• Nenhum resultado encontrado

Cálculos DFT em nitretos magnéticos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Cálculos DFT em nitretos magnéticos"

Copied!
58
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE FÍSICA

CÁLCULOS DFT EM NITRETOS MAGNÉTICOS

Pedro Alexandre J. C. Fonseca

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM FÍSICA

ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO: FÍSICA DA MATÉRIA CONDENSADA E

NANO-MATERIAIS

(2)

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE FÍSICA

CÁLCULOS DFT EM NITRETOS MAGNÉTICOS

Pedro Alexandre J. C. Fonseca

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM FÍSICA

ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO: FÍSICA DA MATÉRIA CONDENSADA E

NANO-MATERIAIS

ORIENTADOR: Prof. Doutor Thomas Gasche

2013

(3)

Resumo

´

E apresentado neste trabalho um estudo computacional realizado sobre um conjunto de fases do sistema Co − N : Co3N , Co4N , CoN , relevantes na investiga¸c˜ao actualmente

desenvolvida pelo grupo de materiais funcionais avan¸cados do centro de f´ısica da mat´eria condensada. As propriedades estruturais, electr´onicas e magn´eticas destas fases foram calculadas a partir de primeiros princ´ıpios da F´ısica recorrendo a um c´odigo DFT que im-plementa o m´etodo FPLO (full-potential local orbital ) nas aproxima¸c˜oes LSDA e GGA, e comparadas com os resultados experimentais obtidos pelo grupo. Os resultados com-putacionais permitiram estimar a estequiometria, a rela¸c˜ao entre o teor de azoto e as propriedades estruturais e magn´eticas, e quantificar propriedades dos sistemas que n˜ao s˜ao acess´ıveis nas medi¸c˜oes experimentais como a densidade de estados, a estrutura das orbitais e os momentos magn´eticos individuais dos ´atomos.

Verificou-se que nas fases nitridizadas, os momentos magn´eticos dos ´atomos de cobalto s˜ao fortemente dependetes do n´umero de primeiros vizinhos N , e que a natureza das liga¸c˜oes Co − N ´e essencialmente independente do teor em azoto dos sistemas.

Foi tamb´em realizado um estudo computacional sobre as fases elementares do cobalto e do ferro poss´ıveis `a temperatura ambiente de modo a comparar as propriedades calculadas do cobalto elementar com as propriedades calculadas das fases nitridizadas, e a testar, nas v´arias aproxima¸c˜oes permitidas ao utilizador, a fiabilidade do c´odigo utilizado.

Seguindo uma linha de investiga¸c˜ao publicada recentemente sobre o efeito da dopagem do F e4N com os metais de transi¸c˜ao 3d M n, F e e N i nas propriedades estruturais e

magn´eticas do sistema, foi estudado o efeito da dopagem do Co4N com os mesmos metais

de transi¸c˜ao com resultados inovadores - ao contr´ario do que foi previsto para o F e4N ,

os resultados obtidos indicam que ´e poss´ıvel aumentar significativamente a magetiza¸c˜ao por unidade de massa do Co4N com a dopagem com manganˆes.

(4)

Agradecimentos

Gostaria de agradecer ao Professor Thomas Gasche todo o apoio e contributo na realiza¸c˜ao deste trabalho.

Gostaria tamb´em de agradecer aos restantes membros do grupo de materiais funcionais avan¸cados com os quais tive a oportunidade de trocar ideias, o que contribuiu construtiva-mente na elabora¸c˜ao do trabalho aqui apresentado. Em particular gostaria de agradecer ao Bruno Ribeiro e `a Cl´audia Cardoso pela ajuda na interpreta¸c˜ao dos resultados simu-lacionais, e tamb´em `a C´atia Silva e ao M´arcio Louren¸co pelo contributo na compreen¸c˜ao dos problemas experimentais.

(5)

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 2

1 Nitretos magn´eticos 3

1.1 Trabalho desenvolvido pelo grupo de materiais avan¸cados do CFMC em

nitretos magn´eticos . . . 3

2 Modela¸c˜ao do problema 5 2.1 Aproxima¸c˜ao de Born-Oppenheimer . . . 5

2.2 Teoria do Funcional de Densidade (DFT) . . . 6

2.3 Tratamento de sistemas magn´eticos . . . 9

2.4 Tratamento de sistemas peri´odicos: Teorema de Bloch . . . 11

2.5 C´odigo FPLO . . . 12 3 Fases elementares 13 3.1 Fases do Ferro . . . 13 3.2 Fases do Cobalto . . . 21 4 Fases nitridizadas 27 4.1 Fase Co4N . . . 27

4.1.1 Substitui¸c˜ao de CoI/II por metais de transi¸c˜ao . . . 32

4.1.2 Compara¸c˜ao com os resultados experimentais. Fase deficiente em azoto Co4+xN . . . 36

4.2 Fase Co3N . . . 40

4.2.1 Fase com excesso de azoto Co3N1+x . . . 43

4.3 Fase estequiom´etrica CoN . . . 45

4.4 Compara¸c˜ao das fases nitridizadas . . . 49

Conclus˜oes 50

(6)

Introdu¸

ao

Desde a sua formul¸c˜ao por P. Hohenberg e W. Kohn em 1964 [1], a teoria do fun-cional de densidade (DFT) tem demonstrado um grande poder de previs˜ao do estado fundamental de sistemas reais, tendo-se tornado numa das ferramentas mais utilizadas no c´alculo de propriedades f´ısicas a partir de primeiros princ´ıpios. Apesar da teoria DFT ser exacta, os sistemas a muitos corpos interactuantes s˜ao intrat´aveis analiticamente sendo necess´ario fazer aproxima¸c˜oes no tratamento destes sistemas. Em DFT os sistemas com muitos elect˜oes interactuantes s˜ao tratados como sistemas de electr˜oes fict´ıcios n˜ao inte-ractuantes sujeitos a um potencial efectivo, que replicam a densidade de carga do sistema real com interac¸c˜oes. Neste esquema simplificado, existem v´arias formas de modelar o potencial m´edio a que cada electr˜ao fict´ıcio est´a sujeito. A aproxima¸c˜ao mais simples ´e a aproxima¸c˜ao de densidade local (LSDA) baseada na assump¸c˜ao de que o sistema de electr˜oes fict´ıcios pode ser representado por um g´as uniforme de electr˜oes com a mesma densidade de carga do sistema real. A aproxima¸c˜ao LSDA permite descrever as proprie-dades estruturais, electr´onicas e magn´eticas de um vasto leque de sistemas, entre os quais, sistemas de electr˜oes quase livres (metais), semicondutores covalentes e s´olidos i´onicos, dentro de uma margem de erro aceit´avel relativamente aos resultados experimentais.

A extens˜ao natural da aproxima¸c˜ao LSDA ´e a aproxima¸c˜ao de gradiente generali-zado (GGA) na qual ´e admitido que o potencial efectivo a que cada electr˜ao fict´ıcio est´a sujeito depende n˜ao s´o da densidade local mas tamb´em do gradiente da densidade. A aproxima¸c˜ao GGA melhora significativamente o poder descritivo dos c´alculos DFT re-lativamente `as propriedades estruturais e electr´oncias de sistemas n˜ao homog´enios como por exemplo, ligas com metias de transi¸c˜ao.

Existe contudo um conjunto vasto de sistemas que n˜ao podem ser descritos com fia-bilidade pelos m´etodos DFT existentes: os sistemas fortemente correlacionados. A raz˜ao pela qual os m´etodos DFT falham nestes sitemas prende-se com o facto de estes m´etodos tratarem os sistema de electr˜oes interactuantes como um g´as de electr˜oes, n˜ao sendo su-ficientemente precisos para descrever correctamente sistemas nos quais exista uma forte localiza¸c˜ao da carga.

Neste trabalho, a teoria do funcional de densidade foi utilizada para investigar as pro-priedades electr´onicas, magn´eticas e estruturais de um conjunto de estruturas relevantes na investiga¸c˜ao actualmente desenvolvida pelo grupo de materiais avan¸cados do centro de f´ısica da mat´eria condensada.

O trabalho est´a organizado da seguinte forma: no primeiro cap´ıtulo ser´a feita uma descri¸c˜ao breve das propriedades dos nitretos magn´eticos e a raz˜ao pela qual estes mate-riais s˜ao estudados. Ser˜ao referidas neste cap´ıtulo as linhas de investiga¸c˜ao actualmente seguidas pelo grupo de materiais funcionados avan¸cados (GMFA) do centro de f´ısica da mat´eria condensada (CFMC), na produ¸c˜ao e caracteriza¸c˜ao de nitretos magn´eticos. No segundo cap´ıtulo ser´a feita uma descri¸c˜ao breve dos m´etodos DFT utilizados e das apro-xima¸c˜oes consideradas nas simula¸c˜oes. No terceiro cap´ıtulo ser˜ao apresentados e discuti-dos os resultadiscuti-dos simulacionais obtidiscuti-dos no tratamento das fases elementares do cobalto e do ferro. No quarto e ´ultimo cap´ıtulo ser˜ao o apresentados e discutidos os resultados ob-tidos para um conjunto de fases do sistema Co − N relavantes no trabalho de investiga¸c˜ao desenvolvido pelo grupo GMFA.

(7)

Cap´ıtulo 1

Nitretos magn´

eticos

O estudo dos nitretos magn´eticos ´e motivado pelo facto de estes sistemas apresenta-rem propriedades f´ısicas e qu´ımicas superiores `as dos metais magn´eticos elementares: os nitretos magn´eticos apresentam maior resistˆencia mecˆanicia, maior estabilidade qu´ımica e um ponto de fus˜ao mais elevado que as fases met´ealicas elementares [2]. As propriedades superiores dos nitretos magn´eticos tornam estes materiais apetec´ıveis para alguns secto-res da ind´ustria de aplica¸c˜oes tecnol´ogicas. De entre as aplica¸c˜oes mais promissoras para estes materiais destacam-se o fabrico de materiais ferroflu´ıdos, aplica¸c˜oes na spintr´oncia e o uso de nitretos semicondutores na produ¸c˜ao sensores magneto-resistivos de efeito de t´unel. Dos nitretos magn´eticos conhecidos os mais amplamente estudados, quer experi-mentalmente quer em simula¸c˜oes DFT, s˜ao os sistemas F e − N . Os nitretos de ferro captaram o interesse da comunidade cient´ıfica devido ao vasto potencial que estes materi-ais tˆem para aplica¸c˜oes tecnol´ogicas, em particular no campo da grava¸c˜ao magn´etica de alta densidade [3]. S˜ao conhecidas v´arias fases com ordenamento magn´etico do sistema F exN , x = 8; 4; 3; 2; 1 [4,5] que, sendo todas ferromagn´eticas, possuem magnetiza¸c˜oes de

satura¸c˜ao que decrescem com o aumento do teor em azoto. Os nitretos de cobalto est˜ao significativamente menos estudados que os nitretos de ferro. Encontram-se na literatura poucos trabalhos experimentais (relativamente aos publicados sobre nitretos de ferro) que reportam a existˆencia das fases CoxN , x = 3; 4 em amostras policristalinas [6,7]. A fase

Co4N ´e reportada em v´arios estudos experimentais como sendo ferromagn´etica

indepen-dentemente do teor em azoto, com magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao pr´oxima da conhecida para a fase elementar fcc do cobalto. Sobre o Co3N s´o foi encontrada apenas uma

pu-blica¸c˜ao onde s˜ao resportadas quantitativamente as propriedades magn´eticas desta fase [8]. Neste trabalho os autores defendem a existˆencia de antiferromagnetismo fraco abaixo da temperatura de Neel (11K).

1.1

Trabalho desenvolvido pelo grupo de materiais

avan¸

cados do CFMC em nitretos magn´

eticos

Uma das linhas de investiga¸c˜ao actualmente seguidas pelo grupo de materiais funcio-nais avan¸cados do centro de f´ısica da mat´eria condensada consiste em produzir atrav´es de s´ıntese qu´ımica, nano-estruturas de nitretos magn´eticos e comparar as propriedades estruturais e magn´eticas das amostras produzidas com as propriedades reportadas por

(8)

outros grupos, produzidas atrav´es de outros m´etodos.

Surgem dificuldades na caracteriza¸c˜ao magn´etica das diferentes fases que coexistem nas amostras porque ´e dif´ıcil isolar a contribui¸c˜ao de cada uma das fases na magnetiza¸c˜ao da amostra. Esta dificuldade surge por um lado, porque em geral a magnetiza¸c˜ao dos sistemas Co − N depende do teor em azoto nas estruturas, e por outro, porque o conhe-cimento que se tem do car´ater magn´etico de alguns dos sistemas Co − N (em particular do Co3N ) n˜ao ´e por enquanto definitivo.

O objectivo do presente trabalho foi estimar as propriedades estruturais e magn´eticas das fases que coexistem nas amostras produzidas pelo grupo, compreender a depenˆencia da natureza magn´etica dos sistemas Co − N mais relevantes com o teor em azoto, e eventualmente propˆor altera¸c˜oes no processo de fabrico das amostras de forma a que sejam obtidas as fases prentendidas, com as propriedades e estequiometria pretendidas.

(9)

Cap´ıtulo 2

Modela¸

ao do problema

2.1

Aproxima¸

ao de Born-Oppenheimer

O tratamento separado dos electr˜oes e dos i˜oes ´e uma simplifica¸c˜ao frequentemente con-siderada em c´alculos a partir de primeiros princ´ıpios da F´ısica. Esta simplifica¸c˜ao ´e poss´ıvel em virtude da grande diferen¸ca de massa entre os n´ucleos at´omicos e os electr˜oes, Mnuc ∼ 104me. Sendo muito mais leves, os electr˜oes movem-se muito mais depressa que

os n´ucleos de modo que o movimento dos electr˜oes pode ser descrito, em aproxima¸c˜ao, como se os n´ucleos estivessem est´aticos.

Em termos mais formais, a escala temporal das excita¸c˜oes electr´onicas ´e muito inferior `

a escala temporal das excita¸c˜oes dos i˜oes, dada pelo inverso da frequˆencia dos modos de vibra¸c˜ao (fon˜oes). Na aproxima¸c˜ao de Born-Oppenheimer ´e assumido que a fun¸c˜ao de onda que descreve o sistema ´e separ´avel nas coordenadas do n´ucleos e nas coordenadas do electr˜oes:

Ψ(R, r) = φ(R)ψR(r), (2.1)

onde R = {RI} ´e o conjunto das posi¸c˜oes i´onicas e r = {ri} ´e o conjunto das coordenadas

dos electr˜oes. A parte relativa aos electr˜oes ψR depende das coordenadas dos n´ucleos

apenas parametricamente - as posi¸c˜oes dos n´ucleos s˜ao tratadas como constantes. Nesta aproxima¸c˜ao, a fun¸c˜ao de onda dos i˜oes φ(R) ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de Sch¨odinger:

X I ~2 2MI ∂2 ∂R2 I + E(R) ! φ(R) = φ(R), (2.2) onde MI ´e a massa do i˜ao I e E(R) ´e a energia potencial de Born-Oppenheimer que

corresponde `a energia do estado fundamental do sistema electr´onico quando a disposi¸c˜ao espacial dos n´ucelos ´e R. A energia potencial de Born-Oppenheimer ´e obtida resolvendo a equa¸c˜ao de Sch¨odinger para o sistema de electr˜oes:

−X i ~2 2m ∂2 ∂r2 i + e 2 2 X i6=j 1 |ri− rj| −X i,I ZIe2 |ri− RI| + e 2 2 X I6=J ZIZJ RI− RJ ! ψαR(r) = = Eα(R)ψαR(r) (2.3)

(10)

onde ZI ´e a carga do i˜ao I, e e m s˜ao a carga e a massa do electr˜ao e α identifica o estado

electr´onico. As equa¸c˜oes (2.2) e (2.3) s˜ao obtidas da equa¸c˜ao geral do sistema admitindo que a fun¸c˜ao de onda ´e factoriz´avel (2.1) e negligenciando as contribui¸c˜oes n˜ao adiab´aticas (operadores cin´eticos dos n´ucleos). Nesta aproxima¸c˜ao os termos negligenciados s˜ao da ordem de me/M .

Apesar da aproxima¸c˜ao de Born-Oppenheimer simplificar imenso o problema, a equa¸c˜ao dos electr˜oes (3) ´e intract´avel analiticamente em sistemas reais - a fun¸c˜ao de onda n˜ao pode ser desacoplada em estados a uma part´ıcula devido `a interac¸c˜ao Coulombiana entre os electr˜oes.

Existem v´arias aproxima¸c˜oes que permitem resolver a equa¸c˜ao dos electr˜oes. Neste trabalho, a equa¸c˜ao para os electr˜oes foi resolvida recorrendo `a teoria do funcional de densidade (DFT).

2.2

Teoria do Funcional de Densidade (DFT)

A teoria DFT permite descrever as propriedades do estado fundamental em termos da densidade de carga do estado fundamental. Descrever o sistema em termos da densidade de carga simplifica consideravelmente o problema - a densidade de carga ´e fun¸c˜ao de apenas uma vari´avel espacial enquanto que a fun¸c˜ao de onda depende das coordenadas espaciais de todos os electr˜oes do sistema.

Considerando um g´as de electr˜oes interactuantes, o potencial externo que age sobre o g´as (campo dos i˜oes nestes caso) determina o estado fundamental do sistema e a densidade de carga. Como tal, todas as quantidades f´ısicas respeitantes ao estado fundamental s˜ao tamb´em fun¸c˜oes do potencial externo. Foi formalmente demonstrado pelos autores da teoria DFT, P. Hohenberg e W. Khon [9], que existe uma correspondˆencia un´ıvoca entre o potencial externo e a densidade de carga do estado fundamental (1o teorema

Hohenberg-Khon). Os autores da teoria tamb´em demonstraram que existe um funcional ´unico e universal da energia E[n(r)], tal que o m´ınimo global deste funcional relativamente `a densidade corresponde ao estado fundamental (2o teorema Hohenberg-Khon):

E[n(r)] = F [n(r)] + Z

Vext(r)n(r)dr, (2.4)

onde F [n(r)] cont´em a contribui¸c˜ao cin´etica dos electr˜oes e a intera¸c˜ao Coulombiana entre os electr˜oes, e Vext(r) representa o potencial externo que actua no g´as electr˜oes. A

energia e a densidade do estado fundamental resultam da minimiza¸c˜ao do funcional da energia E[n(r)] relativamente `a densidade, com o constrangimento de que o n´umero de part´ıculas do seja preservado:

Z

n(r)dr = N. (2.5)

Infelizmente, ainda n˜ao foi descoberta a forma universal do funcional F [n(r)]. Com o objectivo de tornar o m´etodo DFT implement´avel, Kohn e L. Sham propuseram uma sim-plifica¸c˜ao adicional que consiste em mapear o problema de electr˜oes interactuantes num problema auxiliar de electr˜oes fict´ıcios independentes [10]. Para o sistema de part´ıculas fict´ıcias os autores mostraram que os teoremas de Hohenberg e Kohn tamb´em se aplicam, correspondendo o funcional F [n(r)] no sistema auxiliar, `a energia cin´etica dos electr˜oes

(11)

fict´ıcios To[n(r)]. O funcional F [n(r)] relativo ao sistema de electr˜oes interactuantes pode

ser escrito em termos da energia cin´etica do g´as de electr˜oes n˜ao interactuantes e dos termos que descrevem a interac¸c˜ao entre part´ıculas:

F [n(r)] = To[n(r)] + e2 2 Z n(r)n(r0) |r − r0| drdr 0 + Exc[n(r)], (2.6)

onde o segundo termo `a direita corresponde `a interac¸c˜ao Coulombiana entre os electr˜oes, escrita em termos da densidade de carga, e o termo Exc[n(r)] corresponde `a energia de

troca e correla¸c˜ao que d´a conta das intera¸c˜oes a v´arios corpos (no sistema auxiliar) que n˜ao s˜ao descritas pelos outros termos. Este termo cont´em as diferen¸cas entre o sistema fict´ıcio e o sistema real. Est´a confinado neste termo o desconhecimento que se tem do funcional universal F [n(r)].

Impondo ao funcional de energia do sistema fict´ıcio, E0[n(r)] = T0[n(r)] + Z VKSn(r)dr − µ0 Z n(r)dr − N  (2.7) que seja minimizado pela mesma densidade de carga que mimimiza o funcional energial do sistema real: E[n(r)] = To[n(r)] + e2 2 Z n(r)n(r0) |r − r0| drdr 0 + Exc[n(r)] + Z Vext(r0)n(r0)dr0− − µ Z n(r0)dr0− N  , (2.8) obtem-se a equa¸c˜ao do potencial efectivo Kohn-Sham:

VKS(r) = Vext(r) + e2 Z n(r) |r − r0|dr 0 + vxc(r) (2.9) vxc(r) = δExc[n] δn(r) . (2.10)

Os multiplicadores de Lagrange µ e µ0, que correspondem ao potencial qu´ımico, foram introduzidos no funcional da energia de modo a assegurar a a conserva¸c˜ao do n´umero de part´ıculas.

A densidade pode ser escrita em termos dos estados a uma part´ıcula (no sistema auxiliar):

n(r) =X

i

fi|ψi(r)|2, (2.11)

onde i identifica o estado a uma part´ıcula, e e fi ´e a distribui¸c˜ao de Fermi, que neste

trabalho foi tomada como θ(F − i) (T = 0K). No sistema auxiliar, a energia cin´etica

´e dada por: T0[n(r)] = − X i fi Z ψi∗(r)~ 22 2m ψi(r)dr. (2.12)

(12)

Minimizando o funcional da energia do sistema auxiliar relativamente aos estados ψi,

com o constrangimento de o n´umero de part´ıculas N ser preservado, obtˆeem-se final-mente as equa¸c˜oes Kohn-Sham, que descrevem os electr˜oes n˜ao interactuantes sujeitos ao potencial efectivo VKS que cont´em as interac¸c˜oes a muitos corpos do sistema real

ˆ HKSψi(r) =  −~ 22 2m + VKS(r)  ψi(r) = iψi(r). (2.13)

A hermiticidade dos operadores ˆT e VKS nas equa¸c˜oes Kohn-Sham assegura que os

constrangimentos impostos no processo variacional (µ, µ0) podem ser escolhidos de forma a que a condi¸c˜ao de ortonormalidade dos estados seja satisfeita:

Z

ψi∗(r)ψj(r)dr = δij. (2.14)

O conjunto de equa¸c˜oes Kohn-Sham ´e fortemente n˜ao linear uma vez que as fun¸c˜oes de onda ψi entram na express˜ao do potencial m´edio VKS. De modo a resolver este sistema

de equa¸c˜oes ´e necess´ario adoptar um m´etodo iterativo que, come¸cando com um conjunto de fun¸c˜oes de onda e potencial de teste, permita resolver o sistema de equa¸c˜oes de forma auto consistente.

Da equa¸c˜ao (2.8), considerando as 5 equa¸c˜oes seguintes, obt´em se a express˜ao para o estado fundamental: E0[n(r)] = X i fii − e2 2 Z n(r)n(r0) |r − r0| drdr 0 + E xc[n(r)] − Z vxc(r)n(r)dr + Eion, (2.15)

onde as contribui¸c˜oes de Hartree e o termo de troca e correla¸c˜ao corrigem a contabi-liza¸c˜ao das mesmas quantidades, impl´ıcita na soma dos valores pr´oprios i, e o termo

Eion contabiliza a interac¸c˜ao electrost´atica entre os i˜oes.

At´e este ponto n˜ao foram feitas aproxima¸c˜oes. Contudo, n˜ao se conhece por enquanto a express˜ao anal´ıtica do termo de troca e correla¸c˜ao Exc[n(r)]. De modo a tornar os

m´etodos DFT implement´aveis, ´e necess´ario modelar esta contribui¸c˜ao.

A aproxima¸c˜ao mais simples para a energia de troca e correla¸c˜ao ´e a aproxima¸c˜ao de densidade local (LDA), na qual ´e assumido que num sistema real a energia de troca e correla¸c˜ao depende apenas da densidade de local, e vale o mesmo que num g´as homg´eneo de electr˜oes com a mesma densidade:

ExcLDA[n] = Z

homogxc [n(r)]n(r)dr, (2.16)

onde homogxc ´e a densidade de energia de troca e correla¸c˜ao do g´as homog´enio. O potencial de troca e correla¸c˜ao ´e obtido de:

vxcLDA(r) = δE LDA xc [n] δn(r) = ∂Fxc(n) ∂n |n=n(r), (2.17) onde Fxc(n) = homogxc (n)n.

Na aproxima¸c˜ao LDA ´e assumido que a densidade de carga do sistema real varia suavemente no espa¸co, o que acontece nos sistemas de electr˜oes quase livres como nos

(13)

metais e nos semicondutores intr´ınsecos. Tipicamente, esta aproxima¸c˜ao reproduz satis-fatoriamente as propriedades estruturais e vibrat´orias dos referidos sistemas mas tende a sobrestimar as energias de liga¸c˜ao e a subestimar as distˆancias interact´omicas. De forma a aperfei¸coar o m´etodo, v´arias extens˜oes tˆem sido desenvolvidas, de entre as mais popu-lares, est´a a fam´ılia de aproxima¸c˜oes GGA (aproxima¸c˜ao de gradiente generalizado). Na aproxima¸c˜ao GGA, o funcional de troca e correla¸c˜ao ´e fun¸c˜ao da densidade e tamb´em do gradiente da densidade:

ExcGGA[n] = Z

GGAxc (n(r), ∇n(r))n(r)dr. (2.18) V´arias parametriza¸c˜oes tˆem sido propostas para os funcionais GGAxc . A parametriza¸c˜ao que foi utilizada nas simula¸c˜oes foi a parametriza¸c˜ao de Perdew, Burke, Ernzherof (PBE), cujo potencial de troca e correla¸c˜ao ´e dado por:

vxcGGA(r) = δE GGA xc [n] δn(r) = ∂Fxc ∂n − 3 X k=1 ∂k ∂Fxc ∂(∂kn) !! |n=n(r), (2.19) onde Fxc(n, |∇n|) = GGAxc (nxc(n, |∇n|)n.

A aproxima¸c˜ao GGA produz geralmente descri¸c˜oes melhores das propriedades estru-turais e electr´onicas dos materiais reais. Esta aproxima¸c˜ao permite descrever satisfatori-amente sistemas n˜ao homog´eneos como os metais de transi¸c˜ao, nos quais a aproxima¸c˜ao LDA falha - um dos motivadores chave para o desenvolvimento da aproxima¸c˜ao GGA foi a descri¸c˜ao errada que a aproxima¸c˜ao LDA faz do F ebcc, discutido neste trabalho.

Apesar da teoria DFT ser em princ´ıpio exacta, as aproxima¸c˜oes LDA e GGA introdu-zem aproxima¸c˜oes no m´etodo. Estas aproxima¸c˜oes foram desenhadas para tratar sistemas nos quais a carga seja bastante deslocalizada, estando fora do dom´ınio de aplicabilidade metriais nos quais a carga seja fortemente localizada, nos quais os efeitos a muitos corpos s˜ao determinante - os sistemas fortemente correlacionados.

Nas sec¸c˜ao seguinte ser´a explicado como as aproxima¸c˜oes LDA e GGA podem ser extendidadas de modo descrever sistemas magn´eticos, nos quais existe polariza¸c˜ao de spin.

2.3

Tratamento de sistemas magn´

eticos

A formula¸c˜ao do funcional de troca e correla¸c˜ao em termos densidade de carga permite uma descri¸c˜ao bastante precisa de um vasto leque de materiais n˜ao magn´eticos reais, contudo, o funcional de energia n˜ao desdobra energeticmante estados ψi com diferentes

polariza¸c˜oes de spin - n˜ao existe nenhum termo no Hamiltoneano Kohn-Sham (2.13) que discrimine o estado de spin dos estados, e portanto, est˜ao exclu´ıdas solu¸c˜oes magn´eticas. De modo a que os estados com com diferentes polariza¸c˜oes de spin sejam desdobrados energeticmente, as equa¸c˜oes de Kohn-Sham s˜ao escritas de forma independente para as duas polariza¸c˜oes de spin (σ):

 −~ 22 2m + V σ KS(r)  ψiσ(r) = σiψσi(r), (2.20)

(14)

onde VKSσ (r) = Vext(r) + e2 Z n(r0) |r − r0|dr 0 + vxcσ(r), (2.21) vxcσ(r) = δExc[n ↑, n] δnσ(r) , (2.22) nσ(r) =X i fiσ|ψσ i(r)| 2, (2.23) n(r) =X σ nσ(r). (2.24)

O potencial de troca e correla¸c˜ao acopla de forma diferente estados com projec¸c˜ao de spin diferente, sendo o respons´ave pelo desdobramento energ´etico entre estados ↑ e ↓. A interac¸c˜ao de troca ´e diagonal no estado de spin:

ExLSDA[n] =X σ Z FxLSDA(nσ(r))dr = X σ 1 2 Z FxLDA(2nσ(r))dr, (2.25)

onde FxLDA ´e o mesmo funcional utilizado no caso LDA. O funcional de correla¸c˜ao ´e obtido interpolando as densidades de carga de ambas as popula¸c˜oes, assumido que num sistema real a energia de correla¸c˜ao depende apenas da densidade de local das duas popula¸c˜oes (↑ e ↓), e vale o mesmo que num g´as uniforme de electr˜oes.

Definindo a polariza¸c˜ao magn´etica como ξ(r) = 1 µB|m(r)| n(r) , (2.26) onde m(r) ´e magnetiza¸c˜ao m(r) = µB(n↑(r) − n↓(r)), (2.27)

e 0 ≤ ξ ≤ 1, a contribui¸c˜ao do funcional de correla¸c˜ao para o funcional de energia resulta

EcLSDA[n, ξ] = Z "

Uc(n(r)) + f (ξ(r)) Pc(n(r)) − Uc(n(r) #

n(r)dr, (2.28) onde f (ξ) ´e uma fun¸c˜ao de interpola¸c˜ao que satisfaz f(0) = 0 e f(1) = 1, e os funcionais P

c e Uc representam respectivamente as densidades de energia de correla¸c˜ao nos sistemas

polarizado e n˜ao polarizado. A contribui¸c˜ao dos funcionais de troca e correla¸c˜ao no sistema de electr˜oes fict´ıcios ´e equivalente a um campo magn´etico efectivo aplicado a este sistema.

Analogamente ao que foi discutido na sec¸c˜ao anterior, a aproxima¸c˜ao LSDA pode ser extendida de modo a contemplar varia¸c˜oes espaciais na densidade. Usualmente, a con-tribui¸c˜ao das correla¸c˜oes na aproxima¸c˜ao GGA, n˜ao cont´em o gradiente da polariza¸c˜ao [11] (aproxima¸c˜ao considerada nas simula¸c˜oes). Na aproxima¸c˜ao GGA os funcionais de troca e correla¸c˜ao escrevem-se:

(15)

Exσ,GGA = 1 2 X σ Z Fx(2nσ, |2∇nσ|)dr, (2.29) Ecσ,GGA = Z Fc(n, ξ, |∇n|)dr, (2.30)

onde Fx e Fc s˜ao os an´alogos das quantidades definidas no caso LDA, aqui dependentes

do gradiente da densidade.

2.4

Tratamento de sistemas peri´

odicos: Teorema de

Bloch

A descri¸c˜ao das propriedades f´ısicas de redes cristalinas infinitamente extensas (bulk ) a partir de primeiros princ´ıpios ´e baseada na assump¸c˜ao de que os ´atomos que compˆoem o sistema est˜ao em repouso nas respectivas posi¸c˜oes de equil´ıbrio, e que estas formam uma estrutura peri´odica infinita. Em termos mais formais, se V ´e o potencial externo que actua nos electr˜oes, ent˜ao tem lugar a condi¸c˜ao:

V (r + R) = V (r), (2.31) onde R ´e um vector de transla¸c˜ao da rede. O Hamiltoneano dos electr˜oes, tal como os restantes operadores tamb´em partilham a invariˆancia sobre translac¸c˜oes da rede. O teorema de Bloch reflecte a invariˆancia sobre transla¸c˜oes dos operadores, e establece que cada fun¸c˜ao de onda a um electr˜ao pode ser escrita na forma

ψkν(r) = eikrukν(r), (2.32)

onde k ´e o momento cristalino dos electr˜oes (que reflete as simetrias translaccionais da rede), ν corresponde ao ´ındice de banda que discrimina os estados com o mesmo vector de onda k e ukν ´e uma fun¸c˜ao com a mesma periodicidade da rede:

ukν(r + R) = ukν(r). (2.33)

Como o sistema ´e invariante sobre translac¸c˜oes, os estados com diferentes vectores de onda podem ser tratados de forma independente uma vez que o Hamiltoneano comuta com os operadores de translac¸c˜ao - o Hamiltoneano ´e diagonal por blocos na base de estados de Bloch (2.32). Os n´umeros quˆanticos de banda ν indexam estados pr´oprios pertencentes ao mesmo bloco k.

Os vecores de onda k s˜ao definidos no espa¸co rec´ıproco, no interior da primeira zona de Brillouin. Os vectores fundamentais da rede rec´ıproca birelacionam-se com os vectores

fundamentais da rede real ui:

bi· uj = 2πδij i, j = 1, 2, 3. (2.34)

As somas sobre os estados electr´onicos ocupados determinam as propriedaedes f´ısicas do sistema, e correspondem a integrais sobre a primeira zona de Brillouin (e somas sobre os ´ındices de banda ν). Utilizando as simetrias da rede (rota¸c˜ao, reflex˜ao e paridade), a integra¸c˜ao pode ser convenientemente confinada a uma regi˜ao mais pequena do espa¸co

(16)

rec´ıproco - a zona irredut´ıvel da primeira zona de Brillouin (IBZ), com dimui¸c˜ao dr´astica no custo computacional do c´alculo.

A amostragem na IBZ pode ser feita atrav´es de v´arias t´ecnicas. Nas simula¸c˜oes uti-lizadas no decorrer deste trabalho foi utilizado o esquema de Monkhorst e Pack [12]. A precis˜ao do m´etodo foi verificada estudando a convergˆencia das propriedades f´ısicas relativamente ao n´umero de pontos da amostragem no espa¸co rec´ıproco.

Como exemplo, a integra¸c˜ao no espa¸co rec´ıproco da densidade de carga ´e feita so-mando sobre um conjunto discreto de pontos k contidos na IBZ:

˜ n(r) = X k∈IBZ ωk X ν fk,ν|ψkν(r)|2, (2.35)

da soma realizada na zona irredut´ıvel, a densidade de carga ´e obtida atrav´es do processo de simetriza¸c˜ao n(r) = 1 NS X S ˜ n(S−1r − f ), (2.36) onde NS´e o n´umero de opera¸c˜oes de simetria satisfeitas pela rede, S ´e um dos operadores

de simetria do grupo espacial que cont´em as simetrias da rede, e f um vector de transla¸c˜ao poss´ıvel. Na equa¸c˜ao (2.35), o coeficiente ωkcooresponde ao peso relativo dos estados com

vector de onda k no interior da zona irredut´ıvel, e fk,ν ´e a distribui¸c˜ao de Fermi-Dirac.

A integra¸c˜ao na zona irredut´ıvel ´e eficiente na descri¸c˜ao de sistemas semicondutores ou isoladores mas apresenta graves instabilidades quando aplicada directamente ao estudo de sistemas met´alicos, nos quais ´e fundamental que as regi˜oes pr´oximas da superf´ıcie de Fermi sejam amostradas correctamente com um conjunto suficientemente grande de pon-tos k. As instabilidades surgem porque nos metais, oscila¸c˜oes pequenas no n´ıvel de Fermi induzem flutua¸c˜oes consider´aveis nos observ´aveis f´ısicos. Nas simula¸c˜oes realizadas, este problema foi contornado considerando uma temperatura efectiva n˜ao nula na distribui¸c˜ao de Fermi, o que permite que alguns estados acima do n´ıvel de Fermi estejam residualmente ocupados, evitando flutua¸c˜oes grandes nas quantidades f´ısicas.

2.5

odigo FPLO

No decorrer dos trabalhos as simula¸c˜oes foram feitas utilizando o c´odigo FPLO (full-potential local orbital )[13]. Este c´odigo permite resolver iterativamente e de forma auto-consistente as equa¸c˜oes Kohn- Sham, recorrendo a uma base de spin-orbitais at´omicas1

(a uma part´ıcula) localizadas nas posi¸c˜oes at´omicas. Os estados da base tˆem paridade definida uma vez que as harm´onicas esf´ericas (parte angular dos estados da base) satis-fazem ˆP Ym

` = (−1)`Y`m. Em geral, a fun¸c˜ao de onda, a densidade e o potencial efectivo

n˜ao satisfazem esta propriedade.

O c´odigo permite a utiliza¸c˜ao dos funcionais LSDA com e sem corre¸c˜ao GGA em v´arias parametriza¸c˜oes, e a inclus˜ao de correc¸c˜oes relativistas esclares (correc¸c˜oes cin´etica e de Darwin) no Hamiltoneano, que foram inclu´ıdas em todas as simula¸c˜oes realizadas. Antes de cada sec¸c˜ao ser˜ao mencionados os parˆametros num´ericos e condi¸c˜oes de convergˆencia considerados nas respectivas simula¸c˜oes.

(17)

Cap´ıtulo 3

Fases elementares

O trabalho come¸cou com a determina¸c˜ao das propriedades geom´etricas, electr´onicas e magn´eticas das fases met´alicas poss´ıveis `a press˜ao atmosf´erica, do cobalto elementar - hcp(α) e f cc(β), e do ferro elementar - bcc(α) e f cc(γ). Os c´alculos foram realizados

utilizando dois dos funcionais de troca e correla¸c˜ao permitidos pelo c´odigo: FPLO e LSDA na parametriza¸c˜ao de Perdew & Wang (92) [14], e LSDA com a correc¸c˜ao de gradiente generalizdo (GGA) na parametriza¸c˜ao de Perdew, Burke & Ernzerhof [11]. Foram determinadas as propriedades do estado fundamental de cada uma das estruturas em configura¸c˜oes com e sem polariza¸c˜ao de spin. Nas configura¸c˜oes com polariza¸c˜ao os estados da base (utilizados para projectar a densidade), tˆem componente espacial e de spin, enquanto que nas configura¸c˜oes n˜ao polarizadas, os estados da base tˆem apenas componente orbital - a densidade de carga ´e apenas fun¸c˜ao das coordenadas espaciais. Ao incluir o estado de spin nas orbitais da base expande-se o espa¸co no qual o estado fundamental ´e procurado. Naturalmente, apenas inclu´ındo a componente de spin das orbitais da base s˜ao poss´ıveis configura¸c˜oes magn´eticas.

Nesta sec¸cao pretende-se comparar os resultados obtidos utilizando ambos os funcio-nais de troca e correla¸c˜ao em configura¸c˜oes polarizadas e n˜ao polarizadas. Os resultados ser˜ao comparados com os resultados experimentais e te´oricos conhecidos para estas fases.

3.1

Fases do Ferro

`

A press˜ao atmosf´erica o ferro met´alico elementar pode cristalizar em duas fases distintas dependendo da temperatura: bcc e fcc, sendo bcc a fase est´avel `a temperatura ambiente. Apesar das propriedades da fase bcc serem amplamente conhecidas, n˜ao foram encon-trados na literatura resultados experimentais da fase fcc, apenas estudos te´oricos. Os resultados obtidos nos c´alculos foram comparados com resultados encontrados na litera-tura sobre estas as fases.

O estado fundamental das estruturas fcc e bcc foi calculado minimizando a energia por c´elula unit´aria em rela¸c˜ao ao parˆametro de rede L. Foram feitos c´alculos utilizando ambos os funcionais LSDA e GGA em configura¸c˜oes com e sem polariza¸c˜ao. Nas figuras 3.1,3.2,3.3 e 3.4 pode observar-se a varia¸c˜ao da energia por c´elula unit´aria em fun¸c˜ao dos parˆametros de rede nas variedades bcc (3.1,3.2) e fcc (3.3,3.4). Na fase bcc as con-figura¸c˜oes polarizadas foram favorecidas energeticamente sobre as n˜ao polarizadas nas simula¸c˜oes realizadas com ambos os funcionais. Na fase fcc as configura¸c˜oes polarizadas

(18)

foram favorecidas energeticamente nas simula¸c˜oes realizadas com o funcional GGA. Nas simula¸c˜oes feitas utilizando o funcional LSDA, os resultados obtidos em configura¸c˜oes com e sem polariza¸c˜ao de spin foram os mesmos - as configura¸c˜ao de equil´ıbrio resulta-rou degenerada no caso polarizado. Na tabela 3.1 est˜ao sumarizados e comparados com os resultados experimentais e te´oricos encontrados na literatura, os resultados obtidos em ambas as estruturas nas configura¸c˜oes de equil´ıbrio.

Os resultados simulacionais obidos com ambos os funcionais na fase bcc confirmam o ferromagnetismo do ferro. Para esta fase, as simula¸c˜oes que melhor reproduziram os resul-tados experimentais foram as feitas utilizando o funcional GGA. Na fase fcc os resulresul-tados obtidos pelo funcional LSDA apontam para a existˆencia de paramagnetismo, o que est´a de acordo com um estudo simulacional encontrado na literatura onde foi utilizado o mesmo funcional de troca e correla¸c˜ao[15]. O funcional GGA produziu solu¸c˜oes ferromagn´eticas na fase fcc que reproduzem aproximadamente resultados simulacionais anteriores [16], ob-tidos utilizando o mesmo funcional de troca e correla¸c˜ao, quer o parˆametro de rede quer a resposta magnetovol´umica da estrutura.

Figura 3.1: F e(bcc): Energia por ´atomo em fun¸c˜ao do volume da c´elula primitiva. As setas indicam as configura¸c˜oes de equil´ıbrio: V = 11.21 ˚A3 (L = 2.82 ˚A) - configura¸c˜oes

polarizadas e V = 10.51 ˚A3 (L = 2.76 ˚A) - configura¸c˜oes n˜ao polarizadas. Funcional de

troca e correla¸c˜ao GGA. Volume experimental: 11.82 ˚A3.

Os resultados simulacionais permitem estimar a estabilidade relativa entre as fases, dada pela diferen¸ca entre a energia por ´atomo por unidade de volume de uma determinada estrutura (b) e a energia por ´atomo por unidade de volume da estrutura est´avel segundo este crit´erio (a)2:

∆ E V  = Ea Va −Eb Vb (3.1) Nas simula¸c˜oes realizadas com o funcional GGA, a diferen¸ca entre a energia por ´atomo por unidade de volume ∆E/V nas duas fases mostra que a fase bcc ´e estruturalmente mais

(19)

Figura 3.2: F e(bcc): Energia por ´atomo em fun¸c˜ao do volume da c´elula primitiva. As setas indicam as configura¸c˜oes de equil´ıbrio: V = 10.50 ˚A3 (L = 2.76 ˚A) - configura¸c˜oes

polarizadas e V = 10.51 ˚A3 (L = 2.70 ˚A) - configura¸c˜oes n˜ao polarizadas. Funcional de

troca e correla¸c˜ao LSDA. Volume experimental: 11.82 ˚A3.

9 , 5 1 0 , 0 1 0 , 5 1 1 , 0 1 1 , 5 1 2 , 0 - 1 2 7 2 , 8 0 0 - 1 2 7 2 , 7 9 8 - 1 2 7 2 , 7 9 6 - 1 2 7 2 , 7 9 4 G G A - c o n f ig . p o la r iz a d a G G A - c o n f ig . p a r a m a g n é t ic a E n e rg ia ( H a ) L ( A )

Figura 3.3: F e(f cc): Energia por ´atomo em fun¸c˜ao do volume da c´elula primitiva. As setas indicam as configura¸c˜oes de equil´ıbrio: V = 10.63 ˚A3 (L = 3.49 ˚A) - configura¸c˜oes polarizadas e V = 10.27 ˚A3 (L = 3.45 ˚A) - configura¸c˜oes n˜ao polarizadas. Funcional de

(20)

8 , 5 9 , 0 9 , 5 1 0 , 0 1 0 , 5 1 1 , 0 1 1 , 5 - 1 2 7 0 , 5 8 6 - 1 2 7 0 , 5 8 4 - 1 2 7 0 , 5 8 2 - 1 2 7 0 , 5 8 0 L S D A - c o n f ig . p o la r iz a d a L S D A - c o n f ig . p a r a m a g n é t ic a E n e rg ia ( H a ) V ( A3)

Figura 3.4: F e(f cc): Energia por ´atomo em fun¸c˜ao do volume da c´elula primitiva. A setas indica as configura¸c˜oes de equil´ıbrio: V = 9.56 ˚A3 (L = 3.38 ˚A) - configura¸c˜oes

polarizadas e V = 10.51 ˚A3 (L = 2.70 ˚A) - configura¸c˜oes n˜ao polarizadas. Funcional de troca e correla¸c˜ao LSDA.

est´avel que a fase fcc. A energia de forma¸c˜ao Ef orm, definida como o custo energ´etico

por ´atomo de quebrar todas as liga¸c˜oes entre os constituintes cristal, ´e um indicador complementar da estabilidade relativa das fases e permite avaliar a precis˜ao do m´etodo computacional pois ´e algo que pode ser medido experimentalmente (no caso do ferro n˜ao foram encontradas medi¸c˜oes experimentais da energia de forma¸c˜ao na literatura ). A energia de forma¸c˜ao das configura¸c˜oes foi obtida subtra´ındo `a energia do sistema quando a distˆancias interat´omicas s˜ao muito maiores que as distˆancias de equil´ıbrio, a energia da configura¸c˜ao de equil´ıbrio. A energia dos ´atomos isolados foi obtida convergindo a energia da configura¸c˜ao em ordem aos parˆametros de rede - foi calculada a energia das estruturas com parˆametros de rede progressivamente maiores at´e que a energia das configura¸c˜oes n˜ao se alterasse com o aumento dos parˆametros de rede. A configura¸c˜ao ferromagn´etica da fase bcc apresenta uma energia de forma¸c˜ao mais baixa em ∼ 150meV que a confi-gura¸c˜ao ferromagn´etica da fase fcc. Ambos os indicadores de estabilidade apontam para a estabilidade da fase bcc sobre a fase fcc quando a configura¸c˜ao ´e polarizada. A pola-riza¸c˜ao do estado favorece neste caso, a fase bcc. Tal como nas simula¸c˜oes feitas com o funcional GGA, as simula¸c˜oes realizadas com o funcional LSDA apontam para a es-tabilidade estrutural da fase ferromagn´etica bcc sobre a fcc (paramagn´etica), contudo, a fase fcc apresenta uma energia de forma¸c˜ao mais baixa que a fase ferromagn´etica bcc. N˜ao ´e poss´ıvel `a luz dos resultados simulacionais obtidos com o funcional LSDA, sem a correc¸c˜ao GGA, concluir qual das fases ´e mais est´avel.

Uma das motiva¸c˜oes chave para a extens˜ao da dependˆencia dos funcionais de troca e correla¸c˜ao aos gradientes da densidade (GGA) foi a forma desadequada como os fun-cionais estritamente locais (LSDA) tratam sistemas nos quais os estados s˜ao fortemente deslocalizados e as correla¸c˜oes quˆanticas s˜ao importantes, como ´e o caso dos metais

(21)

magn´eticos. Em particular, o tratamento incorrecto que o funcional LSDA faz no sistema F ef cc foi um dos motivadores principais para o desenvolvimento do funcional GGA. No

restante estudo das fases elementares do ferro ser˜ao consideradas apenas as simula¸c˜oes realizadas com o funcional GGA. Uma vez que o funcional GGA permite uma descri¸c˜ao mais realista dos sistemas ser´a o funcional utilizado nas pr´oximas se¸c˜oes deste cap´ıtulo nas quais, se vai discutir a estabilidade relativa entre as fases e aprofundar o estudo das propriedades electr´onicas e magn´eticas das duas estruturas.

Como se poder´a ver no cap´ıtulo seguinte sobre as fases do cobalto elementar, a dife-ren¸ca entre energias de forma¸c˜ao das fases bcc e fcc do ferro ´e cerca 10 vezes superior `

a diferen¸ca entre energias de forma¸c˜ao das fases ferromagn´eticas do cobalto hcp e fcc. Esta diferen¸ca reflete a temperatura para a qual a transi¸c˜ao entre fases ocorre nos dois metais. No ferro, a transi¸c˜ao de fase bcc-fcc `a press˜ao atmosf´erica ocorre aos 1183K, j´a acima da temperatura de Curie Tc= 1043K enquanto que no cobalto, a transi¸c˜ao hcp-fcc

ocorre aos 690K, bem abaixo da temperatura de Curie Tc = 1400K. A transi¸c˜ao entre

estruturas tem no caso do ferro elementar, um custo energ´etico muito mais elevado. Na figura 3.5 pode ver-se a resposta magn´etica de ambas as estruturas fcc e bcc `a varia¸c˜ao do volume ocupado por ´atomo. Na fase bcc a evolu¸c˜ao dos momentos magn´eticos dos ´atomos perto do volume de equil´ıbrio ´e suave. Os momentos at´omicos apresentam uma diminui¸c˜ao acentuada para volumes por ´atomo inferiores a 7.5 ˚A3. Analogamente ao

que ser´a discutido mais `a frente, este fen´omeno ´e explicado pelo aumento da coalescˆencia entre orbitais de valˆencia, que para volumes inferiores a 7.5 ˚A3 leva a que o balan¸co

interac¸c˜ao de troca/correla¸c˜oes quˆanticas seja rapidamente vencido pelas correla¸c˜oes, que favorecem paramagnetismo.

6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 0 , 0 0 , 5 1 , 0 1 , 5 2 , 0 2 , 5 µe q= 1 . 0 0µB µe q= 2 . 1 3µB m om en to m ag né tic o po r á to m o ( µ B ) v o lu m e p o r á t o m o ( A3) F eb c c F ef c c

Figura 3.5: F ebcc, F ef cc: momento magn´etico por ´atomo em fun¸c˜ao do parˆametro de

rede. A seta corresponde ao parˆametro de rede de equil´ıbrio calculado para a conficura¸c˜ao polarizada. Funcional GGA.

Na fase fcc verifica-se uma diminui¸c˜ao acentudada de momento magn´etico para volu-mes muito pr´oximos do volume de equil´ıbrio. Este comportamento indica que o

(22)

ferromag-- 1 0 0 - 4 - 3 - 2 - 1 0 1 2 3 4 D O S (e st ad os ⋅ át om o -1 ⋅ eV -1 ) E - E F ( e V ) F e b c c

Figura 3.6: F ebcc: densidade de estados calculada no volume de equil´ıbrio. L = 2.82˚A.

V = 11.21 ˚A3. (GGA)

netismo ´e destru´ıdo quando se sujeita esta fase a press˜oes relativamente baixas, quando comparadas com as press˜oes necess´arias para destruir o ferromagnetismo na fase bcc. Esta variedade apresenta um aumento acentuado de momento magn´etico por ´atomo com o aumento do volume. Em concordˆancia com outros estudos simulacionais, os resultados aqui obtidos apontam para uma acentuada instabilidade magn´etica da fase fcc [16].

Analogamente ao que acontece nas fases elementares do cobalto (pr´oximo cap´ıtulo), os resultados simulacionais apontam para a possibilidade de a fase paramagn´etica fcc se formar quando se sujeita uma amostra de ferro elementar a altas pres˜oes, conclus˜ao que se retira da resposta magnetovoul´umica de ambas as fases (ver figura 3.5), atendendo ao facto de a configura¸c˜ao fcc paramagn´etica ser energeticamente favorecida sobre a paramagn´etica bcc.

Na fase bcc quer o volume por c´elula, quer o momento magn´etico dos ´atomos, est´a pr´oximos dos resultados experimentais experimentis. O desvio relativamente ao resultados experimental pode ser explicado pelo facto de o parˆametro de equil´ıbrio calculado ser ligeiramente menor que o obtido experimentalmente. Como se pode verificar na figura 3.5, caso a configura¸c˜ao de equil´ıbrio corresponda a um volume por c´elula maior, o momento por ´atomo resultante ser´a mais elevado. ´E importante enfatizar que os c´alculos foram realizados admitindo T = 0K - ocupa¸c˜ao completa abaixo do n´ıvel de Fermi, ocupa¸c˜ao nula acima do n´ıvel de Fermi. A temperaturas mais realistas as configura¸c˜oes de equil´ıbrio correspondem n˜ao a m´ınimos da energia interna mas a m´ınimos da energia livre, para a qual contribuem n˜ao s´o os estados excitados do sistema (ocupa¸c˜ao n˜ao nula acima do n´ıvel de Fermi) mas tamb´em as vibra¸c˜oes da rede. A inclus˜ao da termodinˆamica dos electr˜oes/fon˜oes nos c´alculos poder´a deslocar a configura¸c˜ao de equil´ıbrio para volumes mais elevados (este ´e a ´unica resposta fisicamente realista de subir a temperatura do sistema), com o efeito de aumentar os momentos magn´eticos dos ´atomos. A descri¸c˜ao do sistema a T = 0K poder´a n˜ao ser suficiente para a temperaturas mais realistas. A hip´otese

(23)

- 1 0 0 - 4 - 3 - 2 - 1 0 1 2 3 4 D O S (e st ad os ⋅ át om o -1 ⋅ eV -1 ) E - E F ( e V ) F e f c c

Figura 3.7: F ef cc: densidade de estados calculada no volume de equil´ıbrio. L =

3.48˚A.V = 10.63 ˚A3(GGA)

de a termodinˆamica dos fon˜oes/electr˜oes deslocar as configura¸c˜oes de equil´ıbrio para volumes mais elevados ´e congruente com resultados simulacionais anteriores, obtidos para o alum´ınio elementar fcc [18] e para a liga AlY [19]. Em ambos os estudos, as configura¸c˜oes de equil´ıbrio foram obtidas minimizando a energia livre de Helmholtz relativamente aos parˆametros de rede. No alum´ınio elementar os autores estimaram que o aumento no volume por c´elula quando a temperatura do sistema ´e elevada de 0 K a 300 K ´e cerca de 1%. No caso do AlY , o aumento estimado do volume por c´elula com o aumento de temperatura de 0 K a 300 K, ´e de cerca de 2% .

Nas figuras 3.6 e 3.7 podem observar-se as densidades de estados das duas fases ferro-magn´eticas do ferro, obtidas nos volumes de equil´ıbrio. Na fase bcc verifica-se que o n´ıvel de Fermi est´a situado numa regi˜ao da densidade de estados que n˜ao corresponde a um m´ınimo local, e que existe um desn´ıvel ligeiro entre o n´umero de estados ↑ e ↓ ocupados no n´ıvel de Fermi. Tal indica que o ferromagnestismo nesta variedade ´e fraco, conclus˜ao con-sistente com os resultados experimentais obtidos num estudo sobre a resposta magn´etica dos metais de transi¸c˜ao F e, Co e N i `as altas press˜oes [22]. Neste estudo verificou-se que o ferromagnetismo do F ebcc ´e destru´ıdo quando se sujeita o material a press˜oes em

torno de 18GP a, press˜oes substancialemente mais baixas que as necess´arias para destruir o ferromagnetismo no Cohcp (∼ 150GP a), que como ser´a discutido na pr´oxima sec¸c˜ao,

apresenta na densidade de estados, um perfil diferente perto do n´ıvel de Fermi. A fase fcc apresenta um desn´ıvel res´ıdual entre os estados ocupados no n´ıvel de Fermi o que indica a existˆencia de ferromagnetismo muito fraco nesta fase.

´

E importante referir que neste contexto, ferromagnetismo forte e fraco indica o qu˜ao dif´ıcil ´e destruir o estado magn´etico atrav´es da aplica¸c˜ao de for¸cas externas, e n˜ao a intensidade dos momentos magn´eticos.

Na configura¸c˜ao polarizada, os momentos magn´eticos at´omicos s˜ao a diferen¸ca entre o n´umero de estados ocupados com spin ↑ e ↓ abaixo do n´ıvel de Fermi. Nesta configura¸c˜ao,

(24)

L Enorm ∆(E/V ) Ef orm σ

Fase (˚A) (eV /Coatom) (eV /˚A3) (eV ) (µB/atomo)

bcc 2.82 0 0 −9.174 2.134 GGA (P) fcc 3.49 0.149 170.236 −9.025 1.000 bcc 2.76 0.453 205.813 −8.720 0 GGA (NP) fcc 3.45 0.162 284.913 −9.012 0 bcc 2.76 0 0 −10.308 2.043 LSDA (P) fcc 3.38 −0.065 256.542 −10.373 0.021 bcc 2.70 0.260 187.963 −10.048 0 LSDA (NP) fcc 3.38 −0.065 256.542 −10.373 0 Experimental bcc1 2.87 · · · · · · · · · 2.221 Te´orico fcc2 3.46 · · · · · · · · · 0.62

Tabela 3.1: Resultados obtidos para as fases bcc (α) e fcc (γ) do ferro. ∆(E/V ) corres-ponde `a diferen¸ca de energia por unidade de volume por ´atomo, relativamente `a confi-gura¸c˜ao energeticamente favorecida. Ef orm ´e a energia de forma¸c˜ao do composto por

´

atomo, dada pela diferen¸ca entre a energia por ´atomo do cristal e a energia do mesmo ´

atomo, quando isolado. P -config. polarizada, NP -config. n˜ao polarizada. 1Valores

expe-rimentais da fase bcc obtidos em [20,21]. 2Resultados simulacionais obtidos por [16].

o shift energ´etico nas popula¸c˜oes ocorre porque o potencial de troca e correla¸c˜ao vσ xc

remove a degenerescˆencia nas spin-orbitais com diferentes polariza¸c˜oes, o que favorece energeticamente uma popula¸c˜ao relativamente `a outra.

(25)

3.2

Fases do Cobalto

`

A press˜ao atmosf´erica o cobalto met´alico cristaliza em duas fases distintas fcc (β), hcp (α) dependendo da temperatura. O estado fundamental das estruturas fcc e hcp foi calculado minimizando a energia por c´elula unit´aria em rela¸c˜ao aos parˆametros de rede L (fcc) e a = b e c (hcp). Foram realizadas simula¸c˜oes utilizando ambos os funcionais LSDA e GGA em configura¸c˜oes com e sem polariza¸c˜ao. Nas figuras 3.8,3.9 e 3.10 pode observar-se a varia¸c˜ao da energia por c´elula unit´aria em fun¸c˜ao dos parˆametros de rede nas estru-turas fcc e hcp. Nas figuras 3.8 e 3.9 est˜ao apresentados os resultados obtidos para a fase fcc utilizando ambos os funcionais. Na figura 3.10 est˜ao apresentados os resultados simulacionais obtidos para a fase hcp utilizando o funcional GGA, que produziu confi-gura¸c˜oes favorecidas energeticamente. Em ambas as fases as configura¸c˜oes polarizadas foram favorecidas energeticamente sobre as n˜ao polarizadas. Na tabela 2 os resultados obtidos nas configura¸c˜oes de equil´ıbrio est˜ao sumarizados e comparados com os valores experimentais encontrados na literatura.

Figura 3.8: Co(f cc): Energia por ´atomo em fun¸c˜ao do volume da c´elula primitiva. As

setas indicam as configura¸c˜oes de equil´ıbrio: Veq= 10.90 ˚A3 (L = 3.52 ˚A) - configura¸c˜oes polarizadas e V = 10.36 ˚A3 (L = 3.46 ˚A) - configura¸c˜oes n˜ao polarizadas. Funcional de

troca e correla¸c˜ao GGA. Volume experimental V = 11.14 ˚A3.

Como seria de esperar, as configura¸c˜oes com polariza¸c˜ao de spin, que permitem solu¸c˜oes ferromagn´eticas, s˜ao as que mais se aproximam dos resultados experimentais em ambas as fases hcp e fcc. O ferromagnetismo forte das fases elementares do cobalto foi confirmado pelas simula¸c˜oes. As simula¸c˜oes indicam que a fase hcp ´e estruturalmente mais est´avel e tem uma energia de forma¸c˜ao mais baixa que a fase fcc (ver tabela 3.2). Ambos os indicadores de estabilidade apontam para a estabilidade da fase hexagonal so-bre a fase fcc quando a configura¸c˜ao ´e polarizada, em linha com o que se conhece sobre o cobalto elementar.

Os resultados obtidos em configura¸c˜oes n˜ao polarizadas apontam para a estabilidade da fase fcc relativamente `a hcp, o que est´a de acordo com resultados simulacionais

(26)

an-Figura 3.9: Co(f cc): Energia por ´atomo em fun¸c˜ao do volume da c´elula primitiva. As

setas indicam as configura¸c˜oes de equil´ıbrio: V = 10.09 ˚A3 (L = 3.43 ˚A) - configura¸c˜oes

polarizadas e V = 9.65 ˚A3 (L = 3.38 ˚A) - configura¸c˜oes n˜ao polarizadas. Funcional de

troca e correla¸c˜ao GGA. Volume experimental V = 11.14 ˚A3.

Figura 3.10: Co(hcp): Energia por c´elula unit´aria em fun¸c˜ao dos parˆametros da rede.

A seta preta indica a configura¸c˜ao com energia mais baixa: a = b = 2.503 ˚A, c = 4.020 ˚A, Emin = −2786, 96208Ha. A seta cinzenta indica os porˆametros de rede obtidos

experimentalmente [23]: a = b = 2.503 ˚A, c = 4.057 ˚A. Veq = 10.90 ˚A3 . Configura¸c˜oes

(27)

teriores [26]. A polariza¸c˜ao magn´etica dos estados favorece energeticamente a fase hcp sobre a fase fcc. Nas pr´oximas sec¸c˜oes ser˜ao considerados apenas os resultados obtidos com o funcional GGA uma vez que este funcional permite descrever os sistemas de forma mais realista como mostram os resultados obtidos at´e a este ponto.

Na figura 3.11 pode observar-se a varia¸c˜ao do momento magn´etico por ´atomo com o volume ocupado por ´atomo em ambas as fases. Perto do volume de equil´ıbrio a evolu¸c˜ao dos momentos magn´eticos ´e lenta e suave. Em ambos os casos os ´atomos de cobalto apresentam uma diminui¸c˜ao acentuada de momento magn´etico para volumes inferiores a 9 ˚A3. Este comportamento ´e explicado pelo aumento da sobreposi¸c˜ao das orbitais de valˆencia 3d centradas nos ´atomos, com a contrac¸c˜ao da c´elula. Diminu´ındo a distˆancia entre orbitais 3d o custo energ´etico em manter a polariza¸c˜ao na configura¸c˜ao aumenta reflectindo o princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli - a coalescˆencia entre orbitais aumenta, logo, as orbitais est˜ao mais quanticamente correlacionadas. O balan¸co entre a interac¸c˜ao de troca que favorece ferromagnetismo, e as correla¸c˜oes quˆanticas que favorecem paramagnetismo, pende rapidamente para o lado das correla¸c˜oes para volumes abaixo de 9 ˚A3.

6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 0 , 0 0 , 4 0 , 8 1 , 2 1 , 6 2 , 0 µf c ce q= 1 . 5 9 6µB µh c pe q = 1 . 5 7 0µB m om en to m ag né tic o po r á to m o ( µB ) V o lu m e p o r á t o m o ( A 3) C of c c C oh c p

Figura 3.11: Cohcp, Cof cc: momento magn´etico por ´atomo em fun¸c˜ao do volume por

´

atomo. A seta vertical corresponde ao volume equil´ıbrio calculado nas configura¸c˜oes polarizadas: Vf cceq = 10.90 ˚A3, Veq

hcp = 10.91 ˚A3.

Como a fase fcc paramgn´etica ´e favorecida energeticamente sobre hcp paramagn´etica, a perda de ferromagnetismo de ambas as fases com a diminui¸c˜ao do volume da c´elula aponta para a possibilidade de a fase fcc paramagn´etica ser formada quando se sujeita uma amostra de cobalto elementar a altas press˜oes, conclus˜ao consistente com resultados experimentais recentes [21,27].

Os parˆametros de rede de equil´ıbrio obtidos nas configura¸c˜oes polarizadas das duas fases est˜ao pr´oximos dos valores experimentais. O momentos magn´eticos calculados est˜ao um pouco abaixo do valor experimental. Tal pode ser explicado pelo facto de o parˆametro de rede de equil´ıbrio (calculado) ser ligeiramente menor que o obtido experimentalmente.

(28)

Como se pode verificar na figura 3.11, caso a configura¸c˜ao de equil´ıbrio corresponda a um volume por c´elula maior, o momento por ´atomo resultante ser´a mais elevado. Ana-logamente ao que foi discutido para as fases elementares do ferro, a discrepˆancia entre o volume de equil´ıbrio calculado e o obtido exerimentalmente poder´a dever-se `a n˜ao in-clus˜ao da termodinˆamica dos fon˜oes/electr˜oes nos c´alculos (foi sempre assumido T = 0K) o que torna a descri¸c˜ao dos sistemas, `as temperaturas em que foram obtidas as medidas experimentais, aproximada. A discrepˆancia entre a magnetiza¸c˜ao calculada e a medida experimentalmente pode tamb´em ser explicada pelo facto de o acoplamento spin-´orbita, contribui¸c˜ao adicional para o desdobramento energ´etico das spin-orbtias com proje¸c˜oes de spin (ms) opostas, n˜ao ter sido inclu´ıda nas simul¸c˜oes. O acoplamento spin-´orbita n˜ao

foi inclu´ıdo nos c´alculos.

Nas figuras 12 e 13 podem observar-se as densidades de estados calculadas para as duas fases do cobalto nos volumes de equil´ıbrio. Em ambas os casos verifica-se que existe um m´ınimo acentuado no n´ıvel de Fermi nos estados com com polaria¸c˜ao ↑, que corresponde ao preenchimento residual da sub-banda de valˆencia 3d↑. A densidade de estados ↓ apre-senta um valor elevado no n´ıvel de Fermi. Este desn´ıvel acentuado entre as popula¸c˜oes dos estados de valˆencia 3d↑ e 3d↓, e o facto de no n´ıvel de Fermi a densidade de estados ↑ ter um valor muito baixo (m´ınimo) indica que existe ferromagnetismo forte em ambas as fases.

(29)

Figura 3.12: Cohcp: densidade de estados obtida no volume de equil´ıbrio. Valores por ´ atomo. a = 2.503˚A,c/a = 1.606. Vhcpeq = 10.91 ˚A3. - 1 0 0 - 2 - 1 0 1 2 D O S (e st ad os ⋅ át om o -1 ⋅ eV -1 ) E - E F ( e V ) C o f c c

Figura 3.13: Cof cc: densidade de estados obtida no volume de equil´ıbrio. Valores por

´

(30)

Lf cc; ahcp, c/ahcp Enorm ∆(E/V ) Ef orm σ

Fase (˚A) (eV /Coatom) (eV /˚A3) (eV ) (µB/atomo)

hcp 2.503, 1.606 0 0 −5.187 1.57 GGA (P) fcc 3.52 0.016 1.879 −5.170 1.596 hcp 2.443, 1.619 0.236 218.763 −4.951 0 GGA (NP) fcc 3.46 0.136 185.947 −4.961 0 hcp 2.443, 1.612 0 0 −6.576 1.484 LSDA (P) fcc 3.43 0.025 14.205 −6.551 1.509 hcp 2.403, 1.615 0.129 134.416 −6.447 0 LSDA (NP) fcc 3.38 0.124 154.784 −6.452 0 hcp 2.5031, 1.621 · · · −4.392 1.722 Experimental fcc 3.545 · · · 1.703

Tabela 3.2: Resultados obtidos nas fases hcp e fcc do cobalto. ∆(E/V ) corresponde `a diferen¸ca de energia por ´atomo por unidade de volume relativamente `a estrutura hcp fundamental (est´avel). Ef orm´e a energia de forma¸c˜ao do composto por ´atomo, dada pela

diferen¸ca entre a energia por ´atomo do cristal e a energia de cada ´atomo isolado. 1, 2 e3

foram obtidos de [23], [24] e [25] respectivamente. P - config. polarizada, NP - config. n˜ao polarizada.

(31)

Cap´ıtulo 4

Fases nitridizadas

4.1

Fase Co

4

N

O estudo do sistema come¸cou com a caracteriza¸c˜ao do estado fundamental da fase este-quiom´etrica Co4N , cuja estrutura ´e bem conhecida. Quando a estequiometria ´e exacta,

esta fase cristaliza numa estrutura anti-perovskite descrita por uma rede c´ubica de faces centradas com ´atomos de cobalto nas posi¸c˜oes da rede e um ´atomo de azoto no centro de cada c´elula unit´aria. A estrutura Co4N pode ser vista como a sobreposi¸c˜ao de duas

su-bredes de cobalto: CoI com posi¸c˜oes at´omicas nos v´ertices da c´elula e CoII com posi¸c˜oes

at´omicas no centro das faces (ver figura 4.1). Os ´atomos CoI tˆem como primeiros vizinhos

os ´atomos CoII, enquanto que os ´atomos CoII tˆem como primeiros vizinhos os ´atomos N ,

como tal, CoI e CoII n˜ao s˜ao equivalentes.

O funcional de troca e correla¸c˜ao utilizado nos c´alculos foi a aproxima¸c˜ao de densidade local de spin (LSDA) com a correc¸c˜ao de gradiente generalizdo (GGA) na parametriza¸c˜ao de Perdew, Burke & Ernzerhof. A integra¸c˜ao na primeira zona de Brillouin foi feita com um n´umero crescente de pontos k de forma a garantir a convergˆencia do c´alculo relativamente `a resolu¸c˜ao da malha no espa¸co k. Na figura 4.2 pode ver-se a energia do estado fundamental em fun¸c˜ao da resolu¸c˜ao da malha de integra¸c˜ao no espa¸co rec´ıproco (1a zona de Brillouin). Os c´alculos foram considerados convergidos quando a diferen¸ca

de energia entre itera¸c˜oes sucessivas n˜ao era maior que ∆E = 10−6Ha. O crit´erio de convergˆencia fixado na densidade foi ∆ρ = 10−6.

Foram calculadas as curvas da energia por c´elula e momento magn´etico por ´atomo em fun¸c˜ao do volume da c´elula unit´aria. Nas figuras 4.3 e 4.4 podem ver-se os resultados das simula¸c˜oes, quer em configura¸c˜oes polarizadas quer em configura¸c˜oes paramagn´eticas (degeneradas). A configura¸c˜ao polarizada ocorreu expontaneamente nos c´alculos, uma vez que foi favorecida energeticamente sobre a configura¸c˜ao paramagn´etica.

Na figura 4.4 pode ver-se a resposta magn´etica do composto `a varia¸c˜ao do volume da c´elula. Perto do volume te´orico de equil´ıbrio a varia¸c˜ao dos momentos magn´eticos com o volume da c´elula ´e lenta e suave em ambos os locais da rede. O momento magn´etico dos ´

atomos CoI ´e substancialmente maior que o momento dos ´atomos CoII (figura 4.4). Este

facto pode ser explicado, por um lado, por os ´atomos CoI ocuparem um volume maior que

os ´atomos CoII e por isso suas orbitais coalescerem menos com as pertencentes aos ´atomos

vizinhos (menos quanticamente correlacionadas), e por outro, por os ´atomos CoII estarem

(32)

Figura 4.1: Estrutura anti-perovskite da fase estquim´etrica Co4N . Os ´atomos CoI e CoII

n˜ao s˜ao equivalentes.

azoto. A discus˜ao da natureza da liga¸c˜ao CoII− N ser´a feita mais `a frente nesta sec¸c˜ao.

Relativamente ao metal elementar Co(f cc), a introdu¸c˜ao de azoto na rede aumentou o

momento magn´etico dos ´atomos situados nos v´ertices CoI e diminui o momento magn´etico

dos ´atomos situados nas faces CoII.

Os ´atomos CoI e CoII apresentam uma diminui¸c˜ao acentuada de momento magn´etico

para volumes inferiores a ∼ 3.403˚A3. Analogamente ao que foi discutido nas fases

elemen-tares, tal pode ser explicado pela aumento da sobreposi¸c˜ao das orbitais de valˆencia 3d centradas noas posi¸c˜oes at´omicas Co com a contrac¸c˜ao da c´elula. Diminu´ındo a distˆancia entre ´atomos, o custo energ´etico de manter uma configura¸c˜ao polarizada vencendo as cor-rela¸c˜oes quˆanticas entre orbitais aumenta reflectindo o princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli. O balan¸co entre interac¸c˜ao de troca (que favorece ferromangetismo) e correla¸c˜oes quˆanticas (que favorecem paramagnetismo) pende rapidamente para o lado das correla¸c˜oes, para volumes inferiores a 3.403˚A3.

Na figura 4.5 e 4.6 podem observar-se, para cada um dos ´atomos CoI, CoII e N , as

densidades de estados projectadas nas configura¸c˜oes ferromagn´etica e na paramagn´etica, calculadas nos volumes de equil´ıbrio. A densidade de estados da configura¸c˜ao n˜ao po-larizada (figura 4.6) apresenta um m´aximo acentudado no n´ıvel de Fermi. Atendendo `

a teoria de Stoner do ferromagnetismo de bandas [28], qualitativa neste contexto, este m´aximo ´e indicativo da instabilidade do sistema na configura¸c˜ao degenerada de spin. Esta instabilidade ´e confirmada pelos resultados obtidos nas configura¸c˜oes magn´eticas, como se pode ver na figura 4.5.

Na tabela 4.1 pode ver-se a transferˆencia de carga por f´ormula que ocorre entre os ´atomos na configura¸c˜ao ferromagn´etica. Por f´ormula Co4N , s˜ao transferidos 1, 12

electr˜oes dos ´atomos de cobalto para os ´atomos de azoto, dos quais, 1.038 s˜ao proveni-entes dos ´atomos CoII, o que indica que as liga¸c˜oes CoII − N tˆem car´acter covalente.

(33)

0 2 0 0 4 0 0 6 0 0 8 0 0 1 0 0 0 1 2 0 0 1 4 0 0 1 6 0 0 1 8 0 0 - 5 6 2 8 , 6 6 0 - 5 6 2 8 , 6 5 5 - 5 6 2 8 , 6 5 0 - 5 6 2 8 , 6 4 5 - 5 6 2 8 , 6 4 0 0 4 0 0 8 0 0 1 2 0 0 1 6 0 0 - 5 6 2 8 , 6 5 8 4 5 0 - 5 6 2 8 , 6 5 8 4 0 0 - 5 6 2 8 , 6 5 8 3 5 0 - 5 6 2 8 , 6 5 8 3 0 0 - 5 6 2 8 , 6 5 8 2 5 0 - 5 6 2 8 , 6 5 8 2 0 0 - 5 6 2 8 , 6 5 8 1 5 0 E n e rg ia ( H a ) N ú m e r o s d e p o n t o s k N ú m e r o s d e p o n t o s k E n e rg ia ( H a )

Figura 4.2: Energia por c´elula unit´aria em fun¸c˜ao do n´umero de pontos k da malha de integra¸c˜ao. Pontos localizados na 1a zona de Brillouin.

1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 - 5 6 2 8 , 6 6 - 5 6 2 8 , 6 4 - 5 6 2 8 , 6 2 - 5 6 2 8 , 6 0 - 5 6 2 8 , 5 8 C o n f ig . n ã o p o la r iz a d a C o n f ig . p o la r iz a d a E n e rg ia ( H a ) V o lu m e m é d io p o r á t o m o d e c o b a lt o ( A3)

Figura 4.3: C´alculo dos volumes de equil´ıbrio. Os m´ınimos, indicados com setas, cor-respondem a 12.97 ˚A3 (Lmin = 3.73 ˚A) para a configura¸c˜ao polarizada e 12.56 ˚A3

(34)

6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 0 , 0 0 , 5 1 , 0 1 , 5 2 , 0 m om en to m ag né tic o po r á to m o ( µ B ) µ( C of c c e le m e n t a r) = 1 . 6 3 0µB µe q1 = 1 , 8 9 9µB µe q 2 = 1 , 4 5 5µB C oI C oI I V o lu m e m é d io p o r á t o m o d e c o b a lt o ( A3)

Figura 4.4: Momentos magn´eticos dos ´atomos de Co nos diferentes locais, em fun¸c˜ao do volume m´edio por ´atomo. As setas correspondem ao volume de equil´ıbrio calculado para a configura¸c˜ao polarizada - 1 0 - 5 0 5 - 1 0 - 8 - 6 - 4 - 2 0 2 4 6 8 1 0 D O S ( e V -1 ) E - E F( e V ) 3 C o I I C o I N

(35)

- 1 0 - 5 0 5 0 2 4 6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0 - 1 0 1 0 1 0 2 0 D O S (e V -1 ) E - E F( e V ) 3 C o I I C o I N D O S (e V -1) E - E F( e V )

Figura 4.6: Densidade de estados do Co4N - configura¸c˜ao paramagn´etica

´

Atomo Transfˆencia de carga (e−) CoI −0.082

CoII −0.346 (×3)

N +1.121

Tabela 4.1: Transferˆencia de carga por f´ormula.

ligados ao azoto. A transfˆencia de carga dos ´atomos de cobalto para os ´atomos de azoto reflete a diferente electronegatividade dos elementos Co e N . Na escala de Pauling a electronegatividade destes elementos ´e 3.04 (N ) e 1.88 (Co).

Na figura 4.5 pode ver-se que, no fundo da banda de valˆencia, entre −10eV e −5eV , a densidade de estados ´e dominadas pelas orbitas 2p do azoto que coalescem essecialmente com as orbitais 3d dos ´atomos CoII. Tendo em conta a carga trocada entre os ´atomos,

esta regi˜ao da densidade de estados corresponde a uma forte liga¸c˜ao covalente σ. A restante extens˜ao da banda de valˆencia, na qual os estados do azoto s˜ao essencialmente inexistentes, corresponde `a interac¸c˜ao met´alica fortemente ligante CoI−CoII que domina

a estabilidade do nitreto. As densidades de estados mostram que a liga¸c˜ao CoI− N ´e

muito fraca - os ´atomos CoIlocalizados nos v´ertices n˜ao s˜ao quimicamente afectados pelos

´

atomos de azoto. Os estados 3d no n´ıvel de Fermi s˜ao de natureza n˜ao ligante e s˜ao os respons´aveis pelo desdobramento energ´etico das spin-orbitais e consequente polariza¸c˜ao do estado.

A densidade de estados no n´ıvel de Fermi ´e bastante baixa na configura¸c˜ao polarizada (figura 4.5), o que aponta para a existˆencia de ferromagnetismo forte neste composto, tal como acontece no cobalto elementar. A inclus˜ao de ´atomos de azoto na rede n˜ao alterou o car´acter ferromagn´etico do material.

(36)

4.1.1

Substitui¸

ao de Co

I/II

por metais de transi¸

ao

Nesta sec¸c˜ao ser´a estudado o efeito da substitui¸c˜ao de um ´atomo CoI/II por um ´atomo

de um metal de transi¸c˜ao com valˆencia 3d nas propriedades magn´eticas e estruturais do nitreto, seguindo uma linha de investiga¸c˜ao publicada recentemente sobre o estudo das propriedades magn´eticas do F e4N [29]. Pretendeu-se investigar no trabalho referido se

´

e poss´ıvel, atrav´es da dopagem do F e4N com metais de transi¸c˜ao, aumentar o momento

magn´etico por c´elula. No trabalho presente pretendeu-se estender este estudo ao Co4N .

A motiva¸c˜ao destes estudos prende-se com a necessidade de alguns setores da ind´ustria em materiais com elevada magnetiza¸c˜ao vol´umica.

Os crit´erios de convergˆencia fixados nos c´alculos foram os mesmos que os fixados nos c´alculos do Co4N estequim´etrico. Os ´atomos CoI localizados nas faces e os ´atomos

CoII localizados nos v´ertices foram substitu´ıdos por ´atomos de metais de transi¸c˜ao 3d

M n, F e e N i, e foram calculadas as propriedades magn´eticas e estruturais do estado fundamental para cada uma das ligas resultantes M TI/IICo3N . De notar que apesar de a

introdu¸c˜ao de dopantes na posi¸c˜ao II manter equivalentes os ´atomos de cobalto situados nas faces, algumas das simetrias de rota¸c˜ao e reflex˜ao da rede fcc s˜ao quebradas, facto naturalmente tido em conta nas simula¸c˜oes. Como estas estruturas s˜ao relativamente simples foi, por simplicidade, considerada apenas a simetria de translac¸c˜ao da rede nas simula¸c˜oes realizadas com os ´atomos dopantes a ocupar as posi¸c˜oes II e portanto, a malha utilizada na integra¸c˜ao num´erica no espa¸co rec´ıproco abrangeu toda a primeira zona de Brillouin, irredut´ıvel neste caso. Foi tamb´em estudada a estabilidade relativa das fases dopadas em fun¸c˜ao da posi¸c˜ao ocupada pelo ´atomo dopante e do alinhamento magn´etico entre os momentos ´atomicos dos ´atomos de cobalto e dos ´atomos dopantes.

Na figura 4.7 pode ver-se para cada um dos metais de transi¸c˜ao, o custo energ´etico por f´ormula de deslocar um ´atomo dopante situado no v´ertice para uma das posi¸c˜oes nas faces. Verifica-se que para os trˆes dopantes considerados este deslocamento custa energia. No caso do M n e do F e, os ´atomos dopantes tˆem uma preferˆencia ligeira em ocupar posi¸c˜oes nos v´ertices. ´E importante enfatizar que o deslocamento dos ´atomos de uma posi¸c˜ao para outra requer que sejam dobradas barreiras de energia livre dif´ıceis de quantificar com as ferramentas de c´alculo dispon´ıveis. O facto de uma posi¸c˜ao na rede ser ligeiramente favorecida energeticamente n˜ao significa que uma fase com ´atomos em ambas as posi¸c˜oes seja inst´avel. Portanto, os resultados simulacionais sugerem que as ligas M T Co3N com M T = F e, M n sejam est´aveis com ´atomos dopantes a ocupar ambas

as posi¸c˜oes I e II. No caso do N i constata-se que h´a uma grande preferˆencia em ocupar as posi¸c˜oes nos v´ertices. As simula¸c˜oes indicam que uma liga formada com este dopante dever´a ser est´avel apenas se os ´atomos N i ocuparem posi¸c˜oes nos v´ertices da c´elula.

Nas figuras 4.8 e 4.9 pode ver-se que a adi¸c˜ao de M n e F e faz aumentar conside-ravelmente o momento magn´etico por c´elula da liga. Caso os ´atomos dopantes estejam localizados nos v´ertices, este aumento ´e de cerca de ∼ 2µB por f´ormula no caso do M n

e ∼ 1.2µB por f´ormula no caso do F e. Caso os dopantes estejam localizados nas faces,

o aumento do momento magn´etico ´e menor: ∼ 0.7µB por f´ormula no caso do M n e

∼ 0.6µB por f´ormula no caso do F e. A dopagem do Co4N com N i faz baixar o momento

magn´etico por c´elula independentemente da posi¸c˜ao ocupada pelo ´atomo. Em todos os dopantes considerados, o alinhamento ferromagn´etico entre os momentos at´omicos resul-tou energeticamente favorecido sobre o alinhamento antiferromagn´etico.

´

Imagem

Figura 3.1: F e(bcc): Energia por ´ atomo em fun¸c˜ ao do volume da c´ elula primitiva
Figura 3.2: F e(bcc): Energia por ´ atomo em fun¸c˜ ao do volume da c´ elula primitiva
Figura 3.4: F e(f cc): Energia por ´ atomo em fun¸c˜ ao do volume da c´ elula primitiva
Figura 3.5: F e bcc , F e f cc : momento magn´ etico por ´ atomo em fun¸c˜ ao do parˆ ametro de rede
+7

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

O score de Framingham que estima o risco absoluto de um indivíduo desenvolver em dez anos DAC primária, clinicamente manifesta, utiliza variáveis clínicas e laboratoriais

São por demais conhecidas as dificuldades de se incorporar a Amazônia à dinâmica de desenvolvimento nacional, ora por culpa do modelo estabelecido, ora pela falta de tecnologia ou

Observa-se que as pesquisas mencionadas no Quadro 1 não apresentam aspectos que digam respeito ao estudo do periódico eletrônico como veículo

Segundo Éric Laurent, a psicose ordinária se caracteriza pela não resposta aos significantes-mestres tradicionais, manifestando o fim do poder do Nome-do-Pai como

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Note on the occurrence of the crebeater seal, Lobodon carcinophagus (Hombron & Jacquinot, 1842) (Mammalia: Pinnipedia), in Rio de Janeiro State, Brazil.. On May 12, 2003,

4.5 Conclusões: Este trabalho mostrou um modelo criado para representar uma linha de transmissão monofásica através de uma cascata de circuitos π, cujos parâmetros longitudinais