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Serviço. Abrir as portas do mercado profissional requer um longo trajeto: técnica, talento, dedicação e sorte fazem parte desse caminho

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Academic year: 2021

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Abrir as portas do mercado profissional requer um longo trajeto: técnica, talento, dedicação e sorte fazem parte desse caminho

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uando decidiu ser fotó-grafo profissional, Wel-lington Nemeth traba-lhava em uma empresa aérea. Fez um acordo com a companhia e o dinheiro da indenização ele in-vestiu na primeira câmera. Já Do-rival Zucatto, formado em Psico-logia e Serviço Social, conseguiu a primeira câmera profissional propondo a compra de uma Zenit do amigo que havia sofrido um acidente de moto e precisava de dinheiro para consertá-la. Os dois são hoje reconhecidos, respecti-vamente, na fotografia social e de moda. Mas até abrirem as portas que levam ao mercado profissio-nal tiveram que, além de investir em equipamento, fazer assistência para fotógrafos renomados, ter bons contatos e batalhar para o desenvolvimento técnico.

Desde o momento em que se descobre o gosto pela fotografia até passar a exercê-la de modo profissional há muitas portas para serem abertas e um grande cami-nho a ser percorrido, que pode

incluir desde a frequência em cur-sos livres e a ajuda de um bom profissional até o aprendizado in-dividual por meio de muito treino. Entretanto, após desenvolver-se na área, é necessário ainda frentar mais um obstáculo: a en-trada no mercado. Para isso não há receita pronta, mas uma série de ingredientes como dedicação, persistência, conhecimento, ta-lento, sorte, paciência, senso de oportunidade, ética, entre outros. O segredo é misturar pelos menos três desses ingredientes para criar a sua própria fórmula de sucesso.

Para começar, fotografe

Em todas as áreas da foto-grafia, quem contrata exige sem-pre que seja asem-presentado um bom portfólio, mas engana-se quem pensa que é necessário es-tar no mercado para produzi-lo. Aqueles que planejam se tornar profissionais devem estar sempre fotografando. “Não adianta achar que é fotógrafo sem ter fo-to para mostrar. E, para isso, tem

que fotografar”, indica Thales Trigo, diretor da Fullframe Es-cola de Fotografia e ex-coorde-nador do Bacharelado em Foto-grafia do Senac-SP.

O fotojornalista Gustavo Roth, editor-adjunto de fotografia da Folha de S. Paulo, diz o mesmo. Para ele, o candidato não pode deixar de fazer fotojornalismo só porque não está no mercado. Fe-lipe O'Neill, que, aos 23 anos, é fotojornalista do jornal O Dia, sugere: “Quem está começando não pode dizer 'ninguém está me pautando, então não tenho feito nada'. É muito importante se pau-tar. Tudo pode ser fotografado e até se tornar uma pauta”,

No entanto, não é só no fo-tojornalismo que é possível foto-grafar sem fazer parte do merca-do. Na fotografia de moda, entrar em contato com agências de mo-delo e com maquiadores para fa-zer uma produção por conta pró-pria, frequentar desfiles e fazer contatos com estudantes de moda, que geralmente precisam de

fo-POR NATÁLIA MANCZYK

Confira dicas para entrar no mercado dadas por

quem contrata ou ensina e por quem já chegou lá

profissional

Caminhos para se tornar um fotógrafo

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tamento, melhor esperar. Na fo-tografia de publicidade, ele tem de saber também que será um exe-cutor. Se quiser criar, a moda dá mais liberdade”, afirma. O fato de ter montado um estúdio deu visibilidade ao trabalho de Ga-briel. “Pude ter o meu espaço e o meu equipamento para pirar. Mas montei sem saber nada. Pesquisei como montava e fui em frente”, conta.

Assistência na moda

Na fotografia de moda e pu-blicidade, uma boa porta de en-trada ainda é ser assistente de bons fotógrafos. “O iniciante acaba tendo contato com os pro-blemas que ocorrem na produ-ção da foto. E mesmo sendo o fotógrafo quem os resolve, dá para aprender”, explica Dorival Zucatto, que foi assistente do fotógrafo de moda Danilo Rus-so. Alex Villegas, atualmente professor do Instituto Interna-cional de Fotografia, escola de Danilo Russo, também foi assis-tente desse mesmo fotógrafo.

“Para estudar fotografia a fundo como queria, eu era obri-gado a trabalhar com isso”, jus-tifica ele. Villegas sempre se in-habilidade. É melhor iniciar pela

fotografia editorial”, sugere o fotógrafo Cristiano Burmester, diretor da Abrafoto – Associação Brasileira dos Fotógrafos de Pu-blicidade.

Formado em Rádio e TV, Ga-briel Wickbold, 25 anos, aprendeu fotografia de modo autodidata. Hoje tem um trabalho autoral que lhe deu projeção no meio artístico, da moda e da publicidade. “O mercado de publicidade é o mais perfeccionista. Se o fotógrafo tem dúvidas quanto à técnica e ao tra-tógrafos para suas produções, são

algumas das opções. Também não é um empecilho a falta de um es-túdio: as produções podem ser externas e vale se basear no tra-balho de um fotógrafo que você admire, apoiando-se na luz e no posicionamento usado por ele, mas tentando ao máximo colocar personalidade no trabalho.

Já na publicidade, que exige um conhecimento mais técnico, os profissionais indicam come-çar em outra área. “Além de téc-nica, exige bom equipamento e

O fotógrafo Alex Villegas foi designer e trabalhou em uma multinacional de produção gráfica antes de decidir ser fotógrafo profissional e trabalhar com moda

Alex Villegas

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Zucatto e Villegas, ensina: “Nas cidades onde há pouca chance de ser assistente de alguém mais ex-periente, um bom começo é fazer books de parentes, amigas ou co-nhecidas. É um treino para dirigir modelos e estudar poses. Ler ar-tigos e ver fotos em revistas espe-cializadas, ter referências, ir a ex-posições, estudar os mestres da fotografia... Tudo isso é impor-tante para quem quer se tornar um profissional, em qualquer área da fotografia”.

Wellington Nemeth, há seis anos assistente do fotógrafo Mauro Holanda, também desen-volveu no período tanto a técnica quanto o atendimento. “Como nunca fiz um curso de fotografia, absorvi muito como assistente. Aprendi sobre usar a lente certa na hora certa, filtros, temperatura de cor, técnica do olhar, compo-sição, luz, produção e pós-aten-dimento na prática, sem contar a infinidade de livros que há no “Eu estava me arriscando na

fotografia comercial e sentia fal-ta de um conhecimento técnico e artístico. Decidi trabalhar com o Danilo Russo”, conta Villegas. Depois de um ano e meio, ele sentiu que havia alcançado o ní-vel que desejava e trilhou um caminho individual. Segundo ele, ainda hoje recebe dicas de Danilo. “Ele olha meu portfólio e dá conselhos. O fotógrafo para o qual o iniciante dá assistência pode se tornar uma espécie de mentor. É uma pessoa para con-fiar para toda a vida. Outra van-tagem de ser assistente é que o iniciante pode se focar, se apro-fundando na vertente do fotó-grafo, o que não acontece com um curso livre. Além disso, quem foi assistente consegue en-carar o cliente com mais natu-ralidade do que quem ainda não teve contato com o mercado”, cita.

Danilo Russo, o mentor de teressou por fotografia, mas até

exercê-la profissionalmente teve um caminho diferente: “Come-cei por outra ponta na fotogra-fia, o tratamento de imagem”, diz. Ele iniciou a carreira como designer e trabalhou em uma multinacional de produção grá-fica. Depois de entrar em uma lista de discussão sobre fotogra-fia, conheceu o fotógrafo Mar-cos Kim, especializado em tra-tamento de imagem, e, com o advento da era digital, os dois sentiram necessidade de criar uma empresa de gerenciamento de cor.

Grazielli Massafera em foto de Dorival Zucatto: ele trabalhava como funcionário público e atuava como assistente de estúdio à noite e nos fins de semana para aprender os macetes da profissão

Dorival Zucatto

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estúdio e que pude ver para ter referências”, diz.

Mas para quem ainda quer entrar no mercado, como co-nhecer grandes fotógrafos para ter a chance de trabalhar com eles? Frequentar o meio para conseguir uma rede de contatos e mostrar dedicação são algumas das maneiras. “Network é me-tade do caminho. Mas não adianta nada ter network e não ter o que apresentar”, indica Vil-legas. Na hora de buscar um fo-tógrafo para prestar assistência, ele dá uma dica: o iniciante deve procurar alguém com quem se identifique, pois o trabalho é pe-sado. “O assistente está lá para aprender por osmose. Não tem espaço para ego”, compara.

Para se manter

Apesar do grande aprendiza-do como assistente, o iniciante deve se programar para o baixo salário do serviço. Villegas preferiu ser assistente do que fazer um cur-so em Londres que havia plane-jado e, assim, usou o dinheiro guardado para se manter durante o período de grana curta.

Nemeth fazia trabalhos para-lelos como freelancer e Zucatto tinha um trabalho fixo como fun-cionário público, atuando como assistente à noite e nos finais de semana, o que ele indica: “Na mo-da, aparece muito trabalho nesse período. Eu tenho hoje um assis-tente que fica comigo à noite e nos fins de semana. Os lojistas não querem deixar de cuidar de seus negócios de moda durante a se-mana”. Para os iniciantes, uma dica é começar fotografando essas lojas mais simples, como sugere o fotógrafo de moda Mauri Gra-nado: “Você tem mais chance de ser contratado e pode ir treinando e fazendo editoriais cada vez mais elaborados para marcas maiores”. Para Zucatto, é por haver uma infinidade de níveis de lojas que, apesar do surgimento de di-versos novos fotógrafos com a tecnologia digital, há espaço para todos nesse mercado. “Tem

tra-balho para todo mundo porque há vários níveis de clientes e, as-sim, de fotografia. O mercado não está saturado”, acredita.

Vale a técnica

O mercado sofreu muitas mu-danças com o desenvolvimento da tecnologia digital. Na publi-cidade, apesar da importância de se começar como assistente, a fun-ção tem diminuído. “Como a fo-tografia ficou mais acessível, as pessoas têm queimado etapas e deixado de procurar ser assisten-tes”, diz Cristiano Burmester. Se-gundo ele, a era digital mudou também a forma de se produzir: “Gasta-se menos com produção

porque existe a ajuda do digital e a fragmentação das mídias, em que uma imagem agora pode ser pensada para internet”.

No mercado atual, ele observa que a concorrência é grande, prin-cipalmente em São Paulo, pois os clientes querem pagar menos, o Wellington Nemeth é assistente

de Mauro Holanda: “Absorvi muito como assistente dele. Aprendi composição e produção na prática”

We lli ng to n N em et h Mauro Holanda

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que dificulta a procura por um trabalho diferenciado e aumenta a concorrência. Para quem ima-gina que o fotógrafo de publici-dade é o que tem maior retorno financeiro, Burmester comenta: “O fotógrafo de publicidade ga-nha proporcionalmente ao custo de sua produção. Quanto maior a produção, maior será o retor-no”. Ele indica para os iniciantes que, além de apresentarem o tra-balho no Flickr, em blogs ou sites, tenham contatos e sejam mais po-livalentes, isto é, entendam tam-bém de itens comerciais como as burocracias para a aprovação do

trabalho e prazo de pagamento. “Também é preciso ter muita técnica, entender bem de estúdio e ter muita paciência e jogo de cintura”, sugere a fotógrafa Paola Vianna, da agência Lew’Lara. Esse perfil é bastante necessário para o fotógrafo de publicidade, pois ele tem menos liberdade para criar e deve cumprir exatamente o que foi determinado pelo cliente. “Não é fácil fotografar com al-guém dirigindo sua luz o tempo todo. Se o cara encana que quer o suor da garrafa com a gota um pouco menos redonda, você tem que cumprir”, exemplifica.

Paola é formada em Publici-dade e aprendeu fotografia sozi-nha, no estúdio da redação das revistas Época e Quem, onde tra-balhou por dois anos e meio na seção de fotografia, pautando os fotógrafos e editando. “Dentro da redação, comecei a fazer as-sistência e a fotografar coisas pe-quenas, produto. Eu não tinha muita noção. Ia mexendo ou per-guntando”, lembra ela, que apesar de formada em Publicidade, não se identificava com o curso e sem-pre procurou outra área para tra-balhar. “Fazia essas produções pe-quenas, mas queria começar a

fo-Fotos para publicidade feitas por Paola Vianna: ter conhecimentro técnico e jogo de cintura são, segundo ela, algumas das exigências para um fotógrafo trabalhar na área

Fo to s: P ao la V ia nn a Autorretrato

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tografar mais. Um diretor de arte da revista me apresentou para o renomado André Schiliró. Como a assistência não era remunerada, trabalhava na revista de manhã e com ele à tarde”, conta. Depois de três meses com Schiliró, uma amiga que trabalhava na Lew'La-ra a indicou paLew'La-ra a vaga. “Ela me disse que o Luiz Moretti, que tra-balhava na agência, estava tro-cando de equipe e precisava de assistente. Hoje ele tem estúdio próprio, mas eu continuei na Lew’Lara. Fazer assistência é a melhor escola”, diz.

Paola é fotógrafa no estúdio da própria agência, o que é co-mum em grandes da área. “A van-tagem é que conseguimos apre-sentar para o cliente um projeto mais concreto e viabilizá-lo com um custo mais baixo. A empresa consegue produzir com custo até 50% menor, sem precisar gastar com aluguel do equipamento, do estúdio e o custo do fotógrafo”. Com estúdios na agência, ela

de-senvolve trabalhos não mais ra-fiados, mas sim “layoutados” – segundo o jargão publicitário – com a foto muito próxima do que será o produto final.

Segundo Paola, no mercado atual o cliente cobra que o pro-jeto seja apresentado dessa ma-neira. Assim, é importante que o fotógrafo de publicidade te-nha a capacidade de visualizar o produto final em partes. “Nós fotografamos o fundo e os pro-dutos separados. Ele tem que conseguir enxergar a imagem recortada”, explica.

Formação universitária

As exigências para a entrada no mercado também mudaram quando se trata de fotojornalis-mo. Se antigamente era mais mum haver fotógrafos que co-meçaram como auxiliar no labo-ratório, motorista ou mesmo ser-vente do jornal, hoje os editores exigem que o fotojornalista tenha curso superior. “A fotografia

atualmente cobre assuntos mais frios, tem mais retratos e precisa de mais análise. O fotógrafo pre-cisa ter conhecimento e referên-cia, saber buscar informação e ver publicações estrangeiras. Se ele tem curso superior, é acostu-mado a isso”, explica Gustavo Roth, da Folha de S. Paulo. “A preferência é por formação em Jornalismo para que o fotógrafo tenha conceito de ética, de como funciona o jornal e de que tem sempre que ouvir o outro lado na reportagem”, complementa.

O editor de fotografia do jor-nal gaúcho Zero Hora, Ricardo Chaves, resume: “Quem quer entrar no fotojornalismo deve ter no mínimo formação univer-sitária. Desses com curso supe-rior, é melhor quem for esperto. Desses, com curso superior e es-pertos, é melhor quem tenha co-nhecimento multimídia e, desses, é melhor ainda quem fale outros idiomas. Mas não basta ter tudo isso se o fotógrafo não souber se O editor-adjunto de

fotografia da Folha

de S.Paulo, Gustavo Roth (de óculos), com parte da equipe do jornal: formação superior, saber buscar a informação e trazer boas pautas são algumas das exigências para os fotojornalistas

Silvia Zamboni\F

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comportar nas relações humanas. Trabalho jornalístico é trabalho de equipe”.

Aos 59 anos, Kadão, como é apelidado, acompanhou as mui-tas mudanças na profissão. Ele diz que atualmente está sendo exigido ainda que o fotógrafo es-teja na internet e que se manifeste também por meio do vídeo e, pa-ra isso, domine softwares de edi-ção e entenda de cinema. Ele ob-serva também que hoje os fotó-grafos estão tendo menos

opor-Protesto contra a invasão de um casarão na cidade do Rio de Janeiro em foto de Felipe O’Neill: ele começou cedo na profissão e acredita que qualquer iniciante pode correr atrás de boas pautas

Kadão, editor de fotografia do jornal gaúcho Zero Hora(à dir.), junto com parte dos fotógrafos

Omar F reitas Autorretrato Fe lip e O 'N ei ll

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tunidade para fazer uma pauta na rua devido ao alto custo e à faci-lidade de se conseguir fotos de amadores que tenham registrado o fato.“Antigamente, bastava estar na redação para sair e voltar com histórias interessantes. Hoje, o fotógrafo está desafiado a ele mes-mo se propôr a fazer uma pauta interessante”, ensina.

Outra mudança é a observada por Roth: “O fotógrafo era muito preocupado com a foto de capa. Hoje, ele tem que pensar que a foto pode ser publicada na capa do caderno, pode ser uma foto interna ou ter um corte diferente se entrar um anúncio. Ele deve trazer várias opções de corte e de cena. Tem que lembrar que é um ensaísta e deve buscar o entorno do fato e personagens”.

O jovem Felipe O’Neill tam-bém enxerga essa tendência. “O mercado está cada vez mais sufo-cado pela quantidade de gente. Temos que explorar e criar cada

vez mais. É importante identificar quem são as pessoas importantes na mídia, saber os cargos de cada um, sugerir pauta e trazer alguma história interessante que tenha visto na rua”. Quando pretendia entrar no fotojornalismo, ele cos-tumava fazer pautas por conta própria, pedir a opinião de pro-fessores e fotógrafos sobre suas fotos e ver livros de fotografia. “No carnaval, em vez de me di-vertir, ia fotografar para treinar. Como não tinha credencial para entrar na Sapucaí, fotografei os blocos de rua do Rio de Janeiro e, como não podia entrar no Ma-racanã, fotografei os jogos da série B. Quando conseguia entrar nos eventos, ficava observando a pos-tura dos fotógrafos e como usa-vam as lentes”, ensina.

É o que está fazendo Bruno Pini, que, formado em Jornalismo desde 2009, está tentando entrar no fotojornalismo. Nascido em Cuiabá (MT), ele se interessou

por fotografia na faculdade e, ao se formar, se mudou para São Pau-lo em busca de mais mercado na fotografia e de uma pós-gradua-ção relacionada a jornalismo. “Trabalho com marketing, faço assessoria de imprensa e fotografia como freelancer. Mas quero mes-mo ser fotojornalista”. Para trei-nar, ele tem fotografado por conta própria shows, cenas da cidade, esporte e uma greve de professo-res da rede estadual que acabou em confronto com a polícia. Para se aprimorar na técnica, ele fez curso de fotografia na escola Full-Frame. “O curso foi fundamental. Ser autodidata é tentativa e erro, Acima, foto de artista de rua feita por Bruno Pini, que planeja ser fotojornalista: buscar pautas por

conta própria nas ruas é uma opção para quem quer ganhar experiência para entrar no mercado

Bruno Pini

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mas com a formação na escola a gente aprende a pensar muito an-tes de fotografar. Estou planejan-do fazer cursos complementares, como de flash externo e estúdio”, conta.

Cursos livres

Os cursos livres têm sido bas-tante procurados por quem quer se profissionalizar em fotografia. A partir de junho de 2010, a es-cola paulista Focus passou a ofe-recer certificação profissional em fotografia e, desde então, 80% dos alunos que procuram a Focus têm o interesse em se profissio-nalizar. Enio Leite, diretor da es-cola, conta que grande parte dos interessados tem formação supe-rior, inclusive em Fotografia. “O curso serve como uma comple-mentação. É como quem faz Di-reito e quer ser juiz. Precisa fazer um curso mais específico e prestar concurso público. Mesmo com quatro anos de faculdade, ele não estudou aquilo com tanta pro-fundidade”, compara.

Para que os alunos tenham um maior apoio para entrar no mercado, a escola oferece um fó-rum, onde ex-alunos e empresas podem anunciar a procura por profissionais. “Vários dos nossos alunos já conseguiram emprego em fotografia dessa forma”. O professor também indica um ra-mo onde há mercado: os órgãos públicos. “Prefeituras, polícias ci-vis, secretarias do meio ambiente e procuradorias públicas têm pre-cisado de fotógrafos”, diz. Para quem pretende continuar traba-lhando com fotografia analógica, a área é uma opção. “Os órgãos públicos usam muito a fotografia analógica, pois precisam confir-mar a autenticidade das provas”, explica. A escola oferece simula-dos para as provas de concurso público que, segundo o professor, têm metade das questões sobre fotografia analógica e a outra me-tade, sobre fotografia digital.

A maior procura pela profis-sionalização foi observada tam-bém na FullFrame, outra escola

O diretor da escola de fotografia FullFrame, Thales Trigo, durante aula: para ele, os bacharelados em Fotografia também são úteis para a profissionalização, desde que bem organizados

Abaixo, Enio Leite (de blusa marrom) na escola Focus, que oferece certificação profissional

Fo to s: A ng el a A gi ar Oswaldo Corneti

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que oferece curso profissionali-zante, dirigida por Thales Trigo, que durante 15 anos foi coorde-nador dos cursos de Fotografia do Senac-SP e por um ano, da Pa-namericana Escola de Arte e De-sign. Thales alerta para o fato de que os interessados na profissio-nalização já têm uma graduação. Para ele, isso se deve ao fato de que hoje as pessoas têm mais co-ragem de mudar de profissão. Acredita que os bacharelados são muito úteis para a formação do fotógrafo, porém, faz um adendo: “Para isso, as faculdades precisam ter organização e um currículo apropriado”.

O fotógrafo social Sérgio Aze-vedo, morador de Cuiabá, brigou com o pai para fazer um curso de fotografia. “Meu pai falava ‘vai fazer curso para quê? Fotografar é fácil. É só pegar a câmera e tirar foto’. Mas achei que devia seguir o que gostava. O curso é muito útil se o aluno levar a sério mesmo

e persistir. Muita gente desiste”, conta ele, que fez uma parte via internet e outra presencial, em idas e vindas entre São Paulo e sua cidade. Atualmente, Sérgio trabalha com fotos de casamento, de crianças e para redes de hotel. Em 2010, teve duas fotos selecio-nadas para publicação no site da revista National Geographic. “Co-mecei a carreira no boca a boca, fotografando gente conhecida e visitando lojas de noiva para ar-rumar clientes”, lembra.

“Antes de mais nada, deve-se ter postura e boa apresentação. O fotógrafo também deve ter uma boa conversa, ser educado e saber sua condição ali, já que ele nada mais é do que um prestador de serviço. É importante também sa-ber tirar proveito das condições mais complicadas possíveis, como condição de luz, ver o melhor fun-do para fazer a foto e saber usar a lente certa para cada ocasião”. Os conselhos são de Wellington

Nemeth para quem quer entrar na fotografia social, mas podem ser aplicados em todas as áreas da fotografia.

O fato é que o acesso à foto-grafia ficou muito mais fácil com a era digital e o grande aumento de cursos livres, ou mesmo de ní-vel superior, vem a comprovar que cada vez mais gente está in-teressada em aprender e se inserir no mercado profissional. Mas des-de os primórdios da atividades-de, os ingredientes para que cada um acerte sua própria fórmula de su-cesso continuam os mesmos: de-dicação, persistência, conheci-mento, talento, sorte, paciência... Acima, imagem de book de família feito pelo fotógrafo Sérgio Azevedo, que enfrentou idas e vindas

entre São Paulo (SP) e Cuiabá (MT) para se aprimorar com o curso de fotografia na escola Focus

Sérgio Azevedo

Referências

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