mudaram de ramo, pois o mercado está estagnado. Por outro lado, a construção noutras latitudes é um negócio de sucesso, e as empresas nacionais que se deslocalizaram e acompanharam esse filão continuam a faturar, a ter sucesso devido à visão do empreendedor e a ser uma referência devido a ganhos com experiências passadas que potenciam os seus produtos.

2.1.3. EMPREENDEDORISMO GENÉTICO VERSUS EMPREENDEDORISMO DO MEIO

Através dos dados obtidos na entrevista, que é centrada em assuntos que envolvem os traços empreendedores atrás citados, procuram-se evidências motivacionais, conectadas com esses traços de personalidade, que permitam constatar que do esforço realizado para alcançar determinado objetivo se obtém experiência e aprendizagem, decorrente da elaboração da estratégia, da quantificação e afetação dos recursos, da avaliação dos riscos,

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da efetivação de objetivos, do controlo e ajustamento dos resultados intermédios e, por fim, da necessidade do sucesso, que vai desenvolver novas competências, que vão possibilitar novos produtos e procurar novas oportunidades, promovendo o desenvolvimento e crescimento do negócio.

As capacidades empreendedoras resultam de uma pré-disposição dos indivíduos para enveredar por esta “atividade”, o que os faz ser diferentes do resto da população. Possivelmente esta capacidade pode ter origem cognitiva ou ser resultante de uma aprendizagem pela via da experiência e/ou educação. O provérbio “antes lobo por um dia que carneiro a vida inteira” tem a “capacidade” de demonstrar a importância das competências na escolha do lobo como opção. É lógico que a vida dos carneiros é muito mais fácil, tendo garantidos todos os meios de sobrevivência, saúde, alimentação e proteção. Contudo, têm um grande problema, pois o seu destino está já traçado por terceiros em seu benefício, sem que os carneiros possam influenciar essa decisão. Os lobos são perseguidos e abatidos por atacarem os rebanhos de caprinos, por exemplo. Geralmente, os que escapam obtêm proveito (o carneiro). Nas próximas investidas que decidem fazer são mais cuidadosos, descobrindo sempre forma de ultrapassar os obstáculos e armadilhas, resultado da experiência obtida, experiência essa que também é facultada à alcateia. No fundo, quem acaba sempre por sofrer é o carneiro que, de uma maneira ou outra, acaba por morrer. Quanto ao lobo, quanto melhores forem as suas competências (experiência, capacidades físicas, etc.), melhores são as suas possibilidades de sobreviver. O fato de nem todos poderem ser lobos, isso depende também da genética.

O lobo, contudo, é um mal necessário, sabe gerir bem os seus recursos, obtendo a satisfação através do carneiro mais fraco e mais fácil de capturar e, desta forma, investe indiretamente no rebanho tornando-o mais robusto uma vez que aqui, no rebanho, só os mais fortes sobrevivem!

Esta alegoria serve como introdução para a demonstração da problemática relacionada com competências empreendedoras, uma vez que sobre o assunto existem vários fatores que alimentam esta capacidade. A influência genética é explicada nos trabalhos de Nicolaou & Shane (2008) e Nicolaou & Shane (2010), que afirmam que as diferenças genéticas podem ser responsáveis pelo fato do indivíduo se tornar empreendedor. Já no que diz respeito à influência cognitiva, esta é resultante da aprendizagem (Shane & Venkataraman, 2000).

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Nayab (2010) afirma que o meio influencia as pessoas de várias formas, umas mais importantes do que outras. O empreendedorismo é um processo social dinâmico através da interação de um conjunto de fatores, empreendedor e equipa, oportunidade e ideia e recursos disponíveis, todos em interação num determinado contexto (Timmons, Zacharakis, & Spinneli., 2004).

2.1.3.1. A influência genética

O interesse em compreender os efeitos genéticos sobre a estrutura e função do cérebro está aumentando rapidamente dentro da comunidade de “Neuro imagem” (Glahn, Thompson, & Blangero, 2007).

Estudos genéticos em epidemiologia genética são populares, uma vez que a comparação entre gémeos monozigóticos (MZ), que são gémeos geneticamente idênticos, e dizigóticos (DZ), que são gémeos que partilham metade dos seus genes, fornece um único e poderoso método de particionamento e covariância de fontes genéticas e ambientais. Estudos recentes indicam que a genética e o ambiente podem originar diferenças particulares na morfologia do cérebro humano. O cérebro humano varia consideravelmente entre os indivíduos em termos de complexidade, tamanho, forma e estrutura, tendo muitos estudos mostrado que essas variações são significativamente influenciadas por fatores genéticos. Estudos feitos ao cérebro humano através de ressonância magnética (MRI) sugerem que o volume total cerebral (Baare et al., 2001, como citado em Yoon, Fahim, Perusse, & Evans, 2009) e o volume de matéria cinzenta (GM) e substância branca (VM) (Geschwind et al., 2002, como citado em Yoon et al., 2009) são altamente hereditários, assim como a forma e profundidade dos sulcos parecem também serem determinados geneticamente (Biondi et al., 1998, como citado em Yoon et al., 2009). Já os volumes ventriculares e padrões superficiais de Gyral parecem praticamente originados por fatores ambientais (Baare et al., 2001, como citado em Yoon et al., 2009). Hoje em dia os avanços da tecnologia de mapeamento cerebral têm permitido mapas mais detalhados das influências genéticas sobre as características da estrutura do córtex humano como oposição às medidas brutas de volume da estrutura.

Porque é que as pessoas se envolvem em atividades empresariais? E há fatores genéticos que podem explicar a maior ou menor propensão para o empreendedorismo?

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Não existe muita pesquisa empírica sobre o efeito dos fatores genéticos, o que é surpreendente, uma vez que muitos aspetos do comportamento humano são influenciados pelos genes (Benjamin et al., 2003), tais como a personalidade (Ebstein, Novick, Umansky, Priel, Osher, & Blaine, 1996), atitudes (Bouchard, Segal, Tellegen, McGue, Keyes, & Krueger, 2004), inteligência (Plomin & Spinath, 2004), etc. Se fatores genéticos influenciam outros aspetos do comportamento humano, são também suscetíveis de influenciar a tendência de as pessoas pretenderem uma atividade empresarial (Nicolaou & Shane, 2008). Estudos usando técnicas de genética quantitativa (Nicolaou & Shane, 2008) Zhang & Arvey, 2009; Nicolaou & Shane, 2010) argumentam a possibilidade de os genes aumentarem a tendência para o empreendedorismo.

O estudo de Nicolaou & Shane (2008), baseou-se numa amostra de 870 pares de gémeos monozigóticos (MZ) e 857 pares de gémeos dizigóticos (DZ) do mesmo sexo, todos oriundos do Reino Unido, com o objetivo de estimar a genética ambiental compartilhada e não compartilhada, da propensão dos efeitos ambientais sobre as pessoas para se tornarem empresárias, tendo encontrado valores relativamente altos de hereditariedade para o empreendedorismo em diferentes operacionalizações do fenómeno com pouca influência do ambiente, seja por influência do ambiente familiar ou da educação.

Contudo, embora os resultados indiquem que fatores genéticos influenciam a tendência para se tornar empreendedor, esses mesmos resultados sugerem que os fatores ambientais explicam grande parte da variação empresarial. Já o estudo de Zhang & Arvey (2009) refere que, nas mulheres, a genética tem uma maior influência do que nos homens para se tornarem empreendedoras, basicamente porque são menos suscetíveis de serem influenciadas pelo ambiente. Nicolaou & Shane(2010)ao estudar uma amostra de gémeos DZ e MZ retirada do banco de dados “MIDUS”, para examinarem a influência dos genes na variação existente nas pessoas para trabalharem de forma autónoma ou terem vocação para outras ocupações, complementam o seu estudo, começado em 2008, concluindo que os fatores genéticos influenciam a escolha empreendedora, verificando ainda a existência de diferenças de género ao optarem pelo empreendedorismo e um suporte firme para outras escolhas ocupacionais (profissões para as quais havia quantidade de dados suficientes que credibilizassem a análise), sofrerem também influências genéticas, especificamente gerente, vendedor ou professor, partindo da suposição da existência de ambientes iguais para os intervenientes da amostra.

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2.1.3.2. A influência do meio

Existem contudo trabalhos cujos resultados apontam para a influência do meio como praticamente o único fator responsável pela composição do indivíduo empreendedor. Um estudo realizado por Schmitt, Eyler, Giedd, Kremen, Kendler, & Neale (2007), com gémeos com média de idades de 14 anos obteve os seguintes valores em relação ao volume global do ventrículo: Fator genético (17%); meio ambiente comum (43%); e ambiente único (40%). Esta abordagem mostra que na infância sofremos muitas influências genéticas, pois à medida que avançamos na idade, à medida que o nosso cérebro e o nosso corpo vão atingindo a forma definitiva, os fatores genéticos vão gradualmente deixando de estar tão presentes na nossa formação física e psicológica. Em proporção inversa, vamos sofrendo grandes influências do meio que alteram de tal forma certos fatores genéticos, que estes deixam de ser praticamente visíveis, predominando desta forma as influências do meio sobre os indivíduos.

Já Charles Darwin (1809-1882), na teoria por si desenvolvida denominada “Teoria da seleção natural” (Darwin, 1859), refere que “os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de descendentes. Os organismos mais bem adaptados são portanto selecionados para aquele ambiente”. Darwin mostrou que a seleção natural tende a modificar as características dos indivíduos ao longo das gerações, podendo gerar o aparecimento de novas espécies. A teoria da seleção natural é hoje a base da moderna “Teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo”, partindo das noções de Darwin sobre a seleção natural e incorporando outras mais atuais de genética, como noções extraídas dos trabalhos de Mendel (1886), onde o conceito antigo de herança através da mistura de sangue foi substituído pelo conceito de herança através de partículas, os genes.

Os últimos 170 anos foram importantes pelas grandes mudanças que causaram a nível mundial. Uma das mais importantes foi sem dúvida a revolução industrial com origem na Inglaterra. A última está a decorrer neste momento, que é a Globalização. Muitos anos as separam e as diferenças são muitas. Porém, logo à primeira vista, existem duas semelhanças, uma quebra com o que até aqui era a forma tradicional de relacionamento com os mercados e, logo a seguir, a necessidade de criar novas regras e normas que servem para regular esses mesmos mercados. Hoje em dia, as normas, as regras e diversa

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legislação existente é tão extensa que não deixa praticamente de fora qualquer tipo de ação proposta. Quebrando as regras, os comportamentos individuais referem-se “à não conformidade com as expetativas aplicáveis ao grupo” (Kaplan, 1980). Os pesquisadores do empreendedorismo muitas vezes consideram a quebra da regra como sinónimo de inovação e criatividade, sendo estas duas características essenciais para se tornar um empreendedor bem-sucedido. A quebra da regra pode ser positiva ou negativa (Warren, 2003). A quebra das regras positivas, em empreendedores adultos, servem por exemplo para ultrapassar procedimentos obsoletos, relacionados com a eficiência ou elaboração de um novo produto. Já as negativas têm, por exemplo, a ver com a violação explícita de regulamentos que alteram a concorrência ou prejudicam terceiros. Psicólogos do desenvolvimento sugerem que a experiência e o comportamento na juventude podem ter um impacto profundo na vida adulta a nível individual e de carreira. A autonomia e independência subjacente à infração à regra, podem levar o indivíduo a pensar e agir de forma diferente da normalidade, através de comportamentos inovadores, desenvolvendo experiências novas no seu percurso empresarial que o podem ajudar e facilitar em futuros empreendimentos empresariais. Gould (1969, como citado em Zhang et al., 2009) acredita que os empresários estão perto de se comportarem, por vezes, como delinquentes juvenis. Zhang & Arvey (2009), pretenderam examinar as relações entre a quebra de regras negativas na adolescência e a ligação com o status empresarial na idade adulta, ou seja, se um indivíduo que quebra regras negativas na adolescência se torna num empresário ou num gerente de empresas. Segundo Hollander & Willis (1967, como citado em Zhang & Arvey, 2009), há dois motivos diferentes que estão subjacentes às formas negativas de quebrar as regras na adolescência: uma verdadeira independência e autonomia em relação às normas de um grupo; ou uma postura reagente, rebelde e anti social. Embora a quebra de regras se manifeste como algo principalmente negativo, pode existir uma associação positiva com status empresarial que se pode formar mais tarde. Se o Status empresarial tem por base a criação de empreendimentos, e se um empreendimento é um fator de risco, e se a tomada de risco é uma das principais caraterísticas empreendedoras, possivelmente, a quebra de regras negativas poderá influenciar futuros empreendedores. A psicologia da personalidade sugere que a personalidade é a reflexão de um padrão que se reflete na pessoa (Funder, 2001), consequentemente, a influência de traços de personalidade em resultados individuais e organizacionais pode pressupor que um dos processos subjacentes

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que liga a propensão ao risco e ao status empresarial, é o de que as pessoas que têm propensão a riscos elevados, possivelmente, têm a tendência a apresentar padrões mais elevados de comportamentos que desafiam o sistema, quebrando regras em contextos sociais, que pode, por sua vez, dar origem a uma maior probabilidade de sucesso em oportunidades de negócios e a iniciarem novos empreendimentos, no fundo pode ter componentes de autonomia e independência que podem ser conotados como construtivos e benéficos a longo prazo. A infração à regra pode ser assim “um pau de dois bicos”, pois a linha que separa os comportamentos éticos, que levam à inovação, e os comportamentos não éticos, aos quais se impõe um julgamento público e/ou judicial. Comportamentos éticos podem ser definidos como comportamentos que se conformam com os padrões geralmente aceites no mundo dos negócios.

Na literatura de tomada de decisão, o risco é visto em função da distribuição do poder. As pessoas nem sempre tomam decisões com base em cálculos racionais mas sim com base na predisposição em relação ao risco (Bromiley & Curley, 1992), embora outros, como

Nicholson, Fenton-O'Creevy, Soane & William, (2005) consideram que as pessoas têm em conta cálculos racionais na tomada de decisões. Estudos empíricos e teóricos mostram a influência da propensão ao risco no status empresarial da pessoa, acreditando-se que existe um risco assumido pelas pessoas que detêm negócios e que não está presente nas pessoas que são gerentes de organizações. Isto porque, enquanto os gerentes trabalham dentro de empresas que possuem um normativo definido para o desenvolvimento do negócio, sendo os procedimentos dos seus trabalhadores suportados por processos e práticas formais, os empreendedores (possuidores dos negócios) trabalham em ambientes não estruturados (Stewart & Roth, 2001). Logo os empreendedores lidam com mais risco no seu negócio porque enfrentam responsabilidades pessoais. Uma relação positiva pode ser esperada entre a propensão ao risco e a situação empresarial, sendo que os empresários demonstram uma maior propensão para o risco (Stewart, Watson, Carland, & Carland, 1999). Vários estudos têm demonstrado esta evidência em que os empresários têm uma maior propensão para o risco quando comparado com gerentes de organizações que tendencialmente pretendem assumir riscos relacionados com a evolução positiva das suas carreiras em empregos contratuais.

Zhang & Arvey (2009) fizeram um estudo com um design longitudinal para melhor verificar as influências sobre o tipo de propensão ao risco do status empresarial da quebra

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das regras na adolescência. A quebra de regras é avaliada como uma variável mediadora entre a propensão para o risco e o status empresarial. Neste estudo foram inquiridos um grupo de empreendedores e outro grupo de gerentes de organizações como amostra comparativa porque, de uma forma geral, são os que se assemelham mais aos gestores empreendedores em relação às oportunidades de negócios, conhecimentos e negócios em geral.

Existem várias perceções de quebra de regras e normas. De acordo com Argyle, Furnham, & Graham (1981), quebra de regras são comportamentos que não devem ser tidos perante a sociedade. Normas são comportamentos que podem ser esperados e tolerados por um grupo social particular (Jackson, 1966, como citado em Zhang & Arvey, 2009). No entanto, ambas têm punição social ou outro tipo de sanções. A filosofia de gestão propõe a infração à regra positiva, como construtiva e pós-social e a infração à regra negativa, que é destrutiva e antisocial (Morrison, 2006). A infração à regra positiva reflete iniciativas inovadoras que podem implicar eficiência organizacional, agilidade, adaptabilidade e inovação (Nemeth, 1997, como citado em Zhang, & Arvey, 2009). Zhang, & Arvey (2009) pretendem verificar a quebra de regras negativas e as suas formas: delinquência propriamente dita, uso de drogas e outros crimes anti sociais. Este quebrar de regras negativas são agrupadas em duas categorias: a infração modesta e a infração grave (Kaplan, 1980), sendo que a infração à regra modesta consiste na delinquência na família e ofensas na escola, enquanto a infração à regra grave incluem o contato físico com violência, uso de drogas e outros crimes, como roubos. Os resultados mostram que o alto nível de infração à regra modesta na adolescência está positivamente relacionado com a propensão a se tornarem empresários ou gestores de organizações na idade adulta, depois de controlados os traços de personalidade que influenciam a propensão ao risco, realização e apetência social. Já a infração à regra grave não mostrou relação com o estado empreendedor, o que pode significar que esta redução de possibilidades de independência pode estar relacionada com fatores pessoais e diferenças individuais por serem importantes na avaliação e resolução de questões éticas (Reynolds, 2006). A propensão a um maior risco leva a quebrar mais as regras e os comportamentos baixarem ao nível limiar de sensibilidade ética, logo, mais propensos a tomar posições anti éticas, como, por exemplo, a falsidade ideológica e financeira (Harris & Bromiley, 2007).

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Estar alerta para comportamentos éticos é mais importante para os empreendedores e pequenas empresas que sofrem uma maior pressão por parte do ambiente desnormalizado e para um bom desempenho financeiro por parte dos investidores. Por vezes são os recursos limitados que torna difícil aos empresários resistir à tentação de transgredir as regras para satisfazer as suas necessidades financeiras. O empreendedor é uma pessoa que está socialmente inserido, contudo, tem a capacidade de “ver mais longe”, o que o obriga por vezes a traçar o seu próprio caminho, que muitas vezes difere das normas instituídas. Assim, a capacidade, o risco de quebrar algumas regras na adolescência permitem uma maior propensão para o risco controlado e criatividade na idade adulta, resultante de uma aprendizagem ao longo do tempo, que se vai refletir na forma como orienta a sua vida, cria as oportunidades e ultrapassa as dificuldades inerentes ao negócio.

Resumindo, podemos apontar os fatores genéticos como determinantes na formação inicial do individuo, mostrando que, depois, a forma como essa informação genética vai reagir às condições impostas pelo meio vai ser determinante nas implicações e relações futuras dos indivíduos, colocando desta forma o meio como principal definidor longitudinal das características empreendedoras dos indivíduos. O estudo destas características na formação das pessoas vai permitir, no limite, levantar questões que ajudem a uma melhor orientação da atividade empreendedora, principal motor na dinamização de uma economia.

2.2. POLÍTICAS ATIVAS DE EMPREENDEDORISMO

2.2.1. A HISTÓRIA NA FORMAÇÃO DA CULTURA EMPREENDEDORA

“A palavra empresa tem origem no latim imprender e significa sociedade ou companhia que explora qualquer ramo de indústria ou comércio; cometimento ousado; divisa que os cavaleiros mandavam gravar no escudo, e representava o que iam empreender” (Dicionário Priberam de Língua Portuguesa, 2013).

“No Portugal do Séc. XV a empresa era denominação de todo o negócio existente com o oriente, tratava-se assim de um conjunto de recursos afetos a determinada estratégia que interagiam entre eles com um objetivo comum. Vasco da Gama representa um homem que se encontra sempre insatisfeito, mostrando-se disposto a enfrentar os mais difíceis obstáculos e a comportar os mais duros sacrifícios para conseguir alcançar o seu objetivo.

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Figura 1: Evolução da taxa de desemprego por grupo etário (2011–2013)
Figura 2: Sociedades constituídas: total e por setor de atividade económica principal
Figura 3: Sociedades dissolvidas: total e por setor de atividade económica principal
Figura 4: Influencias na formação do empreendedor Genéticas 24% Meio 41% Meio Familia 35%
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Referências

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