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EAD: uma discussão sobre sua expansão e representação nos anos 2000

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Academic year: 2020

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EAD: uma discussão sobre sua expansão e representação nos anos

2000

Lygia Costa é professora na Ebape-FGV, doutora em Sociologia (Iuperj-Ucam), mestre em Sociologia (Iuperj-Ucam), fez pós-doutorado no Observatório das Metrópoles (Ippur-UFRJ) e também no IFCS-UFRJ.

Resumo

O objetivo deste artigo é mostrar a expansão da oferta de cursos de graduação a distância, evidenciando a situação das vagas, dos inscritos, das matrículas e dos concluintes, e também as tendências de sua distribuição regional. Embora a educação a distância não seja a solução para todos os problemas educacionais no país, a EAD se revela um importante campo de reflexão para todos que estejam interessados em trabalhar no entendimento de seus aspectos qualitativos e quantitativos. Ao definir a EAD como objeto de estudo, compreendemos a necessidade de identificar as mediações que lhe dão sentido enquanto fenômeno social em análise. Neste artigo, optou-se, durante a análise, pelo uso do método quantitativo em caráter descritivo para observarmos a expansão da EAD no Brasil, nos anos 2000, 2005 e 2011. Na discussão do artigo, consideramos primordial tratar sobre a democratização da educação e do ensino superior, já que vivemos em um país marcadamente desigual e injusto. Para que a EAD se consolide, deve ter como objetivo construir princípios filosóficos que atinjam a sociedade como um todo em forma de conhecimento, autonomia e consciência crítica.

Palavras-chave:educação a distância; educação; ensino superior.

Abstract

This article aims to discuss the increased offer of distance education undergraduate programmes and the correlation between the number of course vacancies, applications, enrolments and students who successfully completed the programmes. These figures evidence the regional distribution of such programmes. Although Distance Education (DE) – or still Distance Learning (DL) – cannot be viewed as ‘the’ solution to the deficiencies of the Brazilian educational system, it emerges as a critical point of reflection for all those willing to understand its qualitative and quantitative features. By identifying the need to assess the mediation role played by DE as a social phenomenon, we have chosen to conduct a quantitative analysis with a descriptive-oriented strategy to investigate the expansion of DE in Brazil in the target years of 2000, 2005 and 2011. This discussion lies on the premise of democratic education and access to Higher Education, since we live in a country which is not able to ensure fair and equal opportunities for all. Strengthening DE in Brazil should aim to build philosophical principles that apply to society as a whole and which are able to foster knowledge acquisition, autonomy and critical thinking.

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Resumen

El objetivo de este artículo es mostrar la expansión de la oferta de cursos de graduación a distancia, poniendo en evidencia la situación de las vacantes, los inscritos, las matrículas y los graduandos, además de las tendencias de su distribución regional. A pesar de que la educación a distancia no sea la solución para todos los problemas educativos en el país, la EAD se afirma como un importante campo de reflexión para todos los que estén interesados en trabajar para comprender sus aspectos cualitativos y cuantitativos. Al definir a la EAD como objeto de estudio, comprendemos la necesidad de identificar las mediaciones que le dan sentido como fenómeno social de análisis. En este artículo, se optó durante el análisis, por el uso del método cuantitativo de carácter descriptivo para observar la expansión de la EAD en Brasil, en los años 2000, 2005 y 2011. En la discusión del artículo, consideramos primordial tratar sobre la democratización en la educación y de la educación superior, pues vivimos en un país marcado por la desigualdad y la injusticia. Para que la EAD se consolide, debe tener como objetivo construir principios filosóficos que llegue a la sociedad como un todo en forma de conocimiento, autonomía y conciencia crítica.

Palabras clave: educación a distancia; educación; educación superior.

1. Introdução

A educação a distância (EAD) não é uma novidade em seu conceito ou sua prática. Nesse sentido, vários autores podem descrever a EAD como um processo de ensino-aprendizagem diferenciado por seu formato. Na modalidade EAD, professores e alunos não estão normalmente juntos em um mesmo espaço físicoou sequer compartilham o mesmo tempo de aprendizagem, mas se encontram conectados por meio de tecnologias, que os auxiliam na troca de informação e no desenvolvimento de umaformação (Mouran, 1994; Mendes, 2010). No Brasil, a modalidade EAD ganhou impulso após a promulgação da Lei nº 9.394/96, que já tramitava há oito anos no Congresso Nacional. No momento da aprovação da referida lei, foram estabelecidas diretrizes e bases para a educação nacional e uma série de reformas para todo osistema educacional brasileiro. Em especial, o

Art. 80 da LDB1 deliberava que o poder público deveria incentivar o desenvolvimento e a veiculação de

programas de educação a distância em todos os níveis e em todas as modalidades de ensino. No entanto, apenas em 1998, com o Decreto 2.494/98, que se referia à certificação ou ao diploma de cursos a distância em todos os níveis de ensino, públicos ou privados, as iniciativas de educação a distância passaram a se regularizar no país. A partir desse momento, abriram-se as portas para o crescimento dos cursos de EAD, nível superior, em instituições públicas e privadas. Contudo,verifica-se realmente a expansão dos cursos de EAD,

como veremos por meio dos microdados do Inep/MEC2,praticamente a partir dos anos 2000, período que

corresponde ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que, aparentemente, indicauma continuidade da política anterior.

É possível observar que a discussão sobre a EAD tem avançado nos últimos anos, mas nem sempre se teve uma perspectiva positiva – sobretudo, no cenário educacional superior brasileiro – sobre essa modalidade. A dificuldade de manutenção de equipes, a grande demanda de alunos, e o fato de a produção de material de estudo e de ferramentas tecnológicas que ajudassem na interação professor-aluno no ambiente on-line mostrarem-se, muitas vezes, deficientes causaram insatisfação generalizada entre seus usuários. O impacto                                                                                                                                        

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Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96.

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disso poderia ser visto por meio das informações que se divulgavam sobre a evasão massiva e progressiva de alunos nos cursos EAD, descaracterizando ainda mais o processo (Kenski, 2002). Segundo Kenski, a partir dos anos 2000, houve uma euforia publicitária em torno do uso político da modalidade EAD no Brasil. Estaseria, finalmente,uma oportunidade para a expansão doensino superior no país. Por outro lado, a qualidade dos resultados dessa expansão não era claramente explicitada e raramente servia como reorientação dos programas governamentais em EAD, o que veio a gerar um sentimento de dúvida na sociedade civil sobre a possibilidade de se construir um programa nessa modalidade com qualidade e excelência.

As dúvidas sobre a modalidade EAD ainda não foram superadas. Ainda há pouco reconhecimento sobre a “aprendizagem independente” que não se restringe aos muros escolares. No entanto, a EAD assume um grande valor na sociedade atual, sendo reconhecida sua qualidade por meio de certificações concedidas pelo MEC e até por órgãos/organizações internacionais. Embora a educação a distância não seja a solução para todos os problemas educacionais no país, a EAD se revela um importante campo de reflexão para todos que estejam interessados em trabalhar no entendimento de seus aspectos qualitativos e quantitativos.

Assim, no aprofundamento dessa análise, este artigo tem como objetivo mostrar a expansão da oferta de cursos de graduação a distância, evidenciando a situação das vagas, das matrículas e dos concluintes, e também as tendências de sua distribuição regional. Para a compreensão da ampliação dos cursos superiores no Brasil, na modalidade EAD, foram explorados os microdados do Inep/MEC, que disponibilizam informações

sobre as instituições de ensino superior, seus cursos e alunos3. Com relação à quantidade-qualidade da EAD no

Brasil, optou-se pelo estudo da quantidade, empregando-se assim apenas o método quantitativo em caráter descritivo para observarmos a expansão dessa modalidade no Brasil, nos anos 2000, 2005 e 2011. A escolha pelos períodos com intervalos de cinco anos se deu por conta da pouca oferta de cursos superiores a distância entre 2000 e 2005; e,a partir de2011, último ano de microdados disponibilizados pelo Inep/MEC,analisaremoso quanto os cursos superiores na modalidade EAD vieram a se consolidar.

2. Educação a distância no ensino superior: uma análise de sua expansão no Brasil

Entendemos que cada objeto de estudo tem, necessariamente, sua forma própria e peculiar de construção. Não podemos tratar a realidade por meio de um conjunto de receitas metodológicas para garantir respostas adequadas e formatadas em uma linguagem conformadora. Ao contrário disso, é importante para o pesquisador buscar entender concretamente como se produziu o fato ou fenômeno social que se está estudando. Ao definir a EAD como objeto de estudo neste artigo, compreendemos a necessidade de identificar as mediações que lhe dão sentido enquanto fenômeno social em análise. Apesar de apenas buscarmos descrever esse processo ao longo dos anos 2000, não tomamos a EAD como parte isolada ou mesmo sem dinamismo, quer seja na política ou na reestruturação do ensino superior.Pelo contrário, a EAD, neste estudo, é identificada como um movimento em que se pode perceber uma ligação e interação desta com os fenômenos que a rodeiam.

A educação a distância exerce certo encantamento tanto com relação ao uso das TICs, cada vez mais prevalentes no mundo moderno, quanto com relação à expectativa de ampliação do alcance do ensino superior no Brasil. É compreensível que a perspectiva seja positiva sobre o aumento do número de vagas nas universidades e faculdades. Para Ferreira (2000), a EAD é mais uma ferramenta pedagógica que se impõe como um novo formato de aprendizagem, concebida da mesma maneira que o ensino regular, sendo direito preliminar de cidadania e prioritária como ação governamental. Do ponto de vista pedagógico, a EAD é                                                                                                                                        

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entendida como um instrumento de qualificação em favor do desenvolvimento educacional, de um novo processo de ensino-aprendizagem.

Por outro lado, é fundamental pensar criticamente sobre a EAD que, mesmo expandindo o ensino superior, envolve conflito de interesses. Segundo Picançoet al (2005), um dos principais debates nesse campo é sobre a orientação mercantilista de ensino cujo objetivo seria massificar os processos formativos ligados a um modelo de EAD industrial com conteúdos estáticos e padronizados, questionáveis do ponto de vista de uma educação democrática. Para Picançoet al (2005), além da ênfase sobre a lógica de “cidadão-consumidor”, “aluno-cliente” sob a perspectiva da formação e preparação do “sucesso” profissional, deve-se pensar sobre o “sujeito de produção de conhecimento e cultura”, que opera no coletivo e pode colaborar para alterar sua realidade e a de todos os outros. Para tanto, é necessário apostar nas transformações das condições de trabalho/da formação de professores, uma vez que são eles que precisam estar qualificados e dedicados a enfrentar o campo.

O modelo de EAD em massa passa também pela reflexão da própria concepção vigente de universidade, segundo Catani e Oliveira (2000, p.11):

Há grande preocupação com a ampliação da demanda ea massificação da educação superior; as novas necessidadesde uma demanda cada vez mais diversificada;os novos objetivos e funções da educação superiorno século XXI; o lugar da universidade no mundovirtual das novas tecnologias da informação e dacomunicação.

É preciso ter clareza sobre o que se pode considerar democratização da educação e do ensino superior, já que vivemos em um país marcadamente desigual e injusto. Desse modo, não podemos direcionar a solução de nossos problemas no ensino superior apenas para o campo da técnica, na aplicação de sofisticados sistemas de comunicação, no sentido de ratificar um processo de “modernização” do sistema de ensino. Para que a EAD se consolide, ela deve ter como objetivo construir princípios filosóficos que atinjam a sociedade como um todo em forma de conhecimento, autonomia e consciência crítica.

2.1 Resultados da análise dos microdados doensino superior – Inep/MEC

Nesta análise, o principal objetivo é oferecer um panorama da evolução desses cursos entre os anos 2000, 2005 e 2011.Os dados dos cursos aqui explorados são provenientes do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e contemplam todos os cursos superiores, presenciais e a distância. A análise dos dados está estruturada em função de três enfoques: a oferta (cursos e vagas); os inscritos (demanda); os matriculados e os concluintes. Nestes dois últimos, foi possível detalhar o dado pelo sexo da pessoa.

De forma mais abrangente, os cursos de graduação (bacharelado, licenciatura e tecnólogo), sobretudo a distância,vêm-se firmando ao longo dos anos. No gráfico 1,podemos observar que, até 2005, a Região Nordeste concentrava a oferta de cursos superiores a distância entre todas as regiões (42,3%), seguida da Região Sul (22,2%) e da Sudeste (19,5%), e, posteriormente, da Centro-Oeste (8,5%) e da Norte (7,4%). Em 2011, o quadro muda, e éa Região Sudeste que passa a concentrar a oferta de cursos superiores a distância no país (53,8%), deixando evidente um crescimento exponencial no período, seguida pelo Nordeste (16,8%), pelo Sul (15,2%), pelo Centro-Oeste (9,5%) e pelo Norte (4,6%). A Região Norte esboçou, entre os anos 2000 e 2005, um crescimento de 97,7% nos cursos superiores a distância.No entanto, entre os anos2005 e 2011, o crescimento foi apenas de 54,5% de cursos superiores nessa modalidade.

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Gráfico 1 – Quantidade de cursos superiores a distância segundo regiões brasileiras

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

Nos gráficos 2 e 3, observamos melhor o crescimento da oferta de cursos EAD se compararmos com o crescimento da oferta de cursos presenciais. Observa-se que, em 2000, a cada 1059 cursos superiores presenciais,1 era EAD; em 2005, eram 107 cursos superiores presenciais para 1a distância; já em 2011, os indicadores apontavam 28 cursos superiores presenciais para 1 curso superiorno formato EAD, no Brasil.No geral,os cursos superiores a distância cresceram, no período de 2000 a 2011,37,4 vezes mais que os cursos superiores presenciais.

Gráfico 2 – Quantidade de cursos superiores presenciais

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

Gráfico 3 – Quantidade de cursos superiores a distância

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

2000   2005   2011   Centro-­‐Oeste   2   16   99   Nordeste   2   80   176   Norte   0   14   48   Sudeste   3   37   562   Sul   3   42   159   0   100   200   300   400   500   600   2000   2005   2011   Presencial   10585   20410   29506   0   5000   10000   15000   20000   25000   30000   35000   2000   2005   2011   EAD   10   189   1044   0   200   400   600   800   1000   1200  

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Desde 2000, a EAD vinha assumindo um papel importante nas mudanças do ensino brasileiro. Mas é a partir de 2005 que o MEC passa a investir, claramente, na expansão do ensino superior, por meio das modalidades a distância tanto no ensino público quanto no ensino privado (gráfico 6).Os dados do gráfico 4 mostraram que, em 2000 e 2005, havia apenasofertas de cursos superiores a distância no bacharelado; já em 2011, mais de 50% dos cursos de nível superior a distância eramlicenciatura. Em especial, nas instituições públicas, os cursos

superiores a distância foram vinculados, sobretudo, ao Programa Pró-Licenciatura e ao sistema UAB4. A UAB foi

criada em 2006,com o objetivo de oferecer cursos de nível superior para uma parcela da população com dificuldade de acesso à formação universitária, por meio do uso da metodologia da educação a distância. A prioridade da UAB sempre foi dada aos professores que atuam na educação básica, seguidos dos dirigentes, gestores e trabalhadores da educação básica dos estados, dos municípios e do Distrito Federal.

Interessante observar, inclusive, que os cursos superiorestecnólogos passaram a ocupar, em 2011, um lugar significativo, ficando com 27,2% de cursos de nível superior ofertados em formato EAD.O bacharelado, no referido ano, representaria apenas 19,1% dos cursos ofertados a distância, invertendo-se então a preferência nos investimentos em cursos de nível superior nessa modalidade.

Gráfico 4 – Quantidade de cursos superiores a distância segundo o grau acadêmico

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

No gráfico 5, podemos observar que, tanto no público quanto no privado, os cursos superiores a distância sofreram uma considerável expansão. Como já mencionamos em parágrafos anteriores, é a partir de 2005 que o governo começa a investir significativamente nos cursos superioresa distância. Com a experiência adquirida com a UAB, as universidades passaram a contar também com o Reuni e o Prouni para democratizar o acesso dos brasileiros – de uma maneira geral, e não apenas de uma elite minoritária –aos cursos superiores. De fato,                                                                                                                                        

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Universidade Aberta do Brasil. Decreto nº 5.800, de 8 de junho de 2006 –http://www.uab.capes.gov.br/.

Categoria  1   Categoria  2   Categoria  3  

Bacharelado   10   1891   99   Licenciatura   0   0   559   Tecnológico   0   0   286   0   200   400   600   800   1000   1200   1400   1600   1800   2000  

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a EAD foi um importante mecanismo na expansão do ensino superior público, mas os dados indicam que foram as instituições privadas que acabaram se apropriando, ao longo dos anos,do processo de expansão de vagas nos cursos superiores a distância.

Gráfico 5 – Quantidade de cursos superiores a distância segundo a categoria administrativa: público e privado

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

No gráfico 6, observamos, a partir de 2000, um crescimento expressivo no número de vagas de cursos superiores a distância em relação aos cursos presenciais. Em 2005, as vagas nos cursos superiores a distância eram 65 vezes o número de vagas que existiam em 2000, o que já revela uma expansão incrível de vagas nesses cursos.Em 2011, o número de vagas nos cursos superiores a distância não deixou de crescer – existia 2,8 vezes mais vagas que em 2005, porém, o aumento não foi tão significativo quanto o que se apresentou nos anos anteriores. Enquanto isso, o número de vagas nos cursos superiores presenciais no ano de 2005 era 1,5 vezes maior que o número de vagas disponíveis em 2000 e, em 2011, manteve-se o mesmo ritmo de crescimento – o número de vagas nos cursos superiores presenciais era 1,5 vezes maior que as vagas disponíveis em 2005.

Analisando os gráficos 7 e 8, os cursos superiores presenciais e a distância apresentaram crescimento percentual positivo do número de inscritos para as vagas (vestibular, etc.) nos anos2000, 2005 e 2011. Com destaque, é claro, para os cursos superioresa distância,cuja demanda aumentou, sobretudo, entre 2000 e 2005. Em 2005, havia uma demanda de inscritos para entrar em cursos superiores a distância 15 vezes maior que em 2000. Em 2011, esse número cai para 6,6 vezes mais inscritos nos cursos superiores a distância em relação a 2005, mas, apesar disso, a demanda nesses cursos permanece elevada quando observamos o caso dos inscritos nos cursos superiores presenciais. O número de inscritos nos cursos a distância teve um crescimento 43,8 vezes maior do que o número de inscritos nos cursos superiores presenciais de 2000 a 2011.

2000   2005   2011   Pública   10   73   465   Privada   0   116   579   0   100   200   300   400   500   600   700  

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Gráfico 6 – Número de vagas nos cursos superiores presenciais e a distância

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico. Gráfico 7 – Número de inscritos nos cursos superiores

presenciais

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

Gráfico 8 – Número de inscritos nos cursos superiores a distância

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico. Outro dado importante e que não poderíamos deixar de destacar, nos gráficos 9 e 10, é o caso do número de matriculados nos cursos superiores presenciais e a distância. Os dados revelaram que, em 2000, a cada 1889 alunos matriculados em cursos superiores presenciais,1 estava matriculado na EAD; em 2005, essa diferença era de 36 alunos matriculados em cursos superiores presenciais para 1 na EAD; já em 2011, as diferenças passam a se encurtar ainda mais – para cada 6 alunos matriculados nos cursos presenciais, 1 estava matriculado na EAD.

Analisando, agora, alguns resultados conjuntamente, observamos que o número de inscritos para as vagas dos cursos superiores, tanto no presencial quanto na EAD, é maior que o número de vagas, indicando uma

2000   2005   2011   EAD   6430   423411   1224760   Presencial   1397692   2088472   3228671   0   500000   1000000   1500000   2000000   2500000   3000000   3500000   4000000   4500000   5000000   2000   2005   2011   Presencial   4033880   4581705   9166587   0   1000000   2000000   3000000   4000000   5000000   6000000   7000000   8000000   9000000   10000000   2000   2005   2011   EAD   8002   120692   797176   0   100000   200000   300000   400000   500000   600000   700000   800000   900000  

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demanda positiva sobre inscritos-vaga (gráficos 6, 7 e 8). Por outro lado, o que chama a atenção é o fato de que o número de matriculados nos cursos superiores a distância nos anos 2000, 2005 e 2011 foi menor que o número de vagas nos cursos superiores nessa modalidade. O contrário acontece nos cursos presenciais, que, em todos os anos observados, possuíam mais matriculados do que vagas reservadas (gráficos 9 e 10). O indicativo disso é que, enquanto os cursos superiores presenciais preenchem suas vagas em sua totalidade, nos cursos a distancia, observa-se que há vagas ociosas. Embora não tenhamos a oportunidade de desenvolver essa discussão aqui, é interessante lembrar que estamos nos referindo a cursos superioresa distancia no setor privado, que apresentam uma expansão recente.Neste caso, pode ser que muitos cursos superiores criados não tenham se concretizado devido à falta de um número mínimo de alunos. Também cabe mencionar que a oferta de bolsas na EAD é uma discussão recente, e um investimento maior em bolsas Prouni por parte do Governo poderia reverter a ociosidade de vagas dos cursos a distancia, distribuindo essas vagas entre pessoas que apresentam dificuldades – por conta das desigualdades sociais, raciais, regionais e outras que assolam o país – em ingressar no ensino superior.

Gráfico 9 – Número de matriculados nos cursos superiores presenciais

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

Gráfico 10 – Número de matriculados nos cursos superiores a distância

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

Nos gráficos 11 e 12, observamos um maior percentual de mulheres matriculadas nos cursos superiores presenciais e a distância, porém, é nos últimos que elas se encontram massivamente matriculadas.Por outro lado, os indicadores no gráfico 12 revelam também que o quantitativo de homens matriculados vem crescendo nos cursos superiores a distância.Essa mudança de perfil nos matriculados está associada ao crescimento de cursos tecnólogos, sobretudo, os relacionados ao comércio e à administração (Inep/MEC, 2011).

2000   2005   2011   Presencial   3178004   8845472   5746762   0   1000000   2000000   3000000   4000000   5000000   6000000   7000000   8000000   9000000   10000000   2000   2005   2011   EAD   1682   248282   992927   0   200000   400000   600000   800000   1000000   1200000  

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Gráfico 11 –Matriculados nos cursos superiores presenciais segundo o sexo

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

Gráfico 12–Matriculados nos cursos superiores a distância segundo o sexo

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico. Outro aspecto importante a se destacar está descrito nosgráficos 13 e 14, que revelam um número de concluintes nos cursos superiores presenciais e a distância em movimento crescente entre os anos 2000 e 2011. No entanto, é nos cursos superiores a distância que esse indicador mais se destaca. Em 2011, nos cursos superiores a distância, havia 329,4 vezes mais concluintes que em 2000; enquanto que,nos cursos superiores presenciais, em 2011, havia 2,6 vezes mais concluintes que no ano 2000. Comparando-se cursos presenciais e a distância, os últimosconseguiram aumentar 127 vezes mais seu número de concluintes em relação aos concluintes de cursos superiores presenciais se analisarmos os resultados entre os anos 2000 e 2011. Esse dado mostra que a EAD tem sido capaz de somar forças para minimizar a defasagem de pessoas com nível superior no país, ou seja, a EAD não pode ser mais considerada uma simples alternativa paliativa, emergencial, em relação aos cursos superiores tradicionais presenciais. Contudo, isso não quer dizer que a EAD não enfrente problemas de evasão – incluindo os que, mesmo após a matrícula, nunca entraram na plataforma do curso – assim como se tem observado no ensino superior presencial.

2000   2005   2011   Feminino   Presencial   1761915   4949483   3174106   Masculino   Presencial   14160893   895989   2572656   0%   10%   20%   30%   40%   50%   60%   70%   80%   90%   100%   2000   2005   2011   Feminino  EAD   1366   184240   662982   Masculino  EAD   3166   4042   329945   0%   10%   20%   30%   40%   50%   60%   70%   80%   90%   100%  

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Gráfico 13 – Quantidade de concluintes nos cursos superiores presenciais

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

Gráfico 14 – Quantidade de concluintes nos cursos superiores a distância

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico. Ainda com relação aos concluintes, é possível destacar, tanto nos cursos superiores presenciais quantos nosa distância, um percentual maior de concluintes do sexo feminino. É interessante observar que, no ano 2000, os cursos superiores a distância tinham praticamente o mesmo número de concluintes feminino e masculino.Contudo,em 2005, o número de concluintes do sexo feminino era de, aproximadamente,8 para cada concluinte do sexo masculino. Em 2011, os homens voltaram a figurar como concluintes de cursos superiores a distância, e as diferenças nas conclusões dos cursos diminuíram. Dessa forma, tem-se que, em 2011, a cada1 concluinte do sexo masculino, havia 2,3 do sexo femininonos cursos superiores a distancia.

Gráfico 15 – Concluintes nos cursos superiores presenciais segundo o sexo do aluno

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico.

Gráfico 16 – Concluintes nos cursos superiores a distância segundo o sexo do aluno

Fonte: Inep/MEC.

Obs.: Tabela com números absolutos abaixo do gráfico. Observa-se também, desde o começo dos anos 2000, que as mulheres já vinham ocupando a posição de maioria das matrículas nas universidades brasileiras. Esse resultado é reflexo, de certo modo, de uma maior

2000   2005   2011   Presencial   324734   717858   865161   0   100000   200000   300000   400000   500000   600000   700000   800000   900000   1000000   2000   2005   2011   EAD   460   12626   151552   0   20000   40000   60000   80000   100000   120000   140000   160000   2000   2005   2011   Feminino   Presencial   198416   446724   515809   Masculino   Presencial   126318   271134   349352   0%   10%   20%   30%   40%   50%   60%   70%   80%   90%   100%   2000   2005   2011   Feminino  EAD   233   11264   105554   Masculino  EAD   227   1362   45998   0%   10%   20%   30%   40%   50%   60%   70%   80%   90%   100%  

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participação da mulher na sociedade, de sua inserção considerável no mundo do trabalhoe, em especial, do fato de as mulheres estarem buscando, cada vez mais, competir em caráter de igualdade com os homens. O resultado também pode ter relação com a predominância das mulheres em ocupações como as de professoras da educação básica – pelos dados do MEC, em 2009, de quase 2 milhões de professores, 1,6 milhão era do sexo feminino.Dessa forma, fica mais evidente a grande presença de mulheres no exercício do magistério (Vianna, 2001/2). A sociedade brasileira, geralmente, associa certas funções a características femininas. Isto é o que acontece com a função de professor do ensino básico, que carrega consigo certas características necessárias ao trabalhoe consideradas femininas, como delicadeza e atenção.

3. Conclusão

Este artigo procurou analisar a expansão da oferta de cursos de graduação a distância, evidenciando a situação das vagas, das matrículas e dos concluintes, e também as tendências de sua distribuição regional.

Ao interpretar as informações aqui consolidadas, é importante considerar aslimitações nos resultados da análise, sobretudo, no que diz respeito às diferenças entre cursos superiores presenciais e a distância, ponto em que ainda não temos como medir com mais objetividade o desenvolvimentoacadêmico dos estudantes.

O que parece ser consenso nos estudos sobre EAD é o objetivo de sua proposta, que é a democratização do acesso ao ensino com a expansão da oferta de cursos superiores,quer estejam localizados em zonas centraisou em regiões distantes dos centros. Isso significa que, no caso da EAD, não há limites ou barreiras físicas para atender aos estudantes, mesmo que sejam portadores de necessidades especiais. Não há como negar a importância da EAD para a formação de uma sociedade mais justa, onde cidadãos que antes não tinham qualquer oportunidade podem assumir papel de agentes transformadores de sua própria realidade.

De outro lado, é fundamental chamar a atenção para o fato de que a EAD não tem uma proposta substitutiva aos cursos superiores presenciais, pois não são modalidades que se anulam; pelo contrário, podem até ser complementares, adaptando-se a novas realidades na sociedade global. Um dos grandes desafios da EAD, apesar de sua expansão em número de alunos, vagas, matrícula, entre outras, é construir uma reputação mais sólida, em especial, com relação ao oferecimento de um ensino de qualidade. Essa qualidade inclui desde profissionais capacitados para lidar com alunos e ferramentas on-line até um investimento maior no desenvolvimento de tecnologias da informação e comunicação no país.

4. Referências

CATANI, A. M.; OLIVEIRA, J. F. As políticas de diversificação e diferenciação da educação superior no Brasil: Alterações no sistema e nas Universidades Públicas. In: SGUISSARDI, Valdemar (Org.). Educação superior: velhos e novos desafios. São Paulo: Xamã, 2000. p. 63-82.

FERREIRA, Ruy. A internet como ambiente da educação a distância na formação continuada de professores. Universidade Federal do Mato Grosso. Dissertação de Mestrado, Cuiabá, 2000. Disponível em:

http://cev.ucb.br/qq/ruy_ferreira/tese.htm. Acesso em: 27out. 2013. KENSKI, V. M. O desafio da educação a distância no Brasil, 2002.Disponível

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MEC. Ministério da Educação. Sinopse do Professor da Educação Básica. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo Escolar 2009. Disponível em: http://www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/Sinopse/sinopse.asp. Acesso em:

02 nov. 2013.

MENDES, V. A expansão do ensino a distância no Brasil: democratização do acesso?, 2010. Disponível em:http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/index.htm. Acesso em: 27 out. 2013.

MOURAN, J. M.Novos caminhos do ensino a distância. Informe CEAD – Centro de Educação a Distância. SENAI, Rio de Janeiro, ano 1, n.5, out-dez. 1994, p. 1-3.

PRETTO, Nelson; PICANÇO, Alessandra de A. Reflexões sobre EAD: concepções de educação. In: ARAÚJO, Bohumila; FREITAS, Kátia Siqueira (Org.). Educação a Distância no contexto brasileiro: algumas experiências da UFBA. Salvador: ISP/UFBA, 2005.

Imagem

Gráfico 1 – Quantidade de cursos superiores a distância segundo regiões brasileiras
Gráfico 4 – Quantidade de cursos superiores a distância segundo o grau acadêmico
Gráfico 5 – Quantidade de cursos superiores a distância segundo a categoria administrativa:
Gráfico 6 – Número de vagas nos cursos superiores presenciais e a distância
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Referências

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