• Nenhum resultado encontrado

Análise bioética da percepção da solidariedade na ação do voluntariado

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Análise bioética da percepção da solidariedade na ação do voluntariado"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

SIM

PÓSIO

Unitermos: bioética, solidariedade, voluntariado

Introdução B io é ti c a 2 0 0 5 V o l. 1 3 , n º 1

Felipe Gomes Penteado Veterinário, diretor de estudo da Bioagri Laboratórios e pesquisador da Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília (UnB)

Leonardo Eustáquio Sant'Anna da Silva

Biólogo, coordenador do Núcleo de Ética e Cidadania do Colégio Ciman e pesquisador da Cátedra Unesco de Bioética da UnB

Análise bioética da percepção da

solidariedade na ação do voluntariado

Felipe Gomes Penteado Leonardo Eustáquio Sant'Anna da Silva Renata Dias Carneiro Rodrigues Mauro Machado do Prado João Geraldo Bugarin Júnior

O presente artigo consiste em uma análise da percepção de solidariedade por voluntários de uma instituição filantrópica do Distrito Federal voltada para o auxílio às famílias que possuem crianças em tratamento de câncer. Para tanto, aplicou-se questionários aos voluntários ligados à instituição e também participantes de uma promoção filantrópica de uma cadeia internacional de fast food. Analisou-se, segundo a bioética, se o engajamento dos mesmos ocorreu por questão de soli-dariedade, caridade ou compaixão. A referência conceitual para a presente análise é a de que a so-lidariedade consiste em uma ação crítica, comprometida e em consonância com vários princípios bioéticos. O estudo fez perceber que os voluntários compreendem a solidariedade como um proces-so embasado em responsabilidade proces-social e que têm consciência de que suas ações são importantes para a sociedade.

A solidariedade é um tema do campo de estudo da bioéti-ca, tanto por ser importante referencial nas práticas que buscam minimizar a desigualdade nas sociedades como porque deve ser entendida como a capacidade de o agente discernir as dimensões social e política indissociavel-mente presentes na ação solidária (1). Para estudá-la, foi escolhida a Associação Brasileira de Apoio às Famílias de Crianças Portadoras de Hemopatias (Abrace), instituição filantrópica fundada em 1986 e declarada como de uti-lidade pública e que atua auxiliando as famílias que pos-suem crianças em tratamento de câncer em Brasília/DF – contando com o apoio de voluntariados, permanentes ou circunstanciais, em diversas campanhas.

(2)

Mauro Machado do Prado Cirurgião dentista, professor da Universidade Federal de Goiás, pesquisador associado da Cátedra Unesco de Bioética da UnB e co-orientador da pesquisa

João Geraldo Bugarin Júnior Cirurgião dentista, doutorando em Ciências da Saúde – área de concentração em Bioética, pesquisador da Cátedra Unesco de Bioética da UnB e orientador da pesquisa

Renata Dias Carneiro Rodrigues Jornalista, assessora de Comunicação do Ministério da Ciência e Tecnologia, professora do Instituto Científico de Ensino Superior e Pesquisa e pesquisadora da Cátedra Unesco de Bioética da UnB

A presente pesquisa concentrou-se no evento chamado ‘McDia Feliz’, projeto da rede internacional de fast food Mac Donald´s, que destina a renda de toda a venda de sanduíches “Big Mac” referente a um dia do ano a uma entidade que trabalhe com pacientes com câncer. O fato a ser estudado é se o engajamento dos voluntários ocorre por questão de solidariedade, caridade ou compaixão, analisando-se à luz da bioética se o envolvimento pode auxiliar no desenvolvimento de uma cidadania crítica e na construção de uma sociedade menos desigual. Referencial teórico

Segundo Selli (2), a questão social confere originalidade aos princípios morais e éticos na América Latina. Nesse continente, valores como eqüidade, solidariedade, responsabilidade e proteção ocupam um espaço similar ao ocupado pelos valores anglo-saxônicos do “principia-lismo” em outras culturas. Em um contexto de desigualdades sociais, como ocorre na realidade latino-americana, a solidariedade é entendida como valor bioético (3).

Os princípios bioéticos são ferramentas utilizadas na interpretação e análise de situações específicas, teoria que ficou conhecida como bioética principialista. No entan-to, o contexto da disciplina vai muito além dessa corrente mais amplamente difundida, permitindo outras, traçan-do reflexões sobre conflitos em questões éticas e propon-do formas diferenciadas de análise, diálogo e ações. Trata-se de disciplina recente se a compararmos com tan-tas outras, e tem a função de refletir sobre as questões éticas do dia-a-dia e auxiliar na mediação dos conflitos éticos, como uma ética prática, criando condições para que as condutas humanas sejam as melhores possíveis. O respeito ao pluralismo moral, característica da atual sociedade, constitui referencial fundamental para a

(3)

SIM

PÓSIO

bioética. Com a existência de diversas morali-dades, torna-se fundamental o respeito às renças. Pessoas pensam e agem de forma dife-rente nas mais diversas partes do mundo. Sem tolerância, seria praticamente impossível um diálogo e convivência pacífica. A idéia de plu-ralismo moral, a partir da existência concreta de estranhos morais, foi bem desenvolvida por Engelhardt, que desenvolveu a idéia de que é primordial o respeito às diferenças para haver diálogo entre os indivíduos ou grupos com moralidades distintas (4).

Bioética de intervenção

Garrafa e Porto trazem a idéia de uma bioética mais dura, chamada bioética de intervenção, “em defesa dos interesses e direitos históricos das populações econômica e socialmente excluídas do processo desenvolvimentista mundial” (5). A chamada bioética de intervenção se refere à forma de intervir na realidade concreta, privile-giando o maior número de pessoas pelo maior tempo possível e resultando nas melhores con-seqüências. A idéia é politizar as discussões sobre os conflitos morais. Essa corrente de pen-samento da bioética brasileira trabalha com a idéia de que a igualdade é a conseqüência dese-jada da eqüidade, a qual, entre outros significa-dos, é entendida como o reconhecimento das diferenças e necessidades diversas dos sujeitos sociais.

“Esse mundo desigual, no qual uns têm a pos-sibilidade de sentir prazer, enquanto a outros resta a probabilidade de estarem imersos no sofrimento, configura o panorama que em

nosso entendimento justifica uma bioética de intervenção. Uma proposta que, quebrando os paradigmas vigentes, reinaugure um utilitaris-mo orientado à busca da eqüidade entre os seg-mentos da sociedade, capaz de dissolver esta divisão estrutural centro-periferia do mundo e assumir um conseqüencialismo solidário alicerçado na superação da desigualdade” (6). Perspectiva de gênero

Para estudar o voluntariado da Abrace, suas motivações e percepções sobre o que está sendo realizado, faz-se preciso refletir também sobre o perfil dos voluntários. E a primeira diferen-ciação que aparece é a de gênero. As mulheres costumam figurar em maior número entre os voluntários. Isto não significa que são essen-cialmente mais inclinadas para ações de soli-dariedade. De acordo com a reflexão bioética sobre gênero, essa maior participação feminina reflete valores socialmente construídos. A sociedade cobra e espera uma postura de cuida-do da mulher; desde pequena, ganha bonecas para “cuidar”. Outro exemplo é o das profissões socialmente reconhecidas como femininas, como secretárias, enfermeiras, domésticas e professoras de crianças, devido à idéia de que o cuidado é feminino. A partir desta elaboração, justifica-se a associação de maior engajamento de mulheres em campanhas de solidariedade, sendo esta a postura cobrada socialmente (7). Uma pesquisa empírica sobre voluntariado desenvolvida no Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro, constatou que a participação feminina é bem maior na atividade voluntária. Nesse estudo, representava 89,5% da amostra.

(4)

“É bem evidente a importância negativa dos estereótipos criados ao longo do tempo que ver-sam sobre a atividade voluntária eminente-mente feminina” (1,2).

A bioética feminista trabalha com formas de criar caminhos para o empoderamento daque-les que, em algum momento, encontram-se em situação de vulnerabilidade e que, apesar de alguns avanços, ainda hoje sofrem com precon-ceitos, salários diferenciados, oportunidades e cobranças desiguais. Esse conceito de empoderamento dialoga claramente com a bioética de intervenção, que atua no sentido de intervir para que as pessoas registrem a opressão que sofrem e possam mudar sua condição e estrutura.

Dever e obrigação

A ação voluntária, para alguns, pode ser enten-dida como um dever. De acordo com a perspec-tiva kantiana, não há nenhuma relação de dese-jo com o dever e não importa o seu objeto ou fim, mas apenas o que existe para torná-lo racionalmente justificável. Ao colocar a soli-dariedade como um dever, o voluntário foca na sua razão e não no objeto alvo de sua ação. O dever é estabelecido e justificado racional-mente: “Dever é a ação cumprida unicamente em vista da lei; por isso, é a única ação racional autêntica, determinada exclusivamente pela forma universal da razão” (8).

Já o conceito de obrigação, também comu-mente relacionado às ações de solidariedade, tem caráter mais coercitivo, como se não exis-tisse alternativa. A obrigação vem de fora para

dentro, é imposta e colocada de forma coerciti-va para o sujeito: “Na origem das próprias obri-gações está, antes de mais, o próprio sujeito, cada um (autonomia); mas, em última análise, ninguém, só por si, se obriga a si mesmo” (9). Também como o dever, não diz respeito à von-tade.

Então, o sujeito que vê sua ação voluntária como uma obrigação ou dever tem em comum a mesma sensação: a de que é algo além de sua vontade ou desejo. Quem define seu trabalho voluntário como obrigação não vê outra alter-nativa ou questionamento daquela ação, vê aquele trabalho como algo determinante, não há como fugir nem outra forma de agir, é obri-gado a ser assim. Já o sujeito que interpreta sua ação voluntária como um dever, também assume um compromisso, faz além de sua von-tade, mas de forma menos determinante (10). Compaixão

O ato implícito à compaixão é ter participação no sofrimento alheio, mas como algo diferente desse sofrimento: seu significado limita-se em participação e não abrange sentir o mesmo sofrimento. Portanto, sentir compaixão refere-se à emoção eliciada pelo sofrimento de ou-trem, em um sentimento de solidariedade li-mitado, não necessariamente ativo, e alheio à identidade de estados emocionais entre quem sente e quem é considerado (8).

Para Comte-Sponville (11), a compaixão, pura e simples, não tem, como tal, menor conside-ração pelo valor e qualidade dos sentimentos alheios. Tê-la não significa possuir uma

(5)

postu-SIM

PÓSIO

ra moral definida. Ela não se preocupa com a moralidade de seus objetos. Trata-se de um sen-timento nascido por identificação ou imitação daquele que sofre. É uma tristeza que sentimos diante da tristeza dos outros, e que se acrescen-ta a essa.

Portanto, ter compaixão para com o vulnerável não significa assumir uma postura moral diante do objeto, de quem a recebe, muito menos em relação à sociedade. O voluntário que se deixa guiar pelo sentimento da compaixão não se conduz por seus sentimentos morais ou vir-tudes, mas sim em função de si mesmo, como se buscasse ajudar a si próprio, aliviar o sofri-mento. Compadecer-se com, sem compadecer por; ter compaixão pelo sofrimento alheio sem ser tocado ou motivado por ele, sem preocupar-se com o vulnerável, não é a atitude moral mais desejada e não reconhecer no outro a pessoa que se é, que merece ser tratada com dignidade e cidadania, não é ter noção de alteridade nem reconhecer a iniqüidade. O voluntário que age por pura e simples compaixão não assume um compromisso social, não é responsável ou solidário, e não pode, assim, intervir na reali-dade.

Solidariedade

A ação solidária representa interdependência, vinculação e assistência recíproca entre os ele-mentos de um grupo e desses com a sociedade, de forma que atuem de modo análogo, como partes de um corpo sólido (8,9).

A palavra solidariedade consiste em uma derivação da palavra solidum, designando a

relação das partes com a totalidade, da indivi-dualidade com a coletividade. Refere-se à dependência recíproca, de sorte que as ações das partes (indivíduos) repercutem nos demais (coletividade). Infere-se que a solidariedade diz respeito ao dever moral de assistência entre os indivíduos de uma mesma sociedade. Nesse contexto, foi um termo introduzido para subs-tituir em significado o de caridade cristã, sepa-rando o significado de reciprocidade daquele de dever. Nota-se a oposição entre o dever de soli-dariedade (fundado na reciprocidade e coletivi-dade) e o dever de caridade (fundado no dever unilateral para com os vulneráveis). Trata-se de uma parte essencial da moralidade moderna, laica, racional, em substituição às virtudes arcaicas, canônicas, dogmáticas, representadas pela caridade (8,9,12).

Em virtude de a solidariedade ser considerada um fato humano, adquire um valor prático e, como a individualidade, comporta deveres (deveres de ou relativos à solidariedade). A soli-dariedade (solidez) refere-se, em termos práti-cos, à relação do indivíduo com a sociedade, definindo responsabilidades, individuais e cole-tivas. Além do mais, aduz-se daí os conceitos de comunidade e alteridade. Portanto, para ser considerada como tal, uma relação de soli-dariedade deve ser recíproca, entre a(s) parte(s) e o todo, dotada de sentido e valor, servindo de matéria a uma apreciação moral (12).

A solidariedade, como valor bioético, é abstraí-da como soliabstraí-darieabstraí-dade crítica:

“(...) comprometida, interventiva, que visa à transformação social (...) mudanças

(6)

entendi-das como beneficentes (...) busca de justiça (...) o sujeito da solidariedade crítica esta-belece, com os destinatários das atividades vo-luntárias, relações que lhes permitem descobrir como sujeitos capazes de exercerem seus direi-tos políticos, civis, de liberdade e igualdade (...) sujeito que possui direitos e deveres (...) para fazer suas escolhas e responder pelas con-seqüências de suas decisões” (3).

Nesse contexto, o voluntário que exerce a soli-dariedade de modo crítico demonstra grande solidez e responsabilidade moral em suas ati-tudes, partindo da premissa da alteridade e da eqüidade, para buscar, como agente ético e social, a igualdade e a justiça. Ao reconhecer no outro alguém além de si mesmo, busca intervir na realidade para poder torná-la mais igual, mais justa. Tratando-se de ação recíproca, bene-ficia toda a sociedade e preocupa-se tanto com o agente quanto com o paciente da ação solidária. Responsabilidade

Muito usado pelo filósofo Hans Jonas (13), o termo responsabilidade deriva do latim spon-dere (comprometer-se) re (perante alguém em retorno), remetendo à capacidade (e obrigação) de responder pelos próprios atos, aceitando suas conseqüências (9). Está intimamente rela-cionado ao sentimento de respeito. Esse último é provocado pelo (re)conhecimento de um valor moral numa pessoa, que conduz à abstenção de tudo o que pode causar dano a essa pessoa (não-maleficência), e que corresponde à situação de um agente consciente para com os atos que quis realizar, podendo-se aduzir seus motivos e censurá-los ou estimá-los. Significa a soli-dariedade da pessoa com seus atos, o que

cons-titui condição prévia de qualquer obrigação real; significa a atitude de aceitação pelo agente das conseqüências, diretas ou indiretas, imedia-tas ou posteriores, previsíveis ou imprevisíveis, procedentes de seus atos e a eles atribuíveis. Está fundamentada na possibilidade de prever os efeitos do próprio comportamento e de cor-rigi-lo com base em tal previsão (8).

Assim, implica reflexão sobre as repercussões, precedente à nossa atitude, de modo que só é responsável quem pode prever. Como aos efeitos diretos e imediatos posteriormente podem somar-se efeitos indiretos e futuros, a previsibilidade é incompleta e a responsabili-dade prende-se intimamente à convicção de que o homem tem de ser livre (autônomo) para ser responsável (12).

Para Platão (apud Abbagnano) (8), isso está relacionado à escolha que os indivíduos fazem de seu próprio destino: “Cada qual é a causa de sua própria escolha ...”. Cada indivíduo apenas é responsável pelos atos que lhe são imputáveis, pois escolheu cometê-los de livre arbítrio. Daí, decorre a imputabilidade das conseqüências de seus atos, na medida em que previu os efeitos e não os evitou, mesmo podendo fazê-lo. Para Kant (apud Abbagnano) (8), teria o significado moral de juízo ou consideração que se imputa ao autor de uma ação.

No aspecto do voluntariado, o significado de responsabilidade adquire noção de escolha autônoma, ponderada. O voluntário crítico se compromete com a solidariedade e não com a compaixão. Ao ser crítico, consciente da realidade complexa e do contexto social em que figura,

(7)

SIM

PÓSIO

reconhece sua importância como agente de trans-formação e assume a responsabilidade não só por seus atos mas também pelas mazelas sociais, pela iniqüidade. Movido, então, pela solidariedade crítica, busca promover, de modo responsável, a beneficência, a justiça e a igualdade, tendo como conseqüência a construção da cidadania.

Objetivos

O presente estudo pretendeu analisar, à luz da bioética, a atividade de voluntários da Abrace a partir da auto-análise dos mesmos diante de sua prática solidária, procurando interpretar até que ponto se sentem agentes responsáveis pela transformação da sociedade. Além disso, se propôs analisar se o engajamento dos volun-tários ocorre por uma questão de solidariedade, caridade ou compaixão, procurando perceber se esse envolvimento pode auxiliar no desenvolvi-mento de uma cidadania crítica e construção de uma sociedade menos desigual.

Metodologia da pesquisa

O projeto de pesquisa foi submetido à análise e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Uniceub, Distrito Federal. Todos os partici-pantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e o representante da institui-ção pesquisada firmou termo de responsabili-dade institucional.

Foram aplicados 115 questionários fechados (estruturados) aos voluntários que trabalharam ativamente no McDia Feliz (27 de agosto de 2005). Os questionários foram aplicados em todas as 21 lojas da empresa no Distrito

Federal: seis nas dez maiores lojas e cinco nas demais.

O questionário era composto por 14 perguntas fechadas, das quais as três primeiras eram per-tinentes à identificação do perfil do voluntário e as demais apresentavam quatro alternativas de resposta. Os entrevistados foram orientados a assinalar apenas uma alternativa que consi-derassem como a mais adequada. As respostas serviram de subsídio para análise do compro-metimento, envolvimento e entendimento dos agentes da ação voluntária com a solidariedade, verificando, assim, se os mesmos estavam com-prometidos com a ação solidária ou se eram motivados pela caridade ou compaixão. Os dados coletados foram submetidos à análise qualitativa a partir dos marcos conceituais esta-belecidos neste artigo. Foram detectados erros em 17 questionários (marcação de duas respostas para uma mesma questão), mas con-siderou-se que os mesmos não prejudicariam a análise dos questionários restantes. Com isso, descartou-se somente a questão que trazia duplicidade na resposta.

Para a análise quantitativa, foi utilizado o pro-grama Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 10.0 da Microsoft, para tabular o questionário, o que permitiu o cruzamento de algumas questões, facilitando a análise das mes-mas.

Resultados e discussão

Como descrito na metodologia, 115 ques-tionários serviram de base para a análise da

(8)

ação dos voluntários da Abrace que atuam no McDia Feliz. Os principais resultados, em

ter-mos quantitativos, podem ser resumidos na tabela a seguir.

Na Tabela 1, portanto, observa-se uma dis-tribuição de certa forma equilibrada na faixa etária dos voluntários: 30,43% em idades de 18 a 25 anos; 24,35% em idades de 26 a 35 anos; 24,35% em idades de 36 a 45 anos e 20,87% em idades de 46 a 57 anos. O fato de a amostra contemplar várias faixas etárias

representa aspecto positivo, uma vez que, se fosse extremamente relativo a uma única faixa etária, seria fator de restrição para a análise (viés de aferição).

Foi também observada a predominância da pre-sença feminina (61,7%) nas atividades

desen-Tabela 1. Análise bioética da percepção da solidariedade na ação do voluntariado – alguns resultados do questionário aplicado no McDia Feliz de 2005

Questão 1: Sexo Questão 2: Idade Questão 3: Escolaridade

Questão 4: Seu trabalho é uma questão de... Questão 5: Você conhece os projetos da Abrace?

Questão 6: Ajudar no McDia Feliz te deixa com a sensação de:

Questão 7: Na sua opinião, quem ganha mais com o McDia Feliz?

Questão 8: Você trabalha em outras ações de solidariedade?

Questão 9: Para você, solidariedade é... Questão 10: Qual sentimento move a sua ação solidária?

Questão 11: Você seria uma pessoa mais solidária se...

Questão 12: Quantos anos você já trabalhou no McDia Feliz?

Questão 13: Qual é a lembrança mais forte que permanecerá de sua participação

Feminino – 61,7%

Entre 18 e 25 anos – 30,43% Curso superior completo – 44,44% Solidariedade – 47,8%

Conheço outros e já participei – 44,7% Eu deveria fazer mais pelas outras pessoas – 61,4%

Os pacientes assistidos pela Abrace – 74,1% Sim, com outras instituições; e sim, na própria Abrace – 75,9%

Uma responsabilidade para com a sociedade – 49,1%

A vontade de ver um mundo onde todos sejam iguais – 62,2%

Tivesse mais tempo livre – 47,8% Entre dois e quatro anos – 43,0%

O engajamento dos voluntários que partici-param – 57,5%

(9)

SIM

PÓSIO

volvidas neste dia. De acordo com a perspectiva feminista da bioética, abordada no marco con-ceitual deste trabalho, acredita-se ser esta uma questão de formação de valores morais, sendo em nossa sociedade ressaltada às mulheres a sua importância como “cuidadoras”, fato cultural-mente ainda muito forte no Brasil.

Os voluntários pesquisados podem ser conside-rados pessoas com satisfatório grau de instrução, pois 23,15% possuem ensino médio completo; 25,95%, ensino superior incompleto e 44,44%, curso superior completo. A partir deste dado pode-se refletir que os voluntários desta amostra, com maior escolaridade, apre-sentam maior comprometimento no processo solidário, conscientes e empenhados com a transformação da sociedade. Isso está conso-nante com a prerrogativa de que, para agir como agente da solidariedade crítica, o voluntário deve ter uma percepção da realidade complexa e uma compreensão abrangente do contexto social em que está inserido. Deste modo, é fundamental um agente conscientizado para poder ter a per-cepção de seu papel e poder desempenhar plena-mente os seus direitos civis e políticos; ou seja, somente quem é instrumentalizado pode inter-vir, consciente e responsavelmente, segundo seus sentimentos morais e atitudes éticas. Analisando-se os 115 questionários respondi-dos, todos os participantes souberam dizer o porquê de estarem trabalhando como volun-tários no McDia Feliz: 47,8% justificaram tal atividade por ser uma questão de solidariedade e 42,5%, por ser uma questão de responsabili-dade social. Nas duas respostas, é possível observar o engajamento dos agentes voluntários

acima de suas questões pessoais, percebendo o outro e seu papel social, seja na ação da soli-dariedade ou na responsabilidade social, como construtores de cidadania e agentes impor-tantes nas transformações sociais. Os senti-mentos morais que movem sua ação têm como base o outro, a alteridade, identificando-se o vulnerável como alguém que desperta não ape-nas a compaixão mas a solidariedade crítica, orgânica, responsável. Em contrapartida, somente 9,7% disseram estar trabalhando por uma questão de caridade, isto é, declararam ser movidos por sentimentos pessoais, não identi-ficando o vulnerável (crianças em tratamento contra o câncer) como receptor de sua ação. A Abrace desenvolve, além da participação no McDia Feliz, outras atividades, das quais 44,7% dos voluntários, mesmo que eventuais, afirmaram conhecê-las e delas já terem partici-pado, demonstrando, assim, que possuem engajamento continuado em certo grau. Em 28,9% das respostas, os voluntários afirmam conhecer outras ações e não participar. Assim mesmo, deve-se ressaltar que existe uma espécie de sensibilidade do voluntário ao tema, ao co-nhecer outras ações, ainda que delas não par-ticipe. Sugere a idéia de que a solidariedade não é uma ação pontual, mas sim um processo, em várias frentes. Os voluntários mostraram ter consciência de que a verdadeira solidariedade, a que promove a transformação social, só pode ser feita com tempo e perseverança. E essa ati-tude carrega a noção de responsabilidade para com o vulnerável e para com a sociedade. A solidariedade crítica foi identificada nas respostas, mais especificamente quando 61,4%

(10)

indicaram que os entrevistados possuem o sen-timento de que deveriam fazer ainda mais pelas outras pessoas. Esta é a ação de solidariedade (crítica), que não se contenta com a situação vista e procura auxiliar ainda mais, fugindo do sentimento de obrigação ou dever cumprido (compaixão ou caridade). A solidariedade é um instrumento da bioética de intervenção que assume papel de compromisso de ação na trans-formação da sociedade.

Os voluntários mostram exercitar a idéia de alteridade ao responder que os pacientes assisti-dos pela Abrace são os maiores beneficiaassisti-dos pela campanha em questão. Assim, compreen-dem a situação do outro (menos favorecido) e, com isso, percebem a alteridade, levando ao sentimento de que podem ajudar, podem se envolver com o outro, permitindo a prática da cidadania.

O fato de que 75,9% destes voluntários prati-cam outras atividades voluntárias, quer na Abrace ou em outras instituições, chamou a atenção, sendo possível inferir que possuem um compromisso introjetado em suas ações e uma continuidade de atitude. A permanência dos mesmos em outras atividades enriquece suas próprias ações, pois vincula a elas o crescimen-to baseado na continuidade de seus voluntários, o que também foi ressaltado quando 43% dis-seram que trabalham no McDia Feliz entre dois a quatro anos (maior porcentagem de respostas nesta mesma questão). Mas tem-se um grupo de 17,9% de pessoas que responde-ram que gostariam de ser mais solidárias, porém não sabem como o fazer. Este dado deve ser primeiramente trabalhado pela Abrace,

orientando seus voluntários eventuais para que possam se empenhar em outras ações. Também indica que existe uma vontade de ajudar e não saber como. O esclarecimento desta declaração deve levar a uma construção social mais ampla, disseminando para conhecimento de todos as possibilidades da solidariedade.

Quando indagados sobre o que vem a ser a so-lidariedade, 49,1% identificaram a respon-sabilidade para com a sociedade como sendo a resposta correta. A esse número, podem-se somar os 10,4% de respostas dizendo que seria um compromisso para com os que sofrem, pois este grupo se identifica com o próximo, levan-do a um compromisso social, a uma percepção de responsabilidade e alteridade. Em contra-partida, é preciso ressaltar que 40,2% das pes-soas tiveram problemas em diferenciar a soli-dariedade da caridade. Isso demonstra a neces-sidade de trabalhar este conceito, pois não está tão bem esclarecido para todos os voluntários, de modo que diferenciar os limites entre a compaixão, a misericórdia, a solidariedade, a caridade e a esmola, dentre outros, torna-se tarefa difícil.

Ver um mundo onde todos sejam iguais é a vontade de 62,2% dos voluntários envolvidos na pesquisa. Esta resposta identifica o anseio de construção de uma nova sociedade, mais justa e igualitária, onde todos os indivíduos sejam verdadeiramente vistos como cidadãos, como fins merecedores de uma vida digna e justa. Esta condição de cidadania é algo inquietante para quem procura ajudar o outro, para quem é solidário para com o vulnerável, vendo-o como um sujeito que necessita de auxílio, mas não de

(11)

SIM

PÓSIO

caridade, pois a caridade não leva à inde-pendência futura, à cidadania.

É possível perceber que quanto mais as pessoas se engajam em ações voluntárias, mais se sen-tem impulsionadas a participar de outras – por isso, decorre a necessidade de mais tempo disponível para tanto. Esta disponibilidade de tempo poderia ser proporcionada se houvesse maior apoio institucional por parte de empresas públicas e privadas, incentivando a ação volun-tária de seus funcionários e tendo uma política voltada à solidariedade. Pode-se perceber que algumas instituições que promovem essa políti-ca proporcionam benefícios com retorno social importante. É o caso demonstrado, especifica-mente, pelo Banco do Brasil (maior vendedor de souvenirs da Abrace no Distrito Federal), pelo Colégio Ciman (segundo maior vendedor) e pela Politec (terceiro maior vendedor). Estas empre-sas possuem uma clara política de incentivo ao voluntariado, possibilitando a venda de sou-venirs e de tíquetes antecipados de sanduíche, montagem de lojinhas e apoio financeiro ao evento McDia Feliz. Em contrapartida, rece-bem como retorno a visão diferenciada de seus funcionários e clientes, que percebem que elas possuem um compromisso público com a cons-trução da cidadania e de uma sociedade mais justa e igualitária.

A lembrança mais forte que vai restar de sua participação neste dia, segundo 57,5% dos par-ticipantes, será o engajamento dos voluntários, ou seja, a força desempenhada pelo conjunto de voluntários – os quais vêem a ação solidária como uma ação com importância para o pro-gresso moral e social do país.

Considerações finais

Para Hume, em nenhum caso pode a mente exercer-se em uma ação que não possa ser derivada de sua percepção da realidade, pois é a aplicação de tal percepção aos juízos que nos permite distinguir o bem e o mal morais; aprovar ou reprovar um caráter, uma ação, deri-va da nossa percepção acerca desse caráter (14). Assim, o presente estudo buscou avaliar a per-cepção do voluntário da Abrace a respeito do aspecto solidário que seu trabalho implica. Foi possível verificar que o perfil dos voluntários da Abrace engajados no McDia Feliz é formado, em sua maioria, por mulheres, com idades entre 18 e 57 anos, e predominância de pessoas formadas no ensino superior. Relacionando esse perfil com os resultados obtidos pela análise dos questionários, verifica-se que os vo-luntários são, em sua maioria, dotados de instrumentalização e liberdade suficientes para lhes proporcionar uma percepção palpável da importância que o voluntariado exerce na sociedade contemporânea. Seu engajamento é comprovado por meio da participação em ou-tras atividades voluntárias, solidárias, com constância e assiduidade em projetos desse tipo. Ficou a percepção de que quem participa de uma ação voluntária, no caso o McDia Feliz, tende a voltar mais vezes, a aprimorar seus va-lores morais, sociais e cívicos.

Compadecer é sofrer com, e todo sofrimento é ruim. A alegria é que é boa e a razão é que é justa; o amor, a generosidade e a solidariedade é que devem levar-nos a ajudar nossos seme-lhantes. Contudo, para poder ajudar não se necessita da compaixão e, em vez de lamentar,

(12)

as pessoas podem socorrer a si mesmas. Segundo Spinoza (apud Comte-Sponville) (11), o sábio não se move pela compaixão, mas sim por sua razão, reconhecendo-a como inútil na transformação social. Não devemos tomar as penas dos outros, mas se pudermos aliviar os outros de suas penas, melhor. Ou seja, ação em vez de paixão; generosidade ao invés de piedade; solidariedade no lugar da caridade. Comparti-lhar o sofrimento do outro não é aprová-lo nem compartilhar suas razões – boas ou más – para sofrer; é recusar-se a considerar um sofrimento, qualquer que seja, como um fato indiferente, e um ser vivo não como meio, mas como fim (11).

Uns fazem o que podem; outros fazem o que querem. De acordo com a perspectiva kantiana (8), sendo a compaixão um sentimento, não é, portanto, um dever. Dever é fazer algo para que o fim (homem) seja alcançado (reduzir o sofri-mento). Mas é a ética que permite transcender do sentir ao querer, do ser ao que se deve ser (11). O Estado moderno deveria ser funda-mentado, entre outros, no princípio da igual-dade. Entretanto, ser igual não significa neces-sariamente ser justo, e, como definiria Peter Singer (15), seria considerar igualmente os interesses alheios. Como o Estado moderno não é capaz de fazê-lo, porque, principalmente nos países subdesenvolvidos, não prima por políticas sociais que promovam a justiça, “a igualdade no acesso aos bens sociais fundamen-tais, prevista como direito constitucional, man-tém-se ao nível de discurso” (2). Como para Spinoza (apud Comte-Sponville) (11) o “homem racional não se deixa tocar pela com-paixão”, ele deve ser movido, então, por quais

sentimentos morais? A partir dos resultados auferidos na presente pesquisa pode-se afirmar que a ação humana deve ser guiada pelos princí-pios bioéticos da alteridade, eqüidade, igual-dade, autonomia, benevolência, não-maleficên-cia, justiça, solidariedade crítica e responsabili-dade social. Um voluntário não só dotado destes princípios, mas praticando voluntaria-mente esses valores morais, é, antes de tudo, um cidadão a ser admirado e sua atitude esti-mulada e ensinada. Porque esses valores não são doados, caridosamente, mas sim exercidos autonomamente e construídos consciente-mente.

A idéia da solidariedade como um processo embasado em responsabilidade social é entendi-do pelos voluntários entrevistaentendi-dos, que se mostraram conscientes da importância de sua ação para a transformação da sociedade. Isso é essencial para o progresso moral da sociedade. O progresso moral coletivo se manifesta por meio de três fatores fundamentais: na legis-lação dos Estados modernos, na incorporação de certos valores aos códigos e às leis e nos com-portamentos públicos (13). A ação voluntária baseada na solidariedade crítica é um exemplo de comportamento público que contribui para esse progresso, já que está baseada na reciproci-dade (coletivireciproci-dade-individualireciproci-dade).

Um cidadão responsável, consciente e com-prometido procura praticar uma bioética atuante, interventiva. E os vulneráveis estão aptos a receber, dignamente e de braços aber-tos, a solidariedade crítica, tornando-se, também, agentes sociais ativos e não pas-sivos. Para Spinoza (apud Comte-Sponville)

(13)

SIM

PÓSIO

(11), cabe ao Estado, e não ao indivíduo, ocupar-se da miséria, e deve-se fazer mais política que caridade – o que não nos dispen-sa de ter para com os vulneráveis uma atitude fraterna, generosa, solidária e benevolente, mas acima de tudo estabelecer com eles uma relação de reciprocidade e eqüidade. Ainda no contexto latino-americano, onde o Estado está mais ausente que presente, ocor-rendo a atividade de instituições como a Abrace e do terceiro setor, financiadas pri-mariamente pela atitude moral dos volun-tários, o voluntariado crítico não é somente importante, mas essencial.

A solidariedade crítica como instrumento de transformação social faz parte do engajamento político assumido pela bioética de intervenção, cujos pressupostos básicos foram na sua maio-ria recentemente contemplados pela Unesco nos preceitos da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (13), que redefiniu a agenda bioética para o século XXI, recém iniciado.

Os autores agradecem a colaboração prestada ao longo deste trabalho pela Abrace e seus vo-luntários, que prontamente responderam aos questionários.

RESUMEN

Análisis bioético de la percepción de la solidariedad en la acción del voluntariado

El presente artículo consiste en un análisis de la percepción de solidariedad por voluntarios de una institución filantrópica del Distrito Federal dirigida al auxilio de familias que poseen niños en tratamiento de cáncer. Para lo cual, se aplicaron cuestionarios a los voluntarios relacionados con la institución y también participantes de una promoción filantrópica de una cadena internacional de fast food. Se analizó, según la bioética, si su comprometimiento ocurrió por cuestión de solidariedad, caridad o compasión. La referencia conceptual para el presente análisis es que la solidariedad con-siste en una acción crítica, comprometida y en consonancia con varios principios bioéticos. El estu-dio hizo percibir que los voluntarios comprenden a la solidaridad como un proceso basado en la responsabilidad social y que tiene consciencia de que sus acciones son importantes para la sociedad. Unitérminos: bioética, solidaridad, voluntariado

ABSTRACT

Bioethical analysis of solidarity perception in voluntary action

This article consists of an analysis of solidarity perception of volunteers in a philanthropic institution in Distrito Federal aimed at helping families with children undergoing cancer treatment. For such,

(14)

ques-tionnaires were distributed to volunteers connected to the institution and also to participants in a phil-anthropic promotion carried out by an international fast-food chain. It analyzed, according to bioethics, if their commitment was due to a question of solidarity, charity or compassion. The con-ceptual reference for this analysis is that solidarity consists of a critical, committed action that is pur-suant to several bioethical principles. This study realized that volunteers understand solidarity as a process based on social responsibility and that they are aware of how their actions are important to society.

Uniterms: bioethics, solidarity, voluntariness

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Selli L, Garrafa V. Presença feminina na atividade voluntária: uma leitura a partir da bioética. Revista Brasileira de Bioética 2005;1(1):80-90.

2. Selli L. Bioética, solidariedade crítica e voluntariado orgânico [tese]. Brasília: Universidade de Brasília, 2002.

3. Selli L, Garrafa V. Bioética, solidariedade crítica e voluntariado orgânico. Cadernos de Saúde Pública 2005;39(3):473-8.

4. Engelhardt Jr HT. Fundamentos da bioética. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 1996.

5. Garrafa V, Porto D. Intervention bioethics: a proposal for peripheral countries in a context of power and injustice. Bioethics 2003;17(5-6):399-416.

6. _____. Bioética, poder e injustiça: por uma ética de intervenção. In: Garrafa V, Pessini L, organi-zadores. Bioética: poder e injustiça. São Paulo: Loyola, 2003: 25-34.

7. Gilligan C. Uma voz diferente: psicologia da diferença entre homens e mulheres da infância à idade adulta. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1982. 190p.

8. Abbagnano N. Dicionário de filosofia. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 9. Logos: enciclopédia luso-brasileira de filosofia. Lisboa: Verbo, 1993.

10. Arendt H. Condição humana. 6ª ed. Rio de Janeiro: Forense Univ, 1993.

11. Comte-Sponville A. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes. 2004: 115-129.

12. Lalande A. Vocabulário técnico e crítico da filosofia. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 13. Jonas H. O princípio vida: fundamentos para uma biologia filosófica. Petrópolis: Vozes. 2004. 14. Hume D. Tratado de la naturaleza humana. 2ª ed. Madrid: Editora Nacional, 1981. 2 vols. 15. Singer P. Ética prática. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA

Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília Caixa Postal 04451

CEP 70904-970 Brasília/DF - Brasil E-mail: bioetica@unb.br

Referências

Documentos relacionados

Obedecendo ao cronograma de aulas semanais do calendário letivo escolar da instituição de ensino, para ambas as turmas selecionadas, houve igualmente quatro horas/aula

A disponibilização de recursos digitais em acesso aberto e a forma como os mesmos são acessados devem constituir motivo de reflexão no âmbito da pertinência e do valor

Lista de preços Novembro 2015 Fitness-Outdoor (IVA 23%).. FITNESS

Sobretudo recentemente, nessas publicações, as sugestões de ativi- dade e a indicação de meios para a condução da aprendizagem dão ênfase às práticas de sala de aula. Os

Avaliação técnico-econômica do processo de obtenção de extrato de cúrcuma utilizando CO 2 supercrítico e estudo da distribuição de temperatura no leito durante a

A perspectiva teórica adotada baseia-se em conceitos como: caracterização câncer de mama e formas de prevenção; representação social da doença; abordagem centrada no

CÓDIGO ÓTIMO: um código moral é ótimo se, e somente se, a sua aceitação e internalização por todos os seres racionalmente aptos maximiza o bem-estar de todos