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INÁCIO DOS SANTOS SALDANHA

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Academic year: 2021

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O Círio que atravessa a mata: usos dos espaços e re-uso de seus significados pelo Círio de Nossa Senhora da Conceição em Igarapé Grande (Ananindeua, Pará)

INÁCIO DOS SANTOS SALDANHA Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os usos dos espaços por uma comunidade ribeirinha de Ananindeua, na ilha de João Pilatos (Ananindeua-PA), pelo Círio de Nossa Senhora da Conceição, romaria religiosa realizada ali. A pesquisa partiu da observação etnográfica do Círio em dezembro de 2017, que partiu da comunidade de João Pilatos e atravessou a rede de trilhas que corta a floresta da ilha de mesmo nome, rumo a Igarapé Grande, onde a programação segue. Os métodos da etnografia e da história oral, aqui, entram em diálogo para que o primeiro permita identificar os espaços da comunidade e os seus narradores, enquanto o segundo serve de instrumento para compreender os usos destes espaços pelo costume da romaria em uma perspectiva histórica. A análise aponta o esforço consciente de fazer a procissão explorar espaços considerados importantes para sociabilidade e cosmovisão locais: a localidade da Cabeceira (uma das que compõem Igarapé Grande), a vizinha João Pilatos, o campo de futebol, a capela e até mesmo o rio. O Círio de Igarapé Grande revelou-se um evento de características singulares que serve para celebrar a memória e os modos de vida dos povoados das ilhas de Ananindeua.

Palavras-chave: Religiosidade, História Oral, Etnografia, Comunidades Ribeirinhas, Ananindeua.

Introdução:

Este estudo surgiu como parte da realização de um trabalho de conclusão do Curso de Licenciatura Plena em História da Universidade do Estado do Pará (UEPA). O objetivo da monografia era identificar e analisar o cotidiano nas formas de ser, fazer e saber da comunidade ribeirinha de Igarapé Grande, situada no interior da ilha de João Pilatos, no norte do município de Ananindeua, região metropolitana de Belém do Pará. A pesquisa combinou elementos da história oral – ênfase na entrevista e em sua propriedade narrativa para interpretação (EVANGELISTA, 2010; PORTELLI, 2001, 1997; ALBERTI, 2012) – com elementos clássicos da etnografia – observação participante, diário de campo, produção de fotografias (MALINOWSKI, 1976; CALDEIRA, 2017).

Se a monografia explorou diversos eixos do cotidiano costurando uma perspectiva cronológica baseada na memória social, como o lazer, a educação, o transporte e o trabalho (SALDANHA, 2018), aqui me dedico a algo mais específico. Um dos primeiros costumes a se destacar na observação de campo, o Círio de Nossa Senhora da Conceição atravessa as matas da ilha de João Pilatos em uma trilha entre as comunidades de João Pilatos e Igarapé Grande

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no mês de dezembro. Neste trabalho, pretendo analisar os usos e re-usos que este costume faz dos espaços desta segunda comunidade.

Nas primeiras visitas, o pesquisador produziu dezenas de fotografias com a câmera de seu celular, registrando espaços, objetos, animais e pessoas. As fotografias foram compartilhadas com a orientadora, que sugeriu que elas fossem inseridas no trabalho de forma mais contundente. A partir de então, a introdução da fotografia no processo de pesquisa acentuou a observação de diversos elementos materiais e não materiais que foram percebidos nos espaços da comunidade (a capela, a escola, o campo de futebol, os trapiches, o Círio, o Festival do Açaí), e são progressivamente adicionados ao roteiro de entrevista, de modo que as entrevistas se tornaram gradualmente mais ricas. Também foram pesquisados os acervos pessoais das pessoas entrevistadas, quando possível.

O trabalho etnográfico foi o que possibilitou a identificação dos espaços da comunidade, que fundamentariam o contato com as pessoas entrevistadas e a condução das entrevistas, as quais respeitavam as especificidades pessoais e espaciais de cada pessoa. É preciso esclarecer que a “comunidade” de Igarapé Grande é um conjunto de ocupações que remontam aos primeiros anos do século XX, sendo constituída por quatro povoados mais ou menos distantes entre si: Paraíso, Cabeceira, Maritubinha e Bela Vista. A locomoção entre eles é realizada por meio de canoas e eventualmente de outras embarcações, mesmo entre a Cabeceira e o Paraíso, entre os quais existem trilhas.

A fecunda relação da história com a iconografia e, em especial, a fotografia, já vem sendo bastante estudada (KOSSOY, 2014; MAUAD, 1996), mas geralmente no sentido da análise por parte do historiador das fotografias produzidas em contextos situados (que devem ser considerados no estudo junto a elementos como a técnica, a estética e a intenção do registro). A produção da fotografia no campo pelo próprio pesquisador, por outro lado, é uma técnica e um tema que vem sendo definitivamente mais explorado pela antropologia visual (CALDEIRA, 2017). As fotografias eram produzidas ao logo de todo o dia, registrando os mais diversos elementos das paisagens domésticas e naturais, e depois analisadas e selecionadas. Em algumas visitas a casas, porém, houve o cuidado de não incomodar os moradores com muitos registros seguidos, de modo a facilitar relações de cordialidade e confiança (fundamentais para a facilitação de entrevistas e mesmo para o proveito de conversas informais).

As entrevistas foram realizadas com oito moradores das diferentes localidades de Igarapé Grande (quatro homens e quatro mulheres) e com Raimundo Nonato Ferreira Pantoja, o criador e organizador das primeiras edições do Círio. Os moradores tinham entre 49 e 80 anos de idade, tendo todos participado da procissão desde 1986, quando foi criada: Valdir Gonçalves

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Pinheiro, Manoel Nazareno de Souza Farias, Maria Therezinha Farias Ramos, Cristino Bento Farias, Marta Lima da Cunha, Antônio Delgado da Cunha e Olanda Severino da Silva. Suas entrevistas foram realizadas a partir de um questionário-base, desenvolvido após a observação do Círio de 2017, mas respeitando a fluidez narrativa das memórias de cada um.

Regina Weber (1996), que comparou o uso metodológico do relato oral como fonte na História Oral e na Antropologia, notou que os antropólogos forneciam relatos mais ricos sobre o processo de pesquisa. Nós, os historiadores, por outro lado, não estaríamos tão habituados a descrever as entrevistas, os processos por trás delas e seus contextos específicos em diários de campo, focando nossas análises em uma fonte (e não no processo) produzida ou contatada, mas também finita. Se o trabalho aqui descrito, da área da história, propôs uma aproximação entre a História Oral com elementos da etnografia, apresento neste artigo o processo de observação em consonância com as entrevistas, tão caras à História Oral. Abaixo, descreveremos o Círio de 2017 e exploro os seus sentidos e características através dos depoimentos orais, que aqui chamo de narrativas (PORTELLI, 1997; ALBERTI, 2012). Depois, apresento os espaços e as suas conexões históricas com a procissão que foram identificados a partir da observação etnográfica, e explorados nas entrevistas.

O Círio de 2017:

O Círio revela a interessante relação entre as comunidades de Igarapé Grande e João Pilatos, ligadas por uma trilha que corta o interior da ilha. O fluxo de motocicletas pelo caminho possibilitou uma aproximação que se intensifica com a realização de eventos como jogos de futebol, o Festival do Açaí e o próprio Círio. O Círio de Nossa Senhora da Conceição da ilha de João Pilatos consiste em uma procissão de traslado na noite do sábado, que leva a imagem da santa de Igarapé Grande à comunidade de João Pilatos, e em uma procissão principal no domingo de manhã, que reconduz a imagem à paróquia de origem, em Igarapé Grande. No momento da pesquisa, não foi possível acompanhar a procissão noturna, pois estava sendo realizada uma entrevista na Cabeceira, debaixo de forte chuva, o que impossibilitou o deslocamento de canoa até a trilha que iniciava em Paraíso.

Um comentário que escutei de um morador durante a realização do Círio, em 16 de dezembro, comparou as duas comunidades ao Clube do Remo e ao Paysandu Sport Club, dois times de futebol com rivalidade notável no estado do Pará. Longe de dizer que os dois povoados são inimigos, ele falava que um não vivia sem o outro, e que suas identidades estavam interconectadas.

As populações das duas comunidades encontram-se um tanto dispersas pela ilha, muitas vezes distantes do centro de cada comunidade, aos quais se comunicam por diversos caminhos.

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A trilha por onde realiza-se as procissões, na verdade, é a principal via de um sistema de trilhas que se espalha pelas mais variadas direções. Na chegada da procissão principal a comunidade de Igarapé Grande, no Círio de 2017, houve homenagens a Raimundo Farias dos Anjos, o “seu Dico”, que falecera naquela semana, com 96 anos de idade. Morador da Cabeceira, seu Dico era muito querido pelos demais moradores; era quem mobilizava os jovens da comunidade para que participassem das procissões e da festividade, e por vezes recebia visitantes e pesquisadores que chegavam na ilha. Na véspera da procissão principal, a entrevista de Valdir foi realizada e marcada pela tristeza da morte recente de seu amigo de décadas.

A cobertura vegetal na ilha é exuberante, e as várias e estreitas trilhas estavam úmidas quando a procissão começou no domingo de manhã, com sons incessantes de pássaros e insetos. Ali, a rede de caminhos em terra firme só não é mais usada do que os rios e os igarapés. A procissão principal saiu da comunidade de João Pilatos, no domingo de manhã, mais cedo do que os moradores esperavam. A princípio com poucas pessoas, ela seguiu por cerca de 40 minutos pela trilha que corta a ilha, cercada pela vegetação, com o número aumentando à medida em que mais moradores e moradoras chegavam de ambas as direções [Figura 1]. As pessoas vêm de suas casas através dos diversos caminhos que garantem a locomoção dentro da ilha, por terra. Nessa trilha “principal”, no lado esquerdo, junto à vegetação, estavam os postes que conduzem a energia elétrica.

Figura 1: O Círio atravessa as matas da ilha de João Pilatos. Autor: Inácio Saldanha (2017). A faixa etária das pessoas que participam do Círio era bem diversa, desde jovens e crianças até moradores de idade avançada. Era difícil definir se havia uma maioria de homens ou mulheres. O padre, o coroinha e os seguranças paroquiais não vêm de nenhuma paróquia de

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Ananindeua, mas da ilha de Outeiro, distrito insular do município de Belém, percorrendo uma hora de barco até João Pilatos. Na volta, saindo de Igarapé Grande, no lado oposto da ilha, a viagem duraria duas horas. A primeira parada da procissão foi na entrada de um caminho que leva à casa de uma senhora idosa [Figura 2], já em uma área circunscrita por Igarapé Grande, ainda que longe do centro da comunidade. Não ficou claro se ela estava doente, mas sim que não tinha condições de participar da celebração. Os romeiros levantaram as mãos na direção da trilha e rezaram pela sua saúde.

Figura 2: Parada em frente à trilha em que vive uma idosa. Autor: Inácio Saldanha (2018) A procissão de 2017 ocorreu mais rápido do que o previsto, com poucas paradas. Ao chegar à comunidade de Igarapé Grande, a procissão principal daquele ano parou em frente ao campo de futebol para assistir à queima de fogos [Figura 3], doados por moradores da comunidade de João Pilatos, em homenagem ao seu Dico. O campo de futebol é um espaço central na comunidade de Igarapé Grande, e marca, junto da escola, o ponto de partida dos caminhos e trilhas de seus moradores. Logo, a queima dos fogos naquele local tinha um sentido especial.

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Figura 3: Homenagem a Dico. Autor: Inácio Saldanha (2017).

Fora do espaço limitado da trilha, os romeiros se dispersam ao chegar na comunidade, mas rumando sempre para a entrada da capela de Nossa Senhora da Conceição, em frente ao porto no Igarapé Bravo. O núcleo do Paraíso, evidentemente, repete o padrão de habitações ribeirinhas amazônicas com o templo católico em frente ao porto e ao curso d’água. O pequeno ícone católico chegou sob os enfeites da comunidade, nas palmeiras e na frente da capela, cuja porta estava cercada por balões coloridos [Figura 4]. A imagem da Virgem, conduzida em uma berlinda pelos jovens guardas paroquiais de Outeiro, foi a primeira a entrar na capela.

Figura 4: Chegada do Círio à capela. Autor: Inácio Saldanha (2017).

Todos os lugares foram ocupados, deixando algumas pessoas em pé. A missa foi realizada, aproveitando o guarda da santa para fazer um discurso emocionado sobre o luto e a memória de Dico. No final, seria realizado um batizado, mas o padre esqueceu de levar o livro

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com os procedimentos do ritual, gerando um desconforto entre os presentes. De fato, a paróquia era distante demais daquela pequena comunidade.

Outros Círios:

Os usos conscientes que o Círio faz da trilha de João Pilatos, do campo de futebol, da capela e do rio seriam recuperados nas entrevistas. Existe uma representação recorrente sobre as populações ribeirinhas da Amazônia de que seus modos de vida são constituídos basicamente de aspectos tradicionais, mantidos em contraste à transformação acelerada dos modos de vida urbanos devido a um suposto isolamento dos povoados (WAGLEY, 1957). Essa representação aparece em alguns trabalhos escritos sobre Igarapé Grande, que apresentam uma comunidade rural com uma história basicamente constituída em sua fundação, com a chegada do primeiro morador em 1900, Domiciano de Farias (CARVALHO, SILVA, LEITE, 2007; HORA, 2014; MENDES, 2016; VIANA, 2017; E.M.E.F. DOMICIANO DE FARIAS, 2011). O primeiro a explorar a temporalidade da comunidade para além disso foi Thales Ravena-Cañete (2017) em sua tese de doutoramento.

Quando as entrevistas começaram a ser realizadas, essa perspectiva apareceu nas narrativas de moradores como Valdir e Nazareno, mas logo a observação de campo teria seu efeito mais acentuado. Já na primeira visita à comunidade, elementos espaciais como a capela, a escola e o campo de futebol chamaram a atenção, e, com o tempo, também os artefatos e costumes como o Círio, o trapiche, o matapi, a rabeta e outros. A busca por suas origens e por seus sentidos foi levada para as entrevistas e para as conversas informais, revelando, aos poucos, um acelerado processo de transformação pelo qual o povoado passou entre as décadas de 1980 e 1990. A fundação da Escola Municipal de Ensino Fundamental Domiciano de Farias em 1986 traria para a ilha o primeiro diretor, Raimundo Pantoja, que incentivaria a mobilização dos moradores em mutirões e associações. Estes mutirões e a aproximação com órgãos do governo, como a Embrapa, dos quais o primeiro efeito seria a própria construção da escola, reconfigurariam todos os espaços de Igarapé Grande, com a multiplicação de roças, a ampliação do campo de futebol, a abertura de uma trilha para a comunidade de João Pilatos, a mecanização das casas de farinha, a substituição de trapiches de troncos de miriti por trapiches de tábuas, entre outros.

A transformação que nos interessa aqui é a criação de uma procissão religiosa, idealizada por Raimundo Pantoja quando da construção de uma capela por um dos mutirões em 1986. Até então, Igarapé Grande não tivera um templo religioso e jamais havia sido visitada por um padre, dependendo de capelas que existiam em ilhas próximas para os batizados e casamentos. Para a procissão, inspirada no Círio de Nossa Senhora de Nazaré realizado em

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Belém desde o século XVIII, fora encomendada uma berlinda para o transporte da imagem em Icoaraci (distrito de Belém), que chegou tão atrasada que seguiu sozinha pelo trajeto, atrás da imagem [Figura 5].

Figura 5: O primeiro Círio de Igarapé Grande chega ao núcleo da Cabeceira. Fonte: Acervo pessoal de Raimundo Pantoja (1986).

O costume recém-instituído resgatava as memórias dos moradores ao homenagear Nossa Senhora da Conceição, santa cultuada pela família de Domiciano de Farias. O evento seguiu da escola no núcleo do Paraíso (a construção da capela ainda não estava concluída), nas proximidades da casa em que Domiciano vivera, até a Cabeceira, na casa que fora de sua filha. Houve, então, um uso simbólico intencional no evento. Mas, é claro, ele passaria por transformações. Novamente inspirado no grande Círio de Belém, Raimundo Pantoja tentou acrescentar uma procissão fluvial à festividade em 1992 [Figura 6]. Em uma fotografia da época, vemos cinco barcos enfeitados circundando a ilha de João Pilatos, o que não se repetiria no futuro, uma vez que a procissão não foi aprovada pela Capitania dos Portos. Nas palavras de Raimundo, aquela ideia era importante exatamente por se tratar de um Círio dos próprios ribeirinhos, ilhéus que tinham nas embarcações o principal meio de transporte. Já então, o Círio se tornara grande demais para o curto trajeto entre o Paraíso e a Cabeceira, passando a explorar outros espaços.

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Figura 6: O Círio Fluvial das ilhas de Ananindeua. Fonte: Acervo pessoal de Raimundo Pantoja (1992).

Ainda em suas primeiras edições, o Círio de Igarapé Grande começou a percorrer a trilha que liga as comunidades de João Pilatos e Igarapé Grande, no interior da ilha de João Pilatos. Segundo a narrativa de Valdir, em entrevista realizada às vésperas do evento em 2017, as relações de amizade entre moradores e moradoras das duas comunidades sempre foram fortes. Cristino (2018) acrescentou que o evento se tornou popular na década de 1990, atraindo pessoas de todas as ilhas de Ananindeua, e mesmo do bairro do Curuçambá (Ananindeua) e dos distritos de Murinin e Benfica (Benevides), Icoaraci e Mosqueiro (Belém). Para ele, essa popularidade cessaria na década de 2000 e hoje o Círio seria um evento fraco, de pouca expressividade.

Os demais narradores discordaram dessa visão, cada um ao seu modo. Para Valdir, que lembrava de uma comunidade de poucas casas em sua infância na década de 1950, tudo na Igarapé Grande atual parece grande. Marta, por sua vez, tem a lembrança de famílias numerosas e alegres na década de 1940, e hoje o povoado lhe parece triste e vazio. Thereza e Socorro se animam e participam do Círio, mas Olanda e Tonico, morando em um núcleo mais distante da comunidade, parecem um tanto indiferentes. Apesar dessa variedade subjetiva, o Círio garante sua importância exatamente por transitar entre aqueles lugares que foram construídos pelos seus moradores, estes partindo de referenciais importantes para sua própria identidade, como a figura do “fundador” Domiciano de Farias e sua família.

Conclusões:

A característica mais singular do Círio de Nossa Senhora da Conceição em Igarapé Grande, seu contato tangencial e pitoresco com a floresta, revelou-se secundária para os significados explorados pelos moradores do local através desse evento. Se a observação etnográfica permitiu identificar espaços e costumes que enriqueceriam as entrevistas, estas

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últimas puderam revelar a intenção dos usos estratégicos dos espaços da comunidade e da ilha desde a concepção até as várias reconfigurações do evento.

Referências:

ALBERTI, Verena. De “versão” a “narrativa” no Manual de História Oral. História Oral, v. 15, n. 2, p. 159-166, jan/jun, 2012.

CALDEIRA, Sofia. As potencialidades do estudo da imagem fotográfica na antropologia visual. Vista, n. 1, p. 165-180, 2017.

CARVALHO, Rosemary da Silva; SILVA, Selma Maria Barra da. LEITE, Sueli Maria da Costa. O Imaginário caboclo presente em narrativas orais das ilhas de Igarapé Grande e

Sassunema no município de Ananindeua. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso

(Especialização em Estudos Culturais da Amazônia) – Universidade Federal do Pará, Belém. E.M.E.F. DOMICIANO DE FARIAS. Identidade Ribeirinha. Ananindeua: s/e, 2011.

EVANGELISTA, Marcela Boni. A transcriação em história oral e a insuficiência da entrevista.

Oralidades, v. 4, n. 7, 2000, p. 169-182.

HORA, Neriane Nascimento da. Atividades produtivas e conservação da biodiversidade: Um estudo na comunidade de Igarapé Grande, ilha de João Pilatos, Ananindeua-PA. 2014. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Universidade do Estado do Pará. Belém, 2014.

KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2014.

MALINOWSKI, Bronislaw. Os Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1976.

MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: Fotografia e História interfaces. Tempo, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 73-98, 1996.

MENDES, Raimunda Lopes R. Educação Ribeirinha: Paradigmas, Diversidade e Saberes, Ilha de João Pilatos, Escola Domiciano de Farias. Ananindeua: s/e, 2016.

PORTELLI, Alessandro. História Oral como gênero. Proj. História, v. 22, p. 9-36, jan/jun, 2001.

_________. O que faz a História Oral diferente. Proj. História, v. 14, p. 25-39, jan/jun, 1997. RAVENA-CAÑETE, Thales Maximiliano. Antropologia de populações, povos e comunidades

que jamais foram tradicionais: experiências junto ao coletivo de humanos e não humanos de

Igarapé Grande, Amazônia paraense. 2017. Tese (Doutorado em Sociologia e Antropologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará, Belém.

SALDANHA, Inácio dos Santos. Viver em Igarapé Grande: Cotidiano e História em narrativas ribeirinhas. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em História) – Universidade do Estado do Pará, Belém.

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VIANA, Janise Maria Monteiro Rodrigues. Atividade pesqueira e organização social: o caso das comunidades Igarapé Grande, João Pilatos e Cajueiro. 2017. Dissertação (Mestrado em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia) – Universidade Federal do Pará, Belém.

WAGLEY, Charles. Uma comunidade amazônica: Estudo do Homem nos Trópicos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957.

WEBER, Regina. Relatos de quem colhe relatos: pesquisas em história oral e ciências sociais.

Dados, v. 39, n. 1, p. 63-83, 1996.

Narradores:

ANTÔNIO DELGADO DA CUNHA (TONICO). 77 anos. Ananindeua, Pará. Abr. de 2018. CRISTINO BENTO FARIAS. 58 anos. Ananindeua, Pará. Abr. de 2018.

MANOEL NAZARENO DE SOUZA FARIAS (NAZARENO). 77 anos. Ananindeua, Pará. Jan. de 2018.

MARIA DO SOCORRO DOS ANJOS DE FARIAS (SOCORRO). 53 anos. Ananindeua, Pará. Abr. de 2018.

MARIA THEREZINHA FARIAS RAMOS (THEREZA). 49 anos. Ananindeua, Pará. Mar. de 2018.

MARTA LIMA DA CUNHA. 80 anos. Ananindeua, Pará. Abr. de 2018. OLANDA SEVERINO DA SILVA. 67 anos. Ananindeua, Pará. Abr. de 2018.

RAIMUNDO NONATO FERREIRA PANTOJA. 55 anos. Ananindeua, Pará. Mar. de 2018. VALDIR GONÇALVES PINHEIRO. 76 anos. Ananindeua, Pará. Dez. de 2017.

Referências

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