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METODOLOGIA DOS DESAFIOS E TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PROXIMAL APLICABILIDADE EM CURSOS PRESENCIAIS DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL

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METODOLOGIA DOS DESAFIOS E TEORIA DO

DESENVOLVIMENTO PROXIMAL – APLICABILIDADE

EM CURSOS PRESENCIAIS DE BACHARELADO EM

ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL

RESUMO

Este estudo discute a relação entre a Metodologia dos Desafios desenvolvida pela equipe do SENAI, para educação à distância e a Teoria de Desenvolvimento Proximal, destacando as vantagens de aplicar a problematização e o sociointeracionismo a cursos presenciais de Administração. Os resultados obtidos evidenciam que: a) o processo de educação centrado na resolução de problemas (Metodologia dos Desafios) e a Zona do Desenvolvimento Proximal, diferença entre o desenvolvimento real (solução independente de problemas) e o desenvolvimento potencial (solução do problema intermediado por um mediador) são idênticas; b) a Metodologia dos Desafios é aplicável a cursos presenciais por meio de situações-problemas que requeiram a aplicação da experiência individual, criatividade, pesquisa, inovação e trabalho em equipe; c) da aplicabilidade em cursos de Administração, destaca-se o desenvolvimento de profissionais pesquisadores, acostumados à resolução de problemas (desafios) e de trabalho em equipe, aliados à criatividade e inovação.

Palavras-chave: Metodologia dos Desafios; Teoria do Desenvolvimento Proximal; Conteúdos Curriculares

Obrigatórios.

INTRODUÇÃO

Na tentativa de encontrar novas práxis pedagógicas que atendam às demandas educacionais e ao mercado, as instituições de ensino, públicas e privadas, vêm priorizando as pesquisas e incorporando novas tecnologias de informação e de comunicação às metodologias utilizadas nos processos de ensino-aprendizagem tradicionais. Dentre as novas práxis estudadas, destacam-se a Metodologia dos Desafios, criada pelo SENAI para cursos presenciais e os conceitos do sociointeracionismo criado por Vygotsky em sua Teoria do Desenvolvimento Proximal.

Pretende-se nesse estudo, relacionar a Metodologia dos Desafios e a Teoria de Desenvolvimento Proximal, destacar as vantagens de aplicar a problematização (metodologia dos desafios) e o sociointeracionismo (Teoria do Desenvolvimento Proximal) a cursos presenciais, especificamente, no desenvolvimento dos conteúdos básicos curriculares exigidos para a formação dos profissionais da área de Administração.

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FUNDAMENTOS TÉORICOS

Metodologia dos Desafios

Desenvolvida para programas de educação à distância do SENAI, a Metodologia dos Desafios tem uma característica peculiar, as decisões tomadas são executadas ou encaminhadas considerando sempre sua possível aplicação à realidade, no campo de atuação de cada aluno. A identificação de situações-problema possibilita que o discente construa novos saberes e implica o compromisso com o ambiente em que está inserido, privilegiando a construção de conhecimentos, a partir da problematização, do questionamento, da discussão, da apresentação de dúvidas e da troca de informações, no contexto de uma comunidade de aprendizagem colaborativa alicerçada na realidade.

Baseada nos processos de Problematização Berbel (1995), e nas etapas definidas no Arco de Maguerez de Bordenave (1978), que partem do pressuposto de que a interação e o diálogo constituem a essência do processo educativo. O diálogo entre alunos e alunos-professor, mediado por recursos de comunicação síncronos e assíncronos, disponíveis no ambiente virtual, é fator essencial para novas aprendizagens e à construção de novos conhecimentos vinculados à realidade do aluno (REICHERT E COSTA, 2007).

Fig. 1: O Arco de Maguerez

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Por estar alicerçada em um ambiente virtual, que favorece a interação entre os atores do processo educacional (alunos, facilitadores, professores), não existe a concepção de aula no sentido tradicional - em que os conteúdos são apresentados por um professor. Na Metodologia dos Desafios, os alunos, em grupo, trabalham na resolução de desafios definidos pelas equipes de elaboração do curso. Esse conjunto de desafios é definido em função do perfil profissional pretendido e das competências requeridas pelo mercado.

A Metodologia dos Desafios desencadeia as potencialidades por privilegiar a ação do sujeito, visto que o aluno aprende por conta das ações praticadas, interagindo com o grupo e com o docente. A relação entre prática e teoria objetiva transformar e capacitar o aluno para atuar como profissional responsável e transformador de seu meio, seja ele empresarial, social e ambiental.

Na Metodologia dos Desafios, os desafios ou situações-problema, são recursos facilitadores dos processos de aprendizagem e da construção do conhecimento por possibilitar o uso do sistema nervoso (a maturação), a experiência (física e lógico-matemática), a transmissão social (interação) e a equilibração (ou autoregulação), são fatores primordiais ao desenvolvimento cognitivo, o que explica a razão dessa metodologia ter um sentido pedagógico elevado pois apresenta intencional e sistematicamente, desafios de diferentes formas e em diferentes níveis para facilitar a construção do conhecimento de forma autônoma e colaborativa, além de possibilitar a formação de profissionais que se preparam para atuarem de forma eficiente em suas atividades.

No processo de aprender a aprender é importante a compreensão de que o conteúdo é meio, e não objetivo da aprendizagem. Os alunos são incentivados a buscar resultados de aprendizagem por meio da pesquisa e adequação de novas informações, da leitura e do estudo

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organizado. Tais estudos podem ser individuais e/ou no grupo ao qual o aluno está integrado (REICHERT E COSTA, 2007).

Por ter sido desenvolvida para um ambiente virtual, o papel do professor é importante pois é ele que orienta e tira dúvidas a respeito de cada etapa e das atividades pertinentes; negocia prazos de entrega e faz a avaliação dos trabalhos. A motivação, a mediação e a orientação são características essenciais do perfil do docente na educação a distância, bem como aqueles que utilizam esta metodologia.

Para que o professor seja um mediador, principalmente em ambientes virtuais, é fundamental que o assistencialismo seja substituído por uma real preocupação com a formação do aluno-cidadão. E a formação do aluno-cidadão implica torná-lo autor e personagem ativo de seu destino, buscando estabelecer um diferencial significativo ao romper com a tradicional relação de dependência de um professor que “ensina” com seus alunos que “aprendem” (FERNANDES, 2001).

Esta independência permite uma visão de construção colaborativa do conhecimento, na qual a aprendizagem acontece em um cenário de valorização das estruturas e conhecimentos prévios, de proposição de idéias, inclusão de novos conceitos e de diferentes visões dos aprendizes.

Teoria do Desenvolvimento Proximal

Essa teoria parte do princípio da contínua interação entre as condições sociais (mutáveis) e a base biológica. Suas raízes encontram-se na infância por duas formas fundamentais: o uso de instrumentos e a fala. O desenvolvimento da linguagem apresenta-se como paradigma para explicar a formação de todas as demais operações mentais que envolvem o uso de signos (ou seja, mediadas). Assim como a linguagem, todas as funções

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psicológicas superiores (FPS)1 aparecem duas vezes no curso do desenvolvimento da criança. Primeiro nas atividades coletivas (social – inter-psíquica) em seguida, nas atividades individuais (intra-psíquica).

As FPS estão sujeitas às leis do desenvolvimento e surgem ao longo do desenvolvimento psicológico como resultado do mesmo processo dialético e não como algo introduzido de fora ou de dentro. Mudanças no desenvolvimento de uma função provocam mudanças não apenas na estrutura da função isoladamente, mas também no caráter daquelas funções interdependentes ou com ajuda das quais ocorre a função, o que muda são as relações inter-funcionais que conectam essa função a outras.

A construção do real parte do social (interação com outros) e vai sendo internalizada para se tornar individual. Internalizar para Vygotsky significa "reconstrução interna de uma operação externa" (VYGOTSKY, 1999). Ao internalizar instruções, as crianças modificam suas operações cognitivas: percepção atenção, memória, capacidade para solucionar problemas. É dessa maneira que formas, historicamente determinadas e socialmente organizadas de operar com informações, influenciam o conhecimento individual, a consciência de si e do mundo.

Vieira (2007) acredita que o homem não é apenas produto de seu meio, ele é também um sujeito ativo no movimento que cria esse meio. A característica básica do comportamento humano em geral é que os próprios homens influenciam sua relação com o ambiente, por esse motivo, a autora acredita que o homem modifica seu comportamento, colocando o ambiente sob seu controle.

      

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Vygotsky define dois tipos de funções psicológicas – Funções Psicológicas Superiores e Funções Psicológicas Elementares. As Funções Elementares são diretamente determinadas pela estimulação ambiental e reguladas por processos biológicos. As Funções Psicológicas Superiores são o resultado da estimulação autogerada (criação e uso de estímulos artificiais, ou seja, signos), em um contexto sociocultural (VYGOTSKY, 1999) 

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Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) e o Processo de

Ensino-aprendizagem

Como forma de explicar a caracterização da evolução intelectual em saltos qualitativos de um nível de conhecimento para outro, Vygotsky desenvolveu o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal, definido por ele como “a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problema sob orientação ou com a colaboração de companheiros mais capazes” (VYGOTSKY, 1998).

De acordo com o pensamento de Vygotsky (1998), o Desenvolvimento Real é determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um conhecimento consolidado. Se domina a adição, por exemplo, esse é um nível de desenvolvimento real. O Desenvolvimento Potencial é determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com auxílio de alguém mais experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar.

Vygotsky não era pedagogo, mas embasado no seu conhecimento e interesse na natureza social do homem, acreditava que o desenvolvimento da inteligência é produto da convivência do homem com seus pares e o ambiente cultural em que vive, afirmando que sem esta interação o homem não se constrói.

Segundo Vygotsky (1998) é a vivência em sociedade que transforma o ser biológico em ser humano e é pela aprendizagem e interações que se constrói o conhecimento que possibilita o desenvolvimento mental, ou seja, o homem nasce com as Funções Psicológicas Elementares (reflexos) e o aprendizado cultural, essas funções básicas transformam-se em Funções Psicológicas Superiores (consciência, planejamento, deliberação), através das informações recebidas do meio em que ele vive e que são intermediadas por outras pessoas

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com quem ele convive, com significados históricos e sociais. O que caracteriza a individualidade de cada um é a re-elaboração das informações recebidas, pela linguagem interna.

A linguagem é um importante instrumento de intermediação do conhecimento e tem relação direta com o desenvolvimento psicológico dos indivíduos e como conseqüência, pode-se então afirmar que a construção do conhecimento só é possível com a convivência social, numa parceria com outras pessoas denominadas mediadoras.

Para Vigotsky (1998), mediador é aquele que colabora na concretização do desenvolvimento que a criança ainda não atinge sozinha. Na escola, o professor e os colegas mais experientes são os principais mediadores. O desenvolvimento psicológico é construído também pela relação entre o pensamento e a linguagem. Pensamento é um processo mental que permite aos seres modelarem o mundo e com isso lidar com ele de uma forma efetiva e de acordo com suas metas, planos e desejos. O pensamento, fundamental no processo de aprendizagem, é considerado a expressão mais "palpável" do espírito humano - imagens e idéias revelam justamente a vontade deste. O pensamento é construto e construtivo do conhecimento.

A Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de idéias ou sentimentos - signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil e outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar conceitos de comunicação, idéias, significados e pensamentos.

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Relato de uma Experiência Brasileira

Lima e Tottava citados por Mitchell e Myles (2005, p. 270), definem a ZDP como: “o domínio de conhecimento (ou habilidade) em que o aprendiz não é ainda capaz de funcionar independentemente, mas cujo resultado esperado pode ser atingido caso o indivíduo receba suporte ou andaimento (scaffolding) relevante".

Andaimento é definido como o processo de diálogo de apoio (diálogo colaborativo) que orienta o aprendiz para os elementos/características primordiais do ambiente e a ZDP passa a ser vista como uma característica do aprendiz, que se desenvolve pela da interação. O papel do mediador/professor nesse processo é o de apoio à construção colaborativa de oportunidades, ocasiões de aprendizagem, no conceito de Swain e Lapkin (LIMA e ROTTAVA, 2005). Segundo Lima e Torrava, citados por Ohta (2000), o mediador precisa saber o momento de fornecer assistência apropriada aos aprendizes como forma de contribuir para o desenvolvimento.

Andrade (2008) publicou trabalho, no IV Taller Internacional de Evaluación de La Calidad y Acreditación em la Educación Superior e no VI Taller Internacional de Pedagogia de La Educación Superior, no 6to Congreso Internacional de Educación Superior em Havana, Cuba, relatando os resultados da sua experiência na aplicação dos conceitos da Teoria do Desenvolvimento Proximal ao ensino da disciplina de Contabilidade em quatro instituições de ensino superior brasileiras. Segundo a pesquisadora, “ao priorizar as interações entre os próprios alunos e deles com o professor, o objetivo da escola, passa a ser possibilitar que os CONCEITOS ESPONTÂNEOS, desenvolvidos na convivência social, evoluam para o nível dos CONCEITOS CIENTÍFICOS. Daí a relevância do educador assumir o papel de mediador na formação do conhecimento.

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Andrade concluiu que: trocar a função de PROFESSOR pela função de MEDIADOR; trabalhar o desenvolvimento psicológico dos alunos pela convivência social; possibilitar ao aluno o pensar – fundamental no processo de aprendizagem e na construção do conhecimento; permitir que o aluno possa moldar o objeto de estudo e identificar de que forma esse conhecimento poderá ser aplicado ao seu ambiente e; a utilizar linguagem mais adequada ao meio, foram as causas dos ótimos resultados obtidos na sua pesquisa.

Para a pesquisadora, a mediação, o andaimento, e o diálogo colaborativo, características dos conceitos da Teoria do Desenvolvimento Proximal, possibilitam melhorias no processo de ensino aprendizagem e contribuíram para a redução do número de abandono e não aproveitamento da disciplina.

Conteúdos Obrigatórios na Formação do Bacharel em Administração

No entendimento do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Câmara de Educação Superior (CES), as orientações curriculares constituem referencial indicativo para a elaboração de currículos, devendo ser necessariamente respeitadas por todas as Instituições de Educação Superior, com o propósito de "assegurar a flexibilidade e a qualidade de formação oferecida aos estudantes", “Incentivar uma sólida formação geral, necessária para que o futuro graduado possa vir a superar os desafios de renovadas condições de exercício profissional e de produção do conhecimento, permitindo variados tipos de formação e habilitações diferenciadas em um mesmo programa.

Dentre os princípios estipulados nessas orientações, destacam-se: a) estimular práticas de estudo independente visando uma progressiva autonomia profissional e intelectual do aluno; b) encorajar o reconhecimento de habilidades, competências e conhecimentos adquiridos fora do ambiente escolar, inclusive os que se refiram à experiência profissional julgada relevante para a área de formação considerada; c) fortalecer a articulação da teoria

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com a prática, valorizando a pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a participação em atividades de extensão; d) incluir orientações para a condução de avaliações periódicas que utilizem instrumentos variados e sirvam para informar a docentes e a discentes acerca do desenvolvimento das atividades didáticas.

A Resolução CES/CNE nº. 4 de 13/07/2005, diz, em seu art. 3º, que os cursos de graduação devem ensejar, como perfil desejado do formando, capacitação e aptidão para compreender as questões científicas, técnicas, sociais e econômicas da produção e de seu gerenciamento, observados níveis graduais do processo de tomada de decisão, bem como para desenvolver gerenciamento qualitativo e adequado, revelando a assimilação de novas informações e apresentando flexibilidade intelectual e adaptabilidade contextualizada no trato de situações diversas, presentes ou emergentes, nos vários segmentos do campo de atuação do administrador.

As competências e habilidade requeridas para o Bacharel em Administração são: I - reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo produtivo, atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão;

II - desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais;

III - refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento; IV - desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais;

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V - ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa, vontade de aprender, abertura às mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional; VI - desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável;

VII - desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em organizações; e

VIII - desenvolver capacidade para realizar consultoria em gestão e administração, pareceres e perícias administrativas, gerenciais, organizacionais, estratégicos e operacionais.

Estabelece ainda que os cursos de graduação em Administração devem “contemplar, em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, conteúdos que revelem inter-relações com a realidade nacional e internacional, segundo uma perspectiva histórica e contextualizada de sua aplicabilidade no âmbito das organizações e do meio através da utilização de tecnologias inovadoras” (Resolução CSE/CNE nº 4/2005).

Vale destacar que os conteúdos de formação básica são aqueles relacionados com estudos antropológicos, sociológicos, filosóficos, psicológicos, ético-profissionais, políticos, comportamentais, econômicos e contábeis, bem como os relacionados com as tecnologias da comunicação e da informação e das ciências jurídicas. Os conteúdos de formação profissional são aqueles relacionados com as áreas específicas, envolvendo teorias da administração e das organizações e a administração de recursos humanos, mercado e marketing, materiais, produção e logística, financeira e orçamentária, sistemas de informações, planejamento estratégico e serviços.

Os conteúdos de estudos quantitativos e suas tecnologias são aqueles que abrangem a pesquisa operacional, teoria dos jogos, modelos matemáticos e estatísticos e aplicação de tecnologias que contribuam para a definição e utilização de estratégias e procedimentos

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inerentes à administração. Os conteúdos de formação complementar abrangem os estudos opcionais de caráter transversal e interdisciplinar para o enriquecimento do perfil do formando.

OBJETIVOS DE PESQUISA

Este trabalho tem como objetivos, analisar a Metodologia dos Desafios sob a ótica da Teoria do Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, verificar a aplicabilidade da Metodologia dos Desafios ao ensino presencial, identificar vantagens da aplicação dessa metodologia na formação do profissional de Administração.

As questões que norteiam esse estudo são: a) as características da Metodologia dos Desafios são coerentes à Teoria do Desenvolvimento Proximal de Vygotsky? b) existe possibilidade de aplicação da Metodologia dos Desafios e um ambiente presencial? c) quais as vantagens da aplicação da Metodologia dos Desafios ao ensino presencial nos cursos de bacharelado em Administração?

METODOLOGIA

Esta pesquisa é um resumo de assunto por não ser original, apesar do rigor cientifico. È fundamentada em trabalhos científicos publicados (método dedutivo) e busca contribuir com a aplicabilidade da Metodologia dos Desafios (problematização) e os conceitos da Teoria do Desenvolvimento Proximal (sociointeracionismo), a cursos presenciais, principalmente, no desenvolvimento dos conteúdos básicos curriculares exigidos pelo Ministério de Educação e Cultura brasileiro para a formação dos discentes matriculados nos cursos de bacharelado em Administração. Por ter esse objetivo, classifica-se como uma pesquisa exploratória e de fontes, cujo principal procedimento é a pesquisa bibliográfica por ser a mais apropriada

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técnica de pesquisa para o alcance dos objetivos desse estudo (requerida para fichamento de material publicados).

ANÁLISE DE DADOS

Na Metodologia dos Desafios, o processo de ensino-aprendizagem é caracterizado pela solução dos problemas propostos (desafios) e pela interação entre os sujeitos do processo (docentes). De acordo com a Teoria do Desenvolvimento Proximal, os desafios propostos, a figura do mediador e a socialização dos problemas contribuem para a formação de novos saberes. Os conteúdos curriculares obrigatórios para o bacharelado em administração visam formar um profissional capaz e apto a compreender questões que envolvam o ambiente interno e externo das organizações, que assimile rapidamente as informações, seja intelectualmente flexível e adapte-se rapidamente às situações para tomar decisões tempestivas.

Tanto na Metodologia dos Desafios quanto na Teoria do Desenvolvimento Proximal, o mediador tem a importante função de sugerir, propor, arquitetar os desafios-problemas e estimular as competências necessárias a sua superação. A estimulação, ou motivação, para a aprendizagem é construída pelos desafios, ou seja, o problema é a essência da construção do saber pelo esforço para a sua superação.

Aplicar os conceitos da Metodologia dos Desafios e da Teoria de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, a cursos presenciais de bacharelado em administração significa disponibilizar a esses docentes, ferramentas que transformam a sala de aula, onde os conteúdos curriculares da formação profissional são apresentados, em empresas-modelos, possibilitando que situações-problemas (desafios), sejam discutidos (saberes e experiências individuais), resolvidos em grupo (sociointeracionismo de Vygotsky), orientados por um

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mediador (professor), proporcionando a construção de novos conhecimentos (Zona do Desenvolvimento Proximal).

RESULTADOS OBTIDOS

Em conformidade com as características da Metodologia dos Desafios, da Teoria do Desenvolvimento Proximal e nas competências e habilidades requeridas para o profissional de Administração, definidas pela Câmara de Educação Superior (CES) do Conselho Nacional de Educação do Brasil (CNE), através da Resolução nº. 4/2005 que explicitou os conteúdos curriculares obrigatórios nos cursos de Administração, verifica-se que:

a) o processo de educação centrado na resolução de problemas, característica principal da Metodologia dos Desafios e a Zona do Desenvolvimento Proximal, definida como a diferença entre o desenvolvimento real (solução independente de problemas) e o desenvolvimento potencial (solução do problema intermediado por um mediador) são idênticas, uma vez que ambos são embasados numa relação social (professor-aluno para a Metodologia dos Desafios e indivíduos, na Teoria do Desenvolvimento Proximal);

b) a Metodologia dos Desafios é aplicável a cursos presenciais pela possibilidade de desenvolver os conteúdos curriculares obrigatórios por meio de situações-problemas que requeiram, na sua resolução, a aplicação da experiência individual, criatividade, pesquisa, inovação e trabalho em equipe;

c) dentre as vantagens identificadas dessa aplicabilidade em cursos presencias de bacharelado em Administração, destaca-se o desenvolvimento de profissionais pesquisadores, acostumados à resolução de problemas (desafios) pelo uso de ferramentas de tecnologia de ponta e trabalho de equipe, aliados à criatividade e inovação.

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CONCLUSÃO

Na Metodologia dos Desafios, assim como na Teoria do Desenvolvimento Proximal, o princípio de aprender a pensar está impregnado. A interação constante entre alunos, organizados em grupos, possibilita a manutenção do princípio de ensino individualizado, porém não individualizante. O aluno não se isola nem é isolado. Pelo contrário, mantém-se em constante interação social e intelectual com os demais participantes do curso. A metodologia adotada, de trabalhos em grupo, mostra a importância da interação para a construção colaborativa de conhecimentos

O conceito de aprendizagem de Vygotsky (1998), possui quatro princípios básicos: a) importância do mediador para a aprendizagem; b) capacidade do docente em provocar desafios e propiciar experimentos; c) existência de um clima propício à aprendizagem e; d) avaliação efetuada sobre os resultados obtidos pelos discentes.

Dentre as características semelhantes entre a Metodologia dos Desafios e da Teoria do Desenvolvimento Proximal de Vygotsky na formação do administrador destacam-se a problematização (Desafios), o uso do conhecimento (experiência anterior individual) e a Interação social (figura do mediador).

As contribuições ou vantagens da utilização da Metodologia dos Desafios e da Teoria do Desenvolvimento Proximal em cursos presenciais de Bacharelado em Administração são: a apresentação de problemas ou desafios que possibilitem níveis diferentes de dificuldades para que possa abrigar espaços da zona de desenvolvimento proximal de cada aluno; a socialização da aprendizagem que facilita a interação entre os indivíduos e os grupos, na medida que o trabalho em grupo é uma ferramenta essencial para a aprendizagem nesse contexto; a criação de um clima favorável à atividade de aprendizagem, um ambiente afetivo entre mediador e mediados; uma avaliação estabelecida com exatidão de objetivos que inclua desafios à inteligência e competências dos alunos.

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Concluí-se então que existe possibilidade de aplicação da Metodologia dos Desafios a cursos presenciais e que os conceitos da Metodologia dos Desafios e da Teoria do Desenvolvimento Proximal são coerentes ao perfil desejado para os profissionais dos cursos de administração por possibilitar que o aluno reconheça e defina problemas, equacione soluções, pense estrategicamente, introduza modificações no processo produtivo, atue preventivamente, transfira e generalize conhecimentos e exerça, em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão.

Essa temática não se esgota nesse estudo e pode desdobrar-se em pesquisas aplicadas a outras áreas do conhecimento, a exemplo da neurociência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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