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A influência da dança tradicional portuguesa na aptidão funcional e no equilíbrio de idosos institucionalizados

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A Influência da dança tradicional portuguesa na aptidão funcional e no

equilíbrio de idosos institucionalizados

Dissertação de Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso

PAULA ALEXANDRA LOPES SANTOS Prof.ª Dra. Maria Paula Gonçalves da Mota Prof.ª Dra. Maria Leonor Rocha

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A Influência da dança tradicional portuguesa na aptidão funcional e no

equilíbrio de idosos institucionalizados

Dissertação de Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso

PAULA ALEXANDRA LOPES SANTOS

Orientadoras: Prof.ª Dra Maria Paula Gonçalves da Mota Prof.ª Dra Maria Leonor Rocha

Composição do Júri:

Prof. Dr. José Carlos Gomes de Carvalho Leitão Prof. Dra. Maria Dolores Alves Ferreira Monteiro Prof. Dra. Maria Paula Gonçalves da Mota

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iii Esta dissertação foi expressamente elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre em Gerontologia, Atividade Física e Saúde no Idoso (2º ciclo de estudos) pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, de acordo com o disposto no Decreto-Lei 107/2008 de 25 de junho.

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iv

Agradecimentos

No final de mais uma etapa na vida académica gostaria de agradecer a todos aqueles que me apoiaram e me deram forças para continuar.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, de um modo particular à Professora Doutora Paula Mota pelo incentivo, paciência, ajuda e partilha de conhecimentos para que esta dissertação fosse realizada e à Professora Doutora Maria Leonor Rocha pela sua disponibilidade e contributo para a realização deste estudo.

À Santa Casa da Misericórdia de Murça por me ter dado a possibilidade de realizar o estudo e aos meus queridos utentes que disseram “sim”, pelo seu esforço, dedicação e empenho na realização das suas tarefas.

À minha família, nomeadamente os meus pais, avós, irmã e futuro cunhado e também à família que ganhei com os laços do casamento, que sempre me incentivaram a continuar a estudar e me apoiaram sempre, cada um à sua maneira, em tudo aquilo que precisei e continuo a precisar.

Ao meu marido, Paulo, pelo amor, dedicação, pelo “claro que vais conseguir” e “não desistes nada” sempre na hora certa e pela paciência de ter de me partilhar com os estudos nesta fase inicial da vida a dois.

Às minhas princesinhas, Bia, Mariana e Joana pelos sorrisos que me contagiam e pelos abracinhos apertados que davam energia para que o trabalho pudesse avançar.

Aos meus colegas de trabalho, que tiveram de trabalhar mais para compensar as minhas ausências e muito tiveram que me ouvir a falar das danças e das avaliações.

À minha amiga e colega que embarcou comigo nesta aventura, Sónia Rocha, pelas horas de estudo partilhadas, pela energia que me dava quando me estava a falhar e pela amizade que sem dúvida ficou mais fortalecida depois destes dois anos.

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v

Resumo

O processo de envelhecimento, que constituí um tema central na sociedade atual, encontra-se associado a um decréscimo das capacidades funcionais e fisiológicas, sendo cada vez maior a preocupação em melhorar a qualidade de vida dos idosos. Prova deste facto, são os inúmeros estudos relacionados com a tentativa de perceber, analisar e criar alternativas para que se evite o sedentarismo e consequentemente se aumente a qualidade de vida e autonomia desta população.

A presente investigação pretendeu avaliar a influência de um programa de danças tradicionais portuguesas na aptidão funcional e no equilíbrio de idosos institucionalizados. Para o efeito, foi elaborado e aplicado um plano de danças tradicionais portuguesas, de duas vezes por semana (60 minutos por sessão), durante 12 semanas, a uma população de 26 idosos, do lar e centro de dia da Santa Casa da Misericórdia de Murça.

Para recolha de informação relevante para dar resposta ao objeto de estudo, recorreu-se à utilização da Bateria de testes de Rikli-Jones (2001) e da Plataforma de Forças QFP

systems, aplicados antes e após a realização do plano de dança, de forma a permitir avaliar a

contribuição do mesmo para a aptidão física e para o equilíbrio dos participantes. Para a comparação entre os momentos foi utilizado o t-teste para amostras emparelhadas e o teste de Wilcoxon de acordo com a distribuição dos dados. O nível de significância foi estabelecido em p <0,05.

Os resultados obtidos apresentaram evidências de que a prática de danças tradicionais promove melhoria da aptidão funcional e na capacidade de ajuste postural, em idosos.

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vi

Abstract

The aging process, which constitutes a central issue in today's society, is associated with a decrease in functional and physiological capabilities, increasing the concern being to improve the quality of life for seniors. Evidence of this are the numerous studies related to the attempt to understand, analyze and create alternatives in order to avoid a sedentary lifestyle and consequently to increase the quality of life and autonomy of this population.

This research aimed to evaluate the influence of a program of traditional Portuguese dances in functional fitness and balance of institutionalized elderly. To this end, it has developed and implemented a plan of traditional Portuguese dances twice a week (60 minutes per session) for 12 weeks, to a population of 26 elderly, home and day center for the Santa Casa da Misericordia de Murça.

To collect information relevant to meet the object of study, it resorted to the use the battery of Rikli-Jones tests (2001) and the forces platform QFP systems, applied before and after performing the dance plan to allow assess its contribution to physical fitness and balance of participants. To compare times was used t-test for paired samples and the Wilcoxon test according to distribution of data. The level of significance was set at p<0,05. The results showed evidence that the practice of traditional dances promotes improved functional fitness and postural adjustment ability, in the elderly.

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vii Indíce Geral

Agradecimentos ... iv

Resumo ... v

Abstract ... vi

Lista de Abreviaturas ... xii

1.Introdução ... 13

2. Revisão da literatura ... 17

2.1. Envelhecimento ... 17

2.1.1 Envelhecimento – Perspetivas Demográficas ... 17

2.1.2 Processo de Envelhecimento ... 18

2.1.2.1 Envelhecimento e Aptidão Funcional ... 21

2.1.2.2 Envelhecimento e equilíbrio ... 23

2.2. Envelhecimento e institucionalização ... 25

2.3 Exercício físico no envelhecimento ... 27

2.3.1 - A dança ... 30 3. Metodologia ... 35 3.1. Amostra ... 35 3.2 Variáveis ... 35 3.3 Instrumentos ... 35 3.3.1 Questionário Demográfico ... 36

3.3.2 Avaliação da aptidão física funcional pelo protocolo Senior Fitness Test de Rikli e Jones (2001) ... 36

3.3.3. Avaliação do equilíbrio pela utilização da Plataforma de forças estabilométrica .. 37

3.4 Procedimentos ... 38

3.5. Tratamento estatístico ... 39

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viii 5. Discussão ... 51 Conclusão ... 55 Bibliografia ... 57 Anexos ... 71 ANEXO I ... 72 ANEXO 2 ... 73 ANEXO 3 ... 75 ANEXO 4 ... 79

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ix Índice de Tabelas

Tabela 1 - Estudos acerca da relação entre exercício físico, aptidão funcional, equilíbrio e risco de queda em idosos ... 32 Tabela 2 - Caracterização da amostra relativamente ao sexo, idade (Média( x) ̅ e desvio-padrão DP), escolaridade, tempo de institucionalização e estado civil. ... 41 Tabela 3 - Caracterização da amostra relativamente ao uso de auxiliar de marcha, ocorrência de quedas e prática de atividade física. ... 42 Tabela 4 - Valores médios e desvio padrão (x ̅±DP) obtidos nos testes da Bateria de Rikli-Jones. ... 42 Tabela 5 - Valores médios e desvio padrão (x ̅±DP) obtidos nos testes de equilíbrio. ... 47

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x Índice de Figuras

Figura 1- Projeções demográficas para Portugal entre 2013 e 2060. Fonte: EUROSTAT ... 17 Figura 2- Alterações decorrentes do processo de envelhecimento. Fonte: Elaboração própria com base em Fechine & Trompieri (2007). ... 19 Figura 3 - Esquema dos procedimentos do estudo; Fonte própria ... 38

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xi Indice de Gráficos

Gráfico 1 - Resultados obtidos para o teste de flexão do Antebraço, por género, antes e depois do programa de danças tradicionais. ... 43 Gráfico 2 - Resultados obtidos para o teste levantar/sentar antes e depois da aplicação do programa de danças tradicionais, por género e na amostra total. ... 44 Gráfico 3 - Resultados obtidos para a capacidade aeróbia, por género, antes e depois do programa de danças tradicionais. ... 44 Gráfico 4 - Resultados obtidos no teste sentar/caminhar nas fases de pré e pós-teste, para cada um dos sexos e para a totalidade da amostra. ... 45 Gráfico 5 - Resultados obtidos para a variável Back and Scratch nas fases de pré e pós-teste, por cada um dos sexos e para a totalidade da amostra. ... 45 Gráfico 6 - Resultados obtidos para o teste Chair seat &Reach nas fases de pré-teste e pós-teste, para cada um dos sexos e para a totalidade da amostra. ... 46 Gráfico 7 - Resultados obtidos para o IMC nas fases de pré-teste e pós-teste, para cada um dos sexos e para a totalidade da amostra. ... 46 Gráfico 8 - Resultados obtidos para a variável “superfície” nas fases de pré-teste e pós-teste, para cada um dos sexos e para a totalidade da amostra ... 48 Gráfico 9 - Resultados obtidos no teste de equilíbrio para a variável “XY” nas fases de pré-teste e pós-pré-teste, para cada um dos sexos e para o total de participantes. ... 48 Gráfico 10- Resultados obtidos no teste de equilíbrio para a variável “X” nas fases de pré-teste e pós-pré-teste, para cada um dos sexos e para o total de participantes. ... 49 Gráfico 11- Resultados obtidos no teste de equilíbrio para a variável Y nas fases de pré-teste e pós-teste, para cada um dos sexos e para o total de participantes. ... 49 Gráfico 12- Resultados obtidos no teste de equilíbrio para a variável “VM” nas fases de pré-teste e pós-pré-teste, para cada um dos sexos e para o total de participantes. ... 50

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Lista de Abreviaturas

AVDs – Atividades de Vida Diária ILP – Instituições de Longa Permanência IMC – Índice de massa corporal

INE – Instituto Nacional de Estatística OMS - Organização Mundial de Saúde

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1.Introdução

Ao longo dos anos, a população idosa tem vindo a aumentar, com o aumento da esperança média de vida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reporta que as pessoas estão a viver mais tempo, no mundo inteiro (2005).

De acordo com um documento lançado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), estamos perante um duplo envelhecimento demográfico, já que se verifica um aumento do número de idosos e a diminuição do número de jovens e do número de pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos (população em idade ativa) (INE, 2014). Se este aumento representa, por um lado, um dos maiores triunfos da história da humanidade, por outro lado, representa também um dos maiores desafios, já que o envelhecimento terá como consequência a dificuldade por parte das estruturas de apoio, a nível mundial, em suportar os encargos sociais e de saúde desta população, uma vez que a população idosa carece de um grande suporte para manutenção da sua qualidade de vida, dignidade e papel na sociedade.

A institucionalização é assim, a solução para muitos idosos, sendo muitas vezes um problema na medida em que apesar de constituir uma forma de apoio ao idoso, constitui também um processo que requer adaptação e aceitação, o que nem sempre é vivido de forma positiva. No sentido de retardar esta solução, a OMS reitera que os países têm a possibilidade de promover e financiar o envelhecimento, através da conceção e implementação de políticas e programas de envelhecimento ativo que promovam a saúde, a participação e a segurança dos cidadãos com idade mais avançada (OMS, 2005).

É importante que os idosos adotem um estilo de vida ativo que deve ser encarado como uma estratégia de quebra do sedentarismo, que tem como consequência a adoção de um estilo de vida que conduz à doença, culminando com a inatividade completa, permitindo colocar de parte os padrões da velhice sem movimento e sem participação ativa (Salin, Mazo, Cardoso & Garcia, 2011). Neste sentido, um dos grandes objetivos que se coloca é a redução das consequências do envelhecimento, já que, com o passar dos anos, o organismo humano passa por um processo natural de envelhecimento, gerando modificações funcionais e estruturais, diminuindo a vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças, a todos os níveis (Ruwer, Rossi & Simon, 2005; Inácio, 2011; Rosa, 2012).

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14 Estas transformações colocam em causa a aptidão funcional e o equilíbrio do idoso, sendo que o desequilíbrio constitui um dos maiores problemas que afeta a população idosa, constituindo uma das maiores causas de invalidez ou morte da população desta faixa etária (Ruwer, Rossi & Simon, 2005; Inácio, 2011; Rosa, 2012).

Neste processo degenerativo, ocorrem diversas mudanças morfológicas e funcionais no organismo destacando-se as doenças crónicas-degenerativas, que levam à limitação funcional, aumentado o risco de quedas que aumenta progressivamente com a idade (Gonçalves et al. 2010).

O desenvolvimento e implementação de programas com o objetivo de proporcionar à população idosa formas de combater o sedentarismo e o envelhecimento que lhe é característico, bem como retardar os efeitos deste na saúde e aptidão funcional desta população, constitui-se fundamental (Caldas, Ramos, Logrado, Perdigão & Lima, 2005).

Com o envelhecimento da população na ordem do dia, diversos estudos têm demonstrado que, com a adoção de um estilo de vida ativo, a aptidão funcional do idoso é menos afetada assim como a sua autonomia e independência funcional, dando sentido à necessidade de se proporcionar à população idosa estímulos de natureza física, emocional, social e intelectual (Matsudo, Matsudo & Neto, 2001; Sousa, Galante & Figueiredo, 2003; Maciel,2010; Pernambuco, Rodrigues, Bezerra, Carrielo, Fernandes, Vale & Danta, 2011; Neto & Castro, 2012).

O investimento por parte da comunidade médica, cientifica, bem como dos setores públicos, na discussão do tema envelhecimento e qualidade de vida dos idosos, tem como consequência uma maior consciencialização, educação e procura da melhoria da qualidade de vida desta população, tendo em conta os benefícios fisiológicos, as relações sociais e a manutenção da autonomia, existindo uma maior motivação das pessoas pela prática de exercício físico e atividades que promovam a saúde e o retardamento das consequências do envelhecimento (Petrica, Lima & Pereira, 2008). Na linha da frente, entre as atividades que permitem atenuar os sintomas consequentes do envelhecimento, o exercício físico apresenta-se como uma das soluções para a velhice. Com efeito, diversos estudos comprovam os benefícios para o idoso da sua prática regular, que se manifestam quer na vida emocional, quer na realização das atividades do dia-a-dia, permitindo aumentar a amplitude de

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15 2008; Maciel, 2010; Pernambuco, Rodrigues, Bezerra, Carrielo, Fernandes, Vale & Danta, 2011; Paiva, Santos, Silva, Silva, Silva & Borragine, 2012).

No contexto do exercício físico como prática estimulante, Miranda e Sousa (2009) referem a música como um elemento valioso. Sendo a música considerada uma atividade coadjuvante na terapia de vários quadros patológicos que são característicos da terceira idade e por apresentar potencial para diminuir alguns eventos fisiológicos característicos do processo de envelhecimento, também pode proporcionar uma diminuição da imobilidade, promover a integração social e ser uma atividade distrativa com inúmeros benefícios (Connolly & Redding, 2010). Além de um eficaz coadjuvante na terapêutica de vários quadros patológicos como a doença de Parkinson, quadros demenciais, osteoartrite, osteoporose, insuficiência cardíaca crónica, o exercício físico com música é uma atividade com potencial para desacelerar alguns dos eventos fisiológicos característicos do processo de envelhecimento, como sarcopenia, osteopenia, diminuição da velocidade dos reflexos neuromusculares, diminuição do equilíbrio, contrariando também o condicionamento físico dos indivíduos idosos (Harmer & Orrell, 2002; Palo-Bengsston & Ekman, 2002; Rösler et al., 2002; Federici, Bellagamba & Rocchi, 2005; Bertram & Stickley, 2009; Eyigor et al., 2009; Hackney & Earhart, 2009; Connolly & Redding, 2010).

Na sequência das atividades físicas aliadas à música, a dança, por ser uma atividade divertida de baixo impacto, pode ser uma atividade adequada para indivíduos de mais idade, podendo contribuir positivamente para melhorar o equilíbrio global, diminuir os riscos de queda, muito comuns nesta faixa etária, incentivar o movimento diversificado, ultrapassando os movimentos obrigatórios do dia-a-dia, o que contribui também para uma melhoria significativa da resistência e da destreza (Maciel, 2010). A dança é, como tal, um exercício físico completo, constituindo um benefício em termos de funcionamento global do organismo (Maciel, 2010).

A corroborar estes dados, a literatura (Bocalini, Santos & Miranda, 2007; Santana,

Corradini & Carneiro, 2008; Toloka, Leme & Zanuzzo, 2011). reporta alguns estudos

realizados com o intuito de estudar o efeito da dança no equilíbrio e capacidade motora de

indivíduos idosos, cuja avaliação recaia sobre as variáveis musicalidade, técnica, postura e

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Contudo, a literatura demonstra que a investigação apresenta ainda maior incidência sobre a componente emocional, cognitiva e social, existindo uma separação entre aptidão funcional, equilíbrio e o risco de queda nos artigos consultados. Existe, deste modo, a necessidade de conjugar a avaliação da aptidão funcional e equilíbrio num estudo único, de forma a consolidar as evidências já mencionadas.

Assente nestas ideias, surgiu a presente investigação, que pretende explorar a influência de um programa de danças tradicionais, aplicado junto de uma população de idosos institucionalizados, ao nível da aptidão física funcional e equilíbrio, cujo objetivo principal incide em avaliar a influência de um programa de danças tradicionais na aptidão física e equilíbrio de idosos institucionalizados.

A investigação encontra-se estruturada em duas partes. A primeira parte compreende a revisão da literatura existente sobre a problemática do envelhecimento, institucionalização e benefícios do exercício físico e da música para o idoso, particularmente no que se refere à aptidão funcional e ao equilíbrio. Numa segunda parte, é apresentado um estudo sobre a influência de um programa de danças tradicionais na aptidão funcional e no equilíbrio de idosos institucionalizados, que foi aplicado a uma amostra de 26 idosos do Lar e Centro de dia Santa Casa da Misericórdia de Murça.

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2. Revisão da literatura

2.1. Envelhecimento

2.1.1 Envelhecimento – Perspetivas Demográficas

O envelhecimento assume uma posição central entre as principais problemáticas do século XXI. As sociedades atuais estão envelhecidas, e entre elas, Portugal representa um dos países mais envelhecidos do mundo contemporâneo, “protagonizando” no cenário internacional, os benefícios e desafios de uma crescente longevidade (Cabral, Ferreira, Silva, Jerónimo & Marques, 2013). Corroborando esta perspetiva, de acordo com a OMS (2015), a população idosa tem vindo a aumentar, já que com o aumento da esperança média de vida, as pessoas estão a viver mais tempo, no mundo inteiro. Na base deste fato, encontram-se a conjugação da queda da fecundidade com o aumento da esperança média de vida, e a elevada emigração portuguesa das décadas de 60 e 70, como os fatores que estão na base do envelhecimento da população e da importância absoluta e relativa que a população idosa tem hoje na sociedade portuguesa (Cabral et al., 2013).

Um documento lançado pelo INE revelou que em Portugal, em 2011, o índice de envelhecimento da população era de 128, ou seja, por cada 100 jovens existiam 128 idosos (um aumento de 25% em relação a 2001), números que permitem confirmar o duplo envelhecimento demográfico (INE, 2014). Os dados da EUROSTAT referem, ainda, que, em 2050 três em cada dez pessoas terão 65 ou mais anos (Figura 1). O cenário demográfico acentuará por consequência o envelhecimento, comummente medido pelo rácio entre idosos e jovens (EUROSTAT, 2013).

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18 Apesar de representar uma das maiores vitórias da humanidade, este aumento constitui também um dos maiores desafios, já que o envelhecimento está associado a um declínio global da funcionalidade, como resultado da fragilidade que o individuo vai adquirindo gradualmente ou por consequência indesejável de medicação ou tratamentos (Botelho, 2014). Como resultado da perda de funcionalidade, o individuo experimenta dificuldade em manter as suas rotinas diárias, o autocuidado, resultando numa perda de autonomia que obriga ao recurso a estruturas de apoio informais ou especializadas (Saraiva, 2011).

2.1.2 Processo de Envelhecimento

O processo de envelhecimento é um processo multidimensional, cujas definições e contextualização de forma exata, objetiva e precisa, dependendo da área que o investigador perfilha, apresentam uma pluralidade de aspetos relevantes, não havendo uma diretriz única a considerar (Caliman & Gomes, 2014).

Um dos problemas que surge nesta temática é a categorização e definição do que é “o ser idoso” e a delimitação temporal para o início da terceira idade. Na perspetiva de muitos autores (Netto, 2002; Shepphard, 2003; Fechine & Trompieri, 2012) e da própria OMS (2015), um indivíduo atinge a terceira idade aos 65 anos de idade cronológica. Em contraponto, outros autores (Spidurso,1995, Caetano et al., 2006) referem não existir uma classificação única de idoso, nem uma definição concreta do que é ou de quando se entra na terceira idade, uma vez que as diferenças a nível biológico devem ser consideradas. Estas diferenças dependem também de fatores como o estilo de vida, condições socioeconómicas e doenças crónicas, reportando ao conceito biológico e psíquico. O conceito biológico relaciona-se com aspetos nos planos molecular, celular, tecidular e orgânico do indivíduo. O conceito psíquico, é a relação das dimensões cognitivas e psicoafectivas, interferindo na personalidade e afeto (Fechine & Trompieri, 2012).

São várias as definições biológicas de envelhecimento, no entanto, todas elas preconizam uma perda de funcionalidade progressiva, relacionada com o aumento da idade, assim como com o aumento da suscetibilidade, doenças e consequentemente a possibilidade de morte (Mota, Figueiredo e Duarte, 2004).

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19

Envelhecimento Diminuição do fluxo

sanguíneo para os

rins, fígado e cérebro Diminuição da capacidade do fígado para eliminar toxinas e metabolizar a maioria dos medicamentos Diminuição da frequência cardíaca máxima, sem diminuição da frequência cardíaca em repouso Diminuição do débito cardíaco máximo Diminuição da tolerância à glicose Diminuição da capacidade pulmonar de mobilização do ar Aumento da quantidade de ar retido nos pulmões depois de uma expiração Diminuição da função celular de combate às infeções

O processo de envelhecimento é natural, universal e irreversível, ocorre com todos os indivíduos, envolve alterações neurobiológicas estruturais, funcionais e químicas, fortemente influenciadas por fatores ambientais e socioculturais, como a qualidade e estilo de vida, dieta, sedentarismo e exercício físico, sendo estes um forte determinante do envelhecimento sadio ou patológico (Cader, 2006; Santos, Andrade & Bueno, 2009; Medeiros, 2012).

Os aspetos biológicos são constituídos principalmente pelas alterações nos sistemas cardiovascular, nervoso, endócrino, respiratório, muscular, renal, gastrointestinal e imunológico, com repercussões na diminuição das capacidades físicas e pondo em causa a sua aptidão na capacidade de realização das atividades de vida diária (AVD) (Martins, 2004; Santos, Andrade & Bueno, 2009; Maciel, 2010; Agência Nacional da Saúde Suplementar, 2011; Rosa, 2012).

As mudanças morfológicas e funcionais que acontecem no decorrer da vida devem-se à conjugação de três fatores: processo do envelhecimento, presença de doenças e estilo de vida, nos quais se enquadram hábitos tabágicos, consumo de bebidas alcoólicas, alimentação entre outros (Silva, 2012). Embora o organismo envelhecido possa sobreviver adequadamente, quando submetido a situações de stress físico e emocional, pode apresentar dificuldade em manter a homeostasia, manifestando sobrecarga funcional, que por sua vez poderá manifestar-se sob a forma de processos patológicos, uma vez que se verifica comprometimento dos vários sistemas (figura 2) (Firmino, 2006).

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20 O sistema respiratório é o sistema do organismo referido como aquele que envelhece mais rapidamente devido à maior exposição a poluentes ambientais ao longo dos anos. No processo de envelhecimento verifica-se diminuição da capacidade pulmonar de mobilização do ar e aumento da quantidade retida nos pulmões depois de uma expiração, como consequência das alterações morfológicas e estruturais que ocorrem no pulmão. A capacidade vital sofre, geralmente, uma redução de quase 25% ou 40%. As mudanças que ocorrem a nível pulmonar são clinicamente relevantes, já que a deterioração da função pulmonar está associada ao aumento da taxa de mortalidade (Ruivo, Viana, Martins & Baeta, 2009).

No que respeita ao sistema imunitário verifica-se diminuição da função celular no combate às infeções, que é resultado das alterações funcionais e morfológicas das células, o que consequentemente leva a uma maior morbilidade e mortalidade nesta população (Kinoshita, 2014).

Relativamente à função cardíaca verifica-se uma diminuição da frequência cardíaca máxima, sem diminuição da frequência cardíaca em repouso e diminuição do fluxo sanguíneo para os rins, fígado e cérebro como consequência da diminuição da elasticidade e funções principais do sistema circulatório (Vaisman et al., 2015). Ocorre também diminuição do débito cardíaco máximo ou seja, redução na saída do sangue a partir de ventrículos do coração. (Oliveira, 2010). Esta diminuição acarreta como consequências outras doenças como hipertensão, enfarte do miocárdio, doença valvular cardíaca, arritmias cardíacas, entre outras (Oliveira, 2010).

Ao nível da função renal, verificam-se alterações na estrutura dos rins, que perdem a capacidade de remover completamente as impurezas do organismo. Também, os músculos dos ureteres, da bexiga e da uretra tendem a perder força. Como consequência destes fatores, o organismo fica mais vulnerável a infecções urinárias (Abreu, Sesso & Ramos, 1998; Tonelli & Riella, 2014).

Por fim, verifica-se também uma diminuição da tolerância à glicose que surge como consequência da diminuição de insulina, havendo também uma diminuição do teor da enzima lactase. Durante o processo de envelhecimento, surgem modificações do metabolismo de cálcio e vitamina D, acelerando-se a perda óssea e contribuindo para o desenvolvimento de doenças como osteoporose (Ribeiro, 2014).

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21 Como consequência do avanço da idade e das transformações anteriormente mencionadas, verifica-se uma tendência natural para a diminuição da atuação do indivíduo idoso no seu meio, verificando-se uma redução da capacidade de realizar as atividades do seu quotidiano, frequentemente associadas ao risco de incapacidade e à diminuição da qualidade de vida, tendo como consequência a perda da independência e autonomia para a realização das AVD (Rosa Neto, 2009).

O processo de envelhecimento é muitas vezes vivido de forma inativa, favorecendo as incapacidades e a dependência. À medida que a idade aumenta, diminui a percentagem de anos em que o indivíduo permanece livre de incapacidade funcional e aumentam o número de anos em que este se mantém dependente de terceiros para realizar as suas AVD. O declínio das capacidades físicas e as alterações decorrentes do processo de envelhecimento, geram, portanto, perdas na aptidão funcional (Coelho, Junior & Gobbi, 2008).

Numa perspetiva mais funcional, a capacidade das pessoas idosas serem independentes e executarem as suas AVD depende largamente da manutenção da capacidade aeróbia e da força, e por consequência, a aptidão funcional, equilíbrio e risco de queda assumem extrema relevância na manutenção da autonomia e independência da população idosa. Também a diminuição da capacidade aeróbia acelera drasticamente a cada década de vida, independentemente dos hábitos de exercício físico (Fleg et al., 2005).

2.1.2.1 Envelhecimento e Aptidão Funcional

Relacionado com o envelhecimento, saúde e aptidão física, surge o conceito de aptidão funcional, como um dos fatores mais relevantes na análise dos efeitos do envelhecimento, como reflexo do seu grau, melhor até do que a idade cronológica (Matsudo, 2001). A aptidão funcional ou capacidade funcional é definida como a capacidade de desempenhar as atividades básicas e espontâneas do dia-a-dia, de forma eficaz, em segurança, sem que a realização destas tarefas envolva cansaço excessivo (Coelho, Junior & Gobbi, 2008). A sua perda ocorre durante o processo de envelhecimento, sendo mais evidente nas idades mais avançadas e compromete a saúde e a qualidade de vida do idoso (Piccoli, Santos, Ferrareze & Junior, 2009).

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22 De entre as componentes da aptidão funcional, o foco incide sobre as faculdades observáveis e mensuráveis, sendo que os instrumentos de avaliação no terreno podem não ser sensíveis a pequenas perdas de capacidade. Como tal, de entre as dimensões mensuráveis, a capacidade de andar, correr, subir degraus, cumprir sequências de tarefas, coordenar movimentos, controlo motor, são as de maior importância que permitem avaliar a capacidade funcional e qualidade de vida do idoso (Santos & Cunha, 2014). Assim sendo, um bom controlo motor, contribui para manutenção da aptidão funcional do idoso, garantindo a sua autonomia, a possibilidade de experienciar o mundo exterior e vivenciar experiências concretas (Rosa Neto, 2009).

As alterações motoras mais relevantes ocorrem ao nível do sistema neuromuscular, entre as quais se destacam as que configuram maior impacto na mobilidade e capacidade funcional, como a diminuição da força, resistência muscular e a flexibilidade articular, que condicionam a coordenação motora e o equilíbrio, e ainda a velocidade e a agilidade (Rosa, 2012). A força e a resistência muscular são capacidades fundamentais ao longo de toda a vida, no entanto, adquirem maior importância à medida que os indivíduos envelhecem (Rosa, 2012) já que a sua perda proporciona limitações funcionais aos idosos, sendo este um fator que gera muitos processos patológicos associados ao aumento da morbilidade e mortalidade. A capacidade física é como tal, fundamental para a manutenção de uma ótima função motriz e consequentemente para uma boa qualidade de vida (Carvalho & Soares, 2004; Rosa, 2012).

Durante o processo de envelhecimento, as alterações no sistema neuromuscular traduzem-se na manifestação da redução da força máxima, da potência, da velocidade, da flexibilidade e/ou da precisão dos movimentos como consequência da tendência para atrofia muscular, conhecida por sarcopenia (Correia et al, 2006), com consequências funcionais no andar e no equilíbrio, aumentando o risco de queda e perda da independência física funcional, e também no aumento do risco de doenças crónicas, como diabetes e osteoporose (Schultz,1992; Correia et al 2006).

A diminuição da aptidão funcional, constitui uma consequência inevitável do processo de envelhecimento, e apesar de a sua intensidade não ser transversal para todos os indivíduos da mesma faixa etária, de um modo geral, configura-se uma realidade premente na população idosa. De tal forma, que, quanto maior for o declínio da aptidão funcional, maior a tendência do idoso para apresentar fadiga corporal e mental, aumentando assim o nível de stress,

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23 ansiedade e angústia que de si já são propícios a esta fase da vida. Por outro lado, o declínio do equilíbrio tem como consequência o aumento da probabilidade de ocorrência de acidentes, colocando o idoso em risco (Sebastião, Hamanaka, Gobbi & Gobbi, 2008).

2.1.2.2 Envelhecimento e equilíbrio

O equilíbrio é um dos fatores de extrema importância quando se reporta à ocorrência de quedas ou de risco de ocorrência de acidentes na população idosa (Silveira, Menuchi, Simões, Caetano & Gobbi, 2006). Embora se pense em equilíbrio, geralmente, somente em ocasiões especiais, como manter a postura unipedal ou caminhar sobre uma superfície estreita ou piso molhado, os mecanismos envolvidos no controle postural são requeridos em atividades quotidianas como caminhar, levantar-se, mudar de direção e subir escadas (Ramos, 2003).

De acordo com vários estudos, o equilíbrio corporal sofre declínios decorrentes do processo de envelhecimento, sendo uma das funções mais afetadas (Teixeira et al, 2011; Mann, Kleinpaul, Mota & Sabtos, 2009; Hernandez, Coelho, Gobbi & Stella, 2010). Na origem destes declínios, encontram-se as alterações fisiológicas, como a diminuição das aferências do sistema visual, vestibular e sensorial, associadas às alterações músculo-esqueléticas, como a diminuição da massa muscular, força e velocidade da contração muscular, que interferem negativamente no controlo postural dos idosos (Teixeira et al., 2011).

O controlo do equilíbrio consiste em manter o centro de gravidade na base de sustentação, quer em equilíbrio estático ou em dinâmico (Maciel & Guerra, 2005). Com o avançar da idade, são visíveis alterações no equilíbrio estático, verificando-se a incapacidade de manter determinada posição devido à diminuição do equilíbrio postural e falta de coordenação, e no equilíbrio dinâmico que se materializa na falta de estabilidade na marcha (Henriques, 2012). Contudo, as alterações no equilíbrio dinâmico acontecem mais precocemente, sendo possível que o individuo mantenha o equilíbrio estático durante mais tempo (Rogers, Page & Takeshima, 2013).

Entre as consequências mais perigosas da falta de equilíbrio e da dificuldade de locomoção, a queda surge em primeiro lugar, sendo uma das causas mais frequentes da

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24 diminuição da capacidade funcional do idoso, constituindo igualmente um elevado risco de morte (Matsudo, Matsudo & Barros Neto, 2000; Costa et al, 2012).

A queda é caracterizada como sendo a incapacidade de corrigir o centro de gravidade do corpo, quando este se encontra em movimento no espaço (Simpson, 2000). Segundo vários autores, a queda é definida como um deslocamento não intencional, que faz como que a pessoa mude de posição para um nível inferior da posição inicial, não tendo capacidade de a corrigir em tempo útil, o que faz com que a estabilidade seja comprometida e leva a cair no solo (Padoin, Gonçalves, Comaru & Silva, 2010; Costa 2012; OMS, 2013). De salientar que as quedas em idosos possuem uma etiologia multifatorial e podem ser concomitantes e somatórias, envolvendo uma interação entre fatores intrínsecos (relacionados ao indivíduo) e extrínsecos (associados com características ambientais) (Costa et al., 2012).

Nesta linha de pensamento, a queda representa um dos problemas mais importantes e comuns entre os idosos, comportando uma realidade pluridimensional. Está associada a uma elevada mortalidade, morbilidade, redução da capacidade funcional e prematura institucionalização (Costa et al 2012).

Embora não tenham sido utilizadas classificações consistentes por parte dos autores, uma recente revisão dos estudos acerca de fatores de risco de queda classificou-os em intrínsecos e extrínsecos, resumindo também o risco relativo de quedas para pessoas, com cada fator de risco. Ainda que os fatores de risco relacionados com a queda sejam variáveis e incorporem uma larga faixa de perspetivas, existe consenso geral entre a maioria dos autores que defendem a sua classificação para o evento de queda em intrínsecos e extrínsecos (Katz & Duthie, 2002).

Fatores de risco intrínsecos

Os fatores de risco intrínsecos propulsores do evento de queda, encontram-se relacionados com as alterações consequentes do envelhecimento e de determinadas doenças, tais como: insuficiência vértebro-basilar, demência, neuropatia periférica, acidente vascular encefálico isquémico transitório, parkinsonismo, depressão, diminuição da visão e da audição, deformidades dos pés, entre outros (Júnior & Paula, 2008). Além disso, o uso continuado de

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25 medicação, como antidepressivos, anti-hipertensores, está na origem da predisposição do idoso para eventos de queda (Scalco, 2002).

Alguns autores (Palma, 2011; Gastaldi & Moretti, 2015) referem também a depressão e ansiedade como um fator que pode estar na origem da falta de atenção do idoso, da diminuição do comprimento do passo, diminuição de energia, perda de autoconfiança, indiferença em relação ao meio envolvente, isolamento, inatividade, perda de apetite com consequente emagrecimento, bem como aumento da insegurança, tonturas, arritmias e dispneia. Quadros de demência ou quadros confusionais agudos, podem também gerar agitação, alteração do estado de consciência e orientação, ilusões e alucinações que aumentam a predisposição para eventos de queda (Jahana & Diogo, 2007).

Fatores de Risco extrínsecos

Os fatores de risco extrínsecos constituem o grupo de fatores influenciados pelos fatores ambientais, tais como iluminação inadequada, superfícies escorregadias, escadas com degraus estreitos e/ou íngremes, obstáculos, buracos ou irregularidades no piso, tapetes soltos, e uso de calçado e roupa inadequados (Júnior & Paula,2008), e podem ter uma influência significativa em cerca de metade das quedas ocorridas com idosos, sendo que mais de 70% destes eventos ocorrem em ambiente domiciliário (Brito & Costa, 2001; Pereira et al., 2001). Estes fatores são originados por situações ocasionais que trazem risco para os idosos, especificamente para aqueles que apresentam alguma incapacidade ou desequilíbrio na marcha (Tideiksaar, 2003).

Nestes casos, a institucionalização é a solução mais comum, uma vez que o idoso apresenta incapacidade para permanecer no seu ambiente familiar.

2.2. Envelhecimento e institucionalização

Ao encontro do já anteriormente explanado, observam-se, durante o processo de envelhecimento, várias transformações no organismo, havendo necessidade de adotar alguns cuidados para lidar com o mesmo. É neste período que a família sofre uma redefinição, tornando-se a referência nos cuidados aos idosos. Porém, quando, a família do idoso não

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26 reúne as condições necessárias para dar resposta aos cuidados de que o mesmo necessita, surge como alternativa a institucionalização (Souza, Valmorbida, Oliveira, Borsatto, Lorenzini, Knorst, Melo, Creutzberg & Rezende, 2013).

Apesar dos inúmeros efeitos que a entrada em instituições de acolhimento acarreta para o idoso nas diferentes vertentes da sua existência, a institucionalização ocorre, por vezes, voluntariamente, já que a redefinição de papéis, o sentimento de dependência e inutilidade, levam o próprio idoso a decidir-se pela entrada em instituições que garantam a sua segurança e respondam às suas necessidades (Amaro, 2013).

A chegada do idoso nas ILPs (Instituições de Longa Permanência) exige uma grande adaptação, já que este passa a estar privado de atividades do quotidiano, como tratar da casa, do jardim e até de si próprio. Estas mudanças podem configurar uma perda progressiva da capacidade funcional, resultando numa dependência cada vez maior de terceiros. Sendo que o processo de envelhecimento, por si só, já pode acarretar o declínio da aptidão física, este poderá agravar-se com o sedentarismo, tornando os idosos dependentes de cuidados de outrem, realidade que prevalece em maior escala entre os idosos institucionalizados, tornando-os detentores de várias consequências decorrentes da inatividade (Amaro, 2013).

Constitui-se fundamental a avaliação da capacidade funcional e da aptidão física dos idosos, de forma a serem orientadas intervenções e acompanhamento específicos, para a promoção de um estilo de vida o mais ativo possível dentro de uma instituição. Uma vez institucionalizado, o idoso beneficia de atividades desenvolvidas em grupo, que poderão favorecer a sua condição de vida a outros níveis (Ferreira, 2013)

Apesar de ser referido na literatura, a existência de autores que relacionam a institucionalização com a perda de aptidão funcional (Lobo &Pereira, 2007; Souza; Benedetti, Borges, Mazo & Gonçalves, 2011), é nestas instituições que o idoso encontra os cuidados e ajuda que necessita para manutenção das AVD havendo a possibilidade de ser estimulado por técnicos especializados de forma a manter-se ativo e funcional (Turato et al., 2015). Neste sentido, a institucionalização poderá ser uma mais valia no retardamento das consequências do envelhecimento ao nível da aptidão física (Souza, Valmorbida, Oliveira, Borsatto, Lorenzini, Knorst, Melo, Creutzberg & Rezende, 2013; Turato et al., 2015).

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27 Assim, a permanência numa ILP proporciona a possibilidade de participação em atividades direcionadas para a faixa etária do individuo, adaptadas às suas capacidades, limitando sentimentos como desilusão e frustração que advém das suas limitações físicas. Estas atividades constituem uma forma de manutenção de um envelhecimento ativo, prevenindo o aparecimento de doenças e para além disso retarda os efeitos naturais do envelhecimento. Entre estas práticas, surge o exercício físico, que preconiza uma das maiores dimensões entre os fatores que garantem a saúde e qualidade de vida dos indivíduos (Argento, 2010; Souza & Metzner, 2013).

Num estudo para avaliar a capacidade motora dos indivíduos e a sua relação com o tempo de permanência, apesar de se verificar uma perda progressiva dessa função, os indivíduos que participaram assiduamente nas atividades propostas, revelaram ganhos no que diz respeito aos movimentos, agilidade e autonomia, fornecendo evidências de que a possibilidade de enquadrar atividades adequadas promove a melhoria da aptidão funcional e prevenção de doenças (Turato et al., 2015).

2.3 Exercício físico no envelhecimento

À medida que se caminha na segunda década do século XXI, o exercício físico tem cada vez mais destaque nas discussões no meio da saúde pública, acumulando-se dados científicos, através de estudos epidemiológicos e clínicos, que documentam a sua importância e benefícios para a saúde associados à sua prática regular (Mendes, Souza & Barata, 2011; Gualano & Tinucci, 2011). Em contraponto, o sedentarismo está na base de algumas das principais doenças crónicas não transmissíveis, entre outras problemáticas relevantes. Alguns estudos na área, observacionais e prospetivos comprovam que o risco para uma variedade de doenças crónicas e a mortalidade se encontra altamente relacionado com uma menor atividade dos indivíduos (Coelho & Burini, 2009; Mendes, Souza & Barata, 2011; Gualana & Tinucci, 2011; Ribeiro, Cotta & Ribeiro, 2012).

Existe uma vasta literatura (Nahas, 2001; Argento, 2010; Brandão, Santos, Santos & Borragine, 2011; Fechine & Trompieri, 2012) que demonstra que a prática regular de exercício físico promove melhorias fisiológicas, psicológicas e sociais, além de promover a redução ou prevenção de algumas doenças como a osteoporose e os desvios posturais. Porém,

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28 o exercício físico orientado constitui uma das alternativas mais completas e adequadas para melhorar a capacidade funcional e morfofuncional dos idosos, proporcionando-lhes como consequência, bem-estar e melhor qualidade de vida (Guedes & Silveira, 2004).

São, desta forma, significativas as evidências de que a prática de exercício físico permite reduzir a perda da função da musculatura esquelética decorrente do envelhecimento, aumentando a qualidade da marcha e reduzindo o risco de quedas, incrementando eficiência na prática das AVD´s, bem como promove o aumento da flexibilidade, potenciando a força muscular e a condição física (Santos & Pereira, 2006; Lucena, 2013). A prática de exercício físico apresenta benefícios também ao nível do equilíbrio e marcha, diminuindo o risco de quedas e fraturas, proporcionando ao idoso menor dependência no dia-a-dia, e elevando de forma significativa a sua qualidade de vida (Matsudo, 2001; Argento, 2010; Civinski, Motibeller & Braz, 2011; Borges, 2011).

É unanime entre os profissionais de saúde, considerar-se a prática de exercício físico, como sendo uma boa forma de intervenção nos idosos, pois tem-se verificado que a aptidão do idoso se apresenta menos comprometida, bem como apresentam maior autonomia e independência funcional. Em resposta aos programas de promoção da saúde e envelhecimento ativo, a predisposição da população idosa para iniciar e manter um programa de exercício físico tem vindo a apresentar uma evolução no sentido positivo (Paiva, Santos, Silva, Silva, Silva & Borragine, 2012).

O objetivo da prática de exercícios na terceira idade é promover a preservação ou melhoria da autonomia, e minimizar ou retardar os efeitos da idade, contribuindo para o aumento da qualidade de vida (Civinski, Motibeller & Braz, 2011). Além disso, um objetivo muito importante de um programa de exercícios para os idosos é elevar a expectativa ajustada à qualidade de vida destes indivíduos, facto que salienta a importância de serem sempre respeitadas as limitações próprias desta fase da vida, de forma que se obtenham os resultados e benefícios esperados, quer físicos, quer psicológicos (Shephard, 2003).

Um programa equilibrado de exercício físico deve conter exercícios aeróbios de baixo impacto, exercícios de fortalecimento muscular e exercícios de equilíbrio e coordenação, visando melhorar o padrão de marcha e reflexos (propriocepção), com o intuito de diminuir a incidência de quedas (Jacob Filho, 2006). Um programa de exercícios físicos bem direcionado e eficiente para idosos, atuará como forma de prevenção e reabilitação da saúde e deve

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29 apresentar como meta a melhoria da capacidade e aptidão física do indivíduo que pode ser aprimorada, mantida ou, pelo menos, desacelerado o seu declínio (Mazo, 2007; Resende et al., 2008).

Na sequência da convicção de que o exercício físico assume um papel de especial destaque na promoção da saúde física do idoso, torna-se determinante para a manutenção da aptidão funcional na população idosa, já que requer, em maior ou menor grau, força muscular, flexibilidade, coordenação, equilíbrio e resistência aeróbia, contribuindo para a perceção corporal, e consciência da condição de saúde desta população, estimulando todo o organismo em termos de vitalidade e funcionamento (Fiatarone et. al., 1994; Shepard, 2003).

Apesar de se verificar um aumento cada vez maior de aderentes à prática de exercício físico entre a população idosa, ainda existe uma grande percentagem que não demonstra interesse em participar nos programas disponíveis ou que desmotiva e interrompe a sua prática. Torna-se então importante criar estratégias que permitam aliar a prática de atividades ao prazer e aliciem à sua continuidade de forma regular (Silva, Goulart, Lanferdini, Marcon & Dias, 2012). Neste sentido, surge a música como sendo um elemento valioso no contexto do exercício físico (Miranda & Sousa, 2009).

Alguns estudos sugerem, que em populações idosas, a utilização da música na prática de atividades não só poderá contribuir para a adesão, como poderá conduzir à diminuição de desistências ao longo do tempo (Sebastião, Hamanaka, Gobbi & Gobbi, 2008; Miranda e Sousa, 2009; Souza & Metzner, 2013).

Pesquisas cientificas têm revelado que a música proporciona respostas emocionais, acompanhadas por alterações psicofisiológicas ou autonômicas, na circulação sanguínea, condutividades elétrica da pele, temperatura corporal, entre outras, e se encontram relacionadas com ativações de áreas subcorticais das emoções envolvidas no comportamento aversivo, como o giro parahipocampal, amígdalas, e no comportamento de recompensa/prazer tais como o sistema mesolímbico de dopamina, córtex orbitofrontal e outras (Londero, 2011).

A música incrementa igualmente a recuperação das funções respiratória e cardiovascular e diminui o nível de cortisol após a experiência de stress, reduz a ansiedade, a depressão, e possui efeitos analgésicos. Tendo em conta o conceito de plasticidade cerebral e as evidências encontradas pela pesquisa científica, (Londero, 2011) de que nos idosos é também possível que o cérebro se modifique estruturalmente de forma a produzir efeitos intrínsecos e

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30 extrínsecos, a música constitui uma poderosa ferramenta terapêutica, com efeitos positivos significativos na atenção, processamento semântico, memória, funções motoras e emoções (Andrade & Konkiewitz, 2015).

Com base nestes factos, a articulação entre a prática de exercício e estimulação aeróbia, a existência de movimentos ritmados como resposta à música como pano de fundo desta prática, constituem uma opção de extrema importância para estimular a prática de exercício entre a população idosa. A dança surge então, como a forma de exercício físico mais completa, para dar resposta às necessidades da população idosa.

2.3.1 - A dança

De entre as atividades que surgem com a música, a dança é uma das preferidas pelos idosos, sendo uma atividade prazerosa para essa faixa etária e ao mesmo tempo, uma forma de incentivar os idosos sedentários a dar o primeiro passo para iniciar a prática de exercício físico. A dança e o movimento corporal aliados à música são instrumentos que proporcionam um aumento do bem-estar físico, social e psicológico (Eyigor et al., 2009). Esta prática é, assim, benéfica para a saúde, promovendo a satisfação pessoal, a superação de limites e o desenvolvimento de potencialidades e capacidades (Patrocinio, 2010). Como tal, é considerada uma atividade coadjuvante na terapia de vários quadros patológicos característicos da terceira idade (doença de Parkinson, quadros demenciais, osteoartrite, osteoporose, entre outras) pois apresenta potencial para desacelerar alguns eventos fisiológicos característicos do processo de envelhecimento, além de proporcionar uma diminuição do condicionamento físico, promover a integração social e ser uma atividade distrativa (Connolly & Redding, 2010).

No que diz respeito à intervenção com idosos, a dança possibilita a aquisição de novas habilidades, e é um auxílio para a capacidade motora, através da introdução gradual de movimentos mais complexos, levando o cérebro a reverter alguns dos efeitos do declínio cognitivo que se traduzem em comportamentos e capacidades motoras (Carli, 2000). De uma forma geral, programas adequados de exercício físico, dentro do domínio da dança, sequenciais e adaptados às capacidades do idoso, ajudam o organismo a diminuir o seu processo degenerativo, prolongando o tempo de vida saudável (Araújo, 2001), tornando assim o envelhecimento um processo bem-sucedido (Junior & Gobbi, 2008).

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31 Além disso, a dança enquanto arte, através da exigência de treino de coreografias e realização de exercícios possibilita o trabalho da coordenação motora, da capacidade cognitiva e a conservação da capacidade intelectual, desenvolvendo o equilíbrio e mantendo a concentração presente e focada. Enquanto atividade em grupo, assume importância na medida em que a auto perceção é continuamente evocada permitindo aos participantes que percebam a dimensão da sua própria evolução ao nível dos movimentos, no equilíbrio físico e emocional e na coordenação motora (Londero, 2011).

Deste modo, a prática de qualquer tipo de dança pode não só ser utilizada como uma estratégia preventiva da inatividade, como resultar numa melhoria significativa do equilíbrio e consequentemente evitar as quedas e fraturas, eventos cujo risco é elevado neste período da vida. Em relação às mudanças musculo-esqueléticas e biopsicossociais do organismo, a dança poderá constituir uma forma alternativa de exercício físico, com repercussão direta sobre a melhoria da aptidão física, do equilíbrio com consequências ao nível da realização das AVD’s (Queiroz & Munaro, 2008).

A multiplicidade de áreas cerebrais envolvidas na prática de dança, permite especular sobre o seu potencial no retardamento das consequências do envelhecimento. Assim, a vivência de dança para os idosos não é apenas uma possibilidade de praticar exercício físico, mas também uma experiência positiva que pode ocorrer de forma espontânea e/ou coreografada e em diversos espaços como clubes, igrejas, domicílios, centro de eventos e outros (Cooper & Thomas 2002; Silva & Mazo, 2007).

É neste contexto que surgem as danças tradicionais, que para as pessoas idosas, lhes oferecem uma dimensão emocional, dotada de significado, por se encontrarem intimamente ligadas com a sua própria cultura e com as memórias de uma vida (Connor,2000).

De seguida, na tabela 1 são apresentadas outros estudos realizados recentemente acerca da mesma temática, que demonstram evidências acerca dos benefícios da atividade física na aptidão funcional e equilíbrio dos idosos.

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Tabela 1 - Estudos acerca da relação entre exercício físico, aptidão funcional, equilíbrio e risco de queda em idosos

Referência Amostra Sexo/idade

Instit. Duração Variáveis Resultados Obs.

Abreu, Hartley, 2013 N=1 84 anos DA Estudo de caso NI 24 Sessões,12 semanas - Amplitude de movimento; - Força; - Equilíbrio; - Mobilidade funcional; - Distância da marcha - Velocidade. A utente apresenta declínio funcional devido a DA, efeitos tardios de um aneurisma cerebral hemorrágico com hemiparesia à direita na extremidade inferior, artrite e quedas recorrentes Meron Mathieu, Anstey, Rissel, Simpson, Morton, Cerin, Sherrington, Lord, 2013 N=450 Idade>65 anos I - 12 meses - 2 x semana - 1hora por sessão - Nº quedas – registo diário em calendário durante 12 meses - PPA - Risco de queda Nº quedas PPA Independentes, sem comprometimento cognitivo Hashimoto, Takabatake, Miyaguchi, Nakanishi, Naitou, 2015 N= 46 DP Grupo de intervenção e grupo de controlo NI 12 Semanas Sessões de 60 min -Desempenho cognitivo (FAB e MRT) -Função motora (TUG e BBS) - Sintomas da doença de Parkinson (AS e SDS) Avaliação antes e depois da intervenção Dança é eficaz na melhoria da função motora, função cognitiva, e sintomas mentais com DP. Doentes com Parkinson Schmitt et al., 2016 115 Mulheres com mais de 65 anos NI 8 meses de treino 3 meses de destreino - Aptidão física - Bateria de Rikli & Jones

Resistência MI,

força e

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33 Avaliação realizada em teste e pré-teste 1 e 2 MS e flexibilidade Agilidade, flexibilidade MS e capacidade aeróbia não foram encontradas diferenças significativas.

Legenda: N- Número de elementos da amostra; DA- Doença de Alzheimer; NI- Não institucionalizados; I- Institucionalizados; PPA – Physiological Profile Assessment; FAB - Frontal Assesment Battery at bedside; MRT – Mental Rotation Task; DP – Doença de Parkinson; TUG – Timed up and go; BBS – Berg Balance Scale; AS - Apathy Scale ; SDS - Self-rating Depression Scale; MS – membros superiores; MI – membros inferiores

De uma forma global, os estudos apresentados relatam evidências da relação existente entre a prática de exercício físico, a aptidão funcional e o equilíbrio de idosos. São várias as componentes da aptidão funcional em que são relatadas melhorias, como resistência, força muscular e amplitude de movimentos.

A eficiência de um programa de danças tradicionais surge como uma atividade que poderá surgir de forma a dar resposta não só às necessidades dos utentes como também aumentar a diversidades de soluções apresentadas para a intervenção com idosos institucionalizados.

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3. Metodologia

3.1. Amostra

Para a recolha de dados foi selecionada uma amostra constituída por 26 elementos pertencentes ao Lar e Centro de Dia da Santa Casa da Misericórdia de Murça. Os idosos incluídos na amostra foram selecionados de acordo com os seguintes critérios:

- Critérios de inclusão: idade acima de 65 anos, capacidade de realizar as avaliações pretendidas, ou seja, condição física que lhes permitisse realizar os testes pretendidos e capacidade física para poder realizar as atividades pretendidas no programa de danças, sem colocar em causa a sua integridade física.

- Critérios de exclusão: idosos com incapacidade para deambular e idosos que em qualquer momento do estudo se recusassem a participar.

Os participantes foram admitidos no estudo após lhes ser explicado quais os objetivos, procedimentos de avaliação e o programa de exercícios. Depois de expostos os objetivos e procedimentos do estudo, todos os participantes que aceitaram participar assinaram o termo de consentimento informado e esclarecido.

3.2 Variáveis

 Variáveis dependentes: - Equilíbrio estático, Risco de queda; Aptidão física funcional; Peso (kg); Altura(m); IMC (kg/m2).

 Variáveis independentes: - Sexo; Idade; Momentos de recolha de dados (pré e pós intervenção)

3.3 Instrumentos

Para se efetuar a recolha de dados e assim avaliar as variáveis desejadas, de entre as baterias de instrumentos que existem à disposição selecionou-se a bateria de testes de Rikli &Jones (2001), a Plataforma de Forças Estabilométrica da QFP Systems e a Escala Subjetiva de Esforço de Borg (2000).

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36 3.3.1 Questionário Demográfico

O inquérito por questionário permite obter dados demográficos com objetivo de caracterizar a amostra de participantes quanto à idade, sexo, peso, altura, estado civil e contexto familiar, ocorrência de quedas.

3.3.2 Avaliação da aptidão física funcional pelo protocolo Senior Fitness Test de Rikli e Jones (2001)

Rikli e Jones (2001) desenvolveram e validaram uma bateria de testes de aptidão funcional para o Ruby Gerontology Center, na California State University (também conhecidos por Fullerton Tests), definidos como testes que avaliam a capacidade fisiológica para desempenhar atividades normais do dia-a-dia de forma segura e independente, sem que ocorra uma fadiga indevida. As capacidades funcionais que dão suporte aos comportamentos necessários para desempenhar tarefas diárias, são: força de membros superiores e inferiores, capacidade aeróbia, flexibilidade de membros superiores e inferiores, e agilidade motora/equilíbrio dinâmico. Os testes foram especificamente idealizados para uso num ambiente de campo e/ou clínico particularmente, por serem capazes de fornecer medidas escalares contínuas através de uma ampla faixa de níveis de habilidade encontrados na população idosa em geral. Esta bateria oferece a vantagem, em relação aos testes de performance física desenvolvidos anteriormente, de ser direcionada para a população idosa em geral, suplantando a limitação da especificidade da população a que estes eram dirigidos, que oferecia dificuldades na obtenção de medidas comparativas para diferentes faixas etárias e diferentes níveis de habilidades.

Para além de ir ao encontro do objeto de estudo, para a escolha deste instrumento de avaliação foram ainda considerados dois atributos fundamentais: (1) ser facilmente administrado e fiável para ser utilizado pela população idosa, (2) apresentar protocolos de testes, de acordo com os padrões de aceitabilidade científica no que respeita a fiabilidade e a validade (Sardinha, citado por Romão, 2012).

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37 3.3.3. Avaliação do equilíbrio pela utilização da Plataforma de forças estabilométrica

A plataforma de forças é uma boa ferramenta para avaliar o equilíbrio postural de forma quantitativa. Permite obter informações sobre as alterações espaciais e temporais para manutenção do equilíbrio nos eixos vertical e horizontal, a partir dos quais é calculado o deslocamento do centro de pressão (CP) nas direções antero-posterior (AP) e médio-lateral (ML,) bem como a velocidade de oscilação e a área do deslocamento do CP durante a avaliação (Swanenburg et al., 2008).

Para a análise do comportamento postural ortostático foi utilizada uma plataforma de posturografia estática, da marca QFP systems (plataforma de forças), cujo funcionamento se baseia num microprocessador que permite realizar registos estabilométricos ou posturográficos normalizados, a uma cadência de recolha de 5 Hz (Normas da APE), registados e guardados através do software “WinPosture 2000”.

A recolha de dados foi efetuada em condições de experimentação adequadas, no que respeita à luminosidade (luzes suficientes para que cada uma das provas seja realizada sem esforço visual), temperatura (entre os 28 e os 36ºC, conforme Schmidt, 1982), sonoridade (ausência de sons percetíveis) e ausência de elementos distrativos. As recolhas foram efetuadas das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h30. Os indivíduos da amostra em prova não realizaram exercício físico nem qualquer atividade que envolvesse esforço significativo 24 horas antes da avaliação.

Após a explicação e demonstração da prova, os sujeitos experimentaram a realização das provas ortostáticas em situação simulada. Posteriormente, foi concedido um período de repouso de 2 minutos na posição de sentado, para prevenir eventuais efeitos de fadiga, após o qual passaram à situação de prova. Os indivíduos foram ajudados a adquirir as posições pretendidas, sendo corrigida a posição dos pés, do corpo e da cabeça. Todas as provas ortostáticas foram realizadas de forma a que o baricentro do seu polígono de sustentação se situe sobre o eixo sagital da plataforma e atrás do seu centro elétrico.

Os parâmetros estipulados e normalizados para as recolhas estabilométricas foram as seguintes: duração de 25,6 segundos por prova, com uma frequência de 10 Hertz. Foram efetuadas 3 provas sobre a plataforma, com 2 minutos de descanso sentados, entre cada uma delas, e no final feita a média das 3, para cada uma das variáveis em estudo.

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38 Figura 3 - Esquema dos procedimentos do estudo

As três provas ortostáticas foram realizadas com os pés descalços, os calcanhares afastados a 2 cm e bordos interiores dos pés a fazerem um ângulo de 30º (pés encostados às calhas que acompanhavam a plataforma) processadas a partir de uma posição base – braços pendentes ao longo do corpo com apoio palmar na face lateral da coxa, com a cabeça no plano de Frankfurt e olhar fixo em frente. Os indivíduos manterão normalmente o corpo imóvel, durante o tempo de avaliação.

Os dados utilizados no estudo foram os seguintes: Superficie de oscilação (mm2),

comprimento de oscilação total (XY, em mm), comprimento médio lateral das oscilações corporais (X, em mm), comprimento antero-posterior das oscilações corporais (Y, em mm) e Velocidade Média de oscilação (VM, em mm/s).

3.4 Procedimentos

A concretização dos objetivos obedeceu ao seguinte planeamento apresentado na figura:

A recolha de dados foi realizada antes e depois de um programa de danças tradicionais, delineado e com vista nas capacidades que se pretendem estimular e avaliar. Os dados da Bateria de Rikli-Jones e da Plataforma de Forças foram recolhidos em dias diferentes e com intervalo de pelo menos um dia, para prevenir efeitos de fadiga.

Os idosos foram aconselhados a vestir roupa prática e calçado o mais adequado possível.

O total do programa foi de 12 semanas, tendo uma frequência bissemanal. Cada sessão teve a duração de 60 minutos distribuídos da seguinte forma:

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39 - 10 minutos: Aquecimento e exercícios de mobilização geral, com objetivo de integrar os idosos no movimento e prevenir lesões.

- 15/20 minutos: exercícios rítmicos individuais, sem música, seguidamente com música e com integração do canto.

- 20/25 minutos: exercícios rítmicos em grupo, inicialmente a dois e posteriormente a quatro. Iniciou também primeiro sem música, de seguida com música e por fim com interiorização do canto.

- 10 minutos: relaxamento e conversa com o grupo.

Os exercícios aumentam o seu grau de complexidade ao longo das sessões, sempre que o grupo revele facilidade de execução dos exercícios propostos.

De modo a controlar a intensidade do esforço, foi utilizada a escala subjetiva de esforço de Borg (Borg, 2000), previamente treinada e aferida com a ajuda de um cardiofrequencimetro da marca POLAR, modelo SX625.

3.5. Tratamento estatístico

Foi efetuada a análise exploratória dos dados obtidos recorrendo aos métodos gráficos da caixa de bigodes (Box-and-Whiskers) e do caule e folhas (Steam & Leaf) para identificação e expurgo dos outliers. A apreciação da simetria e achatamento das curvas de distribuição foi efetuada através dos valores de Skewness e Kurtosis, respectivamente (Pestana & Gageiro, 2000). A normalidade das distribuições foi confirmada através do teste não paramétrico de

Shapiro-Wilk.

Posteriormente foi utilizada a estatística descritiva, para calcular a média, o desvio padrão e percentagens das diferentes variáveis.

Para comparar os valores das variáveis obtidas nos dois momentos (pré e pós-testes) foi utilizado o t-teste para amostra emparelhadas nas variáveis paramétricas, e para as restantes (não paramétricas) o teste Wilcoxon. O tratamento estatístico foi realizado através do software SPSS for Windows versão 20.0. O nível de significância foi de p < 0,05.

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Figura 1- Projeções demográficas para Portugal entre 2013 e 2060. Fonte: EUROSTAT
Figura 2- Alterações decorrentes do processo de envelhecimento. Adaptado de Fechine &amp; Trompieri (2007)
Tabela 1 - Estudos acerca da relação entre exercício físico, aptidão funcional, equilíbrio e risco de queda em  idosos
Figura 3 - Esquema dos procedimentos do estudo
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Referências

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