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A COMÉDIA ARISTOFÂNICA ENQUANTO MATERIALIDADE DOS TRATADOS HIPOCRÁTICOS: UM ESTUDO DE GÊNERO (Sécs. V-IV a.C.).

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A COMÉDIA ARISTOFÂNICA ENQUANTO

MATERIALIDADE DOS TRATADOS

HIPOCRÁTICOS: UM ESTUDO

DE GÊNERO (SÉCS. V-IV a.C.)*

BÁRBARA ALEXANDRE ANICETO**

* Recebido em: 21.04.2020. Aprovado em: 27.08.2020.

** Doutoranda no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais - FCHS - UNESP/Franca - SP e Bolsista CAPES. E-mail: ba_ship@hotmail.com

DOI 10.18224/frag.v30i1.7905

DOSSIÊ

Resumo: tradicionalmente relacionados somente à perpetuação de herdeiros, a sexualidade e o corpo feminino não foram validados enquanto objetos de estudo pela historiografia do século XIX até meados do XX. Contudo, é notório como ambos estiveram presentes nas produções históricas da Antiguidade Clássica, dos vestígios materiais aos escritos de teatrólogos, filósofos e médicos, como Hipócrates e Aristófanes. Os conceitos de corpo e de sexualidade cristalizaram-se, na historiografia, como um esforço dos autores antigos, sobretudo de Aristóteles, em justificar a suposta inferioridade das mulheres gregas, que estaria baseada em uma composição fisiológica mais fraca. Tal visão acabou por restringir as possibilidades interpretativas oferecidas por outras naturezas documentais do período clássico, como a hipocrática e a aristofânica. Esse artigo busca refletir sobre a correlação histórica das obras de Aristófanes e Hipócrates, com ênfase nas atividades sexuais femininas e nas construções de gênero em Atenas.

Palavras-chave: História da Grécia Clássica. Comédia Aristofânica. Medicina Hipocrática. Esposas legítimas.

C

om base na proposta do presente dossiê em reunir trabalhos que versem sobre as

produções atuais acerca dos conceitos de performance e de gênero aplicados às fontes antigas, objetivamos refletir sobre as possibilidades interpretativas oriundas da interlocução entre Hipócrates e Aristófanes. A análise que pretendemos construir a par-tir deste diálogo se alinha à História de Gênero, pois elegemos a relação entre o feminino e o masculino como central ao nosso estudo. Por um lado, a investigação das comédias aristofânicas aponta para a elaboração de uma imagem feminina ativa, especificamente a da esposa legítima em Atenas. Tal imagem, que será explorada mais adiante, nos permite compreender as trocas de gênero que permeiam os enredos de Aristófanes e, também, como

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tais trocas indicam a representação de mulheres casadas (gyné/gameté1) atuantes e distantes

do ideal da boa esposa. Por outro, pelo exame dos tratados hipocráticos podemos expandir os debates em torno das concepções de gênero, que passam a abarcar, nesse novo estudo, as noções de sexualidade e os conceitos do corpo feminino circulantes na Atenas Clássica.

Neste artigo, optamos por focar a discussão em uma prática sexual feminina ressal-tada por Aristófanes que, em nosso ponto de vista, pode corresponder a recomendações mé-dicas hipocráticas, daí entendermos a documentação aristofânica enquanto materialidade dos textos médicos. Também exploraremos o intercâmbio entre ambos os discursos, mostrando tanto a possibilidade quanto a potencialidade de estudá-los em conjunto.

O DESENVOLVIMENTO DA MEDICINA HIPOCRÁTICA EM ATENAS.

De acordo com o historiador da medicina Henry Ernest Sigerist, a medicina en-quanto prática voltada à cura e ao entendimento das doenças já possuía seu espaço na An-tiguidade. Comumente associado a motivações mágicas desde a época babilônica, o pensa-mento médico adquiriu, na tradição grega clássica, um teor fundamentalmente filosófico e investigativo. Preocupado em compreender o avanço das técnicas e crenças médicas do perío-do grego arcaico ao clássico, Sigerist (1961, p. 240) analisa o sistema médico grego, o qual se baseava, segundo ele, em uma lógica filosófica e racional.

William Arthur Heidel, por sua vez, se dedica a estudar especificamente a medici-na hipocrática, buscando apreender os variados significados dos tratados hipocráticos e suas contribuições tanto nas reflexões quanto nas técnicas então em curso no V século a.C. Para ele, uma das grandes inovações trazidas por Hipócrates e seus discípulos residiu no desenvol-vimento da teoria médica em estreita relação com as observações dos sintomas dos pacientes no leito. Assim como Sigerist, Heidel também enxerga o uso racional dos conceitos e das intervenções médicas em Hipócrates, uso esse responsável por fundar uma arte médica nor-teada pelo prognóstico dos doentes, ou seja, pela recomendação constante dos cuidados com o corpo (HEIDEL, 1941, p. 16-17). É precisamente neste caráter recomendatório que reside a riqueza documental hipocrática, visto que suas orientações nos fornecem indícios valiosos tanto de uma concepção do corpo feminino partilhada entre os atenienses quanto das ações corporais e ginecológicas prescritas às mulheres.

Conforme Henrique Cairus e Wilson Ribeiro esclarecem, os dados acerca da vida de Hipócrates estão envoltos em lendas e descrições fictícias, pois muitas vezes não correspon-dem às características do contexto histórico vivido pelo médico (CAIRUS; RIBEIRO, 2005, p. 12-13). Isso se explica devido à grande fama adquirida por Hipócrates no período clássico, fama essa que perdurou nos anos posteriores. Muitas obras que hoje levam seu nome lhe foram atribuídas posteriormente, portanto não há como precisar a autoria de alguns tratados. A fim de abarcar essa questão autoral, conhecida na historiografia como “questão hipocrática”, es-clarecemos que, quando nos referirmos a Hipócrates, estamos levando em consideração seus discípulos, alunos e seguidores, haja vista a incerteza autoral em torno de seus escritos.

Segundo Regina André Rebollo (2006, p. 54-57), Hipócrates aprendeu a arte mé-dica na escola de Cós, uma vez que sua família dali descendia. No entanto, por constituir uma compilação de autores que compartilhavam alguns parâmetros técnicos e concepções médicas distintas entre si, o Corpus Hippocraticum também apresenta dados e orientações provenientes de Cnido. Após um extensivo trabalho de rastreio documental e debates ocorridos entre o

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fim do século XIX a meados do século XX, os estudiosos2 chegaram ao consenso de que não é possível divisar com precisão os elementos cnidianos ou de coicos nas obras hipocráticas, justamente porque nelas se identifica uma miscelânea de prescrições e noções teóricas.

No entanto, embora sua origem remonte à ilha grega de Cós, compartilhamos da ideia de Rebollo (2006, p. 49-50) e Jacques Jouanna (1992, p. 33-35) quando defendem que o saber hipocrático era difundido em Atenas através dos ensinamentos e das práticas propostas por Hipócrates e seus discípulos. Segundo os autores, os tratados eram empregados como material de estudo e de diretrizes práticas aos alunos e também aos pacientes. Assim, os preceitos hipocráticos eram ensinados em diversas cidades, visto que a formação do médico envolvia tanto os fundamentos teóricos quanto a ação itinerante. Ambos os autores nos expli-cam que a instrução médica dependia da transmissão oral, pois o aprendiz realizava consultas clínicas em distintos locais que visitava, tomando conhecimento de novos medicamos, o φάρμακον (phármakon), bem como de novas doenças. As consultas ou atendimentos eram gratificados financeiramente, e a partir das visitações, os médicos procuravam se fixar em uma cidade. Sua fixação em uma pólis dependia da aprovação dos habitantes, que deveriam escutar o discurso de persuasão preparado pelo médico, baseado em suas anotações e vivências em regiões anteriores. Desse modo, a prática itinerante dos médicos e a criação de uma escola em Atenas – compreendendo escola enquanto um centro de estudos – nos habilitam a analisar o intercâmbio entre os tratados hipocráticos e a comédia aristofânica, uma vez que ambos os textos circulavam, seja de forma literária ou oral, na pólis ateniense.

Como aponta o historiador da medicina Pedro Laín Entralgo (1970, p. 363), de-vemos nos lembrar que o médico hipocrático exercia uma atividade essencialmente social, afinal disponibilizava seu ofício curativo aos diversos moradores da pólis. Além disso, outro fator fundamental que o conectava à cidade residia no modo como ele se concebia: enquan-to um δημιουργός (dēmiourgós), “aquele que trabalha para a comunidade”. Ao analisar o Corpus Hippocraticum em sua quase totalidade, perpassando a fisiologia, os diagnósticos, os métodos, as enfermidades, os tratamentos e a multiplicidade interna dos textos médicos, En-tralgo (1970, pp. 364-367) busca situar historicamente tanto a produção hipocrática quanto o estatuto do ἰατρός (iatrós), do médico, nas poleis gregas. Segundo ele, os médicos antigos podem ser entendidos a partir de duas figuras principais, ligadas às funções sociais que desem-penhavam: o médico praticante e o autor dos tratados.

Ambas as configurações nos interessam, visto que nos informam sobre as interações sociais dos médicos na pólis ateniense, como também se relacionam diretamente ao papel do comediógrafo nesta sociedade. Ao se enxergar como o dēmiourgós/hypērétēs, “o que presta ser-viços à comunidade”, “o servidor”, o médico almejava demarcar tanto sua posição quanto sua importância nas poleis gregas. Esse esforço em delimitar sua relevância perante a cidade pode ser percebido no próprio termo empregado pelo autor de Sobre a medicina (HIPÓCRATES, 3), que utiliza ὑπηρέτης (hypērétēs) para referir-se a si mesmo. O substantivo é formado por hyper e etes; o primeiro significa “o ato de direcionar-se a algo ou alguém” e o segundo cons-titui uma das terminologias da língua grega clássica para designar o cidadão. O médico seria, então, aquele que se dirige aos cidadãos com fins curativos ou aplacáveis. É precisamente nessa definição que encontramos a primeira similaridade entre Hipócrates e Aristófanes, a qual será analisada mais adiante.

O que conhecemos hoje como Corpus Hippocraticum constitui um conjunto de aproximadamente sessenta tratados do corpo humano e suas doenças. Em uma das traduções

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por nós utilizada, notamos que Paul Potter optou por agrupá-los de acordo com suas respecti-vas temáticas. Para ele, os seis tratados hipocráticos relacionados especificamente às mulheres compartilham expressões e verbetes, o que nos leva a crer que poderiam ter constituído o mesmo texto na época em que foram compostos e, portanto, que expressem um pensamento relativamente coeso sobre a composição corporal do feminino. São eles: Sobre as doenças das mulheres I e II, A geração, A natureza da mulher, Esterilidade e A natureza da criança.

Quatro dos seis escritos médicos que nos propomos a analisar3 se debruçam sobre a reprodução humana e o corpo feminino especificamente, explicando a origem de algumas enfermidades e atributos apresentados pelas crianças e pelas mulheres. São eles: A geração, A natureza da criança, A natureza da mulher e Esterilidade. Enquanto o primeiro aborda a concepção dos filhos e o papel de ambos os gêneros no processo fecundador, o segundo procura averiguar o desenvolvimento do embrião desde a geração até o nascimento. O que é importante notar, e que será explorado mais adiante, é a aparição do prazer sexual como um elemento significativo do coito. Em A natureza da mulher, por outro lado, vemos uma pre-ocupação do autor em apreender o funcionamento dos órgãos femininos, especialmente do útero, preocupação essa manifesta também na coleção de textos ginecológicos e tratamentos fitoterápicos por ele receitados. O documento Esterilidade nos fornece, como o próprio nome aponta, algumas condições que resultariam na infertilidade feminina.

Dentre os assuntos de maior importância para o pensamento humano, Hipócrates destaca a fisiologia da mulher, interesse esse suplantado apenas pela investigação da natureza divina, “Esta é minha abordagem da natureza e das doenças das mulheres: o fator mais impor-tante nas questões humanas é o divino; e, depois, a natureza da mulher e suas compleições” (HIPÓCRATES, A natureza da mulher, 1).

Tanto o trecho acima citado quanto o número de obras dedicadas exclusivamente à mulher nos apontam o peso que os tratados hipocráticos atribuem ao estudo do corpo e da natureza feminina, evidenciando uma preocupação latente dos médicos em compreender as características da formação fisiológica da mulher.

AS APROXIMAÇÕES DO TEXTO MÉDICO E CÔMICO: UM OLHAR DE GÊNERO SOBRE AS RECOMENDAÇÕES À SAÚDE DA MULHER E SUAS PRÁTICAS SEXUAIS

Se por um lado encontramos essa recorrência do feminino nas obras hipocráticas, nas peças aristofânicas nos deparamos com uma reincidência similar. Dentre as quarenta e quatro comédias por ele produzidas (SILK, 2005; HENDERSON, 2007), onze chegaram a nós integralmente. Dessa totalidade, três se debruçam sobre o universo sociocultural femini-no4 e apresentam indicativos que nos possibilitam aproximá-las do discurso médico.

Nascido no contexto da concretização democrática, em 450 a.C. (SILK, 2005, p.19), Aristófanes presenciou uma série de transformações profundas da pólis ateniense. Em 443 a.C., sete anos após o nascimento do poeta cômico, Péricles ascendeu ao posto de estra-tego, fortificando as bases políticas de Atenas sobre as demais cidades gregas, sobretudo com os subsídios da Liga de Delos. Com dezenove anos, o jovem comediógrafo assistiu ao início da Guerra do Peloponeso, que viria a constituir um dos principais temas de Lisístrata tempos mais tarde. Dezoito anos depois, em uma situação bastante distinta, na qual a cidade atenien-se viu sua democracia e proeminência ruir gradativamente, compôs Asatenien-sembleia de Mulheres.

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Observador atento e crítico assaz irônico, Aristófanes documentou o cenário político contur-bado que caracterizou Atenas, sobretudo no arco temporal em análise.

O século V a.C. foi palco de diversos conflitos oriundos da disputa bélica do Pelo-poneso que levaram à desestabilização da democracia ateniense. Após compor comédias com um explícito caráter político, o comediógrafo optou por fazê-lo de novo treze anos depois na peça Lisístrata, incluindo as mulheres no centro do debate e das ações sobre o destino da pólis diante de um cenário oscilante. Sabemos que a comédia aristofânica apresentava um forte tom crítico em relação ao modo como os magistrados atenienses conduziam a governança citadina. Os enredos de Os Acarnenses (425 a.C.), Os Cavaleiros (424 a.C.) e As Rãs (405 a.C.), para citar alguns, fornecem indícios assertivos tanto das denúncias tecidas pelo nosso poeta no que diz respeito à má conduta política em Atenas quanto da seriedade de sua co-média. Nos versos 643-664, 507-510 e 686-690 respectivamente, notamos como Aristófanes reivindica seu papel de educador dos cidadãos, como também reforça o dever da comédia em alertar e aconselhar os atenienses.

Na tangente dos enredos ficcionais, notamos constantes inquietações do comedió-grafo, conectadas às conceitualizações de feminino e masculino na sociedade ateniense do V e IV séculos a.C. Tais conceitualizações estavam ligadas às relações de poder em Atenas, visto que os lugares sociais atribuídos às mulheres e homens eram norteados pelas definições de feminilidade e masculinidade partilhadas no período. Assim, acreditamos que as problemati-zações levantadas por Aristófanes em suas apresentações teatrais constituem indício profícuo de que este gênero literário incorporava questões políticas em seu escopo. Segundo o próprio poeta, à comédia cabia igualmente provocar o riso e a reflexão na audiência.

Cientes de que havia um padrão feminino propagado durante o período clássico, a saber, o da Melissa (mulher-abelha)5, defendemos que a presença desse modelo imputado às mulheres não resultaria em seu cumprimento instantâneo. Aspectos masculinizados imis-cuídos ao pensamento grego antigo, desde o testemunho hesiódico até a época clássica, não encerram a participação e os espaços de sociabilidade femininos na pólis ateniense. Tampouco resumem suas existências na oposição superioridade/passividade entre os gêneros, pressu-pondo o predomínio masculino baseado, dentre outros fatores, em sua composição corporal supostamente mais forte.

Ao aproximar-se do cotidiano da cidade pela linguagem mais acessível que empre-gava, como também por mobilizar distintas referências do dia a dia em suas peças, o comedi-ógrafo foi capaz de inserir uma visibilidade feminina que transcende o risível. Suas comédias estão recheadas de personagens femininas que correspondem a mulheres casadas, concubinas, escravas, prostitutas, mães e filhas, ou seja, a mulheres reais atenienses, integrantes das rela-ções domésticas, públicas e de trabalho.

O novo olhar que propusemos sobre as comédias aristofânicas se coaduna a esforços historiográficos que procuram tanto investigar questões culturais e políticas à luz de teses da Sociologia e Antropologia quanto à reafirmação do caráter científico da História. Reafirmar esse caráter significa reconhecer a subjetividade inerente do historiador em conjunto com a sua função técnica, qual seja, a de construir a interpretação de uma pequena parcela do pas-sado alinhada com preocupações do presente (GUARINELLO, 2004, p. 12). Neste processo de constantes (re)interpretações, edificamos um saber baseado em fragmentos de realidades passadas e em teorias sintonizadas às nossas inquietações contemporâneas, daí escolhermos o suporte de gênero para respaldar nosso estudo.

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Mais do que expor a supressão feminina na História – como nos aponta Joan Scott (1992, p. 76), uma dupla supressão, porque relacionada tanto à invisibilidade da atuação feminina em diferentes contextos históricos quanto à própria invisibilidade sofrida pelas pes-quisadoras nas Universidades – acreditamos ser necessário diferenciar a História das Mu-lheres, que defendeu essa exposição como motivo propulsor, da de Gênero. Embora ambas tenham surgido em estreita ligação epistemológica uma com a outra, consideramos que o gênero transcende as propostas da História das Mulheres ao lidar com o problema da dife-rença em dois níveis. No primeiro, contesta a suposta homogeneidade da categoria “mulher”, demonstrando a diversidade étnica, econômica, sexual e identitária subjacente à construção deste termo que se pretendeu universal. Dentro da terminologia “mulher”, há múltiplos gru-pos de mulheres, com variantes significativas a serem ponderadas. No segundo nível, questio-na a distinção social entre mulheres e homens baseada no sexo biológico, atestando como tal distinção está pautada mais nas percepções de masculino e feminino em determinado período e lugar e menos em uma acepção essencialista e atemporal destes coletivos (SCOTT, 1995).

Em outras palavras, atesta como a identidade de gênero é edificada sempre em rela-ção ao outro, ao diferente, por isso torna-se fundamental conceber o contraponto masculino ao abordarmos o papel das mulheres na História. O gênero ainda problematiza a natureza do feminino e masculino, investigando os elementos estruturantes de feminilidade e masculini-dade padronizadas, isto é, quais subsídios suportam e elucidam a existência humana a partir de padrões generificados. Na atualidade, é possível inclusive falar em existências não binárias, oriundas da chamada teoria queer, que propõe a desconstrução da referência dual enquanto paradigma explicativo, como vemos nos trabalhos de Judith Butler (2003).

Dessa maneira, o diálogo que propomos entre Hipócrates e Aristófanes se divide em dois eixos: no primeiro, visualizamos os trabalhos do poeta como materialidade dos tra-tados hipocráticos, ou seja, a comédia nos permite rastrear os usos da medicina antiga no cotidiano ateniense, mormente àquele efetuado pelas esposas. No segundo, a comédia aristo-fânica e os textos médicos surgem enquanto testemunhos de uma visão de mundo masculina que perpassava Atenas, visão de mundo referente às esposas legítimas, à conexão entre elas e a pólis, às construções de gênero desta sociedade e às concepções de corpo feminino e mascu-lino. Em outras palavras, propor a interação documental entre os trabalhos do comediógrafo e do médico nos permite reconhecer que suas obras integravam uma parte do pensamento masculino do V e IV séculos a.C. e que podem nos informar acerca das práticas políticas e sexuais em Atenas, práticas essas inevitavelmente balizadas pelas noções de gênero do período. Dito isso, acreditamos que um dos principais pontos de encontro entre a comédia aristofânica e os tratados hipocráticos resida nas condutas sexuais das mulheres, sobretudo das casadas, entendidas aqui enquanto saberes que elas compartilhavam em momentos diversos. Em nossa visão, tais condutas orientavam-se por sabedorias e costumes em comum entre elas, perpetuados e ressignificados nos espaços ocupados durante as atividades em conjunto, como vemos na passagem abaixo, da peça Lisístrata:

Λυσιστράτη - τοὺς πατέρας οὐ ποθεῖτε τοὺς τῶν παιδίων ἐπὶ στρατιᾶς ἀπόντας; εὖ γὰρ οἶδʼ ὅτι

πάσαισιν ὑμῖν ἐστιν ἀποδημῶν ἀνήρ.

Καλονίκη - ὁ γοῦν ἐμὸς ἀνὴρ πέντε μῆνας ὦ τάλαν ἄπεστιν ἐπὶ Θρᾴκης φυλάττων Εὐκράτη.

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Μυρρίνη - ὁ δʼ ἐμός γε τελέους ἑπτὰ μῆνας ἐν Πύλῳ. Λαμπιτώ - ὁ δʼ ἐμός γα καἴ κʼ ἐκ τᾶς ταγᾶς ἔλσῃ ποκά, πορπακισάμενος φροῦδος ἀμπτάμενος ἔβα. Λυσιστράτη - ἀλλʼ οὐδὲ μοιχοῦ καταλέλειπται φεψάλυξ. ἐξ οὗ γὰρ ἡμᾶς προὔδοσαν Μιλήσιοι, οὐκ εἶδον οὐδʼ ὄλισβον ὀκτωδάκτυλον, ὃς ἦν ἂν ἡμῖν σκυτίνη ʼπικουρία. ἐθέλοιτʼ ἂν οὖν, εἰ μηχανὴν εὕροιμʼ ἐγώ, μετʼ ἐμοῦ καταλῦσαι τὸν πόλεμον;

Lisístrata – Vocês não estão com saudades dos pais dos seus filhos que estão servindo o exército? Pois eu bem sei que todas vocês têm o marido longe de casa.

Calonice – Ao menos o meu marido, pobre de mim, está há cinco meses na Trácia, vigiando Eucrates.

Mirrina – E o meu está há sete meses completos em Pilos.

Lâmpito – E o meu, se alguma vez deixava o seu pelotão, com o escudo debaixo do braço voltava voando estrada afora.

Lisístrata – E nem a centelha de um amante nos resta (ἀλλ’ οὐδὲ μοιχοῦ καταλέλει πται φεψάλυξ)

Desde que os milésimos nos traíram, não vi mais nenhum consolo de oito dedos, que nos trazia um conforto de couro

(οὐκ εἶδον οὐδ’ ὄλισβον ὀκτωδάκτυλον, ὃς ἦν ἂν ἡμῖν σκυτίνη ’πικουρία).

Vocês gostariam então, se eu descobrisse um meio,

De, comigo, por fim à guerra? (ARISTÓFANES, Lisístrata, vv. 100-111).

Neste excerto, a figura da esposa aparece associada ao uso do dildo. Na cena, ela desabafa com suas amigas sobre a ausência do marido e pergunta às outras mulheres casadas se elas também não sentem falta da presença masculina. É curioso notarmos que essa presença poderia tanto ser preenchida com o marido quanto com algum amante, ou ainda, pelo “con-solo de oito dedos (ὄλισβον ὀκτωδάκτυλον - ólisbon oktōdáktylon)”. Não restam dúvidas de que Lisístrata remete ao dildo. Sua menção vem acompanhada de certa naturalidade no enredo, visto que não há nenhuma reação de surpresa por parte das demais mulheres. Em que pese o exagero cômico da cena, sua representação nos aventa a possibilidade de que as esposas utilizavam o dildo, evidenciando uma dimensão erótica e autônoma dantes negada a essa categoria social pela historiografia.

Em Assembleia de Mulheres, a menção se repete:

Νεᾶνις αἰαῖ τί ποτε πείσομαι; οὐχ ἥκει μοὐταῖρος· μόνη δʼ αὐτοῦ λείπομʼ· ἡ γὰρ μοι μήτηρ ἄλλῃ βέβηκε· †καὶ τἄλλʼ οὐδὲν μετὰ ταῦτα δεῖ λέγειν†. ἀλλʼ ὦ μαῖʼ ἱκετεύομαι, κάλει

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τὸν Ὀρθαγόραν, ὅπως

σαυτῆς κατόναιʼ, ἀντιβολῶ σε.

Garota – Ah, o que será de mim? Meu namorado não veio e estou aqui sozinha, pois minha mãe está fora em algum lugar e nem preciso dizer o que vem em seguida. Mas, eu imploro, chame o doutor Dildo (κάλει τὸν Ὀρθαγόραν) para que ela possa se divertir, por favor! (ARISTÓFANES, Assembleia de Mulheres, vv. 910-917).

Embora discordemos da tradução de Henderson, que optou por interpretar “κάλει  τὸν Ὀρθαγόραν – kálei tón Orthagóran” como “chame o doutor Dildo”, reconhecemos a presença deste elemento na fala da personagem Garota, haja vista que “Ὀρθαγόραν (Or-thagóran)”, do nominativo “Ὀρθαγόρας” refere-se a um trocadilho efetuado pelo teatrólogo com uma conotação claramente sexual. Possivelmente, o substantivo deriva do verbo ὀρθόω

(orthóō), que significa “colocar na posição vertical, endireitar, levantar-se”, ou seja, o poeta faz alusão a um objeto fálico. Pela ausência do namorado (μοὐταῖρος, moutairos), concluímos que o nome mencionado pela letra maiúscula diz respeito ao dildo empregado pelas mulheres. Aqui percebemos a autonomia feminina e a busca pelo prazer sem a participação masculina. Isso nos leva a pensar não somente que tal atividade integrava o cotidiano das esposas, como também que elas conheciam seus corpos e, longe do olhar masculino, davam vazão às suas vontades, porque protegidas pelo espaço privado. Fábio de Souza Lessa, em sua obra Mulheres de Atenas – Mélissa Do Gineceu à Ágora, já nos apontava a possibilidade desse uso pelas esposas legítimas. O autor pontua que a prática masturbatória se fazia presente tan-to em testemunhos textuais quantan-to na cultura material, através da documentação imagética (LESSA, 2001).

Embora tais trechos documentais forneçam vestígios preciosos da atividade da mas-turbação por parte das esposas, em que medida se relacionam aos tratados hipocráticos? Em nossa perspectiva, a relação está justamente no contato com o próprio corpo e no incentivo para que a mulher se conhecesse e mantivesse as partes internas de seu corpo “úmidas”.

Ao refletir sobre a natureza do sêmen feminino e as determinações fisiológicas do prazer, o autor do tratado Da geração de filhos associa o deleite à fricção ocasionada no órgão genital da mulher pelo contato sexual. Além disso, uma de suas principais exortações diz res-peito ao coito com o sexo oposto, que mitigaria desconfortos físicos causados justamente pela ausência da relação sexual:

Agora nas mulheres, eu asseguro que, enquanto a vagina delas é friccionada e seus úteros se movem durante a relação sexual, uma espécie de excitação acontece nessas partes e dá origem ao prazer e ao calor no resto do corpo. E as mulheres, também, ejaculam do seu corpo (μεθίει δὲ καὶ ἡ γυνὴ ἀπὸ τοῦ σώματος)6, as vezes em seus úteros – o útero então se torna úmido – e as vezes externamente, se a entrada do útero se abre mais do que deveria. O seguinte ponto também é verdade para as mulheres: se elas praticarem o coito com os homens, serão mais saudáveis (μᾶλλον ὑγιαίνουσιν); se não praticarem, serão menos (εἰ δὲ μή, ἧσσον)7. Primeiro, os úteros ficam úmidos durante a relação sexual, ao invés de secos. Em um estado seco, ele se contrai mais fortemente do que deveria e, ao contrair-se, provoca sérias dores no corpo (πόνον τῷ σώματι παρέχουσιν)8. Segundo, o coito facilita a passagem da menstruação ao aquecer

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e umidificar o sangue, enquanto que se a menstruação não passa, o corpo das mulheres se torna propenso a doenças.

Como podemos perceber, na visão hipocrática, as mulheres, sobretudo as jovens e virgens, se mostravam especialmente suscetíveis a problemas corpóreos porque a entrada de seus úteros não se encontrava aberta pela penetração e o sangue menstrual não era capaz de fluir. Esse acúmulo de sangue causaria os desconfortos mencionados, facilmente solucio-náveis através do coito. A recomendação hipocrática sexual se baseia no princípio da saúde uterina. Para ele, o coito possibilitaria a umidificação do útero, a qual impediria, por sua vez, a sequidão e as consequentes contrações do ventre feminino. Se o ventre produzia espasmos, causando dor às mulheres, devido ao seu estado de secura, a solução estaria em mantê-lo úmi-do o máximo possível; por esse motivo, o autor úmi-do trataúmi-do em questão prescreve o ato sexual enquanto uma espécie de remédio para as mulheres. Por meio do ato, elas estariam aptas a manter a lubrificação interna de seus corpos, seguindo a prescrição médica.

Ao cruzarmos tais informações com as passagens aristofânicas acima referidas, en-trevemos tanto um comportamento sexual distante da Melissa quanto uma provável apropria-ção dos ensinamentos médicos pelas esposas. Conscientes de sua importância social em uma dinâmica democrática que delas dependia para existir e se perpetuar9, as esposas reconheciam o poder cívico atrelado ao ato sexual, pois eram elas as responsáveis por gerar cidadãos a Ate-nas. Acreditamos que também conseguiriam associar os benefícios mencionados pelo iatrós à prática masturbatória. Os efeitos resultantes da cópula - alto nível de excitação, afluência de sangue às genitálias e a umidificação interna – tinham a chance de serem emulados através do emprego do dildo; logo, pelo diálogo documental estabelecido, inferimos essa aproximação entre o ensinamento teórico-médico e a atividade privada da qual temos indícios.

Quando se dedica a analisar duas condições ginecológicas, Hipócrates novamente se remete ao coito enquanto possibilidade de cura ou de alívio das dores, evidenciando a recorrên-cia da admoestação sexual: “Se a sua barriga ficar mole, sua febre diminuir e sua menstruação aparecer, recomende a ela que durma com seu marido” (HIPÓCRATES, Da natureza da mu-lher, 2) e “Se o útero de uma mulher avança e se move para fora, sua urina cai um pouco por vez, irritando-a. Ela sofre essas coisas se, após ter tido um filho, não dormir com o seu marido” (HI-PÓCRATES, Da natureza da mulher, 4). Pela descrição médica, os primeiros sintomas podem aludir a um intenso período pré-menstrual, enquanto que os segundos ao fenômeno atualmente conhecido como prolapso uterino, o qual consiste na descida do útero até o canal vaginal.

Por fim, salientamos que as considerações propostas acerca das ações corporais em-preendidas pelas esposas legítimas em Atenas, sobretudo as sexuais, estão amparadas na in-terlocução com os tratados médicos. Tal diálogo se mostra inovador, na medida em que nos propicia um outro olhar sobre o comportamento dessa categoria feminina. E mais: possibili-ta-nos transcender noções cristalizadas do que era considerado feminino nesta sociedade e das atividades permitidas ou interditas às mulheres.

ARISTOPHANIC COMEDY AS A MATERIALITY OF HIPPOCRATIC TREATISES: A GENDER STUDY (V-IV century BC)

Abstract: traditionally related only to the perpetuation of heirs, sexuality and the female body were not validated as objects of study by historiography from the 19th century until the mid-20th

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century. However, it is notorious how both of them had been present in the historical productions of Classical Antiquity, from the material evidence to the writings of theatrologists, philosophers and doctors, such as Hippocrates and Aristophanes. The concepts of the body and sexuality have crystallized, in historiography, as an effort by ancient authors, especially Aristotle, to justify the supposed inferiority of greek women, which would be based on a weaker physiological composition. Such a view ended up restricting the interpretative possibilities offered by other documental types of the classical period, such as the Hippocratic and the Aristophanic ones. This article seeks to reflect on the historical correlation of Aristophanes and Hippocrates’ works, with an emphasis on female sexual activities and gender constructions in Athens.

Keywords: History of Classical Greece. Aristophanic Comedy. Hippocratic Medicine. Legitimate wives.

Notas

1 Do grego antigo γυνή (gynḗ) “mulher, esposa” e γαμετή (gametḗ) “mulher casada, esposa”. Esclarecemos que todas as definições aqui dispostas são oriundas dos dicionários Grego-Português organizados por Daisi Malhadas e Maria Celeste Dezotti, como também do léxico online Grego-Inglês Liddell-Scott-Jones. 2 Conforme Carlos García Gual e José Antonio Ochoa Anadón nos explicam, desde 1970 em diante, a

discussão bibliográfica acerca das tradições de Cós e Cnido busca problematizar o rígido dualismo que ca-racterizou as análises anteriores àquele ano. Atualmente, os especialistas enfatizam a importância das duas regiões na história da medicina grega, visto que nota-se um diálogo muito forte, em termos de concepções médicas e métodos de intervenção, entre ambas as escolas antigas.

3 Como mencionamos, nossa pesquisa de Doutorado busca ampliar as investigações iniciadas no Mestrado, trabalhando temáticas aristofânicas do feminino que foram pouco exploradas, em consonância com os indícios hipocráticos.

4 Durante nossa pesquisa de Mestrado, analisamos as comédias aristofânicas que, a nosso ver, ressal-tam aspectos sobre a construção de uma imagem feminina ativa, especificamente a da esposa legítima em Atenas. São elas: Lisístrata (411 a.C.), As Tesmoforiantes (411 a.C.) e Assembleia de Mulheres (392 a.C.).Tratou-se de uma investigação voltada aos papéis desempenhados pelas esposas, no qual defende-mos que elas eram vistas enquanto mantenedoras da pólis, na medida em que a cidade delas dependia para existir e sobreviver.

5 Criado por Semônides de Amorgos, poeta do VII século a.C e perpetuado por Xenofonte, já do V século a. C., o padrão social da Mélissa (mulher-abelha) classificava as mulheres conforme tipos de animais. A mulher-abelha seria a boa esposa, subserviente, silenciosa e atenta às atribuições do oikos. 6 Ressaltamos aqui o uso do genitivo para designar o corpo τοῦ σώματος(tou sṓmatos), indicando que a

liberação μεθίει (methíei) da semente da mulher advém do corpo todo. O genitivo indica a origem da eja-culação.

7 O advérbio μάλα (mála) aparece no acusativo, expressando a comparação entre uma prática mais e menos saudável ὑγιαίνω (higiaínō). Já o adjetivo neutro ἥσσων (hḗssōn) significa “menos”, demonstrando que a ausência do coito pode resultar no adoecimento feminino.

8 O substantivo πόνον (pónon) nos fornece a ideia de “dor, tormento, estresse, sofrimento e problema”, en-quanto o verbo παρέχω (paréchō) significa “produzir”.

9 Em 451 a.C., o general ateniense Péricles proclamou a lei que exigia a descendência de pais e mães atenien-ses aos cidadãos, estabelecendo uma conexão umbilical entre as mulheres casadas e o futuro da cidade.

Referências

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