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Efeitos de um programa com práticas corporais em mulheres com sobrepeso e obesidade

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Efeitos de um programa com práticas corporais em mulheres com

sobrepeso e obesidade

Effects of a program with bodily practices in women with overweight

and obesity

Gabriela Martins Gorski Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Ponta Grossa – Brasil

gabriela_gorski@hotmail.com

Dante Luís Pereira Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Ponta Grossa – Brasil

dantepelego@hotmail.com

Erivelton Fontana de Laat Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO – Irati – Brasil

eriveltonlaat@hotmail.com

Luiz Alberto Pilatti Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR – Ponta Grossa – Brasil

lapilatti@utfpr.edu.br

Resumo

O presente estudo teve como objetivo analisar a efetividade de intervenção com práticas corporais em um grupo de mulheres com sobrepeso e obesidade da UNICENTRO, Campus Irati-PR. Este estudo caracterizou-se como descritivo e analisou amostras sanguíneas de glicemia, triglicerídeos, colesterol total, LDL-colesterol e HDL-colesterol antes e após o período de intervenção. O grupo foi composto por cinco indivíduos funcionários da Universidade Estadual do Centro Oeste, caracterizando-se por mulheres com sobrepeso e obesidade. Os indivíduos foram submetidos a um programa diversificado de práticas corporais por dez semanas, totalizando 26 sessões dividas em: caminhada, circo, karatê, atletismo, musculação, dança, jogos desportivos e pilates. As práticas foram desenvolvidas aleatoriamente com frequência semanal de três dias e duração de cinquenta minutos. Dentre as variáveis sanguíneas, somente o HDL-colesterol apresentou a mesma variação de comportamento no grupo, porém, não foram encontradas diferenças significativas. Destaca-se o sujeito 4, que apresentou melhora em todas as variáveis, e que pode ter sido influenciado pela frequência nas práticas corporais, alimentação adequada, e hábitos de vida saudáveis. Conclui-se que a diversidade das práticas corporais está relacionada a um aumento nos níveis individuais e do grupo de HDL-colesterol, além de ter melhorado todas as variáveis em um determinado sujeito, mostrando-se uma excelente opção no que diz respeito a promoção de saúde e prevenção de doenças.

Palavras-chave: práticas corporais, sobrepeso, obesidade. Abstract

This study aimed to analyze the effectiveness of intervention with bodily practices in a Faculdades Integradas de Itararé – FAFIT-FACIC

Itararé – SP – Brasil v. 03, n. 01, jan./jun. 2012, p. 13-23.

REVISTA ELETRÔNICA

FAFIT/FACIC

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group of women with overweight and obesity in the campus UNICENTRO Irati-PR. This study was characterized as descriptive and analyzed blood samples for glucose, triglycerides, total cholesterol, LDL-cholesterol and HDL-cholesterol levels before and after the intervention period. The group was composed of five individuals employees of Midwestern State University, characterized by overweight and obese women. The subjects underwent a diversified program of body practices for ten weeks, totaling 26 sessions divided into: walking, circus, karate, athletics, weightlifting, dancing, sports games and pilates. Practices were developed randomly with a weekly frequency and duration of three days of fifty minutes. Among blood variables, only HDL-cholesterol showed the same variation of behavior in the group, however, no significant differences were found. Noteworthy is the individual 4, who showed improvement in all variables, and that may have been influenced by the frequency in bodily practices, proper nutrition and healthy lifestyles. It concludes that the diversity of body practices is related to an increase in individual and group levels of HDL-cholesterol, and has improved all variables in a given subject, being an excellent choice regarding the promotion health and disease prevention.

Keywords: body practices, overweight, obesity.

1. Introdução

No panorama epidemiológico brasileiro, a obesidade vem se destacando como parte do grupo de doenças crônicas não transmissíveis que apresenta fatores de risco para outras doenças, como a hipertensão e o diabetes, também com percentuais de prevalência em ascensão no país.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), os agravos decorrentes de doenças não transmissíveis vêm aumentando e são a principal causa de óbitos em adultos, sendo a obesidade um dos fatores de maior risco para o adoecimento neste grupo. Além da promoção da saúde e a redução de morbimortalidade, a prevenção e o diagnóstico precoce interferem na qualidade de vida, acarretando implicações diretas na aceitação social dos indivíduos quando se faz referência à sociedade contemporânea, no quesito “estética”.

Diversos fatores influenciam no tratamento e na prevenção da obesidade, dentre eles, destaca-se a prática regular de atividade física, pois apresenta um impacto positivo direto na saúde, além de promover uma forte relação com fatores como a perda de peso, controle da glicemia, da pressão arterial, melhora também diversos quadros de estresse emocional. Assim a atividade física se configura como um fator positivo no combate a obesidade, por apresentar forte relação com os demais fatores de risco predisponentes dessa doença (FERRAZ; MACHADO, 2008).

A prática regular de exercícios físicos diminui o risco de doenças crônico degenerativas, portanto é de extrema importância que programas relacionados à prevenção e controle da obesidade que visem práticas corporais sejam oferecidos gratuitamente a essa população tão necessitada, priorizando o acesso e também a incorporação de hábitos saudáveis de vida e alimentação, já que são poucas as ações com esses objetivos e atuações. Juntamente com os usuários dos serviços de saúde, os profissionais devem assumir sua função na construção de um plano de atividades, na busca de práticas alternativas capazes de produzir respostas aos problemas de saúde da população.

O caminho para esta estratégia exige a necessidade de atuação multi-interdisciplinar nos serviços de saúde, nos quais o processo saúde/doença seja permeado pelo olhar integrado e sincronizado com os hábitos socioculturais das populações. Considerando que o aumento de obesidade no Brasil esteja entrelaçado com as políticas

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de desenvolvimento, é fundamental descobrir um caminho capaz de remodelar as práticas de saúde, alimentação, hábitos e estilos de vida (PINHEIRO; FREITAS; CORSO, 2004).

Como lembra Carvalho (2006), as práticas corporais ocupam um espaço interessante para auxiliar com o cuidado e a atenção em saúde. Estas ampliam as possibilidades de encontrar, escutar, observar e mobilizar as pessoas adoecidas para que, no processo de cuidar do corpo, elas realmente construam relações de vínculo, sejam autônomas, inovadoras e socialmente inclusivas de modo a valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convivência e de produção de saúde que podem ser os parques, as praças e as ruas.

Dentre os diversos aspectos sublinhados pela autora, vale ainda ressaltar que as práticas corporais se constituem na cultura corporal dos povos, e se referem ao homem em movimento, aos seus gestos, aos seus modos de se expressar corporalmente. Nesse sentido, agregam as mais diversas formas do ser humano se manifestar por meio do corpo e consideram as duas racionalidades: a ocidental, composta por ginásticas, modalidades esportivas e caminhadas e a oriental, composta por tai-chi, yoga e lutas, entre outras (CARVALHO, 2006).

Portanto, este trabalho justifica-se pela importância em se desenvolver programas voltados à promoção de saúde, englobando diversas práticas corporais, e tem como objetivo analisar a efetividade de uma intervenção com práticas corporais em um grupo de mulheres com sobrepeso e obesidade da UNICENTRO campus Irati-PR

2. Metodologia

O presente estudo caracteriza-se como descritivo, pois preocupa-se com o status, e seu valor tem como base a premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio de descrição objetiva e completa. O estudo caracteriza-se como do tipo experimental, pois tentará estabelecer relações de causa-efeito entre as variáveis investigadas (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007).

O grupo foi composto por cinco indivíduos funcionários da Universidade Estadual do Centro Oeste, caracterizando-se por mulheres com sobrepeso e obesidade que não praticavam atividade física regularmente como forma de lazer. Todos os sujeitos que participaram do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, estando ciente de todos os procedimentos referentes à pesquisa.

Os indivíduos foram submetidos a um programa diversificado de práticas corporais por dez semanas, totalizando 26 sessões dividas em: cinco sessões de caminhada, três sessões de circo, três de karatê, duas de atletismo, três de musculação, quatro de dança, quatro de jogos desportivos e duas sessões de pilates. As aulas foram ministradas por profissionais diferentes para cada modalidade, que foram desenvolvidas aleatoriamente com frequência semanal de três dias e duração de 50 minutos.

As variáveis coletadas se constituíram em medidas antropométricas e amostras sanguíneas. As coletas dos dados antropométricos foram realizadas no laboratório de fisiologia do exercício da Universidade antes das dez semanas de intervenção. Este procedimento constituiu em aferir massa corporal, estatura e circunferência de cintura, calculando assim o índice de massa corporal (IMC) com objetivo de caracterização antropométrica do grupo (PETROSKI, 2009). Foram utilizados equipamentos disponibilizados pela Universidade, sendo balança da marca Welmy para aferir a massa corporal e fita métrica da marca Cardiomed – 200 cm escalonada para mensurar a estatura e a circunferência da cintura.

As amostras sanguíneas foram coletadas por uma equipe de técnicos qualificados antes e após o período de intervenção no laboratório escolhido. A coleta das amostras sanguíneas foi realizada após um jejum de doze horas e analisou as seguintes variáveis bioquímicas: colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol, triglicerídeos (TRI) e

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glicemia. O procedimento consistiu em coletas em tubos de 5 ml até 10 ml em duplicata com gel separador se soro e foram analisados através do método calorímetro/enzimático.

Primeiramente foram analisados os comportamentos individuais para cada variável por meio de gráficos que representam as alterações dos valores ao longo do tempo. Essa análise permitiu identificar variáveis com comportamentos semelhantes entre os indivíduos do grupo e variáveis com comportamentos distintos. A partir desses resultados, para as variáveis que apresentaram comportamentos semelhantes ao longo do tempo foi aplicado um teste t pareado entre os valores encontrados no início e depois do período de intervenção, com nível de significância de 5% (p<0,05).

3. Resultados e discussão

A partir dos resultados encontrados foi possível perceber diferenças nos comportamentos das variáveis clínicas entre os participantes do estudo, por isso optou-se por realizar a análise individual destes dados.

3.1 Perfil glicêmico

O exercício contínuo realizado em intensidade moderada é capaz de induzir um efeito inibitório na via glicolítica e aumentar a produção de energia pela via oxidativa, promovendo assim a diminuição da utilização da utilização do glicogênio, aumento da oxidação de lipídios e manutenção da glicemia. Além disso, o exercício moderado promove um equilíbrio na taxa de mobilização e utilização da glicose como substrato energético, mantendo a glicemia sanguínea em níveis normais (SILVEIRA; DENADAI, 2002).

Os resultados dos níveis de glicemia levando em consideração os comportamentos obtidos antes e após a intervenção estão descritos na Figura 1:

Figura 1 - Perfil de glicemia dos sujeitos pré e pós intervenção

Fonte: Pesquisa de campo (2011)

Apesar de apenas o sujeito 2 do grupo ter apresentado valores mais elevados de glicemia em relação aos outros sujeitos, alguns estudos comprovam as alterações benéficas que o exercício proporciona ao metabolismo da glicose tanto em sujeitos diabéticos quanto em obesos (ROCCA et al., 2008).

De acordo com a figura 1, pode-se notar que os sujeitos 1, 2 e 5 apresentaram um aumento nos níveis de glicemia ao final das intervenções. Diferentemente do presente estudo, Ross et al. (2004) verificaram que o exercício físico sem restrição calórica foi associado a reduções significativas na gordura total, gordura abdominal e visceral e glicemia em mulheres obesas.

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Assim como no presente estudo, no estudo de Rocca et al. (2008) as mulheres também foram orientadas a não realizar mudanças bruscas na rotina alimentar durante o programa, 22 mulheres foram submetidas a um programa de exercícios físicos durante três meses, três vezes por semana, e ao final da intervenção verificou-se que a glicemia na situação de jejum sofreu redução significativa, o que difere dos achados do presente estudo.

Já os comportamentos apresentados pelos sujeitos 3 e 4 foram similares aos encontrados por Silva e Lima (2002) que estudaram 33 sujeitos diabéticos que foram submetidos a dez semanas de exercícios aeróbicos e de resistência muscular localizada. Ao final do estudo, observou-se que o exercício apresentou um efeito benéfico com relação à glicemia, de forma aguda e crônica.

3.2 Triglicerídeos

Embora vários estudos investiguem o efeito de nutrientes isolados ou apenas da prática de exercícios físicos sobre o perfil lipoprotéico plasmático, a abordagem simultânea da nutrição e atividade física é importante, pois engloba grande parte das mudanças de estilo de vida necessárias ao controle das dislipidemias e, consequentemente, a prevenção e doenças cardiovasculares (FAGHERAZZI; DIAS; BORTOLON, 2008). Entretanto, a prática regular de exercícios sem a intervenção concomitantemente na dieta pode reduzir por volta de 3,7% de triglicerídeos (PINTO; MEIRELLES; FARINATTI, 2003).

Através da Figura 2, podem ser observados os resultados encontrados no presente estudo para os níveis de triglicerídeos antes e após a intervenção, para cada um dos sujeitos analisados:

Figura 2 - Perfil de triglicerídeos dos sujeitos pré e pós intervenção

Fonte: Pesquisa de campo (2011)

Pode-se observar que os sujeitos 1, 2 e 4 apresentaram diminuições nos níveis de triglicerídeos ao final das intervenções, o que condiz com os resultados de um est udo recente realizado por Mello et al. (2010) onde avaliaram os efeitos de um programa de caminhada sobre parâmetros biofísicos em 78 mulheres com sobrepeso, divididos em grupo experimental e grupo controle. Os autores observaram uma redução significativa nos níveis de Triglicerídeos no grupo experimental, enquanto no grupo controle todas as outras variáveis tiveram um aumento significativo.

Já os sujeitos 3 e 5 não obtiveram os níveis de triglicerídeos expressivamente atenuados, estando de acordo com o estudo de Fagherazzi, Dias e Bortolon (2008) que não verificou redução expressiva nos níveis de triglicerídeos tanto no grupo que realizou a

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prática exclusiva de exercícios físicos quanto no grupo que realizou exercício associado à dieta.

3.3 Colesterol total

Indivíduos com excesso de peso têm maior propensão a alterações cardiovasculares decorrentes da maior deposição de gordura corporal geral e na região abdominal, como a elevação da pressão arterial (PA), e do perfil lipídico e seus componentes, como o Colesterol Total – CT (SILVA, 2010). Conforme o estudo de Pinto, Meirelles e Farinatti (2003) a prática de exercícios sem intervenção simultaneamente na dieta procede em reduções por volta de 1,0% no colesterol total.

Os resultados encontrados para a variável colesterol antes e após a intervenção, para cada um dos sujeitos analisados podem ser observados na Figura 3:

Figura 3 - Perfil de colesterol total dos sujeitos pré e pós intervenção

Fonte: Pesquisa de campo (2011)

A partir da análise da cada um dos sujeitos, pode-se perceber que somente o sujeito 1 e o sujeito 3 não apresentaram reduções nos níveis de colesterol total. Corroborando, Silva e Lima (2002) avaliaram 33 sujeitos que passaram por um programa de exercício físico durante dez semanas, após o período de intervenção os participantes da amostra foram reavaliados e não foram encontradas alterações significativas no colesterol total.

Já os sujeitos 2, 4 e 5 apresentaram reduções nos níveis de colesterol total ao final das intervenções. Um estudo recente encontrou resultados semelhantes aos do presente estudo ao analisar a evolução do perfil lipídico entre três e seis meses, de 30 indivíduos, divididos em dois grupos: grupo exercício (pratica de exercício físico) e grupo dieta (pratica de exercício físico associada à intervenção nutricional). Foram encontradas reduções estatisticamente significativas no Colesterol Total (–14,4 mg/dl) para os componentes do grupo exercício. Já no grupo do exercício físico associado à dieta, o Colesterol total também diminuiu (–8 mg/dl), porém, não foi estatisticamente significativo (FAGHERAZZI; DIAS; BORTOLON, 2008).

3.4 LDL - colesterol

Altas concentrações de LDL – colesterol isoladas são conhecidas por serem um importante fator de risco para a aterosclerose, e sua associação com os demais fatores de risco torna-se extremamente arriscada ao influenciar o aumento do perigo e a meta lipídica adotada para a prevenção de doenças cardiovasculares (RIQUE; SOARES;

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MEIRELLES, 2002.) A maior parte dos estudos tem demonstrado modificações benéficas nos níveis e composição química de LDL-colesterol, após um programa de exercícios aeróbios com diferentes intensidades, durações e frequências, realizadas por indivíduos de variadas faixas etárias e níveis de aptidão cardiorrespiratória (PRADO; DANTAS, 2002).

Na Figura 4 podem ser observados os comportamentos dos níveis de LDL-colesterol de cada sujeito:

Figura 4 - Perfil de HDL dos sujeitos pré e pós intervenção

Fonte: Pesquisa de campo (2011)

Dos cinco sujeitos, pode-se observar que apenas o sujeito 1 apresentou os níveis de LDL aumentados, sendo que os sujeitos 2, 3, 4 e 5 apresentaram uma redução nos níveis de LDL após o período de intervenção conforme pode ser observado na figura 4.

Os exercícios aeróbicos realmente desencadeiam reações positivas no perfil lipídico, mas ao serem associados com dieta são capazes de produzir mais efeito, ou seja, atuam no melhor funcionamento dos processos enzimáticos envolvidos no metabolismo lipídico, havendo uma diminuição das partículas pequenas e densas de LDL-colesterol e um aumento do seu tamanho médio em comparação com os de baixa intensidade que mostraram benefício principalmente em indivíduos sedentários e com sobrepeso ou obesidade onde ocorreu perda de peso concomitante (WISNESKY; LIBERALI, 2008).

3.5 HDL - colesterol

A atividade física exerce uma ação favorável sobre o perfil lipídico, principalmente nos casos de níveis diminuídos de HDL-colesterol. Uma única sessão de exercício pode aumentar os níveis de HDL de forma fugaz, desaparecendo o efeito num período em torno de dois dias. Isso ressalta a importância da realização regular de exercício físico no combate às dislipidemias (MORAES, 2005).

Pode-se observar na figura 5, o estado de HDL de cada sujeito antes e após as 26 sessões de práticas corporais. Nota-se que todos os sujeitos apresentaram a mesma variação de comportamento, onde os valores obtidos antes da intervenção estiveram relacionados aos valores crescentes após o período das práticas corporais, devido a isso optou-se por realizar o teste t. Apesar da tendência de aumento nos níveis de HDL apresentada na Figura 5, não foram encontradas diferenças estaticamente significativas (t(4)= - 1,997; p= 0,116):

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Figura 5 - Perfil de HDL dos sujeitos pré e pós intervenção

Fonte: Pesquisa de campo (2011)

Os resultados deste estudo estão de acordo com aqueles apresentados por Rocca et al. (2008) que tinha por objetivo avaliar os efeitos do exercício físico em 22 mulheres obesas que foram submetidas a um programa de exercícios físicos durante 12 semanas. Os autores obtiveram resultados importantes relacionados ao risco de desenvolver doenças crônicas, o HDL-colesterol obteve um significativo aumento após o programa.

Corroborando com esses dados, Couillard et al. (2001) verificaram que o exercício físico regular (particularmente aeróbico) ajuda a melhorar o perfil lipopr otéico de homens com baixo HDL-colesterol, obesidade abdominal e altos níveis de triglicerídeos. Outro estudo que acorda com os resultados obtidos neste é o de Silva e Lima (2002), pois concluíram que um programa de exercício físico regular e bem orientado por dez semanas foi capaz de melhorar os níveis de HDL dos sujeitos.

O estudo de Zmuda et al. (1998) comparou os efeitos de um programa de exercícios físicos, com duração de 12 meses, nos níveis de HDL de homens com concentrações iniciais normais e baixas. Verificaram que os indivíduos com baixo HDL inicial tiveram melhor facilidade em aumentar níveis de HDL quando comparados aos sujeitos com níveis normais de HDL no início do programa.

Segundo estudo de Mello et al. (2010) houve um aumento significativo no HDL dos sujeitos do grupo experimental que foram submetidos a um programa de caminhada por doze semanas, observando no grupo controle um aumento significativo de outras variáveis.

Tais achados estão de acordo com os de Monteiro et al. (2007) que encontraram em seu estudo uma redução significativa dos níveis de HDL de 16 mulheres submetidas a quatro meses de um programa de exercícios aeróbios e de alongamento, e ressaltam que associando a um controle nutricional, poderiam ter encontrado uma melhora das características físicas e perfil lipídico, em geral.

Corroborando com os dados obtidos no teste t deste estudo, Monteiro et al. (2007) encontraram que embora a média do grupo não tenha mostrado um aumento significativo (11%, p > 0,05) nos níveis de HDL-C, uma resposta individual de treinamento físico foi demonstrado com uma correlação significativa entre valores de base de HLD-C e alterações de HDL-C pós-exercício, o que significa que pacientes que apresentaram níveis de HDL-C menores ao início do programa obtiveram maiores benefícios do treinamento físico (r = 0,6373, P < 0,05). Os autores consideram que os indivíduos que apresentaram valores alterados usufruíram dos maiores benefícios do exercício.

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4. Conclusão

Ao observar o comportamento individual em todas as variáveis percebe-se que os sujeitos apresentaram variâncias entre elas. O sujeito 1 aumentou os níveis de HDL e diminuiu somente os níveis de triglicerídeos. O sujeito 2 apresentou melhoras em quatro das cinco variáveis analisadas, sendo os níveis de glicemia aumentados ao final da intervenção. Já o sujeito 3 apresentou melhoras em três das cinco variáveis, sendo que os níveis de colesterol total e triglicerídeos aumentaram após as práticas corporais. Destaca-se então, o sujeito 4, que obteve diminuição nos valores de glicemia, triglicerídeos, colesterol total e LDL-colesterol além de manter estável os níveis de HDL. O sujeito 5 obteve diminuição nos níveis de colesterol total e LDL-colesterol, aumentando os níveis de HDL-colesterol. Analisando individualmente cada sujeito pode-se destacar o sujeito 4, que apresentou melhora em todas as variáveis, e que pode ter sido influenciado pela frequência nas práticas corporais, alimentação adequada, e hábitos de vida saudáveis.

Conclui-se que houveram diferenças nos comportamentos individuais das variáveis clínicas entre os participantes do estudo, sendo que somente para os níveis de HDL houve a mesma variação de comportamento dos sujeitos. Contudo, mesmo existindo tendência de aumento nos níveis de HDL, não foram encontradas diferenças significativas. No entanto, acredita-se que avaliações com número maior de indivíduos poderiam ter detectado diferenças significativas devido ao comportamento semelhante entre os participantes ao longo do tempo.

As outras variáveis apresentaram comportamentos distintos, variando de sujeito para sujeito, e provavelmente o que contribuiu para as modificações não significativas no perfil lipídico se dê pelo fato de que o presente estudo não realizou um acompanhamento nutricional, o que certamente teria influenciado em comportamentos semelhantes e reduções significativas. Além disso, o grupo possuía estilos de vida, alimentação, peso e condições de vida diferentes, sendo complexo controlar todas essas variáveis. Em contrapartida, ao analisar individualmente cada sujeito pode-se destacar o sujeito 4, que apresentou melhora em todas as variáveis, e que pode ter sido influenciado pela frequência nas práticas corporais, alimentação adequada, e hábitos de vida saudáveis.

A partir do exposto surge a importância em se discutir aspectos que visem novos olhares para os programas de práticas corporais, pensando em disponibilizar à população além de qualidade de vida, novas experiências e aprendizados, acima de tudo, oportunidade, que muitas vezes é o que lhes falta.

Conclui-se que, que a diversidade das práticas corporais está relacionada a um aumento nos níveis individuais e do grupo de HDL, sendo este um dos fatores que pode vir a facilitar a inclusão dos mesmos hábitos de vida após o final da intervenção, auxiliando na manutenção da saúde dos sujeitos.

A partir do exposto, sugere-se que os profissionais da saúde e pesquisadores desviem seus olhares, para a quantidade de práticas corporais possíveis de serem inseridas em programas onde o foco é a promoção de saúde, e não apenas para o que já se está habituado, como a caminhada. Sendo assim, é necessário compreender e por em prática essas intervenções, visando à minimização de grandes problemas de saúde pública como a obesidade.

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