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Análise Custo/Volume/Lucro aplicada à suinocultura: estudo de caso em pequena propriedade rural

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Análise Custo/Volume/Lucro aplicada

à suinocultura: estudo de caso em

pequena propriedade rural

Rodney Wernke

Contador, professor universitário/Unisul, dou-tor em Engenharia de Produção/UFSC.

Marluce Lembeck

Contadora, professora universitária/Unisul, especialista em Contabilidade Gerencial/Unisul e MBA em Gestão Empresarial/FGV.

Josiane S. Heidemann

Graduanda em Ciências Contábeis/Unisul.

A

suinocultura é uma atividade de grande relevância no

cenário econômico do estado de Santa Catarina. Apesar

disso, os proprietários de empreendimentos rurais de

pequeno porte desse segmento têm encontrado dificuldades

na gestão dos custos das operações relacionadas. Entre os

instrumentos gerenciais que podem ser empregados para essa

finalidade, está a análise Custo/Volume/Lucro (CVL). Nesse

sentido, o presente artigo objetiva demonstrar como os conceitos

integrantes da Análise CVL podem ser utilizados para avaliar o

desempenho de uma propriedade voltada à suinocultura. Para

tanto, depois de realizada uma revisão da literatura sobre a Análise

CVL, foi caracterizado o ambiente da pesquisa e comentado

sobre os dados utilizados. Com os dados necessários coligidos,

foi possível calcular a margem de contribuição unitária e total

(em R$), o ponto de equilíbrio (em unidades e em R$), a margem

de segurança (em unidades e em R$) e ainda apurar o resultado

mensal, considerando as variáveis envolvidas. Com isso,

concluiu-se que a Análiconcluiu-se Custo/Volume/Lucro é aplicável ao contexto

visado, fornecendo informações relevantes para o administrador

da granja de suínos estudada.

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1. Introdução

A sanidade do rebanho, a qua-lidade dos animais produzidos, os fatores culturais que fomentaram a produção e a localização das maiores agroindústrias do País em Santa Catarina, são alguns dos fa-tores que proporcionam condições adequadas para a exportação da carne suína produzida no estado, em termos de competitividade. Com isso, a suinocultura tornou-se um dos principais itens das expor-tações catarinenses e, conseqüen-temente, uma das mais impor-tantes atividades econômicas do estado barriga-verde.

A relevância da suinocultura como atividade econômica pode ser comprovada pelo volume pro-duzido e comercializado de car-ne suína anualmente. Conforme levantamento divulgado no site da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), em Santa Catarina foram abatidos 6.987.300 suínos em 2007 e a ex-pectativa é que em 2008 ocorra um incremento de 4,5% no abate desses animais no País. Parcela da produção catarinense de suínos costuma ser destinada à exporta-ção, sendo que foram exportados 170.271.942 quilos em 2007, equi-valendo a US$ 309.081.635. Esses valores representaram 32,61% das exportações brasileiras em quilos de carne suína no mesmo período (que totalizaram 522.176.286 qui-los) e 26,60% do valor em dólares das exportações brasileiras deste produto (US$ 1.162.044.697 no ano de 2007).

Mesmo com essa relevância econômica, a utilização e o desen-volvimento de técnicas de gestão nas unidades produtoras de suínos não acompanhou a evolução desse segmento, notadamente nas peque-nas propriedades que caracterizam o ambiente rural catarinense. Pela análise empírica desses

empreendi-mentos, percebe-se que a crescente utilização de softwares pelos suino-cultores tem visado basicamente o controle e a mensuração dos índi-ces de produtividade e de sanida-de animal. Porém, raramente são ofertadas informações adequadas à gestão de custos por esses aplica-tivos informatizados. Constata-se, então, que, nas pequenas proprieda-des rurais voltadas à suinocultura, as técnicas gerenciais amplamente disseminadas em outras atividades econômicas não têm sido utilizadas convenientemente pelos administra-dores desses negócios.

É o caso da Análise Custo/Vo-lume/Lucro (CVL), que pode for-necer relevantes subsídios quanto aos impactos causados por altera-ções dos custos de produção, dos

preços de comercialização e do volume produzido na rentabilida-de do investimento realizado pelo criador de suínos. Essas infor-mações podem ser consideradas como imprescindíveis ao gestor de tais empreendimentos, visto que são constantes as oscilações de preços nos insumos de produ-ção empregados e na demanda por esse tipo de animal (motivadas principalmente por restrições sani-tárias ou interesses comerciais dos países consumidores).

Nessa direção, este estudo tem por objetivo demonstrar como os conceitos integrantes da Análise Custo/Volume/Lucro (CVL) podem ser utilizados para avaliar o desem-penho de uma propriedade rural de pequeno porte voltada à suinocul-tura. Para tanto, foram fixados os seguintes objetivos específicos:

a) Efetuar uma revisão da litera-tura a respeito dos conceitos ligados ao tema estudado; b) Descrever o contexto da

ativi-dade de suinocultura na pro-priedade rural onde foi reali-zada a pesquisa;

c) Coletar os dados necessários e efetuar os cálculos cabíveis para aplicação da Análise CVL; d) Elaborar relatórios com infor-mações gerenciais que este-jam baseados nos conceitos da Análise CVL;

e) Comentar os benefícios in-formativos que o estudo pro-porcionou ao proprietário da granja de suínos e ressaltar as limitações associadas à meto-dologia empregada.

No que tange aos aspectos me-todológicos desta pesquisa, em re-lação à tipologia quanto aos objeti-vos, esta pode ser classificada como descritiva, pois referida modalidade visa, segundo Gil (1999), descrever características de determinada po-pulação ou fenômeno ou o

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esta-belecimento de relação entre as variáveis. Nessa direção, Andrade (2002) destaca que a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpre-tá-los, sem a interfe-rência do pesquisador. Pelo aspecto dos pro-cedimentos adotados, a pesquisa caracteriza-se como estudo de caso, de vez que se concentra especificamente numa propriedade rural e suas

conclusões limitam-se ao contexto desse objeto de estudo. No âmbito da forma de abordagem do proble-ma, a pesquisa pode ser classifica-da como “qualitativa”, pois é assim que Richardson (1999, p. 80) deno-mina os estudos que “podem des-crever a complexidade de determi-nado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vi-vidos por grupos sociais”.

2. Análise Custo/Volume/

Lucro (fundamentação

teórica)

Kaplan e Atkinson (1989) men-cionam que muitas decisões geren-ciais requerem uma análise cuida-dosa do comportamento de custos e lucros em função das expecta-tivas do volume de vendas. No curto prazo (menos que um ano), a maioria dos custos e preços dos produtos da empresa, pode, em ge-ral, ser determinada. A principal in-certeza não está relacionada com custos e preços dos produtos, mas com a quantidade que irá ser ven-dida. Nesse sentido, segundo tais autores, a Análise Custo/Volume/ Lucro (CVL) aponta os efeitos das mudanças nos volumes de vendas na lucratividade da organização.

Horngren et al (1999) citam que a Análise CVL é uma das mais básicas ferramentas de avaliação utilizadas pelos gerentes. Esta análise examina o comportamen-to das receitas e cuscomportamen-tos comportamen-totais, dos resultados das operações de-correntes de mudanças ocorridas nos níveis de saídas (vendas), de preços de venda, custos variá-veis por unidade ou custos fixos. Comumente os administradores usam esta análise como uma fer-ramenta para ajudá-los a respon-der questões que envolvam expec-tativas quanto a “o que acontece se...” aumentarem ou diminuírem os custos fixos ou variáveis, forem reduzidos ou aumentados os pre-ços de venda e os volumes vendi-dos (entre outras possibilidades).

A Análise CVL costuma abran-ger três conceitos: Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança. Entre-tanto, várias obras incluem o conceito de Alavancagem Opera-cional, que não foi utilizado neste estudo e por isso foi omitido nesta revisão da literatura.

Quanto ao conceito de Mar-gem de Contribuição, Assef (2005, p. 133) relata que esta “é calculada pela diferença entre o preço de venda e os custos va-riáveis, e desse valor podemos

retirar a margem de contribui-ção unitária e percentual de cada produto”. Martins (2003, p. 179) considera que a margem de con-tribuição por unidade “é a dife-rença entre o preço de venda e o custo variável de cada produto; é o valor que cada unidade efeti-vamente traz à empresa de sobra entre a sua receita e o custo que de fato provocou e que pode lhe ser imputado sem erro”.

Bornia (2002, p.72) registra que a margem de contribuição unitária “representa a parcela do preço de venda que resta para a cobertura dos custos e despesas fixos e para a geração do lucro por produto”.

Atkinson et al (2000, p.193) mencionam que a margem de con-tribuição unitária (em R$) é a di-ferença entre o preço unitário e o custo variável unitário. Em relação ao índice da margem de contribui-ção, aduzem que é a “margem de contribuição expressa como por-centagem das vendas”. Horngren et al (1999, p. 61) enfatizam que a “diferença entre as receitas to-tais e os custos variáveis toto-tais é chamada de margem de contribui-ção”. Complementam dizendo que a contribuição marginal resume aquilo que as operações propor-cionam de ganho para a empresa por unidade comercializada.

A Análise CVL costuma abranger

três conceitos: Margem de

Contribuição, Ponto de Equilíbrio

e Margem de Segurança.

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No que tange aos benefícios propiciados pelo uso gerencial da margem de contribuição, Santos (2000) aduz que podem ser elen-cados os seguintes:

a) Ajudam a administração a de-cidir que produtos devem me-recer maior esforço de venda, serem colocados em planos secundários ou simplesmente tolerados pelos benefícios de vendas que possam trazer a outros produtos;

b) São essenciais para auxiliar os administradores a decidi-rem se um segmento produ-tivo (ou de comercialização) deve ser abandonado ou não; c) Podem ser usadas para ava-liar alternativas que se criam a respeito de reduções de pre-ços, descontos especiais, cam-panhas publicitárias especiais e uso de prêmios para aumen-tar o volume de vendas; d) A margem de contribuição

auxilia os ge-rentes a

enten-derem a relação entre custos, volume, preços e lucros, le-vando a decisões mais sábias sobre preços.

Apesar dos benefícios associa-dos à margem de contribuição na lide gerencial, é salutar que os ad-ministradores estejam cientes das limitações que esta ferramenta os-tenta. Assim, para Padoveze (1994, p.236) a margem de contribuição subestima os custos fixos, que são ligados à capacidade de produ-ção e de planejamento de longo prazo, podendo trazer problemas de continuidade para a empresa. Além disso, a exclusão dos “custos fixos indiretos para valoração dos estoques causa sua sub-avaliação, fere os princípios contábeis e alte-ra o resultado do período”. Bruni e Famá (2003, p.213) citam como fator complicador quanto ao uso da margem de contribuição “a existência de custos mistos (custos com uma parcela fixa e outra vari-ável), já que nem sempre é possível separar objetivamente a parcela fixa da parcela variável”. Assim, mesmo existindo técnicas

estatís-ticas (como a análise de regressão),

mui-tas vezes tal divisão torna-se arbitrária. A respeito do Ponto de Equilíbrio, Vanderbeck e Nagy (2002, p. 415) men-cionam que “o ponto de partida usual na Análise CVL é a determinação do pon-to de equilíbrio de uma empre-sa. O ponto de equilíbrio pode

ser definido como o ponto no qual a receita de vendas é adequada para cobrir todos os custos de manufatura e vender o produto, mas sem obter lucro”.

Figueiredo e Caggiano (2004) comentam que para o

cál-culo do ponto de equilíbrio e sua futura análise, são necessárias algumas premissas: que os pa-drões de custos e receitas foram criteriosamente determinados e possuem comportamento linear (no intervalo do nível de atividade que está sendo analisado); que os custos também devem poder ser classificados sem dificuldades em fixos e variáveis; que os custos fixos permanecerão constantes; que os custos variáveis terão sua variação dependente do nível de atividade; que o preço de venda será o mesmo; que os métodos e a eficiência na produção não se-rão alterados; e que o volume de saídas é o único fator que afeta os custos. Sendo assim, o ponto onde a curva de receita corta a curva de custo total é o ponto de equilí-brio. À medida que há um aumen-to de vendas, os cusaumen-tos fixos são gradativamente cobertos até que, do ponto de equilíbrio em diante, cada unidade passará a contribuir para a formação do lucro.

Wernke (2005, p. 120) mostra que o ponto de equilíbrio pode ser calculado de quatro formas:

a) Ponto de equilíbrio contábil em unidades (PEC unid.): este tipo de ponto de equilíbrio informa a quantidade de pro-dutos (metros, quilos, litros, peças etc.) que deve ser ven-dida para que o resultado do período seja nulo (não haja lu-cro nem prejuízo). Para deter-minar essa quantidade, pode ser utilizada a fórmula: PEC = Custos Fixos R$ / Margem de Contribuição Unitária R$. b) Ponto de equilíbrio econômico

(PE Econ.): por esta modalida-de modalida-de cálculo pomodalida-de ser modalida- deter-minada uma meta de vendas que propicie um valor de lucro desejado pelos administrado-res. Para obter o ponto de equilíbrio econômico (em

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uni-dades), basta incluir o fator “lucro desejado” na fórmula anterior. Ou seja: PE Econ. = (Custos Fixos R$ + Lucro De-sejado R$) / (Margem de Con-tribuição Unitária R$). c) Ponto de equilíbrio

finan-ceiro (PE Fin.): este tipo de ponto de equilíbrio deve ser empregado quando se de-seja conhecer o volume de vendas (em unidades ou em R$) que é suficiente para pa-gar os custos e despesas va-riáveis, os custos fixos (ex-ceto a depreciação) e outras dívidas que a empresa tenha que saldar no período, como empréstimos e financiamen-tos bancários, aquisições de bens etc. A equação cabível é dada por: PE Fin. = (Cus-tos Fixos R$ - Depreciações R$ + Dívidas do Período R$) / (Margem de Contribuição Unitária R$).

d) Ponto de equilíbrio em va-lor: nas três equações acima apura-se a quantidade físi-ca (unidades) necessária de venda para alcançar o ponto de equilíbrio. Porém, quando se desejar saber o valor total (em R$) do ponto de equi-líbrio, basta substituir no denominador das fórmulas citadas a margem de contri-buição unitária (em R$) pela margem de contribuição uni-tária percentual (%).

A respeito dos conceitos de ponto de equilíbrio contábil, eco-nômico e financeiro, Bornia (2002, p. 79) registra que a diferença fun-damental entre os três tipos são os valores de custos e despesas fixos a serem considerados em cada caso. No ponto de equilíbrio contá-bil “são levados em conta todos os custos e despesas contábeis rela-cionados com o funcionamento da empresa”. No ponto de equilíbrio

produto; (iv) solu-ção para pergun-tas que exigem respostas rápidas como: Quantas unidades devem ser vendidas para atingir um “lucro X”?; O que aconte-cerá com o lucro num aumento ou diminuição de preço?; O que acon-tece com o ponto de equilíbrio se aumentar em 10% a matéria-prima e não se puder repassar este valor para os produtos? (v) avaliação de desempenho por meio da análise do ganho marginal de cada uni-dade vendida; (vi) planejamento e controle de vendas e de resulta-dos, entre outros benefícios.

Por outro lado, restrições ao ponto de equilíbrio devem ser consideradas quando de sua uti-lização, devendo o administrador atentar para esses aspectos. Na visão de Padoveze (1994, p.255), fica evidente que é uma técnica para uso na gestão de curto prazo, porque não se pode pensar num planejamento de longo prazo para uma empresa que não dê resulta-do positivo e que não remunere os investidores.

Santos (1995, p.67) relaciona limitações da análise do ponto de econômico são também incluídos

nos custos e despesas fixos “todos os custos de oportunidade referen-tes ao capital pró-prio, ao possí-vel aluguel das edifica-ções (caso a empresa seja a proprietária) e a outros itens do gê-nero”. No caso do ponto de equilíbrio fi-nanceiro, “os custos con-siderados são apenas os custos desembolsados que realmente oneram finan-ceiramente a empresa”.

Contudo, as fórmulas mencionadas são aplicá-veis a apenas um produ-to. Como a maior parte das empresas

comerciali-za vários produtos, o uso dessas fórmulas é restrito a poucas situ-ações. Assim, no entender de Wer-nke (2005, p. 124), para empresas que possuam mix de comerciali-zação com mais de um produto, deve-se calcular o “ponto de equi-líbrio mix”. “Para essas empresas, a principal dificuldade encontrada no cálculo do ponto de equilíbrio é a diversidade de produtos comer-cializados e as diferentes margens de contribuição destes”. Assim, para calcular o ponto de equilíbrio (em unidades) para vários produ-tos ao mesmo tempo, deve ser em-pregada a fórmula: PE Mix (unid.) = [Custos Fixos R$ / (Margem de Contribuição Total R$ / Quantida-de total em unid.)].

Santos (1995) assevera que o ponto de equilíbrio tem atendido satisfatoriamente as decisões re-lativas à: (i) alteração do mix de vendas, tendo em vista o compor-tamento do mercado; (ii) alteração de políticas de vendas com relação a lançamentos de novos produtos; (iii) definição do mix de produtos, do nível de produção e preço do

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ressalvar que foram utilizados os índices médios de produtividade alcançados pela propriedade no ano de 2007, obtidos junto aos controles internos utilizados pelo suinocultor. Ainda, para o cálcu-lo dos custos de produção foram tomados por base os valores mo-netários médios observados no segundo semestre de 2007. Além disso, para a definição do valor do investimento em instalações e na infra-estrutura necessária às ope-rações, utilizou-se como referência o valor investido na construção de uma unidade produtiva semelhan-te, no segundo semestre de 2006, em propriedade contígua àquela enfocada neste texto.

3.1 Dados coligidos

Para fundamentar o estudo rea-lizado foram coletados dados rela-tivos aos investimentos requeridos em termos de imóveis, plantel de animais e gastos mensais necessá-rios à manutenção das atividades operacionais da propriedade. A tabela 1 apresenta o resumo dos investimentos realizados.

O item “Terreno” compreende a valorização, a preço de mercado, do local onde a granja foi cons-truída. Na categoria “Instalações físicas”, está inserida a edificação da granja, que ocupa área total de 2.500 metros quadrados e é o local p. 90) menciona que podem ser

utilizadas as seguintes fórmulas para determinação das margens de segurança:

a) Margem de segurança (em unidades) = Vendas (em uni-dades) – Ponto de equilíbrio (em unidades);

b) Margem de segurança (em R$) = Vendas (R$) – Ponto de equilíbrio (R$);

c) Margem de segurança (em %) = [Vendas (R$) – Ponto de equi-líbrio (R$)] / Vendas (R$).

3.Estudo de caso

O estudo foi efetuado na pro-priedade da família “X” (que solici-tou a não divulgação do nome), lo-calizada no município de Braço do Norte, sul de Santa Catarina. Com 200 matrizes, o empreendimento comercializou 350 suínos “ceva-dos” (animais gordos, considera-dos prontos para abate), com peso médio de 100 quilos, no mês consi-derado na pesquisa (novembro de 2007). As atividades produtivas da granja são desenvolvidas por dois trabalhadores sob a supervisão do proprietário. As características mencionadas da propriedade en-focada podem ser consideradas como representativas dos demais suinocultores da mesma re-gião, já que a estrutura fundiária ca-tarinense é formada, prin-c i p a l m e n t e , por pequenas propriedades rurais. Quanto às limitações ine-rentes ao es-tudo ora rela-tado, convém equilíbrio quando menciona que

devem ser levados em considera-ção os seguintes pontos:

1) Variação de um componente: considerar mudança no preço sem a influência nos demais componentes. Na realidade, quando muda um componen-te, geralmente muda outro; 2) Custos fixos e variáveis:

cos-tumeiramente o comporta-mento do custo fixo não é tão constante como mostrado no gráfico do ponto de equilíbrio e o custo variável tem cer-tos aspeccer-tos que não variam sempre proporcionalmente ao volume;

3) Análise estática: as próprias di-ficuldades existentes na mon-tagem dos dados para a análi-se não levam em consideração todo o dinamismo envolvido nas empresas e no dia-a-dia dos negócios. A própria infla-ção é um fator de difícil con-trole dentro da análise, porque influencia por completo toda a evolução dos dados.

Em relação ao conceito de Mar-gem de Segurança, Leone (2000) entende que nos estudos de pon-to de equilíbrio esta representa a diferença entre o que a empresa pode produzir e comercializar, em termos de quantidade de produ-tos, e a quantidade apresentada no ponto de equilíbrio. Chama-se mar-gem de segurança porque mostra o espaço que a empresa tem para obter lucro após atingir o ponto de equilíbrio.

Para Bornia (2002, p. 80), a mar-gem de segurança expressa o “exce-dente das vendas da empresa sobre as vendas que representam o ponto de equilíbrio” e pode ser representa-da “quantitativamente, em unirepresenta-dades físicas ou monetárias ou sob forma de índice (percentual)”.

Quanto ao cálculo, Bruni (2006,

Tabela 1 – Investimentos

Fatores Valores (R$) Terreno 20.000,00 Instalações físicas 90.000,00 Fábrica de ração 10.000,00 Plantel de reprodutores 164.500,00 Estoques de ração/medicamentos 40.600,00 Total do Investimento 325.100,00 Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

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plicavam dispêndio mensal de R$ 4.368,00. No caso das matrizes em fase de “gestação”, os 160 ani-mais desta categoria de matrizes consumiam diariamente cerca de 2,50 quilos de ração apropriada para esta fase. Com isso, o consu-mo mensal era de 12.000 quilos, o que representava gasto mensal de R$ 6.360,00, tendo em vista que o custo de compra deste tipo de ra-ção era de R$ 0,53/kg.

O procedimento seguinte con-sistiu em determinar o custo vari-ável (em R$) por animal destinado à venda em termos de consumo de ração. Como o suíno recebe ali-mentação especificamente elabo-rada para cada uma das fases de sua vida, foi confeccionada a tabe-la 3 para apurar o custo com ração para cada animal a ser vendido, desde o nascimento até a ocasião da venda para abate.

Como pode ser visualizado na tabela 3, o valor do custo de com-em que os animais são alojados.

Além disso, na mesma construção estão situadas bombas hidráulicas utilizadas no manejo dos dejetos, o laboratório de inseminação artifi-cial e o estoque de insumos.

Os investimentos realizados na “Fábrica de Ração” compor-tam os equipamentos utilizados no preparo e formulação dos di-versos tipos de ração destinados à alimentação dos suínos, confor-me a fase da vida destes animais. O item “Plantel de reprodutores” expressa o montante despendido na compra de matrizes (fêmeas) e reprodutores terminais (machos), avaliados a preços de mercado no mês de realização do estudo.

Quanto à rubrica “Estoques de ração/medicamentos”, esta repre-senta os recursos investidos em es-toques de insumos utilizados pelos animais em confinamento (animais em engorda, até a idade de abate) e matrizes (animais usados para

re-produção). Tais itens são compostos principalmente pelos diversos tipos de ração usados para alimentar os suínos e os medicamentos veteri-nários empregados para preservar a sanidade dos animais.

Na seqüência, foi apurado o valor gasto mensalmente com a alimentação dos animais repro-dutores (também chamados de matrizes). Esses gastos ocorrem mensalmente em montante seme-lhante e podem ser considerados como custos fixos dessa atividade. Foram levantados a partir da base de dados existente na propriedade e estão sintetizados na tabela 2.

No que tange às matrizes em fase de “lactação”, a granja conta-va com 40 animais no mês abran-gido por esta pesquisa. Cada um consumia em média 6,50 quilos de ração específica para essa fase. Assim, o consumo mensal desses animais totalizava 7.800 quilos, que comprados a R$ 0,56/kg

im-Tabela 2 – Custo mensal com ração dos animais reprodutores

Fases da vida Animais N.º de Consumo (kg/dia) Mensal (kg) Consumo Custo Compra (R$/kg) mês (R$)Total do

Matrizes – Lactação 40 6,50 7.800 0,56 4.368,00 Matrizes - Gestação 160 2,50 12.000 0,53 6.360,00 Total mensal gasto com ração de reprodutores 10.728,00 Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

Tabela 3 - Custo com ração por animal para revenda

Fases da vida Ração (kg/dia) Consumo de Duração da fase (dias) Consumo Total (kg) da Ração (R$/kg) Custo Compra Animal (R$)Custo por

1-Amamentação - 21 - - - 2-Leitões (creche 01) 0,143 14 2,00 1,80 3,60 3-Leitões (creche 02) 0,571 14 7,99 1,40 11,19 4-Leitões (creche 03) 1,200 21 25,20 0,80 20,16 5-Crescimento 2,300 50 115,00 0,55 63,25 6-Terminação 3,000 30 90,00 0,45 40,50

Total gasto com cada animal para revenda 138,70 Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

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pra dos diversos tipos de ração vai decrescendo à medida que o animal vai se desenvolvendo. Em contrapartida, à medida que vai crescendo, o suíno ingere uma quantidade maior de ração. Por exemplo: após o período de ama-mentação (21 dias), os leitões são encaminhados para o alojamen-to chamado “creche 01”, quando passam a ser alimentados com ração. Nessa fase o custo de com-pra por quilo de ração (R$ 1,80) é maior do que aqueles tipos de alimentação utilizados nas outras fases da vida do suíno. Isso ocorre em virtude da composição mais rica de vitaminas e nutrientes ne-cessários para essa etapa do ciclo de vida do leitão. Na “creche 01” o suíno consumia apenas 0,143 qui-lo de alimento por dia, durante 14 dias, totalizando R$ 3,60.

Na fase seguinte, o leitão era transferido para a “creche 02”, onde passava a consumir cerca de 0,571 quilo de ração diariamente, sendo que o quilo deste tipo de ra-ção custava em torno de R$ 1,40. Como essa fase tem duração de 14 dias, o suíno consumia o equi-valente a R$ 11,19 até o final desse período. Quando transferido para a “creche 03” a alimentação pas-sava a ser de 1,20 quilo de ração por dia, durante 21 dias. Esse tipo de alimento custava R$ 0,80 por quilo (menos da metade do preço da ração da fase “creche 01”), im-plicando gasto total de R$ 20,16 nessa fase da vida do suíno.

Na etapa de “crescimento”, por 50 dias o animal consumia em média 2,3 quilos de ração por dia. Como o custo de compra do quilo desta ração era de R$ 0,55, ao final desse período o custo de alimenta-ção totalizava R$ 63,25. Na última fase de vida, chamada de “termina-ção”, um suíno estava consumindo aproximadamente 3,0 quilos de ração por dia, durante 30 dias. Ou seja, o suinocultor tinha gasto total

de R$ 40,50 com a alimentação de cada animal nessa etapa de produ-ção. Assim, conforme exposto na última linha da tabela 3, por oca-sião da pesquisa o total gasto com alimentação para cada animal era, em média, R$ 138,70.

Na continuidade do levanta-mento de dados imprescindíveis à análise CVL desejada, foram apura-dos os valores gastos mensalmen-te com “Despesas e Custos Fixos” da atividade de suinocultura na propriedade em tela, sintetizados na tabela 4.

O valor consignado em “Salá-rios e encargos sociais” correspon-de à remuneração e respectivos encargos trabalhistas dos funcio-nários que atuavam diretamente no processo produtivo. No item “Depreciações de equipamentos e instalações” calculou-se o va-lor mensal estimado do desgaste pelo uso das instalações físicas e da fábrica de ração. Para ambos, considerou-se vida útil de 15 anos, pois este é o prazo de duração esti-mado para tais edificações e equi-pamentos nas condições normais de funcionamento da granja.

Pelo volume de recursos inves-tidos na atividade (R$ 325.100,00), conforme representado na tabela

1, o proprietário poderia obter receita em outra forma de inves-timento como, por exemplo, apli-cações financeiras. Por escolher investir na suinocultura, o em-presário rural almeja obter um retorno financeiro mínimo que supere a alternativa desprezada. Com isso, é interessante adotar uma taxa mínima de atrativida-de (TMA) para o investimento na granja. Corroborando esse racio-cínio, Casarotto e Kopittke (2000) aduzem que, ao se analisar um investimento, deve ser considera-do o fato de se estar perdenconsidera-do a oportunidade de auferir retornos pela aplicação do mesmo capital em outros projetos. Ou seja, a opção de investimento para ser atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à renta-bilidade das aplicações correntes e de pouco risco. Esta deveria ser, portanto, a Taxa Mínima de Atra-tividade (TMA) do investimento em avaliação. Por outro lado, a TMA também pode levar em con-ta a expeccon-tativa de rencon-tabilidade do investidor e, por isso, no es-tudo realizado foi considerada a taxa de 1,00% ao mês, seguindo orientação do suinocultor. Com isso, o valor do custo financeiro

Tabela 4 - Despesas e custos fixos mensais

Fatores Valores (R$)

Salários e encargos sociais 1.850,00 Depreciações de equipamentos e instalações 555,56 "Custo financeiro" do investimento 3.251,00 Manutenção das instalações 500,00 Despesas administrativas 1.250,00 Medicamentos veterinários 1.500,00 Energia elétrica 1.850,00 Ração dos reprodutores (tabela 2) 10.728,00 Total das Despesas e Custos Fixos 21.484,56 Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

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constante da tabela 4 resulta da TMA aplicada sobre o total inves-tido (R$ 325.100,00 * 1,00% = R$ 3.251,00). Ao computar o valor do “custo financeiro” na análise de Custo/Volume/Lucro, assume-se que se está remunerando o capi-tal empregado na atividade com base nessa TMA.

O valor relativo à “Manutenção das instalações” foi calculado con-siderando os custos necessários para manter o funcionamento cor-reto da fábrica de ração, das bom-bas hidráulicas e de reparos nas instalações de alojamento dos ani-mais. No caso das “Despesas admi-nistrativas”, foram considerados os valores gastos mensalmente na área administrativa (pró-labore do produtor rural, telefone, material de expediente, fichas para contro-les internos etc.).

No quesito “Energia elétrica”, foi computado o valor médio men-salmente pago pelo fornecimento de energia por parte da coopera-tiva de eletrificação do município. Quanto ao fator “medicamentos veterinários”, o valor corresponde aos insumos utilizados para pre-servar a sanidade do plantel. Con-vém ressaltar que, pela dificuldade de identificar o consumo específi-co para cada animal, optou-se por considerar este custo como “fixo” (sem proporcionalidade ao volume de animais produzidos no período). Esse procedimento não influencia

substancialmente no resultado final, mantendo a qualidade infor-macional desejada.

Por último, determinou-se um valor médio mensal a ser emprega-do na alimentação emprega-dos reproduto-res, cujo cálculo foi demonstrado na tabela 2 como “Ração dos reprodu-tores”. Este item foi computado na categoria “Despesas e custos fixos mensais” porque o valor se man-tém praticamente igual, indepen-dentemente da produtividade do plantel de reprodutores mantido.

Os dados levantados até este ponto permitem efetuar a Análise CVL, iniciando-se pela margem de contribuição, conforme descrito no próximo tópico.

3.2 Cálculo da Margem de

Contribuição

Para efetuar a análise Custo/ Volume/Lucro, é necessário iniciar pelo cálculo da Margem de Con-tribuição, que abrange o valor do preço de venda e dos custos e des-pesas variáveis por unidade comer-cializada (animal ou quilo), confor-me exemplificado na tabela 5.

No que tange ao preço de venda dos suínos, o valor de comerciali-zação do quilo do animal oscila em função da tipificação da carne do cevado. Tipificação é uma classifi-cação, em termos de qualidade, re-alizada pelo frigorífico que adquire e abate o suíno para futura comer-cialização. A avaliação é realizada

principalmente com base em crité-rios como (i) percentual de gordu-ra encontgordu-rado na carne; (ii) relação do peso vivo do animal com o peso de carcaça; e (iii) peso de carnes nobres encontrados (lombo, pernil etc.). Além disso, as exportações de carne suína e seus derivados nos últimos anos têm consumido uma fatia significativa da produção catarinense. Isso implica que o pre-ço do suíno vivo oscile por fatores como variação cambial, comporta-mento da demanda internacional ou pelas perspectivas quanto à sa-nidade do rebanho.

Por outro lado, pela utilização de matérias-primas importadas (como suplementos alimentares usados na formulação da ração, antibióticos e vacinas), parte dos custos de produção também varia pelas flutuações da moeda norte-americana. Contribui, ainda, o fato de que o farelo de soja produzido no Brasil também apresenta osci-lações de preço pela indexação às cotações do mercado externo.

Pelos fatores enumerados, para efeito do estudo, considerou-se no cálculo da Margem de Contribuição que o preço médio recebido pelo ce-vado de 100 quilos foi de R$ 210,00 e como custo variável de produção assumiu-se o valor de R$ 138,70 (conforme cálculo reproduzido na tabela 3). Sobre o faturamento bru-to dessa atividade há a incidência apenas do tributo conhecido como “Fundo Rural”, cuja alíquota é de 2,20% sobre a receita bruta (no caso, R$ 4,62 por animal). Com base em tais fatores, o cálculo da “margem de contribuição unitária” apresentou um valor de R$ 66,68 por animal com peso médio de 100 quilos. Com a divisão do valor da margem de contribuição por ani-mal pelo peso médio deste, obtém-se a contribuição unitária por quilo, ou seja, R$ 0,6668/kg.

Após determinar o valor da margem de contribuição unitária, a

Tabela 5 - Cálculo da Margem de Contribuição Unitária

Fatores Valores (R$)

(+) Preço de venda por animal (100 kg) - R$ 210,00 (-) Custo com ração por animal (100 kg) - R$ 138,70 (-) Fundo rural (2,2 %) - R$ 4,62 (=) Margem de contribuição por animal - R$ 66,68 (/) Peso médio por animal (kg) 100,00 (=) Margem de contribuição por kg - R$ 0,6668 Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

(11)

pesquisa foi direcionada para o cál-culo do ponto de equilíbrio, confor-me evidenciado na próxima seção.

3.3 Cálculo do Ponto de

Equilíbrio em unidades e

valor (R$)

A relação entre as “despesas e custos fixos mensais” e a “mar-gem de contribuição unitária (em R$)” proporciona a determinação do Ponto de Equilíbrio em unida-des (quilos ou número de animais com peso médio de 100 quilos), como apresentado na tabela 6.

O cálculo da tabela 6 demons-tra que é necessária a comercia-lização de 322,20 animais (ou 32.220,47 quilos) por mês para que se obtenham os recursos su-ficientes para cobrir as despesas e os custos fixos mensais (elen-cados na tabela 4) e os custos e despesas variáveis unitários de produção/comercialização (con-forme exposto na tabela 5), sem obtenção de lucro. A partir desse cálculo conclui-se que para equi-librar as receitas do período com os custos e despesas mensais da propriedade, o suinocultor deve-ria comercializar no mínimo 32,22 toneladas/mês.

Depois de calculado o Ponto de Equilíbrio em unidades foi possível determinar o Ponto de Equilíbrio em valor (R$), conforme exibido na tabela 7.

O cálculo do ponto de equilíbrio em valor mostrou que, conseguin-do um faturamento mensal total de R$ 67.662,99, a propriedade rural estudada nesta pesquisa consegue obter recursos suficientes para su-prir os custos e despesas mensais da atividade de suinocultura e ter resultado nulo (lucro zero).

Porém, a fórmula do ponto de equilíbrio pode ser adaptada para evidenciar o volume de vendas ne-cessário para atingir um determi-nado montante de lucro almejado pelo administrador da

proprieda-de rural em tela. Ou seja, é possí-vel calcular o “ponto de equilíbrio econômico”, conforme exposto na tabela 8.

Ou seja, supondo que o lucro mensal desejado pelo suinocultor fosse de R$ 2.000,00, para calcular o ponto de equilíbrio econômico ini-cialmente deve-se somar este valor com o montante das “despesas e custos fixos” do período (no caso, R$ 21.484,56, como mencionado na tabela 4). Em seguida, divide-se

o valor resultante (R$ 23.484,56) pelo valor da margem de contri-buição unitária (R$ 66,68, confor-me calculado na tabela 5), o que propicia a determinação do ponto de equilíbrio econômico em núme-ro de animais (R$ 23.484,56 / R$ 66,68 = 352,20 suínos). Assim, se o produtor conseguir vender o equi-valente a 352,20 animais por mês, conseguirá suportar as despesas e custos do período e obter o lucro desejado de R$ 2.000,00.

Tabela 6 - Ponto de Equilíbrio em unidades (número

de animais ou quilos)

Fatores Valores (R$)

a) Despesas e custos fixos mensais (tabela 4) - R$ 21.484,56 b) Margem de contribuição por animal (tabela 5) – R$ 66,68 c = a / b ) Ponto de equilíbrio (em número de animais) 322,20 d) Peso médio por animal (em quilos) 100,00 e = c * d ) Ponto de equilíbrio (em quilos) 32.220,47 Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

Tabela 8 - Ponto de Equilíbrio Econômico em unidades

(número de animais ou quilos)

Fatores Valores (R$)

a) Despesas e custos fixos mensais (tabela 4) - R$ 21.484,56 b) Lucro mensal desejado pelo proprietário - R$ 2.000,00 c = a + b ) Valor a atingir no ponto de equilíbrio econômico - R$ 23.484,56 d) Margem de contribuição por animal (tabela 5) – R$ 66,68 e = c / d ) Ponto de equilíbrio econômico (em número de animais) 352,20 f) Peso médio por animal (em quilos) 100,00 g = f * e ) Ponto de equilíbrio econômico (em quilos) 35.219,88 Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

Tabela 7 - Ponto de Equilíbrio em valor (R$)

Fatores Valores (R$)

a) Preço de venda por animal (peso médio 100 kg) - R$ 210,00 b) Ponto de equilíbrio em animais (peso médio de 100 kg) 322,20 c = a * b ) Ponto de equilíbrio em valor – R$ 67.662,99 Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

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3.4 Cálculo da Margem de

Segurança em unidades e valor

Depois da obtenção do valor do Ponto de Equilíbrio, é possível cal-cular a Margem de Segurança do empreendimento rural pesquisado, tanto em unidades (animais ou qui-los), quanto em valor (R$), confor-me demonstrado na tabela 9.

Na pesquisa ora relatada a mar-gem de segurança em unidades foi obtida pela diferença entre as ven-das efetuaven-das no período (350 ani-mais) e o ponto de equilíbrio

calcu-lado na tabela 6 (322,20 animais). Assim, verificou-se que a margem de segurança em unidades (número de animais) é positiva (27,80 suínos), pois as vendas superaram o volume calculado como ponto de equilíbrio.

Também foi possível determinar a margem de segurança em valor (R$). Para tanto, multiplicou-se o preço de venda de cada animal (R$ 210,00) pela margem de segurança em unidades (27,80 animais). Com isso, constatou-se que, no período considerado na pesquisa, a

ativida-É necessário ressaltar que investimentos para a

melhoria da produtividade implicam novos custos,

os quais devem ser incorporados na Análise Custo/

Volume/Lucro descrita.

de teve uma receita de vendas que superou o ponto de equilíbrio em R$ 5.837,01. Esse cálculo permite con-cluir que as vendas podem cair até R$ 5.837,01 que a empresa ainda não entrará na faixa de prejuízo.

Com as informações obtidas até este ponto, foi possível elaborar um demonstrativo do resultado mensal para o suinocultor, conforme apre-sentado na seção seguinte.

3.5 Demonstração do

resultado mensal

Os dados coletados e os cálculos efetuados possibilitaram confeccio-nar uma demonstração do resultado do período nas condições registra-das. A tabela 10 mostra o desempenho do mês abrangido, considerando os fatores envolvidos na Análise Custo/Volume/ Lucro efetuada. Corroborando o cál-culo da margem de se-gurança anteriormente mencionado, percebe-se que o volume de ven-das de 350 animais pro-porciona um resultado mensal positivo. Nesse volume de vendas a re-ceita do período foi de R$ 73.500,00, enquan-to que o cusenquan-to enquan-total com ração para os ani-mais vendidos foi de R$ 48.545,06 e o gasto to-tal com o “Fundo Rural” totalizou R$ 1.617,00.

Tabela 9 - Margem de Segurança em número de animais e

em valor (R$)

Fatores Valores (R$)

a) Vendas projetadas (em número de animais) 350,00 b) Ponto de equilíbrio em número de animais (tabela 6) 322,20 c = a – b ) Margem de segurança (em número de animais) 27,80 d) Preço de venda por animal - R$ 210,00 e = c * d ) Margem de segurança - R$ 5.837,01 Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

Tabela 10 - Demonstração do resultado do período

Fases da vida Quantidade Vendida Valor Unitário (R$) Valor Total (R$) Análise Vertical (+) Vendas do período 350 210,00 73.500,00 100,00% (-) Custo ração/animal (100 kg) 350 138,70 48.545,06 66,05% (-) Fundo rural (2,2 %) 350 4,62 1.617,00 2,20% (=) Margem de contribuição 350 66,68 23.337,94 31,75% (-) Custos e despesas fixas mensais 21.484,56 29,23% (=) Resultado do Período 1.853,38 2,52% Fonte: Elaborada pelos autores com dados do proprietário.

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Com isso, a margem de contribui-ção total foi de R$ 23.337,94 e o resultado final, após a dedução das despesas e custos fixos deste mês (R$ 21.484,56), teve o valor de R$ 1.853,38.

Na última coluna da tabela 10 é apresentada a análise vertical, que mostra o peso dos fatores compu-tados na demonstração do resul-tado. Por essa forma de avaliação constatou-se que as despesas e custos fixos representaram 29,23% das vendas do período e que o re-sultado obtido equivaleu a 2,52% das vendas. Na opinião do suino-cultor essa lucratividade final foi menor que a desejada, mas eviden-ciou a realidade do segmento nos últimos anos.

Por último, convém salientar que qualquer alteração nas variá-veis envolvidas nos cálculos ante-riores pode interferir substancial-mente no resultado final. Em razão disso, sugeriu-se a atualização dos valores sempre que ocorrer alguma modificação nos fatores computa-dos na Análise CVL.

4. Resultados obtidos e

limitações da metodologia

empregada

A análise Custo/Volume/Lucro realizada proporcionou o conheci-mento do desempenho econômico do empreendimento rural estuda-do. Nessa direção, a ferramenta de gestão de custos proposta ao sui-nocultor permitiu a disponibilidade de informações gerenciais relevan-tes como:

a) A margem de contribuição unitária, que representa a rentabilidade alcançada por suíno comercializado ou por quilo de animal vendido, em termos de valor (R$);

b) A margem de contribuição total (em R$), que equivale

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ao montante propiciado pela quantidade de animais vendi-dos utilizado para, inicialmen-te, pagar as despesas e custos fixos mensais e, posteriormen-te, gerar o lucro do período; c) O ponto de equilíbrio, que

evi-dencia o volume mínimo de vendas (em animais) ou o mon-tante (em R$) que o suinocul-tor deve comercializar mensal-mente para que possa lucrar; d) O ponto de equilíbrio

econô-mico, cujo cálculo pode ser utilizado para projetar o volu-me de vendas necessário para atingir um determinado valor de lucro desejado;

e) A margem de segurança em unidades e valor, que represen-ta o volume (em quantidades ou em valor – R$) que as ven-das da propriedade superam o ponto de equilíbrio e represen-ta o quanto as vendas podem baixar sem que o negócio pas-se a operar com prejuízo; f) A demonstração do

resul-tado do período, que facul-ta conhecer a receifacul-ta tofacul-tal obtida e a participação dos custos e despesas no resul-tado das operações men-sais, bem como o valor do lucro (ou prejuízo) gerado pela atividade;

g) A análise vertical do resultado obtido, que evidencia o percen-tual (%) dos fatores compu-tados para apurar o lucro (ou prejuízo) do mês em relação às vendas do período. Ou seja, o lucro do período representou 2,52% das vendas, enquanto que as despesas e custos fixos equivaleram a 29,23% do total de vendas do período.

Adicionalmente, a planilha de Análise CVL proposta permitiu que sejam simulados cenários para pe-ríodos posteriores, levando-se em conta possíveis alterações nas

va-riáveis envolvidas. Constatou-se também que, com os índices de produtividade considerados no estudo, o empreendimento con-seguiu remunerar o investimento realizado com rentabilidade supe-rior à TMA desejada pelo empre-endedor rural.

Porém, é necessário ressal-tar que investimentos para a me-lhoria da produtividade implicam novos custos, os quais devem ser incorporados na Análise Custo/ Volume/Lucro descrita. Além dis-so, conforme mencionado em se-ções precedentes, a atividade está parcialmente atrelada à variação cambial (tanto em termos de preço de venda, quanto em parte dos in-sumos utilizados), e essa situação também deve ser analisada quando da projeção de cenários.

Também é interessante salien-tar que o modelo da Análise CVL possui algumas restrições, co-mentadas na seção 2, que devem ser observadas. Nesse sentido, os fatores envolvidos no cálculo rea-lizado foram considerados como “estáveis” em termos de valor e volume. Entretanto, inclusive dentro do próprio período, po-dem ocorrer variações nos preços praticados (como reajustes nos preços de venda), aumento do custo de compra dos insumos, mo-dificações nos gastos estruturais (despesas e custos fixos) e mais esporadicamente mudanças na le-gislação tributária que regula o se-tor. Ou seja, o comportamento dos custos (quer sejam custos fixos ou custos variáveis) pode apresentar alterações quando considerados os diversos níveis de ocupação da capacidade instalada. Em virtu-de disso, os suinocultores virtu-devem procurar conhecer de forma mais aprofundada as possíveis modifi-cações nos custos e preços com a formulação de hipóteses sobre o mix de produção e venda previsto para determinado período.

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5. Considerações finais

A realidade gerencial de gran-de parte dos empreendimentos comerciais e industriais brasileiros de pequeno porte evidencia uma reduzida utilização de conceitos técnicos associados à gestão de custos. No caso dos negócios rurais de pequeno porte, em razão das ca-racterísticas inerentes à atividade e à fraca formação administrativa dos proprietários, o emprego des-ses conceitos de custos tende a ser ainda menos usual.

Porém, o estudo de caso re-alizado permitiu concluir que os conceitos que integram a Análise CVL são adaptáveis ao contex-to de um empreendimencontex-to rural voltado à suinocultura. Com isso, para analisar o desempenho da pequena granja de suínos, fo-ram empregadas técnicas como a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e a margem de segurança, que, em geral, são utilizadas somente em empresas comerciais ou industriais, com as devidas adaptações às peculiari-dades do segmento em tela.

A pesquisa mostrou possibili-dades de obtenção de informações gerenciais relevantes, proporcio-nando que o suinocultor projete ou simule cenários acerca de al-terações ocorridas ou previstas nos fatores envolvidos. Ou seja, permite ao gestor da propriedade rural analisada saber qual influên-cia terá no resultado do período

as prováveis modificações no pre-ço de venda dos suínos, nos cus-tos dos insumos empregados na granja, nas despesas e cus-tos fixos

men-sais para m a n te r e admi-nistrar o negócio ou no volume co-mercializado, de forma conco-mitante ou indivi-dualmente. Ainda, a elaboração de uma demonstração do resultado mensal, fundamentada nos dados utilizados na Análise CVL, permi-tiu avaliar se houve lucro ou prejuízo no período

pesqui-sado, bem como propiciou identificar a participação percentual dos custos e despesas em relação às vendas mensais. Assim, com esse demonstrativo foi possível realizar uma “análise vertical” do desempenho do pe-ríodo mostrando que:

a) Os custos e despesas va-riáveis totais (R$ 50.162,06) repre-sentaram 68,25% das vendas efe-tuadas (R$ 73.500,00) no mês;

b) A margem de contribuição total (R$ 23.337,94) foi equivalen-te a 31,75% da receita conseguida com a venda dos animais;

c) As despesas e custos fixos (R$ 21.484,56) corresponderam a 29,23% das vendas do período;

d) O resultado obtido (lucro de R$ 1.853,38) equivaleu a 2,52% das vendas.

Conforme exposto, restou a certeza de que a utilização da Análise CVL pode ser bastante útil ao administrador desse tipo de empreendimento, pois propor-ciona diversas informações ge-renciais relevantes.

A elaboração de uma demonstração do resultado

mensal permitiu avaliar se houve lucro ou prejuízo

no período pesquisado e propiciou identificar a

participação percentual dos custos e despesas em

relação às vendas mensais.

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