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A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO NA AMAZÔNIA LEGAL BRASILEIRA: ESTUDO APLICADO À PRODUÇÃO DE SOJA E SEUS CONDICIONANTES.

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A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO NA

AMAZÔNIA LEGAL BRASILEIRA:

ESTUDO APLICADO À PRODUÇÃO DE

SOJA E SEUS CONDICIONANTES.

Ermeson Sardinha

ermeson212@gmail.com

Harlenn dos Lopes

harlenn@ufpa.br

Ao longo dos anos, a Amazônia passou por muitas transformações no setor agrícola. Com a evolução da tecnologia para melhoramento das técnicas de cultivo para todos os tipos de biomas, esta região passou a ser interessante para a agricultura em geral. O presente estudo tem por objetivo analisar o comportamento e as perspectivas a respeito do crescimento da cultura da soja na Amazônia legal, particularmente aos estados do Tocantins, Maranhão, Pará e Rondônia. As análises tiveram como base fontes disponibilizadas em órgãos governamentais e estudos existentes sobre a soja na região. Através das análises foi possível identificar não só as potencialidades para o desenvolvimento da cultura da soja, mas também os desafios da região para aumento sustentável da fronteira agrícola.

Palavras-chave: Soja, Amazônia legal, Potencialidades, Agronegócio

XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO “A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil” Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.

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1. Introdução

No contexto mundial e nacional a soja está inserida economicamente como um dos principais produtos agrícolas. No Brasil, é a principal cultura em extensão de área e volume de produção (CONAB, 2017).

O USDA avalia que as exportações mundiais de soja no mundo, safra 2017/18, cheguem a 149,66 milhões de toneladas, representando aumento de apenas 3,09%, em relação às expectativas de exportações mundiais, safra 2016/17, que foram de 145,17 milhões de toneladas. Como maiores produtores de soja, responsáveis por 81,12% da produção mundial, o Brasil (42,76%), os Estados Unidos (39,09%) e a Argentina (5,68%), juntos, são também responsáveis por 87,54% de todas as exportações mundiais (CONAB, 2017).

O Brasil, é o país que apresenta as maiores vantagens comparativas, podendo tanto expandir sua produção pela incorporação de áreas com explorações pouco produtivas (pastagens degradadas, por exemplo), quanto aumentar sua produtividade (DALL’AGNOL, 2016). Atualmente a Amazônia vem se transformando em endereço cobiçado para expansão da fronteira produtiva da pecuária extensiva seguida da agricultura intensiva. Este estágio é, no entanto, fruto da pressão de áreas agricultáveis do cerrado que vem sendo ocupadas por grandes projetos de produção de agricultura de precisão e alta tecnologia principalmente a soja (TAVORA, 2015).

O avanço da cultura da soja sobre a região amazônica, proporciona uma grande preocupação de todos os agentes envolvidos no processo, ou seja, precisa ser desenvolvida de forma planejada e inteligente. Segundo Tavora (2015), o desafio é desenvolver a Amazônia de forma sustentável para que o Brasil continue a gozar de seu próprio desenvolvimento.

No presente estudo, apesar de estar incluído na Amazônia legal brasileira, não será considerado o estado do Mato Grosso, devido sua especificidade e alta produção de soja. Diversos estudos como os de Franco (2017), Marinho et al. (2017) e Richards et al. (2015), veem analisando a soja produzida neste estado. Os estados do Acre, Amapá e Amazonas, que apresentam menos de 0,5% da produção total da soja amazônica, de acordo com o IBGE (2018), também não serão considerados neste estudo.

Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar o comportamento e as perspectivas a respeito do crescimento da cultura da soja na Amazônia legal, nos estados do Tocantins, Maranhão, Pará e Rondônia, levando em consideração os dados apresentados nas últimas décadas. Os dados utilizados para o estudo foram, dos anos de 1990 até 2015, disponibilizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pretende-se

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através dessas análises conhecer os motivos que implicam no deslocamento dessa cultura para a região, os impactos e as relações do cultivo na Amazônia.

2. Cultura da soja no Brasil

A transformação do cultivo de soja no Brasil passou por aspectos culturais, como a mudança de atitude do agricultor; pela governança da propriedade, entendendo sua inserção no sistema produtivo e no ambiente; por políticas públicas de respeito ao ambiente e à dignidade do trabalho; por legislação rígida quanto à toxicidade dos agrotóxicos e às exigências para seu uso; e por um sistema de produção com tecnologias adequadas, sustentáveis, desenvolvidas especificamente para o ambiente subtropical e tropical (GAZZONI, 2013).

No Brasil, a soja tem sido cultivada em várias condições de ambiente, desde regiões frias, com altitude superior a 1200 m, até regiões quentes, com baixas altitudes e latitudes, gerando diferentes potenciais para produção da oleaginosa (JUNIOR et al., 2017). Isso foi um dos motivos que fez com que a produção brasileira de soja alcançasse a marca de 97.464,9 milhões de toneladas no ano de 2015 (IBGE, 2018). Essa produção recorde, mostra que todos os investimentos feitos no setor estão gerando resultados positivos e uma grande evolução na produção (Figura 1).

Figura 1 – Evolução da soja no Brasil

Em 2015, conforme as figuras 2 e 3, pode-se observar que que a região Centro-Sul do país concentra 80,05% da área cultivada com soja (25,8 milhões de hectares) e 80,93% da produção nacional (78,9 milhões de toneladas), os estados do Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás são os que mais se destacam nessa região, conforme dados do IBGE (Produção Agrícola Municipal, 2018).

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Figura 2 – Produção de soja nos estados do Brasil (2015)

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

Figura 3 – Área plantada para cultivo da soja nas regiões do Brasil (2015)

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

3. Análise do avanço da cultura da soja na Amazônia brasileira

A Amazônia brasileira é composta pelos seguintes estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão (SUDAM, 2016).

Com relação ao cultivo da soja, o território da Amazônia Legal abriga aproximadamente um terço de toda a área da oleaginosa, a qual se concentra no Estado de Mato Grosso, seguido pelo Tocantins, Maranhão, Pará e Rondônia (BARBOSA, 2015).

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As políticas de incentivos fiscais, de concessão de terras, de construção de infraestrutura e de desenvolvimento de tecnologias, como também os programas de colonização, transformaram a região amazônica em uma das principais frentes de crescimento da produção agropecuária brasileira. (IPEA, 2013).

A análise dos dados coletados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), levando em consideração as safras do ano de 1990 até 2015, deixa evidente o grande crescimento do cultivo da soja na região amazônica. Nesse período de 25 anos, a quantidade produzida do grão na região cresceu em uma proporção elevada, saltando de 3,113 milhões de toneladas em 1990 para 20,103 milhões na safra de 2015, conforme o gráfico da figura 4. O Brasil nesse mesmo período, de 1990 até 2015, obteve um crescimento de cerca de 390,27% na produção em toneladas de soja em grão, deixando explicita a extrema força da agricultura nacional nos últimos anos. Os dados também evidenciam a crescente participação da região amazônica, que em 1990 contribuiu com apenas 15,35% para a produção nacional e que na temporada 2015 passou a representar cerca de 20,63% da quantidade de soja produzida no país.

Figura 4 – Produção da soja no Brasil e na Amazônia

4 – A soja nos estados da Amazônia

A soja na Amazônia legal se faz presente em todos os estados pertencentes a essa região. Entretanto, como já explicado na seção 1, a ênfase do estudo serão os estados do Tocantins, Maranhão, Pará e Rondônia. Estas unidades federativas apresentaram um grande crescimento nos últimos anos, como pode-se observar na da figura 5, onde estes estados representaram cerca de 30,34% da produção da região amazônica, em 2015 (considerando o Mato Grosso). Caso fosse desconsiderado o estado do Mato Grosso, a porcentagem representada por esses estados aumenta para 98,62% da produção de soja amazônica (IBGE, 2018).

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Figura 5 – Produção dos estados do Tocantins, Maranhão, Pará e Rondônia.

4.1. Tocantins

O estado do Tocantins é o segundo maior produtor de soja na Amazônia, atrás apenas do Mato Grosso, maior produtor nacional (IBGE, 2018). A tabela 1 mostra que o estado apresentou uma significativa evolução dentro de 25 anos. A área plantada, produção e produtividade apresentaram crescimentos consideráveis e bastantes satisfatórios aos produtores da região.

Tabela 1 – Desenvolvimento da soja no Tocantins

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

O Tocantins possui 8 microrregiões, que são responsáveis pelo sucesso do desenvolvimento da soja nas últimas décadas na região (IBGE, 2018). O gráfico da figura 6 mostra que a microrregião de Gurupi é que mais se destaca, obteve um crescimento de 557,50% em um período de 25 anos.

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Figura 6 – Produção de soja nas microrregiões do Tocantins

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

A Tabela 2 apresenta dados de Aliceweb (2018), demostrando a exportação do estado do Tocantins ano de 2015. O estado exportou cerca de 64,94% de sua produção total de soja. Os principais importadores da soja tocantinense foram os países europeus e asiáticos. O país que mais se destacou foi a China, importando cerca de 56,73% do total da soja exportada pelo estado em 2015.

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Tabela 2 – Soja exportada pelo Tocantins

Fonte: AliceWeb (2018)

Além disso, em 2015, a soja foi o principal produto exportado pelo Tocantins, sendo também aquele que gerou mais divisas para o estado. Segundo Aliceweb (2018), a exportação de soja correspondeu a cerca de 67,34% do total das exportações do estado em 2015. Isto demonstra a importância dessa commodity para a economia do estado. Em relação à logística da soja, a Tabela 3 apresenta os portos que exportaram a soja do Tocantins em 2015. Cerca de 4,72% da soja tocantinense ainda teve como destino portos do Sul e Sudeste do país. Mas a grande maioria (95,28%) da soja exportada pelo estado teve como principal destino os portos do arco norte, como os portos de São Luís – MA, Salvador -BA e Vila do Conde – PA. Estes dados mostram a grande importância que os portos do arco norte possuem para o escoamento da produção do estado.

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Tabela 3 – Principais portos para escoamento da soja do estado do Tocantins (2015)

Fonte: AliceWeb (2018)

4.2. Maranhão

O Maranhão é o terceiro estado na região amazônica em produção de soja (IBGE, 2018). A Amazônia maranhense manteve o perfil de todos os estados amazônicos de alto desenvolvimento no cultivo do grão, entre 1990 e 2015. Em 2015, conforme a Tabela 4, a produção, área destinada ao cultivo e a produtividade dessa região foi recorde.

Tabela 4 – Desenvolvimento da soja na Amazônia maranhense

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

Conforme dados do IBGE (2018), existem 41 municípios dentro da Amazônia maranhense, que participam do cultivo da soja no estado. Esses municípios estão divididos em 9 microrregiões, que integradas, são responsáveis pelo grande desenvolvimento da cultura da soja na região. Em 2015, a microrregião de maior destaque foi a de Gerais de Balsa que

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produziu cerca 61,41% da produção total da região da Amazônia maranhense, conforme mostra o gráfico da figura 7.

Figura 7 – Produção de soja nas microrregiões da Amazônia maranhense

Em 2015, conforme a tabela 5, a região da Amazônia pertencente ao Maranhão exportou cerca de 97,38% da sua produção total de soja, seus grãos foram vendidos para países de todo o globo, principalmente para os asiáticos e europeus.

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Tabela 5 – Soja exportada da Amazônia maranhense

Fonte: AliceWeb (2018)

A soja da Amazônia maranhense, segundo Aliceweb (2018), representou 60,36% do valor total das exportações dessa região em 2015, o grão foi o principal produto exportado, tendo grande participação na economia do estado. A exportação da soja da Amazônia maranhense, conforme a tabela 6, se dá em sua maioria dominante pelos portos do arco norte, principalmente pelo porto presente no próprio estado. O porto de São Luís foi responsável por exportar 95,24% da soja produzida na região, esse é um dos fatores que faz com que o cultivo do grão cresça progressivamente, pois apresenta um vetor logístico muito favorável para o escoamento dos grãos.

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Tabela 6 – Principais portos para escoamento da soja da Amazônia Maranhense (2015)

Fonte: AliceWeb (2018)

4.3. Pará

O estado do Pará destaca-se por apresentar uma evolução apenas a partir do ano 2000, conforme observa-se na Tabela 7, diferente de outros estados da região, que já apresentavam registros de cultivo de soja em anos inferiores. A produção, área destinada ao cultivo e produtividade deram um grande salto em um período de 15 anos.

Tabela 7 – Desenvolvimento da soja no Pará

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

Segundo o IBGE (2018), a microrregião de Paragominas é que mais se destaca na produção de soja no estado, em 2015, ela foi responsável por 63,79% da produção total do estado. Além dessa microrregião, existem outras que contribuem para o avanço da sojícultura no estado. No total, 10 micrroregiões do Pará apresentam o cultivo da soja, conforme apresentado na Figura 8.

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Figura 8 – Produção de soja nas microrregiões do Pará

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

Em 2015, conforme a Tabela 8, o Pará exportou 81,21% da produção total de soja em grão, os principais importadores dessa commodity foram países da Ásia e Europa, como a China que foi a principal importadora da soja paraense.

Tabela 8 – Soja exportada do Pará

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Em 2015, conforme os dados disponíveis em Aliceweb (2018), no estado do Pará a exportação da soja foi o quarto produto que mais gerou lucro, ficando apenas atrás dos minérios. No entanto, em valores monetários, o grão representou apenas 3, 12% do valor total exportado pelo estado. Considerando-se os valores elevados dos minérios em relação à soja, pode-se afirmar que a soja paraense representou uma boa parcela na economia do estado. Observa-se na Tabela 9 que os principais portos que escoaram a soja paraense foram os que ficam localizados no próprio estado. O porto de Vila do Conde, que fica localizado no nordeste do estado, e o porto de Santarém, localizado no Oeste paraense, exportaram 75,33% da soja do estado. Estas possibilidades logísticas são fatores que contribuem para o crescimento elevado do cultivo da soja no estado, direcionando as lavouras para novas áreas do estado.

Tabela 9 – Principais portos para escoamento da soja do Pará (2015)

Fonte: Aliceweb (2018)

4.4. Rondônia

O estado de Rondônia é o quinto maior produtos de soja na região amazônica (IBGE, 2018). Em 2015, o estado se destacou por possuir a melhor produtividade da região, superando até mesmo o Mato Grosso. A Tabela 10 mostra que a soja rondoniense busca acompanhar o crescimento do seu estado vizinho, o Mato Grosso. Rondônia nos últimos anos ampliou sua área destinada ao plantio, promovendo a expansão de sua produção e melhorando sua produtividade.

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Tabela 10 – Desenvolvimento da soja em Rondônia

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

O estado de Rondônia possui 9 microrregiões, mas apenas 7 participam do cultivo da soja no estado (IBGE, 2018). Em 2015, conforme a Figura 8, as microrregiões do Colorado do Oeste e Vilhena representaram 81,52% da produção total do estado, sendo as regiões mais importantes para o desenvolvimento da soja no estado.

Figura 9 – Produção de soja nas microrregiões de Rondônia

Fonte: Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal

Em 2015, o estado de Rondônia teve toda sua produção de soja destinada à exportação. Conforme mostra a Tabela 11, os principais importadores da soja rondoniense foram os países europeus e asiáticos, com 35,65% da soja produzida no estado destinada à Holanda, seu principal destino importador.

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Tabela 11 – Soja exportada de Rondônia

Em 2015, o valor das exportações da soja rondoniense, segundo Aliceweb (2018), corresponderam cerca de 29,78% do valor total das exportações do estado. Sendo a soja o principal produto exportado, em questões de quantidade, e o segundo produto que mais gera divisas para o estado. A Tabela 12 mostra que a soja exportada pelo estado de Rondônia, em 2015, teve como principais destinos para exportação os portos de Itacoatiara-AM e Santarém-PA. O estado de Rondônia, assim como os outros estados amazônicos, faz uso dos portos do arco norte que favorece o escoamento dos produtos da região, por conta dessas vantagens logísticas novos produtores procuram expandir a fronteira agrícola no estado.

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Tabela 12 – Principais portos exportadores da soja de Rondônia (2015)

Fonte: AliceWeb (2018)

5. A infraestrutura da região amazônica

A Região Amazônica apresenta uma localização estratégica no Brasil – é tanto próxima da Ásia pelo Canal do Panamá quanto, também, próxima da União Europeia, 2º mercado importador da soja brasileira. Neste sentido, a região se torna muito importante para o escoamento dos produtos nacionais e recebe investimentos constantes para melhorias de suas infraestruturas.

Os incentivos promovidos pelo governo para melhorar a infraestrutura de transportes da região Norte, segundo Oliveira (2006), gerou uma movimentação nos investimentos das multinacionais, buscando localizações privilegiadas e redesenhando o sistema de circulação de commodities para exportação.

Existe investimento recente e planejado em infraestrutura de escoamento, energia e outros fatores essenciais ao agronegócio - afinal de contas, esse modelo de produção tem dado bons lucros para os que o adotaram (TAVORA, 2015).

Hoje, a infraestrutura da região possui pontos precários, como rodovias mal pavimentadas e poucas ferrovias. Entretanto, longe de ser a ideal, possui razoável sistema de escoamento da soja, escoando a produção regional e até mesmo de outras regiões do país. A BR-163 é a principal via de movimentação da soja do Centro-Oeste até o porto de Miritituba no Pará. Esta rodovia ainda conta com trechos não pavimentados que dificultam o acesso das cargas, sobretudo no inverno amazônico. Segundo a ANTAQ (2018), a região possui a maioria dos portos do chamado arco norte, que são responsáveis por parte das exportações do país, os principais portos da região são o da Vila do Conde - PA, Santana – AP, Santarém – AP e Miritituba – PA.

6. Potencialidades da Amazônia

Na busca por novos territórios a expansão da soja ganha força na amazônica, segundo Domingos e Bermann (2012). Cenários futuros apontam um aumento da expansão da cultura em função da disponibilidade de terra e presença de infraestrutura disponível.

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A região amazônica apresenta uma grande área de pastagem destinada a pecuária. Estas áreas vêm sendo tomada por lavouras como a da soja. Segundo Tavora (2015), ao contrário das áreas virgens, áreas ocupadas com pastagens são mais viáveis de serem convertidas em área de produção de soja. Essa capacidade de conversão torna a região amazônica mais competitiva no cenário nacional. Esta competitividade direciona novos investimentos em infraestrutura de produção, industrialização e logística de escoamento.

Outro fator de destaque da região amazônica é a proximidade dos terminais de escoamento dos grãos, que proporciona a redução do custo de transporte e viabiliza a criação de novas áreas de lavoura, ao longo das vias de acesso dos terminais.

Por outro lado, o clima é também um fator preponderante para a expansão da soja na Amazônia. Muitas regiões apresentam níveis de precipitação anual muito elevados, o que pode inviabilizar a produção de soja devido à deficiência na insolação e ao aumento da incidência de doenças fúngicas (COSTA et al., 2001).

A Amazônia oferece um conjunto de vantagens muito interessantes para a ampliação ainda maior das suas fronteiras agrícolas, isso faz com que a região apresente grande potencialidade para evoluções futuras no cultivo da soja, fomentando ainda mais a economia da região e trazendo melhorias na infraestrutura.

7. Entraves da região amazônica

Atualmente, a expansão da área plantada da soja tem se dado, sobretudo, no sentido norte a partir da região central brasileira. Essa expansão tem gerado impactos socioambientais que envolvem desde queimadas nas áreas da Floresta Amazônica a mudanças no uso da terra, concentração fundiária entre outros (DOMINGUES e BERMANN, 2012).

Segundo Tavora (2015), há indícios que a expansão da soja direcione o desmatamento em novas áreas pioneiras e deslocando a pecuária para outras áreas. Além disso, o desmatamento tal como é feito atualmente, raramente traz benefícios para a população local, gerando pobreza e conflitos sociais e agrários.

Segundo Domingues e Bermann (2014), a expansão da produção de soja está causando o desmatamento por meio da dinâmica de derrubada da floresta, implantação da pecuária e transformação posterior da área em agricultura mecanizada. Esse processo leva à expansão da fronteira agrícola. Com a crescente modernização da produção, muitos trabalhadores ficam excluídos desses processos, mas também tendem a serem deslocados para áreas marginais, onde contribuem para a abertura de novas fronteiras móveis ou expandem o alcance daquelas existentes.

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Desta forma, é necessário que se formulem políticas que viabilizem o desenvolvimento da região Norte (baseado primeiramente na agricultura comercial), sem sobrepujar os interesses ambientais da sociedade, nem os direitos das populações tradicionais amazônicas (COSTA et al., 2001).

8. Conclusão

As análises realizadas nos quatro estados localizados na Amazônia legal (Tocantins, Maranhão, Pará e Rondônia), evidenciaram o grande crescimento da cultura da soja nessas regiões, dentro de um período de 25 anos, de 1990 a 2015. A produção, a área destinada ao cultivo e a produtividade desses estados, tiveram evoluções significativas nesse período. O cultivo, na sua grande maioria, foi destinado à exportação, principalmente para países da Ásia e Europa. A soja proporciona a estes estados ganhos econômicos consideráveis por conta de sua elevada exportação.

Porém, as análises também mostram preocupações relacionadas ao avanço da fronteira da soja na Amazônia, principalmente com os impactos ambientais e sociais. Outra preocupação está relacionada com a infraestrutura da região Amazônica, que ainda necessita de melhorias em todos os setores para oferecer um melhor serviço para o escoamento da região.

No entanto, o cultivo da soja apresenta grande potencialidade na região amazônica, principalmente nos estados analisados no presente estudo, devido a inúmeros fatores que contribuem para a fixação e ampliação dessa lavoura nessas regiões. Isso contribui para o desenvolvimento da soja nos estados da Amazônia, antes pouco visados para essa cultura, mas que atualmente passam a ter regiões muito atrativas para investimentos de produtores de todas as regiões do país.

Por fim o estudo deixa notável o grande desenvolvimento que a soja proporciona no cenário agrícola e econômico desses estados da região amazônica, transformando áreas antes inexploradas em centros de produção de alta importância para o cenário nacional. Mas também mostra, que os desafios serão intensos para ampliar essa cultura e precisam de planejamento e inteligência, para fazer uso adequado das terras, sem gerar danos ambientais e sócias a região.

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Referências

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