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A assinatura do autor por FABIO HAICK DALLA VECCHIA:8708 é inválida. Estado do Paraná

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Estado do Paraná

APELAÇÃO CÍVEL 1.224.273-0, DA VARA CÍVEL E DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON.

APELANTES: LUIZ MAIA E OUTROS. APELADA: CLADIR FÁTIMA REGINATTO.

RELATOR: DES. FÁBIO HAICK DALLA VECCHIA.

EMENTA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. CONTRATOS PARTICULARES DE VENDA E COMPRA. VENDA EM DUPLICIDADE. ESCRITURA PÚBLICA SUPERVENIENTE. REGISTRO DE IMÓVEIS. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. LUCROS CESSANTES. INOCORRÊNCIA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. NÃO

COMPROVAÇÃO. RECONVENÇÃO. RESSARCIMENTO ALUGUERES. DESCABIMENTO. DANO MORAL. NÃO

OCORRÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. O princípio da anterioridade registral

determina que terá prioridade o registro que primeiro for apresentado ao Serviço Imobiliário, consoante o disposto no artigo 186 da Lei 6.015/73, circunstância que afasta a procedência do pedido inicial.

2. No Direito Imobiliário Brasileiro a propriedade se materializa com o registro de imóveis, nos moldes do artigo 1.245 do Código Civil: “Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”.

3. Para que seja configurado o dano moral

deve restar comprovado que quem o pleiteia sofreu sérios abalos a sua moral, não podendo estar adstrito ao mero dissabor.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de recurso de apelação cível 1.224.273-0, da Vara Cível e da Fazenda Pública da Comarca de Marechal Cândido Rondon, em que são apelantes Luiz Maia e outros, e apelada Cladir Fátima Reginatto.

RELATÓRIO

Trata-se de apelação cível interposta por Luiz Maia e outros, em face da sentença de fls. 262/267-TJ, que julgou parcialmente procedente os pedidos formulados pela autora e improcedente o pedido de reconvenção.

O Juízo singular determinou a reintegração de posse em favor da autora, condenando o réu ao ressarcimento de lucros cessantes, e, ainda, ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios no importe de R$ 700,00 (setecentos reais).

Nas razões recursais, os apelantes alegam em síntese, que: a) possuem o contrato particular de venda e compra anterior ao apresentado pela autora; b) posteriormente pactuaram a escritura pública de venda e compra, a qual foi objeto de registro imobiliário, sendo eles, portanto, os legítimos proprietários e agora possuidores; c) houve esbulho; d) não é o caso de pagamento dos lucros cessantes, e sim o caso de ressarcimento dos alugueres recebidos pela apelada; e) é passível de dano moral todo o constrangimento e transtorno causado pela autora; f) deverá a apelada ser condenada em litigância de má-fé, pois usou de manobras para convencer o Douto Juízo de primeiro grau.

Contrarrazões às fls. 299/307-TJ. É o relatório.

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VOTO

Presentes os requisitos de admissibilidade, merece ser conhecida a apelação cível.

Rememorando os fatos, a parte autora ajuizou demanda visando a reintegração de posse de imóvel por ela adquirido em 2002, via contrato particular de venda e compra, alegando que inicialmente lhe seria transmitida apenas a posse, e posteriormente seria celebrada a escritura pública de venda e compra, o que não ocorreu.

Em data de 20/6/2008, alegou ter sofrido esbulho possessório por parte dos réus, motivo pelo qual propôs a ação. Os apelantes, por sua vez, também apresentaram contrato particular de compra e venda do referido bem (fls. 123/125-TJ), datado de 7/4/1994, e escritura pública de compra e venda desse mesmo imóvel (fls. 83/85-TJ), datada de 27/5/2008, devidamente registrada no registro imobiliário competente (fls. 86/88-TJ).

Revela-se, assim, tratar-se a controvérsia sobre a propriedade do bem e não apenas sua posse, e as eventuais indenizações em decorrência desta.

DA AÇÃO

Preliminarmente

Os apelantes requerem em grau de recurso, a tutela antecipada visando a sua manutenção na posse do imóvel.

O pedido é inócuo, pois, considerando-se o indeferimento do pleito em relação à autora-recorrida (fls. 102/104-TJ), os apelantes já estão na posse do imóvel.

Exercício da posse e direito a propriedade

Inicialmente, verifica-se que a posse é um estado fático, conforme determina o artigo 1.196 do Código Civil: “Considera-se possuidor todo

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E, sendo a parte considerada possuidora de um determinado bem, têm ela o direito de proteger a sua posse, consoante o disposto no artigo 1.210 do Código Civil: “O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de

turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado”.

Em conjunto, deve ser analisado o artigo 926 do Código de Processo Civil: “O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e

reintegrado no de esbulho”.

No entanto, para exercer esse direito de posse, com o intuito de afastar eventual turbação ou esbulho possessório, caberá à parte autora provar, nos termos do artigo 927 do Código de Processo Civil: “Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de

reintegração”.

Embora a petição inicial traga esta ação como reintegração de posse, do que se extrai dos autos, versa o litígio acerca da expectativa da propriedade, manifestada pelos contratos particulares de venda e compra, exibidos pelos dois polos da demanda.

A parte ré possui contrato particular de venda e compra, datado de 1994, sendo, portanto, o possuidor mais antigo do bem. Já a parte autora possui contrato datado de 2002, o que o torna segundo possuidor.

E, posterior a isso, o réu com o antigo proprietário do bem celebrou escritura pública de venda e compra, a qual encontra-se devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis.

Em respeito ao princípio da prioridade, um dos princípios basilares do Direito Registral Imobiliário, prevalece a propriedade de quem primeiro registra o bem.

Nesse sentido, existe previsão expressa no Código Civil acerca da propriedade, no artigo 1.227 “Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos

referidos títulos, salvo os casos expressos neste Código”, e o artigo 1.245 “Transfere-se entre vivos a

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No caso em análise, a parte ré, além de ter um título possessório anterior ao da autora, também materializou sua posse em propriedade, por meio da escritura pública de venda e compra devidamente registrada no Serviço Imobiliário, o que afasta a discussão relativa à posse.

Vejamos julgado desse Tribunal de Justiça.

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA DE ANULAÇÃO DE ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL E DO RESPECTIVO REGISTRO. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA TRANSITADA EM JULGADO. POSTERIOR À CELEBRAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. DUPLICIDADE DE DOCUMENTOS DE COMPRA E VENDA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PRIORIDADE REGISTRAL. VERIFICADA A BOA-FÉ DO ADQUIRENTE. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO”.

(TJPR - 7ª C.Cível - AC - 663781-2 - Londrina - Rel.: D’artagnan Serpa Sa - Unânime - - J. 01.06.2010)

Motivo pelo qual prevalece a propriedade de quem primeiro registrou o bem. Assim, é de se acolher o pedido do recurso, afastando a ordem de reintegração de posse em favor da autora.

Lucros cessantes

Insurgem-se os recorrentes (réus na ação) contra a ordem contida na sentença de pagamento dos lucros cessantes devidos à autora.

Uma vez reconhecida a propriedade dos apelantes, e para tanto, afastado a determinação de reintegração de posse, concedida na sentença singular, deve ser refutada a condenação ao ressarcimento pelos lucros cessantes.

Devendo, portanto, ser alterada a sentença nesse ponto.

Por fim, diante da reforma da sentença de primeiro grau, reconhecendo a posse anterior do apelante, e, posterior, a propriedade decorrente da escritura pública de compra e venda devidamente registrada, a fim de evitar o enriquecimento ilícito (art. 884 do CC), faz-se mister determinar a restituição de perdas e danos referente aos impostos pagos, relativos à dívida

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executada pelo município, e as benfeitorias realizadas, a serem apuradas em fase de liquidação.

DA RECONVENÇÃO

Recebimento dos alugueres percebidos pela autora, e da litigância de má-fé

Os apelantes requereram, em reconvenção, a repetição dos valores percebidos a título de alugueres pela parte autora, sobre o fundamento de que esta dotada de má-fé invadiu o imóvel, recebeu alugueres e não realizou os reparos necessários no bem, deixando esse se deteriorar.

Do que se extrai dos autos, as atitudes da parte autora aproximam sua alegação do esperado pela pessoa de boa-fé, pois demonstram que ela não tinha conhecimento de nenhum pacto anterior ao seu contrato particular de venda e compra, e que sequer poderia ter, vez que nada havia anotado no registro imobiliário, nem mesmo alguma ressalva no contrato celebrado. E, consoante o que prescreve o artigo 1.201 do Código Civil: “É de boa-fé a

posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.”

Vejamos, acerca da boa-fé, o artigo 1.214 do Código Civil: “O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos”, e no que

tange à má-fé, o artigo 1.216, do mesmo Código: “O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em

que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio”.

Dotada de boa-fé, a apelada exerceu a posse sobre o imóvel, inicialmente de forma direita, e posterior à sua separação e à pactuação com seu ex-marido, de forma indireta, vez que efetuou sua locação, e, para tanto, recebeu os alugueres nesse período.

Como ambos possuem o instrumento particular devidamente assinado pelo vendedor, e nos autos não restou comprovado a coação alegada pelo proprietário anterior, verifica-se estarem autor e réu de boa-fé nos períodos em que exerceram a posse sobre o bem.

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Inclusive, na oportunidade da aquisição da posse pela parte autora, esta quitou todos os impostos incidentes sobre o bem, tais como, contas de luz atrasadas, IPTU, inclusive, baixou a penhora gravada na matrícula, o que afasta a alegação de má-fé.

Logo, é o caso de afastar a alegação de litigância de má-fé, e, em decorrência disso, não há que se falar em repetição dos valores percebidos a título de alugueres.

Dano Moral

Defendem os apelantes terem o direito a receber indenização pelo dano moral sofrido, devido a alegada invasão do imóvel pela parte autora, e todo o decorrente desse ato.

Para que seja configurado o dano moral deve restar comprovado que quem o pleiteia sofreu sérios abalos a sua moral, não podendo estar adstrito ao mero dissabor.

“APELAÇÃO CÍVEL - REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - ACIDENTE DE MOTO E VEÍCULO - CULPA EXCLUSIVA DA RÉ -- IRRESIGNAÇÃO QUANTO À IMPROCEDÊNCIA DA INDENIZAÇÃO REFERENTE AOS LUCROS CESSANTES E DANO MORAL - DANO MATERIAL - DEMONSTRAÇÃO DO CONSERTO DA MOTO COM RESPECTIVO RECIBO E TESTEMUNHO DO PROPRIETÁRIO DA OFICINA MECÂNICA - LUCROS CESSANTES NÃO COMPROVADOS - DANO MORAL NÃO CONFIGURADO - PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO - OCORRÊNCIA DE MERO DISSABOR DO COTIDIANO - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. APELAÇÃO DESPROVIDA”.

(TJPR - 9ª C.Cível - AC - 1274746-3 - Toledo - Rel.: José Augusto Gomes Aniceto - Unânime - - J. 27.11.2014)

No caso em análise, verifica-se que todos os atos praticados pela autora são decorrentes do exercício da posse, não havendo excessos, o que caracteriza mero dissabor, não sendo, portanto, o caso de condenação em danos morais.

Conclusão

Em relação ao pedido inicial, o pedido foi julgado parcialmente procedente, apenas para possibilitar, em posterior liquidação, a

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apuração das perdas e danos à autora, em relação aos impostos pagos, relativos à dívida executada pelo município, e às benfeitorias realizadas no imóvel. Quanto ao pedido da reconvenção o resultado é de total improcedência.

Assim, como a verba honorária foi fixada unicamente para ambas as demandas, em razão do resultado do recurso, é de se distribuí-la, na proporção de 80% a cargo dos réus e 20% a cargo da autora, observado o valor fixado na origem.

Em conclusão, voto pelo conhecimento e parcial provimento a apelação para manter os apelantes na posse do imóvel, afastando a condenação em lucros cessantes, condenando estes a restituir em favor da apelada perdas e danos.

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ACÓRDÃO

ACORDAM os Excelentíssimos Senhores Magistrados integrantes da Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em conhecer e dar parcial provimento a apelação para manter os apelantes na posse do imóvel, condenando estes a restituir em favor da apelada perdas e danos, nos moldes do voto, com alteração da sucumbência.

O julgamento foi presidido pelo Excelentíssimo Senhor Desembargador Luiz Sérgio Neiva de Lima Vieira, com voto, e dele participou, acompanhando o voto do Relator, a Excelentíssima Senhora Juíza Substituta em Segundo Grau, Dra. Vania Maria da Silva Kramer, Revisora.

Sala de Sessões da Sétima Câmara Cível, Curitiba, 28 de abril de 2015.

Fábio Haick Dalla Vecchia Desembargador Relator

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