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Método de identificação de suscetibilidade à Diatraea saccharalis (ISDS): fatores geográficos e suas influências

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

MATHEUS OLIVEIRA ALVES

MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO DE SUSCETIBILIDADE À DIATRAEA SACCHARALIS (ISDS): FATORES GEOGRÁFICOS E SUAS INFLUÊNCIAS

UBERABA-MG 2018

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MATHEUS OLIVEIRA ALVES

MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO DE SUSCETIBILIDADE À DIATRAEA SACCHARALIS (ISDS): FATORES GEOGRÁFICOS E SUAS INFLUÊNCIAS

Trabalho de conclusão apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito para a obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Vicente Ferreira

UBERABA-MG 2018

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AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a Deus, a razão essencial da vida.

À meu pai Edmo, a minha mãe Eugênia e minha irmã Mariene, sempre presentes, oferecendo todo o suporte necessário para a realização de meus sonhos, provendo-me de todas as oportunidades que poderia desejar, e pelo convívio diário, pautado no companheirismo, no amor e na confiança mútua.

À esposa, Giselle Alves, tão importante nesta jornada, grande companheira, sempre ao meu lado.

Agradeço também ao Prof. Dr. Ricardo Vicente Ferreira, pela dedicação na minuciosa orientação prestada, sempre com muito zelo, atenção e paciência.

Agradeço aos Professores Doutores Ricardo Luís Barbosa e Rodrigo Bezerra de Araújo Gallis pelas sugestões na qualificação.

À Universidade Federal do Triângulo Mineiro, ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental pela oportunidade de realização do Mestrado, e principalmente ao Laboratório de Cartografia e Geoprocessamento (CARTOGEO) por ter sido meu local de estudos durante a pós-graduação.

Aos Professores Doutores Carlos Campos, Josenilson Bernardo, Fabio Sanchez e Fabricio Corradini pelo convívio, aprendizagem e amizade ao longo dos anos de graduação e mestrado.

Aos amigos de laboratório Hygor Siqueira e Nathalia Vianna pelo companheirismo, incentivo e amizade.

Agradeço o apoio da Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA) – Usina Vale do Tijuco por disponibilizar as fazendas e equipe de campo para a realização da pesquisa.

Agradeço, por fim, a todas as demais pessoas envolvidas na realização do presente trabalho, cujo auxílio foi essencial para sua realização.

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“A persistência é o caminho do êxito” Charles Chaplin

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RESUMO

A Diatraea saccharalis é uma das principais pragas da cana-de-açúcar, sendo considerada na região Centro-Sul a principal delas. A presente pesquisa tem a finalidade de criar um método de identificação de áreas suscetíveis a broca da cana relacionando os fatores geográficos, sendo: solo, relevo, umidade, temperatura e vento, utilizando ferramentas do geoprocessamento para a modelagem e processamento dos dados. Para integrar todos esses fatores foi utilizado o Processo Analítico Hierárquico (Analytic Hierarchy Process – AHP) que consiste em uma análise multicritério que permite ordenar e mensurar a relevância entre os critérios propostos permitindo assim que seus resultados possam ser utilizados na álgebra de mapas. O método visa melhorar a eficiência do controle biológico, reduzindo assim o uso de defensivos químicos. Nos resultados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (Normalized Difference Vegetation Index – NDVI), Intensidade de Infestação e de Identificação de Suscetibilidade à Diatraea saccharalis, pode-se verificar, que o método apresentou resultados correspondentes nas validações via sensoriamento remoto e de campo. Os resultados apontam que o método poderá ser utilizado para o mapeamento de grandes extensões de áreas plantadas. Ressalta-se porém, que as amostragens de campo são essenciais para a confirmação dos dados gerados para uma maior assertividade na tomada de decisão.

Palavras-chave: Geoprocessamento. Análise multicritério. Controle biológico. Broca da

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ABSTRACT

The Diatraea saccharalis is one of the main pests of sugarcane, being considered in the Center-South region of Brazil the main one. The present research aims at creating a method of identifying areas susceptible to cane drill relating the geographical factors: soil, topography, moisture, temperature, and wind, using geoprocessing tools for modeling and processing of the data. To integrate all these factors we used the Analytic Hierarchy Process (AHP) what consists in a multi-criteria analysis that allows sorting and measuring the relevance between proposed criteria allowing to use their results in map algebra. The method aims at improving the efficiency of biological control, thus reducing usage of chemical pesticides. In the results of Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), Intensity of Infestation and Identification of Susceptibility to Diatraea saccharalis, it can be verified that the method presented corresponding results in the validations via remote sensing and field. The results also show that the method can be used for mapping large tracts of planted areas. It should be noted however, that the field sampling is essential for confirmation of generated data and higher assertiveness in decision-making.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Distribuição espacial da cana-de-açúcar no Brasil... 17

Figura 2 – Lagarta de broca da cana-de-açúcar ... 18

Figura 3 – Diagrama referente a estrutura do método proposto ... 24

Figura 4 – Mapa de localização das fazendas Boa Vista, Cruzeiro do Sul e Medalha Milagrosa respectivamente ... 25

Figura 5 – Mapa do levantamento pedológico – Fazenda Boa Vista ... 27

Figura 6 – Mapa do levantamento pedológico – Fazenda Cruzeiro do Sul ... 28

Figura 7 – Mapa do levantamento pedológico – Fazenda Medalha Milagrosa ... 29

Figura 8 – MDE Faz. Boa Vista, MDE Faz. Cruzeiro do Sul e Medalha Milagrosa ... 31

Figura 9 – MDE e Classes de Declividade Faz. Boa Vista. ... 32

Figura 10 – MDE e Classes de Declividade Faz. Cruzeiro do Sul e Medalha Milagrosa ... 33

Figura 11 – QGIS 2.18.19 realizando a Correção Atmosférica – Método DOS1 ... 35

Figura 12 – MDE e Classes de Altitude Faz. Boa Vista... 37

Figura 13 – MDE e Classes de Altitude Faz. Cruzeiro do Sul e Medalha Milagrosa ... 38

Figura 14 – Faz. Boa Vista: Níveis de Suscetibilidade à Diatraea saccharalis ... 46

Figura 15 – Faz. Cruzeiro do Sul: Níveis de Suscetibilidade à Diatraea saccharalis ... 47

Figura 16 – Faz. Medalha Milagrosa: Níveis de Suscetibilidade à Diatraea saccharalis ... 48

Figura 17 – Faz. Boa Vista: NDVI x ISDS ... 50

Figura 18 – Faz. Cruzeiro do Sul: NDVI x ISDS ... 51

Figura 19 – Faz. Medalha Milagrosa: NDVI x ISDS. ... 52

Figura 20 – Faz. Boa Vista: Intensidade de Infestação ... 53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Escala e descrições de valores AHP ... 23

Tabela 2 – Classes texturais encontradas nas fazendas ... 26

Tabela 3 – Classes de declividade e características. ... 30

Tabela 4 – Informações Satélite Sentinel 2A – Faz. Boa Vista ... 34

Tabela 5 – Informações Satélite Sentinel 2A – Faz. Cruzeiro do Sul e Medalha Milagrosa ... 35

Tabela 6 – Temperatura Média – Estação: Uberaba-A568. ... 36

Tabela 7 – Textura dos solos e pesos ... 39

Tabela 8 – Distribuição das classes de declividade e pesos ... 40

Tabela 9 – Distribuição das classes de umidade e pesos ... 40

Tabela 10 – Distribuição das classes de temperatura e pesos... 41

Tabela 11 – Distribuição das altitudes encontradas nas fazendas e pesos... 41

Tabela 12 – Distribuição dos pesos e variáveis ... 42

Tabela 13 – Índice Aleatório de Consistência ... 43

Tabela 14 – Resultados alcançados para utilização na álgebra de mapas ... 43

Tabela 15 – Informações Satélite Planet – Faz. Boa Vista ... 49

Tabela 16 – Informações Satélite Planet – Faz. Cruzeiro do Sul e Medalha Milagrosa. ... 49

Tabela 17 – Resultado Intensidade de Infestação – Faz. Boa Vista ... 54

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LISTA DE SIGLAS

ISDS – Identificação de Suscetibilidade à Diatraea saccharalis INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento NDVI – Normalized Difference Vegetation Index

NDMI – Normalized Difference Moisture Index AHP – Analytic Hierarchy Process

CMAA – Companhia Mineira de Açúcar e Álcool BDG – Banco de Dados Geográfico

SIG – Sistema de Informação Geográfica MDE – Modelo Digital de Elevação

SPMGGO – São Paulo; Minas Gerais; Goiás.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária DOS1 – Dark Object Subtraction

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia II – Intensidade de Infestação

MIP – Manejo Integrado de Pragas IC – Índice de Consistência

RC – Razão de Consistência IA – Índice de Aleatoriedade

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 16

2.1 CANA-DE-AÇÚCAR ... 16

2.2 BROCA DA CANA ... 18

2.3 GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO NA AGRICULTURA ... 19

2.4 ANÁLISE MULTICRITÉRIO ... 22 3 METODOLOGIA ... 24 3.1 ÁREA DE ESTUDO ... 25 3.2 BASE DE DADOS ... 25 3.2.1 SOLO ... 26 3.2.2 RELEVO ... 30 3.2.3 UMIDADE ... 34 3.2.4 TEMPERATURA ... 36 3.2.5 VENTO ... 36 3.3 PADRONIZAÇÃO DE DADOS ... 39 3.3.1 SOLO ... 39 3.3.2 RELEVO ... 39 3.3.3 UMIDADE ... 40 3.3.4 TEMPERATURA ... 40 3.3.5 VENTO ... 41 3.4 ANÁLISE MULTICRITÉRIO ... 41

3.4.1 ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP) ... 42

3.4.2 INTENSIDADE DE INFESTAÇÃO (II) ... 44

4 RESULTADOS ... 45

4.1 ÁLGEBRA DE MAPAS ... 45

4.2 VALIDAÇÃO VIA SENSORIAMENTO REMOTO ... 49

4.3 VALIDAÇÃO EM CAMPO ... 53

5 DISCUSSÃO ... 55

6 CONCLUSÕES ... 57

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1 INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar se transformou em uma das principais culturas agrícolas da economia brasileira, com uma produção estimada para a safra 2017/2018 de 635,6 milhões de toneladas e uma produtividade média de 72,73 t/ha. Ela é produzida em quase todo o país, sendo a região Centro-Sul, a principal produtora nacional. A cana-de-açúcar mesmo tendo uma redução de 3,4% de área cultivada em comparação com a safra 2016/2017 – de 9.049,2 milhões/hectares para 8.738,6 milhões/hectares – continua com uma significativa área plantada a nível nacional (CONAB, 2017). Essa dimensão de área cultivada gera intervenções no ambiente que provocam complexas mudanças que alteram a dinâmica da natureza, e que acaba por contribuir para a introdução de pragas ou doenças até então não detectadas nesses locais (GALLO et al., 2002).

A broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) é uma das principais pragas da cultura canavieira, sendo considerada na região Centro-Sul a principal delas. O prejuízo causado pode ser diretos ou indiretos, como por exemplo nas perdas de produtividade e da qualidade da matéria prima ao reduzir o teor de açúcar produzido por tonelada. Um dos meios de se realizar o controle dessa praga, é aplicar o controle químico, mas sua utilização acarreta na contaminação de solos, rios e atmosfera, e provoca sérios problemas para o homem e para o meio ambiente, em virtude do seu efeito residual que contamina não somente o local da aplicação, mas também áreas vizinhas devido as derivas das aplicações aéreas e terrestres, e uma vez na cadeia alimentar consegue atingir diretamente o homem (OLIVEIRA; GLAESER; BELLON, 2012). Mas existem outras alternativas como: o controle cultural, o controle comportamental e também o controle biológico, que utiliza-se de inimigos naturais, como: os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, e as vespas Trichogramma galloi e Cotesia flavipes, esse último, sendo considerado o mais efetivo no controle da broca da cana (OLIVEIRA; GLAESER; BELLON, 2012). O controle biológico diferentemente do controle químico não contamina solos, rios e atmosfera, além de não apresentar riscos ao homem (OLIVEIRA; GLAESER; BELLON, 2012).

Dessa forma, embora o controle biológico possua vários benefícios, quando não utilizado corretamente, acaba se tornando ineficaz (OLIVEIRA; GLAESER; BELLON, 2012). Uma alternativa seria buscar soluções que melhorem sua eficiência no campo e uma opção seria identificar os locais mais suscetíveis para o ataque da broca mapeando essas áreas durante os primeiros nove meses, que é a fase crítica de desenvolvimento dessa cultura. Conforme menciona Gallo et al. (2002) cada espécie está sujeita aos fatores do meio ambiente

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(solo, relevo, umidade, temperatura e vento) e suas interações que influenciam a distribuição e abundância das pragas.

Diante disso, uma alternativa para o diagnóstico dos locais atacados é a utilização de técnicas de analises multicritérios, que integrem os fatores do meio ambiente nas diferentes áreas produtivas existentes. Para a adequada representação do mundo real os dados coletados devem ser minuciosamente elaborados, buscando entender o fenômeno estudado, simplificando a realidade e correlacionando os fatores para facilitar a tomada de decisão (CAMARA, 1995; GUIMARÃES, 2004). Portanto, o presente estudo tem por finalidade a criação de um método de identificação de áreas suscetíveis a broca da cana relacionando fatores geográficos, sendo: solo, relevo, umidade, temperatura e vento, utilizando geotecnologias para a modelagem do método proposto. O método visa melhorar a eficiência do controle biológico, reduzindo assim o uso de defensivos químicos, pois, dessa forma com os locais que poderão ser atacados identificados será possível fazer um planejamento preventivo de combate a broca, diminuindo assim o impacto ambiental.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CANA-DE-AÇÚCAR

A cana-de-açúcar se desenvolve através do processo de crescimento vegetativo, conhecido como perfilhamento em forma de touceiras, e sua parte aérea é formada por colmos ricos em sacarose, folhas, inflorescência e frutos (SEGATO et al., 2006). Segundo Cavalcante (2011, p. 19) “a parte subterrânea é constituída por raízes fasciculadas, sendo que cerca de 85% se encontram nos primeiros 0,50 m de profundidade, e por rizomas que são responsáveis pelo perfilhamento da touceira”.

As principais variedades de cana-de-açúcar conhecidas no Brasil hoje têm suas origens que remetem a Nova Guiné, Índia e China. Os primeiros relatos no Brasil remontam ao ano de 1522 quando foi trazida da Ilha da Madeira – Portugal por Martin Afonso de Souza para a produção de açúcar durante o período colonial (BASTOS, 1987). Durante a década de 1970 na tentativa de solucionar a crise energética emergente causada pela falta de petróleo e uma matriz industrial diversificada, o governo brasileiro incentivou a agroindústria canavieira a utilizar a cana-de-açúcar para a produção de etanol. Com este incentivo o Brasil se tornou modelo no cenário internacional, e com o passar dos anos o Brasil se transformou no maior produtor mundial em produção de açúcar e álcool.

A partir desse momento, a cana-de-açúcar transformou-se em uma das principais culturas agrícolas da economia brasileira, com uma produção estimada para a safra 2017/2018 de 635,6 milhões de toneladas e uma produtividade média de 72,73 t/ha. Ela é produzida em quase todo o país, sendo a região Centro-Sul, a principal produtora nacional (Figura 1) (CONAB, 2017).

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Figura 1 – Distribuição espacial da cana-de-açúcar no Brasil

Fonte: CONAB, 2017

Hoje no Brasil a tecnologia utilizada para agregar valor a cana-de-açúcar e seus derivados está entre os mais avançados no mundo, devido aos incentivos do governo a partir da década de 1970. Além disso, o país é o primeiro em produção e comercialização de etanol como combustível no mundo, seguido pelos Estados Unidos (LEITE et al., 2010). O Brasil com a utilização do etanol na sua matriz energética e exportações, está conquistando cada vez mais o mercado externo, pois o uso do biocombustível é mais uma alternativa energética frente ao petróleo e derivados. Esse crescimento tecnológico vem colaborando para o aumento de competitividade da agricultura brasileira, visto que, em todo o seu processo produtivo aproveita-se praticamente tudo da planta, como: o bagaço que é utilizado para a geração de energia, a vinhaça, a palha e a torta de filtro como fertilizantes, ração animal, aglomerados, entre outros. O setor sucroenergético está demostrando grande interesse por novas tecnologias que visam a redução dos custos de produção e redução dos impactos ambientais nas intervenções que acontecem no ambiente e que provocam complexas mudanças alterando a dinâmica da natureza.

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2.2 BROCA DA CANA

A broca da cana (Diatraea saccharalis) é uma das principais pragas da cana-de-açúcar, sendo considerada atualmente na região Centro-Sul do Brasil a principal delas (Figura 2).

Figura 2 – Lagarta de broca da cana-de-açúcar

Fonte: Do Autor, 2017.

Segundo Gallo et al. (2002), a broca da cana durante seu ciclo de vida, cada fêmea acaba colocando de 300 a 600 ovos, sendo em média cada postura em torno de 5 a 50 ovos. A eclosão das lagartas ocorre entre 4 a 11 dias sendo influenciada pela temperatura e umidade, que devido a sua sensibilidade e as variações de temperatura existentes no local pode ocorrer o ressecamento dos ovos. Após a eclosão, as lagartas irão se alimentar do parênquima até atingir o segundo instar, e a partir daí, irá ocorrer a penetração no colmo da cana-de-açúcar onde irá ocorrerá a criação galerias longitudinais e transversais (GALLO et al., 2002). As lagartas durante seu ciclo de vida, apresentam normalmente 5 instares, podendo serem alterados pelas condições climáticas da sua região. No inverno acontece a diminuição da temperatura e da intensidade luminosa, condições que colaboram para ampliar o ciclo biológico da broca, sendo que uma parte da população entra em diapausa no último instar larval, dentro do colmo. Os adultos da broca da cana é uma mariposa que apresenta coloração amarelo-palha e possui em média 25 mm de envergadura. Após a cópula, a fêmea faz a postura de seus os ovos na parte dorsal das folhas de cana-de-açúcar que agrupados, são parecidos com escamas de peixe (GALLO et al., 2002).

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Segundo Macedo, N. e Macedo, D. (2004, p. 39) “o ataque dessa praga ocorre durante todo o ciclo da cana-de-açúcar, com ligeira queda no inverno e aumento nos períodos quentes e úmidos”. Seus prejuízos podem ser diretos, por exemplo, pelas aberturas das galerias que provoca a perda de peso da cana, ou indiretos, como por exemplo, devido os orifícios abertos durante seu período larval, microrganismos invadem, por exemplo, fungos Fusarium moniliforme e Colletotrichum falcatum que causarão a inversão da sacarose da planta, colaborando para que ocorra a queda no rendimento industrial, na qualidade do açúcar produzido, queda da eficiência das leveduras, economicamente os prejuízos indiretos são os mais importantes (GALLO et al., 2002). O monitoramento frequente dos níveis da população dessa praga se dá através de levantamentos populacionais, o que irá orientar o momento correto para se realizar o controle químico que não apresenta grande eficiência devido a broca passar grande parte do seu crescimento dentro dos colmos ou o controle biológico a partir do uso Cotesia flavipes, que é o mais utilizado no Brasil, e que não traz nenhum dano ao meio ambiente. Os levantamentos populacionais deverá ser realizado durante toda a fase vegetativa da cultura. Áreas que recebem irrigação, fertirrigação ou que possuam variedades suscetíveis deve receber maior atenção, sendo realizado os levantamentos com maior frequência. Segundo Gallo et al. (2002, p. 451) “para cada 1% de intensidade de infestação da praga, ocorrem prejuízos de 0,25% de açúcar, 0,20% de álcool e 0,77% de peso, os prejuízos são maiores em cana planta”.

2.3 GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO NA AGRICULTURA

Segundo Câmara e Davis Junior (1999, p. 1), “o termo geoprocessamento denota a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica” seja nas aplicações para a área agrícola, ambiental, urbana, de gestão e planejamento. O geoprocessamento possui, conforme menciona Câmara e Davis Junior (1999, p. 1) “ferramentas computacionais que permite realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados”. Como menciona Florenzano (2005, p. 24), as geotecnologias “referentes ao Sensoriamento Remoto e aos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) estão cada vez mais interligadas, e suas aplicações nos diferentes campos do conhecimento têm aumentado”, e com isso seu uso na agricultura possui papel importante para a modelagem de diversos dados que são gerados e analisados em uma propriedade rural para a tomada de decisão.

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Segundo Meneses e Almeida (2012), o termo sensoriamento remoto historicamente possui uma definição clássica, de ser uma técnica de aquisição de imagens dos objetos da superfície terrestre sem que haja um contato físico de qualquer espécie entre o sensor e o objeto. Fotografias aéreas assim como imagens orbitais são, portanto, dados de sensoriamento remoto. A aplicação do sensoriamento remoto na agricultura no Brasil, vem sendo pesquisado desde meados da década de 1970, o pioneirismo surgiu de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), como Batista et al. (1978) que identificaram e avaliaram áreas de plantio de cana-de-açúcar em fotografias aéreas pelos métodos de interpretação visual e automático. Mendonça (1979) utilizou imagens Landsat-1 na faixa espectral do infravermelho para avaliar áreas de plantio de cana-de-açúcar na escala de 1:20.000. Mendonça et al. (1986) avançaram na estimativa de área de plantio de cana-de-açúcar, em nível nacional, experimentando várias técnicas de sensoriamento remoto na análise, pelo projeto CANASAT - Mapeamento de Cana por Satélite. Batista et al. (1990) avaliaram os dados do SPOT/HVR e do Landsat TM na discriminação das culturas de café, cana-de-açúcar, trigo e pastagem no nordeste do Paraná relatando o êxito das ferramentas aplicadas na agricultura.

Seu uso por órgãos oficiais, como por exemplo, INPE, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é uma importante ferramenta de gestão, visto que as informações e dados gerados são utilizados para realizar estimativas agrícolas, mapear áreas degradadas, projetos de dimensões nacionais, dentre outros, uma vez que seus custos de aquisição e precisão supre a demanda para imagear grandes áreas, devido o Brasil possuir dimensões continentais. A utilização de imagens de satélites para o mapeamento de variações de crescimento e estimativas de produções na agricultura de precisão são cada vez maiores. Segundo Manzatto, Bhering e Simões (1999), a agricultura de precisão como é denominada no Brasil é um conjunto de sistemas e ferramentas de produção que visa monitorar o campo metro a metro, pois cada espaço daquela localidade possui uma propriedade diferente, esse conjunto de sistemas e ferramentas é adotado por agricultores de países desenvolvidos, e são chamados por eles de Precision Agriculture.

Na agricultura de precisão, o uso do sensoriamento remoto possui papel importante no monitoramento agrícola, devido ele conseguir gerar diversos dados para se analisar, que poderão ser utilizados na tomada de decisão, desde por exemplo, a identificação de locais mais suscetíveis a incêndios, locais com risco de erosões, estimar a produtividade. Essas análises utiliza-se das imagens de satélites e suas combinações de bandas espectrais em operações algébricas que permite a geração de novos dados. Segundo Camara et al. (2001, p.

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02) “os elementos da álgebra de mapas consistem de mapas que associam a cada local de uma dada área de estudo um valor quantitativo ou qualitativo”. E entre essas álgebras de mapas, podemos destacar o Índice de Vegetação de Diferença Normalizada (em inglês, Normalized Difference Vegetation Index – NDVI) que consiste na utilização das bandas do Infravermelho Próximo (em inglês, Near Infrared – NIR) e do Vermelho (em inglês, Red – RED). Esse índice permite realizar a verificação da atividade clorofiliana da planta, permitindo assim o monitoramento das lavouras, determinar os locais danificados por pragas, localizar os efeitos das secas, realizar estimativas agrícolas, dentre outros.

(1) Em que:

NDVI = Índice de Vegetação de Diferença Normalizada; NIR = Infravermelho Próximo;

RED = Vermelho.

E também o Índice de Umidade de Diferença Normalizada (em inglês, Normalized Difference Moisture Index – NDMI), que consiste na utilização das bandas do Infravermelho Próximo (em inglês, Near Infrared – NIR) e do Infravermelho de Ondas Curtas (em inglês, Short Wave Infrared Region – SWIR). Esse índice é calculado devido os efeitos que a umidade em uma lavoura provoca, na relação entre o fluxo de radiação que incide e o fluxo de radiação que é refletido, permitindo assim identificar os locais que possui alterações de umidade em áreas vegetativas.

(2) Em que:

NDMI = Índice de Umidade de Diferença Normalizada; NIR = Infravermelho Próximo;

SWIR = Infravermelho de Ondas Curtas. NDVI = ( NIR - RED )

( NIR + RED )

NDMI = ( NIR - SWIR ) ( NIR + SWIR )

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2.4 ANÁLISE MULTICRITÉRIO

A análise multicritério consiste em uma avaliação multidisciplinar de diferentes variáveis ou fatores conforme o estudo ou pesquisa realizada. E desenvolve-se a partir formulações metodológicas que criam condições para sua aplicação prática. Por ser um conhecimento amplo em muitos casos, pode haver diferenciações caso sua aplicação seja na área agrícola ou ambiental por exemplo, sendo necessário uma padronização conforme sua especificidade estudada (FERREIRA, 2011).

No entanto, a avaliação apoia-se em métodos que visão definir valores, relevâncias e hierarquias entre os parâmetros propostos para se chegar a uma decisão mais acertada sobre o problema a ser solucionado (FERREIRA, 2011). Sendo assim, a analise multicritério possui um conjunto de técnicas que são utilizadas para sistematizar as variáveis de um problema ou estudo, organizando a decisão em opções lógicas e organizadas. Os métodos de decisão na análise multicritério se utilizam de uma matriz para sistematizar de forma a permitir o julgamento e a classificação das variáveis de decisão. O Processo Analítico Hierárquico (Analytic Hierarchy Process – AHP) é um método de análise multicritério que é baseado na lógica da comparação pareada (SAATY, 1987).

O método da AHP é apoiado em três princípios básicos, sendo:

1 – Princípio da Decomposição: Requer que o problema da decisão seja decomposto em uma hierarquia que abarque os elementos essenciais do problema;

2 – Princípio do Julgamento Comparativo: Requer a avaliação dos pares de elementos seja feita no contexto de um dado nível de estrutura hierárquica com relação aos seus semelhantes no próximo nível acima;

3 – Princípio da Síntese: É o passo final do AHP, que agrega os pesos relativos dos níveis (FERREIRA, 2011 p. 70)

A comparação pareada é uma forma que reduz a complexidade na tomada de decisão, uma vez que apenas dois elementos são comparados por vez (FERREIRA, 2011). Esse processo trabalha com a classificação de pesos mensurando a compreensão teórica e o conhecimento concreto de cada variável possui em relação a outra conforme o estudo proposto, conforme menciona Saaty (1987, p. 162) “ao usar o AHP para modelar um problema, é necessário uma estrutura hierárquica ou de rede para representar esse problema e comparações pareadas para estabelecer relações dentro da estrutura”.

A avaliação dos dados na AHP é realizada por meio de uma matriz inversa de dados, onde aplica-se uma escala de valores de 1 a 9 conforme proposta por Saaty (1987), Tabela 1.

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Tabela 1 – Escala e descrições de valores AHP

Intensidade de Importância Descrição

1 Importância Igual

3 Importância Moderada

5 Forte Importância

7 Muito Forte Importância

9 Importância Extrema

2, 4, 6, 8 Valores Intermediários

Fonte: Adaptado Saaty (1987).

Nessa análise, se uma comparação dois a dois for proporcional e não contraditória ela possuirá uma consistência na sua ponderação, demonstrando assim que as variáveis estudadas e seus pesos possuem uma consistência, gerando desse modo uma organização e racionalidade dos dados na geração de mapas multicriteriais (FERREIRA, 2011).

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3 METODOLOGIA

Com base nas variáveis identificadas por Gallo et al. (2002) sobre fatores ecológicos que influenciam a distribuição e abundância de pragas em lavouras e por Ramalho-Filho e Beek (1995) que mencionam o relevo como um dos fatores limitantes da produção agrícola, foi proposto a criação de um método para a identificação de áreas suscetíveis a Diatraea saccharalis na cana-de-açúcar relacionando todos esses fatores geográficos, sendo: solo, relevo, umidade, temperatura e vento. Para integrar todos esses fatores foi utilizado o AHP. Para uma melhor visualização da estrutura do método, elaborou-se um diagrama (Figura 3), mostrando os fatores utilizados na proposta e os níveis de suscetibilidade existentes. Os níveis de suscetibilidades foram avaliados em cinco graus: 1 = Nulo; 2 = Ligeiro; 3 = Moderado; 4 = Forte; e 5 = Muito Forte, (PEREIRA; LOMBARDI NETO, 2004).

Figura 3 – Diagrama referente a estrutura do método proposto

Fonte: Do Autor, 2018

Fatores Geográficos

NÍVEIS DE SUSCETIBILIDADE FAZENDA

SUSCETIBILIDADE A

Diatraea saccharalis Solo

Relevo Umidade Temperatura Vento 1 - Nulo 2 - Ligeiro 3 - Moderado 4 - Forte 5 - Muito Forte

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3.1 ÁREA DE ESTUDO

Este estudo foi realizado nas Fazenda Boa Vista (Uberlândia-MG), Fazenda Cruzeiro do Sul, e Fazenda Medalha Milagrosa (Uberaba-MG) (Figura 4). Essas áreas foram cedidas para a realização da pesquisa pela Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA) – Usina Vale do Tijuco.

Figura 4 – Mapa de localização das fazendas Boa Vista; Cruzeiro do Sul e Medalha Milagrosa respectivamente

Fonte: Do Autor, 2017

3.2 BASE DE DADOS

Para a criação do método proposto, foi necessário a utilização de dados que foram obtidos de diferentes fontes. Para isso, criou-se um Banco de Dados Geográfico (BDG) para armazenar e padronizar os dados vetoriais e matriciais adquiridos para posterior integração e modelagem em um Sistema de Informação Geográfica (SIG). Ao final do processo todas as

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informações foram transformadas em raster para serem utilizadas na álgebra de mapas a fim de determinar os locais mais suscetíveis a Diatraea saccharalis.

3.2.1 Solo

Os dados de solos das fazendas foram adquiridas a partir de fonte secundária. A Usina Vale do Tijuco já havia realizado o levantamento pedológico nesses locais conforme imagens a seguir (Figuras 5, 6 e 7), para determinar os tipos de solos existentes, pois essas informações são utilizadas na tomada de decisão internamente. Para o método proposto foi considerado a classe textural do solo como o dado a ser considerado, pois locais que possuem solos com alta capacidade de retenção de umidade estão sujeitos a maiores infestações de broca da cana (GALLO et al., 2002; MACEDO, N; MACEDO, D., 2004). Os dados foram transformados em vetores e posteriormente em raster com auxílio do SIG ArcGis 10.6.

Tabela 2 – Classes texturais encontradas nas fazendas

Fazenda Abreviação Nome Classe

Textural

Faz. Boa Vista LVAd3.4 Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico + Latossolo Vermelho Distrófico

Média Argilosa Faz. Boa Vista LVAd4.4 Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico +

Argissolo Vermelho Eutrófico

Média Argilosa Faz. Medalha Milagrosa LVAd3.4 Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico +

Latossolo Vermelho Distrófico

Média Argilosa Faz. Medalha Milagrosa LVAd3.1 Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico +

Latossolo Vermelho Distrófico

Média Argilosa Faz. Medalha Milagrosa PVAa3.1 Argissolo Vermelho-Amarelo Alumínico

+ Nitossolo Háplico Eutrófico + Cambissolo Háplico Tb Distrófico

Argilosa

Faz. Medalha Milagrosa PVAe4.1 Argissolo Vermelho-Amarelos Eutrófico + Cambissolo Háplico Tb Eutrófico

Média Argilosa Faz. Cruzeiro do Sul LVAd3.4 Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico +

Latossolo Vermelho Distrófico

Média Argilosa Faz. Cruzeiro do Sul LVAa3.1 Latossolo Vermelho-Amarelo Alumínico +

Argissolo Vermelho-Amarelo Alumínico + Neosssolo Litólico Distrófico

Argilosa

(26)

Figura 5 – Mapa do levantamento pedológico – Fazenda Boa Vista

(27)

Figura 6 – Mapa do levantamento pedológico – Fazenda Cruzeiro do Sul

(28)

Figura 7 – Mapa do levantamento pedológico – Fazenda Medalha Milagrosa

(29)

3.2.2 Relevo

A variável relevo foi classificada por meio da declividade existente nessas fazendas, utilizando como base os parâmetros da EMBRAPA (1979), que realiza uma análise do terreno classificando em porcentagem as declividades encontradas em formas de relevo (Tabela 3). Para isso foi utilizado o Modelo Digital de Elevação (MDE) do projeto SPMGGO do IBGE como base de dados primária (Figuras 8, 9 e 10). Esse MDE foi obtido através do processamento fotogramétrico analítico de fotografias aéreas com escala aproximada de 1:35.000, com resolução de 0,7 m. Esse método tem a finalidade de representar um modelo numérico, as características altimétricas da superfície dessas localidades.

Tabela 3 – Classes de declividade e características

Declividade (%) Relevo Características

0 – 3 Plano Superfície de topografia esbatida ou horizontal, onde os desnivelamentos são muito pequenos.

3 – 8 Suave ondulado

Superfície de topografia pouco acidentada, constituída por conjunto de colinas e/ou outeiros apresentando declives suaves.

8 – 20 Ondulado

Superfície de topografia pouco acidentada, constituída por conjunto de colinas e/ ou outeiros apresentando expressiva ocorrência de declives mais acentuados.

20 – 45 Forte-ondulado Superfície de topografia acidentada formada por outeiros e/ou morros.

45 – 75 Montanhoso

Superfície de topografia vigorosa, com predominância de formas acidentadas, usualmente constituídas por morros, montanhas, maciços montanhosos e alinhamentos montanhosos.

(30)

Figura 8 – MDE Faz. Boa Vista, MDE Faz. Cruzeiro do Sul e Faz. Medalha Milagrosa

(31)

Figura 9 – MDE e Classes de Declividade Faz. Boa Vista

(32)

Figura 10 – MDE e Classes de Declividade Faz. Cruzeiro do Sul e Faz. Medalha Milagrosa

(33)

3.2.3 Umidade

Para se verificar a umidade em cada propriedade, foi utilizado o NDMI. Esse índice consiste na utilização das bandas do Infravermelho Próximo (NIR) – Resolução Espacial: 10 metros – e do Infravermelho de Ondas Curtas (SWIR) – Resolução Espacial: 20 metros – para capturar as variações de umidade em áreas vegetativas (Equação 3). Foi usado como banco de dados primário o Satélite Sentinel-2A (Tabela 4 e 5), pois, além de fornecer imagens gratuitas, esse satélite é muito utilizado para monitoramento agrícola e estudos ambientais.

(3) Em que:

NDMI = Índice de Umidade de Diferença Normalizada; NIR = Infravermelho Próximo;

SWIR = Infravermelho de Ondas Curtas.

Tabela 4 – Informações Satélite Sentinel-2A – Faz. Boa Vista

Atributos Informações Técnicas

Identificação L1C_T22KGD_A009616_20170425T132339

Data de Aquisição 25/04/2017

Sensor MSI (Multi-Spectral Instrument)

Bandas Resolução Espacial B08 (NIR) – 10 metros B11 (SWIR 1) – 20 metros Nível de Processamento Level-1C

Nível Pós Correção Atmosférica Level-2A

Observação Para a aquisição das imagens, foi considerada a data mais próxima da colheita do local.

Fonte: Earth Explorer, 2017.

NDMI = ( NIR - SWIR ) ( NIR + SWIR )

(34)

Tabela 5 – Informações Satélite Sentinel-2A – Faz. Cruzeiro do Sul e Medalha Milagrosa

Atributos Informações Técnicas

Identificação L1C_T22KGD_A009044_20170316T132224

Data de Aquisição 16/03/2017

Sensor MSI (Multi-Spectral Instrument)

Bandas e Resolução Espacial B08 (NIR) – 10 metros B11 (SWIR 1) – 20 metros Nível de Processamento Level-1C

Nível Pós Correção Atmosférica Level-2A

Observação Para a aquisição das imagens, foi considerada a data mais próxima da colheita do local.

Fonte: Earth Explorer, 2017

As imagens utilizadas passaram por correção atmosférica no modo Dark Object Subtraction (DOS1) do SIG QGIS 2.18.19 – Plugin: Semi-Automatic Classification (Figura 11). A correção atmosférica é uma processo importante para transformar a refletância no topo da atmosfera em refletância na base da atmosfera em imagens orbitais, melhorando assim a qualidade das informações e dados dessas imagens (MARTINS; DA SILVA; BOHN GASS, 2017).

Figura 11 – QGIS 2.18.19 realizando a Correção Atmosférica – Método DOS1

(35)

3.2.4 Temperatura

Foi utilizado as informações obtidas pela Estação Meteorológica de Observação de Superfície Automática do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), como fonte de dados primária. Foi usado as informações da Estação: Uberaba-A568 – Temperatura Média (ºC)/ Dia (Tabela 6) como fonte de dados primário. Para a presente pesquisa foi considerado como datas bases os dias das aquisições das imagens de satélites: 16/03/2017 e 25/04/2017. Os dados foram transformados em vetores e posteriormente em raster com auxílio do SIG ArcGis 10.6 para serem usados na álgebra de mapas.

Tabela 6 – Temperatura Média – Estação: Uberaba-A568

Data Aquisição Imagens Fazenda Temperatura Média (ºC)/ Dia

16/03/2017 Faz. Cruzeiro do Sul; Faz. Medalha Milagrosa

25,1

25/04/2017 Faz. Boa Vista 24,3

Fonte: INMET (2017)

3.2.5 Vento

A velocidade do vento aumenta com a altitude (GALLO et al., 2002), de tal forma que os insetos que voam a maiores altitudes conseguem serem arrastados para mais longe. O vento exerce marcada influência na disseminação de insetos, arrastando a grandes distâncias não só os ovos, como também larvas e adultos de muitas espécies. Para se obter essa informação foi utilizado o MDE do projeto SPMGGO (Figuras 12 e 13) do IBGE como base de dados primária. Para se determinar as altitudes das propriedades foi realizado o recorte desses locais com auxílio do SIG ArcGis 10.6, pois o MDE permite verificar e representar as características altimétricas da superfície desses locais.

(36)

Figura 12 – MDE e Classes de Altitude Faz. Boa Vista

(37)

Figura 13 – MDE e Classes de Altitude Faz. Medalha Milagrosa e Faz. Cruzeiro do Sul

(38)

3.3 PADRONIZAÇÃO DE DADOS

Os fatores geográficos e seus respectivos pesos foram parametrizados e padronizados com base na bibliografia disponível de Pereira e Lombardi Neto (2004). Todas as variáveis foram classificadas em 5 pesos, sendo: 1 para menos suscetível a 5 como mais suscetível para a broca da cana (1 = Nulo; 2 = Ligeiro; 3 = Moderado; 4 = Forte; e 5 = Muito Forte).

3.3.1 Solo

Áreas produtivas que possuem solos com alta capacidade de retenção de umidade estão sujeitos a maiores infestações de pragas, enquanto que solos com menos capacidade estão livres de ataques severos (GALLO et al., 2002; MACEDO, N; MACEDO, D., 2004).

Tabela 7 – Textura dos solos e pesos

Textura dos Solos Pesos

Arenoso 1 Siltoso 2 Médio Arenoso; Médio Siltoso; Médio Argiloso 3 Argiloso 4 Muito Argiloso 5 Fonte: Do Autor, 2018 3.3.2 Relevo

Áreas produtivas sob as diferentes formas de relevo – plano, suave-ondulado, ondulado, forte-ondulado e montanhoso (RAMALHO-FILHO; BEEK, 1995) – sofrem influência (mais ou menos) devido as suas declividades, que interferem na percolação da água após chuvas ou irrigação. As características de cada forma do relevo influenciam na retenção da umidade por mais ou menos tempo.

(39)

Tabela 8 – Distribuição das classes de declividade e pesos

Declividade (%) Relevo Pesos

0 – 3 Plano 1 3 – 8 Suave-ondulado 2 8 – 20 Ondulado 3 20 – 45 Forte-ondulado 4 45 – 75 Montanhoso 5 Fonte: Do Autor, 2018 3.3.3 Umidade

A umidade possui um gradiente que varia de 0 a 100% de umidade relativa e que pode ser dividido em: zona seca, zona de transição 1, zona de umidade favorável, zona de transição 2 e zona úmida. A tendência dos insetos é de se movimentar ao longo de um gradiente de umidade, pois em um ambiente seco ocorre a dessecação dos tecidos e num ambiente muito úmido pode ocorrer afogamentos e doenças (GALLO et al., 2002).

Tabela 9 – Distribuição das classes de umidade e pesos

Ìndice NDMI Umidade Pesos

-1,00 Zona Seca 1

-0,50 Zona de Transição 1 2

0,00 Zona de Umidade Favorável 3

0,50 Zona de Transição 2 4

1,00 Zona Úmida 5

Fonte: Do Autor, 2018.

3.3.4 Temperatura

A temperatura é um fator regulador das atividades dos insetos. Dentro da faixa de 15ºC (limiar mínimo) a 38ºC (limiar máximo) encontra-se a faixa ótima de desenvolvimento e atividade que está em torno de 25ºC, (GALLO et al., 2002).

(40)

Tabela 10 – Distribuição das classes de temperatura e pesos

Graus (ºC) Faixa de Temperatura Pesos

15ºC Limiar Mínimo 1 20ºC Médio Mínimo 2 25ºC Faixa Ótima 3 31ºC Médio Máximo 4 38ºC Limiar Máximo 5 Fonte: Do Autor, 2018. 3.3.5 Vento

A velocidade dos ventos aumenta com a altitude, de tal forma que os insetos que voam a maiores altitudes conseguem serem arrastados para mais longe. O vento exerce marcada influência na disseminação de insetos, arrastando a grandes distâncias não só os ovos, como também larvas e adultos de muitas espécies (GALLO et al., 2002), podendo transportar insetos adultos alados como é o caso da Diatraea saccharalis.

Tabela 11 – Distribuição das altitudes encontradas nas fazendas e pesos

Altitudes (m) Pesos 725 – 750 1 750 – 775 2 775 – 800 3 800 – 825 4 825 – 850 5 Fonte: Do Autor, 2018 3.4 ANÁLISE MULTICRITÉRIO

Nessa pesquisa, a metodologia proposta foi aplicada utilizando parâmetros identificados por Gallo et al. (2002), Ramalho-Filho e Beek (1995) – solo, relevo, temperatura, umidade e vento – com isso a proposta possui parâmetros, embasamento e

(41)

correlações já comprovadas na ecologia das paisagens que influenciam os ciclos biológicos da broca da cana.

3.4.1 Analytic Hierarchy Process (AHP)

Foi utilizado o AHP para determinar quais fatores geográficos possui maior importância entre eles. A AHP é um método de escolha baseada na lógica da comparação pareada, que consiste na construção de uma matriz inversa de dados, sendo preenchida com o peso das comparações dois a dois. A Tabela 12 mostra a distribuição dos pesos e variáveis na matriz, sendo considerada a escala de valores a proposta por Saaty (1987). Portanto, os resultados alcançados nesse método serão usados na álgebra de mapas processados no ArcGis 10.6 (Tabela 14).

Tabela 12 – Distribuição dos pesos e variáveis

SOLO RELEVO TEMPERATURA UMIDADE VENTO

SOLO 1 2 6 2 7 RELEVO 1/2 1 2 2 5 TEMPERATURA 1/6 1/2 1 1 2 UMIDADE 1/2 1/2 1 1 5 VENTO 1/7 1/5 1/2 1/5 1 Fonte: Do Autor, 2018

A fim de verificar se as comparações são consistentes no preenchimento da matriz pareada, Saaty (1987) propõe a aplicação do Índice de Consistência (IC) da matriz (Equação 4). Segundo Ferreira (2011 p. 74) “o IC se baseia sobre a observação de se λ é sempre maior ou igual ao número de critérios sob consideração (n) para matrizes recíprocas. Se λ for igual a n a matriz de comparação pareada é consistente”.

(4) Em que:

IC = Índice de Consistência IC = ( λ max - n )

(42)

Após encontrar o IC, é preciso descobrir a Razão de Consistência (RC), pois conforme menciona Ferreira (2011, p. 74) “nessa etapa determina-se as comparações são consistentes”. Para se chegar nesse valor é necessário utilizar a Equação 5, que na sua composição necessita da razão entre o IC encontrado na Equação 4 e o IA (Índice de Aleatoriedade) utilizando um valor tabelado (Tabela 13) apresentado por Saaty (1987).

(5) Em que:

RC = Razão da Consistência IC = Índice de Consistência IA = Índice de Aleatoriedade

Tabela 13 – Índice Aleatório de Consistência

n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

RI 0 0 0,58 0,90 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49

Fonte: Adaptado Saaty (1987)

Se os valores encontrados forem superior a 0,1 houve algum erro na sua matriz de dados, sendo necessário uma nova ponderação de valores (SAATY, 1987). Mas caso os valores superiores a 0,1 sua matriz foi preenchida corretamente e com isso teve menor probabilidade de sua matriz ter sido gerada com valores aleatórios, e os seus pesos gerados podem ser utilizados na tomada de decisão (SAATY, 1987).

Tabela 14 – Resultados alcançados para utilização na álgebra de mapas

Critérios Pesos Solo 0,43 Relevo 0,24 Umidade 0,17 Temperatura 0,11 Altitude 0,05 Total 1,00 Fonte: Do Autor, 2018. RC = IC IA

(43)

3.4.2 Intensidade de Infestação (II)

Como uma forma de validar os resultados alcançados pelo método proposto foi realizado uma amostragem de campo para determinar a Intensidade de Infestação (II) desses locais. A escolha desse método de amostragem se deve conforme menciona Gallo et al. (2002) por ele proporcionar dados reais e precisos. A Intensidade de Infestação é obtida amostrando cinco pontos casualizados de 25 canas, tomadas: 5 canas (5 passos) + 5 canas (5 passos) + 5 canas (5 passos) + 5 canas (5 passos) + 5 canas (5 passos), totalizando 125 canas, representando até 50 hectares em cada talhão amostrado. Essas canas foram abertas longitudinalmente, contando-se o número total de entrenós e entrenós brocados Macedo et al., (2004). Para talhões com menos de 50 hectares será feita a amostragem de 2,5 canas/hectare, sendo: 125 canas/ 50 hectares = 2,5 canas/ hectare. Os dados obtidos serão aplicados na seguinte equação (Equação 6):

(6) Em que: II = Intensidade de Infestação 100 x (Nº de ENTRENÓS BROCADOS) II = Nº TOTAL DE ENTRENÓS

(44)

4 RESULTADOS

4.1 ÁLGEBRA DE MAPAS

Os resultados obtidos no método AHP (Tabela 14) foram utilizados na álgebra de mapas para se gerar resultados ponderados sobre os fatores: solo, relevo, umidade, temperatura e vento, com isso será possível identificar os locais com maiores suscetibilidades para a Diatraea saccharalis dentro de cada propriedade estudada (Figuras 14, 15 e 16). Os dados da AHP e os mapas dos fatores geográficos foram processadas no ArcGis 10.6 da seguinte forma (Equação 7):

(7) Em que:

ISDS – Identificação de Suscetibilidade à Diatraea saccharalis

ISDS =

5

(45)

Figura 14 – Faz. Boa Vista: Níveis de suscetibilidades à Diatraea saccharalis

Fonte: Do Autor, 2018

(46)

Figura 15 – Faz. Cruzeiro do Sul: Níveis de suscetibilidades à Diatraea saccharalis

Fonte: Do Autor, 2018

(47)

Figura 16 – Faz. Medalha Milagrosa: Níveis de suscetibilidades à Diatraea saccharalis

Fonte: Do Autor, 2018

(48)

4.2 VALIDAÇÃO VIA SENSORIAMENTO REMOTO

Para validação do método via sensoriamento remoto, foi realizado o NDVI utilizando imagens do sensor Planet que possui resolução espacial de 3 metros (Planet Team, 2017). Esse método é muito utilizado para detectar o índice vegetativo da cana-de-açúcar auxiliando no monitoramento da cultura e também na detecção de danos provocados por pragas. Conforme é mostrado nas Figuras 18 e 19, (destacadas em círculo vermelho) foi identificado que há locais que apresentaram comportamento diferenciado, que pode ser associado com a suscetibilidade daquele local a broca da cana.

Tabela 15 – Informações Satélite Planet – Faz. Boa Vista

Atributos Informações Técnicas

Identificação 20170512_140327_1_0c27

Data de Aquisição 12/05/2017

Bandas e Resolução Espacial Number 3 (RED) – 3 metros Number 4 (NIR) – 3 metros

Fonte: Adaptado Planet, 2018

Tabela 16 – Informações Satélite Planet – Faz. Cruzeiro do Sul e Medalha Milagrosa

Atributos Informações Técnicas

Identificação 20170316_130319_0c19

Data de Aquisição 16/03/2017

Bandas e Resolução Espacial Number 3 (RED) – 3 metros Number 4 (NIR) – 3 metros

(49)

Figura 17 – Faz. Boa Vista: NDVI x ISDS

(50)

Figura 18 – Faz. Cruzeiro do Sul: NDVI x ISDS

(51)

Figura 19 – Faz. Medalha Milagrosa: NDVI x ISDS

(52)

4.3 VALIDAÇÃO EM CAMPO

A validação em campo aconteceu em 84,44 hectares (21,31% de 396,16 hectares), pois as outras áreas já havia sido. A usina disponibilizou apoio técnico para a realização da amostragem (Figura 20). Nesse local, conforme Figura 21, foi realizado a amostragem de Intensidade de Infestação em talhões escolhidos aleatoriamente.

Figura 20 – Faz. Boa Vista: Intensidade de Infestação

LEITURA: a) Despalha da cana;

b) Cana-de-açúcar danificada por ataque da broca da cana Fonte: Do Autor, 2018.

(53)

Figura 21 – Faz. Boa Vista: II x ISDS

Fonte: Do Autor, 2018

Tabela 17– Resultado Intensidade de Infestação (I.I) – Faz. Boa Vista

Data Amostrage

m

Talhão Variedade Estágio (Corte) Área (ha) Canas Total de Entrenós Entrenós Brocados II (%) 10 5,12 13 171 2 1,17% 11 4,93 12 176 0 0,00% 13 3,96 10 149 3 2,01% 15 13,15 33 383 1 0,26% 19 6,40 16 248 3 1,21% 12/05/2017 20 RB966928 4ºC 6,99 17 304 2 0,66% 22 9,16 23 402 3 1,11% 23 8,22 21 359 4 0,75% 25 8,48 21 356 7 1,97% 27 13,82 35 539 25 4,64% 28 4,21 11 187 8 4,28% Fonte: Do Autor, 2018

(54)

5 DISCUSSÃO

Com base em Gallo et al. (2002) sobre os resultados de Intensidade de Infestação e do método de Identificação de Suscetibilidade à Diatraea saccharalis, pode-se verificar, conforme Tabela 16, que o método proposto obteve 100% (11 de 11 talhões avaliados – Faz. Boa Vista) de assertividade em validação a campo.

Tabela 18 – Grau de Infestação x Suscetibilidade à Diatraea saccharalis

Talhão Identificação a Suscetibilidade à Diatraea saccharalis (SDS) II (%) Grau de Infestação GALLO et al., (2002) 10 Ligeiro 1,17% Baixo 11 Ligeiro 0,00% Baixo 13 Ligeiro 2,01% Baixo 15 Ligeiro 0,26% Baixo 19 Ligeiro 1,21% Baixo 20 Ligeiro 0,66% Baixo 22 Ligeiro 1,11% Baixo 23 Ligeiro 0,75% Baixo 25 Ligeiro 1,97% Baixo 27 Ligeiro 4,64% Baixo 28 Ligeiro 4,28% Baixo Fonte: Do Autor, 2018

Nota-se que nos talhões 27 e 28 que tiveram infestações maiores, 4,64% e 4,28% respectivamente, em comparação com os outros talhões, seu nível de suscetibilidade – Ligeiro – está quase alcançando o próximo nível – Moderado – sendo possível essa identificação pela escala de cores usados na parametrização dos mapas (Figura 21). No restante dos talhões fica evidenciado a assertividade nas comparações entre os níveis de suscetibilidades proposta por essa metodologia e de intensidade de infestação verificados a campo. Já nas fazendas Medalha Milagrosa e Cruzeiro do Sul como não foi possível a validação em campo, foi validado via sensoriamento remoto utilizando o NDVI, sendo possível identificar (Figuras 18 e 19 – destacadas em círculo vermelho) que há locais que apresentaram alterações que podem ser associadas a suscetibilidade daquele local a broca da cana.

(55)

Nos outros locais com alterações, é necessário a correlação com outros fatores que também impactam a produtividade, sendo: pisoteio, compactação do solo, falha nutricional, falhas de plantio, dentre outras. Mas ressalta-se que também nos locais destacados pode-se haver esses mesmos problemas, mas sua associação com a suscetibilidade é pertinente devido estar nos locais identificados pelo método. Ressalta-se, conforme menciona Riffel et al. (2012, p. 2) que “o conhecimento da distribuição espaço-temporal de insetos-pragas nas culturas agrícolas, por meio do uso de ferramentas da agricultura de precisão, tem sido apontado como uma importante estratégia no Manejo Integrado de Pragas (MIP)”. As ferramentas da agricultura de precisão visão melhorar a eficiência no campo identificando os locais atacados durante o desenvolvimento das culturas agrícolas para diminuir as perdas ao final da safra.

Segundo Riffel et al. (2012, p. 2) “diante disso, no atual cenário de intensas transformações e inovações tecnológicas voltadas à agricultura, o monitoramento georreferenciado possui grande interesse econômico para o conhecimento das dinâmicas dos insetos-pragas nas diferentes áreas produtivas”. Os resultados mostram que o método poderá ser utilizado para o mapeamento de grandes extensões de áreas plantadas. Ressalta-se porém, que as amostragens de campo são essenciais para a confirmação dos dados gerados para uma maior assertividade na tomada de decisão. Os mapas gerados também poderão ser utilizados para direcionar as equipes de amostragem, criando uma alternativa para se fazer levantamentos direcionados corretamente, alcançando assim melhores resultados operacionais e desenvolvendo um controle eficiente para a Diatraea saccharalis, pois permitirá identificar os locais com maior suscetibilidade e com isso o controle biológico poderá ser mais eficiente, diminuindo assim o uso de defensivos químicos que acabam impactando o meio ambiente, além da redução dos custos de produção.

(56)

6 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos mostram que o método proposto com base na análise multicritério de variáveis geográficas poderá contribuir para identificar os locais dentro de uma fazenda com maior suscetibilidade a Diatraea saccharalis, pois essa pesquisa confronta as combinações geográficas e sua dinâmica em relação a broca da cana. Diante disso, o método permite o monitoramento desses locais e indica um quantitativo de área que poderá ser atacada por essa praga. A partir disso, essas informações poderão ser adotadas para otimizar as amostragens e levantamentos de campo permitindo assim direcionar corretamente as equipes antecipando os ataques e permitindo um menor uso de defensivos químicos e aumento do uso do controle biológico.

O método proposto nessa pesquisa possui caráter atual, pois se baseia na análise multicritérios de fatores geográficos e suas influências na broca da cana utilizando o geoprocessamento e suas ferramentas na modelagem de dados geográficos, mas ressalta-se que o método necessita de maiores validações, seja em campo com um aprofundamento maior nas amostragens, seja na criação de áreas de controle, na verificação e validação de todas variáveis estudadas, e sempre associando a análises estatísticas e práticas em campo para verificar sua aplicação na tomada de decisão.

Foi identificado que as variáveis que utiliza-se de dados do clima (temperatura) na formatação do método pesquisado, necessita de possuir dados mais próximos ou mesmo dentro das fazendas pesquisadas, pois, os dados utilizados na pesquisa foi da estação meteorológica de Uberaba-MG que encontra-se na borda do município possuindo assim uma distância considerável sobre a localização das fazendas, mas reafirma-se que mesmo a estação meteorológica de Uberlândia-MG também é distante e encontra-se dentro da área urbana. Para novas validações, ressalta-se a importância de possuir estações meteorológicas mais próximas ao local estudado para não interferir na modelagem dos dados.

Em termos econômicos o método apresentado poderá ser aplicado devido ao seu baixo custo na aquisição de dados, pois as informações e dados utilizados são de acesso livre, e o SIG para a modelagem dos dados poderá ser um software livre.

(57)

REFERÊNCIAS

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