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Prontos para fazer história

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Academic year: 2021

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Prontos para fazer história

U beraba terá praticamente um time próprio na Paralimpíada do Rio de Janeiro. Quatro atletas e três técnicos da Adefu (Associação dos Deficientes Físicos de Uberaba) foram

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convocados e integrarão a Seleção Brasileira. São três na bocha (o atleta José Carlos Chagas, a técnica Janaína Pessato Jerônimo e o auxiliar Nivaldo Vital) e quatro no atletismo, mais precisamente no lançamento de dardo (o auxiliar Higor Fiorine e os atletas José Humberto Rodrigues, Raíssa Machado e Poliana Sousa).

Os Jogos Paralímpicos acontecem de 7 a 18 de setembro. A delegação da Adefu viajou para São Paulo no último dia 21, para a última etapa de treinamentos. No dia 4 de setembro, essa turma vai para a cidade-sede das competições. O retorno pode ser com resultados históricos, considerando que os atletas têm chances reais de pódio.

Zeca: para superar Londres

A bocha é um dos esportes exclusivos do programa paralímpico. É aquele jogo em que o participante tem que jogar as bolas o mais próximo possível da esfera branca alvo (Jack). José Carlos Chagas compete na classe BC1 (as classes são definidas de acordo com a deficência). Essa será a segunda Paralimpíada do Zeca. Em Londres-2012, ele chegou às semifinais, ficando em quarto lugar.

Zeca tem os movimentos e a fala comprometidos por causa da falta de oxigenação no cérebro no nascimento. Mesmo assim, consegue se expressar. E deixa claro o objetivo no Rio: dessa vez, quer medalha.

Medalha é o que não falta em sua carreira. Entre as principais, estão as duas de ouro no Parapan de Toronto,

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Canadá, em 2015, na disputa individual e por equipes. Do Parapan de 2011, tem uma de bronze. Da Copa América de 2013, mais dois ouros.

Junto com José Carlos estará a dupla Janaína e Nivaldo. Janaína já esteve em inúmeras competições internacionais como técnica do Brasil. Dessa vez, a Seleção terá quatro treinadores, sendo três técnicos (entre eles a Janaína) e um chamado coach principal.

Nivaldo também já tem muita experiência como staff. A função é dar apoio a um atleta específico durante as competições. Essa denominação e a exclusividade agora foram deixadas de lado e ele vai como auxiliar-técnico.

Para Janaína, José Carlos e o Brasil têm grandes chances de medalha nas disputas por equipes e pares. A “briga” será pelo pódio também no individual. Para isso, Zeca treina diariamente.

A técnica ressalta o quanto o esporte é importante para qualquer pessoa, especialmente os deficientes. “O esporte mostra a capacidade deles. Eles não disputam porque têm uma deficiência, mas porque têm uma função, têm potencial”.

A disputa da bocha no Rio-2016 ocorre entre os dias 10 e 16 de setembro.

Vencedora desde que nasceu

A primeira vitória de Raíssa Rocha Machado foi quando nasceu. A paralisia tirou os movimentos das pernas, mas não a obstinação e a vontade de viver – e vencer.

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Aos 19 anos, Raíssa já tem conquistas importantes no dardo. Foi bronze no Parapan do Canadá e prata no Mundial do Catar, ambas em 2015. Baiana de nascimento, se diz “uberabense de coração” e tem o jeito “mineirinho”.

“Não sou de falar, sou de fazer. No Mundial, eu não entendia nada do que as ‘gringas’ falavam, mas pelo olhar eu percebia que estavam desdenhando, porque sou miudinha e elas todas grandes, fortes. É sempre assim: falam que não vou conseguir, fico calada, vou lá e faço”. Nesse caso, o que ela fez foi o melhor lançamento da carreira, de 18,82 metros.

Mas no início Raíssa nem queria saber de esporte. Nas aulas de Educação Física, ficava no canto dela. “Eu gostava era de dança. Mas aí a professora Valéria me chamou para a ginástica, que eu achava bonito. Gostei, mas acabei começando na corrida”, recorda. Nem sempre a jovem tinha disposição para acordar cedo para as competições. Valeu a insistência do professor Rones. “Ele dizia; ‘você vai sim’ e passava em casa para me buscar”, conta.

Além da corrida, Raíssa passou a praticar arremesso de peso e lançamento de dardo e disco na Adefu, e em todas as modalidades teve bons resultados. A carreira “explodiu” em 2013. “Eu não gostava de treinar, mas fui para uma competição internacional e ganhei duas medalhas. Gostei do negócio e passei a me dedicar mais”.

Apesar de tantas conquistas importantes, a vida dela está longe de ser de uma estrela do esporte. Ganha o “Bolsa Pódio” para poder se dedicar exclusivamente à carreira, mas ainda espera que os atletas paralímpicos tenham mais apoio.

Sobre a expectativa para os Jogos do Rio, ela mostra confiança. “As dificuldades são muitas pela diferença de estrutura e experiência das outras atletas, mas vou lutar e me esforçar para trazer uma medalha para nossa cidade”.

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Raíssa compete no Rio-2016 no dia 10 de setembro.

Recordista das Américas

José Humberto Rodrigues, o Batata, sempre gostou de esporte. Era jogador do futebol amador antes de sofrer um acidente de trabalho em 2007. Uma gaiola despencou em uma obra e mudou a vida dele para sempre.

Com o apoio principalmente da esposa e dos dois filhos, Batata conseguiu seguir em frente. Em 2008, entrou para a Adefu praticando o basquete em cadeira de rodas. Mas após alguns meses migrou para o atletismo. “O basquete é um esporte muito caro e para chegar a um nível alto de competição é mais difícil que no atletismo, que é um esporte individual”, diz ele, deixando claro que gosta de desafios e de estar entre os melhores.

O convite para o atletismo veio do então técnico Loreno Kikuchi (que também estará na Paralimpíada, mas como árbitro de bocha). Logo nas primeiras competições Batata se sobressaiu e conquistou títulos. Foi o impulso imediato para se firmar na carreira. Outra coisa que o incentivava eram as viagens. Conheceu diversos locais bacanas, no Brasil e no mundo, por causa do esporte.

Embora tenha se destacado em outras modalidades do atletismo (o recorde brasileiro no arremesso de peso em sua classe é dele, com 25,53m), o uberabense passou a se dedicar exclusivamente ao dardo. O auge da trajetória aconteceu no ano passado: no Mundial de Atletismo Paralímpico em Doha, no Catar, conquistou a medalha de prata, com a marca de 28,33m,

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recorde das Américas.

A torcida é por mais vitórias na Paralimpíada, embora o atleta saiba que essa não é uma missão fácil. “Serão concorrentes do mais alto nível. Entretanto, venho treinando forte com os técnicos Higor, Gustavo e Douglas para conseguir uma medalha”. Batata não se omite quando o assunto é a falta de apoio aos esportes paralímpicos. “No ano passado Uberaba teve vice-campeões mundiais. Estamos indo a uma Paralimpíada. Mas parece que o poder público e até mesmo os empresários não se tocaram ainda, não perceberam a grandeza desses feitos”, desabafa.

As provas de Batata no Rio acontecem no dia 9 de setembro.

Quero vencer a maior adversária: eu mesma

Assim como José Carlos, da bocha, Poliana Sousa vai para sua segunda Paralimpíada. Ela já esteve em Pequim-2008. De volta à Seleção Brasileira, a atleta do dardo já tem traçados seus objetivos nos Jogos do Rio. “Minha expectativa é vencer a minha maior adversária, eu mesma. O que vier de resultado vai ser de muito proveito”, afirma.

A verdade é que de medalhas a coleção já está grande. Poliana é dona de vários títulos, inclusive inter-nacionais, e do recorde brasileiro de sua classe, com a marca de 13m49. A uberabense ficou paraplégica depois de um acidente no qual foi atropelada, com quatro anos de idade. Na Adefu, passou pela reabilitação e diversos esportes.

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Tal como os companheiros, Poliana critica a falta de apoio na área. “Hoje temos na Seleção Brasileira quatro atletas paralímpicos e infelizmente a população de Uberaba quase não sabe. Queremos ser valorizados como acontece nos e s p o r t e s c o n v e n c i o n a i s .

Precisamos sim de mais apoio para que possamos evoluir o esporte paralímpico cada vez mais na nossa cidade”, desabafa. Além da cobrança, Poliana não esquece o reconhecimento a quem sempre esteve com ela. Agradece a Adefu e aos seus patrocinadores, bem como a mãe e ao técnico Rodrigo Carlos. “Minha mãe me fez a mulher que sou hoje e é por ela que cheguei onde cheguei. Meu companheiro de todas as horas, meu treinador, acreditou em mim e nunca deixou que o desânimo tomasse conta de mim”, declara.

É claro que a atleta também deixa seu recado. Para todos os praticantes de esportes, ela cita uma frase de LeBron James: “Não tenha medo de falhar. Esse é o caminho para o sucesso”. As provas de Poliana na Paralimpíada serão no dia 13 de setembro.

Caçula torce por Brasil no “top 5”

O auxiliar-técnico Higor Fiorine é o “caçula” do time Adefu no R i o - 2 0 1 6 . T r a b a l h a n d o n a Associação desde 2012, essa é a segunda convocação dele para a Seleção, sendo que a primeira foi para período de treinamentos no início do ano.

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Para Higor, os Jogos Paralím-picos são o ápice da carreira de um desportista. “Apesar de os atletas da Adefu já terem participado de várias competições internacionais, inclusive o Mundial, a Paralimpíada tem um gostinho diferente, são várias moda-lidades reunidas em um evento, é um clima especial. E é ‘em casa’, o que aumenta a responsabilidade”.

O caçulinha acredita que o Brasil, em casa, deve ficar entre os sete melhores no ranking geral de medalhas. “A torcida é por um lugar no top 5”, comenta.

Feliz pela convocação de três representantes do atletismo da Adefu nos Jogos, Higor comenta que poderiam ser mais. “Temos mais dois ou três atletas com potencial. Por exemplo, o Kennedy Batista, que só compete há dois anos. Ele não tem classificação internacional porque, quando teve o Open, não conseguiu participar porque não tinha como pagar as despesas de viagem”.

O auxiliar endossa o coro que lamenta a falta de estrutura e de apoio da Adefu. “Os atletas treinam em uma praça adaptada, às vezes no meio de lixo. Durante muito tempo tínhamos só um dardo para todos os atletas. É uma peça cara e frágil”. Cerca de 20 atletas treinam na Adefu no atletismo, incluindo a corrida. “O esporte, antes da parte de competição, é uma forma de socialização e reabilitação e precisava de mais suporte”, finaliza, resignado.

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