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Evolução do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) no Estado do Rio Grande do Norte

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRONÔMICA

GUILHERME BARROSO DOS SANTOS KRAMER

EVOLUÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CRÉDITO FUNDIÁRIO

(PNCF) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

MACAÍBA/RN Abril/2019

(2)

GUILHERME BARROSO DOS SANTOS KRAMER

EVOLUÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CRÉDITO FUNDIÁRIO

(PNCF) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

.

Orientadora: Prof. Dra. Damiana Cleuma de Medeiros

MACAÍBA/RN ABRIL/2019

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EVOLUÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CRÉDITO FUNDIÁRIO

(PNCF) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

GUILHERME BARROSO DOS SANTOS KRAMER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

Macaíba, 23 de Abril de 2019

.

________________________________________________ Profa. Dra. Damiana Cleuma de Madeiros

Orientadora – Universidade Federal do Rio Grande do Norte _________________________________________________

Prof. Dr. Sergio Marques Junior

(Co-orientador) Universidade Federal do Rio Grande do Norte ________________________________________________

Prof. Dr. José Augusto da Silva Santana Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________ Profa. Dra. Shirlle Katia da Silva Nunes

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, a todos os professores e supervisores, aos quais tive a oportunidade de caminhar junto, e de um modo muito especial:

Ao Professor Sergio Marques Junior, pela humildade e transparência.

Ao Professor José Augusto, pela boa vontade em me transmitir novos conhecimentos e ensinamentos.

Ao Supervisor de Estagio Marcus André Lins Ramos, pela transmissão dos novos conhecimentos ensinados.

Ao Coordenador da SEARA e Engenheiro Agrônomo João Vicente Tadeu Teotônio Queiroz de Melo pela compreensão dispensada.

A Engenheira Agrônoma Taís Pinheiro Belém Nascimento pelo apoio e ajuda dado no preparo de tal relatório.

A minha família em especial a minha esposa Simone Ataíde pelo apoio e compreensão dada nesse período de curso.

Aos meus filhos João Guilherme e Maria Laura, razões do meu viver.

Aos meus colegas de sala, pela ajuda mutua, apoio, coleguismo e companheirismo a mim dispensado.

(5)

AUTOBIOGRAFIA

Nasci em Natal - Rio Grande do Norte. Sempre estive ligado ao meio rural. No ano de 2008 iniciei minha história como profissional da área de Ciências Agrarias, pois me formei em Zootecnia pela UFRN. Já em 2009, comecei a trabalhar na Secretaria de Assuntos Fundiários e Apoio a Reforma Agrária (SEARA), executando atividades de supervisor pecuário do Programa Nacional de Credito Fundiário (PNCF) onde realizava a supervisão nas propriedades adquiridas pelo PNCF que iriam receber animais. Entre as atividades executadas, fazíamos a constatação se a referida propriedade tinha condições de receber os animais pretendidos assim como a verificação se existiam instalações adequadas e suporte forrageiro capaz de alimentar a quantidade que estavam pleiteando Em 2012, com a mudança nas exigências do programa, fomos remanejado para o setor de analises técnicas de projetos visto que a partir desse ano seriam exigidos que as novas propostas fossem encaminhadas com um projeto produtivo que comprovasse a viabilidade técnica e econômica da mesma para que assim pudéssemos garantir maior adimplência dos futuros financiamentos adquiridos.

O ingresso no curso de Agronomia ocorreu em 2014 quando sentimos a necessidade de me capacitar para desenvolver melhor minhas atividades profissionais de forma mais completa, pois vejo que as associações e pequenas fazendas do estado do RN estão carentes de acompanhamento técnico especializado. Desde aquela data, venho me capacitando e informando aos produtores e técnicos de ATER que trabalham com o PNCF os principais erros encaminhados nos processos, realizando treinamento para elaboração de propostas com coerência ao que está sendo solicitado, indicando culturas com melhor aptidão ao sistema produtivo proposto etc.

(6)

LISTA DE SIGLAS

ATER Assistência Técnica e Extensão Rural CF Crédito Fundiário

CONDRAF Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável CPR Combate à Pobreza Rural

DFDA Delegacia Federal de Desenvolvimento Agrário

FETARN Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte FTRA Fundo de Terras e Apoio a Reforma Agrária

ITERN Instituto de Terras do Rio Grande do Norte MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

PAT Proposta de Assistência Técnica PIC Plano de Investimento Comunitário PNCF Programa Nacional de Crédito Fundiário

ONG Organização Não Governamental SAT Subprojeto Aquisição de Terra

SEAD Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário SEARA Secretaria de Assuntos Fundiários e Apoio a Reforma Agrária

SDR Sistema de Gestão e Desenvolvimento Rural SIB Subprojeto de Investimento Básico

SIC Subprojeto de Investimento Comunitário SIMON Sistema de Monitoramento de Projetos

SRA Secretaria de Reordenamento Agrário

(7)

TI Tecnologia da Informação UP Unidade Produtiva

UGE Unidade Gestora Estadual UTE Unidade Técnica Estadual

(8)

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Operacionalização do PNCF no Brasil 17

Figura 02. Atuação do PNCF no Brasil 19

Figura 03. Famílias contratadas pelo PNCF – 2003 a 2018 21

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01. Número de famílias beneficiadas pelo PNCF por Unidade Federativa

22

LISTA DE QUADROS

Quadro 01. Enquadramento do público alvo no PNCF 14

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Acesso por tipo de linha de financiamento 24

Tabela 02. Número de Famílias contratadas e recursos aportados pela linha Combate à Pobreza Rural Pobreza no Brasil e no Rio Grande do Norte.

(9)

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS _________________________________________________________ 6 LISTA DE FIGURAS _______________________________________________________ 8 LISTA DE GRÁFICOS ______________________________________________________ 8 LISTA DE QUADROS ______________________________________________________ 8 LISTA DE TABELAS _______________________________________________________ 8 RESUMO ________________________________________________________________ 10 1. CONTEXTUALIZANDO O PNCF __________________________________________ 11 1.1. O Programa Nacional de Crédito Fundiário __________________________________ 11 1.2. A atuação do PNCF no Brasil _____________________________________________ 16 1.3. A atuação do PNCF no estado do Rio Grande do Norte _________________________ 19 2. A CONSOLIDAÇÃO DOS PROJETOS PRODUTIVOS DO PNCF POR MEIO DOS RECURSOS DE INVESTIMENTOS __________________________________________ 25 2.1. O papel dos Subprojetos de Investimentos Comunitários na consolidação das unidades produtivas do PNCF no estado do Rio Grande do Norte ____________________________ 27 3. CONSIDERAÇÕES GERAIS ______________________________________________ 29 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________________ 31 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________ 33

(10)

RESUMO

KRAMER, Guilherme Barroso dos Santos. Análise da evolução do Programa

Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) no Estado do Rio Grande do Norte

2019. 33p

(Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Macaíba, RN.

O

Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) desde a sua implementação, no ano de 2003, tem como missão a destinação dos recursos para aquisição dos imóveis rurais e de investimentos para o desenvolvimento rural sustentável. Com o intuito de investigar suas relações e interfaces com a agricultura familiar este trabalho tem como objetivo apresentar a evolução do Programa no decorrer dos longos 15 anos e dialogar com a proposta de mitigação da pobreza das famílias do meio rural. Para subsidiar a contextualização geral sobre o Programa Nacional de Crédito Fundiário foram considerados os normativos operacionais que regem a sua operacionalização. Para análise dos dados foram extraídos da unidade gestora do Programa no estado do Rio Grande do Norte, no caso, a Secretaria de Estado de Assuntos Fundiários de Apoio a Reforma Agrária (SEARA), como também considerados os dados do Sistema de Informações Gerenciais do Crédito Fundiário (SIG-CF). A pergunta a ser respondida é: Como o Programa Nacional de Crédito Fundiário pode mitigar a pobreza das famílias do meio rural? Ao final do documento pode-se considerar que o Crédito Fundiário pode primeiramente permitir as famílias do meio rural o acesso a terra, e dela retirar seu sustento para melhorar a sua qualidade de vida.

(11)

1.

CONTEXTUALIZANDO O PNCF

1.1.

O Programa Nacional de Crédito Fundiário

O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) é uma política pública do Governo Federal que oferece condições para que os trabalhadores e trabalhadoras sem terra ou com pouca terra possam comprar imóvel rural por meio de um financiamento.

Além da terra, os recursos financiados podem ser utilizados na estruturação da propriedade e do projeto produtivo, na contratação Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e no que mais for necessário para que o agricultor venha desenvolver suas atividades de forma independente e autônoma. O Programa prevê ainda ações de incentivo a participação dos jovens, mulheres e para projetos especiais voltados para a preservação do meio ambiente.1

O Programa funciona de forma complementar à reforma agrária, uma vez que permite a aquisição de áreas que não são passíveis de desapropriação, contribuindo com a redução da pobreza no meio rural, com o desenvolvimento sustentável e com a melhoria da renda e qualidade de vida dos agricultores familiares.

O acesso ao Programa dar-se-á por meio do financiamento para aquisição de terras e dos investimentos necessários à estruturação das unidades produtivas constituídas pelas famílias beneficiárias. O PNCF é financiado com recursos provenientes do Fundo de Terras e da Reforma Agrária (FTRA), fundo especial de natureza contábil criado pela Lei Complementar nº 93, de 1998, regulamentado pelo Decreto 4.892, de 25 de novembro de 2003, e suas alterações. Utiliza-se também recursos do Subprograma de Combate à Pobreza Rural, instituído pelo Decreto nº 6.672, de 2008, que tem como finalidade conceder aos agricultores e agricultoras apoio à instalação de suas famílias, infraestrutura comunitária e capacitação, com vistas à consolidação social e produtiva das unidades produtivas.

O Subprograma de Combate à Pobreza Rural é constituído de dotações consignadas no Orçamento Geral da União e em seus créditos adicionais, com recursos oriundos do Tesouro Nacional ou operações de crédito e doações de instituições nacionais e

1

MAPA. Crédito Fundiário. Disponível em: http://www.mda.gov.br/sitemda/secretaria/sra-crefun/sobre-o-programa. Acesso em 11 de março de 2019.

(12)

internacionais, conforme disposto no Decreto nº 6.672, de 2 de dezembro de 2008 ou outro que venha a substituí-lo.

Os recursos do Subprograma de Combate à Pobreza Rural têm a finalidade de conceder aos beneficiários do PNCF apoio à instalação de suas famílias, implantação de infraestrutura comunitária e capacitação dos beneficiários com vistas à consolidação social e produtiva das unidades produtivas.

O Programa pode contar com outras fontes de recursos oriundas de programas de combate à pobreza rural e da agricultura familiar dos governos estaduais e/ou municipais, bem como de contrapartidas dos próprios beneficiários. Suas ações são aliadas à promoção de práticas de gestão e proteção ambiental, de convivência com o semiárido e na redução das desigualdades de gênero, geração e raça, incentivando a participação da sociedade civil e os mecanismos de controle social.

As alterações no Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) estão regulamentadas na Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) nº 4.632, de 22 de fevereiro de 2018, que altera as normas para contratação das operações de crédito fundiário ao amparo do Fundo de Terras e da Reforma Agrária (FTRA), no âmbito do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), de que tratam a Lei Complementar nº 93, de 4 de fevereiro de 1998, a Lei nº 13.001, de 20 de junho de 2014, e o Decreto nº 4.892, de 25 de novembro de 2003.

O PNCF possui três linhas de financiamento que variam por área de abrangência e de acordo com as necessidades dos beneficiários.2

1. PNCF Social - Atende famílias rurais inscritas no Cadastro Único que estão na área

de abrangência da Sudene e nos estados do Norte que estão inscritas no Cadastro Único. Apesar de todos os contratos dessa linha serem individuais, o agricultor pode acessá-la de forma de associativa.

Para o enquadramento, o agricultor deve ter renda familiar anual de até R$ 20 mil e patrimônio de até R$ 40 mil. Esse valor pode chegar a R$ 100 mil, quando a área a ser adquirida for proveniente de herança e o comprador for um dos herdeiros.

2

MAPA. Crédito Fundiário - Linhas de Financiamento do PNCF. Disponível em:

(13)

1.1. PNCF Social/SIC – Para o agricultor que vai acessar o recurso de investimento

de maneira associativa. O valor do Subprojeto de Investimento Comunitário (SIC) é de R$20 mil, podendo chegar a R$25 mil por família, quando incorporados os recursos adicionais de jovem ou mulher e ambiental. O investimento em infraestrutura não é reembolsável.

Recursos adicionais - Tem o valor de R$2,5 mil por família e podem ser:

 Adicional de Mulher - Para associações que possuem 100% de mulheres titulares;  Adicional de Jovem - Para associações que possuem 100% de jovens titulares;

 Adicional Ambiental - Para recuperação de passivos ambientais, conservação e correção de fertilidade de solos, reflorestamento de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de reserva legal e introdução de sistemas agroflorestais ou agroecológicos.

1.2. PNCF Social/SIB – O agricultor acessa o Programa de forma individual cujos recursos para investimento são oriundos do Subprojeto de Investimento Básico (SIB), reembolsáveis, e que podem ser financiados junto com o Subprojeto Aquisição de Terra (SAT). Mais informações sobre a Linha:

 O crédito pode atender até R$ 140 mil para a compra do imóvel e investimento em infraestrutura;

 Recurso de R$ 7.500 reais para Ater, por cinco anos, com parcelas anuais de R$ 1.500,00 por beneficiário;

 Até 25 anos para quitar o financiamento, incluindo os 36 meses de carência;  Taxas de juros de 0,5% ao ano;

 Bônus de até 40% para quem efetuar os pagamentos em dia.

2. PNCF Mais - Atende agricultores sem terra ou com pouca terra (meeiros e

arrendatários assalariados, diaristas etc.) que estão nas demais regiões (S, SE, N e CO), exceto em áreas da Sudene. Os recursos podem ser utilizados para aquisição da terra (SAT) e para investimentos básicos (SIB), na estruturação da unidade produtiva.

(14)

Para o enquadramento, o agricultor deve ter renda familiar anual de até R$ 40 mil e patrimônio anual inferior a R$ 80 mil. Esse valor pode chegar a R$ 100 mil, quando a área a ser adquirida for proveniente de herança e o comprador for um dos herdeiros. Mais informações sobre a linha:

 O financiamento pode chegar até R$ 140 mil, de acordo com os micro tetos regionais;

 Recurso de R$ 7.500 reais para Ater, por cinco anos, com parcelas anuais de R$ 1.500,00 por beneficiário;

 Até 25 anos para quitar o financiamento, incluindo os 36 meses de carência;  Taxas de juros de 2,5% ao ano;

 Bônus de até 20% para quem efetuar os pagamentos em dia.

3. PNCF Empreendedor – Linha com risco bancário, cuja regulamentação será definida

pelo agente financeiro que aderir a operacionalização da mesma. Quem se enquadra nos critérios do Programa, deve procurar o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais ou da Agricultura Familiar, ou a rede de parceiros do PNCF que atuam em seu município ou ainda a prefeitura.

O Quadro 1 apresenta um demonstrativo, de forma simplificada, das condições de financiamento para cada linha de crédito do Programa Nacional de Crédito Fundiário.Quadro

01. Enquadramento do público alvo no PNCF

Linhas de

Crédito Abrangência

Renda

Anual Patrimônio Teto Juros

Bônus de Adimplência Prazo de Pagamento PNCF Social Região Norte e Área da SUDENE Até R$

20mil Até 40 mil* R$ 140 mil 0,5% 40% 25 anos, com 36 meses de carência PNCF Mais Todas as regiões, Até R$ Até 80 mil* 2,5% 20%

(15)

exceto da SUDENE

40mil

PNCF

Empreendedor Todo o Brasil

Até R$

216mil Até 500 mil 5,5% 0%

FONTE: MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018.

* O valor do patrimônio pode chegar até R$ 100 mil, quando a área a ser adquirida for proveniente de herança, e o comprador for um dos herdeiros.

As famílias são as responsáveis pela escolha da terra e pela negociação do preço, além da elaboração da proposta de financiamento. Para isto, poderão contar com a rede de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) cadastrada. Todo o procedimento para a contratação se dá inteiramente nos estados, por meio da Unidade Técnica Estadual (UTE) ou pela Unidade Gestora Estadual (UGE) e demais parceiros.

Quem se enquadra nos critérios do Programa, o(a) agricultor(a) deve procurar o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais ou da Agricultura Familiar (STTR/AF), Organizações Não Governamentais (ONGs) e rede de ATER (credenciada para a Fase 1), do município ou entrar em contato com a UTE ou Delegacias Federais do Desenvolvimento Agrário (UGE/DFDA). Deverá ser também assegurada a articulação e a integração com outras políticas de desenvolvimento no meio rural, bem como a afetiva participação das mulheres e dos jovens em todas as etapas do processo de acesso à terra, priorizando a mulher como primeira beneficiária titular.

No processo de elaboração, análise e aprovação das propostas de financiamento, devem ser observados os aspectos de viabilidade técnica, econômica, social e financeira, capacidade de pagamento, gênero, geração, raça, etnia para a inserção social, de conservação e proteção ao meio ambiente. Os projetos devem respeitar a legislação ambiental e, sempre que necessário, contribuir para a recuperação dos passivos e a melhoria das condições ambientais existentes no imóvel ou na região.

(16)

Tendo em vista a explanação sobre o Programa Nacional de Crédito Fundiário pode-se considerar como um importante instrumento de consolidação da Agricultura Familiar, visto que há como desempenhar o papel estruturante na democratização do acesso à terra, na produção de alimentos, na sucessão rural, na soberania alimentar e na inclusão produtiva aos agricultores e agricultoras familiares, de modo a contribuir na geração de renda e sustentabilidade no campo.

1.2.A atuação do PNCF no Brasil

O Governo Federal executa, em todo país, através da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD) um trabalho de reconhecimento, que é o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), que vem mudando a estrutura fundiária em bolsões da pobreza.

A origem do crédito fundiário remonta ao Projeto de Combate à Pobreza ou Projeto Piloto São José, no Ceará, implantado em 1997. O referido projeto tinha como objetivo erradicar a pobreza, financiando aos pequenos produtores investimentos produtivos e sociais. Nos anos de 1996 e 1997, por meio de Acordo de Empréstimo entre o Governo do Estado do Ceará e o Banco Mundial, onde o estado entrava com contrapartida de 15% (quinze por cento) correspondendo a R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) para financiamento, introduziu-se um componente de crédito fundiário denominado Reforma Agrária Solidária - São José, objetivando o financiamento de terras aos trabalhadores rurais sem-terra ou com acesso precário.3

Em 1998, com a publicação da Lei Complementar nº 93 de 4 de fevereiro de 1998, e levando em consideração a experiência do Projeto São José, foi criado o Projeto Piloto de Reforma Agrária e Alívio à Pobreza, conhecido como Projeto Cédula da Terra, com atuação restrita aos estados do Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia e o norte de Minas Gerais.

3

JUSBRASIL. Página 4 da Seção 1 do Diário Oficial da União (DOU) de 24 de Agosto de 2018. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/205451658/dou-secao-1-24-08-2018-pg-4. Acesso em 11 de março de 2019.

(17)

Neste mesmo ano foi implantado o Programa Banco da Terra com recursos do Fundo de Terras de Apoio è Reforma Agrária (FTRA) e atuação nos estados das regiões Nordeste, Sudeste, Sul e Centro Oeste, por meio de consórcios de municípios e extinto em 2003.

Em 2003, atendendo a demanda recorrente dos movimentos sociais de trabalhadores rurais e da agricultura familiar, o Programa foi totalmente reformulado, dando origem ao Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), com a publicação do Decreto nº 4.892/2003, que regulamenta a Lei Complementar nº 93.

Desde 2003, desempenhando papel fundamental ao acesso à terra por meio da aquisição de imóvel rural e de investimentos comunitários e básicos em projetos a atender agricultores e agricultoras rurais sem-terra, na condição de diarista ou assalariado; arrendatários, parceiros, meeiros, agregados, posseiros e proprietários de terra cuja dimensão é inferior ao módulo rural.

Figura 01. Operacionalização do PNCF no Brasil

Fonte: MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018.

(18)

De acordo MAPA4 (Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário5, a nível nacional, mais de 142 mil famílias acessaram ao Programa Nacional de Crédito Fundiário por meio de financiamento à aquisição de imóvel rural para residirem e desenvolverem seus projetos produtivos. Conforme o Painel foram financiados mais de 3,0 milhões de hectares, para isso foram aplicados, mais de 4,0 bilhões de reais.

Em 2006 de acordo com o Censo Agropecuário do IBGE havia o total de 564.937 estabelecimentos rurais nas seguintes condições do produtor: Arrendatário(196.069), Parceiro (126.796) e Produtor sem área (242.072). Vale destacar que este público são potenciais beneficiários para acessarem o Programa Nacional de Crédito Fundiário.

Após 20(vinte) anos de execução, o Programa de Nacional de Crédito Fundiário é operacionalizado em 21 Unidades Federativa, percebe-se que há maior concentração nos estados da região Nordeste, com expressão no estado do Piauí e, em seguida, Bahia, Maranhão e Rio Grande do Norte. Outra região como o Sul, destaca o estado do Rio Grande do Sul. No entanto, a região Norte, não existe a atuação do Programa, como observa-se na Figura.

Figura 02. Atuação do PNCF no Brasil

4

boletim informativo, Boletim Ano XIII 11/2018. Disponível em:

http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/user_img_1832/Painel%20de%20Indicadores%2026-11-2018.pdf, acesso em 11/03/2019)

5O

Painel de Indicadores é uma publicação da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), criado para sistematizar as informações dos Programas sob gestão da SRA, por meio de indicadores elaborados para monitorar, avaliar e subsidiar a tomada de decisão. Esta publicação se dedica principalmente ao público interno da SRA (Gestores, servidores, consultores), além disso é voltada às Unidades Técnicas Estaduais - UTEs e Parceiros Sociais, que possam além de usar as informações, contribuir para melhoria da gestão de forma tempestiva e certeira.

(19)

Fonte: MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018

Considerando o número de famílias beneficiadas pelo Programa a nível nacional desde a sua implementação, e, o volume de estabelecimentos ainda na condição de arrendatário, parceiro e sem área, podemos afirmar que ainda há muitas regiões/ estados que necessitam de ações que potencializem a implementação do Programa, como demonstra a Figura 02.

1.3.A atuação do PNCF no estado do Rio Grande do Norte

Segundo MELO (2012), o PNCF no estado do Rio Grande do Norte começou a ser executado desde 2003, oportunizando a milhares de famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais o acesso ao crédito subsidiado para compra de imóveis rurais e recompor ou ampliar a infraestrutura das propriedades adquiridas, de modo a transformar as histórias de vida dessas famílias. Nos primeiros anos de atuação no Estado, segundo o autor, o Crédito Fundiário, paulatinamente, foi ampliando sua atuação e se estendendo para todas as regiões, contando sempre com o apoio do movimento sindical, através da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio grande do Norte (FETARN) e seus sindicatos filiados.

(20)

No mesmo ano de 2003, atendendo a demanda recorrente dos movimentos sociais de trabalhadores rurais e da agricultura familiar, o Programa foi totalmente reformulado, dando origem ao Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), com a publicação do Decreto nº 4.892/2003, que regulamenta a Lei Complementar nº 93/1998.

O Governo Federal vem desempenhando papel fundamental para o acesso à terra por meio da aquisição de imóveis rurais e de investimentos comunitários e básicos em projetos que atendem a agricultores e agricultoras rurais sem-terra, na condição de diarista ou assalariado, arrendatários, parceiros, meeiros, agregados, posseiros e proprietários de terras cuja dimensão é inferior ao módulo rural.

Para tanto, a União, por intermédio do extinto Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), formalizou o Termo de Cooperação Técnica com o Governo do estado do Rio Grande do Norte, os quais assumem a obrigação de criar no âmbito do órgão executor do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), a Unidade Técnica Estadual (UTE), na estrutura da Secretaria de Assuntos Fundiários e Apoio à Reforma Agrária (SEARA).

A SEARA foi criada pela Lei Complementar nº 207, 05 de novembro de 2001, com a competência de formular, propor e controlar a execução da política fundiária do Estado, em apoio aos trabalhadores e as trabalhadoras rurais e da agricultura familiar, promovendo a inclusão social através do acesso à terra, à regularização fundiária e apoio a reforma agrária.

No Estado do Rio Grande do Norte foram beneficiadas 5.831 famílias pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário, aportando um recurso em torno superior a 106 milhões de reais para aquisição de 137 mil hectares de terras, MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais

da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em

05/09/2018. A Figura 03 demonstra a espacionalização por município das famílias beneficiadas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário no estado do Rio Grande do Norte.

(21)

Figura 03. Famílias contratadas pelo PNCF – 2003 a 2018

Fonte: MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018.

Observa-se que as famílias contratadas concentram-se na região Oeste do Estado, pode-se afirmar que nesta região à concentração de famílias em situação de extrema pobreza, público em potencial para acesso a Programa e ainda por conter estabelecimentos rurais com grandes áreas, e com preço de terra acessível, passivo de financiamento. No entanto, ainda é preciso intensificar a ação do Estado para difundir o referido Programa. Vale destacar que os municípios que estão mais próximos do litoral, são inviáveis devido o alto valor do hectare de terra.

(22)

O Gráfico 01, demonstra a evolução das famílias beneficiadas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) desde a sua implementação, até dezembro de 2018. Gráfico 01. Evolução das famílias beneficiadas pelo PNCF – 2003 a 2018.

Fonte: MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018.

O Gráfico 01 apresenta a quantidade de famílias do estado do Rio Grande do Norte que acessaram o Programa Nacional de Crédito Fundiário desde a sua criação, em 2003. Observa-se a crescente demanda até 2008, depois, o número de contratos diminui em decorrência das seguidas mudanças do Programa com o fim do Acordo de Empréstimo com o Banco Mundial, dentre outros fatores.

O Gráfico 2 apresenta o percentual de famílias que acessaram ao Programa Nacional de Crédito Fundiário pelo tipo de linha de financiamento, seja Combate à Pobreza Rural (CPR) e Consolidação da Agricultura Familiar (CAF). Como dito, o recurso para investimento na unidade produtiva pode ser originário do Orçamento Geral da União, este será não reembolsável, trata da linha CPR ou podendo ser de origem do Fundo de Terras e Apoio a Reforma Agrária, este reembolsável, refere a linha CAF. Observa-se que 81% das famílias contratadas pelo Programa foram por meio da linha de financiamento Combate à Pobreza Rural (CPR).

(23)

Gráfico 02. Representação das famílias contratadas pelas linhas de financiamento – 2003 a 2018.

Fonte: MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018.

Conforme demonstra a Tabela 01, no estado do Rio Grande do Norte mais de 4 mil famílias foram beneficiadas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário por meio da linha de financiamento de Combate a Pobreza Rural (CPR). Além das famílias conseguirem o financiamento do imóvel com apenas 0,5% de juros ao ano, o Programa alocou mais de 50 milhões de reais para investimentos em atividades produtivas de geração de renda e segurança alimentar dos agricultores familiares, fomentando a produção agropecuária e, juntamente com as demais políticas de crédito rural, contribuiu para a inclusão sócio produtiva e a emancipação das famílias beneficiárias assegurando capacidade de pagamento da carteira de financiamento do Fundo de Terras e da Reforma Agrária.6

6

Fonte: MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018.

CPR 81%

CAF 19%

(24)

Tabela 01 – Dados de famílias contratadas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário por tipo de linha de financiamento.

Programa Número Propostas

Número Beneficiários

Valor Total

SIC/SIB SAT Contratado

Valor Total Contratado Banco da Terra 29 496 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 14.240.148,00 CPR 487 4.706 R$ 50.199.970,82 R$ 57.060.111,57 R$ 108.296.526,94 CAF 351 1.082 R$ 9.732.198,41 R$ 25.645.367,20 R$ 35.340.350,58 TOTAL 867 6.284 R$ 59.932.169,23 R$ 82.705.478,77 R$ 157.877.025,52

Fonte: MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018.

A linha Combate à Pobreza Rural contemplada na avaliação aqui apresentada, é a que visa atender as camadas mais necessitadas da população rural. O público alcançado por esta linha concentra-se principalmente na Região Nordeste, em especial nos bolsões de pobreza do semiárido brasileiro. Além do financiamento do imóvel rural, a linha CPR oferece recursos para investimentos comunitários na propriedade, possibilitando aos agricultores um impulso essencial para o desenvolvimento de sua produção agropecuária e os investimentos necessários para moradia e infraestrutura.

Diante da representação de famílias beneficiadas pela linha CPR, considera-se que o Programa Nacional se reveste de uma importante ação do Governo Federal que tem contribuído para a diminuição da pobreza rural e combate à fome nas comunidades carentes do Estado, impulsionando a procura pelo acesso ao Programa por outras centenas de famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra ou com pouca terra, evidenciando a importância dessa política pública na modificação dos números relativos à concentração de terras como também na diminuição das desigualdades sociais ainda presentes no Rio Grande do Norte, conforme já apontado por MELO (2012).

(25)

2.

A CONSOLIDAÇÃO DOS PROJETOS PRODUTIVOS DO PNCF

POR MEIO DOS RECURSOS DE INVESTIMENTOS

Além do financiamento, o Programa Nacional de Crédito Fundiário disponibiliza recursos para infraestrutura básica e produtiva, acompanhamento técnico para que o agricultor(a) possa desenvolver-se de forma independente e autônoma. Suas ações são aliadas à promoção de práticas de gestão e proteção ambiental, de convivência com o semiárido e na redução das desigualdades de gênero, geração e raça, incentivando a participação da sociedade civil e os mecanismos de controle social.

Desde a concepção do Subprojeto de Investimentos Comunitários (SIC) as famílias beneficiadas do PNCF têm contado com estes recursos não reembolsáveis para estruturar seus empreendimentos produtivos, dando condições para iniciar atividades produtivas na propriedade. Desse modo promove o acesso à terra, a continuidade e o fortalecimento da agricultura familiar.

O Subprojeto de Investimento Comunitário (SIC) é um projeto de infraestrutura básica e produtiva restrito, unicamente, as associações de beneficiários do Crédito Fundiário, constituídas especificamente para esse fim, que deve conter um plano de aplicação de recursos e um cronograma de execução com desembolso de parcelas, descritos no Plano de Investimentos Comunitários (PIC).

Os recursos para implantação dos Subprojetos de Investimentos Comunitários são provenientes do Subprograma de Combate à Pobreza Rural, conforme Decreto n.º 6.672/2008, a qual será constituído de dotações consignadas no Orçamento Geral da União e em seus créditos adicionais, com recursos oriundos do Tesouro Nacional ou operações de crédito e doações de instituições nacionais e internacionais. Os valores destinados aos SICs não são reembolsáveis, logo não são caracterizados como operação de financiamento, são repassados aos beneficiários por meio de contrato específico de transferência de recursos.

O Subprograma de Combate à Pobreza Rural instituído pelo art. 6º da Medida Provisória nº 2.183-56 de 24 de agosto de 2001, tem a finalidade de conceder aos trabalhadores rurais beneficiários da linha de Combate à Pobreza Rural com SIC apoio à instalação de suas famílias, implantação de infraestrutura comunitária e capacitação com vistas a consolidação social e produtiva dos projetos e reger-se-á pelo Decreto nº 6672 de 02

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de dezembro de 2008 e pelo Regulamento Operativo do Fundo de Terras e Reforma Agrária, previsto no art. 1º do Decreto nº 4892 de 25 de novembro de 2003, são considerados como Subprojetos de Investimentos Comunitários (SICs):

 Investimentos para implantação de infraestrutura básica, tais como: construção ou reforma de residências, rede de abastecimento de água para consumo humano e animal, rede de eletrificação, abertura ou recuperação de acessos internos, construção ou reforma de cercas;

 Investimentos para implantação dos projetos produtivos, tais como: formação de pastos, construção de instalações para as criações, aquisição de animais, aquisição de insumos, sistematização das áreas para plantio, implantação de culturas, apoio as culturas extrativistas, beneficiamento da produção, comercialização, obras de contenção de erosão, conservação de solos ou correção da fertilidade, etc.

Todos esses projetos são destinados a conceder aos beneficiários do programa o apoio à instalação de suas famílias, a geração de renda e melhoria da qualidade de vida, bem como a possibilidade de inclusão sócio-produtiva a partir do acesso à terra, possibilitando prioritariamente, a segurança alimentar das famílias beneficiárias. Visam iniciar a estruturação da produção e as atividades que assegurem, o mais rapidamente possível, fontes de renda, evitando gastos excessivos em infraestrutura e a correta destinação dos resíduos sólidos em consonância com a legislação ambiental.

A Linha de Combate à Pobreza Rural do PNCF, que viabiliza o acesso aos recursos do SIC, é um importante mecanismo de combate à pobreza rural, com condições especiais de acesso à terra, com juros de 0,5% ao ano, direcionado a agricultores familiares sem-terra ou com pouca terra, do setor mais empobrecido da sociedade, com cadastro no CadÚnico para Programas Sociais do Governo Federal, como um dos critérios de elegibilidade e condições de financiamento.

Os recursos do SIC são considerados fundamentais e prioritários ao aumento da renda e à melhoria das condições de vida dos beneficiários. Portanto, torna-se uma ferramenta de inclusão social e produtiva importante para a população do campo do Nordeste, especialmente, tendo em vista o nível de desigualdades sociais vivenciada nesta região do país.

(27)

O Nordeste representa 18,3% do território nacional, abriga a segunda maior concentração populacional do país, representando 27,8%. É fortemente marcado pelo rural, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012), na região estão os dois estados de menor taxa de urbanização: o Piauí e o Maranhão: 67,0% e 58,9% respectivamente, inferiores a regional (73,4%) e a brasileira (84,8%), além disso, apenas 2,7% da população residente é não natural da região. Se destaca no cenário socioeconômico brasileiro com elevados índices de pobreza e baixo desenvolvimento. Segundo os dados do Atlas de Desenvolvimento Humano do país (IPEA/PNUD, 2000) apontam o Nordeste como a região com o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), situação que perdura na atualidade, apesar da redução na diferença. Se destaca no cenário socioeconômico brasileiro com elevados índices de pobreza e baixo desenvolvimento.

2.1.

O

papel dos Subprojetos de Investimentos Comunitários na consolidação das unidades produtivas do PNCF no estado do Rio Grande do Norte

Os recursos de Investimentos Comunitários (SICs) têm promovido significativos investimentos no estado do Rio Grande do Norte, contribuindo com projetos comunitários e o desenvolvimento rural da região. Na linha de financiamento de Combate à Pobreza Rural, destaca-se como a principal linha de crédito do Programa Nacional de Crédito Fundiário no estado, fato que se deve pelo perfil de renda e patrimônio dos agricultores familiares beneficiados no estado.

Esta linha apresenta as maiores vantagens para os grupamentos de trabalhadores rurais levando em consideração que os investimentos comunitários iniciais são não-reembolsáveis, ou seja, os agricultores pagarão apenas o valor do imóvel com as taxas de juros permitidos e com a utilização dos bônus de adimplência.

A Tabela 02 apresenta o volume de recurso aplicado no estado do Rio Grande do Norte e no Brasil, destacando a recurso da linha de Combate a Pobreza Rural.

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Tabela 02. Número de Famílias contratadas e recursos aportados pela linha Combate à Pobreza Rural Pobreza no Brasil e no Rio Grande do Norte.

UF Número de Beneficiários Recurso para investimento produtivo

RN 4.706 R$ 50.199.970,82

Brasil 51.769 R$ 455.433.179,36

Fonte: MAPA. Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018

Na estratificação por SIC médio utilizado por família no período foi de R$ 10.667,23 considerando o valor total médio aplicado no período. Este valor torna-se baixo para estruturação comunitária, considerando o valor do teto que é de R$ 25.000 por família. O que implica dizer que mais da metade do recurso do SIC é direcionado para complementar o valor do Subprojeto de Aquisição da Terra (SAT). Diminuindo os investimentos de infraestrutura social e produtiva para as famílias beneficiadas.

Vale mencionar, que o valor destinado para estruturação produtiva estar relativamente relacionado ao valor da terra, quanto mais caro o hectare, menos será a quantia para investir na propriedade. Para o alcance da maior destinação do recurso para investimento produtivo, é importante boa negociação e preferência por propriedades com boas instalações e com recursos, exemplo, com existência de poços, açudes, infraestrutura para moradia e aos animais.

O recurso de investimento comunitário, como dito, é para estruturação da unidade produtiva, como a construção/reforma de pequenas infraestruturas, cercamento da área, plantio de lavouras de subsistência e aquisição de animais.

As famílias do Rio Grande do Norte, assim como a maioria do Nordeste priorizam o recurso de investimento para aquisição de animais, por tratar-se de uma garantia para pagamento da dívida.

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Gráfico 03. Representação da evolução de investimento de recurso de SIC – 2003 a 2018.

O desafio para o Programa é ampliar os recursos de SIC, tendo em vista que o orçamento do Subprograma de Combate à Pobreza Rural não está acompanhando o crescimento observado na utilização dos recursos de SICs, pelo contrário vem diminuindo a cada ano. Este fato é preocupante, pois está limitando a formalização de contratos de financiamentos por meio da linha CPR SIC, que, devido a suas características, é a linha mais indicada para atender a demanda de agricultores familiares da região Nordeste e da área da SUDENE.

Os recursos destinados aos Subprojetos de Investimentos Comunitários têm o papel e importância no desenvolvimento e consolidação das Unidades Produtivas do PNCF, tornam-se estornam-senciais para a geração de renda e tornam-segurança alimentar dos agricultores familiares. Incrementam a produção agropecuária e juntamente com as demais políticas de crédito rural, possibilitam a inclusão sócioprodutiva e a emancipação das famílias beneficiárias construindo capacidade de pagamento da carteira de financiamento do Fundo de Terras.

3. ANALISE GERAL DO PNCF

Diante dos estudos realizados pode-se afirmar o Programa Nacional de Crédito Fundiário está consolidado como Política Pública de acesso à terra e desenvolvimento socioeconômico para as populações rurais do Brasil. Programa executado com recursos do

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Fundo de Terras e da Reforma Agrária já beneficiou mais de 100 (cem) mil famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais por todas as regiões do país.

E sobretudo, os recursos dos Subprojetos de Investimento Comunitários são fundamentais para a instalação das famílias beneficiárias do Programa Nacional de Crédito Fundiário, pois proporcionam inclusão sócio produtiva, geração de renda, segurança alimentar e desenvolvimento das Unidades Produtivas.

O PNCF está sendo retomado de forma gradativa nesse ano de 2018, após sua paralização verificada em abril de 2017. Com a publicação do Manual de Operações do Crédito Fundiário, por meio da Resolução do Conselho Permanente do Fundo de Terras e da Reforma Agrária (CPFTRA) n° 01, de 22 de agosto de 2018, a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD) busca oferecer maior eficiência, operacionalização e inclusão social as diferentes categorias de agricultores no acesso ao Programa. Desse modo, o Programa Nacional de Crédito Fundiário como instrumento de reordenamento fundiário vem dando continuidade ao compromisso do governo federal de ampliar o processo de inserção social dos trabalhadores rurais, através do acesso a terra e aos meios de produção, fortalecendo a agricultura familiar.

É necessário consolidar o processo de implantação dos projetos de crédito fundiário, tratando-se das orientações desde a organização da vida social, das instituições locais, a prestação da Assistência Técnica que as entidades da Rede de Apoio vêm desenvolvendo. Também, dos investimentos aprimorando e consolidando os mecanismos já utilizados para a implantação e monitoramento dos projetos de SIC, colocando o PNCF como instrumento de redução da pobreza e de melhoria da qualidade de vida, proporcionando maiores possibilidades de satisfação às famílias. Consequentemente, também resultando em melhores indicadores de projetos de modo a favorecer o processo de consolidação e sustentabilidade aos empreendimentos financiados com recursos do Programa Nacional de Crédito Fundiário.

O acúmulo de experiência de todos aqueles que fazem o Crédito Fundiário, aponta para a renovação/atualização e manutenção de instrumentos capazes de fortalecer ainda mais os procedimentos de acompanhamento, supervisão e monitoramento dos recursos destinados aos subprojetos de investimentos produtivos, consolidando a participação e controle social desses recursos públicos destinados aos investimentos comunitários e básicos das associações e beneficiários.

(31)

O desenvolvimento de ferramentas de controle por parte das Unidades Técnicas Estaduais é fundamental para se fortalecer o processo de administração e monitoramento dos recursos de SIC/SIB, assim como o acompanhamento de sua execução física, através de visitas de supervisão, programadas por equipes técnicas qualificadas que possam acompanhar o desenrolar dos projetos produtivos apresentados pelas associações, conforme seus respectivos Planos de Investimentos Comunitários (PICs), elaborados e executados após aquisição dos imóveis.

Na atual realidade do Programa de Crédito Fundiário, o qual reinicia suas contratações por todo Brasil, os recursos de SIC/SIB deverão ser, prioritariamente, utilizados para promoção do desenvolvimento econômico e social das comunidades e suas respectivas famílias e de acordo com os normativos do Programa, principalmente no que cabe a sua boa utilização de forma transparente e ágil, conforme definido nos planos de investimentos comunitário.

4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, considerando o período da minha atuação na Secretaria de Estado de Assuntos Fundiários e Apoio a Reforma Agrária (SEARA), nas ações voltadas para a operacionalização do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), concluo com os seguintes apontamentos:

Considero que o acesso a terra traz segurança as famílias do meio rural que não possuíam terra ou pouca terra, retirando estas famílias da marginalização.

Considero que a partir do acesso a terra, estas famílias possam inserir nas políticas sociais de governo, como habitação, saúde, saneamento, tecnologias sociais de convivência com o semiárido, entre outros.

Com o imóvel, as famílias podem acessarem a créditos rurais para investimentos na terra ou à aquisição de bens para trabalhar na terra.

Como também considero importante a viabilização do recurso dos Subprojetos de Investimentos Comunitários (SICs) para implementação dos projetos produtivos para as

(32)

famílias beneficiadas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário. O recurso de SIC permite que as famílias iniciem as atividades agrícolas/ pecuárias como também a estruturação da propriedade.

Para concluir, o Programa Nacional de Crédito Fundiário ao longo dos anos, transformou a vida de mais de 6 mil famílias o estado do Rio Grande do Norte, permitindo a mitigação da pobreza, trazendo a segurança e soberania para estas famílias.

(33)

5.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Documentos da Unidade Técnica Estadual do Rio Grande do Norte;

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Crédito Fundiário. Disponível em: http://www.mda.gov.br/sitemda/secretaria/sra-crefun/sobre-o-programa.

Acesso em 11 de março de 2019.

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Painel de Indicadores Gerenciais da Subsecretaria de Reordenamento Agrário, Boletim Ano XIII 11/2018, publicado em 05/09/2018

MELO, João Vicente T. T. Q, Documento contendo levantamento situacional da execução dos recursos de SIC e SIB no estado do RN destacando as estratégias utilizadas pelas UTE's e parceiros na supervisão e acompanhamento da implantação dos subprojetos de investimentos comunitários e básicos, com sugestões de aprimoramento. - PCT/BRA/IICA/08/003 – Crédito Fundiário, 05/01/2012.

Normativos do Programa Nacional de Crédito Fundiário; Plano de Monitoramento e Avaliação do PNCF;

Presidência da República do Brasil – Casa Civil. Lei Complementar nº 93, de 4 de fevereiro

de 1998. BRASÍLIA, 1998.

SEAD. Painel de Indicadores. SRA. BRASÍLIA.2018

Secretaria de Reordenamento Agrário - SRA – Manuais e Normas. SRA/SEAD portal.mda.gov.br/portal/sra. BRASÍLIA, 2015.

Secretaria de Reordenamento Agrário - SRA – Painel de Indicadores. SRA/SEAD portal.mda.gov.br/portal/sra. BRASÍLIA, 2018.

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