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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

O PAPEL DO DIRETOR NA GESTÃO

ESCOLAR DEMOCRÁTICA

IZIDRO MILTON GOMES DE OLIVEIRA

BRASÍLIA – DF 2010

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IZIDRO MILTON GOMES DE OLIVEIRA

O PAPEL DO DIRETOR NA GESTÃO DEMOCRÁTICA

Monografia apresentado à Universidade Candido Mendes, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Administração Escolar

Orientador: Gilberto Santos Crespo

BRASÍLIA – DF 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

IZIDRO MILTON GOMES DE OLIVEIRA

O PAPEL DO DIRETOR NA GESTÃO DEMOCRÁTICA

Monografia aprovada em: ___/___;___

Banca Examinadora: Nota: ___/___/___

_____________________________________________________ Prof. Gilberto Santos Crespo

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RESUMO

A discussão sobre a gestão participativa mostra-se relevante à medida em que se observa, no âmbito escolar, uma prática autoritária e conservadora, voltada apenas para a parte burocrática-administrativa e colocando em segundo plano a ação progressista, participativa, que busque uma ação transformadora no cotidiano

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escolar e o embricamento de todos os envolvidos no processo educacional. Nesse contexto, o Diretor é figura de suma importância, visto que uma liderança consciente o auxiliará na transformação da prática administrativa, pedagógica e relacional no contexto escolar. Assim sendo, o trabalho buscou discutir as principais questões relacionadas à atuação do Diretor no âmbito escolar, enfocando a gestão democrática e participativa nas escolas, como também à função do Diretor dentro desse novo modelo organizacional para a construção de um ensino de qualidade. Com base na pesquisa bibliográfica realizada, pode-se observar que a gestão participativa não só produz visões compartilhadas pelos vários segmentos internos e externos da comunidade escolar, como promove a divisão de responsabilidades e o acompanhamento formal e informal das ações. Ela também enriquece os processos de busca coletiva de soluções para os problemas que surgem na escola e em suas relações com a comunidade usuária e com os órgãos centrais do sistema de ensino.

Palavras chave: Gestão democrática, gestão escolar, diretor de escola.

ABSTRACT

The discussion on the administration participativa is shown relevant to the measure in that it is observed, in the school extent, an authoritarian and conservative practice, just gone back to the bureaucratic-administrative part and putting in second plan the progressive action, participativa, that looks for an action transformadora in the daily

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school and the embricamento of all involved them in the education process. In that context, the Director is illustration of addition importance, because a conscious leadership will aid him in the transformation of the practice administrative, pedagogic and relacional in the school context. Like this being, the work looked for to discuss the main subjects related to the Director's performance in the school extent, focusing the democratic administration and participativa in the schools, as well as to the Director's function inside of that new one model organizacional for the construction of a quality teaching. With base in the accomplished bibliographical research, it can be observed that the administration participativa not only it produces visions shared by the school community's several internal and external segments, as it promotes the division of responsibilities and the formal and informal attendance of the actions. She also enriches the processes of collective search of solutions for the problems that appear at the school and in their relationships with the community user and with the central organs of the education system.

Words key: democratic Administration, school administration, school director.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...06 METODOLOGIA...09

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CAPÍTULO I – GESTÃO DEMOCRÁTICA...10

1.1 Conceituando Gestão Democrática...11

1.2 Relações sociais e pessoais na Escola Democrática...12

1.3 Refletindo sobre a importância de planejar o Projeto Político Pedagógico...14

1.4 Projeto Político Pedagógico: organização participativa...16

CAPÍTULO II – O DIRETOR DA ESCOLA: AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO...22

2.1 O papel do Diretor com a inovação e a mudança educacional...22

2.2 Relacionamento com os demais agentes pedagógicos...25

2.3 O Diretor e a questão da liderança nas organizações educacionais...29

CAPÍTULO III – ESCOLA: ESPAÇO DE AÇÃO DO DIRETOR...34

3.1 Diretor de escola, gestão escolar e participação...34

3,.2 A ética do administrador escolar...48

CONCLUSÃO...52

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INTRODUÇÃO

A educação é um dos aspectos mais importantes no desenvolvimento de uma nação. Está inserida em um processo histórico, que é dinâmico, vivo, sempre em modificações. Hoje, para entender as questões que envolvem a educação nos seus diferentes aspectos, é preciso resgatar a importância do Gestor Escolar dentro da comunidade escolar.

A busca por compreender uma gestão escolar participativa não aconteceu por acaso, já que a questão e um dos problemas que fazem parte da administração escolar. Onde várias experiências de participação são, portanto realizadas sem que tenham um sentido democrático ou pedagógico de transformação.

Buscando construir uma sociedade de aparência democrática ou visando um envolvimento maior das pessoas nas organizações, promove-se a realização de atividades que possibilitam e até condicionem sua participação. Sendo assim, essa realidade pode ser mudada na medida que nos mesmos, percebamos que através da participação avançamos no processo de construção de uma sociedade mais democrática e possivelmente melhor.

Diante de uma sociedade que apresenta um processo acelerado de mudanças, onde a escola deve educar para tornar cidadãos criativos, participativos, críticos e atuantes observamos que nem sempre a gestão da escola tem uma prática que venha ao encontro dessa realidade de participação.

Na maioria das vezes a participação dos envolvidos no processo educativo:professores, alunos, pais, funcionários e comunidade escolar é inibida. Essa perspectiva, ocorre devido ao fato que a sociedade é estruturada em função de certas categorias, tais como: autoritarismo e reprodução de idéias e valores.

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A sociedade é carregada de valores que são condicionados que de certo modo, acaba “estimulando”, para que a escola não desenvolva participação de forma plena. Por esse motivo é que a prática participativa devem ser particularmente analisadas quando se considera a gestão escolar participativa.

Dessa forma, a gestão participativa significa integração das ações pedagógicas e responsabilidades coletivas, de todos, pelos resultados da escola – a qualidade do ensino e da educação/formação dos alunos. E quando se fala em gestão não se trata apenas de controlar recursos, coordenar funcionários e assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula. É um novo modelo de administração totalmente integrado à esfera pedagógica. Segundo essa ótica, todas as ações administrativas — até as mais burocráticas — devem visar ao produto final, que é a educação, como objetivos, o aumento do interesse dos alunos e a redução dos índices de repetência, devendo o gestor apresentar uma visão mais global, preocupando-se com os recursos, os processos, as pessoas, o currículo, a metodologia, a disciplina, tudo de maneira interligada.

Justifica-se nesse contexto, que o diretor, que continua tendo o papel mais importante, passa a ter a missão de identificar e mobilizar os diferentes talentos para que as metas sejam cumpridas. E, principalmente, conscientizar todos da importância da contribuição individual para a qualidade do todo. De olho nessa nova realidade, cabe a ele desenvolver algumas competências, como aprender a buscar parcerias, pensar a longo prazo, trabalhar com as diferenças e mediar conflitos, objetivando a formação de lideranças escolares para a direção moderna, focada no sucesso do aluno.

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Como gestor, o diretor deve ter autonomia nas áreas administrativas, financeira e pedagógica, e desprendimento para construir com a comunidade escolar o projeto político pedagógico que vai nortear todo o trabalho da escola.

Diante dessas considerações, a presente pesquisa tem por objetivo geral, Investigar as formas de mediação do Diretor nas diversas relações interativas na Escola.

Os objetivos propostos foram: Analisar formas a possibilitar aos seus agentes a utilização de mecanismos de construção e de conquista da qualidade social na educação; Incentivar a mediação do Gestor educacional nas relações interativas na escola; e, Identificar o papel do diretor escolar na construção de um ensino de qualidade numa perspectiva democrática e participativa.

A questão que norteia a pesquisa é: Qual o papel do Diretor na Gestão Escolar Democrática?

A hipótese é: O Diretor exerce liderança quando possui: uma perspectiva clara dos objetivos da escola e a consciência de seus recursos e qualidades, e a habilidade de ajudar os outros a chegarem a esta visão.

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METODOLOGIA

O presente trabalho propõe a desenvolver o tema “O papel do diretor na gestão escolar”, com base em pesquisa bibliográfica, embasado na teoria das relações humanas ou modelo afetivo. Busca questionar como o Diretor pode tornar-se um mediador das relações interativas no ambiente escolar. É preciso criar um ambiente seguro e ordenado que ofereça a todos os alunos e professores a oportunidade de participar da coletividade, num clima com multiplicidade de interações que promovam a cooperação e a coesão do grupo.

Vários autores contribuíram para que a pesquisa bibliográfica fosse realizada. Dentre eles, destaca-se: Nilda Alves; Marilena Chauí; Danilo Gandin; Vitor Henrique Paro; Celso dos Santos Vasconcelos e Maria Valkiria Zanette.

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CAPÍTULO I - GESTÃO DEMOCRÁTICA

O estudo e aprofundamento do tema Gestão democrática é de suma importância para as instituições de ensino, tendo em vista que todas devem ter uma linha de trabalho coletiva e compartilhada, definida por todos os seus componentes. Através desse trabalho, o processo educacional busca uma caminhada transformadora atendendo as necessidades e anseios de sua comunidade educativa.

Neste contexto a contribuição dos especialistas nos assuntos educacionais é fundamental nas discussões sobre o projeto político-pedagógico, na organização do trabalho para que a escola possa refletir sobre sua prática e destacar as mudanças necessárias.

A educação deve exercitar a democracia e a cidadania, através da apropriação e produção de conhecimento, mas para que isso ocorra é necessário a construção de uma sociedade isenta de seletividade e discriminação, uma sociedade reflexiva, crítica, onde as pessoas sejam sujeitos de sua história. Esse objetivo será alcançado se houver uma linha de trabalho na escola, que busque coletivamente esse pensamento e a Gestão Escolar Democrática, possibilite que os membros da instituição sintam-se à vontade para participar efetivamente nas mudanças elencadas como necessárias. A ação educativa é uma tarefa desafiadora, requer uma construção constante e coletiva, que acima de tudo, vise mudanças nas práticas pedagógicas superando assim o trabalho individual e fragmentado.

A mudança não é uma tarefa fácil, mas necessária e deve ser conquistada, pois só dessa maneira que a mesma será efetivamente verdadeira e poderá contribuir com o processo da educação, visando o crescimento do grupo e em conseqüência disso melhorando o contexto educativo.

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1.1 Conceituando gestão democrática

É preciso compreender a gestão democrática como uma nova maneira de administrar a escola. Uma forma de descentralização de poderes, privilegiando a autonomia e a participação. Assim, a escola pode pensar sobre o caminho que deve seguir na busca de um ensino com mais qualidade para todos.

Hoje, vive-se num país marcado pelo autoritarismo, que de certa forma podou a participação da população em qualquer decisão, mas isso não cabe mais aos dias atuais. A gestão democrática faz parte da natureza da educação e é uma condição necessária para a reforma da educação.

Construir uma escola democrática é compartilhar as decisões, as conquistas e os fracassos, é integrar todos os membros da escola, é valorizar o coletivo, todas essas práticas qualificam o processo educativo. Esse processo fundamenta-se na responsabilidade coletiva, onde todos se tornam comprometidos com o todo da escola.

Numa gestão democrática é necessário que o administrador educador compreenda a dimensão política da sua ação, para que a mesma seja respaldada na ação participativa, rompendo com a rotina que acaba alienando. Só assim o processo educativo terá maior sentido. É necessária uma nova prática administrativa que insira a escola no contexto social, político e econômico, criando condições para que o saber seja apropriado e construído criticamente. Através da gestão democrática os indivíduos passam a assumir a responsabilidade de suas ações.

O principal instrumento da administração participativa é o planejamento participativo, que pressupõe uma deliberada construção do futuro, do qual participam os diferentes segmentos de uma instituição, cada um com sua ótica, seus valores e seus anseios, que com o poder de decisão, estabelecerão uma política para essa instituição, com a clareza de que são ao mesmo tempo autores e objetos dessa política, que deve estar em permanente debate, reflexão, problematização, estudo, aplicação, avaliação e reformulação, em função das próprias mudanças sociais e institucionais (HORA, 1994, p. 51).

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O projeto nada mais é que a decisão da maioria em benefício da maioria. Sabendo-se que a manifestação não ocorre espontaneamente, é necessário que no âmbito da escola exista um clima de busca, questionamento para a superação da alienação. A participação é direito e dever de todos que formam a sociedade democrática.

1.2 Relações sociais e pessoais na escola democrática

As relações entre grupos, povos e pessoas se fundamenta na capacidade de impor suas vontades, mas as mesmas não são tão fortes para se manterem por muito tempo. Nada que é imposto, ou é idéia de um único indivíduo é aceito como vontade de um grupo.

Tem-se como indicativo que para uma gestão democrática na escola é necessário um trabalho coletivo, o que não é meta fácil de atingir. A condução de processos que conduzam a um novo processo decisório responsável e comprometido neste trabalho coletivo, entendida como gestão democrática, poderá ser um dos caminhos para que a escola se insira num processo pedagógico eficiente orientado para a qualidade e eficácia da educação desejada por todos. (ROSENAU, 2002, p.7).

Com o avanço da humanidade, se percebeu a necessidade de privilegiar a relação entre as pessoas, contribuindo assim para o avanço coletivo. O conhecimento baseado nas relações sociais colabora para uma nova sociedade, onde seus integrantes são comprometidos com o avanço de todos. Nesse processo a escola aparece como um lugar privilegiado para a construção de conhecimentos baseados nas relações humanas.

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A gestão da “escola cidadã” requer a reconstrução do novo paradigma de gestão, para além da cidadania positivista, radicado na especificidade do ato pedagógico, essencialmente dialético, dialógico, intersubjetivo, o que implica em agir na especificidade das organizações educacionais, colocando a construção da cidadania e a questão da autonomia, ambos como processos indissociáveis e pré-requisitos para o resgate da escola pública de qualidade. (BORDIGNON E GARCIA apud ROSENAU, 2002, p. 28).

Assim, cabe a Gestão Escolar participativa garantir e privilegiar as relações sociais na escola, assim todos se comprometem com uma prática pedagógica democrática. Uma das maneiras de mobilizar os profissionais da educação é desencadear o processo de mudança é a elaboração e a colocação em prática do projeto político-pedagógico da escola, que destaca a importância de todos, nesse processo dinâmico e altamente investigativo, sendo assim, o comodismo e o individualismo não tem espaço.

Segundo Rangel (1980), para se aceitar as diferenças é necessário conhecer o outro.

Se uma supervisão pretende ser democrática, há que considerar o trato com as pessoas, que inclui compreensão e tolerância em dose suficiente para nos fazer ir às razões e origem de determinadas ações individuais ou grupais, pois sempre que se procura ir às causas entende-se melhor as conseqüências (RANGEL, 1980, p. 66).

Saber ouvir, olhar, falar influencia e muito na relação humana. Cada uma dessas atitudes contribui para o sucesso do trabalho. Esses olhares devem ser levados em conta na hora de conduzir o trabalho, criando assim um ambiente de compreensão mútua.

A qualidade na educação, basicamente voltada para o bem estar individual e coletivo, depende da união, da força e da vontade política dos envolvidos no processo. Portanto, a construção da qualidade na educação tem como base à concepção da escola, do cidadão e da sociedade que queremos. O projeto políticopedagógico será, então, o eixo dessa concepção no processo de

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ação-reflexão, como resposta direta do repensar e do fazer conjunto da comunidade escolar.

1.3 Refletindo sobre a importância de planejar o Projeto Político –

Pedagógico

O ato de planejar acompanhou a trajetória da humanidade, mesmo nos tempos mais distantes, onde o objetivo era simplesmente superar os obstáculos do dia - a - dia. A progressão do homem nada mais é do que o reflexo do seu pensar.

A pessoa que pensa sobre o seu dia, o está planejando. Esta é uma tarefa da pessoa, da simples e da analfabeta, ou do letrado, do sábio, do cientista, do técnico, do especialista; enfim, todos pensam e planejam o seu dia. Pensar o dia-a-dia é planejar a nossa ação para atingir os nossos desejos (MENEGOLLA; SANT’ANNA, 1992, p.16).

Alguns planejam suas ações, com bases científicas, outros fazem seu planejamento da forma que conhecem, sendo essa a mais simples que podemos imaginar, mas fica claro que planejar é uma exigência do ser humano.

Como não poderia ser diferente, a escola sente o peso das mudanças e transformações da sociedade e como a mesma atua com os membros dessa sociedade não pode jamais ficar de fora do ato de planejar, que por sinal é um assunto muito debatido, pelos educadores, mostrando sua preocupação com a elaboração dos seus projetos pedagógicos.

Quando o assunto é o objetivo da instituição escolar não existe discordância, mas o questionamento gira em torno da complexa pergunta: Que alternativas devem ser buscadas pela escola para organizar o trabalho pedagógico, numa perspectiva crítica e democrática, visando contribuir para a formação de um cidadão reflexivo e autônomo?

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Ao refletir sobre esta indagação, a escola precisa compreender que sua função extrapola a mera transmissão do conhecimento sistematizado, à medida que precisa conceber, organizar e avaliar o trabalho que produz, potencializando o senso crítico dos sujeitos que a compõem. Sob esse ângulo, os seus vários grupos precisam examinar as práticas que eles próprios desenvolvem, buscando compreender as possibilidades que o seu trabalho apresenta rumo à construção de uma escola verdadeiramente democrática (SOUSA; CORRÊA, 2002, p.48).

Depois dessa reflexão, fica claro que existe a necessidade de a prática escolar ser percebida, numa perspectiva micro e macro, partindo de um trabalho pedagógico estruturado a partir da realidade articulando-se com a sociedade mais ampla. Com esse pensamento o desafio é a construção do projeto pedagógico, baseado no trabalho coletivo e da democratização do espaço escolar, a partir de uma pedagogia que ouça, respeite e avance em suas concepções.

Observando a realidade é fácil constatar que no mundo educativo se fala muito em mudança na reestruturação, mas na verdade pouco se muda. A visão progressista de educação não condiz com o que acontece no interior das escolas. Muitas vezes a prática não contribui para a superação das condições sociais de desigualdade e discriminação.

Planejar o processo educativo é planejar o indefinido, porque a educação não é um processo, cujos resultados podem ser totalmente pré - definidos, determinados ou pré - escolhidos, como se fossem produtos decorrentes de uma ação puramente mecânica e impensável. Devemos, pois, planejar a ação educativa para o homem, não lhe impondo diretrizes que o alheiem. Permitindo, com isso, que a educação ajude o homem a ser criador de sua história (MENEGOLLA E SANT’ANNA, 1992, p.25).

Essa é uma realidade que precisa ser superada, o processo de ensino - aprendizagem precisa acontecer, pois, a função social da escola, vai além da transmissão de conhecimento.

Mudar a prática educativa implica alterar concepções enraizadas e, sobretudo, enfrentar a "roda viva" já existente. No momento da tentativa de mudança é que sentimos a fragilidade de nossa teoria, de nossa organização. Estamos apontando, pois, para a existência de

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outros condicionantes que não apenas o teórico. Ocorre que o papel da teoria deve ser exatamente este: tentar captar estes determinantes, o movimento do real para nele intervir. Este é o desafio. O projeto político-pedagógico entra justamente neste campo como um instrumento teórico - metodológico a ser disponibilizado, (re) construído e utilizado por aqueles que desejam efetivamente a mudança (VASCONCELLOS, 2002, p. 15).

Fica claro que, para que essa superação aconteça, a escola deve viver a cidadania ao invés, de preparar para a cidadania, assim a escola se transformará em uma instituição reflexiva e emancipatória. Claro que romper com o modelo atual não é uma tarefa fácil, mas necessária e esse processo só será possível quando os autores decidirem tornar-se pessoas reflexivas e investigatórias e acreditam na mudança, como resultado do esforço coletivo, ético, solidário, que se processará na construção do projeto político-pedagógico.

1.4 Projeto Político-Pedagógico: Organização Participativa

O Projeto Político Pedagógico é uma necessidade para os educadores e para as instituições de ensino.

(...) é o plano global da instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar, a partir de um posicionamento quanto à sua intencionalidade e de uma leitura da realidade (VASCONCELLOS, 2002, p.17).

O projeto é um elemento de organização e interação da prática escolar, onde elementos novos são inseridos continuamente visando avanços significativos, a partir da reflexão coletiva sobre a transformação. É um processo que possibilita expressar as opções da instituição, o conhecimento e julgamento da realidade, as propostas de ação e colocação na prática daquilo que se foi pensado, acompanhando os resultados obtidos ao longo do processo.

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Pensar o projeto político pedagógico de uma escola é pensar a escola no conjunto e a sua função social. Se essa reflexão a respeito da escola for realizada de forma participativa por todas as pessoas envolvidas, certamente possibilitará a construção de um projeto de escola consistente e provável (VEIGA, 1995, p.45).

É necessário que a instituição tenha clareza ao iniciar o trabalho com Projeto Político Pedagógico, é importante que as propostas privilegiem a produção do grupo, pois são eles que irão viabilizar o trabalho na instituição e essa atitude é que irá sustentar o processo de mudança, por isso torna-se essencial a participação.

Segundo Sousa e Corrêa (2002), é necessário superar a idéia de reduzir a elaboração do projeto a mera elaboração de documentos para serem guardados na gaveta. O projeto necessita de freqüentes revisões e avaliações a fim de assegurar a dinamicidade do trabalho pedagógico. Quando os atores da instituição se conscientizam da importância da participação o comprometimento é fundamental para o avanço do processo. Esse ato de construção só é válido se pautar-se de respeito mútuo e espírito de cooperação partilhando idéias.

A participação é, contudo, hoje, um conceito que serve a três desastres extremamente graves: a manipulação das pessoas pelas "autoridades", através de um simulacro de participação; a utilização de metodologias inadequadas, com o conseqüente desgaste da idéia, e a falta de compreensão do que seja realmente a participação. Por isto, vale a pena verificar quais os níveis em que a participação pode ser exercida (GANDIN, 1999, p. 56).

Segundo Gandin (1999, p.57), “o planejamento traz como resultado o crescimento da instituição em termos de idéias, quando o mesmo é realmente participativo”.

Sabe-se que o projeto político-pedagógico é necessário e que a essência do mesmo é a reflexão e a investigação realizada pelo coletivo, mas o que dificulta muito o trabalho da instituição é a forma de organizar o que já foi produzido por falta

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de esclarecimentos, então acaba-se reforçando as experiências de elaboração de planejamentos e acaba-se na mesmice. É necessário ter claro que cada projeto deve representar a realidade da instituição, seus propósitos na busca de concretização do mesmo. Não há modelos a copiar quando se tem visão da particularidade. Existem, elementos que devem aparecer no processo do projeto, com objetivo de conduzir o trabalho na sua elaboração.

Vasconcellos (2002) concorda com a proposta de Gandin (1994), os dois apresentam uma metodologia detalhada, para se elaborar o projeto político-pedagógico, reforçando a idéia de que todo projeto deve passar por três etapas fundamentais, o marco referencial, o diagnóstico e a programação.

- Marco Referencial: Decisões e intenções, elencadas pelo grupo da determinada instituição, em relação à sua visão de mundo, identidade, utopia e objetivos. O Marco Referencial é composto de três partes.

- Marco Situacional: É o entendimento e o pensamento do grupo sobre o mundo, a sociedade em que vivem, no campo político, econômico, educacional... É necessário destacar os pontos que o grupo julga importantes, sem esquecer da necessidade de se ter uma compreensão da situação sócio - econômica, política e cultural vivenciadas no momento. "Só planejam as pessoas, os grupos e as instituições que têm esperança e que tenham problemas” (GANDIN, 1994, p.43).

- Marco Doutrinal: Descreve a visão de homem e de sociedade desejado pelo grupo. De acordo com Gandin (1994), esse marco deve expressar a utopia social, representando as opções do grupo sobre o homem e sobre a sociedade, tendo uma fundamentação teórica dessas opções. Nessa parte deve estar clara a intencionalidade que mobiliza o grupo, dando sentido ao projeto.

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que irá contribuir para a concretização das intenções do grupo, já elencadas no marco anterior. Esse marco expressa o ideal de instituição educativa integrada à comunidade que pertence, também o ideal de linha pedagógica a ser vivenciada, estando bem fundamentada teoricamente.

- Diagnóstico: É um juízo sobre a ação pedagógica vivenciada pela instituição. O grupo deve analisar a situação real da instituição, e descrever até que ponto está vivendo ou não as características que elencaram como ideais para a educação de qualidade.

- Programação: Consiste na proposta de ação, que deve aproximar a realidade atual da instituição e as ações desejáveis.

Constata-se que as etapas do projeto político - pedagógico, são interligadas dando significado ao processo de transformação da realidade em questão. É importante ter clareza que as ações que são programadas no projeto, devem ser meios de efetivar as intenções para o desenvolvimento do processo. O projeto político - pedagógico deve estar ligado a outros projetos que irão se desenvolver na instituição, tendo assim os mesmos princípios.

Numa visão de confronto entre as propostas metodológicas apresentadas nesse trabalho, percebe-se que o modelo apresentado por Gandin, reavaliado e aderido por Vasconcellos, é uma proposta mais precisa, mais operacionalizada, enquanto que as proposições escritas por Boutinet e Barbier são mais abertas, dando oportunidade aos autores de projetos, com potenciais mais críticos e conscienciosos, utilizarem-nas de forma mais criativa e mais adequada à situação em que estão envolvidos e às características da situação real a ser transformada (ZANETTE, 2003, p.78).

É importante lembrar que tanto a supervisão educacional, quanto a orientação educacional são antes de tudo cargos ocupados por educadores e que a finalidade de qualquer ação desenvolvida por esses profissionais deve ser educativa.

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finalidade ensinar com qualidade, à todos os alunos que a procuram, tanto a orientação educacional, quanto a supervisão escolar têm como função mobilizar os diferentes saberes dos profissionais que atuam na escola, para que a mesma cumpra a sua real função, que é a de que os alunos aprendam efetivamente.

Dentro da instituição escolar, os educadores devem trabalhar coletivamente, mas isso não quer dizer, que qualquer um deles esteja capacitado a desempenhar qualquer outra função, pois não foi habilitado para tal.

É o professor quem é habilitado para dar aula; o diretor, para administrar a escola; o orientador, para trazer a realidade do aluno para o planejamento curricular; o supervisor, para coordenar o processo de planejamento, implementação e avaliação curriculares (ALVES e GARCIA, 1986, p.15).

A partir da contribuição de cada um, especificamente, que se dá a ação interdisciplinar. Só existe interdisciplinaridade quando há diferentes formações em ação. O aluno aprende no contexto. A maneira como é organizado o mesmo e as relações que ali se dão, vão influenciar tanto quanto os métodos utilizados para ensiná-lo. Por isso existe a necessidade de se avaliar constantemente as práticas, só assim se construirá uma escola de qualidade. Então a função da orientação e da supervisão escolar é mobilizar a escola, a família, e a comunidade para discutir a política da prática pedagógica.

Para Alves e Garcia (1986, p.16), “a investigação da realidade vivenciada pelo aluno e a percepção dessa realidade deve ser o ponto inicial para o desenvolvimento do processo pedagógico”. Salienta ainda que “o processo de pesquisa - ação possibilita a todos ampliarem o conhecimento sobre si mesmos e sobre o mundo em que vivem, bem como sua capacidade de interferir sobre a realidade, transformando-a e transformando-se na ação" (ALVES E GARCIA, 1986, p.16).

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O aluno que consegue falar sobre a realidade em que vive, aprofunda a compreensão sobre si mesmo no mundo, confronta suas idéias com as dos outros conhecimentos, assim ganha confiança em si, e principalmente na sua capacidade de aprender. O professor que procura compreender o seu aluno, descobre as diferenças do aluno que estudou no seu curso, tornando-se cada vez mais competente na arte de ensinar. O orientador educacional e o coordenador através do processo de investigação sobre a realidade, percebem que no processo de ensino-aprendizagem estão em jogo inúmeras relações e fica claro que as relações na escola não são um fim em si mesmas, mas um meio para que o aluno aprenda e amplie as diferentes relações.

Com a mobilização dos saberes específicos na escola é essencial que os alunos aprendam, desenvolvam a capacidade de pensar criticamente, a ler, a escrever, a raciocinar matematicamente, a compreender a organização do espaço geográfico, a compreender o espaço e o tempo históricos, para que através de suas ações iniciem a transformação.

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CAPÍTULO II - O DIRETOR DA ESCOLA: AGENTE DE

TRANSFORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

2.1 O papel do diretor com a inovação e a mudança educacional

A escola, tendo o seu funcionamento voltado para a melhoria da qualidade do ensino, tem a inovação como forte determinante para que esta meta educacional seja atendida.

A partir do conhecimento do meio, das necessidades sociais e das aspirações da clientela, o diretor e seu colegiado devem buscar inovações, definindo objetivos, recursos e dificuldades, num movimento que catalize uma participação real e promova mudanças educacionais.

De acordo com Valerian (1993, p.34), a função do diretor, em uma nova perspectiva, deve:

(...) provocar a melhoria do bom funcionamento da escola; a de encontrar soluções para os problemas que se colocam localmente para a implementação de novas finalidades educacionais; e a de introduzir a inovação para melhorar a qualidade e a eficácia do ensino. O diretor da escola já não é apenas um administrador: ele deve ser também um inovador. E estas duas funções não são contraditórias: tornam-se compatíveis quando a direção da escola se torna mais democrática, quando atribui poderes mais amplos ao conjunto dos agentes da escola: professores, pais, coletividade local.

A inovação, vista como um caminho para a eficácia da escola, apresenta em seu encaminhamento três fases distintas: introdução, implementação e institucionalização da inovação. A fase de introdução prevê a exploração do contexto escolar, o significado destas mudanças, o investimento dos recursos humanos e materiais, benefícios, riscos e envolvimento da equipe de trabalho, que deve ter clareza dos objetivos e do significado do projeto inovador.

A fase de implementação envolve a organização de atividades que contribuirão para o êxito do projeto: são os planos do dia-a-dia e, a longo prazo, a

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garantia do apoio material, a busca de recursos nas diversas fontes de financiamento internas e externas, a formação contínua dos participantes do projeto e o acompanhamento da mudança como processo evolutivo, particularizando-se este acompanhamento do processo, no atendimento a problemas individuais dos participantes e valorizando-se a dimensão das relações interpessoais como fator significativo para o encaminhamento da inovação.

Em uma abordagem meramente teórica é do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto à implementação eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando todos os esforços nesse sentido, controlando os recursos para tal.

Devido à sua posição central na escola, o desempenho do seu papel exerce forte influência sobre todos os setores e pessoas da escola. É do seu desempenho e de sua habilidade em influenciar o ambiente em que depende grande parte a qualidade do ambiente e clima escolar, o desempenho do seu papel e a qualidade do processo ensino aprendizagem.

No desempenho do seu papel o diretor assume uma série de funções, tanto de natureza administrativa, quanto pedagógica.

Do ponto de vista administrativo, compete a ele, por exemplo, a: - organização e articulação de todas as unidades componentes da escola; - controle dos aspectos materiais e financeiros

- articulação e controle dos recursos humanos; - articulação escola comunidade;

- formulação de normas, regulamentos e adoção de medidas consonantes com os objetivos educacionais;

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- supervisão e orientação a todos aqueles a quem são delegadas responsabilidades. Do ponto de vista pedagógico, é de sua alçada, por exemplo, a:

- dinamização e assistência aos membros da escola para que promovam ações em sintonia com os objetivos educacionais;

- liderança e inspiração no sentido de enriquecimento desses objetivos e princípios; - promoção de um sistema de ação integrada e cooperativa;

- manutenção de um processo de comunicação claro e aberto entre os membros da escola e entre a escola e a comunidade;

- estimulação à inovação e melhoria do processo educacional.

Quanto maior a escola e mais complexo o seu ambiente, maior a dificuldade encontrada pelo diretor para desempenhar seu papel de forma eficiente.

Os argumentos que fundamentam e justificam a proposta de uma gestão para a educação assentam-se, inicialmente, na compreensão da administração no seu sentido geral como “utilização racional dos recursos para a realização de fins determinados” (PARO, 1986, p.18), significando que: “a administração” é uma atividade produzida pelo homem, capaz de orientar ações vistas e fins pré-estabelecidos.

A administração como forma particular de trabalho, se ocupa com a organização do esforço coletivo, isto é, com a organização do trabalho na sociedade.

A administração por ser uma ação social e política, gera práticas contraditórias, uma vez que tanto serve para organizar o trabalho de uma forma autoritária, quanto fazê-lo de uma maneira democrática e participativa.

A gestão democrática faz parte de um processo coletivo e totalizante, cujo quesito principal é a participação de todos. Assim, a administração é encarada como

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uma prática política e social, podendo gerar formas autoritárias ou participativas. Estado e democracia passam a ser visto como um pré-requisito à realização de uma escola pública popular, mesmo que ainda sem toda a autonomia necessária a esta, porém, com a finalidade principal da formação de cidadãos preparados para o enfrentamento do desafio principal, a vida em sociedade.

Fica claro que uma gestão democrática e participativa, com o empenho de toda a comunidade escolar, pode fazer com que o sistema público de ensino rume a uma excelência tão desejada, sendo que o Diretor é peça fundamental atuando como líder durante todo o processo.

2.2 Relacionamento com os demais agentes pedagógicos

A primeira responsabilidade dos técnicos (diretores, supervisores e orientadores pedagógicos) e professores é se organizarem em torno da relação "professor-aluno", núcleo do processo de ensino-aprendizagem. Tanto o professor, quanto os alunos, traz um conjunto de referências sociais (éticas, culturais – inclusive um sistema de valores etc.) e individuais (características físicas, de personalidade, entre outras) e vão estabelecendo tal relação desde o primeiro dia de aula.

Porém, o professor se diferencia de seus alunos pelo domínio que tem de um conjunto de conhecimentos sistematizados ao longo de sua vida pessoal e profissional, inclusive os relativos ao chamado "conhecimento científico". Ele, portanto, traz algo novo ao aluno e, como já dissemos essa novidade não significa apenas os conteúdos escolares que referenciam esse conhecimento, mas o reconhecimento de que esses conteúdos se apresentam organizados em estruturas (as disciplinas) que nos possibilitam fazer diferentes leituras sobre o mundo.

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Sendo assim, o professor deve mapear as referências sociais e pessoais que cada aluno traz para a sala de aula e criar, a partir delas, atitudes de problematização de acordo com a temática a ser abordada. Os caminhos que os alunos passam a construir para superarem os problemas colocados pelo professor instauram uma relação dialógica (de diálogo entre ambos) - também chamada "campo de aprendizagem" - repleta de conflitos e contradições que promovem rupturas e possibilitam a reconstrução do conhecimento.

O estabelecimento desse campo envolve professor e alunos e implica na aprendizagem de ambos, sem anular as diferenças que trazem no processo, inclusive em relação à autoridade do professor. A autoridade é compreendida no âmbito do papel que o professor desempenha na relação: de orientador, de dinamizador, de realimentador do conhecimento, de quem faz a costura desse processo e por ele é responsável.

Pelo papel que assume, é o professor, também, o articulador da entrada do conhecimento dito "não-formal" na escola. Ele estimula a entrada de informações e conhecimentos, relativos aos saberes das famílias e da comunidade na instituição escolar, por meio do trabalho que realiza com os alunos. Além disso, auxilia o estabelecimento de procedimentos para que esses saberes entrem na escola de modo que essa consiga lê-los e compreendê-los.

A ação articulada dos professores é orientada pelo corpo técnico, que subsidia o seu trabalho. Os profissionais que estão mais próximos do professor, nesse sentido, são os supervisores e os orientadores pedagógicos, que chamaremos, aqui, de "especialistas". O supervisor tem por responsabilidade coordenar o trabalho dos professores, segundo a concepção curricular aqui definida e materializada no projeto político-pedagógico de cada escola. Assim, compete ao

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supervisor fazer o diagnóstico do trabalho de cada professor, a fim de ajudá-lo a superar os problemas e dificuldades que surgem no dia-a-dia, rediscutindo a metodologia utilizada em seu trabalho e articulando as ações do coletivo docente.

O orientador ajuda o professor a fazer uma leitura, de cada aluno, que traga subsídios ao processo de avaliação. O orientador colabora na organização dessa leitura com o objetivo de estabelecer critérios que orientem a avaliação geral da classe e da série e que possibilitem rediscutir sistematicamente a avaliação individual. Assim, auxilia o professor a redefinir as estratégias utilizadas com cada aluno, classe e série, ajudando a realizar a interface com os pais.

O trabalho do supervisor e do orientador se dá de forma integrada, tanto na formulação dos diagnósticos, quanto na orientação das leituras e no apoio dado ao professor. Suas ações se conjugam e, pelo papel que desempenham, esses especialistas se tornam responsáveis por sugerir e coordenar propostas de capacitação para os professores da unidade escolar.

Para que os técnicos e os professores realizem seu trabalho de modo integrado é necessário que sejam determinados, no projeto pedagógico de cada escola momentos para a troca de informações e experiências, bem como para o replanejamento. É necessário que se destine um número de horas semanais para que o professor possa reavaliar seu trabalho e buscar subsídios para corrigir equívocos.

A escola deve definir em seu planejamento, reuniões semanais de professores por disciplina e por série, como também reuniões mais gerais para socializar essa atividade de reavaliação e sistematizá-la, com a ajuda do diretor e "especialistas" da unidade escolar. Os momentos de reunião são importantes, também, pois, as experiências trazidas pelos professores podem ajudá-los a

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identificar problemas ou questões que estimulem a formulação de projetos interdisciplinares.

Os supervisores e orientadores pedagógicos devem ter momentos destinados ao planejamento conjunto de suas ações; ao atendimento dos professores e dos alunos; à realização de reuniões semanais com o diretor da unidade escolar para colocá-lo a par de seu trabalho, dos problemas e dificuldades dos professores, dos encaminhamentos dados, e também, para buscar subsídios.

Na falta do supervisor e orientador pedagógico, é o diretor quem assume as suas atribuições. Isso não significa que, se a escola conta com esses especialistas, o diretor tem apenas o papel de administrador, pois é ele quem alia, nos dois casos, a administração à proposta pedagógica da unidade escolar. Por isso, o diretor também acompanha e auxilia o trabalho dos especialistas e dos professores, bem como, a sua articulação.

São, também, atribuições do diretor, coordenar o processo de elaboração e reelaboração do projeto político-pedagógico da escola e organizar estratégias de mobilização e participação das famílias e da comunidade para sua realização. Além disso, é o elo privilegiado de comunicação entre a Secretaria de Educação e a instituição escolar.

Portanto, o diretor tem como principal responsabilidade coordenar o processo democrático da gestão escolar, mobilizando seus diversos participantes. É seu papel conhecer e auxiliar todo o trabalho pedagógico realizado na escola pelos técnicos e, principalmente, pelos professores, que melhor conhecem os alunos e as famílias.

A Administração participativa se constrói, por meio de um trabalho cooperativo, em que a delegação de autoridade, com base na competência e na responsabilidade é o fator mais relevante.

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Administração assim concebida há de ter sempre como foco a Participação Colegiada, definindo suas atribuições a partir da proposta elaborada em conjunto. A participação, segundo Lindsey, (1988, p.47):

(...) é uma habilidade que se aprende e se aperfeiçoa“. Ninguém nasce sabendo participar, mas como se trata de uma necessidade natural, a habilidade de participar cresce rapidamente, quando existe a oportunidade de praticá-la. O mesmo autor cita na pág. 16 as duas fases para a participação: “Afetiva: participamos porque gostamos de fazer coisas com os outros. Instrumental: participamos porque trabalhar junto é mais eficaz e eficiente do que sozinho“.

A afetividade, neste caso, abre uma perspectiva de igualdade no trato e de supressão da hierarquia, constituindo um clima adequado à participação, entendendo as diferenças e divergências individuais e por segmentos de uma possibilidade de troca e enriquecimento do grupo como um todo.

Conclui-se, mediante os aspectos teóricos apresentados acima, que nas unidades educacionais, o papel do diretor tem sua importância não apenas com um simples gestor administrativo, mas como um agente integrador do processo educativo, capaz de interagir entre os agentes pedagógicos e os educandos objetivando a melhoria da qualidade do ensino, através da mudança no plano gestor escolar, mediante as necessidades apontadas, e sua participação no processo ensino-aprendizado promovendo e incentivando o constante aperfeiçoamento dos seus agentes pedagógicos.

2.3 O Diretor e a questão da liderança nas organizações

educacionais

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um conceito, de uma teoria prática quem embase sua atuação. Também é importante saber comunicar-se com outras lideranças educacionais usando jargão profissional, de forma que possam entender-se rapidamente.

Exercer liderança em organizações educacionais é mais do que se empenhar em uma atividade geral e técnica voltada a ensinar e apoiar professores.

De acordo com Rosenau (2002, p.50), “a liderança cria um clima para aprendizagem em nível de profissionalismo e atitudes de professores e alunos proporcionando um elo entre escola e comunidade definindo caminhos para tomada de decisões fundamentais”.

Estabelecer rumos e direção é tarefa da liderança de uma organização. E mais: o diretor deve compreender que é líder de profissionais. Os docentes devem ser vistos como profissionais que possuem um alto grau de autonomia.

Os diretores devem saber quais são as motivações dos professores (enquanto profissionais). O motivo mais importante para que um profissional realize seu trabalho é o reconhecimento que dele provém.

Para se obter maior liderança, algumas características são importantes para a gestão democrática onde se constrói a autonomia da escola com a participação da comunidade e uma educação de qualidade. Um Gestor Escolar precisa de competência profissional e administrativa com experiência na docência, relacionando-se com a comunidade motivando e delegando funções para criar um grupo que desempenhe suas tarefas. (ROSENAU, 2002, p.51)

É muito importante que o desempenho do profissional seja reconhecido na organização onde ele trabalha. Se observarmos as escolas atuais, torna-se claro que muitos professores recebem reconhecimento de seus alunos; às vezes também recebem reconhecimento dos seus colegas, mas só por último, em geral depois do que se passou, depois de um longo tempo, recebem reconhecimento e apreciação do diretor.

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Entretanto, se perguntam aos professores de quem gostariam de receber reconhecimento primeiro, o diretor estaria no topo da lista.

Com base nisso, vê-se que liderar uma escola é até simples. Basta assegurar que exista, de um lado muito reconhecimento e apreço pelo trabalho dos docentes, e de outro, pouca burocracia.

Dirigir uma escola engloba duas dimensões: administração e liderança. A Administração pode ser descrita como liderar indiretamente. As atividades administrativas são características por verbos como: organizar, conseguir, gerenciar, facilitar e criar condições. Estas atividades são extremamente apropriadas se o diretor resolve "tomar conta do negócio".

Entretanto, para implementar mudanças nas organização educacionais, a liderança é essencial. Liderança significa liderar diretamente, reagindo diretamente ao comportamento dos profissionais. Verbos associados à liderança são fornecer espaço, estabelecer requisitos, acompanhar, estimular, gerar entusiasmo, confrontar e corrigir.

Os dois últimos verbos, com certeza, referem-se a atividades que não ocorrem com freqüência nas organizações educacionais. Chamar alguém para prestar contas sobre seu comportamento é algo raro, mas confrontar com padrões e corrigir são ações que simplesmente não acontecem em muitas escolas.

Em décadas recentes, a ênfase tem sido colocada especialmente na administração, e realmente, muitos dirigentes parecem ter dominado um repertório inteiro de instrumentos gerenciais. Eles querem, especialmente, instrumentos e procedimentos que os ajudem a implementar novas tarefas. O mais importante conjunto de instrumentos gerenciais, entretanto, está bem perto. Alguém que os

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considera como algo de grande importância, concentra-se em verificar como os aplica em sua vida.

Algumas características diferenciam o administrador do líder: - o administrador coordena o trabalho, o líder coordena pessoas,

- o administrador certifica-se de que tudo esteja certo: o líder certifica-se que tudo funciona

- o administrador faz as coisas bem: o líder faz coisas boas

O que é importante é que o diretor tenha um pouco das duas dimensões. Cem por cento de administração conduz à alienação dos profissionais. Cem por cento liderança conduz a falência.

A liderança pode ser desenvolvida. Quando pensam em termos de liderança, o menos importante é tentar ser o líder carismático tradicional com características das quais se diz "ou você tem, ou você não tem". A liderança da qual falamos aqui pode ser desenvolvida, porque é vista como uma atividade profissional, uma ocupação. Todos desenvolvem qualidades de liderança ao longo da vida, mas sempre surgem situações que nos exigem essas qualidades. É verdade que alguns as desenvolvem mais do que os outros. Depende do talento, da experiência de vida e das escolhas, características da biografia de cada indivíduo.

Gestão Escolar é realizar idéias através das pessoas apaixonadas pela educação. A grandeza da tarefa de liderar a elaboração, o acompanhamento e a avaliação da proposta político-pedagógica requer o cultivo da virtude da humildade, não ser o dono da verdade, pois as verdades, são raios de sol que iluminam a todos sem pertencer a ninguém. Ela se revela e se encontra na pluralidade das vozes e dos saberes dos que fazem parte da escola. É necessária uma liderança a serviço da comunidade escolar que tenha uma visão técnico-pedagógica, deixando sua postura individualista. O Gestor com liderança estimula a transformação de sonhos em realidade, liberando energia dos outros para manter uma visão coletiva. (ROSENAU, 2002, p. 53).

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Qualidades de liderança podem ser desenvolvidas a cada dia. Há dois tipos de qualidades de liderança: masculinas e femininas. Tradicionalmente falando, os homens desenvolveram principalmente qualidades masculinas de liderança durante sua vidas; e as mulheres, qualidades femininas de liderança. Isso tem mudado nos últimos tempos. Hoje, homens e mulheres desenvolvem qualidades masculinas e femininas, independentemente do gênero. Poder-se-ia dizer, olhando a questão sob o prisma do oriental, que as qualidades "yang" e "ying" são desenvolvidas tanto nos homens, quanto nas mulheres.

É importante que um líder adquira os dois tipos de qualidades para seu repertório. Afinal, um líder deve ser capaz de empregar a qualidade pessoal de liderança adequada a cada situação. É importante, ás vezes, direcionar, dirigir ou estabelecer limites (qualidades de liderança masculina), quando em outras situações, a paciência, o tato ou a percepção do tempo são importantes (qualidades de liderança feminina).

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CAPÍTULO III - ESCOLA: ESPAÇO DE AÇÃO DO DIRETOR

3.1 Diretor de escola, gestão escolar e participação

O ato de dirigir uma escola é bastante abrangente. A pessoa escolhida para este fim não pode restringir sua ação a um mero acompanhamento do funcionamento das classes. Duas questões centrais precisam fundamentar o fazer pedagógico do diretor: Como favorecer a ministração de um ensino relevante? E o que fazer para melhorar a escola?

Diante disso, não se pode contentar com qualquer ação. É preciso estar atento no processo como um todo, na relação professor-aluno e aluno-aluno, na dinâmica organizacional e na formação dos professores. Assim sendo, o diretor, no desempenho de suas funções, deve ser capaz de:

- ir além do gerenciamento e coloca as pessoas em primeiro plano.

Administrar é, sem dúvida, uma dimensão essencial da liderança. Envolve gerenciar recursos financeiros; desenhar, implementar, acompanhar e avaliar planos; organizar, prover, facilitar; criar condições favoráveis ao aproveitamento dos alunos. Boa administração garante manter a casa em ordem – mas não basta para fazer com que uma escola se aperfeiçoe e mude.

Administradores intervêm apenas de maneira indireta no trabalho dos professores. Para que transformações na qualidade do ensino ocorram, é preciso que o diretor vá além. Deve atuar como líder educacional e influenciar diretamente o comportamento profissional dos educadores.

- estar em contato permanente com os docentes.

Faz com que cada profissional, aluno e pai, sinta que a escola lhe pertence. Deve ser fonte de inspiração, incentivo e apoio técnico. Estimula a criatividade, mas

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ao mesmo tempo estabelece padrões, confronta, corrige, capacita.

Valoriza o desempenho dos professores, sabendo que receber reconhecimento os motiva a fazer cada vez melhor o seu trabalho. Por isso, é capaz de extrair o máximo de sua equipe de profissionais.

- compartilhar com sua equipe os projetos da escola.

Ele é capaz de sonhar – com nitidez – a escola como ela deve ser. Compartilha com os outros esta visão, que se traduz em imagens apaixonantes, energizadoras, sobre o papel e a importância da educação. Consegue fazer com que a equipe sinta que está embarcando em um projeto vital, até mesmo sagrado, que exigirá sacrifícios, mas também realizará algo muito importante, digno do melhor que existe em cada um. Uma visão suficientemente poderosa pode impulsionar o processo de planejamento. Estimula a comunidade escolar a projetar, programar, elaborar roteiros para concretizar o futuro desejado.

O diretor não deve se limitar a registrar, no Plano da Escola, as decisões tomadas pela equipe – ele a convida a criar sua declaração de missão: uma fórmula que sintetiza o que a escola faz, com que propósito, de que forma, com que pessoas e entidades. Divulgada em cartazes, a declaração de missão ajuda a manter o foco no que é essencial – fazer com que os alunos aprendam cada vez mais. A missão expressa, em poucas linhas, a identidade da escola e comunica a razão de sua existência de forma clara e motivadora, a alunos, professores, funcionários e comunidade.

- buscar soluções aos problemas da escola.

O diretor deve incentivar a equipe a descobrir o que é possível fazer para solucionar os problemas detectados na escola. Auxilia os profissionais a melhor compreender a realidade educacional em que atuam, a tomar decisões sobre

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prioridades baseando-se nesta compreensão, e a empreender, em conjunto, ações para colocá-las em prática. Ao resolver, passo a passo, problemas específicos, a comunidade escolar adquire consciência de seu poder de mudar a realidade, com os recursos disponíveis.

- transformar a escola em oficina de trabalho, onde profissionais aprendem uns com os outros, cooperando para solucionar problemas pedagógicos.

Se o diretor é um líder, ele não deixa os professores abandonados à própria sorte, isolados em suas salas de aula. Organiza a jornada escolar, abrindo espaço para reuniões semanais ou pelo menos quinzenais dos docentes, por disciplina ou por série. Estimulam-os a debater, em grupo, problemas pedagógicos como dificuldade em motivar a classe ou em estabelecer relações entre os conteúdos e a vida dos alunos. É o momento em que os professores refletem sobre sua prática e experimentam novas possibilidades. Em um clima descontraído, não ameaçador, de cooperação, vão sentir-se à vontade até para falar sobre seus próprios erros, discuti-los e aprender com eles.

- relacionar-se com professores, alunos e pais.

O diretor deve percorrer diariamente todas as dependências da escola. Assim, comunica à equipe, aos alunos e aos pais que se importa com eles. Ao mesmo tempo, monitora como as atividades estão se desenvolvendo e identifica itens que poderão ser discutidos nas reuniões com os professores e outros funcionários.

- buscar alianças de maneira a promover mais e melhor aprendizagem na escola. Quando o diretor é um líder, ele é também um grande comunicador, capaz de mobilizar e articular os mais diferentes setores em torno da missão da escola. Convence e orienta os pais, por exemplo, a desenvolver sistematicamente os

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hábitos de estudo de seus filhos ou a trabalhar como voluntários em projetos de recuperação. Mapeia as organizações sociais e culturais da comunidade que possam desenvolver ações complementares junto aos alunos, como dança, teatro, estudo de línguas, informática, esportes.

- identificar o potencial de cada pessoa ou instituição.

O diretor deve estimular a comunidade escolar a projetar, programar, elaborar roteiros para concretizar o futuro desejado, não se limitando a registrar, no Plano da Escola, as decisões tomadas pela equipe – ele a convida a criar sua declaração de missão: uma fórmula que sintetiza o que a escola faz, com que propósito, de que forma, com que pessoas e entidades. Divulgada em cartazes, a declaração de missão ajuda a manter o foco no que é essencial – fazer com que os alunos aprendam cada vez mais. A missão expressa, em poucas linhas, a identidade da escola e comunica a razão de sua existência de forma clara e motivadora, a alunos, professores, funcionários e comunidade.

O paradigma clássico da administração é altamente influenciado pelas idéias de Taylor e Fayol. Taylor inaugurou a organização científica do trabalho e estabeleceu um sistema de incentivos e recompensas ao trabalhador com o objetivo tácito de aumentar a produtividade na empresa. O aumento de produtividade geraria automaticamente um incremento nos lucros e diminuição de custos, o que resultaria em aumento salarial para o trabalhador. De acordo com Taylor, conforme a especialização, um operário poderia receber ordens de vários diretores. Cada operário exerceria uma tarefa bem específica e não poderia interferir na tarefa de outrem.

Os problemas só deveriam subir para uma instância superior se não pudessem ser resolvidos nas instâncias inferiores, pois, se assim não fosse, as

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instâncias superiores ficariam abarrotadas de papéis e a ação administrativa ficaria emperrada.

Fayol, assim como Taylor, defendia que na hierarquização residia a racionalização da tarefa administrativa. Cada setor da empresa deveria ter um chefe único. Este, por sua vez, estaria subordinado a um outro chefe numa instância superior e assim sucessivamente até o presidente. As decisões seriam tomadas de cima para baixo, de acordo com o grau hierárquico. Cada chefe deveria cumprir as ordens de seus superiores e fazer com que seus subordinados cumprissem as suas. Fayol dividiu as funções administrativas em cinco ações principais: planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar (o famoso P.O.C.C.C.). As idéias de Taylor e Fayol continuam a influenciar os diretores até os dias de hoje.

A estrutura hierarquizada preconizada por Taylor e Fayol pressupõe o uso da coerção para o cumprimento de tarefas. Como bem ressalta Motta (1997, p. 86): “todo e qualquer tipo de administração traz em seu bojo um caráter coercitivo”.

Existe uma espécie de dominação sobre a população administrada. Quem administra comanda e controla quem é administrado, exerce poder sobre este. Isto tem implicações profundas na administração escolar. As escolas estão estruturadas de tal forma que este poder de coerção, inerente ao processo administrativo, é levado até as últimas conseqüências. Professores, diretores, coordenadores, pessoal de apoio etc., exercem freqüentemente e indiscriminadamente seu poder de dominação sobre os alunos, tornando-os dóceis, submissos e conformistas, ou seja, adestrados para receber pacificamente a dominação.

No paradigma clássico da administração, a estrutura hierarquizada é um sistema rígido no qual cada um deve ordenar e obedecer sem questionar a natureza da ordem. Não há espaço para a discussão, para o questionamento e muito menos

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para a crítica. No entanto, um dos pressupostos fundamentais da democracia é a participação. A sociedade tem um caráter pluralista. Ela é entendida como um conjunto de indivíduos heterogêneos. Estes, para verem suas aspirações satisfeitas, necessitam serem ouvidos, precisam ter alguma influência sobre o poder.

Em outras palavras, necessitam participar do poder. E é através da participação que os indivíduos exercem sua cidadania. O que Taylor não poderia prever era o conflito natural homem organização. As pessoas têm uma tendência normal para criticar a estrutura à qual estão submetidas. Esta crítica pode se reverter a favor da organização, se esta estiver preparada para evoluir dentro da auto-avaliação.

A gestão participativa se constitui numa alternativa ao paradigma clássico. É um tipo de gestão que se baseia na representação. Um conselho é formado por representantes eleitos de todos os setores da entidade administrada, com poderes não só consultivos, mas também normativos e até deliberativos.

No caso específico da escola, este conselho poderia ser formado por representantes dos alunos, dos professores, dos funcionários, dos setores de apoio. E o diretor seria apenas um de seus membros, eleito para presidir este conselho por um período de tempo pré-determinado.

O diretor dividiria, então, com seus pares, a responsabilidade pela condução da escola. A co-gestão é uma forma mais avançada de gestão participativa na qual o conselho possui poder deliberativo em determinadas matérias e poder consultivo em outras. A co-gestão é diferente da autogestão. Nesta última a coletividade se auto-administra. Não se trata apenas de participar do poder, mas de exercer o poder de fato.

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inerente à própria administração, uma vez que as decisões não ocorrem unilateralmente de cima para baixo, mas sim, e ao contrário, de baixo para cima, já que cada indivíduo participa, direta ou indiretamente, das decisões administrativas.

É óbvio que, para exercer efetivamente esta participação na vida social, o cidadão precisa estar preparado para tanto. Ele tem, antes de tudo, que possuir a cultura da participação; tem que estar familiarizado com ela. Se a educação tem como princípio básico a preparação do indivíduo para o exercício pleno de sua cidadania (e é o que estabelece o art. 205 da Constituição Federal), então ela deve educá-lo para a participação.

Não é formando indivíduos submissos e conformados que ela estará fazendo isto. Os atributos que se esperam dos seres sociais participativos são o espírito crítico, o senso de justiça, a liberdade responsável, o respeito mútuo, o pensamento autônomo, a sinceridade, a independência, a solidariedade, a capacidade de amar e ser amado, dentre outros. São estas as virtudes que a escola deve incentivar em seus alunos. Faz parte da formação do educando, enquanto ser social, a promoção destas características.

O novo paradigma da gestão educacional consiste em conceber formatos organizacionais no âmbito da escola que promovam a educação participativa e a aprendizagem não autoritária. A divisão do trabalho taylorista deve ser substituída pela integração de tarefas firmada no princípio da cooperação. Esta deve ser uma preocupação de educadores e educandos, diretores e funcionários, de toda a sociedade enfim. Somente formando cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e impregnados de espírito participativo é que a escola estará contribuindo para o verdadeiro desenvolvimento da democracia.

Referências

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