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FACULDADE DO VALE DO JURUENA-AJES ESPECIALIZAÇÃO EM INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 9,0

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FACULDADE DO VALE DO JURUENA-AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

9,0

MOTIVAÇÃO E ASPECTOS NEGATIVOS DA ALIENAÇÃO PARENTAL NAS FAMILIAS E INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL.

LIGIA MARIA FIGUEIREDO ligia_ariquemes@hotmail.com

PROF: ILSO FERNANDES DO CARMO

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FACULDADE DO VALE DO JURUENA-AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

MOTIVAÇÃO E ASPECTOS NEGATIVOS DA ALIENAÇÃO PARENTAL NAS FAMILIAS E INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL.

LIGIA MARIA FIGUEIREDO

ORIENTADOR: PROF. DR. ILSO FERNANDES DO CARMO

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do Título de Especialização em: Intervenção Psicossocial no Contexto das Políticas Públicas.”

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RESUMO

Esta monografia foi elaborada e pautada em pesquisas bibliográficas, tendo como objetivo discutir a alienação parental exercida sobre os filhos. Considerada como violência emocional exercida por parte do genitor, ou seu responsável, causando desta forma prejuízo para os vínculos familiares. A fim de apontar a problemática psicológica e jurídica que a Síndrome de Alienação Parental traz à criança e ao adolescente. A pesquisa consiste em identificar e analisar os elementos essenciais à configuração de práticas alienantes e quais suas consequências com relação à vida dos filhos envolvidos. Qual a falta de conscientização dos genitores envolvidos se estende aos filhos, causando danos irreversíveis.

Tem-se como resultado que a participação do Assistente Social como profissional, tanto para a identificação como para a intervenção nas situações envolvendo alienação parental, é exigido dos mesmos a utilização de todo um aparato técnico-operativo, mantendo a articulação com as dimensões ético-politico e teórico-metodológico, como pilares para o exercício profissional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...04

1 NOVAS CONFIGURAÇÕES DE FAMÍLIA...06

2. DIVÓRCIO...10

2.1. Efeitos do divórcio na vida dos filhos...11

2.1.1 Conceito de guarda e evolução legislativa no Brasil...14

2.2. Modalidades de guarda...15

2.2.1 Guarda Compartilhada e os Direitos ao Convívio Familiar...17

3. ALIENAÇÃO PARENTAL E SINDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL...21

3.1 O que é a Síndrome de Alienação Parental...23

3.2 Formas de Alienação Parental...24

3.3 Alienação parental e suas conseqüências...27

4. INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL...30

CONCLUSÃO...34

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INTRODUÇÃO

A presente monografia vem de forma relevante, levantar questão sobre a alienação parental presente nos processos de regulamentação de guarda, de visitas, que são originarias do processo de divórcio, junto ao trabalho do Assistente Social no judiciário.

O divorcio ocorre a partir do momento em que as relações familiares não são mais suficientes para manter a união do casal, esse processo se estende aos filhos, transformando os em objetos de disputa sem, perceber como isto faz mal, para o desenvolvimento social. A legislação brasileira tem olhado com um olhar mais criterioso apresentando avanços sobre a alienação parental, com a criação da Lei 12.318/10, que assegura direitos ao favor da criança que sofre alienação.

A alienação parental é responsável pela separação física e/ou emocional entre um dos genitores e seu filho. Esta prática afeta não somente o grupo familiar, mas a comunidade como um todo, sendo capaz de criar um círculo vicioso, pois a restrição do convívio familiar saudável, capaz de fornecer um ambiente de amor, segurança e compreensão, em que os filhos possam desenvolver a sua capacidade emocional e social, gera o risco de formar adultos despreparados para o exercício conjugal e parental, como também para a vida em sociedade.

O tema escolhido para a realização deste trabalho foi: motivação e aspectos negativos da alienação parental nas famílias e intervenção do assistente social e o problema da pesquisa foi assim descrito: “As novas configurações que a família vem passando, com relacionamentos frágeis e como fica a relação após o divórcio quando se tem filhos?” Abordam-se ainda as questões norteadoras, objetivo geral, objetivos específicos e categorias do método.

Em seu primeiro capitulo realiza-se o resgate histórico sobre a família, as transformações, e como estas influenciam até os dias atuais, no que diz respeito aos papeis atribuídos com relação à maternidade e paternidade. Embora, em muitos casos de dissolução conjugal, situações de alienação parental estiveram presentes, somente a partir da promulgação da Lei 12 318/2010, que discorre sobre a alienação parental, é que o assunto passou a ter mais atenção por parte do Judiciário, dos Assistentes Sociais, Psicólogos e Psiquiatras.

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No segundo capítulo discorre sobre o divorcio e sua instituição no Brasil, os efeitos do divórcio na vida dos filhos e a guarda compartilhada e os direitos ao convívio familiar. A separação, em alguns casos, ainda que por meio judicial, não consegue eliminar o sentimento negativo que um dos cônjuges pode nutrir e se fundamentar para causar danos ao outro, influenciando o filho contra aquele que não detém a sua guarda. Isto, afeta a relação de parentalidade entre pais e filhos.

No terceiro capitulo fala-se da alienação parental e síndrome da alienação parental, sobre o que é a síndrome de alienação parental, formas de alienação parental e suas conseqüências. Alienação parental foi identificada através da análise do psiquiatra infantil norte-americano, Richard Gardner, no estudo sobre a Síndrome de Alienação Parental, a respeito da circunstância em que a mãe ou pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro genitor, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao genitor alienado.

No quarto e último capítulo, contextualiza-se sobre a intervenção do assistente social. O mesmo tornou-se indispensável à medida que ia ampliando o atendimento a casos individuais cujo Juizado tinha “porta aberta” à população e conforme aprofundavam os problemas sócio familiares.

Por fim, a conclusão sobre o tema e a importância da participação do Assistente Social nas intervenções envolvendo a alienação parental.

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1 NOVAS CONFIGURAÇÕES DE FAMILIA

A concepção de família hoje não tem mais o mesmo grau de imbricamento de outrora no que se refere às suas finalidades, composição e papel de pais e mães. Segundo SIMÕES (2009, p.185), a família de hoje constitui:

[...] A instância básica, na qual o sentimento de pertencimento e identidade social é desenvolvido e mantido e, também, são transmitidos os valores e condutas pessoais. Apresenta certa pluralidade de relações interpessoais e diversidades culturais, que devem ser reconhecidas e respeitadas, em uma rede de vínculos comunitários, segundo o grupo social em que está inserida.

A família é a essência natural e fundamental para a formação da sociedade, pois, é a partir dela que se dá a formação da personalidade e dos princípios norteadores de seus membros, mesmo apresentando multiplicidades de condutas decorrentes do núcleo familiar em que estão inseridos. (SIMÕES, 2009).

A história da forma de organização familiar no Brasil manteve um determinado tipo de arranjo familiar: a família patriarcal. As mesmas se instalaram nas regiões agrárias de produção e mantinham-se ligadas de preferência entre parentes, com o intuito de assegurar a indivisibilidade do poder. Eram as relações de parentesco que organizavam as relações de trabalho. Conforme SIMÕES (2009):

Embora as primeiras manufaturas fossem familiares, em geral, a organização fabril, adotou, aos poucos, relações impessoais, excluindo delas qualquer vinculo familiar. As relações de parentesco ficaram à margem das relações de produção, a partir da linha fordiana de trabalho; embora, no Brasil, sob condições peculiares do patrimonialismo, tenha permanecido forte influência do nepotismo. (p.186).

VENOSA (2006), observa que, atualmente, a escola e outras instituições de educação, esporte e recreação preenchem atividades dos filhos que originalmente eram de responsabilidade dos pais. Os ofícios não mais são transmitidos de pai para filho dentro dos lares e das corporações. A educação cabe ao Estado ou a instituições por ele supervisionadas. Com isso, transfiguram-se as relações entre pais e filhos e entre os próprios pais, que não mais comungam das decisões no rumo da educação e formação de seus filhos.

Para os autores FERNANDES e CURRA (2006), a família é tratada como um sistema aberto, dinâmico e complexo, onde seus membros pertencem a um mesmo contexto social compartilhado; lugar do aprendizado e do reconhecimento da diferença ao unir-se ou separar-se, da construção da identidade e das primeiras trocas afetivo-emocionais

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Carlos Roberto Gonçalves (2007), define a família em sentido amplo, considerando-a como “todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como unidas pela afinidade e pela adoção”. Este conceito, de uma forma mais específica, refere-se à: “parentes consangüíneos em linha reta e aos colaterais até o quarto grau”.

A família é a base de cada sujeito, pois, ao nascer as pessoas são inseridas nesse grupo primário, no qual garantem a sua sobrevivência e aprendem os primeiros ensinamentos sobre valores morais e sociais. Para MINUCHIN (1990), família é o grupo social natural, que determina as respostas de seus membros do interior para o exterior de cada sujeito.

A figura do homem e da mulher vem obtendo grandes transformações. O homem era o total provedor da casa, tido como o individuo superior, portador dos direitos como votar, trabalhar, estudar, sendo assim a base da família. Já há mulher cabiam os afazeres domésticos, e de educação dos filhos, devendo ser totalmente submissa a seu marido. A formação dos filhos não era considerada importante, muito menos se preocupavam com o afeto.

No Brasil do século XIX, segundo SOUZA (2010), o papel de mãe zelosa ganha forças, a mãe passa a ser quem cuida da casa, dos filhos, que entende das dores que sabe os remédios certos, os horários, a melhor alimentação. Diante a tantos afazeres as palavras maternidade e feminilidade passas a ser sinônimos.

Ao final do século XX as mulheres ainda estão presas a uma visão conservadora, sendo totalmente submiça ao homem e aos filhos. “Durante vinte e

quatro horas por dia, a mãe ideal deve se resignar em sua condição feminina, marcada pelo sacrifício e pela dor.” (SOUZA, 2010, p. 59).

Destituídos de seu poder pela mulher e pelo Estado, ao pai restará à função de prover o sustento da família. Um bom pai será visto como aquele que não foge às suas obrigações dedica-se ao trabalho, empenha-se em dar uma boa vida à família e uma boa educação aos filhos (SOUSA, 2010, p.57)

Ainda no século XX, o casamento deixou de ser apenas um acordo comercial feito pelos genitores e passou a ser realizado, predominantemente, por amor, em decorrência dos sentimentos que os noivos nutriam um pelo outro (RAMOS & NASCIMENTO, 2008).

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Ao longo desta história as composições familiares também se modificaram, sofrendo influencias desde o aspecto sociocultural, da família nuclear aos novos arranjos familiares atuais, haja vista a necessidade de se fazer um recorte para família brasileira podemos destacar a família contemporânea, família mono parental, família homo afetiva entre outras. SILVA, (2010).

De acordo com a constituição Federal de 1988 de acordo com Art. 226 a família se torna base da nossa sociedade. Portanto Homens e mulheres são iguais perante a lei, conforme Art. 5 inciso I. Neste momento ocorrem mais conflitos familiares, pois esta igualdade não se materializa na vida de alguns casais.

Segundo PEREIRA (2004), o matrimônio já não representa mais sinônimo de unidade familiar, a nova família estrutura-se independentemente das núpcias. Novos casamentos dos cônjuges separados formam novas famílias, que resultam em novos arranjos, ajustamentos e possibilidades.

Com o desaparecimento da família patriarcal, na sua forma tradicional, cujas funções eram pró-criativas, econômicas, religiosas e políticas, a família passou a ser representada por um grupo social fundado nos laços de afetividade. Com o aumento de tolerância da sociedade diante de uniões informais, filhos nascidos fora do casamento, relativa aceitação do divórcio e a maior flexibilidade dos papéis dos membros da família, novas referências passaram a influenciar na institucionalização das relações familiares (SIMÕES, 2009).

Apesar das mudanças, pois a própria realidade social não é estática, mas, em constante transformação, de acordo com o momento histórico, a família continua exercendo um papel relevante na sociedade. SIMÕES (2009), afirma que a família:

É o núcleo social básico de acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e protagonismo social, constituindo-se no locus preferencial de sustento, guarda e educação das crianças e adolescentes, proteção de idosos e pessoas com deficiência. O direito a convivência familiar, por isso, supera o mero rendimento de renda per capita, para se fixar no âmbito do núcleo afetivo, não somente por laços consanguíneos, mas também de aliança ou afinidade, em torno de relações de geração e de gênero. (p.185).

Conforme GUAZZELLI (2007, p.43),

a família-instituição foi substituída pela família-instrumento, ou seja, ela existe e contribui tanto para o desenvolvimento da personalidade de seus integrantes como para o crescimento e formação da própria sociedade, justificando, com isso, a sua proteção pelo Estado.

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A família assume diversas formas, tais como: a união formada por casamento; a união estável entre homem e mulher; a comunidade de qualquer dos genitores com seus dependentes; as famílias reconstituídas; e a união homo afetiva1 . Portanto, falar em família implica referenciar as mudanças e os padrões diversos de relacionamentos, tornando-se difícil definir o que as delimita. Nesse sentido, SARTI (2007, p.25), postula que:

Embora a família continue sendo objeto de profundas idealizações, a realidade das mudanças em curso abalam de tal maneira o modelo idealizado que se torna difícil sustentar a ideia de um modelo “adequado”. Não se sabe mais, de antemão, o que é adequado ou inadequado relativamente à família. No que se refere às relações conjugais, quem são os parceiros? Que família criam? Como delimitar a família se as relações entre pais e filhos cada vez menos se resumem ao núcleo conjugal? Como se dão as relações entre irmãos, filhos de casamentos, divórcios, recasamentos de casais em situações tão diferenciadas? Enfim, a família contemporânea comporta uma enorme elasticidade.

As famílias recompostas. Define-se como família recomposta ou reconstituída aquela estrutura familiar originada do casamento ou da união estável de um casal, na qual um ou ambos de seus membros tem filho ou filhos de um vínculo anterior. (MACIEL, 2009).

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2.O DIVÓRCIO

O divórcio é a dissolução do casamento deixando os sujeitos livres e descompromissados do matrimônio assumido. Segundo Diniz (2006), o divórcio é a dissolução de um casamento válido, ou seja, a extinção do vínculo matrimonial, que se opera mediante sentença judicial, habilitando assim as pessoas a buscarem novas núpcias.

O divórcio foi instituído no Brasil em 1977, com a promulgação da Emenda Constitucional 09/77. Passados trinta e três anos do surgimento da lei nº 6.515/77- Lei do Divórcio ficou claro que a dissolução do casamento não apresentava razões concretas para continuar com um sistema que mantinha o casal vinculado, ainda que contra a sua vontade.

MCGOLDRICK (1995, p.23) afirma que: “Uma interrupção ou deslocamento

do tradicional ciclo de vida familiar, produz um tipo de profundo de desequilíbrio que está associado às mudanças, perdas e ganhos no grupo.”

Sendo o divórcio definido como dissolução legal do casamento na vida dos cônjuges, é de se esperar que, essa dissolução, vivida em termos de um processo, leve os cônjuges a terem experiências diferentes nas fases na sua realização.

As dificuldades matrimoniais não atingem e nem são vividas exclusivamente pelo casal. O estado de desentendimento entre os pais abala os filhos, tão profundamente, quanto o casal. A maneira como cada membro do casal lidará com o fim do casamento, pode propiciar aos filhos, uma melhor ou uma pior elaboração da separação. (ALMEIDA, 2010).

Por conta do processo do divórcio, o desenvolvimento normal da vida da família é interrompido causando bruscas alterações. MCGOLDRICK (1995) ainda ressalta que, na maioria dos divórcios, um dos cônjuges quer sair do casamento mais do que o outro.

Neste meio tempestuoso encontramos os filhos, que a principio não conseguem compreender o que esta acontecendo com relação dos pais, pois geralmente agora só brigam não se entendendo mais, as crianças se sentem culpadas pelos acontecimentos que presenciam, mas não compreendem. “Da vontade de largar

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Como as partes mais frágeis da situação os filhos são utilizados de forma inconsequente pelos cônjuges.

A situação se complica quando um dos cônjuges não aceita a separação e, por inúmeros motivos, passa a evidenciar atitudes hostis e agressivas que inviabilizam o contato entre eles. Nesse meio, encontram-se os filhos do casal aspirados nos impasses familiares que, em geral, a princípio não compreendem o que se passa entre os pais e, conseqüentemente, se mostram confusos e inseguros como espectadores e protagonistas dos acontecimentos que independem de suas vontades e controles. E de muitas formas são usados como “escudos ou troféus” por um ou amos os pais. (DUARTE, 2008, p. 224).

Após a dissolução do casamento resta aos genitores a escolha pela guarda dos filhos. A guarda compartilhada foi instituída pela Lei n. 11.698/2008, decorrente de alteração nos arts.1.583 e 1.584 do Código Civil falar em guarda de filhos pressupõe a separação dos pais. Porem, o fim do relacionamento dos pais não pode levar a cisão dos direitos parentais. O rompimento de vínculos familiares não deve comprometer a continuidade da convivência dos filhos com ambos os genitores. É preciso que eles não se sintam objeto de vingança, em face dos ressentimentos dos pais (FIGUEIREDO, 2011, p.39).

2.1. EFEITOS DO DIVÓRCIO NA VIDA DOS FILHOS

Para GIDDENS (1999), “os efeitos do divórcio na vida dos filhos serão sempre

de difícil avaliação, porque não sabemos o que teria acontecido se os pais estivessem juntos.” (p.102).

Este fato fica validado pela citação de MCGOLDRICK (1995), que afirma ser o divórcio considerado um dos eventos mais estressantes para a família, só ficando atrás da morte de um dos cônjuges. Sua afirmação baseia-se na escala de HOLMES e RAHE (1967).

De acordo com uma pesquisa de WALLERSTEIN (2000), filhos de casais separados sofrem mais de depressão e apresentam maior dificuldade no aprendizado, sendo deste próprio autor a melhor definição dos efeitos do divórcio na vida afetiva dos filhos.

GALINA, apud OSÓRIO; VALLE (2009), afirma que os filhos de casais divorciados, podem ter dificuldade em estabelecer relações de confiança e de maior intimidade com outras pessoas, problemas no sono e na alimentação, sentimento de 11

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culpa, por se sentirem forçados pelos pais a escolherem um lado e com isso, desenvolvendo o conflito de lealdade, sentimento de impotência na vida afetiva, podendo ter uma redução na auto-estima, entre outros fatores negativos para a qualidade de vida do filho.

Segundo BRITO (2007), os filhos que eram muito pequenos quando ocorreu o divórcio não tinham lembranças do pai, sabiam apenas o que motivou a separação pela versão materna. Quando um dos genitores sai de casa por conta da separação, sem conversar com o filho, de forma a esclarecer a situação, a criança cresce sem saber direito o que aconteceu. Nesta pesquisa realizada pela autora, na maioria dos casos, os filhos não recebiam esclarecimento dos pais sobre a separação.

WALLERSTEIN (2000), afirma em sua obra que a decisão de não brigar na frente das crianças tem suas limitações. Evitar discussões não as protege dos efeitos do divórcio, a longo prazo. Estes efeitos podem aparecer na vida adulta. Quanto a BRITO (2007, p. 288), apesar dos filhos não concordarem com os desentendimentos que presenciavam, “indicaram que não sentiram tanto a separação, mas foram

afetados pelos desdobramentos desta.”

De acordo com CARNEIRO (2003), as mulheres são acostumadas a falar sobre os sentimentos e mais motivadas a explicar e a discutir os relacionamentos. Com isso tendem a lidar com mais facilidade na descrição do processo de dissolução do casamento.

WALLERSTEIN (2000), diz que as crianças crescem com o sentimento de culpa por conta da separação dos pais, para esta pesquisadora, tanto o homem como a mulher, que vivem o tumulto de uma separação, não têm equilíbrio suficiente e nem disponibilidade para dar conta do que as crianças estão sentindo naquele momento.

MCGOLDRICK; CARTER (1995), formulam o problema partindo de possíveis variáveis específicas como: idade, sexo, conflito entre os pais, mudanças de vida após o divórcio e a natureza dos arranjos paternos/maternos. Na pesquisa referente à idade, entende-se que as crianças que não tem lembrança da vida antes do divórcio, tinham impactos menores do que as crianças maiores que vivenciaram a família antes e após o divórcio.

Em relação ao sexo, masculino ou feminino, a pesquisa mostra que pode haver uma “correlação entre a angústia e a partida do progenitor do mesmo sexo, 12

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afetando a estrutura e/ou funcionamento da família de progenitor único” (MCGOLDRICK; CARTER, 1995). O impacto do divórcio nas crianças de seis a oito anos são mais profundos.

Segundo WALLERSTEIN, apud MCGOLDRICK; CARTER (1995), que as crianças nessa idade são mais crescidas, porém não conseguem lidar com esse impacto do rompimento. Demonstram sentimento de responsabilidade, de tristeza e saudade do genitor que partiu. Com isso, as crianças muitas vezes pensam que pode solucionar os problemas dos pais, e tentam reaproximar o casal. Quando não têm sucesso na reconciliação, sentem-se frustradas emocionalmente.

Quanto mais crises o divórcio tiver, mais efeitos prejudiciais os filhos terão. Tanto crianças do sexo masculino como feminino que vivem essa situação, terão dúvidas sem respostas. “Algumas crianças assumem ou são levadas a papéis

paternos, passando a ter responsabilidades adultas que são emocionalmente prejudiciais.” (MCGOLDRICK; CARTER, 1995, p. 307).

Pesquisas mostram que muitas alterações nas vidas dos filhos decorrentes do divórcio dos pais não foram passageiras, sugerindo que a redução acentuada no relacionamento com um dos genitores, geralmente o pai, acarretou sentimentos e vivências de perda no relacionamento anos depois. Para muitos, o maior impacto foi essa desestabilização no relacionamento com o pai, quer seja por um período de tempo, quer seja ao longo de suas vidas. Aqueles que mantiveram um estreito contato com ambos, frequentando as duas casas, mostraram menor desgaste emocional com o divórcio dos pais (BRITO, 2007, p. 44).

De acordo com MCGOLDRICK e CARTER (1995), é preciso ter três objetivos para um trabalho clínico do casal que está se divorciando. O primeiro é tornar lenta a decisão do divórcio, para que isso cause menos danos à família, e principalmente ao filho, quando o casal decidir se separar. Ou seja, é o casal repensar se realmente querem o divórcio, podendo colocar a decisão em contextos que fossem compreendidos pela criança.

O segundo objetivo é evitar que o parceiro que não teve a primeira atitude para o divórcio levasse os filhos a ficar contra o cônjuge que quis separar, ou seja, quando o marido resolve pedir o divórcio ,em alguns casos, a mãe das crianças pode dessa maneira colocar os filhos contra o pai, esse objetivo proposto faz com que não ocorra esse processo.

O terceiro objetivo é ajudar o casal a reconhecer os benefícios para os filhos não sofrerem tanto emocionalmente com o impacto do divórcio. O terapeuta nesse 14

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caso teria que atender o casal com o filho para que não exista o conflito de lealdade, pra juntos serem capazes de elaborar um acordo que minimize um impacto desse divórcio na vida afetiva e emocional do filho.

Como foi observado, o divórcio é uma crise no ciclo de vida familiar, causando desequilíbrio emocional nos membros que compõem o sistema familiar.

2.1.1 CONCEITO DE GUARDA E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL

PLÁCIDO e SILVA (2000, p 365), define guarda de filhos como sendo “locução

indicativa, seja do direito ou do dever, que compete aos pais ou a um dos cônjuges, de ter em sua companhia ou de protegê-los, nas diversas circunstâncias indicadas na lei civil”, concluindo que guarda, neste sentido, significa custódia ou a proteção que é

devida aos filhos pelos pais.

Já CASABONA (2006), considera que a origem etimológica da palavra é o latim guardare, cujo significado é proteger, conservar, olhar ou vigiar, tendo, assim, em seu conteúdo geral, o ato ou efeito de vigiar, proteger e amparar.

Segundo José Maria Leoni Lopes de Oliveira (1999), a guarda é um dos elementos da autoridade parental, através do qual uma pessoa, parente ou não da criança ou do adolescente, assume a responsabilidade de dispensar-lhe todos os cuidados próprios da idade e necessários a sua criação, incluídos, aqui, as condições básicas materiais de alimentação, moradia, vestuário, saúde, educação, lazer e as condições complementares nos aspectos culturais e de formação educacional, além da assistência espiritual, dentro dos princípios morais vigentes.

No tocante ao instituto da guarda, a primeira regra no direito brasileiro foi o Decreto n.º 181, de 1890, que fixava a guarda dos filhos ao cônjuge não culpado pela separação de corpos – que, na época, recebia a denominação de divórcio na sua acepção canônica –, e era motivada por sevícia ou injúria grave, ou pelo abandono voluntário do domicílio conjugal por dois anos contínuos, como refere Yussef Said Cahali (2005).

O Código Civil de 1916, trouxe a dissolução da sociedade conjugal e a proteção da pessoa dos filhos, fazendo uma distinção entre a dissolução amigável e 15 5

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litigiosa. No artigo 325 regulava que, na forma amigável, os cônjuges acordariam sobre a guarda dos filhos, e no artigo 326 determinava que, na forma litigiosa, deveriam ser considerados o sexo e a idade do menor, mas também e principalmente a culpa de um ou de ambos os cônjuges pela ruptura.

O artigo 16 do Decreto-lei n.º 3.200, de 1941, disciplinou a guarda do filho natural, estabelecendo que este ficaria com o genitor reconhecente, e, se fossem ambos, sob o poder do pai, salvo decisão diversa do juiz em beneficio do menor, ou seja, no melhor interesse deste.

Em 1946, o Decreto-lei n.º 9.704, cuidando do desquite judicial, assegurou aos pais o direito de visita aos filhos, se a guarda não fosse entregue a eles, mas a pessoa idônea da família do cônjuge inocente.

Em 1970, a Lei n.º 5.582 modificou o artigo 16 do Decreto-lei n.º 3.200/41, já citado, acrescentando-lhe parágrafos, para determinar que o filho natural, reconhecido por ambos os genitores, ficasse sob o poder da mãe, salvo se, no melhor interesse do menor, tal arranjo não fosse indicado. Também previu a possibilidade de colocação dos filhos sob a guarda de pessoa idônea, de preferência um familiar de qualquer dos genitores, bem como deixava ao arbítrio do juiz decidir de modo diverso.

No Código Civil de 2002, não mais se questiona culpa e outros elementos para a fixação da guarda, e, sim, o melhor interesse dos filhos. No Capítulo XI, sob o título “Da proteção da pessoa dos filhos”, que bem indica que o interesse da criança é que importa, o artigo 1.583 estabelece que, “no caso de dissolução da sociedade ou

do vínculo conjugal pela separação judicial por mútuo consentimento ou pelo divórcio direto consensual, observar-se-á o que os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos”. Já na separação judicial ou no divórcio, “sem que haja entre as partes acordo quanto à guarda dos filhos, será ela atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la.”

2.2 MODALIDADES DE GUARDA

Segundo LEIRIA (2000), a guarda de menor pode ser subdividida em dois aspectos: o exercício físico e o exercício jurídico. Todas as modalidades de exercício de guarda são, assim, compostas a partir desses dois aspectos, mas são muitas as 16

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espécies apontadas na doutrina, razão pela qual optou-se pela classificação por grupos estabelecida por Waldyr Grisard Filho (2005), por ser mais ampla, que inclui: a guarda comum, desmembrada ou delegada; a guarda originária e derivada; a guarda de fato; a guarda provisória e definitiva, a guarda única e a guarda peculiar; a guarda por terceiros, instituições e para fins previdenciários; a guarda jurídica e material; a guarda alternada; o aninhamento ou nidação; e a guarda jurídica e material compartilhada ou conjunta.

Guarda comum diz respeito ao exercício da guarda dividido igualitariamente entre os genitores, normalmente vigente na constância do casamento, cuja origem é natural, ou seja, preexiste ao ordenamento positivo, que apenas a regula para o seu correto exercício. (Waldyr Grisard Filho, 2005).

Ao contrário, a guarda desmembrada do pátrio poder se dá pela intervenção do Estado, através do Juizado da Infância e da Juventude, que a outorga a quem não detém o poder familiar, para a devida proteção do menor. É, ao mesmo tempo, uma guarda delegada já que é exercida, em nome do Estado, por quem não tem a representação legal do menor. (Waldyr Grisard Filho, 2005).

Guarda originária é aquela que corresponde aos pais, integrada no pátrio poder, que possibilita o exercício de todas as funções parentais. Em contrapartida, a guarda derivada é a que surge da lei, disciplinada nos artigos 1.729 a 1.734 do Código Civil, e corresponde a quem exerça a tutela do menor de forma dativa, legítima ou testamentária, no caso de um particular, ou nos termos do artigo 30 do Estatuto da Criança e do Adolescente, por um organismo oficial. (Waldyr Grisard Filho, 2005).

Guarda de fato é a que se estabelece por decisão própria de uma pessoa que toma o menor a seu cargo, sem atribuição legal ou judicial, não tendo sobre ele direito de autoridade, porém todas as obrigações de assistência e educação. Esclarece Waldyr Grisard Filho (2005), que não comporta controle nem avaliação tanto sobre o guardião como sobre o menor.

Guarda provisória ou temporária é a que surge da necessidade de se atribuir a guarda a um dos genitores na pendência dos processos de separação ou de divórcio, tornando-se definitiva após o exame cuidadoso de todos os critérios para atribuição da guarda ao genitor mais apto. Guarda única quando o menor é confiado à guarda de um só dos pais. (Waldyr Grisard Filho, 2005).

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Guarda por terceiros ou por instituições é distinta: a primeira se cumpre por particular, mediante prévia designação; e a outra se efetiva por órgãos técnico administrativos de proteção. A Lei do Divórcio, no artigo 10, § 2.º, admite a possibilidade de o juiz conferir a guarda a terceiros, em havendo motivo grave ou na salvaguarda do interesse do menor. Waldyr Grisard Filho (2005).

A guarda para fins previdenciários assegura ao menor a condição de dependente para todos os fins e efeitos de direito.

Guarda jurídica e da guarda material, a primeira é exercida à distância, pelo genitor não-guardador, enquanto que a outra é exercida pelo genitor guardador que, em verdade, exerce o poder familiar em toda a sua extensão, ou, em outras palavras, a guarda material é o mesmo que custódia, pois que encerra a idéia de posse ou cargo. (Waldyr Grisard Filho, 2005).

No aninhamento ou nidação, os pais se revezam na guarda, mudando-se para a casa em que vivam os menores, em períodos alternados de tempo.

Por fim e a que vamos descrevê-la logo a baixo a guarda jurídica e material compartilhada ou conjunta refere-se a tipos de guarda nas quais os pais têm a mesma responsabilidade legal pela tomada de decisões importantes, conjunta e igualitariamente, diferindo no fato de ser por determinação judicial ou por acordo. Assim, a guarda conjunta ou compartilhada deve ser planejada pelos pais, para que os menores tenham sua convivência com os genitores preservada, e nesse modelo não há uma maior rigidez, sendo o filho o maior beneficiado. No entanto, é de difícil implementação, principalmente quando se tem em vista a dificuldade de relacionamento dos pais após a separação. (Waldyr Grisard Filho, 2005).

2.2.1 GUARDA COMPARTILHADA E OS DIREITOS AO CONVÍVIO FAMILIAR

Segundo DIAS (2008), “o rompimento da vida conjugal dos genitores não deve

comprometer a continuidade dos vínculos parentais, pois o exercício do poder familiar em nada deve ser afetado pela separação.” No entanto, esta condição ideal, nem

sempre corresponde aquilo que usualmente é experienciado pelas famílias que estão em processos de separação. Muitas vezes, os casais que se divorciam, transformam a guarda dos filhos em uma disputa mobilizada pelo poder e/ou pela vingança.

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Guarda é “um instituto jurídico através do qual se atribui a uma pessoa, o

guardião, um conjunto de direitos e deveres a serem exercidos com o objetivo de proteger e prover as necessidades e desenvolvimento do filho” (CARBONERA, 2000,

p.47).

A Guarda compartilhada é uma modalidade de guarda de filhos menores de 18 anos completos não emancipados, ou maiores incapacitados, que vem crescendo nos últimos tempos, como a maneira mais evoluída e equilibrada de manter os vínculos parentais com os filhos após o rompimento conjugal (separação divorcio, dissolução de união estável). A guarda compartilhada esta prevista ma lei n. 11.698, de 13 de junho de 2008. (SILVA, 2010, p.01).

A guarda compartilhada oferece aos pais separados, divorciado ou com dissolução de união estável o direito de manter, pleno convívio com os filhos cumprindo suas obrigações, deveres e assegurando direitos, alem de acompanhar o pleno desenvolvimento psicológico, emocional e social dos filhos.

Portanto a guarda compartilhada permite que, nenhuma das partes, tanto o pai, quanto a mãe se exima da responsabilidade para com o filho, ou mesmo com seu dever para com a vida dele.

Merece destaque neste momento de redefinição das responsabilidades maternas e paterna a possibilidade de se pactuar entre os genitores a’”Guarda Compartilhada” como solução oportuna e coerente na convivência dos pais com os filhos na Separação e no Divorcio. Embora a criança tenha um referencial de uma residência principal, fica a critério dos pais planejarem a convivência em suas rotinas quotidianas. A intervenção do Magistrado se dará apenas com o objetivo de homologar as condições pactuadas, ouvido o Ministério Publico. Conscientes de suas responsabilidades quanto ao desenvolvimento dos filhos, esta forma de guarda incentiva o contínuo acompanhamento de suas vidas (FIGUEIREDO, 2011, p. 40-41).

Guarda alternada: é a modalidade que possibilita aos pais passarem a maior parte do tempo possível com seus filhos. Caracteriza-se pelo exercício da guarda, alternadamente, segundo um período de tempo predeterminado, que pode ser anual, semestral, mensal, ou mesmo uma repartição organizada dia a dia, sendo que no período em que a criança estiver com aquele genitor, as responsabilidades, decisões e atitudes caberão exclusivamente a este. Ao termo do período, os papeis invertem-se. (SILVA, 2010, p.13).

A guarda alternada não se mostra como uma melhor opção em um processo de guarda, pois desconstrói a imagem de continuidade da família.

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Estas mudanças podem causar muitos, transtornos que segundo BONFIM (2005), a “guarda alternada” provoca a criança:

 Não há Constância de moradia – então, objetos pessoais das crianças podem ser esquecidos em ambas as casas, havendo muita confusão e discussões entre os pais;

 A formação dos menores pode ficar prejudicada, não se sabendo que orientação seguir (paterna ou materna) em temas importantes para definição de seus valores morais, éticos, religiosos etc. – então, as divergências, se existentes durante a constância do casamento ou união estável, acirram-se e tornam-se fatores de discussão;

 Pode ser prejudicial à saúde e higidez psíquica da criança, tornando confusos certos referenciais importantes na fase inicial de sua formação, como, por exemplo, interagir mais constantemente com pessoas e locais que representam seu universo diário (vizinhos, amigos, locais de diversão etc.).

Portanto, podemos compreender, que a alternância da guarda, não traz beneficio para um crescimento saudável da criança. Fragilizando os vínculos da segurança de um lar, hábitos alimentares.

Guarda compartilhada, nesta modalidade, um dos pais pode manter a guarda física do filho, enquanto partilha equitativamente sua guarda jurídica. Assim, o genitor que não mantém consigo a guarda material não se limita a fiscalizar a criação dos filhos, mas participa ativamente de sua construção. Decide ele, em conjunto com o outro, sobre todos os aspectos caros ao menor, a exemplo da educação, religião, lazer, bens patrimoniais, enfim, toda a vida do filho. Diferencia-se da guarda alternada, porque não há necessidade da alternância de domicilio (pode ocorrer, mas não é uma condição essencial). Verifica-se que a guarda compartilhada não inclui a idéia de “alternância” de dias, semanas ou meses de exclusividade na companhia dos filhos. De fato, na guarda compartilhada o que se “compartilha” não é a posse, mas sim a responsabilidade pela sua educação, saúde formação, bem estar etc. (SILVA, 2010, p. 15-16).

Não implicando tomarem decisões sobre a vida da criança separadamente, mas sim em conjunto. O intuito é romper no mínimo possível os laços familiares em que a criança esta inserida. Para que isso ocorra é necessário o bom convívio dos 20

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pais, para que eles possam tomar as melhores decisões que envolvam a criança, como, educação, saúde, lazer, formação de personalidade etc.

A Constituição Federal de 1988 é clara quanto aos cuidados para com o menor, e dispõe os deveres que devem ser cumpridos pelos responsáveis, no art. 227, sendo fiscalizado pelo Estatuto da Criança e Adolescente:

Art. 227 – è dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança a ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-lo a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

A praticar alienação parental em crianças ou adolescentes, induzindo-os a ter repudio do outro genitor, afastando-o do mesmo, e até fazendo com que a criança ou adolescente esteja mais feliz sem o outro genitor, viola todas as leis previstas na Constituição e no Estatuto, quanto aos direitos a serem garantidos.

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3.ALIENAÇÃO PARENTAL E SINDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

A maternidade e a paternidade são duas funções das quais derivam alguns direitos, mas também alguns deveres. Entre os direitos, está o de ter os filhos em companhia dos pais. Quando acontecer de um dos genitores fomentar o distanciamento dos filhos do outro genitor, tal ato poderá se configurar como alienação parental. (SOUZA, 2009).

Assim sendo, a Alienação Parental pode ser compreendida como a repulsa que o filho desenvolve por um genitor, por estar sendo influenciado pelo outro genitor. Ou seja, um dos genitores, tenta manipular os sentimentos do filho ou criar obstáculos em relação ao outro genitor, impedindo que este exerça seu papel e assuma suas responsabilidades.

As conseqüências desse abuso emocional são devastadoras para o psiquismo infantil, podendo desencadear nas crianças e nos adolescentes, doenças psicossomáticas, depressão, ansiedade, nervosismo, instabilidade emocional entre tantas outras manifestações. (MARINHO, 2009, pg.43).

Embora a alienação parental pareça uma discussão nova em nossa sociedade, o psicanalista e psiquiatra infantil Richard Gardner em meados de 1985, trouxe esta discussão ao cenário da área da Vara da Família e da Infância e Juventude como “um distúrbio que surge principalmente no contexto das disputas pela guarda e

custódia das crianças”. (SILVA, 2010, p. 43).

A alienação parental se caracteriza como uma agressão contra a criança e adolescente, que ocorre de forma velada e aparenta não afetar a criança de forma tão agressiva, quanto na verdade é. Muitos pais não se dão conta quanto mal fazem para o desenvolvimento dos filhos, ao praticar alienação parental sobre eles. A uma inovação no cenário brasileiro ao sancionar a Lei 12.318/2010, que no art. 2º, discorre sobre a caracterização da alienação parental:

Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avos ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. (FIGUEIREDO, 2011, p.45).

Contudo a síndrome da alienação parental, é de certa forma um estagio avançado da alienação parental, neste contexto envolve uma patologia advinda de um litígio conjugal, segundo GARDNER (2002).

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No entanto, a síndrome de alienação parental apesar de afetar de forma agressiva a formação psíquica da criança ou adolescente, ainda não foi reconhecida entre os estudiosos como uma doença ou distúrbio, recebendo muitas criticas por parte dos especialistas. (SILVA, 2010).

Com a argumentação de que não foi reconhecida por nenhuma associação profissional nem cientifica, sendo que sua inclusão no DSM-IV (da APA – Associação de Psicólogos Americanos) e no CID-10 (da OMS – Organização Mundial de Saúde) foi rejeitada, alegando-se que a Síndrome não apresenta bases empíricas. (SILVA, 2010, p.43).

Existem níveis ou estágios de alienação demonstrada pela criança e adolescente, como etapas que devem ser observadas, estes níveis, são abordados por GARDNER e por SOUSA (2010, p. 106), que elenca:

 Nível Leve: a criança alienada apresenta apenas algumas manifestações, difíceis de serem identificadas.

 Nível Moderado: é considerado o nível mais comum quando identificado, em que os sintomas são mais evidentes e ocorre a difamação da outra figura familiar.

 Nível Severo: os sintomas são exacerbados, a criança fica na presença apenas do alienador e rejeita visitas do outro genitor e pode até desenvolver uma doença emocional.

As relações familiares estão se enfraquecendo, e as conseqüências destas praticas chegam ate o Poder Judiciário que fica responsável por tomar decisões, para afastar a criança da situação de risco em que se encontra. No judiciário a equipe não utiliza a palavra “síndrome” apenas alienação parental, termo que foi instituído na lei 12.318 de 2010.

A gravidade da situação no Poder Judiciário frente á alienação parental faz com que se o juiz tenha a necessidade de promover o desenvolvimento do processo mediante grande cautela, na medida em que se torna por demais difíceis a caracterização do desvio prejudicial promovido pelo alienador, devendo, assim, valer-se de estudo multidisciplinar, apoiado em seus auxiliares, para a realização de pericia a fim de constatar de forma mais robusta a existência da alienação parental. (FIGUEIREDO, 2011, p. 5).

Segundo DUARTE (2006), quando o genitor “alienador” passa a destruir a imagem do outro para os filhos, este se cala e vivencia dúvidas e inseguranças. As emoções e sentimentos da criança em relação ao genitor atacado acabam sendo sufocadas, para não causar desagrado ao genitor “alienador”.

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Para DUARTE (2006), a alienação confunde os sentimentos e a percepção dos filhos, pois o alienador busca persuadir, de todas as formas, os filhos a acreditarem em suas crenças, conseguindo impressioná-los e levá-los a se sentirem amedrontados. Afirmando ainda que, o impedimento da convivência com os filhos, muitas vezes é suscitada pelo “guardião” pela projeção de toda sua revolta relacionada ao casamento desfeito. Então, como conseqüências do afastamento do cônjuge vitimado, os filhos, sem terem consciência das razões desta situação, se sentem desamparados e rejeitados por este genitor.

3.1 O QUE É A SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL

Conforme o conceito de seu pesquisador, o psiquiatra estadunidense Richard A. Gardner (1998):

A síndrome de alienação parental (SAP) é uma disfunção que surge primeiro no contexto das disputas de guarda. Sua primeira manifestação é a campanha que se faz para denegrir um dos pais, uma campanha sem nenhuma justificativa. É resultante da combinação de doutrinações programadas de um dos pais (lavagem cerebral) e as próprias contribuições da criança para a verificação do pai alvo.

Mesmo depois de mais de um ano de aprovação da Lei nº 11.698/08 (Guarda Compartilhada), ainda existem pais/mães contrários à aplicação da Guarda Compartilhada aos seus casos concretos, e lançam mão dos recursos da Alienação Parental de manipular emocionalmente seus filhos menores para que passem a odiar o outro pai/mãe, com argumentos inverídicos mas suficientemente graves e convincentes para mobilizar as autoridades para impedir as visitas (e até, suspender o poder familiar, anterior “pátrio poder”), com acusações de agressão física ou molestação sexual, procedentes ou não.

A alienação parental (AP), segundo Richard A Gardner (1998), é uma patologia psíquica gravíssima que acomete o genitor que deseja destruir o vínculo da criança com o outro, e a manipula afetivamente para atender motivos escusos. Quando a própria criança incorpora o discurso do(a) alienador(a) e passa, ela mesma, a contribuir com as campanhas de vilificação do pai/mãe-alvo, instaura-se a Síndrome de Alienação Parental (SAP). A Alienação Parental deriva de um sentimento neurótico de dificuldade de individuação, de ver o filho como um indivíduo diferente de si, e 23

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ocorrem mecanismos para manter uma simbiose sufocante entre mãe e filho, como a superproteção, dominação, dependência e opressão sobre a criança.

A mãe acometida pela AP, segundo Richard A Gardner (1998), não consegue viver sem a criança, nem admite a possibilidade de que a criança deseje manter contatos com outras pessoas que não com ela. Para isso, utiliza-se de manipulações emocionais, sintomas físicos, isolamento da criança com outras pessoas, com o intuito de incutir-lhe insegurança, ansiedade, angústia e culpa. Por fim, mas não em importância ou gravidade, pode chegar a influenciar e induzir da criança a reproduzir relatos de eventos de supostas agressões físicas/sexuais atribuídas ao outro genitor, com o objetivo único (da mãe, é claro!) de afastá-lo do contato com a criança.

Na maioria das vezes, tais relatos não têm veracidade, dadas certas inconsistências ou contradições nas explanações, ou ambivalência de sentimentos, ou mesmo comprovação (por exemplo, resultado negativo em exame médico); mas se tornam argumentos fortes o suficiente para requerer das autoridades judiciais a interrupção das visitas e/ou a destituição do poder familiar do “suposto” agressor o outro genitor. (GARDNER, 1998).

3.2. FORMAS DE ALIENAÇÃO PARENTAL

A alienação parental pode ser praticada por outras pessoas da família. A Lei 12.318/10 nos traz alguns tipos de alienação parental:

I – realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;

II – dificultar o exercício da autoridade parental;

III – dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

IV – dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;

V – omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;

VI – apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;

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VII – mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.

Estas ações têm como objetivo, fragilizar as relações entre a criança e adolescente, com o outro genitor, transformando a criança em um mero instrumento de ataque contra o outro. (SILVA, 2010).

Transformando o convívio que poderia ser saudável, em uma relação insustentável, principalmente para criança. Isto transforma o guardião em um perigo para o infante, pois alem de descumprir, seus deveres quanto a promover uma vida saudável à criança, ainda impede que o outro genitor ou genitora, também o faça para com a criança. O alienador pode estar presente na figura do pai, ou da mãe, quando por infelicidade dos filhos pode ser cometida pelos dois, isto vai depender muito da personalidade de cada um. (SILVA, 2010).

O alienador pode estar no perfil do genitor não guardião, que se utiliza dos momentos de visitas, para induzir o filho a querer morar com ele, e repentinamente a criança pede pra que isso ocorra. (SILVA, 2010).

Os comportamentos clássicos de um alienador podem ser mencionados por SILVA (2010, p.55-56), com os seguintes:

 Recusar-se a passar as chamadas telefônicas aos filhos;

 Organizar varias atividades com os filhos durante o período em que o outro genitor deve normalmente exercer o direito de visita;

 Apresentar o novo cônjuge ou companheiro aos filhos como “a sua nova mãe” ou “seu novo pai”;

 Interceptar a correspondência dos filhos (por quaisquer meio: internet, MSN, Orkut, torpedos, cartas, telegramas, telefonemas etc.);

 Desvalorizar e insultar o outro genitor na presença dos filhos;

 Recusar informações ao outro genitor sobre as atividades extra-escolares em que os filhos estão envolvidos;

 Impedir o outro genitor de exercer o seu direito de visita;

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 “Esquecer-se” de avisar o outro genitor de compromissos importantes (dentista, medico, psicólogos);

 Envolver pessoas próximas (mãe, novo cônjuge etc.) na “lavagem cerebral” dos filhos;

 Tomar decisões importantes a respeito dos filhos sem consultar o outro genitor (escolha da religião, escola etc.);

 Impedir o outro genitor de ter acesso às informações escolares e/ou medica dos filhos;

 Sair de férias sem os filhos, deixando-os com outra pessoa que não o outro genitor, ainda que este esteja disponível e queira ocupar-se dos filhos;

 Proibir os filhos de usar a roupa e outras ofertas do genitor;

 Ameaçar punir os filhos se eles telefonarem, escreverem ou se comunicarem com o outro genitor de qualquer maneira;

 Culpar o outro genitor pelo mau comportamento dos filhos;

 Ameaçar freqüentemente com a mudança de residência para um local longínquo, para o estrangeiro, por exemplo;

 Telefonar durante as visitas do outro genitor;

As vitimas de alienação parental de certa forma contribuem para que isso ocorra, olhando esta perspectiva pelo olhar do genitor, não detentor da guarda pode observar, que a um afastamento dos filhos por parte do mesmo, ainda que sem perceber, a situação de não ter ficado com a guarda, de ter que visitar os filhos em dias e horas estipulados, acaba o afastando o genitor, não liga para se integrar-se do dia a dia dos filhos, só esta presente em horários marcados. Neste momento, o genitor abre uma brecha para, que o alienador tome conta da situação, e ele mesmo assuma a condição de vitima, se demonstrando frágil, colocando desta forma que a criança ou adolescente fiquem ao seu favor. (SILVA, 2010).

O pai/mãe acometido (a) pela alienação parental cria um mundo fantasioso só seu, no qual o outro (pai/mãe alienado (a)) é o “invasor” que deve ser ” expulso definitivamente”, dando vazão à sua paranoia, e estendendo-a aos filhos, induzindo-os a acreditar que o outro pai/mãe é sempre ameaçador. (SILVA, 2010, p. 63).

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Aos poucos o alienador, instala na criança sua “uma visão falsa de mundo” (SILVA, 2010), que aos poucos vai transformando a forma da criança olhar para o mundo externo, manipulando-a para a mesma não afastar aceitar aproximação de outras pessoas. Instala-se o “pavor” (SILVA, 2010), a um vinculo de pavor dentro da relação, o alienado sofre por medo do alienador se suicidar, receio que ele não esteja bem. O alienador aterroriza o filho para mantê-lo sobre seu comando, distorcendo as conversas ao seu favor.

E temos o “dever de lealdade” (SILVA, 2010), esta é a base da alienação, pois o alienador se utiliza, da confiança que o alienado tem para com ele, por ter o acolhido e recebido, e por ter demonstrado cuidados e carinho. A criança se vê diante dos pais para decidir e acaba por escolher o que lhe traz mais confiança, o que terá mais tempo, gerando esta lealdade dependente.

Estas formas de alienação podem gerar complicações na saúde do indivíduo alienado. Algumas pesquisas demonstram estes efeitos:

Pesquisas indicam que 80% dos filhos de pais divorciados ou em processo de separação já sofreram algum tipo de alienação parental; mais de 25 milhões de crianças sofrem este tipo de violência; no Brasil, o número de “Órfãos de Pais Vivos” é proporcionalmente o maior do mundo, fruto de mães, que, pouco a pouco, apagam a figura do pai da vida e imaginário da criança. Pesquisa realizada nos Tribunais de Justiça brasileiros constatou mais de 30 acórdãos relacionados à Alienação Parental, mormente nos Tribunais do RJ (05) RS (10) e SP (20) (AZAMBUJA, 2011, p.2).

Os processos de guarda são muito desgastantes para os filhos menores, deve haver uma preocupação sobre o que envolve este processo, pois a alienação parental esta presente em grande parte dos casos.

3.3. ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Pais e mães que forjam situações com o objetivo de afastar o filho do ex-parceiro ou ex-parceira sempre existiram. Porém, atualmente, existe uma denominação para essa prática: alienação parental. DIAS (2011), observa:

Muitas vezes, quando da ruptura da vida conjugal, se um dos cônjuges não consegue elaborar adequadamente o luto da separação e do sentimento de rejeição, de traição, surge um desejo de vingança. É desencadeado um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-parceiro. O filho é utilizado como instrumento de agressividade – é induzido a odiar o outro genitor. Trata-se de uma verdadeira campanha de desmoralização. A criança é induzida a afastar-se de quem ama e de quem também a ama. Isso

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gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos. Restando órfão do genitor alienado, acaba se identificando com o genitor patológico, passando a aceitar como verdadeiro tudo o que lhe é informado. (p.462-463).

O medo de desagradar a quem está de posse de sua guarda faz com que rejeite o outro e afaste-se de quem ama e quem também o ama. (DIAS, 2011).

É consenso de que a separação e guarda dos filhos, com freqüência torna-se um processo doloroso que passa a envolver todo o contexto familiar. SOUZA (2010) indica que a dissolução do matrimônio revela-se um fenômeno complexo, em que diferentes questões encontram-se entrelaçadas.

Os conflitos que surgem, principalmente no contexto de disputas de guarda dos filhos, em muitas situações poderão causar prejuízos na formação da personalidade das crianças e dos adolescentes. Com isso, acabam retirando a alegria da infância e a liberdade da adolescência. GERBASE (2012), fazendo menção à alienação parental, cita consequências desta:

O processo de Alienação Parental gera um profundo sentimento de desamparo, gerando na criança ou adolescente cujo grito de socorro que não é ouvido, uma vez que não é reconhecido como sujeito. Este grito acaba por se transformar em sintoma, que poderá ser expresso tanto no corpo, por um processo de somatização, quanto por um comportamento antissocial. [...] Sem tratamento adequado, pode produzir sequelas capazes de perdurar para o resto da vida, pois implica comportamentos abusivos contra a criança. Instaura vínculos patológicos, promove vivências contraditórias da relação entre pai e mãe, cria imagens distorcidas da figura dos dois, gerando um olhar destruidor e maligno sobre as relações amorosas em geral. Esses conflitos podem aparecer na criança sob a forma de ansiedade, medo, insegurança, isolamento, tristeza, depressão, hostilidade, desorganização mental, dificuldade escolar, baixa tolerância à frustração, irritabilidade, enurese (descontrole urinário), transtorno de identidade ou de imagem, sentimento de desespero, culpa, dupla personalidade, inclinação ao álcool e às drogas; em casos mais extremos, a ideias ou comportamentos suicidas. (p. 12).

SOUSA (2010), ressalta que, quando adultos, essas crianças e adolescentes reproduzirão o mesmo comportamento manipulador do genitor alienador nas suas relações, ou terão dificuldade de relacionamento e adaptação. O afastamento dos filhos de um dos seus genitores, praticado de forma egoísta pelo pai ou mãe, poderá produzir efeitos graves e profundos na vida da criança ou adolescente. Isso é reafirmado por TRINDADE (2007), quando diz:

Esses conflitos podem aparecer na criança sob forma de ansiedade, medo e insegurança, isolamento, tristeza e depressão, comportamento hostil, falta de organização, dificuldades escolares, baixa tolerância a frustração, irritabilidade, enurese, transtorno de identidade ou imagem, sentimento de desespero, culpa dupla personalidade, inclinação ao álcool e às drogas, em casos mais extremos. Idéias e comportamentos suicidas. (p. 104).

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Dificultar a convivência familiar ou, até mesmo, as relações de afeto entre um dos genitores e seus filhos, fere o direito das crianças e adolescentes, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu Art. 3º.

Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que se trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condição de liberdade e de dignidade (RIEZO, 2012, p.23).

A alienação parental diz respeito à desconstituição da figura parental de um dos genitores ante a criança. A síndrome diz respeito aos efeitos emocionais, às condutas comportamentais e às seqüelas deixadas pela alienação parental. De acordo com FONSCECA (2007):

[...] Enquanto a síndrome refere-se à conduta do filho que se recusa terminantemente e obstinadamente a ter contato com um dos progenitores e que já sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor que intenta arredar o outro genitor da vida do filho. (p.7).

Diante da dificuldade de identificação da existência ou não de situação envolvendo alienação parental, é preciso cautela redobrada dos profissionais, pois o erro no diagnóstico realizado pelos profissionais de Serviço Social e Psicologia poderá corroborar ainda mais com o sofrimento das crianças e dos adolescentes.

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4 INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

A alienação parental no Brasil está regulamentada pela Lei 12.318/10, no entanto esta síndrome esta presente em nossa sociedade há muito tempo, ocorre que há quatro anos ela começa a ser, estuda da pelas equipes multidisciplinares do judiciário.

O Assistente Social do Judiciário percorre muitas funções no que tange a avaliação dos conflitos familiares, e a alienação parental se coloca de forma pertinente na realização do seu trabalho. No entanto o profissional ainda esta caminhando a pequenos passos, na busca de uma melhor metodologia de enfrentamento a esta questão.

Ao Assistente Social do fórum, cabe pesquisar mais a fundo o processo, partindo para as pesquisas de campo, como visita domiciliar ou institucional entrevista com as partes, no intuito de orientar a família. O tempo de um processo de guarda pode levar uma pouco de tempo ate mesmo, por demandar inúmeros analises principalmente se tiver envolvimento de alienação parental.

No Departamento de Serviço Social do Estado de São Paulo, a mais ampla instituição de Serviço Social existente nesse momento, os Assistentes Sociais atuarão como comissários de menores no Serviço Social de Menores – menores abandonados, menores delinquentes, menores sob tutela da Vara de Menores, exercendo atividades no Instituto Disciplinar de Serviço Social [...] no campo da “Assistência Judiciária a fim de reajustar indivíduos ou famílias cuja causa de desadaptação social se prenda a uma questão de justiça civil” e enquanto pesquisadoras sociais (o maior contingente de Assistentes Sociais) e nos serviços de plantão. Além dos serviços técnicos, de orientação técnica das Obras Sociais, estatística e Fichário Central de Assistidos (IAMAMOTO e CARVALHO, 1982, p. 195 apud ALAPANIAN, 2008, p. 33).

O Serviço Social tornou-se indispensável à medida que ia ampliando o atendimento a casos individuais cujo Juizado tinha “porta aberta” à população e conforme aprofundavam os problemas sociofamiliares.

O Serviço Social de Menores começou a ser criticado e considerado ineficiente. O trabalho vinha se desgastando e precisou passar por remodelagem. O Juizado passou por uma transição nos anos de 1980 a 1985, com a intenção de desburocratizar e agilizar os serviços de caráter assistencial, o qual foi sendo informatizado e as audiências eram multiprofissionais. (ALAPANIAN, 2008).

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A nova face do Serviço Social começou a ser construída na somatória das várias funções pelos assistentes sociais ao longo dos anos, como resposta às demandas postas pelo Judiciário nos diversos momentos políticos e diante da conjuntura social e econômica. (ALAPANIAN, 2008, p. 169).

A conquista da Carta Magna, a Constituição Federal de 1988 e, os artigos 226 a 230, que orientam para a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, leis que vem substituir o Código de Menores de 1979, implementa pelo Judiciário paulista a atuação de técnicos nas Varas de Infância e Juventude (ALAPANIAN, 2008).

Em consonância com a vigência da Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e Adolescente, como requer a intervenção profissional, nos seus artigos 150 e 151 dos serviços auxiliares do juiz:

Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. (BRASIL, 1990). Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediantes laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim, desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico. (BRASIL, 1990).

A legislação especifica do Serviço Social delimita as atribuições do assistente social, bem como suas competências. A Lei de Regulamentação da Profissão (Lei 8662/93) exibe as referências quanto à elaboração de estudos por parte dos assistentes sociais.

No campo do judiciário, as atribuições publicadas pelo órgão se complementam à referida lei. Preliminarmente à escolha do instrumental, os assistentes sociais definem o objetivo de sua intervenção, planejando sua ação. Os instrumentais e as técnicas são de suma importância para que haja uma atuação competente “uma das áreas, que irão diferenciar a especificidade de cada profissão

são os conceitos e o referencial.” (FÁVERO, 2005, p. 10).

Os instrumentais estão em consonância com a natureza do objeto de trabalho do Serviço Social. A entrevista é um instrumento de trabalho do assistente social para levantamento e registro de informações que compõe a história de vida dos usuários, sendo possível produzir confrontos de conhecimento e objetivos a ser alcançados. FÁVERO (2005, p. 121), nos aponta que:

Em Serviço Social, é por meio da entrevista que se estabelecerá um vínculo entre duas ou mais pessoas. Os objetivos a serem buscados por quem a aplica e os fundamentos da profissão é que definem e diferenciam seu uso. A coleta de informações, por meio de técnicas de entrevista, além do

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conhecimento e compreensão das situações, possibilita a construção de alternativas de intervenções, devendo, para tal, partir do manifesto pelos sujeitos e/ou situação que provocou a ação, em direção à construção sóciohistórica- cultural, daquilo que se busca apreender. O diálogo é o elemento fundamental da entrevista, exigindo dos profissionais a qualificação necessária para desenvolvê-lo com base em princípios éticos, teóricos e metodológicos, na direção da garantia de direitos.

A entrevista pode ser complementada com a visita domiciliar, que tende a ampliar aproximação da realidade em que vivem os sujeitos, seu bairro, sua residência, entre outros, que possam vir a escapar a entrevista feita em gabinete dentro da instituição, entretanto, deve ser uma abordagem descontraída e flexível e “jamais invasiva”. (FÁVERO, 2005).

Assim referimos às visitas no âmbito do Judiciário:

[...] é comum as visitas serem determinadas pelos juízes e sugeridas pelos promotores, o que pode ser entendido como ingerência nas prerrogativas de outra área profissional, na medida em que cabe ao profissional que realiza a intervenção definir os instrumentos necessários para os objetivos do trabalho. Nesse sentido, a determinação para a realização pode ainda se dar com caráter fiscalizador. Por outro lado, pode também ser indicativo de reconhecimento da validade e maior fidedignidade desse instrumento para a leitura da realidade social dos indivíduos atendidos. (FÁVERO, 2005, p. 123).

No decorrer da visita, como na entrevista, utiliza-se a técnica da observação, que consiste na habilidade de perceber a realidade e o convívio familiar. É preciso que o assistente social também se atente às gesticulações e entonações de voz do usuário, pois, nelas, podem estar contidos elementos primordiais e que direcionariam a intervenção social. No entanto a visita do profissional não deve ter o caráter fiscalizador.

Os instrumentais utilizados pelo profissional de Serviço Social se tornam componentes que integram o processo judicial. O estudo da situação social se materializa através dos relatórios, laudos e pareceres sociais (instrumentais indiretos), sendo estes maneiras de registrar com objetividade a descrição dos sujeitos e elementos que os envolve.

O relatório social, [...] traduz na apresentação descritiva e interpretativa de uma situação ou expressão da questão social, enquanto objeto da intervenção desse profissional, [...]. No sistema judiciário seu uso é muito comum no trabalho junto às Varas da Infância e Juventude, se dá com a finalidade de informar, esclarecer, subsidiar, documentar um auto processual relacionado [...]. (FÁVERO, 2005, p. 127).

O relatório social é um instrumento elaborado a partir das informações colhidas e organizadas, como descrição dos fatos obtidos, analisados 32

Referências

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