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Fábio Donisete Silva, Arthur Costa de Souza, Carlos Eduardo Tavares

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Proposta para a Obtenção de Curva Típica de

Suportabilidade de Eletroeletrônicos para Estudos de

Ressarcimento de Danos

Fábio Donisete Silva, Arthur Costa de Souza, Carlos Eduardo Tavares

Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Elétrica, Uberlândia/MG, Brasil

Resumo  Esteartigo apresenta o desenvolvimento de uma metodologia para determinação de uma curva típica de suportabilidade dielétrica que represente todos os equipamentos elétricos comumente utilizados em instalações residenciais, comerciais ou industriais. Estas curvas são fundamentais para diminuir a incerteza em relação às possibilidades de danos originados de distúrbios na rede elétrica. A metodologia para encontrar a curva típica se baseia na utilização de Mapas Auto-Organizáveis de Kohonen (SOM) e do algoritmo das K-médias, além de índices de validação como o Davies-Bouldin e a Função do Erro Quadrático. Todas as metodologias citadas foram desenvolvidas no MatLab e apresentam resultados promissores para representar os limites de suportabilidade dielétrica dos equipamentos.

Palavras-chaves  Qualidade da Energia Elétrica, Suportabilidade dielétrica, Self-Organizing Maps e K-médias.

I. INTRODUÇÃO

Atualmente, diferentes fenômenos interferem na Qualidade da Energia Elétrica como os transitórios impulsivos e oscilatórios, afundamentos e elevações de tensão, distorções das formas de onda e interrupções da tensão. Esses fenômenos podem causar a parada temporária dos equipamentos e até mesmo sua perda permanente. Destacam-se, dentre as causas que levam à perda permanente de um equipamento, as originadas de um transitório impulsivo ou oscilatório e as sobretensões em regime permanente que, além de danificarem o equipamento, podem inviabilizar a recuperação do mesmo [1].

Neste contexto, tem se observado o grande número de pedidos de ressarcimento por danos em aparelhos elétricos e eletrônicos que, comumente, são alvo de críticas e dúvidas quanto à atribuição da causa e da responsabilidade da perda do equipamento [2]. Sejam as concessionárias ou os consumidores, ambos não querem arcar com a despesa de reparo ou substituição do equipamento sem uma justificativa baseada em critérios técnicos/ científicos contundentes. Assim, os Pedidos de Indenização por Danos (PID) demandam mais atenção das concessionárias de energia, agências de regulação, consumidores e órgãos governamentais no sentindo de se ter ferramentas que permitam realizar uma avaliação criteriosa dos pedidos de ressarcimento [3].

Este tema já motivou investigações relacionadas à melhoria do processo de análise baseadas em três vertentes: A primeira delas aponta no sentido do estabelecimento de um processo avaliativo dos pedidos de indenização de forma justa e coesa; a segunda visa à obtenção de dados que esclareça a relação entre as solicitações térmicas e dielétricas sobre os equipamentos; e a terceira contempla aspectos relacionados com melhorias da fabricação dos diversos componentes presentes nas instalações residenciais, comerciais e industriais, bem como a utilização de dispositivos mitigadores para minimizar os efeitos associados aos possíveis distúrbios ocorridos nas redes elétricas [4].

De posse dessas informações, vários grupos de pesquisa no país tem se manifestado através de desenvolvimentos de metodologias e de análise de sensibilidade/ suportabilidade dos equipamentos frente aos distúrbios passíveis de ocorrência nas redes elétricas de distribuição [5, 6, 7 e 8]. Neste aspecto, o aplicativo computacional APR [8] se apresenta como uma metodologia baseada na correlação entre os esforços dielétricos e térmicos ocasionados pelo distúrbio aplicado e as curvas que definem os respectivos limites de suportabilidade dos equipamentos [9]. Apesar do grande avanço observado nesse tema, estas publicações apontam sobre a carência de estudos para a obtenção de curvas de suportabilidade de aparelhos eletrodomésticos. Atualmente, a referência mais utilizada para este fim é a curva ITIC-CBEMA [10], que fora desenvolvida apenas para equipamentos de tecnologia da informação.

Objetivando reduzir esta lacuna de conhecimento, alguns trabalhos levantaram curvas de suportabilidade para alguns equipamentos [3, 11, 12 e 13]. Não obstante as substanciais contribuições no tocante à metodologia dos testes e do processamentos dos dados, percebe-se a fragilidade no número de amostras, essencialmente se forem considerados modelos, marcas e tecnologias utilizadas. De fato, a necessidade de estrutura laboratorial, de metodologias específicas e, principalmente, dos custos envolvidos para a realização de testes destrutivos são empecilhos para o desenvolvimento desta linha de pesquisa.

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apresentadas na bibliografia em uma mesma base de dados e aplicadas as técnicas estatísticas Self-Organizing Maps (SOM) e K-média.

II. SUPORTABILIDADE DIELÉTRICA

As curvas de suportabilidade dielétrica estão relacionadas com os valores de tensão que podem ser verificados nos terminais de um equipamento sem que estes o danifique ou o faça operar incorretamente [14]. O eixo vertical relaciona a tensão com o tempo, na horizontal, e pode ser dividido em três regiões com origens distintas para cada intervalo. A Fig. 1 demonstra uma curva de suportabilidade dielétrica genérica para efeito de estudo.

Fig. 1. Curva típica de suportabilidade dielétrica [15].

Cada uma dessas regiões são originadas de fenômenos diferentes que podem ocorrer no sistema elétrico e danificarem os equipamentos caso a relação de intensidade e tempo de exposição seja superior ao que está indicado na curva, sendo segmentada da seguinte forma:

Região 1: está relacionada aos transitórios impulsivos de alta frequência, comumente causados por descargas atmosféricas e que possuem grandes amplitudes de tensão. Os valores da tensão são dados pela Eq. 1.

𝑉(𝑡) = 𝛼1log(𝑡) + 𝛽1 (1) onde

𝛼1=log(𝑡𝑉(𝑡22)−𝑉(𝑡)−log⁡(𝑡1)1) (2)

𝛽1= 𝑉(𝑡1) − 𝛼1log⁡(𝑡1) = ⁡𝑉(𝑡2) − 𝛼1𝑙𝑜𝑔(𝑡2) (3)

Região 2: descreve características de fenômenos oscilatórios de baixa frequência e que possuem duração de aproximadamente ¼ de ciclo (em 60Hz, por exemplo) e pode perdurar até os eventos de elevações de tensão com amplitudes de 120% Vrms. Os valores da tensão são dados pela Eq. 4.

𝑉(𝑡) = 𝛼2log(𝑡) + 𝛽2 (4) onde

𝛼2=log(𝑡𝑉(𝑡33)−𝑉(𝑡)−log⁡(𝑡2)2) (5)

𝛽2= 𝑉(𝑡2) − 𝛼2log⁡(𝑡2) = ⁡𝑉(𝑡3) − 𝛼2𝑙𝑜𝑔(𝑡3) (6)

Região 3: caracterizado pelas sobretensões em regime de frequência industrial. A tensão é dada por um valor constante conforme Eq. 7.

𝑉(𝑡) = 𝛽3 (7)

Uma das pioneiras no conceito das curvas de suportabilidade dielétrica foi a “Curva CBEMA” que

posteriormente foi atualizada na forma de “Curva ITIC” para contemplar tanto condições transitórias quanto de regime permanente de equipamentos da tecnologia da informação. Ela trata da suportabilidade de equipamentos frente a surtos de tensão e sobretensões e, também aborda a sensibilidade destes dispositivos aos afundamentos e interrupções de tensão. Além desta curva, vários outros trabalhos impulsionaram a busca dos limites dielétricos e térmicos para os demais equipamentos eletroeletrônicos [3, 11, 12 e 13]. Conforme supramencionado, o objetivo deste trabalho é reunir estes trabalhos em uma curva típica representativa para os equipamentos eletrodomésticos.

III. MÉTODOS ITERATIVOS PARA

DETERMINAÇÃO DE CURVAS TÍPICAS

Dentre os algoritmos disponíveis para o processo de clusterização destacam-se três que são bastante utilizados e que podem ser aplicados à determinação da curva típica de suportabilidade dielétrica dos equipamentos, a citar:

 Algoritmo de Agrupamento Fuzzy;

 Mapa Auto-organizável de Kohonen (SOM);  Algoritmo das K-médias.

As técnicas utilizadas neste trabalho foram o SOM e K-médias devido aos melhores resultados que podem ser observados quando há o uso da combinação das mesmas [16]. A seguir serão abordadas as principais características associadas a essas duas técnicas.

A. Redes neurais Auto-Organizadas de Kohonen (SOM,

“self-organizing maps”)

Desenvolvido em 1982 pelo finlandês Teuvo Kohonen, o SOM é uma Rede Neural Artificial (RNA) com treinamento competitivo e não supervisionado. Isso significa que ele pode de estabelecer relações complexas entre os dados de entrada e saída sem a necessidade de fornecer as funções que os relacionam e decidir quais critérios usará para agrupá-los, o que é conhecido como auto-organização. Existem várias aplicações que utilizam o SOM devido à sua abrangência e facilidade de visualização dos resultados como destacado nas referências [17, 18 e 19].

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Fig. 2. Matriz de Distâncias Unificadas (U-Mat) [8].

A qualidade desse método é quantificada através de duas métricas computacionais chamadas de Erro Médio de Quantização (Quantization Error– QE) e o Erro Topográfico

(Topographic Error– TE) [17], sendo:

1) Erro Médio de Quantização

O QE mede a resolução do mapa, ou seja, quanto menor for o QE, maior será a resolução do mapa, condição que demanda um número maior de neurônios no mapa. Entretanto, se QE for maior, então a resolução diminui e consequentemente haverá menos neurônios no mapa. Assim, é necessário estar atento aos números mínimos e máximos de neurônios para que o SOM consiga fazer a generalização da massa de dados inicial e encontre o número ótimo de neurônios, conforme técnica descrita em [20].

2) Erro Topográfico

O TE mede a capacidade do mapa de representar a topologia dos dados de entrada quantitativamente.

Vale destacar que esses índices propostos servem para indicar a qualidade dos resultados obtidos e não podem ser utilizados como critérios absolutos. Os mapas escolhidos são definidos pelo operador do sistema.

B. Agrupamento por K-médias

Desenvolvido em 1967 por J. B. MacQueen, o algoritmo das K-médias é um método clássico para construção K grupos a partir de uma massa de dados. Ele não é hierárquico, ou seja, uma curva pode ser classificada, inicialmente, em um grupo e nas próximas iterações pode ser alocada em outro desde que cada curva pertença apenas à um grupo no final do algoritmo. Como se trata de um método clássico existem várias aplicações a exemplo das publicadas nas referências [21 e 22].

Os dados de entrada para o algoritmo são a massa de dados e o número de centróides (K), que deve ser definido a priori. A partir disso, o algoritmo procura formar um conjunto com a menor distância euclidiana entre cada curva e os centróides de forma iterativa. Quando não se conhece a característica do agrupamento e não é possível definir o valor de K, é possível utilizar outros índices de validação como o Índice de Davies-Bouldin e a Função do Erro Quadrático para inserir o K no algoritmo.

As vantagens deste método são a simplicidade e a velocidade com a qual convergem os seus resultados. Entretanto, ele é sensível aos outliers, pois haverá curvas que não deveriam pertencer a nenhum agrupamento e podem influenciar os clusters. Além disso, como a inicialização dos centróides é feita de forma randômica, isso pode produzir

clusters de má qualidade até mesmo separando clusters naturais.

C. Índice de Davies-Bouldin e Função do Erro Quadrático

Dentre os índices para determinação dos K agrupamentos do K-médias, conforme descrito por [23], o Davies-Bouldin e a Função do Erro Quadrático são amplamente utilizados. O Índice de Davies-Bouldin é dado pela razão da dispersão intra-cluster e extra-intra-cluster. Para a sua determinação, a dispersão interna de um agrupamento i é calculada como a Eq. 8.

Si, q = (∥Ci∥1 ) √∑q x∈Ci{∥ x − ci∥q} (8)

Onde 𝑆𝑖, 𝑞 é a dispersão interna, Ci é a quantidade de elementos no cluster, x é a curva e ci representa o centróide que está sendo estipulado. Dessa forma é feito o somatório da distância do centróide com as curvas do mesmo cluster. Tem-se ainda que, Tem-se q = 1, 𝑆𝑖,1 é a distância euclidiana média, e se q = 2, 𝑆𝑖,2 é o desvio padrão das distâncias dos vetores em relação ao centróide do grupo. Já a dispersão externa do agrupamento, ou seja, a dispersão entre os agrupamentos é dada pela Eq. 9.

dij,t=⁡∥ zi⁡−⁡zj∥t= ⁡ √∑t nk=1∥ zi⁡−⁡zj∥t (9)

Onde 𝑑𝑖𝑗,𝑡 é a distância de Minkowski de ordem t entre os centróides zi e zj, ou seja, entre os agrupamentos Ci e Cj. A partir disso, para calcular o valor do Índice de Davies-Bouldin (DB) para cada número de centroides K, basta fazer a relação das Eq. 10 e 11.

Ri,qt= ⁡ maxj,j≠i{Si,qd+⁡Sij,tj,q} (10)

DB = ⁡∑Ni=1Ri,qt

N (11)

Sendo que N é determinado com a Rule of Thumb e representa o número máximo de clusters que é dado por 𝑁 = ⁡√𝑐, onde c é o número de curvas sob análise.

Já a Função do Erro Quadrático é dada pela Eq. 12.

ek2=⁡ ∑ ∑Kj=1 Ni=1∥ vi(j)−⁡cj∥2 (12)

Onde K é o número de agrupamentos, N é o número de curvas contidas nele, vi⁡(j)⁡é a i-ésima curva pertencente ao j-ésimo agrupamento, o qual tem cj como o seu centróide.

Portanto, o melhor valor dos K centroides é encontrado quando o Índice DB possui o menor valor possível para uma dada sequência de agrupamentos e quando já se atingiu a estabilização da Função do Erro Quadrático.

D. Agrupamento por combinação de métodos

(4)

(SMI) e o Ratio of within cluster sum of squares to between cluster variation (WCBCR).

O MIA mede a compactação dos agrupamentos e o CDI mede a separação entre eles. Aplicando estes critérios nos algoritmos descritos, os melhores resultados foram observados quando houve a combinação dos métodos SOM e o K-médias clássico como evidenciado nas referências [24 e 25].

O SOM apresenta um bom desempenho ao trabalhar com uma grande massa de dados e cria uma rede bidimensional que representa todos os dados de entrada. A partir disso, o K-médias agrupa os vetores dos neurônios do SOM para obter os

clusters e determinar os centróides. O Índice de

Davies-Bouldin e a Função de Erro determinam o valor dos K agrupamentos necessários no K-médias que, normalmente, não é possível se conhecer a priori ou não se quer interferir no método. Portanto, a combinação dos métodos propostos é a melhor opção para mineração dos dados e para resolver as limitações de cada um.

IV. OBTENSÃO DAS CURVAS TÍPICAS DE

SUPORTABILIDADE DIELÉTRICA

A metodologia adotada neste trabalho consiste na combinação dos métodos SOM e K-médias e na utilização do Índice de Davies-Bouldin e a Função de Erro para auxiliarem na determinação do número ideal de agrupamentos. Um grupo de pesquisadores da Helsinki University of Technology disponibilizou gratuitamente a som_toolbox em [17] para ser utilizada no MatLab. Esta toolbox possui os recursos necessários para a reprodução de todos os métodos citados neste trabalho.

A massa de dados que está sendo trabalhada neste artigo leva em consideração 35 curvas de suportabilidade dielétrica compreendendo diversos equipamentos eletrodomésticos como: televisores, aparelhos de som, computadores com e sem fonte estabilizadora, refrigeradores, dvds, dentre outros, cujos dados foram obtidos nas referências [3, 4, 11, 13, 14 e 15] além dos dados da própria curva ITIC [10]. A união das curvas de suportabilidade desta gama de equipamentos, compreendendo as mais diversas tecnologias e características operacionais pode permitir a obtenção de uma curva genérica e aplicável a qualquer equipamento utilizado em uma instalação residencial.

Considerando que os equipamentos possuem tensões nominais de 127 ou 220 V, estas foram as bases utilizadas para colocar cada classe em por unidade (p.u.). A figura 3 apresenta a massa de dados delineada pelas curvas agrupadas em um mesmo gráfico.

Fig. 3. Massa de dados inicial.

Aplicando o SOM sobre essas 35 curvas, pode-se observar que a matriz de distâncias unificadas (U-Mat) expressa a

relação de proximidade entre as curvas, pois um neurônio próximo ao outro apresenta uma grande semelhança com a sua vizinhança e grande disparidade com neurônios mais afastados, o que pode ser confirmado na Fig. 4.

Fig. 4. Mapa de Kohonen

Apesar de ser possível observar cores e curvas muito semelhantes na U-Mat, o que indicaria a presença de um cluster, o número de agrupamentos obtidos com o SOM será determinado através do método das K-médias. A Fig. 5 mostra o resultado do Índice de Davies-Bouldin e da Função do Erro que calculam o número ideal dos K clusters que serão utilizados no método.

Fig. 5. Índice de Davies-Bouldin e a Função do Erro

Utilizando as heurísticas discutidas anteriormente, observa-se que o número ideal de clusters é K=2, uma vez que foi o menor valor para o Índice de Davies-Bouldin e a Função do Erro Quadrático convergiu. Assim, o algoritmo das K-médias deve encontrar 2 cluster para representar as curvas mostradas na U-Mat do SOM. Os clusters formados com o K-médias são mostrados na Fig. 6.

0 1 2 3 4 5

0 5 10 15 20 25

30 Massa de dados

Tempo (s)

T

en

o

(p

u)

1 2 3 4 5 6 0.4

0.45 0.5 0.55 0.6 0.65 0.7 0.75

Índice de Davies-Bouldin

Número de clusters

V

alo

r

do

ín

dice

1 2 3 4 5 6 0

0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5x 10

5

Função do Erro Quadrático

Número de clusters

V

alo

r

do

e

rr

(5)

Fig. 6. Clusters identificados com o K-médias

Já a curva típica é obtida fazendo a média aritmética dos centroides de cada cluster e pode ser observada na Fig. 7.

Fig. 7. Curva típica de suportabilidade dielétrica.

Finalmente, para fins de comparação, a Fig. 8 apresenta a curva de suportabilidade dielétrica obtida pela metodologia aqui proposta (cor azul) e a curva ITIC (cor verde).

Fig. 8. Comparação entre as curvas típica e ITIC.

Percebe-se que a curva representativa obtida pela contribuição das pesquisas realizadas com eletrodomésticos apresenta uma suportabilidade maior que a curva ITIC, constatação esta, condizente com as conclusões obtidas pelos demais pesquisadores. Desta forma, para um mesmo distúrbio aplicado, pode acontecer da curva ITIC indicar um possível dano a um dado equipamento enquanto a análise feita à luz da curva obtida neste trabalho oriente para baixa probabilidade de

danos. Maiores investigações devem ser realizadas no sentido de verificar a consistência da metodologia proposta e, consequentemente, da curva típica obtida.

V. CONCLUSÃO

A questão dos pedidos por indenização por danos elétricos tem sido cada vez mais evidenciada e discutida nos últimos anos. O crescente aumento de pedidos e a forma atualmente utilizada para as análises tem suscitado a necessidade de pesquisas e desenvolvimentos neste tópico. A bibliografia apresenta uma ferramenta que vem sendo testada à vários anos por pesquisadores e concessionárias de energia elétrica, fundamentada em conceitos clássicos da engenharia que lhe aspiram confiança e embasamento técnico/científico para subsidiar análise de pedidos de ressarcimento, o APR. Contudo, a carência de informações a respeito dos limites de suportabilidade dos equipamentos tem sido um fator limitante para a comparação destes valores com as solicitações dielétricas provenientes de um distúrbio ocorrido na rede elétrica. Os elevados custos para o desenvolvimento laboratorial e obtenção destes dados não permitem que se tenha uma massa de informações suficiente e conclusiva. Além disso, outros fatores como a marca, modelo, diferentes tecnologias e princípios de funcionamento aumentam substancialmente o universo de busca. Neste sentido este trabalho apresentou uma metodologia para obtenção de uma curva de suportabilidade dielétrica representativa para os equipamentos eletroeletrônicos através da união das principais informações publicadas até o momento tendo, portanto, maior abrangência para auxiliar as análises de pedidos de ressarcimento de danos elétricos a consumidores. Desta forma, além da curva ITIC, poder-se-á contar com mais uma referência para análise de suportabilidade dielétrica de equipamentos como um todo. Apesar da aplicação ora apresentada, esta metodologia pode ser utilizada para obtenção de curva típica em qualquer aplicação ou estudo que envolva grande massa de dados. Quanto maior a quantidade de dados maior será a eficiência do método. Desta forma, outras contribuições poderão ser agregadas, ajudando a busca de uma maior representatividade da curva para os fins almejados. Neste particular, trabalhos futuros devem contemplar a inclusão desta curva no aplicativo APR para estudos adicionais e análises de consistência.

VI. AGRADECIMENTOS

Os autores expressam seus agradecimentos a FAPEMIG, CAPES e CNPq pelas bolsas de Iniciação Científica, mestrado e de doutorado.

VII. REFERÊNCIAS

[1]. R. C. Dugan, M. F. McGranaghan, S. Santoso, H. W. Beaty, “Electrical

Power Systems Quality”, 2nd Edition, USA, McGraw-Hill, 2004.

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[3]. A. C. Souza, C. E. Tavares, P. H. O. Resende, I. N. Gondim,F. P. Santilio, J. A. F. Barbosa Jr, “Obtenção Das Curvas De Suportabilidade Dielétrica De Aparelhos Condicionadores De Ar Para Análise De Ressarcimento De Danos A Consumidores”, Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos (SBSE). Foz do Iguaçu/ PR, 25 de Abr. de 2014.

Clusters do K-médias

1 1.5 2

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0

5 10 15

20 Curva típica

Tempo (s)

T

en

o

(p

u)

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0

5 10 15

20 Comparação da Curva Típica e ITIC

Tempo (s)

T

en

o

(p

u)

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[4]. I. N. Gondim, “Contribuições para o Aplicativo APR: Novos Limites de Suportabilidade, Perturbações via Medições e Sistematização no Processo da Configuração da Rede Elétrica”, Tese de Doutorado, Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Uberlândia/ MG, Ago. de 2012.

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Imagem

Fig. 1. Curva típica de suportabilidade dielétrica [15].
Fig. 2. Matriz de Distâncias Unificadas (U-Mat) [8].
Fig. 4. Mapa de Kohonen
Fig. 7. Curva típica de suportabilidade dielétrica.

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