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O Entrave Colonial ao (Ir)Reconhecimento Estatal de Territórios Indígenas

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O ENTRAVE COLONIAL

AO (IR)RECONHECIMENTO ESTATAL

DE TERRITÓRIOS INDÍGENAS*

ISABELLA CRISTINA LUNELLI**

A

s ciências sociais experimentam, no final do século XX, um redimensionamento do seu debate no contexto latino-americano. Do agrupamento de alguns intelec-tuais, na década de 90, resultará a formação da rede modernidade/colonialidade. Constituindo uma rede de pensamentos heterogêneos e que submetem a críticas em seu próprio interior (GROSFÓGUEL, 2013), voltam-se à produção do que se convencionou chamar de um pensamento decolonial.

Tendo em comum a contraposição ao eurocentrismo e às “verdades” universais ti-picamente relacionadas à modernidade, propõem através dos estudos decoloniais uma outra perspectiva, ou melhor, uma alternativa para se (re)pensar a atualidade a partir da questão colonial e, consequentemente, uma renovação analítica nos estudos das relações de colonia-lidade latino-americana.

O emprego do conceito de colonialidade para análise das relações de poder será determinante nestes estudos, pois “a palavra colonialidade (e não colonialismo) é utilizada para chamar atenção sobre as continuidades históricas entre os tempos coloniais e o tempo Resumo: a centralidade das reivindicações e lutas indígenas no Brasil é, ainda, o

reconhe-cimento da ocupação de suas terras. O texto que aqui se apresenta busca contribuir para a compreensão desta luta quinhentista historicamente negada, propondo uma análise teórica dos determinismos histórico-jurídico-econômicos para a desmistificação das heranças coloniais que seguem presentes na questão do reconhecimento estatal dos territórios indígenas.

Palavras-chave: Territórios indígenas. Colonialidade. Colonialismo.

* Recebido em: 09.01.2015. Aprovado em: 19.02.2015.

** Mestranda em Direito na Universidade Federal de Santa Catarina. Especialista em Teoria Geral do Direito (ABDCONST) e Direito Administrativo (UNICURITIBA). E-mail: isalunelli@hotmail.com.

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presente e também para assinalar que as relações coloniais de poder estão atravessadas pela dimensão epistêmica” (COLAÇO; DAMÁZIO, 2012, p. 122). É justamente a denúncia da lógica da colonialidade – que atua sob os mecanismos de dominação, exploração, etnocentris-mo – que torna capaz a produção do conhecimento decolonial. Sob a perspectiva decolonial se possibilita a reformulação da própria concepção cultural-ocidental, desprendendo-se dos fundamentos eurocentrados de conhecimento e capaz de revelar os “outros” conhecimentos até então marginalizados.

Ao se permitir ouvir a voz aos silenciados – no qual o dominado, o explorado, o inferiorizado culturalmente tem a possibilidade de expor a sua perspectiva, os seus saberes “locais”, culturalmente diferenciados e até então silenciados – tendo como meio dialógico intercultural as ciências sociais e humanas, é possível o revelar de conteúdos aquém do usual-mente considerados pelas pesquisas e discursos político-jurídicos e “pensar o direito a partir dos saberes locais e não pensar os saberes locais a partir do direito ocidental” (COLAÇO; DAMÁZIO, 2012, p. 151).

Este artigo, apoiando-se neste giro decolonial que alcança as ciências jurídicas, pro-põe uma análise teórica dos determinismos histórico-jurídico-econômicos a partir da desmis-tificação das heranças coloniais que seguem presentes na questão do reconhecimento estatal dos territórios indígenas.

O RECONHECIMENTO ESTATAL DAS TERRAS INDÍGENAS: NOTAS SOBRE O PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS

Pensar nas lutas sociais indígenas no contexto brasileiro nos remete, indiscutivel-mente, à luta pela terra, pelo seu direito à terra. E isto remete ao reconhecimento pelo Estado da existência e ocupação territorial indígena.

Por “terra” devemos considerar não apenas a extensão dos solos, mas o território, que inclui também, o meio ambiente, os recursos naturais e culturais num dado espaço so-cialmente delimitado. Aqui, a terra enquanto demanda fundamental dos povos indígenas brasileiros é “entendida como espaço de vida e liberdade de um grupo humano” e, justamente por considerar-lhe como espaço de vida, “assume a proporção da própria sobrevivência dos povos”. A interdependência vivida com os povos e seu meio ambiente expressa-se inclusive como referência cultural, a ponto da “existência física de um território, com um ecossistema determinado e o domínio, controle ou saber que tenha o povo sobre ele, é determinante para a própria existência do povo” (SOUZA FILHO, 2012, p. 119-20).

De fato, decorrentes da participação ativa de movimentos indígenas na Constituin-te de 1988, o Direito Estatal Brasileiro reconhece a existência e os direitos dos povos indíge-nas, garantindo constitucionalmente sua cultura e seus “direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam” (art. 231, Constituição de 1988). Entretanto, conforme a previsão legal, aos indígenas é dada somente a posse permanente das terras, restando à União sua pro-priedade – na qual as Terras Indígenas (TI) são tratadas como bens da União.

A Convenção n.º 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre Povos Indígenas e Tribais, aprovada pelo Decreto Legislativo n.º 143/2002 e dotada de exe-cutoriedade pelo Decreto n.º 5.051/2004, reforçando a previsão constitucional, reconhece,

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em seu art. 14, aos povos indígenas seu direito à propriedade e posse sobre terras tradicional-mente ocupadas, cabendo aos governos a proteção e efetividade de tais direitos.

Assim, o procedimento de demarcação das terras indígenas é o meio de garantir o reconhecimento estatal da terra indígena, de forma que, somente com sua demarcação é ga-rantida legalmente aos indígenas o uso exclusivo sobre determinada terra – embora os direitos territoriais originários (o simples direito indígena à terra) sejam considerados imprescritíveis e independam do reconhecimento formal.

O Estatuto do Índio (Lei n.º 6.001/73) considera como “terras indígenas”, confor-me art. 17, “as terras ocupadas ou habitadas”, “as áreas reservadas” (estabelecidas pela União, nas modalidades de reserva indígena, parque indígena e colônia agrícola indígena, havendo a menção também de possibilidade de Território Federal Indígena) e “as terras de domínio das comunidades indígenas” (terras de domínio indígena). Ainda, há a previsão das áreas inter-ditadas pela Funai quando tratar-se da proteção de índios isolados, qual prevê sua interdição concomitantemente ou não com o processo de demarcação.

No tocante à aplicação do dispositivo constitucional (art. 231), somente são con-sideradas terras indígenas aquelas tradicionalmente ocupadas, referindo-se ao direito ori-ginário dos povos indígenas, cujo processo de demarcação é disciplinado pelo Decreto n.º 1775/96. Assim, o longo processo administrativo de demarcação das Terras Indígenas (TIs), que inicia-se e segue sob orientação da FUNAI, envolve sete etapas no total, com prazos para seu cumprimento estipulados legalmente – conforme o disposto no Estatuto do Índio (Lei n.º 6.001/73, com suas modificações introduzidas pelo Decreto 1.775/96).

A primeira etapa refere-se aos estudos de identificação, na qual a Fundação Na-cional do Índio (FUNAI) nomeia um antropólogo para a elaboração do estudo antro-pológico. Através deste estudo, outros seguirão compondo o que se chamou de estudos complementares (estudos complementares de natureza etnohistórica, sociológica, jurídica, cartográfica e ambiental, além do levantamento fundiário, com vistas à delimitação da TI) a serem realizados pelo grupo técnico especializado, nomeado através de portarias pela FU-NAI (sendo preferencialmente composto por funcionários da própria FUFU-NAI). Ao final, o grupo apresentará um relatório sujeito à aprovação pelo Presidente da própria FUNAI. Esta seria a segunda fase, a qual prevê legalmente um prazo de 15 (quinze) dias para tal aprovação e, posteriormente, publicação no Diário Oficial da União (DOU) e no Diário Oficial nas esferas estaduais e municipal.

A terceira etapa consistirá na possibilidade de manifestação de qualquer interessado durante o prazo de 90 (noventa) dias contados da publicação mencionada; tendo a FUNAI, então, 60 (sessenta) dias, para elaborar pareceres sobre as razões de todos os interessados e encaminhar o procedimento ao Ministro da Justiça.

Ao chegar às mãos do Ministro da Justiça, dando início à quarta etapa, este terá 30 (trinta) dias para declarar os limites da Terra Indígena, devendo: (a) expedir portaria de-claratória de posse, declarando os limites da área e determinando a sua demarcação física e administrativamente, (b) prescrever diligências a serem cumpridas em mais 90 (noventa) dias; ou (c) desaprovar a identificação, publicando decisão que fundamente-se em alegações de que não se tratam de “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à pre-servação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições” (art. 231, § 1º).

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Declarados os limites da área da TI, a FUNAI fica encarregada de promover a demar-cação física, enquanto o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em caráter prioritário, procederá ao reassentamento de eventuais ocupantes não-índios – sendo esta a quinta etapa, chamada “Demarcação Física”. Por fim, submete-se ao Presidente da República para homologação, que ratificará a demarcação física por meio de um decreto presidencial. Uma vez homologado, a terra demarcada deverá ser registrada em até 30 (trinta) dias perante a circunscrição imobiliária (cartório de imóveis da comarca correspondente) e na Secretaria de Patrimônio da União do Ministério da Fazenda (SPU/MF).

Não bastasse a determinação legal para cumprimento das etapas do processo de de-marcação, compreendido como um determinismo na prioridade destas ações, restou expres-samente previsto no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, em seu artigo 67, o prazo de 05 (cinco) anos, contados a partir da promulgação da Constituição em 05/10/1988, para que a União concluísse a demarcação das terras indígenas. Tal prazo já havia sido men-cionado no Estatuto do Índio, em seu art. 65, qual determinava ao Poder Executivo o mesmo prazo para “a demarcação das terras indígenas, ainda não demarcadas”.

Segundo o último censo oficial divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), datado de 2010, a população indígena no Brasil contava com 896.917 habitantes, representando 0,4% da população total, sendo que a região Norte e Nordeste concentram 62,9% da população indígena do país.1 Destes, 36,2% viviam em zonas urbanas

(321.748 habitantes) e 60,8%, nas zonas rurais (499.753 habitantes). Ainda segundo o censo, o número de indígenas contabilizados com domicílio em terras indígenas somava-se 517.383,2

sendo que o número de indígenas com domicílio fora das terras indígenas somava-se 379.534. Para compor estes dados em 2010, foram identificadas 505 terras indígenas, que representa-vam então 11,6% do território brasileiro (106.739.926 de hectares), em sua grande maioria localizados na chamada Amazônia legal. Entretanto,

foram consideradas “terras indígenas” as que estavam em uma de quatro situações: declaradas (com Portaria Declaratória e aguardando demarcação), homologadas (já demarcadas com limites homolo-gados), regularizadas (que, após a homologação, foram registradas em cartório) e as reservas indíge-nas (terras doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela União). No momento do Censo, o processo de demarcação encontrava-se ainda em curso para 182 terras.3

A atualização dos dados concernentes às terras indígenas nos mostra que, atual-mente, a Funai considerou em 2013 a existência de 672 terras indígenas, sendo que destas, 36 tratam-se reservas indígenas e 636 terras tradicionalmente ocupadas. Das consideradas tradicionalmente ocupadas, 30 encontram-se delimitadas, 51 declaradas, 12 homologadas, 428 regularizadas e 115 ainda na fase de estudo.4

Outro dado recente é o disponibilizado pelo Instituto Socioambiental (ISA), re-latando a existência de um total de 691 terras indígenas. Destas, 119 TIs encontram-se em estudos de identificação (primeira etapa), 35 já estão identificadas, 67 declaradas, 25 reserva-das e 18 homologareserva-das. Atenta para que apenas 421 TIs estão definitivamente reservareserva-das ou homologadas com Registro no CRI e/ou no SPU.5

Sobre a situação fundiária das TIs no Brasil, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) apresenta um número expressivo de 1.047 TIs. Destas, 404 estão homologadas ou registradas, 62 declaradas, 39 identificadas, 154 em estudos (a identificar). Comparando com os dados até aqui trazidos, além de trazer uma quantidade maior significativa de TIs, ainda

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acrescenta o dado de existir 337 TIs “sem providência”. Somam-se aos dados 46 TIs reser-vadas/dominiais e com restrição e 05 com grupo de trabalho constituído no estado do MS como terra indígena (CIMI, 2013).

A considerar as TI que não foram reservadas ou homologadas com registro no CRI e/ou SPU, é possível chegar à conclusão – independente da base de dados utilizados, mas considerando alguma pequena variação nesta conclusão – que aproximadamente metade das terras indígenas não estão efetivamente reconhecidas pelo Estado.6 Isto, é claro, sem

consi-derar as outras tantas Terras Indígenas que sequer se deu a instauração do procedimento de demarcação pela FUNAI, como mostrado pelo CIMI.

A demora no cumprimento destes procedimentos demonstra, principalmente, o desrespeito aos prazos estipulados e mencionados acima para cada etapa e, em algumas vezes, inclusive, violando a previsão constitucional de que todas as TI no Brasil seria demarcadas no prazo de 05 anos. Para dar efetividade no cumprimento de prazos, a partir das reivindi-cações de identificação e demarcação de TI feitas pelas comunidades indígenas e organiza-ções da sociedade civil, o Ministério Público Federal tem intervindo com a instauração de procedimentos administrativos e a celebração de termos de ajustamento de conduta com a FUNAI – prevendo, inclusive, multas para o caso de descumprimento dos prazos7.

A considerar ser a demarcação um ato declaratório pelo qual o Estado reconhece a ocupação da terra exclusiva ao indígena, garantindo e protegendo seu direito à terra, óbvio é que este segue resistindo ao seu reconhecimento, sem romper com uma atitude presente desde o período colonial.

DO COLONIALISMO À COLONIALIDADE: AS HERANÇAS COLONIAIS, TERRAS INDÍGENAS E A EFETIVIDADE DO DIREITO

Considerando que o reconhecimento estatal das terras indígenas é objeto do Direi-to positivado desde 1680 – com a instituição do indigenaDirei-to com Alvará Régio, reconhecendo o direito aos povos indígenas ao seu território – até os dias atuais, percebe-se que pouco se está dando aplicação deste Direito.

Uma das premissas fundamentais da regulamentação jurídica é o antagonismo dos interesses particulares ou privados; ou seja, o momento jurídico da regulamentação inicia-se onde começam as diferenças e as oposições de interesses (PACHUKANIS, 1988, p. 44); tratando-se a regulamentação, obviamente, de servir aos interesses, prioritariamente, dos que criam o direito.

Estes interesses, desde a época colonial, correlacionavam-se a um modelo de de-senvolvimento econômico e social que inicialmente foi impulsionado pelas políticas mercan-tilistas a partir da expansão comercial e marítima. A descoberta pelos interesses econômicos europeus da existência das terras americanas projeta a Modernidade sobre o mundo – no qual a Modernidade projeta, assim, o próprio desenvolvimento do modelo econômico europeu. Por isso é que uma compreensão da Modernidade, desde uma contextualização geopolítica latino-americana, coloca-a indissociável à conquista da América.

O escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Caminha (1450-1500), filho de um fidalgo ligado aos empreendimentos ultramarinos, escreve ao então Rei de Portu-gal, Dom Manuel I, informando-o do achamento destas terras que em 1503 seria chamada de Brasil. Esta carta, considerada por alguns como a “certidão de nascimento do Brasil”, marca

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a tomada de posse do território brasileiro pelo reino português, justificando a ocupação e exploração do território a partir da doutrina da terra nullius.

Na “época da viagem de Cabral, descobrir uma terra não era simplesmente tocá-la, mas revelar aquele ato ao mundo e tomar posse, em termos oficiais, da terra descoberta” (MATHIAS; GUERRA; CARVALHO, 1976, p. 14). Com isso, o reino de Por-tugal via a terra conquistada como mera fornecedora de mercadorias, exercendo o direito de explorar o território comercialmente e levando a integração compulsória da terra conquistada ao sistema econômico mercantilista europeu. Em outras palavras, a conquista refletia o início do domínio econômico da coroa portuguesa sobre a nova terra.

Certo que o surgimento, nos séculos XI a XV, de uma economia mercantil assala-riada impôs, na prática, a criação de novas necessidades de consumo aos europeus que apenas puderam ser satisfeitas com produtos e mercadorias provindas das terras conquistas, Fanon (1968, p. 49) enfatiza que “o capitalismo, em seu período de desenvolvimento, via nas co-lônias uma fonte de matérias-primas que, manufaturadas, podiam espalhar-se no mercado europeu”. E foi deste modo que o alastramento do modelo econômico fomentou a busca de riquezas extrativistas inicialmente e, depois, da exploração econômica da terra – através da agricultura e da mão-obra-escrava indígena e negra.

Assim, a exploração dos recursos naturais sem limites aos interesses privados e eco-nômicos, marca desde o início do colonialismo a principal atividade econômica desenvolvida em terras brasileiras.

No transcorrer do colonialismo, a emergência dos Estados nacionais modernos, en-quanto elemento da organização social humana e estruturados a partir de ideais liberais, identifica-dos com a centralização política e a secularização do Estado, remete à criação de uma história que se constituiu sobre a negação da diversidade cultural existente em seus territórios. A hegemonia delineada a partir desta cultura, “associada à acumulação de conhecimentos, à uniformidade de padrões transmitidos e à racionalidade individualista” (WOLKMER, 2012, p. 17) se estenderá ao Direito, enquanto fenômeno jurídico, uma vez que este é elemento integrante desta cultura.

A importância do Estado, enquanto centralizador político perante a ordem norma-tiva moderna, será fundamental para determinar seu exercício de monopólio da produção de normas jurídicas, construindo a máxima de que só é direito aquilo que provém do Estado e, nesta lógica, o Direito vira sinônimo de “Direito Estatal”.

Identificando-se com o poder colonial – e, obviamente, com uma forma de Estado própria da cultura e linguagem colonizadora – os Estados latino-americanos recém indepen-dentes se irrompem contra sua própria diversidade cultural, consolidando-se monocultural e mono-ético mesmo sobre a resistência de povos e comunidades. Resistências estas fortemente combatidas ante a clara supervalorização da herança cultural europeia que repudiava formas culturais com as quais não se identificava. A exemplo do que Grosfoguel (2013)8 menciona

sobre a repressão que a Igreja impunha à qualquer coisa que contradizia seus dogmas, os Es-tados passam a subjugar os interesses e conhecimentos contrários ao seu.

Ao considerar que desde o achamento da Terra de Vera Cruz, o que se fez foi ex-pulsar os povos originários de suas terras, não reconhecendo a ocupação indígena (MARÉS, 2003, p. 19). Esta luta historicamente quinhentista que reivindica “direitos” aos povos indí-genas, explica-se numa afirmação que retrata fielmente a realidade dos povos indígenas no Brasil: “os povos indígenas da América Latina [...] no século XXI seguem sendo coloniais” (BÁRCENAS apud BERRAONDO, 2006, p. 425).

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Óbvio é que as guerras de independências que levaram à formação dos Estados Na-cionais puseram termo à colonização luso-hispânica, mas as elites naNa-cionais que seguiram ao poder não deixaram de enxergar os povos indígenas como colônias, embora adotassem o dis-curso – ao menos no âmbito do Direito – de uma sociedade em que todos são livres e iguais.

A relação econômica e administrativa de metrópole/colônia se desfaz. Contudo, a relação social de colonizador/colonizado não se extingue; apenas modifica-se. O colonizado no contexto atual vem a representar os grupos e agentes que estão em constante desvantagem e desigualdade, sofrendo as mazelas e injustiças provindas da ideologia hegemônica das classes dominantes ou elites privilegiadas. A tomada de consciência desta situação ainda existente (de colonialidade e que impera uma necessária decolonialidade) é ainda descrita através da ocorrência de conflitos fundiários e disputas pela terra indígenas. Como bem assevera o Prof. Marés Filho (2012, p. 137-8, 141), quando versa sobre a exploração dos recursos minerais em terras indígenas,

[...] a cobiça pelo ouro das Américas destruiu muitos povos. [...]. A contradição das culturas indíge-nas e envolventes sobre as riquezas minerais são mortais, na exata expressão da palavra. Os encontros entre índios e garimpeiros, mineradores ou pesquisadores do subsolo tem sido sempre desastrosos. E o Direito pouco ajuda a romper este diálogo de morte. [...]. Isto quer dizer que, distante da lei, as terras indígenas continuam sendo saqueadas em seus recursos minerais e devastadas, em busca de minérios, das riquezas naturais.

Os dados trazidos pelo IBGE constituem uma referência importante sobre a pro-dução de dados sobre indígenas, a considerar, principalmente a ausência de outras pesquisas mais específicas. Estes dados revelam que quase metade da população indígena não vive den-tro destes territórios.

Este número expressivo de indígenas vivendo fora das Terras Indígenas reflete, so-bretudo, as dificuldades que enfrentam os povos indígenas de permanecer e sobreviver em seus territórios, conforme o recente documento elaborado pela Comissão Econômica para América Latina (CEPAL, 2014) e o Relatório sobre Violências contra os Povos Indígenas no Brasil (2012 e 2013), elaborado pelo CIMI.

As dificuldades enfrentadas devem-se a muitos fatores, sendo que um dos fatores presentes na maior parte das terras indígenas e que as afetam de “alguma forma” é pela pre-sença de invasores relacionado “à atividade agropecuária, à exploração mineral, à extração madeireira e à construção de rodovias e hidrelétricas”, conforme relata o IBGE. Segundo informações cedidas pelo órgão, “o resultado disso é o afastamento dos índios de suas terras e até o seu extermínio, levando à degradação ambiental do território indígena e comprometen-do a sobrevivência e a qualidade de vida das sociedades que o habitam”.9

A FUNAI também tece observações quanto aos problemas enfrentados pelas co-munidades indígenas, incluindo além das invasões e degradações territoriais e ambientais, os casos de “exploração sexual, aliciamento e uso de drogas, exploração de trabalho, inclusive infantil, mendicância, êxodo desordenado causando grande concentração de indígenas nas cidades”.10

O resgate histórico das heranças coloniais, do não reconhecimento de ocupação das terras pelos indígenas desde a época da conquista, possibilitando ao conquistador a ampla exploração dos recursos naturais, fez parte de uma política econômica que subjuga, ainda, a continuidade cultural dos povos aqui existentes. Desta forma, ponderando a partir de uma

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dimensão histórica-política já relatada, a resposta para o problema da efetividade do Direito pode ser relacionada com as heranças coloniais que persistem aos ditames dos interesses eco-nômicos.

Embora caracterizando formalmente a conclusão do processo administrativo de regularização, não significa que os índios detenham o pleno domínio das suas terras. Na maioria dos casos as áreas en-contram-se intrusadas mesmo após a sua homologação e os processos de retirada de ocupantes não índios, cuja atribuição compete a Funai, arrastam-se indefinidamente. É o caso, por exemplo, das TI´s Pankararu (PE) desde 1987, Pankararé/Brejo do Burgo (BA) desde 2001, Potiguara/Potiguara e Jacaré de São Domingos (PB) desde o início dos anos de 1990 (SECUNDINO; FERREIRA, s/d).

Grupos políticos dominantes que dão efeito às políticas antipopulares do livre mercado, apoiados na racionalidade neoliberal das forças econômicas internacionais,11 são os

primeiros a impor ações contra indígenas apoiados na crença no desenvolvimento da huma-nidade através do progresso; qual veem os indígenas como impedimentos, obstáculos ao de-senvolvimento ao considera-los inferiores diante da sua capacidade de trabalho, de produção e de consumo.

Neste sentido, é lógico afirmar que a conquista ainda não se deu por concluída porque os indígenas ainda têm territórios que comprovadamente possuem recursos naturais a serem explorados e terras férteis aptas a servir ao agronegócio, à exploração extrativista pre-datória e, principalmente, ao modelo econômico capitalista. Trata-se, ainda da existência de um colonialismo interno que reafirma-se não e somente perante nos reclamos imperialistas econômicos transnacionais, mas sobretudo, na gestão governamental.

O Estado atua ativamente na desarticulação dos movimentos indígenas através, principalmente, da mobilização do aparato militar e outras formas de controle político, con-tudo, também atua indiretamente através de estratégias de isolamento e quando deixa o cam-po aberto para que as companhias transnacionais se apropriem dos recursos naturais presentes em territórios indígenas (BÁRCENAS apud BERRAONDO, 2006, p. 425), ressaltando a postura passiva à exclusão e ausência de garantia de direitos aos povos indígenas.12

Do exposto, certo é que o colonialismo precede à colonialidade, mas “a coloniali-dade sobrevive ao colonialismo” de tal forma que “respiramos a colonialicoloniali-dade na moderni-dade cotidianamente” (CASTRO-GOMEZ; GROSFOGUEL, 2007, p. 131).

CONCLUSÕES

Inspirando-se nos ares de teorias decoloniais latino-americanas que os ventos so-pram para se pensar a realidade brasileira – e posicionando-se perante um discurso contra hegemônico – certo é que para se compreender o hoje é necessário, primeiro, compreender a presença das heranças coloniais e como estas sobrevivem na história latino-americana, nas práticas econômicas, políticas e, principalmente, epistemológicas.

A abordagem da dimensão histórica torna-se imprescindível para demonstrar que remontando à época da conquista, podemos desvendar as heranças coloniais que permane-cem em nossa sociedade. Contudo, a compreensão do alcance destas heranças na atualidade somente é completa a partir do reconhecimento da atuação epistêmica destas heranças.

Refletir por que ainda há tanta dificuldade em alcançar o reconhecimento estatal da ocupação territorial indígena revela que a luta indígena não é apenas pelo reconhecimento

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do Estado, mas, prioritariamente, pela efetividade e aplicação dos direitos reconhecidos pelo Estado. Há de se ressaltar que o excesso de abstração do Direito Estatal não garante nem mesmo os direitos assegurados ao restrito universo antropológico ocidental-moderno, o que há décadas tem levado inúmeros doutrinadores a repensar o paradigma monista do Direito desde seu diagnóstico de crise.

Assim, afastando-se de uma perspectiva do puro formalismo a-histórico e abstrato, sem desprezar a referência normativa do Direito; a dimensão política que nos cabe assumir é a de compreender o Direito dentro de sua expressão histórica, indo além de sua expressão positivista, pragmática e técnica. Diante disto, compete a nós compreender ação sociológica do Direito não como um produto abstrato, mas sobretudo como categoria histórica, corres-ponde a um regime social determinado por uma cultura, uma episteme específica. Só a partir disto, podemos delinear uma alternativa decolonial para se pensar sobre os direitos indígenas e as questões ambientais e econômicas na realidade brasileira.

THE COLONIAL OBSTACLE TO THE RECOGNITION OF INDIGENOUS TERRITORIES

Abstract: the central aim of indigenous claims and struggles in Brazil is still the recognition of

the occupation of their own territories. The following article offers some contributions to the un-derstanding of this indigenous five-hundred years old struggle, historically denied, by proposing a theoretical analysis of the historical-juridical-economic determinisms and demystifying the colonial legacies that remain ruling the question of state recognition of indigenous territories.

Keywords: Indigenous territories. Coloniality. Colonialism.

Notas

1 Segundo consta no “Censo Demográfico 2010: Características gerais dos indígenas. Resultados do universo”, Río de Janeiro, 2012, “neste conjunto, não estão contabilizados povos indígenas brasileiros considerados “índios isolados”, pela própria política de contato, como também indígenas que estão em processo de reafirmação étnica após anos de dominação e repressão cultural e, consequentemente, ainda não estão se autodeclarando como tal”. Disponível em: < http://indigenas.ibge.gov.br/images/indigenas/ estudos/indigena_censo2010.pdf>. Acesso em: 20/09/2014. Segundo dados disponíveis no site da Funai, registram-se 69 referências de índios ainda não contatados, além de existirem grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista. Disponível em: http://www. funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao. Acesso em 20/09/2014.

2 Curiosamente os dados revelam que do total habitantes dentro das terras indígenas é de 567.582 pessoas; sendo que 438.429 declaram-se indígenas, 78.954 não se declaram indígenas, mas se consideram indígenas e 30.691 não se declaram e nem se consideram indígenas. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_ Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_dos_Indigenas/pdf/tab_3_01.pdf>. Acesso em 20/09/2014. 3 Disponível em:

http://www.teleios.com.br/2012/censo-2010-populacao-indigena-e-de-8969-mil-tem-305-etnias-e-fala-274-idiomas/. Acesso em 20/09/2014.

4 A Funai ainda disponibiliza os dados sobre as terras indígenas em seu site (disponíveis em: <http://www. funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/terras-indigenas#>. Acesso em 20/09/2014). Contudo, os dados aqui foram apresentados pela Funai em maio de 2013, disponível em:< http://g1.globo.com/politica/ noticia/2013/06/brasil-tem-672-terras-indigenas-entenda-como-funciona-demarcacao.html>. Acesso em 22/09/2014.

5 A última atualização que consta é datada de 24/09/2014. Ainda, no site é possível averiguar em cada etapa do processo administrativo, o nome da terra indígena, a situação jurídica atual e a jurisdição legal a que

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pertence. Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/c/0/1/2/situacao-juridica-das-tis-hoje>. Acesso em 25/09/2014.

6 A recente Carta Pública aos candidatos e candidatas à Presidência da República divulgada pela APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), datada de 15/09/2014 comprova este fato ao reivindicar a “demarcação de todas as terras indígenas. Há um passivo de mais de 60% das terras indígenas não demarcadas, situação que gera conflitos desfavoráveis para os nossos povos”. Disponível em: < https:// mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com/2014/09/15/carta-publica-aos-candidatos-e-candidatas-a-presidencia-da-republica/>. Acesso em 28/09/2014.

7 Tal é o exemplo do Procedimento Administrativo MPF/PRM/DRS/MS 1.21.001.000065/2007-44, onde é possível visualizar o Compromisso de Ajustamento de Conduta (disponível em:< http://www.prms. mpf.mp.br/servicos/sala-de-imprensa/noticias/2010/08/TAC%20terras%20indigenas.pdf>. Acesso em 27/09/2014).

8 “Qualquier cosa que se descubriera en las formas de vida, en la ecología del mundo, en la “naturaleza” y que contradijera los dogmas de la Iglesia se convertería inmediatamente en una amenaza a la estructura del poder de la Iglesia y, por lo tanto, era reprimida”. GROSFÓGUEL, Ramón. “Hay que tomarse em serio el pensamiento crítico de los colonizados em toda su complejidad”. Entrevista realizada na cidade de Barcelona em 09 de Julho de 2013. [data da publicação do documento]. Puebla, México: Metapolítica, n.º 83. Octubre – Diciembre de 2013, p. 38-47. Entrevista concedida a Luis Martínez Andrade. P. 40. 9 Disponível em: <http://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/historia-indigena/

terras-indigenas>. Acesso em 27/09/2014.

10 Disponível em: <http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao?start=1#>. Acesso em 20/09/2014.

11 O relatório de Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, dados de 2013, produzido pelo CIMI, reafirma que “a atitude de paralisar os já morosos processos em curso demonstra que as atenções do governo estão voltadas aos setores da economia e da política ligados ao latifúndio, ao agronegócio, às empreiteiras, mineradoras e empresas de energia hidráulica, que visam exclusivamente a exploração da natureza em terras tradicionalmente ocupadas por povos indígenas. Os interesses privados destes grupos encontram ressonância na política desenvolvimentista praticada pelo governo e também em seus interesses eleitoreiros. [...]. No entender do CIMI o governo federal deve ser responsabilizado pela trágica realidade vivida pelos povos indígenas que não têm assegurada a posse de suas terras. O governo também age de modo conivente diante das invasões e da depredação dos recursos naturais e é omisso nas suas obrigações constitucionais de fiscalizar, proteger e assegurar o usufruto das terras pelos povos indígenas”. Disponível em: < http://www.cimi.org.br/ pub/Relatviolenciadado2013.pdf>. Acesso e. 27/09/2014.

12 O relatório de Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, dados de 2012, produzido pelo CIMI, explicita que “os dados apresentados neste Relatório provam, de modo irrefutável, a intolerância e truculência vigentes em nosso país em relação às populações indígenas. Terras demarcadas são invadidas, depredadas sob o olhar complacente do poder público. Terras com todo o processo demarcatório já concluído têm seus procedimentos paralisados pelo governo federal em troca de apoio político no Congresso Nacional”; complementando que “as violências praticadas contra os povos indígenas têm, segundo os dados, suas causas vinculadas: às disputas fundiárias, incrementadas pela omissão, morosidade do governo frente aos conflitos e à sua postura em não demarcar as terras, não cumprindo a Constituição Federal (Art. 231). Esse quadro contribui para o aumento das invasões de terras, dos ataques às comunidades, das ameaças de morte, espancamentos e de outras formas de violações aos direitos humanos; [...]”. Disponível em: < http:// www.cimi.org.br/pub/viol/viol2012.pdf>. Acesso em 28/09/2014.

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