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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Exatas, Arquitetura e Meio Ambiente Curso de Ciências Biológicas Trabalho de Conclusão de Curso

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Pró-Reitoria Acadêmica

Escola de Exatas, Arquitetura e Meio Ambiente

Curso de Ciências Biológicas

Trabalho de Conclusão de Curso

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE ATHENE CUNICULARIA

(AVES, STRIGIFORMES) EM AMBIENTE ANTROPIZADO DA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA E DA VILA

OLÍMPICA REI PELÉ DA SAMAMBAIA SUL, DF

Autor: Lucas Ferreira Rodrigues

Orientador: Prof. Dr.Rodrigo de Mello

Co-orientador: Dra. Vivian Ribeiro

Brasília - DF

2018

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LUCAS FERREIRA RODRIGUES

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE ATHENE CUNICULARIA (AVES, STRIGIFORMES) EM AMBIENTE ANTROPIZADO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA E DA VILA OLÍMPICA REI PELÉ DA SAMAMBAIA

SUL, DF

Artigo apresentado ao curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Ciências Biológicas.

Orientador (a): Prof. Dr.Rodrigo de Mello Co-Orientador (a): Dra. Vivian Ribeiro

Brasília – DF 2018

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho especialmente a minha mãe, dona Liduina Maria Ferreira Rodrigues. Sem ela eu não teria chegado até aqui.

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado a oportunidade da vida e a minha mãe pelo incentivo a buscar e lutar sempre para alcançar os meus objetivos.

Agradeço a minha irmã Giovanna por estar sempre comigo. Ao meu amigo Higor que me auxiliou e não me deixou desistir nos momentos mais difíceis de minha vida. Agradeço ainda aos amigos que fiz na Universidade Católica de Brasília (Nickson e Rayan), sem eles o meu caminho teria sido muito difícil e eu não teria conseguido chegar até aqui.

Agradeço ao meu orientador Rodrigo de Mello por ter tido muita paciência comigo e a minha coorientadora Vivian Ribeiro por ter aceitado o desafio de me auxiliar nesta etapa de minha vida.

De maneira geral, agradeço aos meus familiares, amigos e a todos que fizeram parte de minha graduação. Agradeço a Universidade Católica de Brasília por ter oferecido a mim, as melhores condições para a boa execução deste trabalho.

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EPÍGRAFE

“Não seja ingênuo! Coruja quando olha para o céu...Não está em busca de oração e sim da presa!”

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ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE ATHENE CUNICULARIA (AVES,

STRIGIFORMES) EM AMBIENTE ANTROPIZADO DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA E DA VILA OLÍMPICA REI PELÉ DA SAMAMBAIA SUL

LUCAS FERREIRA1, VIVIAN RIBEIRO2, RODRIGO DE MELLO3

Resumo:

A coruja-buraqueira (Athene cunicularia), é uma ave que pertence a ordem Strigiformes da família Strigidae. Em alusão ao hábito particular desta espécie, o epíteto cunicularia (do latim, “pequeno mineiro”) de seu nome científico por nidificarem em buracos cavados ou deixados por outros animais nos solos. São aves que costumam viver áreas abertas como campos, planícies, praias, aeroportos e áreas muito urbanizadas como a Vila Olímpica Rei Pelé localizada em Samambaia Sul, DF e também no campus universitário da UCB em Águas Claras, DF. Os objetivos deste estudo foram descrever comportamentos observando a forma que a espécie utiliza o habitat na presença de predadores incomuns ao seu habitat natural, e quais atributos auxiliam esta ave a permanecerem em ambiente antropizado. Foram monitorados dois ninhos de dezembro de 2017 a abril de 2018. Os dados comportamentais foram registrados e tabulados, os ninhos e indivíduos foram fotografados e filmados. As corujas deste estudo selecionaram locais de nidificação distintos. O casal da UCB escolheu nidificar no chão com árvores e arbustos próximos ao ninho, já o casal da Vila Olímpica escolheu nidificar em um declive com postes, rochas, cercas e placas próximas do ninho. Em cinco meses de monitoramento, observou-se que o grande tráfego de carros e pedestres, sugerindo que esse seja um ambiente urbanizado mais seguro e com vantagens ecológicas para a sobrevivência das corujas deste local. Já em Samambaia, a presença constante de gatos domésticos (Felis catus), um dos principais predadores em ambientes antrópicos, pode atrapalhar a sobrevivência das mesmas neste habitat.

Palavras-chave: Strigidae; recurso; etologia; nidificação; predador.

1. INTRODUÇÃO

O território brasileiro abriga uma grande diversidade de avifauna do mundo, totalizando mais de 1.900 espécies (PIACENTINI et al., 2015). Com mais de 4.800 espécies de plantas e vertebrados encontradas em nenhum outro lugar do mundo e abrangendo três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, este ecossistema que possui grande importância para a conservação de espécies e a provisão de serviços ecossistêmicos, perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal nativa, e apenas 19,8% permanecem inalterados (STRASSBURG et al., 2017). O Cerrado brasileiro está entre os grandes “hotspots” mundiais, devido a presença de espécies endêmicas e altos índices de biodiversidade, mas que sofre muito com a antropização (MYERS et al., 2000). Marini e

1 Aluno graduando em Ciências Biológicas da Universidade Católica de Brasília 2 Universidade de Brasília

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Garcia (2005), afirmaram que o Cerrado é o terceiro bioma mais rico do Brasil, com 837 espécies de aves.

O Cerrado encontra-se sob ameaça devido a extensão do agronegócio, desenvolvimento de infraestrutura, baixa proteção legal e os incentivos são limitados quando se trata da conservação deste ecossistema o que pode desencadear um episódio de extinção de significância global (STRASSBURG et al., 2017). Os incêndios que podem ser tanto naturais, como criminosos, e a falta de conscientização por parte da população são outros fatores que afetam este ecossistema (PENA, 2017). Além disso, a ocupação deste bioma acelera a diminuição da biodiversidade podendo transformar o Cerrado em deserto (PAPARELLI; HENKES, 2012).

O Distrito Federal, ocupa uma área de 5.782,80 km², e o Cerrado se estende por todo o território e restam apenas 37% da cobertura vegetal nativa; a porcentagem baixa se deve a antropização, a ocupação irregular, atividades irregulares de mineração e parcelamento irregular do solo; entre as áreas mais degradadas estão as Áreas de Proteção Ambiental (APA) do Paranoá, do São Bartolomeu, do Descoberto e do Cafuringa que são UCs (Unidades de Conservação) (PAPARELLI; HENKES, 2012).

As aves utilizam o canto para se comunicar, o seu habitat natural para demarcar território e construir seus ninhos e forrageiam em busca de recursos. O canto auxilia no estabelecimento de casais, na reprodução, no cuidado parental, podem ser usadas como alerta de predadores e ameaças (MARQUES, 2009).

A fragmentação de habitat e a presença de poluição sonora e luminosa, são associadas a modificações do canto matutino (SILVA et al., 2014). Outras consequências estão relacionadas com um maior número de colisões contra objetos, como: veículos, torres de transmissão, turbinas de energia eólica, rede elétrica e prédios (LONGCORE; RICH, 2004; VON MATTER, 2016).

Segundo Engels et al. (2014), as rotas de migração e as habilidades de orientação das aves ficaram comprometidas, beneficiando os predadores, pois suas presas não escutam sua chegada e acabam se tornando um alvo fácil. Perez (2017), afirma que a poluição sonora altera o comportamento reprodutivo das espécies, altera o canto de aves para que o emitam mais cedo, os pais podem não escutar ou reconhecer o chamado de seu próprio filhote, além disso, algumas espécies perdem o interesse de ficar próximo a grandes cidades.

Observando o comportamento da coruja buraqueira, é possível notar que os pais protegem com certa agressividade a prole e às tocas; enquanto os adultos emitem sons estridentes e sobrevoam o invasor, os filhotes se movimentam para dentro da toca; mas esses autores afirmam que é necessário um estudo aprofundado na observação comportamental para ratificar os achados (SANTOS et al., 2017).

Conforme descrito por Menq (2016):

A Ordem Strigiformes é composta pelas famílias Strigidae e Tytonidae. Essas aves ocorrem em praticamente todas as regiões do planeta, exceto na Antártica. Trata-se de um grupo com padrões bastante característicos de comportamento, morfologia e anatomia. A maioria são noturnas, possuem olhos grandes, contornados por discos faciais, asas largas, cauda curta e penas macias, resultando em uma excelente audição, visão, e um voo silencioso. A coloração é geralmente críptica, em tons que variam do marrom-escuro ao cinza-claro, camuflando-as na vegetação enquanto dormem durante o dia. O tamanho e o peso variam conforme a espécie. O tamanho entre os sexos é similar, sendo as fêmeas mais pesadas, com vocalizações mais graves e altas. Vivem solitárias ou aos pares; não constroem ninhos, normalmente aproveitam cavidades em árvores, fendas em áreas rochosas ou ninhos

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abandonados por outras aves para nidificar. No período reprodutivo costumam vocalizar com frequência, e devido aos hábitos predominantemente florestais e noturnos, são mais ouvidas do que vistas (ESTRELLA; RUBIO, 1993).

O gênero Athene possui quatro espécies: Athene noctua mede 21-23 cm e sua envergadura é de 54-58 cm; o macho pesa 162-177g, a fêmea pesa 166-206g; Athene brama mede 19-21 cm e pesa 110-115g; Athene blewitti mede 20-23 cm e chega ao peso de 241g; Athene cunicularia mede de 19-26 cem, o macho pesa 146,3g (A. hypogaea), 148,8g (A. floridana), 200,6g (A. nominate); a fêmea atinge 156,1g (A. hypogaea), 149,7g (A. floridana), 201,4g (A. nominate) (HOYO et al., 2014). Numa definição geral, são aves de pequeno porte, de coloração marrom salpicada de branco, com olhos amarelos e sobrancelhas claras. Espécies deste gênero podem ser encontrados em todos os continentes, menos na Austrália e Antártica (MENQ, 2011).

Este trabalho teve como objetivo geral, analisar o comportamento da coruja buraqueira, em ambiente antropizado da Universidade Católica de Brasília e da Vila olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul, observando a diferença na utilização do habitat, a disponibilidade de presas e a presença de predadores. Para tal, testou-se a hipótese de que o comportamento da coruja buraqueira presente na Universidade Católica de Brasília – UCB, seja mais intensa e agressiva quando comparada a da Vila Olímpica Rei Pelé, devido a um maior número de predadores potenciais. Tendo como justificativa de que a coruja buraqueira é uma ave de rapina que faz parte do topo da cadeia alimentar e auxilia no controle populacional de insetos e roedores, e isso a torna um bom modelo ecológico de estudo, além de ter uma grande importância para estudos etológicos.

2. REVISÃO DA LITERATURA

Ao longo das últimas décadas, alguns pesquisadores publicaram seus estudos a respeito do comportamento da coruja buraqueira, quase que simultaneamente, e observando praticamente os mesmos aspectos utilizados por essa espécie de coruja, complementando um o trabalho do outro.

Trabalhos clássicos da década de 1970 (COULOMBE, 1971; MARTIN, 1973; LOURENÇO 1975), mostraram estudos que analisavam a ecologia e o comportamento da coruja-buraqueira.

Na década de 1990 diversos autores (e.g., MARTINS; EGLER, 1990; (SOARES; SCHIEFLER; XIMENEZ, 1992; ESTRELLA; RUBIO, 1993; MOTTA 1998), descreveram os comportamentos de caça mais utilizados pela coruja-buraqueira em ambiente urbanizado e na praia. Além de descrever a alimentação, características e reprodução da coruja buraqueira.

Na década de 2000 Silva (2002; 2006), Xavier (2002), Braga (2006), descreveram o comportamento, a utilização do habitat e os recursos alimentares. Foi realizado também, uma revisão bibliográfica a respeito da coruja buraqueira, levando em consideração sua ecologia, comportamento e aspectos antrópicos que afetam a conservação desta ave.

Na década de 2010, foram descritas as principais atividades comportamentais da coruja-buraqueira, bem como a nidificação do habitat, atividade comportamental, sua alimentação e a presença da coruja buraqueira no bioma amazônico, além da sua classificação taxonômica (TUBELIS; DELITTI, 2010; PERILLO et al., 2011; TÁXEUS, 2011; MENEZES; LUDWIG, 2013; MENQ, 2016; GOMES; BARREIROS; SANTANA, 2013; SANTOS et al., 2017).

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A espécie Athene cunicularia possui a seguinte classificação taxonômica (Tabela 1): Tabela 1 – Classificação taxonômica da coruja-buraqueira

Categoria Táxon Reino Animalia Filo Chordata Classe Aves Ordem Strigiformes Família Strigidae Gênero Athene

Espécie Athene cunicularia

Nome popular Coruja-buraqueira

Fonte: Adaptado de Xavier (2002)

2.1 USO DO HABITAT

São aves generalistas, encontradas em ambientes abertos, pastagens, cerrados, restingas, campos naturais, campo limpo, planícies, praias, aeroportos, áreas urbanas como aterros, terrenos baldios em cidades, campos de futebol, jardins e aeroportos. É uma espécie terrícola, possui hábitos diurnos e noturnos, mas a sua maior atividade é durante o crepúsculo (BRAGA, 2006; WIKIAVES, 2008; TUBELIS; DELITTI, 2010; MENQ, 2011; PERILLO et al., 2011).

2.2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

Segundo Soares, Schiefler e Ximenez (1992), essa espécie ocorre do Canadá à Terra do Fogo. Possui ampla distribuição que vai da América do Sul a América do Norte. Segundo Gomes, Barreiros e Santana (2013), existem registros desta coruja na Amazônia, provavelmente ela esteja se beneficiando do desmatamento (XAVIER, 2002). No Distrito Federal possui ampla distribuição, e é possível encontrá-las em áreas urbanizadas.

2.3 HÁBITO E COMPORTAMENTO

A coruja-buraqueira comumente observada em ambientes antropizados, tentam procurar um local alto para pousar, assim que chegam ao destino ficam eretas (SOARES; SCHIEFLER; XIMENEZ, 1992). Costumam ficar sobre uma perna, o que é um comportamento diferente comparado as outras corujas. Os buracos são feitos com o auxílio dos pés e do bico, mas preferem se apossar de buracos abandonados por outros animais, além disso, utilizam essas cavidades para construir ninhos, descansar ou como uma forma de refúgio (MENQ, 2011). Podem estar sozinhas, acompanhadas do parceiro ou até mesmo em colônias quando há uma abundância de buracos e recursos alimentares, esse

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comportamento colonial pode estar sendo utilizado para se defender de possíveis predadores. Essas corujas possuem um hábito de carregar estrume para dentro de suas tocas, atraindo assim o besouro-do-estrume, facilitando a alimentação tanto da fêmea como a do macho, o mesmo não precisa se deslocar para caçar, protegendo o ninho de forma contínua. O esterco possui outra função, auxilia na manutenção da temperatura dentro do ninho. Como forma de proteção, coruja buraqueira emite um som bastante alto e estridente fazendo com que o intruso saiba que ela está perto. O som também pode ser um alerta para que a prole fuja e se proteja dentro do ninho. Os filhotes também possuem seu próprio som, eles emitem um barulho parecido com o chocalho de uma cascavel (XAVIER, 2002; WIKIAVES, 2008; PERILLO et al., 2011; SOARES; SCHIEFLER; XIMENEZ, 1992).

Essa espécie possui um fenômeno chamado de “querido inimigo”. Esse fenômeno ocorre quando um animal que é dono de um território, responde de forma menos agressiva a um intruso que é seu vizinho (conhecido) do que um que não seja seu vizinho (desconhecido). Esse comportamento pode ser observado em ambientes urbanos, com a grande presença dos humanos (SILVA, 2002).

Segundo Martins e Egler (1990), é possível analisar quatro tipos de comportamento de caça, são eles: caça do poleiro ao chão; caça no chão; caça peneirando e caça aérea. Estes autores destacam que na caça do poleiro ao chão, ou seja, quando a mesma se encontra pousada em montículos de terra, pedras, pedaços de troncos caídos (0,3 -1,5m de altura), a coruja localiza a presa no chão ao redor do poleiro, pousa a uma pequena distância e a apanha com o bico. Depois disso, a coruja retorna para o mesmo poleiro ou vai para um poleiro diferente. Essa tática é utilizada com maior frequência se comparada as outras três formas de caça.

Na caça no chão, a coruja estando no chão apanha com o seu bico uma presa que esteja próximo ou se desloca a uma pequena distância (0,5-1,5m) à procura das presas, ou persegue uma presa com uma série de voos curtos e rápidos. Essa tática é colocada em prática com menor frequência (MARTINS; EGLER, 1990).

Na caça peneirando, a coruja levanta voo e investiga o capim a uma distância de 1,0-1,5m, assim que a presa é localizada, a coruja projeta-se de forma vertical e captura sua presa com o bico, logo após pousar. Tática também, pouco utilizada por essa espécie (MARTINS; EGLER, 1990).

Na caça aérea, a coruja levanta voo de um poleiro ou do chão, captura a presa com o bico, ainda no ar, e retorna ao mesmo local de partida. Essa tática pode ser observada com bastante frequência (MARTINS; EGLER, 1990).

2.4 RECURSOS ALIMENTARES

Possui um hábito carnívoro-insetívoro, mas podem ser consideradas generalistas, pois consomem suas presas de acordo com a quantidade das mesmas nas devidas estações do ano. Em sua dieta estão incluídos: besouros, grilos e gafanhotos, aranhas, roedores, marsupiais, pequenas aves, anfíbios, alguns répteis e morcegos verdadeiros. Mas sua dieta é predominantemente de pequenos roedores (SILVA, 2006; WIKIAVES, 2008; MENQ, 2011; PERILLO et al., 2011; MENEZES; LUDWIG, 2013).

Para se livrar do conteúdo estomacal não digerido, como: carapaças de insetos, pelos, penas, escamas e ossos; as corujas-buraqueiras produzem regurgitações, denominadas de egagrópilas (MENEZES; LUDWIG, 2013).

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2.5 PREDADORES

Conforme Menq (2011), os principais predadores são: humanos, serpentes, cachorros, gatos. Existem outros predadores desta coruja, o Pulsatrix perspicillata, mais conhecido como murucututu; o Caracara plancus, conhecido como caracará e o Geranoaetus albicaudatus, conhecido como gavião-de-rabo-branco, incluem a coruja buraqueira em sua dieta (WIKIAVES, 2008).

2.6 CONSERVAÇÃO

Os strigiformes são sensíveis a degradação ambiental, o que acaba chamando a atenção para estudos futuros. O principal problema é a falta de informação das aves que compõem este grupo (XAVIER, 2002).

Segundo Xavier (2002), as corujas-buraqueiras sofrem perseguições e são caçadas constantemente por causa de superstições, relacionadas com a má sorte. Outros fatores perturbam os ninhos, bem como: vedação das tocas com tijolos ou paus, atropelamento por veículos automotores e o uso de inseticidas e raticidas, pois as corujas fazem parte do topo da cadeia alimentar e são contaminadas ao se alimentarem de roedores e insetos afetados pelos pesticidas. O crescimento das cidades também afeta a nidificação dessas aves, já que diminui as chances de encontrar um bom habitat. A coruja buraqueira tem grande importância no controle biológico, se alimentando de insetos e roedores, as corujas evitam uma explosão populacional.

A coruja buraqueira é uma ave que não corre risco de extinção, e pela lista da IUCN se encontra num estado de pouca ou nenhuma preocupação, até pelo fato de ser uma espécie muito abundante e bem distribuída (IUCN, 2016).

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 ÁREA DE AMOSTRAGEM

Para o presente estudo, foram analisados dois locais: Vila Olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul (Latitude: S15º53’22’’; Longitude: W048º06’51’’) e 1.173 metros de altitude, e Universidade Católica de Brasília (Latitude: S15°44'30,19"; Longitude: W047°54'09,32") com 1.216 metros de altitude.

Conforme descrito por Paparelli e Henkes (2012), o Distrito Federal sofre com a grande urbanização e o constante desmatamento. Tal afirmação corrobora com o que é visto em Samambaia Sul onde as infraestruturas tomam conta da vegetação nativa (Figura 1); a urbanização também pode ser vista na Universidade Católica de Brasília (Figura 2). Segundo Perillo et al. (2011), essas características acabam favorecendo a presença da coruja buraqueira, que utiliza ambientes abertos e gramados de áreas urbanas como nidificação.

No Distrito Federal a temperatura mínima é de 13ºC e a máxima pode chegar a 25ºC. A umidade máxima é de 85% enquanto a umidade mínima é de 30% (INMET, 2018).

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Figura 1 – Imagem aérea da Vila olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul, Brasília, DF

Fonte: https://earth.google.com/web/

Figura 2 – Imagem aérea da Universidade Católica de Brasília – UCB, Brasília, DF

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3.1.1 Metodologia

A busca por indivíduos da espécie coruja buraqueira aconteceu de forma ativa e os ninhos foram marcados, fotografados para observar a diferença nos dois locais. Depois foram observados (o uso do habitat; hábito e o comportamento; seus principais recursos alimentares; possíveis predadores.

Nos locais de amostragem, foram feitas anotações e fotografias de dois casais (um casal da Universidade Católica de Brasília que neste estudo foi denominado de C2U, e o outro casal da Vila olímpica Rei Pelé em Samambaia Sul que foi denominado de C1V). Uma vez por semana, num período de 30 minutos em cada local de amostragem nos meses de dezembro a março por conta do tempo disponível para a realização desse projeto; no mês de abril o período ocorreu de uma hora em cada local de amostragem. O período (matutino) foi o escolhido para analisar os dois casais de coruja para análise.

Foi elaborado um etograma da espécie nos dois ambientes, comparando o uso do habitat, hábito e o comportamento, seus principais recursos alimentares e possíveis predadores. As categorias comportamentais estão listadas na Tabela 2.

Além de observar os dois casais nestes locais de amostragem, foram observados embora com menor frequência, quatro corujas que se alimentavam de restos de comida no período noturno na Avenida Recanto das Emas, quadra 205, lote 04. Esses indivíduos foram fotografados e filmados, mas não constam nos dados finais, porque o único comportamento observado pelas corujas analisadas neste período foram o de caça, além do fato das mesmas não estarem caçando próximo ao ninho, como fixado neste trabalho para análise dos dados.

O estudo foi submetido ao CEUA (Comissão de Ética no Uso de Animais) e a resposta foi positiva, não havendo necessidade de passar pela comissão (anexo 1).

Tabela 2 – Descrição das categorias comportamentais de Athene cunicularia dos casais das áreas amostradas

Tipo de comportamento Descrição do comportamento

Empoleirar próximo ao ninho - EPN Indivíduo fica a menos de 5 metros do ninho Empoleirar no ninho - EMN Indivíduo se empoleira em cima do ninho Sair do ninho - SN Indivíduo sai do ninho

Entrar no ninho - EM Ave se refugia dentro do ninho como forma de proteção Alarme -A Ave solta alarmes para avisar ao predador para se afastar Voar perto do ninho - VN Ave voa para os poleiros mais próximos ao ninho

Caça - C Indivíduo caça próximo ao ninho

Presença de presas - PP Presas potenciais da coruja buraqueira

Predador perto do ninho - PPN Predador que rondava a menos de 5 metros do ninho Elaborado pelo autor

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3.1.2 Análise dos dados

Anotações do comportamento foram feitas por um período de 30 minutos diários, uma vez por semana, entre os meses de dezembro de 2017 à março de 2018. No mês de abril o período aumentou de 30 minutos diários para uma hora de coleta de dados, seguindo a mesma metodologia de ir a campo uma vez por semana nos dois locais de estudo para que obtivesse resultados mais satisfatórios. Após o registro dessas imagens, foi avaliado a frequência do comportamento quanto ao uso do habitat, hábito e o comportamento, recursos alimentares e possíveis predadores. Os comportamentos observados tanto para o casal C2U como para o casal C1V, foram somados semanalmente e foi feita uma porcentagem da ocorrência dos mesmos (tabela 5).

Para a análise dos dados foi utilizado programa Past – UiO.

Para observar se existia variações significativas nos comportamentos das corujas entre os dados, foi utilizado o teste de Mann-Whitney, onde a hipótese nula (H0) deste teste assume que “não há diferenças na frequência de comportamentos entre C1V e C2U”.

Foi aplicado o teste para cada variável com a finalidade de observar se os comportamentos apresentariam diferença significativa.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As aves observadas permaneciam inativas a maior parte do tempo (durante os 30 minutos e uma hora do estudo), geralmente ficavam esticando uma pata, limpando suas penas, empoleiradas se apoiando em apenas uma das patas próximas ao ninho ou voando de vez em quando para um poleiro diferente para fugir de uma pessoa que estava passando naquele momento (Tabela 3). Tal comportamento já foi analisado por Coulombe (1971) e Martin (1973), onde afirmam que a coruja buraqueira, tem um comportamento mais ativo durante o período noturno, e durante o dia estas aves tendem a ficar mais próximas ao ninho.

Tabela 3 – Etograma da frequência do comportamento de Athene cunicularia: EPN - Empoleirar próximo ao ninho; EMN - Empoleirar no ninho; SN - Sair do ninho; EM - Entrar no ninho; A - Alarme; VN - Voar perto do ninho; C - Caça; PP - Presença de presas; PPN – Predador perto do ninho

Etograma comportamental da Athene cunicularia

EPN EMN SN EM A VN C PP PPN

C1V 38 42 18 22 51 54 3 3 4

C2U 28 32 16 10 12 69 14 21 3

Total 66 74 34 32 63 123 17 24 7

Elaborado pelo autor

Segundo Martin (1973), a coruja buraqueira tem um hábito de caça crepuscular e noturno, mas quando existe uma oportunidade de caçar em períodos que não sejam esses, elas tendem a aproveitar. E neste estudo, tanto na UCB como na Vila Olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul, foram observados o comportamento de caça: caça no chão, como descrito por Martins e Egler (1990).

Como constatado por Perillo et al. (2011), a coruja buraqueira permanece parcialmente ativa durante o dia, vigia o ninho a maior parte do tempo, talvez para evitar um predador, mas por estar em vigia constante, o corpo requer um pouco mais de energia. Suas principais presas tem hábitos noturnos, por esse motivo esta ave caça a noite e as esconde

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para consumir no dia seguinte. Geralmente a caça fica escondida por até 12 horas, e por ficarem armazenadas por muito tempo, as corujas tendem a perder o alimento para formigas e insetos. Para compensar as perdas, as corujas caçam um número maior de presas do que necessitam e tem um gasto maior de energia por esse motivo. Tal comportamento ainda não pode ser definido como sendo de habitat natural ou de ambiente antropizado, requerendo assim estudos futuros a respeito do assunto.

De acordo com Lourenço et al (1975, p.24 apud XAVIER, 2002, p.6), “essa coruja apresenta uma relativa confiança em relação ao homem, ou seja, uma antropofilia, embora o ser humano não lhe ofereça qualquer recurso. A distância de fuga para que esta ave se abrigue em seu ninho, chega a no máximo 15 metros. Em cativeiro, a coruja buraqueira, quando está no chão, não voa e apenas intimida o homem com um matracar do bico”.

Neste estudo tanto o casal de corujas da Vila Olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul, como o da Universidade Católica de Brasília apresentaram uma distância aproximada de 10 metros do ninho. De cinco em cinco minutos, pessoas passavam com muita frequência próximo aos ninhos dos casais dos dois locais estudados, e as corujas da Universidade Católica de Brasília demonstraram ser menos agressivas. Já as corujas da Vila Olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul soltavam vários alarmes estridentes para qualquer pessoa ou predador que se aproximasse demais do ninho. Como o estudo ocorreu no horário matutino, e sabendo que seu comportamento é basicamente crepuscular, as corujas se incomodavam somente quando eram perturbadas, voando próximo ao ninho e soltando alarmes, ou apenas ficavam em cima dos seus ninhos rodando a cabeça, levantando suas penas e soltando alarmes.

Um casal de corujas que estava localizado na quadra 401 de Samambaia Norte iria fazer parte deste estudo, só que depois de analisá-los na primeira semana, os mesmos já não se encontravam em seu ninho na segunda semana de análise. O que acarretou na eliminação dos dados deste casal. O desaparecimento do casal se deve provavelmente à construção de prédios e ao barulho intenso causado pela construção de um novo posto de gasolina que estava muito próximo ao ninho, provavelmente as aves se sentiram ameaçadas e não retornaram mais ao local. Moradores locais tentaram com que as corujas retornassem, criando um espécie de poleiro com madeira e telha para servir como proteção contra o sol e a chuva, mas os esforços ao que tudo indica, falharam.

Além dos casais (Figura 3) estudados nos dois locais, outras aves num total de quatro indivíduos (Figura 4), foram analisadas no período noturno na quadra 205 do Recanto das Emas, mas por um tempo menor e menos frequência. As aves sempre chegavam juntas ao local no mesmo horário, entre 00:30h e 01:00h da madrugada, em busca de restos de fast food local, deixado por clientes do estabelecimento. As corujas não demonstravam nenhum tipo de comportamento agressivo em relação as pessoas que ali se alimentavam, e às vezes deixavam os clientes se aproximarem ou até mesmo jogarem pedaços de comida, bem como batata frita ou restos de hambúrguer. Esse comportamento corrobora o comportamento constatado por Silva (2002), a coruja buraqueira que vive em ambiente urbanizado tende a se habituar com a presença de seres humanos perto de seus ninhos ou até mesmo se aproximarem a uma distância que a mesma achar que está segura, dependendo do grau de perturbação em seu ambiente, ou seja, as corujas-buraqueiras ao estarem habituadas a presença humana, trazem benefícios a espécie, podendo investir o tempo e a energia em outras atividades, como detectar e evitar predadores, sendo essa habituação, adaptativa. Os indivíduos se revezavam em comer os restos de comida e sobrevoavam o calçadão em busca de baratas que saiam dos bueiros. As aves permaneciam no estabelecimento até que o local fechasse. Como descrito por Coulombe (1971) e Martin (1973), as corujas observadas no período noturno apresentaram uma atividade comportamental maior do que

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os casais analisados com mais frequência neste estudo, devido ao seu hábito de caça em horário no crepuscular. Nestas aves foi observado o comportamento de caça do poleiro ao chão e caça no chão, descrito por Martins e Egler (1990).

Figura 3 – Casal de buraqueira da Vila Olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul (A); Casal de coruja-buraqueira da Universidade Católica de Brasília (B)

Elaborado pelo autor

Figura 4 – Os quatro indivíduos de coruja-buraqueira indicados com a seta azul estavam localizados na quadra 205 do Recanto das Emas, DF - (C) duas corujas estão sobre o letreiro e as outras duas corujas (D) estão no chão em busca de alimento

Elaborado pelo autor

Utilizando os dados da tabela 3, calculou-se as porcentagens para cada tipo de comportamento. Os comportamentos do casal da Universidade Católica de Brasília (C2U) que apresentaram maiores porcentagens foram: PP (88%) e C (82%); os comportamentos

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que apresentaram menores porcentagens foram o A (19%) e o EM (31%); os comportamentos EPN (42%), EMN (43%), SN (47%), VN (56%) e PPN (43%) apresentaram resultados intermediários, conforme mostrado na (Figura 5).

Figura 5 - Porcentagem dos comportamentos de Athene cunicularia: EPN - Empoleirar próximo ao ninho; EMN - Empoleirar no ninho; SN - Sair do ninho; EM - Entrar no ninho; A - Alarme; VN - Voar perto do ninho; C - Caça; PP - Presença de presas; PPN – Predador perto do ninho

Elaborado pelo autor

Somadas as frequências por mês de todos os comportamentos e analisando a atividade comportamental mensal (Figura 6) dos dois casais (C1V e C2U), os meses que apresentaram uma atividade comportamental maior foram os meses de dezembro (105) e abril (108). Os meses de janeiro (77) e fevereiro (78) apresentaram um resultado intermediário, enquanto o mês de março (72) apresentou a menor atividade comportamental dentre os cinco meses de estudo.

Figura 6 – Soma da frequência de todos os comportamentos separados pelo mês de Athene cunicularia

Elaborado pelo autor

Não foram observadas diferenças significativas entre os comportamentos de cada casal (p=0,4874) (Tabela 4). 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 EPN EMN SN EM A VN C PP PPN

Comportamento de Athene cunicularia

C1V C2U 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril

Comportamento de Athene cunicularia

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Tabela 4 – Soma semanal dos comportamentos de Athene cunicularia Semana C1V C2U 1 28 20 2 11 15 3 5 6 4 12 8 5 4 5 6 19 7 7 11 4 8 6 10 9 6 5 10 7 9 11 15 15 12 10 7 13 4 11 14 4 6 15 11 5 16 16 8 17 9 13 18 12 12 19 11 20 20 18 10 21 16 9

Elaborado pelo autor

Quando os dados foram analisados separadamente (Tabela 5), foram observadas algumas diferenças. No comportamento EM - Entrar no ninho, o valor de P=0,0126 indicou que houve diferença significativa na frequência de comportamento entre C1V e C2U. Para o comportamento A – Alarme, o valor de P=0,0022 indicou que houve diferença significativa na frequência de comportamento entre C1V e C2U. Para o comportamento C – Caça, o valor de P=0,0406 indicou que houve diferença significativa na frequência de comportamento entre C1V e C2U. Já os comportamentos PP - Presença de presas e PPN – Predador perto do ninho, não puderam ser rodados pela falta de variação dentro dos dados.

Tabela 5 – Dados comportamentais de Athene cunicularia analisados separadamente entre as áreas amostradas

Comportamentos de C1V e C2U Mann-Whitney - Valor de P

Empoleirar próximo ao ninho - EPN 0,3849

Empoleirar no ninho - EMN 0,4806

Sair do ninho - SN 0,829

Entrar no ninho - EM 0,0126

Alarme - A 0,0022

Voar perto do ninho - VN 0,3355

Caça - C 0,0406

Presença de presas - PP -

Predador perto do ninho - PPN -

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Os ninhos (Figura 7) dos casais C1V e C2U foram analisados e constatou-se algumas diferenças. O ninho do casal da Universidade Católica de Brasília (C1V), estava localizado próximo ao estacionamento do bloco M, e ao seu redor havia presença de árvores e postes que serviam de poleiro. Também havia uma grande quantidade de papéis fracionados dentro e fora da toca, possuía também duas entradas para a toca, além de estar nidificado ao lado de um bueiro. O ninho do casal da Vila Olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul (C2U) se encontrava em um declive, havia apenas uma entrada e a mesma se encontrava “limpa”, sem papéis. Próximo ao ninho havia alguns arbustos onde as corujas se escondiam do sol, um cupinzeiro, postes, árvores, grade de proteção, e um bueiro que serviam como poleiro.

Figura 7 – Ninhos dos casais C1V (A) e C2U (B), constatando a diferença do local nidificado

Elaborado pelo autor

O gato doméstico (Felis catus) (Figura 8), foi o predador mais visto nos locais de amostragem. Mas o gato da Universidade Católica de Brasília foi observado com menos frequência (ficava no máximo dois minutos) se tratando da proximidade do ninho. Já o gato da Vila Olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul, se encontrava habitando em um bueiro de escoamento das chuvas e que ficava a menos de sete metros do ninho, o que pode ser um dos fatores que deixavam as corujas da Vila mais atentas e mais agressivas comparada as corujas da Universidade Católica de Brasília.

Figura 8 – Felis catus, um dos principais predadores de Athene cunicularia em ambiente urbanizado – No item A o gato da Universidade Católica de Brasília e no item B, o gato da Vila Olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul, DF

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A principal presa da coruja buraqueira observada nos dois locais de estudo, trata-se do pombo doméstico Columba livia, e que era possível observar a presença dos mesmos todos os dias na Universidade Católica de Brasília.

Quando se trata de conservação, os dois casais precisam estar mais atentos em ambiente antrópico. As corujas da Vila olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul precisam estar atentas o tempo inteiro com as pessoas que fazem atletismo dentro da vila e com o gato que habita um bueiro próximo ao ninho. Enquanto as corujas da Universidade Católica de Brasília ficam mais atentas com os estudantes do CECB (Centro Educacional Católica de Brasília), com os moradores locais que utilizam o caminho para atravessar a Universidade, com os estudantes da própria Universidade e com o gato que rodeia o ninho. Além do fato de serem perturbadas (Figura 9) por pessoas que desconhecem sua importância ecológica para o ecossistema.

Figura 9 – Pedaços de paus cheios de terra, que parecem ter sido usados para colocar dentro do ninho da coruja-buraqueira na Universidade Católica de Brasília, DF

Elaborado pelo autor

No presente estudo verificou-se que as tocas, arbustos, postes e árvores são utilizados principalmente para se abrigar ou escapar, quando um possível predador ou até mesmo um ser humano, se aproxima demais das mesmas.

O grande tráfego de carros e pessoas na UCB oferecem um ambiente urbanizado mais seguro e com vantagens ecológicas para a sobrevivência das corujas deste local. Já em Samambaia, a presença constante do gato doméstico (Felis catus), um dos principais predadores fora do ambiente natural da coruja, pode atrapalhar a sobrevivência da mesma neste habitat.

5. CONCLUSÃO

Concluo que o casal da Vila Olímpica Rei Pelé de Samambaia Sul, se comporta de forma mais agressiva e intensa devido a presença de predadores potenciais, se comparada ao casal da Universidade Católica de Brasília.

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ANALYSIS OF THE BEHAVIOR OF ATHENE CUNICULARIA (BIRDS, STRIGIFORMES) IN ANTHROPIZED ENVIRONMENT OF THE CATHOLIC UNIVERSITY OF BRASÍLIA AND TOWN OLYMPIC KING PELÉ OF SAMAMBAIA SUL, DF

Abstract:

The Burrowing Owl (Athene cunicularia), is a bird belonging to the order Strigiformes of the family Strigidae. In allusion to the species particular habit of nesting in holes in the soil, the epithet cunicularia means ("small miner" from the Latin). They are birds that occur in open areas such as fields, plains, beaches, airports and especially urbanized areas such as the King Pelé Olympic Village located in Samambaia Sul, DF and also on the UCB campus in Águas Claras, DF. The objectives goals of this study were to describe the behaviors performed while the species uses the habitat in the presence of predators uncommon to its natural habitat, and which attributes help this bird to remain in an anthropic environment. Two nests were monitored from December 2017 to April 2018. Behavioral data were recorded and tabulated, nests and individuals were photographed and filmed. The owls of this study selected distinct nesting sites. While the UCB couple chose to nest on the ground with trees and shrubs near the nest, the couple from the Olympic Village chose to nest on a slope with poles, rocks, fences and plaques near the nest. In these five months of monitoring of the couples, it was observed that the great traffic of cars and people at UCB campus offer a safer urbanized environment with ecological advantages for the survival of the owls of this place. In Samambaia, the constant presence of domestic cats (Felis catus), one of the main predators outside the natural environment of the owl, can hinder their survival in this habitat. Keywords: Strigidae; resource; ethology; nesting; predator.

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Anexo

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