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FÓRUM NACIONAL. Como turbinar rodovias e obras em geral para voltar a crescer. REVISTA do. n o 17 ano 9 outubro 2020

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17 – ano

9 – outubro 2020

FÓRUM NACIONAL

REVISTA do

Como turbinar rodovias

e obras em geral para

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s u m á r i o

no 17 l ano 9 l outubro 2020

Abertura

Visões estratégicas para um momento pandêmico e incerto 3

1ª Sessão Especial 5 Infraestrutura é o caminho: Rodovias

2ª Sessão Especial

Trocas de Impostos por obras públicas 11

Rua Sete de Setembro, 71, sala 801 – Centro 20.050-005 – Rio de Janeiro/RJ

www.forumnacional.org.br e-mail: inae@inae.org.br

Fórum Nacional (INAE)

REVISTA do

FÓRUM NACIONAL

PRESIDENTE DO FÓRUM NACIONAL

Raul Velloso REDAÇÃO, REVISÃO E EDIÇÃO DE TEXTODaniele Carvalho

PROJETO GRÁFICO E EDIÇÃO DE ARTE

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Visões estratégicas para um

momento pandêmico e incerto

D

iante do desafio de encontrar saídas para resta-belecer o crescimento econômico do País em um cenário impactado pelo forte baque causado pela pandemia da Covid-19, o Fórum Nacional realizou em agosto e outubro Sessões Especiais para discutir o tema. Transmitidas de forma totalmente virtual na plataforma do Youtube, o presidente da casa, Raul Velloso, reuniu especialistas que compartilharam ideias e traçaram alter-nativas para vencer o que muitos já consideram como o maior problema socioeconômico deste século.

A primeira Sessão Especial “Infraestrutura é o cami- nho: Rodovias”, realizada em 21 de agosto, teve entre seus debatedores o ex-ministro dos Transportes e presi-dente da Associação Brasileira de Concessionárias de

Rodovias (ABCR), César Borges; o secretário de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, João Otaviano; o presidente do Conselho Gestor da secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, Roberto Gianetti, e um dos vice-presidentes do Grupo CCR, Fábio Russo. As discussões reafirmaram não apenas a urgência de se investir em novos projetos do setor, como também de dar continuidade a importantes obras em concessões já existentes.

Ainda sob a esteira das discussões em busca da reto-mada do crescimento, a 2ª Sessão Especial apresentou o tema “Troca de Impostos por Obras Públicas”, que reuniu em 8 de outubro Raul Velloso e os consultores econômicos Ildemar Silva e José Afonso Bicalho.

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Sessão Especial

Infr

aestr

utur

a é o caminho: Rodovias

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Sob o título “Infraestrutura é o caminho: Rodovias”, o presidente do Fórum Nacional, Raul Velloso, deu início às discussões da 1ª Sessão Especial do evento. Coube ao economista destacar a urgência que o assunto exige, bem como salientar que a solução mais expedita e eficaz está nos investimentos da iniciativa privada. Neste contexto, ele defendeu que investir em concessões rodoviárias já existentes é a melhor opção para crescer diante da pan- demia da Covid-19. Na avaliação de Velloso, a crise no Brasil é muito maior do que as pessoas estão sentindo ou do que o governo supõe.

“Brasil vai ter umas das taxas de crescimento mais negativas no momento em que estamos vivendo. Isso quer dizer que temos de agir rápido, usando todos os instrumentos de que a gente dispunha para fazer com que a economia se recupere”, alertou, trazendo números do tombo do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano. A taxa, segundo o IBGE, ficou nega-tiva em 9,7% na comparação com o trimestre precedente e recuou 11,4% frente a igual período de 2019.

Ao invés de focar na solução rápida do problema, Raul Velloso afirmou que a pauta do dia das discussões

do governo girava em torno da derrubada do veto do ajuste potencial dos servidores e do teto de gastos. Ele comentou, ainda, sobre o discurso feito pelo governo de que a recuperação econômica se dará em “V”.

“A equipe do Paulo Guedes acredita que a recupe-ração da economia sedará em ‘V’, mas o problema é que a curva não cai, está se esticando no topo. Isso significa que, enquanto isto acontecer, nós não teremos esta recu-peração. No sentido de se contrapor a isto, temos que trabalhar para aumentar os investimentos da forma mais rápida possível”, argumentou o economista Raul Velloso durante sua apresentação.

Ele apresentou, também dados do gigantesco déficit de estados e da União e a piora destes números após o início da pandemia. Velloso criticou o que chama de “fiscalismo exacerbado”, que, para ele, em nada vem contribuindo para a retomada da economia. “Os fisca-listas exacerbados querem criar condições para demitir, mandar embora, abrir espaço neste caminho para o inves-timento público. Isto no momento que nós vivemos é o pior a se fazer”, argumentou. Ele também criticou a ideia defendida por alguns economistas de importar o modelo de gestão administrativa inglês.

“Ao invés disso, temos que recorrer às concessões já existentes e rever os investimentos que podem ser feitos. Esquece a ideia de esperar 3, 4, 5 anos para resolver os problemas, porque até lá muita gente terá morrido ou estará desamparada”, alertou Raul Velloso.

Setor privado pronto para investir

Em seguida, o ex-ministro dos Transportes e presi-dente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), César Borges, reafirmou que a inicia-tiva privada está pronta para investir. “Nos últimos seis

Raul Velloso

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anos, nenhuma concessão que tenha sido leiloada deu vazio. Isso mostra que os investidores têm acreditado nos projetos”, lembrou ele.

Para salientar a relevância das rodovias no Brasil, o presidente da ABCR destacou que o modal responde por 60% de toda a carga movimentada no País. Ferrovias, que ocupam a segunda colocação, são responsáveis por apenas 27%.

De acordo com Borges, o Brasil tem hoje 220 mil quilômetros de estradas pavimentadas, das quais apenas 10% estão concessionadas. “Apesar desse percentual, essas são as estradas mais importantes do País. Por ali passam

60% do PIB brasileiro. Ainda há muito investimento a ser feito nessas estradas, como passarelas, intercessões, entre outros”, disse César Borges.

Ainda durante sua apresentação, ele citou que, so- mente no Estado de São Paulo, existem obras no setor rodoviário que podem somar R$ 16 bilhões. Ele também avalia que existam mais de 10 mil quilômetros de estradas que podem ser concessionadas no âmbito federal, entre elas a (Fernão Dias).

Para Borges, enquanto os novos leilões não são reali-zados, o setor privado está pronto para investir, mas é preciso acabar com o que ele chama de “viés anti-priva-tista” de alguns dirigentes públicos. “Começam a ter uma postura muito fiscalizatória e antagônica em relação a questões de equilíbrio econômico que surgem e que não são culpa das concessionárias. Cito como exemplo a questão do eixo suspenso, que poderia se cobrar, mas deixou de ser feito pelas concessionárias”, relatou.

César Borges destacou que, de 1996 para cá, os inves-timentos privados em rodovias somaram R$ 200 bilhões, valor bem superior a todo o investimento público feito no mesmo período. Diante desses fatos, para ele está mais do

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que claro o importante papel das concessões no desen-volvimento das rodovias brasileiras, mas a insegurança jurídica ainda é um problema.

“É preciso que o setor público entenda que quando um investidor participa de um leilão, ele vai pensar em uma parceria de 25, 30 anos, que é a duração do contrato. Esse contrato tem que prever flexibilidade porque são muitos anos,e muitas demandas vão surgir”, relatou. Em sua avaliação, é preciso haver uma parceria entre poder concedente, iniciativa privada e sociedade.

Melhorias de regras: maior equilíbrio

entre interesses público e privado

O equilíbrio entre os interesses dos setores público e privado foi o mote da fala de Roberto Gianetti, presi-dente do Conselho Gestor da Secretaria de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, durante a 1ª Sessão Especial. Para ele, os concessionários não devem ser vistos como adversários, mas sim como parceiros. “Não há maior desperdiço de dinheiro público do que aquele gasto em obras paradas, deterioradas ou mal-conser-vadas”, destacou.

Um dos pontos trazidos por Gianetti para um melhor equilíbrio entre as partes diz respeito à postura das agên-cias reguladoras. “Precisam ser autônomas e indepen-dentes, não subordinadas ao poder concedente, nem influenciadas de forma inadequada pelos concessionários. As agências são o ponto de mediação entre poder conce-dente e concessionárias”, defendeu.

Ainda na avaliação do gestor, para que essa relação transcorra de forma mais adequada e menos conflituosa, são necessários ajustes no atual arcabouço legal dispo-nível. Para tal, o economista destacou quatro pontos que seriam cruciais para essa importante mudança.

O primeiro deles, é a aprovação de aprimoramentos pontuais na legislação para contratação de infraestru-tura. “Isso reduziria a judicialização de processos. Muitas vezes, os contratos não são feitos de forma adequada e cautelosa”, completou Gianetti.

O segundo ponto trazido pelo economista seria apro- var normas para aumentar a coordenação dos órgãos públicos visando a conter o voluntarismo de decisões

judiciais e de órgãos reguladores. “Quantas vezes nós já vimos em processos de concorrência, uma empresa ganhar e as agências reguladoras ou o Ministério Público começar a contestar e suspender a obra? Isso não é possível, precisamos ter uma situação mais segura para aqueles que fazem investimentos e que se movimentam para iniciar uma obra e não conseguem prosseguir por voluntarismo de órgãos fiscalizadores”.

1ª Sessão Especial – Infraestrutura é o caminho: Rodovias

O terceiro ponto diz respeito à revisão da Lei de Improbidade Administrativa. Para Gianetti, é preciso olhar para o administrador público; “Ele está sujeito a iniciativas aventureiras judiciais e criminalizações de deci-sões polêmicas. A não tomada de decisão é o que mais custa para o setor público”, adverte o economista.

Por último, o palestrante defendeu a melhoria da governança pública, seguindo os moldes da Organi-zação para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com a adoção de um programa de revisão permanente de normas.

Por uma agenda nacional

A união de esforços para a organização de uma agenda nacional de infraestrutura foi a ideia defendida pelo secre-tário de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, João Otaviano. Para ele, esta seria a melhor alternativa para a retomada econômica neste momento de pandemia.

“Temos que criar uma visão nacional para este momento de retomada. Nós não podemos correr o risco de criar agendas predatórias entre governo federal, governo de estados e também com a agenda interna-cional. Estas concessionárias, que são grandes players

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na infraestrutura no Brasil, têm capital internacional. E há um olhar de retomada de infraestrutura no mundo inteiro”, disse o secretário durante sua apresentação na 1ª Sessão Especial do Fórum Nacional.

Otaviano destacou a preocupação com gastos prove-nientes de orçamentos próprios dos tesouros estaduais. Ele relata que houve uma severa retração na arrecadação por conta da pandemia, o que impactará fortemente nos investimentos que precisam ser realizados.

“Desses investimentos que poderiam ser feitos pelo Tesouro, o governador João Doria autorizou que colo-cássemos em licitação, em setembro, o trecho Norte do Rodoanel para que houvesse a conclusão das obras em até 24 meses. Vamos retomar também as conversas com a Concessionária Tamoios para a recuperação do trecho entre Caraguatatuba e São Sebastião, conhecido como contorno da Tamoios, atendendo a cargas do porto. Esta é uma obra para ser iniciada ainda no segundo semestre”, exemplificou João Otaviano.

O secretário de Logística e Transportes de SP citou, ainda, que o número de rodovias concedidas no estado soma 9 mil quilômetros, frente a 14 mil quilômetros que ainda estão nas mãos da administração pública. “Existe uma boa perspectiva, mas leva um tempo importante para se construir uma modelagem atrativa”, disse. Por esse

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1ª Sessão Especial – Infraestrutura é o caminho: Rodovias

motivo, Otaviano destacou que é preciso haver a solução dos passivos regulatórios.

“Há cerca de oito meses estamos envolvidos com concessionárias para chegar a um acordo para trans-formar essa situação toda em uma situação de novos investimentos. Com o apoio de ambas as partes podemos chegar a um acordo. Podemos chegar a R$ 16 bilhões em investimentos destravando essas obras e podendo gerar 150 mil empregos no estado”, calcula ele.

Iniciativa privada quer confiabilidade e

qualidade nos projetos

Na mesma direção de Otaviano, Fábio Russo, um dos vice-presidentes do Grupo CCR, frisou a necessidade de um ambiente mais estável e previsível para fomentar os investimentos privados. O executivo destacou que hoje há uma grande disputa global entre projetos em infraes-trutura e que poucos grupos atuam no setor.

“Hoje existe um número menor de grupos atuando em infraestrutura globalmente. Esse é um setor que, cada vez mais no mundo, todos se especializam. A alocação dos recursos é global e leva em conta a qualidade do

pipeline dos projetos e da regulação, bem como a

confia-bilidade nas instituições”, relatou Russo.

Para o executivo da CCR, a concessão de rodovias veio para ficar: os clientes aprovam e o mercado de capi-tais está disposto a financiar o setor privado. “Existem várias formas de fazer esses investimentos e essas formas não são excludentes. Fazer pipeline de novos negócios é importante, mas ao mesmo tempo, é importante ajustar contratos existentes à realidade das regiões onde as estradas passam. Essa é uma forma de continuar parce-rias”, acrescentou ele.

Durante sua apresentação, Russo destacou a iniciativa do Estado de São Paulo de discutir e rever a realidade jurí-dica de contratos. Ele ressaltou que esses investimentos ajudam na retomada do crescimento, geram empregos e impostos, além de destravar gargalos.

“Falamos aqui sobre novas formas e nova regulação, mas para fazer investimentos novos em contratos exis-tentes, não precisa de uma novidade. A legislação permite e os contratos preveem isso. Os projetos são necessá-rios, estão maduros. É só uma questão de se colocar em prática, nós do setor privado estamos totalmente disponí-veis”, concluiu o executivo

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Sessão Especial

T

rocas de Impostos por obr

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Na abertura da 2ª Sessão Especial, o presidente do Fórum Nacional, Raul Velloso, abriu os debates apre-sentando o atual cenário em que estados e municípios se encontram. De acordo com ele, o elevado déficit orça-mentário existente hoje nestes entes públicos já é gigan-tesco e só tende a piorar.

“Esses déficits não são captados pelas estatísticas fiscais que o Banco Central (BC) publica. Na verdade, os déficits orçamentários são os déficits dos balanços que os entes públicos divulgam todo ano, portanto demoram mais a sair. Os dados do BC são mensais, adotando o conceito de caixa, ou seja, a despesa que entra é aquela que efeti-vamente transita pelo caixa. Já nos déficits orçamentá-rios dos balanços, se vê aquilo que foi autorizado e não necessariamente desembolsado. Então, em épocas difíceis como a que estamos vivendo, existe uma tendência de os déficits orçamentários serem maiores que os déficits de caixa”, explicou.

Velloso também destacou a explosão dos déficits dos regimes próprios dos servidores, o que ele classifica como “um problemão a enfrentar” e que a recente Reforma da Previdência apenas atenuou. Em parte por isso, disse o economista, houve forte e rápida reversão de superávits para déficits primários na União. Dessa forma, investi-mentos estão virando rapidamente zero ou negativos. “Quando digo negativos, quero dizer que os gastos excedem bastante as receitas”, completou.

O resultado desse pano de fundo é a perda de inves-timentos públicos. “Sem falar nas concessões privadas, onde existe forte viés contrário dos órgãos de fiscalização e controle e dos próprios administradores públicos”, alertou Velloso, citando a encampação da Linha Amarela pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Para ele, houve resistência em estender prazos das concessões e agilizar ampliações e correções.

O retrato do País: déficits

orçamentários, fuga de

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Em sua apresentação, Raul Velloso citou, ainda, o que chama de herança maldita deixada pelo governo Temer para a União, realidade vista também em muitos estados. “Tudo para se obedecer a um teto de crescimento dos gastos totais igual à inflação, quando 94% do todo sobem obrigatoriamente bem mais que esta taxa. E ninguém quer pagar o preço político de mexer nos gastos obriga-tórios, a não ser o grosso dos economistas ortodoxos e os mercados financeiros porque estes não têm de enfrentar a briga no Congresso e nos votos”. Sem alteração da legis-lação sobre gastos obrigatórios, disse Velloso, existe mais uma razão para os investimentos desabarem.

O presidente do Fórum Nacional finalizou sua apre-sentação lembrando que há uma forte expectativa na população menos favorecida de se perpetuar a renda emergencial. Em sua avaliação, isto é algo patente no

caso, em vez de ficar tentando dar uma solução definitiva agora em problema de equacionamento tão complexo, em cima de uma situação tão difícil, deveria se optar pela prorrogação da renda emergencial e do Estado de Calami-dade Pública por pelo menos mais 6 meses, viabilizando o financiamento via moeda de uma segunda parte desse programa por ser algo atípico e emergencial”, defendeu Raul Velloso.

O exemplo bem-sucedido do Peru

Já o consultor econômico José Afonso trouxe durante sua apresentação a experiência do Peru na condução de obras envolvendo parceria entre as iniciativas pública e privada. O país desenvolve, há cerca de dez anos, expe-riência que troca obra estatais (União, Estados e

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Muni-administração muito simples e que acredito que poderia ser adotado no Brasil também”, disse ele.

O modelo consiste em transferir à iniciativa privada obras públicas, que, após o término, são devolvidas ao setor público. O montante gasto na empreitada é abatido

por meio de impostos, que podem ser federais, estaduais ou municiais, a depender da esfera contratante.

Na avaliação de Afonso, o primeiro ponto para o sucesso desta modelagem depende de uma uniformi-zação de diretrizes. “O programa deve ter foco nacional, com regra única. Não dá para estados e municípios terem suas próprias regras”, alertou o economista. Ele explica que toda a condução da obra deve ser feita pela iniciativa privada, que já deve colocar em seus custos, inclusive, o lucro almejado.

“Só depois da obra totalmente concluída, esta é devolvida ao setor público. A empresa, depois de audi-torias, recebe um certificado de investimento para quitar impostos. Isto é bom porque não fura o teto de gastos do Governo, gera atividade econômica e, consequente-mente, tributos”, defendeu José Afonso.

2ª Sessão Especial – Trocas de Impostos por obras públicas

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Ele ressalta, no entanto, que para que a modelagem se torne viável, é necessário se pensar em alternativas para o funding do setor privado. “Por exemplo, o Banco Central abriu crédito para dar liquidez aos bancos. Hoje, a liquidez é muito grande e a taxa de juros é baixa. Podemos pensar que essas linhas poderiam fundear o setor privado para que este fizesse as obras”, acrescentou durante sua apresentação.

Para o economista, o mais interessante seriam obras na esfera federal, o que daria maior amplitude na troca de impostos. Mas caso os investimentos se deem em estados e municípios, seria preciso se acertar com a União o abati-mento de valores dos repasses que são feitos a esses entes. José Afonso lembrou que no Brasil algumas iniciativas similares já estão sendo feitas. Uma delas é tocada pela Prefeitura de São Paulo, que troca obras na Zona Leste da cidade por quitação de impostos; “Ali, é gerado o Certificado de Investimento e Desenvolvimento (CID)”, contou. Ele citou, ainda, o Estado de Minas Gerais, que já concedeu a execução de obras à iniciativa privada, retornando depois às mãos do governo.

Foco na maior flexibilidade para

regimes próprios e fundos de pensão

Logo em seguida, o consultor econômico Ildemar Silva salientou a dificuldade de estados e municípios em equacionar seus déficits previdenciários, um dos motivos pelos quais se torna ainda mais difícil o investimento em obras públicas. Para ele, ainda não há uma conscientização de muitos gestores sobre a questão, além de um grande desconhecimento técnico. “Em alguns casos são adotadas

pelos gestores soluções paliativas para seus mandatos, o que agrava ainda mais a situação”, relatou.

Ainda na busca de alternativas para incrementar inves-timentos pelos regimes próprios de previdência, Silva destacou que a Constituição já prevê o aporte de ativos de qualquer natureza. Ele destacou que, nesse sentido, a Secretaria de Previdência vem emitindo notas técnicas, entre elas a 464, que prevê uma sistemática de avaliação de ativos.

“O que poderia melhorar é a questão da resolução dos investimentos, que ainda é muito rígida, prevendo percentual ainda muito pequeno para FIPS e Fundos Imobiliários. Isso dificulta um pouco o engajamento dos fundos de regimes próprios e de pensão”, argumentou ele.

Para Silva, se fosse possível unir a troca de obras por impostos ao aporte de fundos de regime próprio e de pensão, poderia se chegar perto do modelo que foi adotado em países onde a poupança de longo prazo formada por entidades de previdência foi o vetor do desenvolvimento sustentável.

Ainda de acordo com Silva, o País perdeu, durante a reforma da Previdência, a oportunidade de facilitar investimentos que poderiam ser feitos pelos regimes próprios. “Reduziram-se benefícios, alongaram-se prazos de contribuição, dificultaram-se os requisitos para que os servidores e pessoas em geral conseguissem obter aposen-tadorias, mas não se buscaram ações estruturantes que viabilizassem os investimentos dos regimes próprios de

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32

anos voltados para o

desenvolvimento brasileiro

Tínhamos mal encaminhado a solução para a escassez

aguda de divisas e a inflação crônica, a que o fundador deste

fórum dedicou boa parte de sua vida, quando a crise atual

nos pegou em cheio no bojo de um problema ainda não

resolvido: a longa rota de queda da razão investimento/PIB e,

por consequência, do crescimento econômico do País. Agora

é a hora de aproveitar a sacudida que a pandemia impôs e o

desmoronamento das políticas do atual governo – hoje mais

que nunca obsoletas, para fazer a transição rumo a um novo

foco: a busca de uma razão investimento em infraestrutura/

PIB progressivamente mais alta e, por consequência, a

garantia de um maior crescimento do PIB.

Por que infraestrutura? Por ser o segmento cuja expansão

propicia um maior ganho de produtividade. Quanto maior

o estoque e a qualidade da infraestrutura de um país, maior

o crescimento do PIB per capita e menor a desigualdade de

renda, algo já cientificamente comprovado.

Para investir mais em infraestrutura, falta dinheiro

público e eliminar o antigo viés anti-privado no seio

governamental que muito aparece na gestão das concessões.

Já o atual governo central é no mínimo inexperiente, e

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