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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores RICARDO DIP (Presidente), JARBAS GOMES E OSCILD DE LIMA JÚNIOR.

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Registro: 2021.0000133142

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação / Remessa Necessária nº 1060052-53.2018.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é recorrente JUÍZO EX OFFICIO e Apelante ESTADO DE SÃO PAULO, é apelada SEBASTIANA SALES DOS SANTOS (JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 11ª Câmara de Direito

Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:

Negaram provimento ao apelo e ao reexame necessário. V.U., de

conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores RICARDO DIP (Presidente), JARBAS GOMES E OSCILD DE LIMA JÚNIOR.

São Paulo, 25 de fevereiro de 2021.

RICARDO DIP Relator

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 11 ª Câma ra de Direito Público

Apela ção Cível 10 600 52-53.201 8.8 .26 .00 53

Proce dên cia : São Pau lo

Re lator: De s. Ricard o Dip (Vo to 57.493 )

Ap ela nte : Faze nda do Estad o d e São Pau lo

Ap ela da: Se bastia na Sales dos Sa nto s

In teressada : Municip alidad e d e São Pau lo

M ED I C A M EN T O D E A L T O C U ST O . C U ST EI O PE L O PO D ER PÚ B L I C O . - A d r i a n o D E C U PI S, n o m e r e c i d a m e n t e c l á s s i c o I D i ri t t i d e l l a Pe r s o n a l i t à , l e c i o n o u q u e a t u t e l a c o m p l e m e n t a r d a v i d a , d a i n t e g r i d a d e f í s i c a e d a s a ú d e re c l a m a a g a ra n t i a d o s m e i o s e c o n ô m i c o s e f i n a n c e i r o s i d ô n e o s a p r o v e r o s c u i d a d o s n e c e s s á ri o s à p r e s e rv a ç ã o o u re i n t e g r a ç ã o d e s s e s b e n s d a p e rs o n a l i d a d e , e o b s e r v o u q u e o Es t a d o s e o b ri g a a a s s e g u r a r o f o rn e c i m e n t o d e s s e s m e i o s p a ra t o r n a r p o s s í v e l a g ra t u i d a d e d a c u ra d o s n e c e s s i t a d o s . - “ O a rt . 1 9 6 d a C o n s t i t u i ç ã o F e d e r a l e s t a b e l e c e c o m o d e v e r d o Es t a d o a p r e s t a ç ã o d e a s s i s t ê n c i a à s a ú d e e g a r a n t e o a c e s s o u n i v e rs a l e i g u a l i t á ri o d o c i d a d ã o a o s s e rv i ç o s e a ç õ e s p a ra s u a p r o m o ç ã o , p ro t e ç ã o e re c u p e ra ç ã o . O d i re i t o à s a ú d e , c o m o e s t á a s s e g u ra d o n a C a r t a , n ã o d e v e s o f re r e m b a ra ç o s i m p o s t o s p o r a u t o r i d a d e s a d m i n i s t ra t i v a s , n o s e n t i d o d e r e d u z i l o o u d e d i f i c u l t a r o a c e s s o a e l e ” ( R E 2 2 6 . 8 3 5 -ST F , j . 1 4 - 1 1 - 1 9 9 9 ) . N ã o p ro v i m e n t o d a r e m e s s a o b ri g a t ó ri a e d a a p e l a ç ã o f a z e n d á ri a . RELATÓRIO:

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se gurança contra ato do Se cre tário da Saú de do Mun icípio de Sã o Paulo, com o escopo de ob ter o gra tuito fornecime nto da s medicações so fosbuvir, da cla tasvir e

rib avirin a, necessários para a te rap ia de hep atite C

crôn ica , mal de que pa dece.

2. Co nce deu -se a med ida limin ar (e-pág s. 367 -8), e ,

n a sequ ência, emend ou-se a inicial pa ra incluir o Se cre tário da Saú de do Estado de Sã o Paulo n o p olo pa ssivo (e-pág s. 381 e 402 ).

3. A r. sen ten ça con ced eu a segu ran ça (e-pág s.

460 -5), resu lta do pelo q ual op ina ra a Promoto ria pú blica da Comarca (e-p ágs. 4 48-59).

4. Do de cid ido , a o p ar de remessa n ece ssá ria , a pelou

a Faze nda pa ulista , a rgu ind o, em sín tese, sua

ilegitimida de passiva a d causam, uma vez que , d e a cordo com o pro tocolo clínico para o trata men to de hep atite C vige nte no Siste ma Único de Saú de, a respon sab ilidad e p ela aq uisiçã o d as med ica çõe s seria d a Uniã o, cab end o a os Estado s some nte distribu í-los (e-pág s. 473 -82 ).

Não se respon deu ao re curso (e-pág . 4 97).

Ense jou -se vista do s a uto s à Procu rad oria Gera l d e Justiça (e -pá gs. 50 7-1 3).

É o relató rio em acréscimo a o d a r. sentença, con clu sos os au tos re cursais e m 2 de fe vereiro d e 2 021 (e -pá g. 502 ).

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5. O STJ, e m 2 6 d e a bril d e 2 017 , d ecidiu afeta r o

REsp 1.6 57.156 à sistemática de recurso repe titivo , e , e m consequ ência, de termin ar a susp ensão, em to do o

territó rio na cio nal, d os pro cessos qu e versem

“ob rig ato rie dad e d e forn ecimen to, pe lo Estado , d e

medicamentos não incorporados e m a tos norma tiv os do Sistema Único d e Saúd e”.

Ocorre que ao s 2 5 de a bril de 2 018 o STJ ju lgo u, sob o rito d o a rt. 1.036 do Có dig o d e p rocesso civil, o mérito do REsp 1 .65 7.1 56, fixan do a tese de qu e p ossíve l a co nce ssã o d os med ica men tos nã o inco rpo rad os em ato s

n ormativos do SUS, desde que prese nte s,

cumula tivame nte , o s requ isitos da

“(i) Compro vação, po r meio de la udo mé dico fund ame nta do e circunstan cia do exp edido por

mé dico q ue assiste o pa cie nte , d a

imprescind ibilid ade ou ne cessid ade do

me dicame nto , a ssim como da in eficácia, pa ra o tratame nto da mo léstia , d os fármacos fornecido s p elo SUS;

(ii) incapa cid ade finan ceira de arcar com o custo do med ica men to pre scrito ;

(iii) existência de reg istro na ANVISA do

me dicame nto .”

Aque la Corte mod ulo u, tod avia, exp ressamente, os efe ito s d o refe rid o a córdão , e nte nde ndo qu e “os critérios

e requis itos e stipulados s ome nte se rão ex igidos pa ra os proces sos que fore m distribuídos a partir da conclusão do prese nte julga mento”.

Em q ue pese a te rem sido distribuídos os au tos de orige m a os 4 d e d eze mbro d e 2 018 , não se aplica m, na

espécie, os critérios de finidos no julgame nto do REsp 1.6 57.156 , u ma vez qu e a s medicações aq ui postulada s

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inte gra m a Re lação nacion al de med ica men tos- Rena me 202 0, não se trata ndo , p ortanto, de med ica men tos extra lista.

Aind a q ue diverso fosse o en ten dimento, verifica-se, na espécie, o pre enchimento d os req uisito s d efinid os

no julgamento d o REsp 1.657 .15 6, para p ossíve l

concessão de med ica men to não in corporado em atos normativo s d o SUS: (a ) rela tório méd ico exibido nos au tos afirma a ne cessid ade de uso d as med ica çõe s p leitea das (e -pá gs. 29 , 5 0-1 , 5 3-6 0), (b ) restou compro vad a a in cap acidad e fina nce ira da impetran te em arcar com as de spe sas do trata men to pre scrito (e -pá gs. 10 -28 ), (c) há re gistro do s fármaco s junto à Ag ência Bra sileira d e

Vigilân cia Sa nitária Anvisa (e-pág s. 64-90, 94 -13 3 e

13 7-4 6).

6. Exibiu-se com a p etição in icial, ne ste s a uto s,

relatório mé dic o p rescre ven do o u so dos me dicame nto s

sofo sbu vir, d aclata svir e rivab irina para a te rap ia de

hep atite C crôn ica (Médicas Livia Gu ima rae s More ira Ko ga -CRM 1 48.280 , e Lu iza Fa bre s d o Carmo -CRM 15 9.4 25 -e-pág s. 29, 50 -1 e 5 3-6 0).

Esse diagn óstico mé dico n ão foi po ntu almente

a dve rsa do pelas autoridad es imp etrada s e m suas

ma nifestaçõ es (e-pág s.3 82-6, 438 -44 e 473 -82 ).

Dessa mane ira , h á p rova b astante, qua nto à matéria d e fato , p ara escorar o a juizamento d a d ema nda .

7. Ad ria no de CUPIS, no me recida men te clá ssico I

Diritti de lla pe rso nalità , leciono u q ue a tute la

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re cla ma a g ara ntia d os meios eco nômico s e finan ceiros id ône os a p rover os cuidad os necessários à p reservaçã o o u rein teg ração desses be ns da person alidad e, e o bse rvo u q ue o Esta do se obriga a assegu rar o fornecime nto de sse s meio s p ara to rna r p ossíve l a gratu ida de da cura d os necessita dos (Milã o: Dott. Giu ffrè, 197 3, p. 148 ).

Nossa Constituição Fed era l, em seu art. 196 , a firmou qu e:

“A sa úde é direito d e todo s e de ver do Estad o, garantido me dia nte po lítica s sociais e eco nômica s q ue visem à redu ção do risco de do ença e de ou tro s a gra vos e ao ace sso un ive rsa l e ig ualitá rio às ações e serviços para sua pro moção, prote ção e recupe ração”.

A ju rispru dên cia do s Trib una is sup eriore s, a d esp eito d e q ue dissid ie qua nto à nature za da norma inscrita no art. 1 96 da Con stituição Fe deral de 198 8, vale d ize r, se norma de eficác ia contida (ou restringível) o u se n orma programática, é con sen sua l e m q ue se apliqu e e la de ime dia to, po is, ainda a entend er-se progra mática , e ssa no rma

“n ão pod e converter-se em pro messa con stitucion al inconseqü ente, sob pe na de o Pode r Público , frau dan do justas expectativa s n ele de posita das pe la coletivid ade , substituir, d e mane ira ilegítima, o cump rimento d e seu imp osterg áve l d eve r, por um ge sto irrespon sável de infide lid ade go vernamental ao que de termin a a própria Lei Fu nda men tal do Estad o” (Ag R n o RE 2 71.286 -STF, j. 12 -9-200 0).

O fa to de haver, irrecusa velmen te e d e comu m, um déficit n ão só restritamente n ormativo mas, a ssim o ad vertiu Sé rvu lo CORREIA, um déficit d e p roteçã o

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n ormativa da saú de, nã o e xclui a n ece ssidad e d e q ue se assegu re de log o a prote ção co rre spo nde nte :

“A in existê ncia o u insu ficiên cia de no rma s jurídicas escritas (afirmou o p rofessor de Lisboa ) n ão dispen sa o juiz de de sco brir e ap licar o Dire ito ” (“In tro dução ao Direito d a Saúd e”, in VV.AA. Dire ito

da sa úde e bio ética. Lisbo a: Lex, 1 991 , p . 4 5).

Não faltaria até qu em pre ferisse u ma pro posita da lacuna le gislativa ne sse te ma (cf. a pa rad igmática

reflexão epilog al com o imp ressivo títu lo “Fa ut-il

lég ifé rer?” a q ue se lan çou FRANCE QUERÉ, in

L'é thique et la vie. Paris: Od ile Ja cob , p . 3 25-32).

Toda via , é avistáve l, sob retudo em Estad os nos qu ais, p or força de sua s d ime nsõ es territorial e p essoal, a vulte a p ola rid ade no Po der Ju diciário (brevitatis cau sa, GOMES Ca notilh o. Direito constituciona l e te oria d a constituição. Co imb ra: Almed ina , 2 000 , p . 5 78), o in evitável risco de a lacu na de leis supe rar-se ju dicialmen te em desarmonia variada co m o s critérios que de co mum se propõ em à

conside ração pru den cia l d o legisla dor: a sa ber,

a rticulaçõ es entre o social, o político e o ju ríd ico , o u mais ag uda men te entre a ciên cia , a ética e o d ire ito (como fe z ver MARIE-THÉRÈSE MEUL DERS-KLEIN, “La produ ction de normes em ma tiè re bio éth iqu e”, in VV.AA.. De la

bio éth iqu e a u b io-dro it. Pa ris: d ire ção de Claire Neirinck,

Lib rairie Gé nérale de Droit et de Ju rispru den ce, Pa ris, 1 994 , p . 4 3).

De toda a sorte, os direitos funda mentais e ntre o s q uais se conta o direito de ser as sis tido na

e nfe rmidade (cf. PEREZ. Rafa el Gomez. El libro de lo s

d ere cho s. Mad ri: El Drac, 19 95, p. 72 ), como d ire ito

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Nice to. Lo s d ere cho s d el hombre . Madrid: BAC, 198 0, p. 114 et sq q.) exige m o direito de jurisdiçã o (COL AUTTI. Ca rlo s. Derech os humano s. Bue nos Aires: Universida d, p. 93-5), a pon to mesmo de afirma r-se q ue, em mu ita s o casiõe s, sua tu tela “se ide ntifiq ue com os in strume nto s d e sua pro teção jud icial” (L UÑO, Anto nio En riq ue Perez.

Lo s d ere cho s fund ame nta les. Madri: Tecnos, 1 995 , p . 8 0).

A esse p rop ósito, é de Agu stín GORDILL O a gráfica referê ncia d e a priva ção de ju stiça gen era lizada pa ra a tute la dos direitos hu man os equ iva ler ao te ste mun ho de que “o re i e stá nu ” (VV.AA. De rechos hu man os. Bu eno s Aire s: Fun dación de De recho Administrativo, 19 98, p. VII-1 ).

É de Jo rge MIRANDA este registro:

“Por definição , o s d ire ito s fund ame nta is têm de

re ceb er, em Estad o d e Dire ito , p rotecção

jurisd iciona l. Só assim valerã o inte ira men te como d ire ito s, ain da que em te rmo s e graus diversos co nso ante seja m d ire ito s, lib erd ade s e ga ran tia s o u d ire ito s e con ómicos, sociais e culturais” (Man ual

de direito con stitucion al. Co imb ra: ed . Coimbra ,

1 998 , tomo IV, p . 2 32).

8. No âmbito d a legisla ção in fra con stitucion al, ap ós a

L ei n. 8.0 80, de 19 de se tembro de 19 90, dispo r ser a saúd e “um direito fund ame nta l d o ser humano , d eve ndo o Estado prove r a s cond içõ es ind isp ensáve is ao seu pleno exercício” (art. 2º), indicou en tre os ob jetivo s d o Sistema Ún ico de Sa úde -SUS

“a assistên cia às pe sso as por in terméd io de açõ es de pro moção, prote ção e recupe ração da saú de, co m a re alização integrada da s a çõe s a ssiste nciais e das atividad es pre ven tivas” (a rt. 5º, inc. III),

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e enu nciou em seu art. 7º:

“As a çõe s e se rviços pú blicos de sa úde e os serviços privad os con tra tad os ou con ven iad os que in teg ram o Sistema Único d e Saúd e (SUS), são

de sen volvid os de aco rdo co m a s d ire trizes

prevista s n o a rt. 19 8 d a Constituição Fed era l, obe decend o a ind a a os seg uin tes princípios:

(…)

II- inte gra lid ade de assistên cia , e nte ndida como conjunto a rticulado e con tín uo das ações e serviços pre ven tivos e cura tivos, in dividu ais e coletivos, e xig ido s p ara ca da caso e m todo s o s n íve is de comple xid ade do siste ma”.

Os modo s regu lares como, para a dqu irir e fo rne cer

eq uip ame nto s e xig íve is, de ve atu ar o Esta do seg und o

p revide nte plane jamento n ão pod em margin ar o d ire ito fu nda men tal de re ceb ê-los os necessita dos.

Norma p rog ramática, ou ta lve z d e a plicação ime dia ta tal o afirmo u o sa udo so Min istro FRANCIULL I NETTO, do eg. STJ (cf. REsp 212 .34 6, j. 4-2 -20 02) , a caso d e e ficácia contida (rectius: restrin gível, na re ferência de MICHEL TEMER), a d o a rt. 19 6 d a Constituição Fed era l d e 1 988 , n ão pod e, em tod o caso , ser limita da por práticas ad min istrativa s q ue, em ve z d as

diretrize s d essa n orma constituciona l, lan cem-se a

tardia s send as burocráticas, reticen tes em atend er a u m d ire ito fu nda men tal, como se arrola o da sa úde (a rt. 6º da CF-88 ), sob retudo po sta em risco ma nifesto u ma vid a h uma na, vida que é o mais no bre do s b ens da pe rso nalida de.

9. A normativa co nstitu cio nal (a rg. art. 198 da CF-88 ),

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d isp or sob re as con dições de promo ção , p roteçã o e re cup era ção da sa úde , e , a lém de ou tra s p rovidê ncias, pa ra a o rga nizaçã o e o fun cio namento d os serviços

correspon den tes fu nda m o ju ízo de so lid arieda de

competencial do s d istintos níveis do Po der Pú blico da fed era ção brasileira no que re spe ita ao fo rne cimento g ratuito d e medicamentos, po sto s o s requ isitos qu e o imperem.

É re ite rad o, a e sse propó sito, o e nte ndimen to jurisp rud encial qu e conclui se r d a

“comp etê ncia solidária entre a Uniã o, os Estado s, o Distrito Fede ral e os Mun icípio s a re spo nsa bilida de pela p restação do serviço d e saúd e à po pulaçã o, sen do o Sistema Ún ico de Sa úde co mpo sto pe los re ferido s e nte s, con forme pod e se d epreen der do dispo sto no s a rts. 1 96 e 1 98, § 1º, da Co nstitu içã o Fede ral” (REsp 6 56.296 , j. 2 1-1 0-2 004 ).

No mesmo sentido , lê-se n a e men ta de pre ced ente d a 1 ª Turma d a mesma e gré gia Co rte de Ju stiça que

“O Siste ma Único de Saú de é fina nciado pe la

União, Estad os-membro s, Distrito Fed era l e

Mu nicípios, se ndo so lid ária a re spo nsa bilida de dos re ferido s e nte s n o cump rimento d os serviços

púb licos de saú de pre sta dos à pop ula ção .

L egitimida de passiva d o Municíp io con fig ura da” (REsp 43 9.8 33, j. 28 -3-200 6).

O STF, ao julgar o mérito de re curso extrao rdinário com re percussão ge ral so bre o tema, reiterou a jurisprudê ncia d a Corte n o sentido da re spo nsa bilida de solidá ria do s e nte s fede rad os na pre sta ção de trata men to méd ico (RE 8 55.178 , j. 3 -5-201 5).

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a fa culdad e d e e sta belece r a me tód ica de co mpe nsa ção

do s d isp ênd ios co rre spo nde nte s, não se au toriza ,

contudo , impo r restrições ad min istrativa s a os particula res

pa ra a p ersecu ção de uma g ara ntia p revista n a

Constituição Fed era l.

10 . O STF, no julgamento d os emb arg os declarató rio s

o postos no RE 85 5.1 78 (j. 23 -5-201 9), fixou a seg uin te tese:

“Os e nte s d a fede ração, em de corrên cia da

co mpe tên cia co mum, são solida ria men te

respon sáveis na s d ema nda s p restacion ais na área da saú de, e dia nte do s critérios con stitucion ais de de sce ntralização e h ierarq uizaçã o, compete à

au torida de jud icial direciona r o cu mprime nto

co nfo rme as re gra s d e repa rtição de co mpe tên cia s e de termin ar o ress arc ime nto a que m s uportou o

ônus financ eiro” (o destaq ue não é do origin al)

Versand o a espécie caso d e medicações tidas po r d e u rge nte ministra ção , o in gre sso de ou tro s e nte s p olíticos na demand a com remessa d os autos à Justiça Fe deral não po de enseja r o atraso d a solu ção da lide, em risco de preju ízo irrep ará vel pa ra a impe tra nte .

Isso ta nto ma is se há de con sid era r q uan to se ten ha em vista que a solida rie dad e d e d eve dores é b ene fício do cre dor, a qu em incumb e e sco lhe r contra que m d ema nda r.

A so lid arieda de dos in teg ran tes do Siste ma Único de Saú de é, na esp écie, um vín culo o pe leg is que

co nsa gra uma resp onsabilid ade compa rtida integral e

n ão repartida em co tas pa ra cad a u m d os entes políticos do Estad o fede ral (a sa ber, Uniã o, Estado s-memb ros,

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Municíp ios): tra ta-se aí de uma re spo nsa bilida de do

próprio Esta do, po r inte iro , d e sorte q ue a d ivisão de

ôn us e d isp ênd ios é que stã o inte rna , p rimeirame nte ad min istrativa , q uestão própria da org ânica da Fed era ção , sem direta in flu ência nas re lações externas do Estad o com o cred or.

Ressalva-se à Fa zen da recorrente, tod avia,

ple ite ar o ressarcime nto do en cargo fin anceiro a o e nte da fe deraçã o q ue entend a resp onsáve l, nos te rmo s d o d ecidid o p elo STF.

11 . A se paraçã o d e p ode res ou fu nçõ es da sob era nia

po lítica nã o a fasta do Jud iciário a co mpe tên cia pa ra a a pre cia ção de po ssível le são de direito ind ividua l, objeto da espécie. Nã o h á maltrato, neste âmb ito , d o p rin cíp io da con formid ade fu nciona l com a incidên cia no rma tiva e m p auta.

Não é d e a dmitir qu e, no ave ntá vel co nfronto e ntre

o be m jurídico v ida e os intere sse s p

olítico-a dministrolítico-a tivos, preva leçam estes àqu ele : n ão há

discricio naried ade ad missível da Administraçã o Pública qu e se comp agine com po ssível ab dicaçã o d o d eve r d e suprir o n ece ssá rio pa ra pre servar a vida huma na, be m jurídico fund ame nta l.

A discriciona rie dad e d os govern os é a escolha dos me ios propício s à sa lva gua rda do be m comu m: “al

go verno, diz muito b em Dan ilo CASTELLANO (La ve rità d ella p olitica. Milão: Scien tifich e Italian e, 200 2, p. 58), n on è d ata la scelta d el fin e ma sola men te que lla de i

mezzi”, so bre tud o q uan do se tra te de ben s d a

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maltrato d aqu ele s b ens, maxime o d a vida .

Recruta -se , a propó sito, de eme nta de ju lga do do egrégio Supremo Tribu nal Fe deral:

“O art. 196 da Co nstitu içã o Fede ral estab ele ce como d eve r d o Esta do a p restação de assistência à saúd e e ga ran te o a cesso universal e igu alitário do cid adã o a os serviços e a çõe s p ara su a p romoçã o, pro teção e recu peraçã o. O d ire ito à saú de, co mo está a sse gurado na Ca rta , n ão deve sofrer

emb ara ços impostos po r a uto rid ade s

a dministra tivas, no se ntido de red uzi-lo ou de dificultar o a cesso a e le” (RE 2 26.835 , Rel. Min. ILMAR GAL VÃO, j. 1 4-1 2-1 999 ).

Por mais razo áve is se mostre m a s d ire trizes ad min istrativa s e a invoca ção de ób ice s o rça men tários, n ão pod em ele s, à conta d e rese rva do po ssível, impo r restrições à larga fundamentalizaç ão do bem da sa úde pe la Con stituição Fe deral bra sileira d e 1 988 .

Não é d e a dmitir, com efe ito , q ue a cláu sula d e “reserva d o p ossíve l”, exata men te por su a p rin cip alidad e e con ômica, importe na neg ativa dos direitos fu nda men tais d e p rimeira g era ção ou prime ira dimen são , restrin gin do-se, po is, ao âmbito d os direitos de seg und a g era ção (o u d ime nsã o: cf. INGO WOL FGANG STALET. A eficá cia do s

d ire ito s fund ame nta is. 8ª ed . Porto Aleg re: Livra ria do s

Advo gad os, 20 07, p. 30 1 e t sqq.), só se reconh ece ndo , q uan to aos direitos de prime ira ge ração, a possib ilidad e d e cláu sulas restritivas direta men te autorizad as pela

Constituição (v. QUEIROZ. Cristina . Dire ito s

fund ame nta is. Co imb ra: 20 02, p. 20 3 e t sqq.).

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constituciona l, o q ue define , p or óbvio, a atu açã o d o Pode r Executivo e limita a d o Pode r Judiciá rio , a ind a q ue não se de va, de iu re con den do, afastar a prudênc ia de um juízo rea lista como o exprimid o p or Man fre d L ÜTZ co m a s vistas postas no orden ame nto ju ríd ico alemã o:

“Por isso com base e vid enteme nte em um in stinto sa dio a nin gué m veio ainda à men te a idéia,

catastrófica do po nto de vista do finan cia men to,

de co nfe rir à saú de o g rau de be m tute lad o n a Constituição” (cito pe la tra dução ita lia na, Il piace re

della vita. Milão: Sa n Paolo, 200 8, p. 15; o

destaq ue não é do origin al).

Sequ er, de re sto , cabe ad mitir a restrição do direito à sa úde de ntro n os lin des frequ enteme nte in vocado s d a L ei comple men tar n. 10 1, de 4 d e maio de 20 00, po rqu e, como se a sse verou alh ure s (Ag 668 .49 6 d este Trib una l d e Justiça ), se se permitisse e ssa re striçã o, tod o julg ame nto , n o Dire ito Pú blico, qu e cond ena sse en tes estatais a determina das ações, fica ria ad strito à sua co nfo rmidad e com o a nte rio rme nte plane jad o p ela Ad min istração Púb lica. Em outras pa lavras, a dmitid a a te se susten tad a p ela re corren te, essa Lei de Re spo nsa bilida de Fiscal só co nce deria ao Jud iciário a po ssibilida de de decidir contra o Pode r Público se , n o o rça men to desse Pod er, já ho uve sse previsão do de sate cond ena tório.

12 . Diag nosticou-se que a req uerente é po rta dora d e

h epa tite C crônica, prescrevend o-se o uso d as

med ica çõe s sofo sbu vir, d aclata svir, e riba virina , cujo cu ste io pelo Pode r Público co rre spo nde à ind ica da necessida de da imp etrante, com presu nçã o iuris tantum.

13 . Obse rva -se , p or fim, e m o rde m a o

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a o recu rso extra ord iná rio , q ue tod os os pre ceitos

re ferido s n os autos se encontram, q uod ammodo ,

a lbe rga dos na s q uestõe s d ecidid as.

POSTO ISSO, meu voto n ega provimen to à

reme ssa ne cessária e à ap ela ção da Fa zen da do Estado de Sã o Paulo, man ten do a r. sentença p rolata da nos au tos de orige m n . 1 060 052 -53 .20 18 da 12ª Va ra da Fazend a Pública da Co marca de São Pa ulo .

Even tua l inco nfo rmismo em re lação ao decidido será o bje to de julgamento virtual, cabe ndo às pa rte s, no caso d e o bje ção qu anto a esta mod alidad e d e julg ame nto ,

manifestar su a d iscord ância por pe tição autôno ma

opo rtu na.

É co mo voto.

Des. RICARDO DIP re lator (com assin atu ra ele trô nica)

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