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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO

Monitoria - Contrato de abertura de crédito em conta corrente - cheque especial. Ação julgada extinta porque os demonstrativos não apresentam a evolução da dívida. Foi determinado pelo Juízo monocrático que o autor apresentasse de demonstrativo que indicasse pormenorizadamente a evolução do débito. Tais documentos foram protocolados no prazo concedido pelo Juiz de primeiro grau, mas foram juntados aos autos após a prolação da r. sentença. Dado provimento ao recurso.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de APELAÇÃO CÍVEL N. 1.321.874-7, sendo apelante BANCO NOSSA CAIXA S/A e apelado ALDO JORGE SOUZA GUIMARÃES.

Acordam, em 24a. Câmara A, do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por votação unânime, DAR PROVIMENTO ao recurso, COM OBSERVAÇÃO de conformidade com o relatório e voto da Relatora, que ficam fazendo parte integrante do acórdão.

Vistos.

Trata-se de apelação interposta em ação monitoria que BANCO NOSSA CAIXA S/A move contra ALDO JORGE SOUZA GUIMARÃES, tendo por objeto a cobrança da quantia de R$

1.468,21 que representa o valor atualizado e acrescido de juros até 21/07/2003, relativo a inadimplemento no contrato de abertura^de crédito rotativo em conta corrente firmado entre as partes em 09/05/2001 , i j

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Ao relatório da r. sentença de fls. 82/83, acrescento que a ação foi julgada extinta sem exame do mérito, com base no artigo 267, IV, combinado com ao artigo 283 e 284, todos do CPC. Foi o autor condenado ao pagamento das custas e despesas processuais e honorários advocatícios de 20% sobre o valor atualizado da causa.

O autor apelou da r. sentença (fls. 118/125) sustentando que: a) por duas vezes fora certificado, erroneamente, que o autor juntou documentos fora do prazo, ocorrendo que os mesmos foram juntados através do sistema de protocolização integrada, portanto, o autor praticou a juntada no prazo; b) a exordial foi instruída com todos os documentos necessários para a propositura da ação monitoria; c) não há que se falar em "bis in idem". Requer a reforma da r. sentença, para determinar a volta dos autos à instância de origem, para que a causa seja regularmente processada.

O apelado apresentou contra-razões de apelação, sustentando que deve ser mantida a r. sentença (fls. 130/135).

É o relatório.

A ação monitoria se fundamenta em contrato de crédito bancário - abertura de crédito em conta corrente (cheque especial).

O procedimento escolhido (ação monitoria) é,

em princípio, adequado para a cobrança do valor relativo a contrato de

abertura de crédito em conta corrente - cheque especial.

Com efeito, em virtude de modificação de posicionamento do Colendo Superior Tribunal de Justiça e da edição da Súmula 233 por tal Egrégio Tribunal, firmou-se o entendimento de que o contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato de conta-corrente não é título executivo.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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O contrato de abertura de crédito, acompanhado do demonstrativo do débito é considerado como título hábil para o ajuizamento de ação monitoria.

A respeito da prova para exercitar a ação monitoria, esclarece Francisco Fernandes de Araújo que:

"A prova para exercitar a ação monitoria poderá ser constituída por qualquer documento, público ou particular, criado, firmado ou reconhecido pelo devedor ou alguém por ele, certidão de assentos de entidade pública ou de atos processados em Juízo e que demonstrem a existência da obrigação, documentos extraídos de assentos de escritura mercantil do credor, relativos a fornecimento de mercadorias ou a prestação de serviços de qualquer

natureza etcn (Ação monitoria, Ed. Copola, 1995, p. 46).

O STJ já firmou entendimento, na Súmula 247, de que "o contrato de abertura de crédito em conta corrente,

acompanhado de demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitoria". No mesmo sentido: RSTJ 129/277.

Jurisprudência sobre esta Súmula se encontra em RSTJ 144/275.

Sobre o assunto manifesta-se a jurisprudência:

"Ementa; Ação Monitoria - Contrato de Abertura de Crédito - Viabilidade do remédio Eleito - Ausência de interesse do autor por dispor ele da execução. Preliminar afastada.

Pairando dúvida acerca da caracterização do contrato de abertura de crédito (cheque especial) como título executivo extrajudicial, inclusive no seio da jurisprudência, é facultado ao credor o emprego da ação monitoria.

Recurso Especial conhecido e provido para afastar o decreto de carência"

(Recurso Especial n. 146.511 - Minas Gerais, da Colenda 4a. Turma do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em que foi Relator o Ministro Barros

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Monteiro em 23.11.98, tendo participado do julgamento também os Ministros César Asfor Rocha, Ruy Rosado de Aguiar e Sálvio de Figueiredo Teixeira).

Ainda na mesma esteira: RSTJ 129/277. STJ-3a. Turma, REsp. 203. 768-RS, Rei. Min. Menezes Direito, j . 16.12.99, deram provimento, v.u., DJU 08.03.2000, p. 107; JTJ 211/56 (citados por Theotonio Negrão e José Roberto F. Gouvêa, em nota n. 9 ao art. 1102a - Código de Processo Civil e legislação Processual em vigor, Ed. Saraiva, 2005, 37a. ed., p. 989).

Também sobre o tema:

nSe os extratos bancários, a ficha cadastral e o cartão de assinaturas

demonstram a presença de relação jurídica entre credor e devedor e denotam indícios da existência do débito, mostram-se hábeis a instruir a ação monitoria" (STJ-RT 774/223) (Theotonio Negrão, nota 7a. ao art. 1102a, op.

cit, p. 948).

Por sua vez, Theotonio Negrão e José Roberto F. Gouvêa na obra "Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor, Ed. Saraiva, 38a. ed., 2006, p. 1020) esclarecem, em nota n. 9 ao art. 1102a que:

"Pairando dúvida acerca da caracterização do contrato de abertura de crédito (cheque especial) como título executivo extrajudicial, inclusive no seio da jurisprudência, é facultado ao credor o emprego da ação monitoria" (RSTJ 144/277), Nmesmo sentido: RSTJ 129/277, STJ-RTJ165/190; STJ- 3a.

Turma,, Resp. 203.768-RS, Rei. Min. Menezes Direito, j . 16.12.99, deram provimento, v.u., DJU 08.03.2000, p. 107; RT 788/265; JTJ211/56).

Constata-se que a ação monitoria necessita de documento público ou particular que justifique o crédito.

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Resta examinar se no caso em tela o contrato e os extratos juntados podem ser considerados como documentos hábeis para embasar a presente ação monitoria.

No caso ora em exame, entretanto, a vestibular foi instruída com o instrumento contratual datado de 09.05.2001 (fls. 05). mas não foi acompanhada dos extratos de conta corrente de forma adequada.

Com efeito, o autor apresentou demonstrativo do débito, demonstrativo este que indicou que em 09.05.2002 havia um saldo devedor de R$ 1.130,72.

Ora, não está demonstrado como o banco autor chegou ao valor devido e denominado "saldo anterior" no demonstrativo de fls. 17.

Assim sendo, não se pode reputar que o demonstrativo do débito juntado com a inicial seja hábil a ensejar a presente ação monitoria.

Oferecidos os embargos com menção à referida falha da inicial (já que os réus sustentavam que havia contratos anteriores e que não tinha sido apresentado toda a relação jurídica entre as partes e os valores efetivamente devidos), o autor se restringiu a defender a regularidade da peça inicial e dos documentos que a instruíam, nada fazendo para detalhar os lançamentos realizados na conta corrente e que segundo o autor atingiram o valor do saldo devedor por ele apontado. Ora, teve o autor a oportunidade, ao responder os embargos, de complementar os extratos que havia juntado com a inicial e nem mesmo na fase de resposta aos embargos efetuou tal complementação.

E no despacho de fls. 79 foi determinado expressamente que: "em improrrogáveis trinta dias, pena de preclusão, junte

a autora os documentos necessários à comprovação da extensão do débito 5

Apelação Cívci n° 1.321.874-7 - Voto n° 224

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cobrado e sua respectiva evolução, em especial os extratos da conta bancária correspondente ao contrato apresentado com a inicial. Juntada a documentação determinada, diga o réu e, após, conclusos. Não juntada a documentação determinada, certifique-se e venham conclusos os autos" (fls.

79). Tal despacho foi proferido em 25.11.2003 (fls. 79), tendo sido publicado pela imprensa oficial em 16.12.2003 (terça-feira) e circulado na cidade de Itajobi em 16.12.2003 (fls. 80).

O prazo para apresentação de tal documentação se escoaria em 27.02.2004 (sexta-feira), considerando-se o seguinte.

O prazo fluiu normalmente de 17.12.2003 a 20.12.2003. O prazo se suspendeu no período de 21 de dezembro/2003 a 31 de dezembro/2003, em virtude de Provimento n. 553/96 do Conselho Superior de Magistratura do Egrégio Tribunal de Justiça que prevê a suspensão de prazos de 21 de dezembro/2003 a 31 de dezembro/2003 (art. Io., parágrafo

único). Não fluiu, também o prazo durante o período de feriados forenses, compreendido de 02 de janeiro até 21 de janeiro de 2004, em virtude de Provimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Provimento n. 749/2000). O prazo voltou a correr em 01.02.2006 (segunda-feira) e se escoou somente em 27.02.2004 (sexta-(segunda-feira).

Segundo o artigo 178, do CPC, o prazo estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados.

"Os prazos não se suspendem nem se interrompem em razão de feriados, ainda que contínuos, apenas ficam prorrogados para o primeiro dia útil subsequente (art. 184). Nesse sentido: RTJ 106/632, 113/924, 115/486, 116/828, 119/804; STF-RT 643/202; RJTJESP 91/220, RF 298/190, JTA 86/439/' (Theotonio Negrão e José Roberto F. Gouvêa, Código de Processo,

Civil e Legislação Processual em Vigor, Ed. Saraiva, 38a. ed., 2006, p. 281).

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

E no período de 22 de janeiro até 31 de janeiro de 2004, em virtude de disposição legal sobre o assunto (vigente à

época), somente tinham seu curso as ações que corriam durante as férias forenses, o que não se dava com a ação monitoria, tendo em vista o disposto no artigo 173 do CPC.

Lembro que a extinção das férias forenses ocorreu somente após a reforma do Poder Judiciário e entrada em vigor do artigo 93, XII da Constituição Federal, com sua nova redação dada pela Emenda Constitucional 45, publicada em 8.12.2004.

O banco autor apresentou o demonstrativo do débito através de petição protocolada em 18 de fevereiro de 2004 (fls. 86), ou seja, dentro do prazo legal, ao contrário do que tenta argumentar a ré-apelada. Por sua vez, a r. sentença de fls. 82/83 não pode subsistir, pois o demonstrativo do débito foi protocolado no prazo concedido no r. despacho de fls. 79, embora tenha sido juntada aos autos após a prolação da r. sentença.

Foi apresentado de forma adequada o demonstrativo do débito (fls. 86/113), a fim de que o Juízo pudesse aferir acerca da verdadeira extensão da dívida e até mesmo sua existência.

Assim sendo, deve ser reformada a r. sentença.

Ressalto, por fim, que não é possível julgar, na presente fase processual, o mérito da demanda, utilizando-se do artigo 513, parágrafo 3o, do CPC, pois o demonstrativo do débito (embora tenha sido protocolado tempestivamente pelo protocolo integrado como já visto acima) somente foi juntado aos autos após a sentença e não foi dada a oportunidade à ré de se manifestar especificamente sobre tal memória pormenorizada da dívida. Há necessidade de que seja concedido prazo para a ré se manifestar sobre o demonstrativo do débito e somente então possa ser decidido acerca do

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{Si*-posterior andamento do feito, com dilação probatória ou julgamento antecipado, se o caso.

Diante do exposto, DÁ-SE PROVIMENTO ao recurso, para anular a r. sentença, pelos motivos aqui expostos. Fica observado que deverá ser concedido prazo à ré para se manifestar sobre o demonstrativo do débito que se encontra às fls. 86/113 e somente após haver o prosseguimento do feito, como de direito.

Presidiu o julgamento a Desembargadora ANA DE LOURDES PISTILLI e dele participaram os Desembargadores CLÁUDIA DE LIMA MENGE e OLAVO SÁ PEREIRA DA SILVA.

São Paulo, 29 de setembro de, 2006. FLORmiARIANESI TOSSI SILVA

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