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Relatório de Estágio Profissional "Uma viagem, a realização de um sonho"

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2º Ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário

Uma viagem, a realização de um sonho

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º Ciclo conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto- Lei nº74/2006, de 24 de Março e Decreto-Lei nº43/2007, de 22 de Fevereiro)

Professora Orientadora: Mestre Patrícia Gomes

Joana Sucena Pereira Fonseca

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II

Ficha de Catalogação

Fonseca, J. S. P. (2015). Uma Viagem, A Realização de um Sonho. Porto: J. Fonseca. Relatório de estágio profissionalizante para a obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, SER

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III

DEDICATÓRIA

Aos meus pais

,

Porque me deram a vida, porque estiveram sempre do meu lado,

porque não me deixaram desistir do meu sonho.

À minha Faculdade e aos meus Alunos,

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V

AGRADECIMENTOS

Pelo importante auxílio, colaboração e ajuda que diversas pessoas me transmitiram, expresso a minha sincera gratidão:

À minha irmã, por aturar todas as minhas crises de ansiedade durante o Estágio Profissional;

À minha avó, por todos os conselhos e apoio durante estes 22 anos de vida;

À Escola Secundária Rocha Peixoto por me ter acolhido no Estágio Profissional e ter contribuído para a minha evolução enquanto pessoa e profissional;

À professora Patrícia Gomes, pela ajuda, conhecimentos e profissionalismo transmitidos;

À professora Rosa Lopes, por todo o apoio e conhecimentos transmitidos ao longo do ano letivo;

Ao professor André Seabra e ao professor Rui Garganta, pela ajuda na construção de parte do Relatório de Estágio;

Aos meus colegas do Núcleo de Estágio, pelos momentos de partilha; A todos os professores de EF da minha escola, por me terem acolhido tão bem;

Ao Jorge, por todo o apoio, paciência e ajuda durante a construção deste percurso;

À Joana, por toda a ajuda nos momentos de grande aflição.

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VII

ABREVIATURAS

AD- Avaliação Diagnóstica AF- Avaliação Formativa AS- Avaliação Sumativa

EEFEBS – Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário EF- Educação Física

EP- Estágio Profissional

FADEUP- Faculdade de Desporto da Universidade do Porto NE- Núcleo de Estágio

PA- Planeamento Anual

PIAV- Participação, Interesse, Atitudes e Valores PFI- Projeto de Formação Individual

RE- Relatório de Estágio UC- Unidade Curricular UD- Unidade Didática UDs – Unidades Didáticas

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ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ... III AGRADECIMENTOS ... V ABREVIATURAS ... VII RESUMO ... XVI ABSTRACT ... XVIII 1- INTRODUÇÃO ... 1 2. DIMENSÃO PESSOAL ... 5 2.1. Identificação Pessoal ... 5

2.2. O Estágio Profissional e as Primeiras Expectativas ... 7

2.3. A Educação Física e o Professor ... 10

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 15

3.1. O contexto legal e institucional do Estágio Profissional ... 15

3.2. A Nova Visão da Escola ... 17

3.3. A Escola Secundária (onde realizei o EP) e a Comunidade Escolar ... 19

3.4. O Núcleo de Estágio ... 21

3.5. A Minha Turma ... 21

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 25

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem ... 25

4.1.1. Conceção e Planeamento do Ensino ... 25

4.1.2. Realização ... 35

4.1.3. Avaliação ... 51

4.2. Área 2 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade ... 61

5. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL ... 70

5.1. Potenciar a aprendizagem da cultura desportiva através da implementação de diferentes estratégias didáticas ... 74

5.1.1. Resumo ... 74

5.3.2. Introdução ... 75

5.3.3. Metodologia ... 77

5.3.3.1. Metodologia de recolha ... 77

5.3.3.2. Metodologia de análise ... 79

5.3.4. Apresentação e discussão dos resultados ... 80

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5.5. Bibliografia ... 86

6. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS PARA O FUTURO ... 88

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 93

8. ANEXOS I ... xcviii

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela1 ………pág.37 Tabela 2 ………...pág.79 Tabela 3 ………..pág.79 Tabela 4………...pág.80 Tabela 5 ………..pág.81

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ÍNDICE DE ANEXOS

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XVI

RESUMO

O presente documento resulta da Unidade Curricular de Estágio Profissional, inserida no Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O Estágio Profissional permite a integração do estudante-estagiário no contexto real de ensino, através de uma prática supervisionada, capaz de proporcionar o desenvolvimento de competências profissionais que promovam um desempenho crítico e reflexivo, para que consigam responder aos desafios e às exigências da profissão. Esta decorreu numa escola situada no distrito do Porto, com quatro estudantes-estagiárias, uma professora cooperante da escola e uma professora orientadora da faculdade. O presente Relatório de Estágio é constituído por seis capítulos: a Introdução, apresenta, de uma forma sucinta, os principais temas desenvolvidos ao longo dos documentos; a

Dimensão Pessoal, incluí um enquadramento autobiográfico e uma breve

reflexão acerca das expectativas relativas ao Estágio Profissional e ao papel do professor de Educação Física; o Enquadramento da Prática Profissional, refere-se ao contexto legal e institucional do Estágio Profissional, em que é apresentada a escola onde realizei o Estágio Profissional, o meu núcleo de estágio e a minha turma residente; a Realização da Prática Profissional, centra-se na minha prática pedagógica, em que são aprecentra-sentadas as dificuldades e os desafios vivenciados ao longo do processo de ensino-aprendizagem, assim como algumas soluções e estratégias implementadas para a resolução de problemas; o Desenvolvimento Profissional, evidencia a importância da reflexão na minha aprendizagem e desenvolvimento profissional, sendo apresentado um estudo acerca das estratégias didáticas para a aprendizagem da cultura desportiva; por último, a Conclusão e perspetivas para o futuro, destaca a importância desta experiência na minha formação profissional e pessoal, e ainda as perspetivas para o meu futuro.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, SER

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XVIII

ABSTRACT

The present document results under the Professional Teacher Training, included in the curriculum of the FADEUP for the Master of Teaching Physical Education in Elementary School and Middle School Education. It was an opportunity to integrate the real context of teaching under supervision and to develop professional skills that will promote, in future teachers, a critical and reflective performance, so that they will be able to face the challenges and demands of their profession. This report is organized in six chapters which resume the experience lived throughout the EP. The school that received me for the supervisioned practice was located in Oporto District and, joined me in this adventure more three females. The elaboration of this document has the objectiv of doing a resume of my livings and experiences during the year and presente the strategies that i assumed to pass my difficulties.

The Introduction which shows, in a succinctly way, what I will develop throughout this report. The Personal Dimensional, translated in a framework autobiographical and where I present the expectations and the impact in the stage context too, as well as the importance of the physical education teacher. Relatively to the Framework of the Professional Practice, is referenced the legal context and institutional of the Professional Stage and is presented the school, the training group and the class which follow me in this adventure. The

Realization of the Professional Practive, is the central point of my pedagogical

practice. Here, I discussed the challenges and the difficulties throughout the EP, as well as the solutions and strategies that I apply for the resolutions of that challenges. In the Professional Development I present the importance that reflection had in my pedagogical practice which, consequently, took to the elaboration of my investigation-action study. Lastly, in the Conclusion and future

perspective’s, is highlighted the importance which that experience have in my

life as well as the perspectives that I have for my future.

KEYWORDS: PROFESSIONAL PRACTICUM, PHYSICAL EDUCATION,

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1

1- INTRODUÇÃO

O presente documento foi elaborado no âmbito da unidade curricular de Estágio Profissional (EP), do 2º ciclo de estudos, conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).

Ao longo dos quatro anos de ensino superior, adquiri conhecimentos gerais e específicos, que me permitiram chegar ao EP com bases sustentáveis para ingressar na minha profissão enquanto estudante-estagiário (EE). Por esta razão, O EP representa o culminar de todo o processo de formação académica. Fazendo referência às normas orientadoras do EP1, este “tem

como objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de cooperação” (p.3). O EP “visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão” (p.3).

Para Batista e Queirós (2013, p. 33) “a prática de ensino oferece aos

futuros professores a oportunidade de imergirem na cultura escolar nas suas mais diversas componentes, desde as suas normas e valores, aos seus hábitos, costumes e práticas, que comprometem o sentir, o pensar e o agir daquela comunidade específica”. O EP, entre muitas outras tarefas, supõe que

o EE lecione as aulas de Educação Física (EF) de uma turma do PC, ficando responsável por realizar as tarefas inerentes ao processo de ensino e aprendizagem da turma.

1 Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP, 2013-2014. Porto: Faculdade de Desporto. Matos, Z.

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2

O meu EP decorreu numa Escola Cooperante, situada no distrito do Porto, com um núcleo de estágio (NE) constituído por quatro elementos e com o acompanhamento de um professor cooperante (PC) e um professor orientador (PO). Foi, então, neste ano que experienciei parte do meu sonho - ser professora de EF. Aqui, fiquei responsável por uma turma de 11º ano e lecionei uma Unidade Didática (UD), neste caso de ginástica, numa turma partilhada de 5º ano. Esta última experiência foi muito fugaz, uma vez que foi resumida a oito aulas da modalidade.

Este ano foi, para mim, um ano único! E, na verdade, foi o ano que definiu a minha passagem de estudante para professor. Este foi um processo de constante evolução, tanto a nível pessoal como profissional, e, por esse motivo, foi um ano que marcará para sempre a minha atividade enquanto professora e cidadã.

Uma vez que, não me é possível relatar, no presente Relatório de Estágio (RE) todas as vivências experienciadas neste ano letivo, é meu objetivo fazer um resumo das etapas mais marcantes, relatando e refletindo sobre as minhas experiências e dificuldades, bem como as estratégias implementadas, que me permitiram evoluir ao longo deste ano letivo. A reflexão foi a base para a resolução de muitos dos meus problemas na prática, sendo que, foi neste processo, que tive a hipótese de aprender a contornar e a enfrentar as dificuldades que me foram surgindo ao longo do ano. Por estar sempre presente antes, durante e após todas as nossas ações enquanto estudantes-estagiários, considero que a reflexão foi o mecanismo chave para o meu desenvolvimento. Como refere Rolim (2013, p. 60), para ultrapassar todos os desafios desta vivência, foi necessário muita “Dedicação, humildade,

envolvimento, entusiasmo, disponibilidade, fascínio, paixão, entre outros (…)”, sendo estes “(…) alguns dos principais ingredientes do cocktail inspirador que qualquer candidato a docente deve beber todos os dias para se fortificar e renovar a esperança nesta escola e neste país, sempre com disponibilidade e arrojo para descobrir novas fronteiras e abraçar novos projetos.”

No que diz respeito à organização do RE, este é constituído por seis capítulos: Introdução, Dimensão Pessoal, Enquadramento da Prática

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Profissional, Realização Prática, Desenvolvimento Profissional e Conclusão e Perspetivas para o Futuro. A Introdução surge como uma breve síntese do

propósito e do contexto em que foi realizado o EP. A Dimensão Pessoal centra-se no meu percurso de vida, as minhas expectativas relativamente ao EP, atendendo ao verdadeiro confronto com a realidade. Ainda neste capítulo, faço uma síntese da importância que tem, para mim, o papel de professor de Educação Física. O Enquadramento da Prática Profissional apresenta a escola onde fiz o EP, a minha turma, o núcleo de estágio e uma visão da cultura da escola, com o intuito de expor as características que a definem e dos que a compõem, acompanhando de perto toda esta minha jornada. A Realização da

Prática, sendo, para mim, um dos capítulos mais importantes do RE, resume a

minha intervenção na escola. Este capítulo está dividido em duas áreas de intervenção, a primeira é a Organização e Gestão do Ensino-Aprendizagem, que engloba o planeamento e conceção, a realização e a avaliação do ensino, e, a segunda, é a Participação na Escola e Relações com a Comunidade Escolar. O Desenvolvimento Profissional realça a importância da reflexão constante e contínua na formação profissional de um docente, a par da investigação constante da própria prática. Aqui, apresento o meu estudo de investigação, intitulado “Potenciar a aprendizagem da cultura desportiva

através da implementação de diferentes estratégias didáticas”, resultante de

um problema identificado na minha turma residente. Por último, a Conclusão e

Perspetivas para o Futuro, apresenta uma reflexão acerca da influência do EP

sobre mim, tanto ao nível das aprendizagens adquiridas, como das relações estabelecidas e do meu desenvolvimento profissional, enquanto futura professora de EF.

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2. DIMENSÃO PESSOAL

2.1. Identificação Pessoal

Início o meu Relatório de Estágio com uma breve retrospetiva acerca do meu percurso, uma vez que, subjacente às minhas opções, tanto a nível académico como profissional, estão as vivências anteriores ao curso que hoje frequento. Pois, segundo Dubar (1997), pode-se explicar o modo como os estudantes constroem a sua identidade profissional através de um processo de construção influenciado, fundamentalmente, pelas sucessivas socializações ao longo da vida.

Desde cedo que vejo a minha vida passar pelo desporto, uma vez que, felizmente, os meus pais sempre me incentivaram à prática desportiva e com apenas 6 meses já estava inscrita na natação para bebés. Até aos 13 anos pratiquei de forma recreativa esta modalidade, tendo decidido depois, experimentar um novo desporto, o Voleibol, que se tornou noutra grande paixão até aos dias de hoje. Como gosto de trabalhar na área do treino, a par desta minha actividade como jogadora de Voleibol no Clube Desportivo da Póvoa, sou ainda treinadora de natação no Clube Naval Povoense.

Segundo Gomes, Queirós e Batista (2014, p.169), “é crucial considerar que as

representações constroem-se não apenas por imposição de agentes exteriores, nomeadamente a família, escola ou outros, mas também através de um processo gradual e múltiplas influências que cada indivíduo vai tendo ao longo do seu percurso”. Por conseguinte, o facto de o desporto ter feito sempre parte

da minha vida, muito por influência de fatores exteriores como a família e os amigos, a construção do meu percurso fez com que valorizasse de forma distinta os meus treinadores e os meus professores de EF. Na realidade, foram estes agentes que me ensinaram e mostraram o que realmente gosto de fazer, sendo ainda hoje exemplos que procuro seguir. A influência deles foi tão importante para mim, que sempre ambicionei um dia conseguir ser como eles.

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As oportunidades foram surgindo e cedo comecei a trabalhar na área do treino. Aos 16 anos convidaram-me para ser treinadora adjunta de uma equipa de voleibol de infantis femininos. A partir daí mantive sempre a ligação ao treino no Clube Desportivo da Póvoa nas camadas mais jovens. No entanto, como a natação foi também uma parte fundamental no meu desenvolvimento como pessoa e atleta, há dois anos surgiu a oportunidade de ser treinadora no escalão de cadetes e com todo o gosto prontamente aceitei. De facto, ambas as experiências têm sido indiscritíveis e foi através delas que pude provar a mim mesma que, transmitir aos outros o meu conhecimento sobre desporto é, profissionalmente, a situação em que mais me sinto concretizada.

Seguidamente, ao fazer a ponte entre o treino e a EF é evidente que, no meu caso, a minha postura enquanto treinadora influenciou muito a minha postura enquanto professora. Como é lógico, esta posição acarretou algumas vantagens e desvantagens para o processo de ensino-aprendizagem nas aulas. As principais vantagens foram duas. Como já me relacionava, habitualmente, com grupos de atletas não tive o natural receio de encarar a turma. Outra vantagem foi que com a experiência de treino desenvolvi competências de comunicação, tal como a correção à distância. Esta capacidade ajudou-me muito nas aulas, pois permitiu-me “manter por perto” os alunos mais distantes, podendo atempadamente corrigir ou valorizar determinadas atitudes.

A desvantagem teve a ver com a postura. A postura no treino é completamente diferente da postura na aula. Os atletas, muitas vezes, tratam-nos pelo nome próprio e na segunda pessoa do singular, sendo frequente algumas brincadeiras. Aqui, existe um nível de proximidade muito elevado, embora o treinador nunca perca a autoridade. Já nas aulas de EF, é preciso estabelecer um equilíbrio entre a autoridade e a proximidade, para que o professor, embora estabelecendo laços de afetividade, não corra o risco de ser desrespeitado e seja sempre reconhecido como uma autoridade. Para mim, ajustar-me a este equilíbrio foi o mais complicado.

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Relativamente à escolha da escola onde desejava estagiar, como completei toda a minha formação escolar na cidade da Póvoa de Varzim, optei pela Escola Secundária. Esta é, realmente, uma escola onde me sinto em casa, porque estudei aqui do 10º ao 12º ano, no Curso Tecnológico de Desporto. Nesta escola vivi momentos incríveis e experiências únicas, tendo conhecido pessoas que me incentivaram e ajudaram na concretização do meu sonho – Ser professora de Educação Física. Na verdade, este era um sonho que possuía desde os meus quatro ou cinco anos, altura em que dizia que queria ser "professora das cambalhotas".

Prosseguindo, assim, com este sonho, optei e estudei na FADEUP, naquela que foi a minha primeira e única opção na candidatura ao ensino superior. Em momento algum, me arrependo dessa escolha. Durante este percurso, tive ainda oportunidade de passar pela Facultad de Ciencias de la

Actividad Física y del Deport, quando usufrui do Programa de Erasmus na Gran

Canária. Agora, quando relembro este percurso (cinco anos de vida académica), percebo que entre amizades, aventuras, momentos de diversão, praxes mas, acima de tudo, muito estudo e sacrifício, encontro-me cada vez mais perto de concretizar o meu sonho. Ser professora!

Esta sou eu e, como o sonho comanda a vida, hoje, revejo todo o meu percurso e orgulhosamente afirmo: “Já ensino e aprendo com os meus alunos.O sonho está concretizado!”

2.2. O Estágio Profissional e as Primeiras Expectativas

O EP surgiu como o culminar, não só de quatro anos de faculdade, mas de 16 anos de vida como estudante. Embora os conhecimentos aplicados fossem essencialmente aqueles que adquiri na faculdade creio que, as aprendizagens anteriores à formação (socialização antecipatória) também fundamentais neste processo. Se na faculdade adquiri um conhecimento mais específico para a prática da profissão, durante os anteriores anos de

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escolaridade, construí a minha personalidade, evidenciando caraterísticas como a responsabilidade, liderança e comunicatividade, também importantes para o sucesso desta etapa da minha vida. Caires (2002) diz-nos, que a socialização antecipatória corresponde à etapa prévia na vida ativa, sendo que esta emana um conjunto de experiências e aprendizagens relevantes. Neste sentido, as experiências que vivi antes de ingressar na profissão de docente foram fundamentais para o desenvolvimento da minha vontade de querer ser bem sucedida neste meio.

O EP destacou-se como sendo o espaço onde toda a teoria-prática foi colocada em ação. E, como tinha plena confiança na formação que me proporcionaram e nas competências que adquiri, sempre tive as melhores perspetivas para este ano. Contudo, como seria de esperar, o facto de estar pela primeira vez perante uma turma trouxe-me um conjunto de medos que embora não “atrapalhassem” a minha vontade de vencer trouxeram-me algumas inseguranças. E se não conseguir controlar a turma? E se não me lembrar do plano de aula durante a própria aula? E se não tomar as decisões certas no momento certo? Estas foram questões que alimentaram a minha insegurança, mas que foram facilmente ultrapassadas depois de alguns dias de aula. Ainda assim, o gosto pela profissão, a vontade de fazer sempre melhor e o esforço que apliquei em cada momento na escola foram fatores bastante superiores aos medos e inseguranças, permitindo-me acreditar que no final tudo iria correr pelo melhor.

Assim, as expectativas foram elevadas, porquanto ansiava partilhar algum do meu conhecimento com os meus alunos e com eles aprender. Pretendia contagiá-los com a minha paixão pela EF e pelo desporto e transmitir-lhes alguns hábitos de vida ativa e saudável que perfilho. Com este objetivo, procurei sempre ser uma peça ativa na escola onde estagiei, observando toda a atividade e todos os comportamentos do pessoal docente, não docente e discente, sempre com o intuito de me integrar na cultura de escola e na comunidade escolar, aprendendo com os professores mais experientes. Nesta experiência, procurei melhorar alguns aspetos como a liderança, a comunicação e a organização que, para mim, são pilares desta

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profissão. Aqui, lutei ainda para criar uma identidade profissional, para aliar os meus valores aos meus conhecimentos e competências, bem como às características da escola para “crescer” enquanto profissional.

Agora, chegado o final de ano é o momento exato para rever as expectativas que tinha e contrabalança-las com o que realmente aconteceu. A nível profissional sinto que a experiência de lecionar numa escola é completamente diferente daquilo que imaginava. Pensava que a vida de um professor se resumia ao momento da aula, mas tal não acontece! Existem aulas para preparar em casa, aulas para lecionar, reuniões para preparar e participar, atividades extracurriculares para organizar, assuntos da turma para resolver e, muitas vezes, alunos que esperam de nós “poções milagrosas” para solucionar situações que, por vezes, nos ultrapassam. Toda esta vivência de EP, permitiu-me experienciar outras áreas que não só o ensino e ajudou-me a perceber que mais do que ser professor de EF, somos membros ativos da comunidade escolar. Relativamente às aulas lecionadas, foi uma experiência completamente nova pelo facto de me encontrar sozinha perante vinte e seis alunos. A verdade é que todos os medos e inseguranças foram rapidamente ultrapassados. Como somos nós que planificamos as nossas aulas acabamos por ter sempre presente os objetivos que pretendemos atingir e quais os exercícios que devemos aplicar. Assim, sabia exatamente o que queria e como queria trabalhar com os alunos. Quanto ao pânico sobre como controlar a turma, sobre as recomendações a fazer e sobre as tomadas de decisão no momento certo, este, foi sendo dissipado com o tempo. Além disso, percebi que lecionar é muito mais do que transmitir conhecimentos, é a forma como se transmite, são as estratégias que usamos para chegar aos alunos e é a forma como marcamos cada aluno/a. A nível pessoal também cresci imenso. Percebi que trabalhar em grupo não é fácil e que para termos sucesso temos de aprender a ceder e a ouvir os outros. O facto de saber ouvir os outros, aceitar as suas opiniões e fazer com que a nossa seja ouvida foi também uma aprendizagem

As minhas expectativas foram altamente superadas e, para isso, contribuíram os momentos bons e os momentos menos bons. Nos momentos

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menos bons, aprendi mais, e foram esses momentos que me deram forças para continuar, nos momentos menos bons, para ser cada vez melhor e nunca desistir. Hoje, fica a saudade das pessoas que conheci, dos momentos que vivi, do que transmiti e do que aprendi e a vontade de um dia viver tudo outra vez, na pele daquele que, para mim, é um membro aglutinador da Escola – o Professor de EF.

2.3. A Educação Física e o Professor

Penso que a melhor forma de iniciar a história desta jornada é através de um confronto e uma análise da opinião das pessoas relativamente à disciplina de EF e ao que acontece na realidade das escolas.

Assim, numa breve consulta na Internet, rapidamente podemos aceder a uma ideia generalizada relativamente à disciplina de EF. Por exemplo, através do motor de busca da Google, a Wikipédia apresenta a seguinte definição:

“Educação física é uma das áreas do conhecimento humano ligada ao estudo e atividades de aperfeiçoamento, manutenção ou reabilitação da saúde do corpo do ser humano. 1 - A educação física trabalha, num sentido amplo, com prevenção de determinadas doenças. 2 - É a área de atuação do profissional formado em uma Faculdade de Educação Física. 3 - É um termo usado para designar tanto o conjunto de atividades físicas e exercícios físicos não-competitivos e esportes com fins recreativos quanto a ciência que fundamenta a correta prática destas atividades, resultado de uma série de pesquisas e procedimentos estabelecidos”. De certa forma, qualquer pessoa que procure

esta definição e a leia atentamente, refletindo sobre ela, chega à conclusão de que a EF é uma disciplina de elevado interesse e importância na formação de qualquer ser humano, não só a nível lúdico e recreativo, mas também a nível da saúde do aluno. Mas será esse, efetivamente, o objetivo da EF? Será neste sentido que a EF é tratada na escola? Será que a EF mantém uma importância justificada na vida do estudante? Na minha opinião estas perguntas deviam ser reflectidas não só pelos professores desta disciplina, mas por todos os

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envolvidos na comunidade escolar. Enquanto profissional de Desporto, sinto que, muitas vezes, a nossa disciplina é vista como um momento lúdico dos alunos e, na verdade, tal não acontece. A aula de EF é uma aula como qualquer outra disciplina que pretende uma transmissão eficaz da sua matéria de ensino - Desporto. Para além disso, é a única disciplina no currículo dos alunos que pode alertar para uma aliança saudável entre os três domínios do desenvolvimento do aluno (motor, cognitivo e sócio-afetivo). Assim, o objetivo da EF deveria ser centrado, principalmente, na transmissão de conhecimentos específicos da disciplina mas também na passagem de um legado de benefícios que a prática desportiva pode trazer ao ser humano. Infelizmente, não é isto que se passa nas Escolas. Uma vez que, muitas vezes, assistimos a uma desvalorização da disciplina e do próprio professor, que nos leva a seguir pelo caminho mais simples – juntarmo-nos àqueles que nos desvalorizam.

Ao longo dos últimos anos, a disciplina de EF tem vindo a ser desacreditada, não só por alguns alunos, mas também por alguns pais ou encarregados de educação, alguns professores e pelo próprio Ministério da Educação. A prova disso, é que esta disciplina deixou de contar para a média de acesso ao ensino superior e conta com cada vez menos tempo no horário escolar dos alunos. Na minha opinião, esta é uma atitude sem fundamento, atendendo que, por diferentes razões, mais ou menos válidas, a EF é considerada uma disciplina vital no currículo dos alunos. Mas a pergunta mantém-se, porquê que a EF é realmente importante? Ou melhor, porque se distingue esta disciplina? Porque é a única disciplina em que os alunos convivem, conversam e socializam de forma organizada. Porque é a única disciplina que permite desenvolver valores indispensáveis à construção da identidade dos alunos, tais como o fair-play, a liderança, a competitividade, o espírito de grupo, a união e o trabalho em equipa. Porque é a única disciplina em que podemos alertar para os benefícios do desporto. Porque é a única disciplina em que os alunos podem ser motivados e incentivados a cuidar de si e da sua saúde. Porque é a única disciplina que proporciona um momento do dia em que os alunos podem quebrar a rotina da sala de aula para trabalhar num espaço amplo, em equipa e com o mesmo respeito pelas regras

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existentes também nas outras disciplinas. Porque é a única disciplina que incentiva à prática desportiva e ao desporto escolar, ao invés das horas passadas em frente do computador e da televisão, proporcionando aos alunos bem-estar físico e mental. Porque são mais os alunos que gostam desta disciplina do que aqueles que não gostam.

Por todas estas razões, é importante que a EF conte com profissionais apaixonados pelo poder do desporto e atividade física na vida do ser humano e que acreditem que uma transmissão correta destes valores pode ajudar os alunos a serem pessoas melhores. Na minha opinião, os porquês acima descritos, são muito daquilo que a EF é para mim. Além disso, a disciplina de EF merece o mesmo respeito que as outras disciplinas, porque também tem uma matéria de ensino que precisa de ser transmitida aos alunos, tal como a Matemática, o Português, as Ciências, entre outros.

Com todas as decisões politicas, até agora tomadas, os professores de EF sentem-se também desvalorizados e marginalizados. Este sentimento é inclusive compartilhado pelo Professor Amândio Graça, quando diz que “Esta

situação tem enredado os professores de Educação Física num círculo vicioso de marginalização profissional e obriga a própria área a uma permanente necessidade de refazer a legitimação do seu lugar no currículo”. Efetivamente,

estas questões não passam só pela disciplina, mas também pelo professor. Segundo Ferreira (2010, p.4), “Ser professor significa, antes de tudo, ser um

sujeito capaz de utilizar o seu conhecimento e a sua experiência para desenvolver-se em contextos pedagógicos práticos preexistentes”. Ser professor é muito mais que ser um mero transmissor de conhecimentos, é muito mais que debitar meia dúzia de palavras e esperar que os alunos as oiçam. Ser professor é saber que só temos sucesso e chegamos aos alunos quando somos capazes de transformar o nosso conhecimento e experiências em matéria acessível aos nossos alunos. Segundo Gomes, Ferreira, Pereira e Batista (2013, p.247), “o professor, independentemente das alterações que

ocorram no ensino e na educação, tem sido e continuará a ser um elemento central na e à sociedade”. Ser professor é ensinar com paixão, apesar de tudo

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nossos alunos. Ser professor é poder conduzir o caminho dos alunos, mas permitir que eles o escolham e o construam sozinhos. É ajudá-los na concretização dos seus sonhos através não só do nosso conhecimento mas da nossa experiência de vida. É pegar em todas as suas virtudes e defeitos e educar, tornando-os cidadãos melhores. E aqui é importante referir que, a função do professor não é só educar mas também ensinar. Isto, porque embora os dois conceitos se tornem perigosamente semelhantes, existem diferenças que os distinguem crucialmente. Segundo Roldão (cit. por Roldão, 2007, p.95), ensinar apresenta-se como a especialidade de fazer aprender alguma coisa a alguém.“ Por outro lado, segundo Patrício (1993, p.21), “educar é realizar

progressivamente o que é tido como o bem mais valioso para cada indivíduo humano e para a comunidade humana a que ele pertence”. Nesta perspetiva,

educar é transmitir valores e regras de conduta essenciais à formação do aluno enquanto ser social. Estes dois conceitos vivem uma estreita ligação durante a vida escolar de um aluno cabe ao professor estas exercer estas funções.

Na minha opinião, é por tudo isto que vale a pena lutar todos os dias, no sentido de legitimar a nossa disciplina, e proporcionar aos nossos alunos o que eles merecem – a possibilidade de aprender – continuando a fazer o que gostamos. Claro que ser professor tem complicações e momentos menos bons que, por vezes, nos desanima e nos desincentiva, desejando ser tudo menos aquilo que escolhemos. Contudo, para mim, ser professor é uma vocação que nasce connosco e se vai aprimorando ao longo da formação, ajudando-nos a ultrapassar esse tipo de dúvidas e de dificuldades.

Entristece-me perceber que a nossa EF se tenha tornado neste imbróglio de acusações injustificadas, que desvalorizam a sua importância na vida dos estudantes. São os nossos alunos os mais prejudicados. Contudo, a EF continua a ser, para mim, aquela que mais contribui para a formação do aluno enquanto cidadão.

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3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.1. O contexto legal e institucional do Estágio Profissional

O EP é uma unidade curricular do 2º ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de EF nos Ensinos Básico e Secundário, da FADEUP. Esta unidade curricular decorre durante o 2º ano do curso, tendo início no mês de Setembro e término no mês de Junho com a defesa pública do RE.

No que diz respeito ao contexto legal, no âmbito da Habilitação Profissional para a Docência, o EP decorre segundo a legislação portuguesa no Decreto-lei 43/2007 de 22 de Fevereiro2 (p. 1324), na qual afirma que “As

actividades integradas na componente de iniciação à prática profissional obedecem às seguintes regras: a) Incluem a observação e colaboração em situações de educação e ensino e a prática de ensino supervisionada na sala de aula e na escola, correspondendo esta última ao estágio de natureza profissional objecto de relatório final; b) Proporcionam aos formandos experiências de planificação, ensino e avaliação, de acordo com as competências e funções cometidas ao docente, dentro e fora da sala de aula; c) São concebidas numa perspetiva de desenvolvimento profissional dos formandos visando o desempenho como futuros docentes e promovendo uma postura crítica e reflexiva em relação aos desafios, processos e desempenhos do quotidiano profissional”.

Segundo o Regulamento da Unidade Curricular de Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de EF nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP3, o EP “visa a integração no

exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um

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Decreto-lei 43/2007, publicado em Diário da República, 1.a série — N.o 38 — 22 de Fevereiro de 2007. 3

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desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão” (p.2). O mesmo documento apresenta três áreas de desempenho

fundamentais para o desenvolvimento de competências do estudante-estagiário: Área I – “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”, Área II – “Participação na Escola e Relações com a Comunidade” e Área III – “Desenvolvimento Profissional”. Segundo as Normas Orientadoras de EP4

, a Área I “engloba a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do

ensino”. O seu objetivo visa “construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos, que respeite o conhecimento válido no ensino da EF e conduza com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de Educação Física”. Segundo as mesmas normas, a Área II

“engloba todas as atividades não letivas realizadas pelo estudante estagiário,

tendo em vista a sua integração na comunidade escolar e que, simultaneamente, contribuam para um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um melhor conhecimento das condições locais da relação educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio”. Esta área tem

por objetivo “Contribuir para a promoção do sucesso educativo, no reforço do

papel do professor de Educação Física na escola e na comunidade local, bem como da disciplina de Educação Física, através de uma intervenção contextualizada, cooperativa, responsável e inovadora”. Ainda no contexto das

Normas Orientadoras do EP, a Área III é referente às “atividades e vivências

importantes na construção da competência profissional, numa perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida profissional, promovendo o sentido de pertença e identidade profissionais, a colaboração e a abertura à inovação”. O

objetivo centra-se na perceção da “necessidade do desenvolvimento

profissional partindo da reflexão acerca das condições e do exercício da atividade, da experiência, da investigação e de outros recursos de desenvolvimento profissional. Investigar a sua atividade em toda a sua abrangência (criar hábitos de investigação/reflexão/ação)”.

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Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP, 2013-2014. Porto: Faculdade de Desporto. Matos, Z.

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Na prática, para que o EP se concretize é necessário que a instituição, neste caso a FADEUP, mantenha protocolos de cooperação com variadas escolas, para que os estudantes-estagiários possam proceder à escolha de uma dessas instituições para a realização do seu EP. Cada estudante-estagiário preenche uma lista ordenada pelas suas preferências com as escolas onde pretendem estagiar, sendo, posteriormente, distribuídos pelas escolas em grupos de 3 ou 4 elementos (núcleos de estágio), conforme as médias do primeiro ano de mestrado. Cada NE é supervisionado por um professor orientador da FADEUP e um professor cooperante da instituição de acolhimento.

3.2. A Nova Visão da Escola

Longe vão os tempos em que a escola era um mero espaço de transmissão de conhecimentos e que o ensino ocorria somente no sentido do professor para o aluno. Hoje, começa a existir uma aceitação por parte do professor de que também ele pode aprender com os seus alunos. Aqui, as interações entre eles são constantes e devem ser marcadas pelo respeito e pela negociação, sendo o aluno também um agente ativo no seu próprio processo de ensino-aprendizagem. As novas reformas na educação, aumentaram o grau de interação entre professores e alunos, tornaram o processo educativo num sistema mais construtivista que revela vantagens claras na educação dos alunos.

Na escola, o aluno frequenta agora um espaço educativo e pedagógico, isto é, o aluno não aprende apenas aquilo que está no programa (ação pedagógica), mas também é formado enquanto ser social, que se prepara para um mundo em constante mudança (ação educativa). A escola é assim um espaço para a formação e educação dos alunos. Os pais contam com a escola para educar e transmitir valores aos seus filhos, sendo este um complemento à educação que trazem de casa. Aqui, o aluno tem agora a oportunidade de se tornar num ser reflexivo, com ideias e entendimentos próprios e é necessário

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saber explorar essa mais-valia. Para o efeito, é importante saber ouvi-los e fazê-los perceber que as ideias deles não são uma verdade absoluta e que podem ser contestadas e modificadas ao longo do tempo.

No meu entendimento, com as novas reformas da educação, surgiram também algumas desvantagens como o aumento da escolaridade obrigatória. Esta medida trouxe à escola novos desafios. Pois, aquilo que poderia ser uma boa medida torna-se, por vezes, algo de negativo para a gestão da escola. Ou seja, os alunos que não querem estudar, vêem-se obrigados a permanecer na escola durante mais alguns anos e acabam por prejudicar o trabalho do professor e da turma, porque estão nas aulas desmotivados e a perturbar os colegas. Esta situação é, claramente, um desafio para o professor que precisa de procura constantemente estratégias capazes de motivar os alunos, incentivando-os ao gosto pela aprendizagem.

Outra desvantagem que as novas políticas trouxeram, foi o aumento do número de alunos por turma, que bloquearam o caminho que a escola seguia, colocando em perigo a ação pedagógica. Ao não conseguir responder às exigências individuais de tantos alunos, o professor falha na transmissão e partilha dos conhecimentos e dos princípios e valores com as suas turmas, empobrecendo a formação dos alunos a nível pessoal e social.

Neste seguimento, cabe a nós, profissionais de educação, implementarmos um sentido à nossa profissão. Sabemos que os professores carregam, neste momento, um fardo demasiado pesado, com inúmeras responsabilidades e burocracias, mas é importante sermos nós a escolher o caminho que queremos na escola. Ou nos deixamos levar pela pobreza desta corrente que vive atualmente a educação em Portugal, dando abébias aos alunos que passam ano após ano sem conhecimentos suficiente, ou escolhemos remar contra esta corrente, numa luta constante, muitas vezes, sem retorno, na tentativa de melhorar educação dos nossos alunos. Este trabalho deve começar logo pelas nossas aulas, em que devemos adotar estratégias diferentes, ajustadas e cativantes para os nossos alunos, mudando o que é possível, dentro de uma política que nos ultrapassa enquanto

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docentes. Como diz o provérbio português “Águas passadas não movem moinhos”, por isso, cabe-nos a nós ser diferentes.

3.3. A Escola Secundária e a Comunidade Escolar

Uma vez que estudei três anos nesta escola, é um privilégio voltar a casa e perceber que as melhorias nos últimos anos vieram mudar a escola pela positiva. Esta é uma escola que apoia e promove o desporto e oferece todas as condições para um bom trabalho na nossa área. Relativamente ao ambiente, carateriza-se por ser uma escola com um ambiente quase “familiar”, uma vez que, muitas são as caras de que me recordo cinco anos depois. Percebe-se que, nesta escola, as relações interpessoais ultrapassam a relação profissional e esta é uma situação que traz bastantes vantagens ao ambiente vivido. Contudo, é um estabelecimento de ensino que prima por um conjunto enorme de regras, que visam reger o comportamento de todos os que a frequentam pela mesma linha, educando os alunos de uma forma exigente, mas responsável. Situada na Praça Luís de Camões, esta é uma instituição pública destinada à educação dos jovens da comunidade concelhia.

Com o lema “Uma Escola de Todos Para Todos”, esta escola demonstra a excelência que tanto defende desde o seu início. Senão vejamos, é uma escola que funciona em regime diurno e nocturno, integrando o 3ºciclo do ensino básico, o ensino secundário e ainda vários cursos profissionais. Além disso, conta com muitos espaços para a prática desportiva, entre eles, um relvado sintético, um pavilhão polidesportivo, uma piscina com cinco pistas de vinte metros, um campo exterior de andebol/basquetebol e um outro, também exterior, de basquetebol. Estes espaços, além de sustentarem as aulas de EF, sustentam também o Desporto Escolar e as aulas extracurriculares, como a hidroginástica e a hidro-reabilitação de alunos com necessidades educativas especiais. Adicionalmente, é uma escola que mantém uma aposta forte no desporto escolar, com um grupo de dança, os RP Dancers, reconhecidos a nível nacional, um grupo de golfe, ténis, natação, inclusive, natação adaptada, basquetebol, voleibol, bodyboard, andebol e boccia. Para se perceber a

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dimensão do desporto escolar nesta escola, aqui podem participar alunos de outras escolas que se inscrevem só para fazerem parte destas equipas. Claro que, tudo isto só é possível devido à dedicação dos professores de EF que, incansavelmente, produzem um trabalho semanal de excelência traduzido nos resultados obtidos ano após ano nas mais variadas competições. Assim, nota-se claramente que esta é uma escola que dá muita importância à vertente da EF e desporto, logo a minha escolha não poderia ter sido melhor. É uma honra estar nesta escola que defende, a este nível, os mesmos princípios que eu e que me ajuda a ter uma formação nas mais diversas áreas do desporto.

Relativamente à comunidade escolar, carateriza-se pela competência e profissionalismo de todos os recursos humanos que constituem a escola. Desde o primeiro momento em que entrei nesta instituição senti-me mais uma vez em casa. É certo que já conhecia alguns funcionários e professores efetivos, mas em cinco anos muitas pessoas foram acrescentadas à escola e, ainda assim, manteve-se a mesma política de exigência, desde sempre demonstrada. Como já esperava que fosse acontecer, nos primeiros dias acabamos por ser confundidas com alunos, principalmente, no momento em que entravamos na escola. Nesta fase, solicitavam constantemente o cartão de identificação de aluno, seguido de um enorme pedido de desculpas no momento em que revelávamos ser professoras estagiárias. À medida que o tempo foi passando, esta confusão deixou de existir e foi caricata a forma como passamos a ser tratadas, especialmente, pelos funcionários. Agora, nutrem por nós um respeito e um carinho como se já estivéssemos naquela escola há imenso tempo.

No que diz respeito aos professores constituintes do Grupo de EF, deparamo-nos com um grupo de pessoas bem-dispostas e socialmente bastante ativas, que nos acolheram como colegas e não como alunos. Tal como a professora cooperante, estes professores também mostraram uma grande vontade de nos transmitir os seus conhecimentos e experiências, disponibilizando-se de imediato para qualquer tipo de ajuda. Na realidade, este foi um grupo que nos integrou de imediato no ambiente escolar e na própria

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esfera do grupo de EF, ajudando-nos a ultrapassar rapidamente qualquer barreira de socialização que pudesse existir.

3.4. O Núcleo de Estágio

O meu NE era composto por quatro pessoas com personalidades completamente diferentes e marcadas por algumas caraterísticas particulares – uma pela determinação e perfecionismo, outra pela descontração, e a terceira pelo empenho e dedicação na tentativa de se superar, tal como faz dentro de campo como atleta. Eu distinguia-me também pela descontração, mas, simultaneamente, por mostrar vontade em aprender e realizar as tarefas o melhor que sabia.

Para mim, estas diferenças entre nós trouxeram bastantes vantagens, pois o pensamento de uma completava sempre o pensamento da outra e, através do debate de opiniões distintas, o trabalho de grupo era sempre muito construtivo e positivo para todas. No que diz respeito à professora cooperante, sempre revelou muita competência na forma como se expressava connosco e no modo como nos ajudava, por isso, considero que tivemos muita sorte com a Professora Cooperante.

3.5. A Minha Turma

A turma que me foi atribuída na primeira reunião com o NE e a professora cooperante foi um 11º ano do Curso Científico-Humanístico de Línguas e Humanidades. A atribuição das turmas foi feita consoante a preferência de horários de cada uma de nós.

Quando olhei para a listagem da minha turma apenas conhecia uma aluna que jogava voleibol no mesmo clube que eu. A professora cooperante, diretora de turma deste 11º ano, caracterizou a turma como sendo sossegada, com gosto pela prática desportiva, mas com alguns alunos novos, da qual a professora não tinha qualquer informação. Numa primeira análise, percebi que era uma turma com imensas meninas, vinte e duas no total. Os rapazes eram

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apenas quatro, perfazendo um total de vinte e seis alunos inscritos à disciplina de EF. Após algumas aulas com eles, percebi que a descrição da professora cooperante correspondia claramente à turma em questão. Embora tivesse a presença de alunos transferidos de outras turmas, estes não vieram de forma alguma destabilizar o comportamento deste 11º ano nas aulas de EF.

Adicionalmente, ao observar a turma, consegui facilmente distinguir 3 grupos de alunos com vontades distintas: os apaixonados pela EF e pelo desporto, os empenhados mas pouco apaixonados e aqueles que fazem a aula por obrigação. O primeiro grupo engloba os alunos que praticavam desporto federado ou desporto escolar e alguns que não praticavam qualquer tipo de atividade física, apenas por falta de tempo ou oportunidade e não por falta de vontade. Estes alunos eram muito empenhados na aula de EF e demonstravam uma motivação intrínseca muito grande para a prática desportiva. Por outro lado, existia o grupo de alunos que, embora não apreciassem a disciplina, eram empenhados porque se dedicavam aos estudos em todos as disciplinas. Estes alunos revelavam o mesmo empenho que os anteriores mas, neste caso, a motivação resultava sobretudo, de fatores externos ao aluno. Ou seja, normalmente gostava, de ser reconhecidos por serem bons alunos e não gostavam de ser considerados o elo mais fraco da turma. Por último, destacava-se o grupo de alunos que não gostava de praticar desporto e actividade física. Este grupo era sem dúvida o que mais exigia de mim nas aulas, pois a motivação deles para a prática desportiva era nula. Para mim, eram o grupo de alunos mais desafiantes da turma, pela exigência colocada, mas foram também aqueles que mais testaram a minha paciência. Se por um lado, queria que se interessassem pela aula e pela aprendizagem, investindo nesse sentido, por outro lado, esgotavam-me as estratégias e paciência, porque quando não queriam realizar determinado exercício aproveitavam todas as oportunidades para estarem inativos. Contudo, pelo que era debatido nas reuniões de conselho de turma, esta desmotivação e desinteresse não era aenas refletida na aula de EF, mas também noutras disciplinas.

Apesar das características distintas, esta era uma turma que se respeitava mutuamente, respeitava as indicações e orientações do professor,

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mesmo quando não era da vontade deles, e era uma turma com quem dava gosto trabalhar pela boa educação e capacidade de se relacionar com os outros (colegas e professor). Confesso que, depois de conhecer o historial dos meus alunos pensei que iriam ser pessoas introvertidas e talvez um pouco mal-educadas, principalmente, pelas circunstâncias das suas vidas. Mas, pelo contrário, esta foi uma turma divertida, bem-educada e muito respeitosa, que deu gosto trabalhar e conviver durante um ano de trabalho.

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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do ensino e da

Aprendizagem

4.1.1. Conceção e Planeamento do Ensino

Segundo as Normas Orientadoras do EP5, a área de Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem “engloba a conceção, o planeamento, a

realização e a avaliação do ensino” (p.3). O seu objetivo principal passa por

“construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos,

que respeite o conhecimento válido no ensino da Educação Física e conduza com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de Educação Física” (p.3). Com efeito, é imprescindível que o professor

estabeleça um conjunto de planos que lhe permita alcançar as metas de aprendizagem dos alunos com sucesso. Estas metas devem ser sempre estabelecidas em prol da formação e educação do aluno, seguindo os planos e ideais previamente formados pelo docente. A conceção surge então como um dos primeiros passos da ação do professor para o processo de ensino e aprendizagem e “projeta a atividade de ensino no quadro de uma conceção

pedagógica referenciada às condições gerais e locais da educação, às condições imediatas da relação educativa, à especificidade da Educação Física no currículo do aluno e às características dos alunos” (p.3).

Na minha vivência, esta projecção, teve início quando me confrontei com a realidade dos alunos da minha turma residente e pensei naquilo que deveria ser a EF na escola e na formação dos alunos. Assim, tal como mencionado pelo Departamento do Ensino Secundário do Ministério da Educação6 (p.6), entendo que a EF se concretize “na apropriação das habilidades e

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Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP, 2013-2014. Porto: Faculdade de Desporto. Matos, Z.

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Programa de Educação Física (Reajustamento), disponível em “http://www.spef.pt/image-gallery/73139801094113-Colgios-Educao-Legislao-Programa-EF-3CEB-Reajustamento.pdf”

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conhecimentos, na elevação das capacidades do aluno e na formação das aptidões, atitudes e valores (…), proporcionadas pela exploração das suas possibilidades de atividade física adequada – intensa, saudável, gratificante e culturalmente significativa”. Neste sentido, existem três categorias

transdisciplinares (condição física, cultura desportiva e conceitos psicossociais) que exigem um trabalho de reconhecimento perante os alunos. A cultura desportiva deve ser transmitida e ensinada aos alunos sob pena de, muitas vezes, a falta dela fazer com que os alunos não entendam corretamente as habilidades motoras e o jogo. Aqui, é importante que os alunos tenham acesso, pelo menos, às regras de jogo, aos conteúdos técnicos e táticos, a um pouco da história da modalidade e à sinalética dos árbitros. Por outro lado, é igualmente importante que os alunos estejam preparados para enfrentar qualquer modalidade. Assim, a condição física deve ser inserida na extensão e sequência dos conteúdos a ensinar de modo a ser priorizada da mesma forma que as habilidades motoras o são. Por último, é cada vez mais importante que, os alunos tenham bem definidos os valores e regras de conduta essenciais à sua vida sendo isto incutido através dos conceitos psicossociais na aula de EF, tais como o fair-play, o espírito de equipa, a festividade, a cooperação, a capacidade de superação.

Ainda segundo as Normas Orientadoras do EP, neste processo devemos “ter em conta os dados da investigação em educação e ensino e o

contexto cultural e social da escola e dos alunos, de forma a construir decisões que promovam o desenvolvimento e a aprendizagem desejáveis”. Assim, para

este efeito, o grupo de EF reuniu-se no início do presente ano letivo para desenhar e registar as linhas orientadoras do currículo da disciplina para este ano de escolaridade. Estas linhas foram estabelecidas, tendo por base o Programa Nacional de Educação Física, proposto pelo Ministério da Educação. Contudo, foram necessários alguns reajustes para que as metas fossem de encontro à realidade da escola e dos alunos com quem trabalhamos. É importante que os objetivos do professor se encontrem nos objetivos estabelecidos pelas entidades superiores, de modo a que os alunos saiam sempre beneficiados desta conexão. No seguimento deste processo de

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projeção da atividade de ensino, foram assim examinados documentos como o Programa de Educação Física do 11º ano, adaptado pela Escola e os manuais adotados pela mesma bem como o contexto escolar e as características da turma. Neste ponto, o professor deve elaborar um planeamento, capaz de responder às necessidades do aluno, e tendo por base as metas definidas pela conceção.

O planeamento surge na organização e gestão do ensino e da aprendizagem como sendo uma planificação tripartida, a nível anual, de UD e de aula7. Segundo Faria (1972), esta organização confere três fases de planeamento, que procuram uma particularização progressiva à medida que se aproxima o momento da aula. As Normas Orientadoras do EP, referem também que o planemento deve incluir objetivos adequados às necessidades e diversidade dos alunos e contexto do processo de ensino/aprendizagem, recursos e conteúdos de ensino, tarefas e estratégias adequadas ao processo de ensino/aprendizagem, formas preventivas de avaliação do processo de ensino/aprendizagem e contemplação de decisões de ajustamento. Assim, o planeamento reflete um guião para o professor que o ajudará na concretização das linhas orientadoras previstas na conceção. Segundo Bento (2003), o planeamento significa uma reflexão pormenorizada da direção e controlo do processo de ensino. Para que este controlo seja possível, é imprescindível que o professor atente aos pontos referidos anteriormente ou seja, que tenha em conta os objetivos que pretende definir para os alunos, os recursos que possui para concretizar esses objetivos, a forma como vai transmitir as matérias aos alunos e o modo como os pretende avaliar. Todos estes cuidados são transversais aos três níveis de planeamento, na qual o professor parte de uma perspetiva macro (planeamento anual) para uma perspetiva micro (plano de aula). Esta organização é fundamental para que a ação do professor seja devidamente antecipada e ajustada, ao longo do processo de ensino e aprendizagem.

7 Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP, 2013-2014. Porto: Faculdade de Desporto. Matos, Z.

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Assim, o planeamento é fundamental para organizar a matéria de ensino e o modo como será lecionado, pois como afirmam Mesquita e Graça (2009, p.51), “não é possível aprender tudo de uma só vez, sob pena de se incorrer no

risco de nada aprender”. A atividade do professor não passa só por uma mera

transmissão de conhecimentos, englobado num conjunto de nada, mas sim num legado passado aos alunos com uma ordem pensada e previamente estabelecida para um entendimento claro e preciso das matérias ensinadas.

Para a elaboração dos planeamentos, recorri ao Modelo de Estrutura do Conhecimento (MEC), proposto por Vickers (1989). O Modelo de Estrutura do Conhecimento é composto por oito módulos. O primeiro módulo do MEC (estrutura do conhecimento), ajuda o professor a organizar a matéria que vai ensinar, transformando o seu conhecimento adquirido em conhecimento apropriado para a apresentação aos alunos. O módulo dois (análise das condições de aprendizagem) e três (análise dos alunos) destacam-se pela análise do meio escolar e dos alunos, estabelecendo uma relação coerente entre a matéria transmitida, o público-alvo e o contexto social. O módulo quatro (determinação da extensão e da sequência dos conteúdos) surge como uma definição da extensão e sequência dos conteúdos que o professor vai ensinar, tendo em conta a análise feita nos módulos anteriores. O quinto módulo (definição dos objetivos) e o sexto módulo (configuração da avaliação) definem, respetivamente, os objetivos e o modo como se configura a avaliação. O módulo 7 (desenho das atividades de aprendizagem/progressões) auxilia o professor a definir uma metodologia e progressão de ensino para os conteúdos a lecionar numa determinada modalidade. Por último, o módulo oito (aplicação prática dos conhecimentos) é o módulo onde se apresenta aquilo que foi elaborado para a prática. Este modelo permite idealizar um ensino progressivo e eficaz, onde a ação do professor de EF, é refletida e devidamente orientada, tendo em conta a modalidade que vai ensinar.

A elaboração da UD apresentou, na minha atividade, duas vantagens fundamentais: refletir e estruturar o ensino numa vertente transdisciplinar, (cultura desportiva, habilidades motoras, conceitos psicossociais e condição

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física) e a elaborar um documento que, ao longo do tempo, serve de guião no momento de planear as aulas.

O planeamento anual (PA) da disciplina de EF foi praticamente estruturado pelas entidades responsáveis da Escola, desde as modalidades a ensinar por cada ano, até ao tempo letivo dedicado a cada uma delas. Além disso, dependendo da modalidade a ser ensinada (previamente definida), era atribuída a cada turma um espaço para o respetivo número de aulas (roulement8). Assim, cada professor dos cursos cientifico-humanísticos e do 3º

ciclo do ensino básico lecionavam duas modalidades por período.

Depois de acedermos a toda esta informação, previamente preparada pelo grupo de EF, apenas decidimos se iriamos fazer avaliações diagnósticas na primeira aula de cada modalidade e a quantidade de aulas que iriamos dedicar à avaliação sumativa.

Este PA demonstrou ser então fundamental na organização das nossas metas, uma vez que nos permitiu organizar os conteúdos a ensinar num período de tempo distante, a médio e longo prazo. Contudo, é importante referir que o planeamento foi sempre elaborado numa prespetiva de previsão do processo de ensino e aprendizagem, que pode sofrer alterações, principalmente pelo PA englobar uma perspetiva macro sujeito a vários imprevistos. Assim, embora reconheça a importância do PA, como base e guião para a construção de outros níveis de planeamento, tenho consciência que, também este, está suscetível à mudança, pois acabam por acontecer situações que nos fazem recuar ou avançar no tempo. Por exemplo, ao longo do ano, ocorreram três greves que coincidiram com as minhas aulas à sexta-feira, obrigando-me a reduzir o número de aulas previstas para certas modalidades:

“Esta semana foi um pouco diferente das semanas anteriores. Uma vez que na sexta-feira, dia 13 de Março iria ser greve outra vez, a escola decidiu

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