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Cursos Online EDUCA. Acredite no seu potencial, bons estudos! Curso Gratuito Hepatites Virais e HIV Área Odontológica

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Cursos Online EDUCA

www.CursosOnlineEDUCA.com.br

Acredite no seu potencial, bons estudos!

Curso Gratuito Hepatites

Virais e HIV Área

Odontológica

Carga horária: 60hs

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Conteúdo Programático:

Hepatites Virais

Classificação etiológica e mecanismos de Medidas de prevenção

Diagnóstico

Manifestações Clinicas

Manifestações Orais em Portadores das Hepatites Tratamento

Imunização HIV

Epidemiologia

Transmissão e prevenção

Desmistificação de possíveis riscos de transmissão do HIV Diagnóstico

Atendimento Odontológico Biossegurança

Tratamento odontológico dos portadores de hepatites virais Farmacologia aplicada às hepatopatias e pós-transplantes Atendimento odontológico de rotina para portadores do HIV Aspectos éticos e legais

Considerações Finais Bibliografia

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Hepatites Virais

Epidemiologia

As hepatites virais são doenças inflamatórias, provocadas por diversos agentes etiológicos a partir do tecido hepático, e que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais semelhantes, porém, com importantes peculiaridades.

No Brasil, existem cinco vírus responsáveis pelas hepatites: A, B, C, e E. No contexto epidemiológico brasileiro, as hepatites virais vêm assumindo papel de destaque, com o aumento do número de casos ao longo dos anos.

O conhecimento sobre a transmissão de doenças nos consultórios odontológicos contribui para os cirurgiões-dentistas realizem os procedimentos odontológicos de maneira mais segura, incorporando a sua rotina de trabalho as particularidades em relação às condutas clínicas perante os portadores das hepatites virais.

A Organização Mundial da Saúde estima que existam, no mundo, cerca de 325 milhões de portadores crônicos da Hepatite B (desses, 18 milhões também possuem infecção pelo vírus D) e 170 milhões da Hepatite C.

Um elevado percentual de portadores crônicos dessas doenças não apresenta sintomas e a infecção persistente pode resultar em cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular.

Anualmente, ocorrem aproximadamente 3 milhões de exposições percutâneas para os 35 milhões de profissionais da saúde de todo o mundo.

Estima-se que esses acidentes resultem em 15 mil infecções pelo vírus da Hepatite C (VHC), 70 mil pelo vírus da Hepatite B (VHB) e 500 pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

Mais de 90% dessas infecções ocorrem em países não desenvolvidos e a maioria delas pode ser prevenida.

No Brasil, a maior parte dos casos de hepatite aguda sintomática deve-se aos vírus A e B. Nas regiões Norte e Centro-Oeste (norte de Mato Grosso), a coinfecção pelos vírus das hepatites B e D

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(VHB/VHD) também é importante causa de hepatite aguda sintomática.

O vírus C costuma apresentar uma fase aguda oligoassintomática, de modo que responde por apenas pequena parte das hepatites agudas sintomáticas.

Em virtude da magnitude e do potencial de transmissão, as hepatites virais são doenças de notificação compulsória e os profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como os responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e de ensino, são obrigados a comunicar à vigilância epidemiológica dos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde – SUS, a ocorrência de casos suspeitos ou confirmados das doenças relacionadas.

O conceito de Sistema de Vigilância Epidemiológica é a coleta, a análise e a disseminação das informações sobre determinado agravo. Os principais instrumentos do sistema de vigilância das hepatites virais são as fichas de notificação e de investigação epidemiológica.

A notificação dos casos suspeitos faz-se necessária visando à adoção oportuna das medidas de prevenção e de controle, a identificação e interrupção da cadeia de transmissão do vírus, a investigação dos comunicantes e a confirmação ou descarte dos casos.

O cirurgião-dentista deve notificar, ainda na anamnese, os casos suspeitos ou confirmados de hepatites virais na ficha de notificação, disponibilizada pelas secretarias municipais de saúde para os estabelecimentos de saúde, devendo encaminhar a ficha à equipe local de vigilância para investigação e digitação no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Desse modo, o cirurgião-dentista assume importante papel não apenas na notificação de casos suspeitos, mas no aperfeiçoamento de um sistema de vigilância epidemiológica efetivo.

Deve, assim, ter conhecimento sobre as hepatites virais para exercer ações no cenário da prevenção primaria e secundária diante da suspeição ou confirmação diagnóstica do agravo, despertando a compreensão da importância de sua inserção no atendimento interdisciplinar no âmbito do SUS.

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Definições de caso

As definições de caso suspeito, de acordo com o Guia de Vigilância Epidemiológica são:

Caso suspeito:

Suspeita clínica/bioquímica - Sintomático ictérico:

Indivíduo que desenvolveu icterícia (coloração amarelada da pele) subitamente (recentemente ou não) com ou sem sintomas como febre, mal-estar, náuseas, vômitos, mialgia, colúria e hipocolia fecal.

Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente, a qual o levou a óbito, sem outro diagnóstico confirmado.

- Sintomático anictérico:

Indivíduo sem icterícia, que apresente um ou mais sintomas como febre, mal-estar, náusea, vômitos, mialgia, e que na investigação laboratorial, apresente valor aumentado das aminotransferases.

- Assintomático:

Indivíduo exposto a uma fonte de infecção bem documentada. Exemplos: na hemodiálise, em acidente, por transfusão de sangue, procedimentos cirúrgicos ou odontológicos, colocação de piercing ou tatuagem com material contaminado, por uso de drogas endovenosas com compartilhamento de seringa ou agulha.

Comunicante de caso confirmado de hepatite, independentemente da forma clínica e evolutiva do caso índice.

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Indivíduo com alteração de aminotransferases no soro, igual ou superior a três vezes o valor máximo normal dessas enzimas, segundo o método utilizado.

Suspeito com marcador sorológico reagente

Doador de sangue:

Indivíduo assintimático doador de sangue, com um ou mais marcadores reagentes para hepatite A, B, C, D ou E.

Indivíduo assintomático com marcador reagente para hepatite viral A, B, C, D ou E.

Caso confirmado: Hepatite A:

Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que apresente anti-HAV IgM (anticorpo da classe IgM para o vírus da Hepatite A) reagente.

Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que apresente vínculo epidemiológico com caso confirmado (anti-HAV IgM reagente) de Hepatite A.

- Hepatite B:

Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que apresente um ou mais dos marcadores sorológicos reagentes ou exame de biologia molecular para Hepatite B, conforme listado abaixo:

HBsAg reagente (antígeno de superfície do vírus da Hepatite B) Anti-HBc IgM reagente (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do vírus da Hepatite B)

HBeAg reagente (antígeno “e” do vírus da Hepatite B) DNA do vírus da Hepatite B detectável.

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- Hepatite C:

Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que apresente anti-HCV reagente e RNA do HCV detectável.

- Hepatite D:

Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que apresente HBsAg ou anti-HBc IgM reagentes e um ou mais dos marcadores sorológicos conforme listado abaixo:

Anti-HDV (anticorpo total para o vírus da Hepatite Delta) total reagente.

Anti-HDV IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do vírus da Hepatite D) reagente.

- Hepatite E:

Indivíduo que preencha as condições de caso suspeito e que apresente anti-HEV IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do vírus da Hepatite E) reagente.

Caso descartado:

Caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo para hepatites virais (desde que as amostras sejam coletadas e transportadas oportuna e adequadamente).

Todo caso suspeito que durante a investigação, tenha diagnóstico de outra doença confirmado laboratorialmente ou que não preencha os critérios de confirmação acima definidos.

Cicatriz sorológica:

Indivíduos com marcadores sorológicos de infecção passada, porém curados no momento da investigação, deverão ser notificados e classificados como casos de cicatriz sorológica.

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São aqueles que atendem aos critérios de caso suspeito e dos quais não foram coletadas e/ou transportadas amostras oportunas e adequadas ou não foi possível a realização dos testes para os marcadores sorológicos e de biologia molecular específicos.

Classificação etiológica e mecanismos de transmissão

- Hepatites A e E

O vírus da Hepatite A (VHA) é um vírus RNA da família Picornaviridae, tendo o homem como principal reservatório, com período de incubação de duas a seis semanas. O tempo em que o vírus é encontrado no sangue é curto (cinco a sete dias), por isso, a transmissão parenteral (pelo sangue) é rara.

O vírus da Hepatite E (VHE) é um vírus RNA da família Caliciviridae, tendo também o homem como um de seus reservatórios. O período de incubação é de duas a nove semanas, com media de seis.

O VHA e o VHE têm transmissão fecal-oral, hídrica, pessoa a pessoa (contato intrafamiliar e institucional), por alimentos e objetos contaminados.

Essas infecções, geralmente estão associadas às precárias condições socioeconômicas, sendo mais comuns em países pobres, onde podem ocorrer surtos epidêmicos ou endêmicos. - Hepatites B e D

A Hepatite B é uma doença sexualmente transmissível (DST), causada por um vírus DNA da família Hepadnaviridae, cujo período de incubação é de 30 a 180 dias, sendo mais comum entre 60 e 90 dias. Após seis meses, a cronificação da doença ocorre aproximadamente entre 5% a 10% dos indivíduos adultos infectados.

Caso a infecção ocorra por transmissão vertical, o risco de cronificação dos recém-nascidos de gestantes com replicação viral (HBeAg reagente e/ou HBV DNA > 104) é de cerca de 70% a 90%, e entre 10% a 40% nos casos sem evidências de replicação do vírus.

Cerca de 70% a 90% das infecções ocorridas em menores de cinco anos cronificam, e 20% a 50% dos casos crônicos com

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evidências de replicação viral evoluem para doença hepática avançada (cirrose ou hepatocarcinoma). A especificidade da doença é que ela pode evoluir para hepatocarcinoma sem apresentar cirrose no percurso.

O vírus da Hepatite D ou Delta (VHD) é um vírus RNA, único representante da família Deltaviridae, com período de incubação semelhante ao do VHB, tendo período de incubação menor na superinfecção, de 14 a 56 dias.

É reconhecido como o mais patogênico e infeccioso dentre os vírus hepatotrópicos. A infecção pelo VHD está sempre associada à infecção pelo VHB, e em alguns casos, à coinfecção entre VHD + VHB + VHC.

No mundo, em especial em áreas endêmicas, a infecção envolve formas graves, determinando a hepatite fulminante e o agravamento das lesões de hepatite crônica, além de potencializar a rápida progressão para cirrose hepática, fatos esses comumente observados na Amazônia ocidental brasileira.

A taxa de cronificação do vírus D varia em função de aspectos ligados ao tipo de infecção (coinfecção/superinfecção) e a taxa de cronificação do VHB.

A transmissão parenteral/horizontal decorre do contato com fluídos orgânicos contendo o VHB, de modo especial o sangue (maior potencial de transmissibilidade), sêmen, secreções vaginais, leite materno ou saliva (menor potencial de transmissibilidade).

Abrem-se, assim, diversas possibilidades de transmissão, por vários mecanismos: sexo desprotegido; compartilhamento de escovas de dente, lâminas de barbear/depilar, materiais de manicure, tatuagens ou piercing, agulhas ou seringas; procedimentos médico-odontológicos (tais como cirurgias, raspagem e alisamento radicular)

Isso explica, ao menos parcialmente, a vasta distribuição do VHB em diversas partes do mundo, bem como a existência de muitos e diferentes grupos de pessoas sob maior risco de adquirir a infecção. Outra forma de transmissão e a vertical, ou seja, a passagem do vírus diretamente da mãe para o recém-nascido, comumente no parto ou por meio do contato intimo que se estabelece depois, e não por troca de sangue ao longo da gestação.

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Estima-se que o risco de infecção pelo VHB em acidentes com instrumentos perfuro cortantes é 57 vezes superior ao do Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV, sendo o risco de óbito 1,7 vezes superior, embora o HIV também possua características letais.

O VHB apresenta-se, assim, como afecção de alta prevalência de contaminação ocupacional. É importante salientar que a Hepatite B não é transmitida por abraço, beijo, aperto de mãos, tosse ou espirro, nem pelo compartilhamento de talheres.

A Hepatite B é uma DST, mas também pode ser transmitida pelo compartilhamento de:

- Escovas de dente.

- Lâmina de barbear ou de depilar.

- Instrumentos de manicure, tatuagens ou colocação de piercing. - Equipamentos para o uso de drogas injetáveis e inaláveis. - Agulhas ou seringas.

Pode ser transmitida também em procedimentos médico-odontológico em que não foram tomadas devidas medidas de biossegurança.

- Hepatite C

O VHC é um vírus RNA da família Flaviviridae, com período de incubação de 15 a 150 dias; em geral, 50 dias. Acredita-se, que em média, 80% dos casos evoluam para a cronicidade e que entre um terço e um quarto possam evoluir para formas histológicas graves ou cirrose, em um período de 20 anos, caso não haja intervenção terapêutica.

O restante evolui para formas mais lentas e, talvez, nunca resulte em hepatopatia grave. A infecção pelo VHC já é a maior responsável por cirrose e transplante hepático no mundo ocidental.

De modo semelhante à Hepatite B, a transmissão da Hepatite C ocorre essencialmente por contato direto com sangue e hemoderivados contaminados com o VHC, colocando sob máximo

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risco os usuários de drogas, os politransfundidos, as pessoas submetidas à hemodiálise e os indivíduos que tenham sofrido acidente com objeto perfuro cortante contaminado.

A possibilidade de transmissão sexual do VHC ocorre principalmente em pessoas com múltiplos parceiros e com prática sexual de risco (sem uso de preservativo), sendo que a coexistência de alguma DST, inclusive HIV, constitui um importante facilitador dessa transmissão.

São consideradas, também, populações de risco acrescido para infecção pelo VHC por via parenteral os indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993.

Medidas de Prevenção

As medidas de prevenção em relação às hepatites virais devem considerar as dimensões de vulnerabilidade nas quais o individuo está inserido.

Considera-se o comportamento individual como o determinante da vulnerabilidade a infecção, embora isso não seja o suficiente para o controle da disseminação da doença.

Aspectos relacionados ao âmbito coletivo e social devem ser considerados ao se adotarem as medidas de prevenção nas situações de pré- exposição e pós-exposição.

- Hepatites A e E

As medidas gerais para a prevenção dependem de ações públicas (saneamento básico) e individuais, tais como:

- Consumo de água tratada.

- Lavagem das mãos antes e após os procedimentos odontológicos, após o uso do banheiro, antes da preparação de alimentos e antes de se alimentar.

- Cumprimento das normas de biossegurança nos procedimentos odontológicos.

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- Lavagem de alimentos crus (frutas, verduras e legumes), deixando-os mergulhados por 30 minutos em solução preparada com uma colher de sopa de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água.

- Consumo de mariscos e frutos do mar bem cozidos.

A vacina contra a Hepatite A, administrada em duas doses, com intervalo de seis meses, está disponível na rede pública apenas nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE). É importante ressaltar que para a Hepatite E ainda não existe vacina.

- Hepatites B e Delta

As principais medidas de prevenção envolvem:

- Uso de preservativo.

- Não compartilhamento de objetos pessoais: escovas de dente, lâminas de barbear ou de depilar, seringas, agulhas, cachimbos e canudos para o uso de drogas, instrumentos de manicure, material para confecção de tatuagens ou colocação de piercing.

- Biossegurança adequada nos procedimentos médicos e odontológicos.

- Vacinação contra Hepatite B, disponível nas salas de vacina do SUS para indivíduos de 0 a 19 anos, devendo ser administrada em três doses (0, 30 e 180 dias após a primeira dose), garantindo imunidade de 90% a 95% dos casos, conferindo imunidade também contra a Hepatite Delta.

Em recém-nascidos, a primeira dose da vacina contra a Hepatite B deve ser aplicada logo após o nascimento, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão vertical.

Os profissionais e os estudantes de saúde, além dos Auxiliares de Saúde Bucal (ASB) e Técnicos de Higiene Dental (THD), devem cumprir o esquema vacinal.

O ideal é que indivíduos vacinados realizem o teste anti-HBs 30 dias após o esquema completo de vacinação (três doses). São considerados imunizados os que apresentarem anti-HBs reagente (≥10 UI/mL).

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Aqueles com anti-HBs não reagente, após o segundo esquema completo com três doses, devem ser considerados não respondedores e suscetíveis, devendo ser encaminhados para avaliação médica.

- Hepatite C:

Ainda não existe vacina contra o VHC, em virtude, principalmente, da ocorrência de mutações frequentes do vírus. Por isso, as atitudes preventivas são muito importantes.

Uma forma efetiva de controlar a disseminação e a realização de testes sorológicos em pessoas suscetíveis e assintomáticas para identificação do vírus, aliada às ações educativas, com informações sobre os modos de transmissão.

Medidas de prevenção contra a Hepatite C são similares à prevenção contra a Hepatite B, ou seja:

- Não compartilhamento de: seringas, agulhas, cachimbos e canudos no uso de drogas; escovas de dente; lâminas de barbear ou depilar; instrumentos de manicure, materiais para confecção de tatuagem ou colocação de piercing.

- Biossegurança adequada nos procedimentos médicos e odontológicos.

- Uso de preservativo em qualquer prática sexual.

Diagnóstico

Em casos suspeitos, o cirurgião-dentista deve notificar e solicitar a sorologia para hepatites virais. Os exames específicos para o diagnóstico são os marcadores sorológicos e os exames de biologia molecular.

Interpretação dos resultados e marcadores sorológicos - Hepatite A:

Anti-HAV IgM: a presença desse marcador define o diagnóstico de Hepatite Aguda A. Surge precocemente na fase aguda da doença e

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começa a declinar após a segunda semana, desaparecendo apos três meses.

Anti-HAV IgG: esse marcador está presente na fase de convalescença e persiste indefinidamente, proporcionando imunidade especifica. Os anticorpos dessa classe não permitem identificar se a infecção é aguda ou pregressa.

Trata-se de um importante marcador epidemiológico por demonstrar a prevalência de contato com o VHA em determinada população.

Interpretação dos marcadores sorológicos da Hepatite A: Anti-HAV T=total Anti-HAV IgM Interpretação

(+) (+) Hepatite aguda pelo VHA. Infecção recente

(+) (-) Infecção passada

/imunidade (por contato prévio com o VHA ou por vacinação)

(-) (-) Suscetibilidade

- Hepatite B:

São marcadores de triagem para a Hepatite B: HBsAg e anti-HBc total.

HBsAg (antígeno de superfície do VHB): é o primeiro marcador a surgir após a infecção, em torno de 30 a 45 dias, e pode permanecer detectável por até 120 dias nos casos de hepatite aguda. Ao persistir além de seis meses, caracteriza infecção crônica.

Existem mutações que podem alterar a conformação do HBsAg e, consequentemente, inibir a sua detecção pelos testes imune enzimáticos usuais. Nesses casos, a sorologia para o HBsAg apresenta-se negativa, o que pode caracterizar uma infecção oculta, na qual se recomenda avaliar a carga viral do VHB, utilizando testes de biologia molecular.

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Anti-HBc IgG (anticorpos IgG contra o antígeno do núcleo do VHB): é o marcador que indica contato prévio com o vírus. Permanece detectável por toda a vida nos indivíduos que tiveram a infecção. Anti-HBc Total: marcador utilizado na triagem para a Hepatite B por detectar tanto o anticorpo IgG, quanto o anticorpo IgM.

Determina a presença de anticorpos tanto da classe IgM quanto da classe IgG. Por isso, ao receber como resultado o anti-HBc Total Reagente é importante definir se o resultado é por causa dos altos títulos de IgG (imunidade por infecção passada ou imunidade por resposta vacinal) ou pelos altos títulos de IgM (fase aguda).

Interpretação e conduta do screening sorológico para a Hepatite B: HBsAg Anti-HBc

total

Interpretação/conduta

(+) (-) Início de fase aguda ou falso positivo. Repetir sorologia após 30 dias

(+) (+) Hepatiteagudaoucrônica.Solicitaranti-HBcIgM (-) (+) Falso positivo ou cura (desaparecimento do

HBsAg).Solicitar anti-HBs

(-) (-) Suscetibilidade

Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do VHB): trata-se de um marcador de infecção recente, encontrado no soro até 32 semanas após a infecção e, portanto, confirma o diagnóstico de Hepatite B aguda.

Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno de superfície do VHB): é o único marcador que confere imunidade ao VHB. Encontra-se no soro após o desaparecimento do HBsAg, sendo indicador de cura e imunidade. Está presente isoladamente em pessoas vacinadas.

HBeAg (antígeno “e” do VHC): é indicativo de replicação viral e, portanto, de alta infectividade. Na fase aguda, surge após o

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aparecimento do HBsAg e pode continuar presente por até dez semanas.

Na Hepatite B crônica, a presença do HBeAg indica replicação viral, ou seja, atividade da doença. Em pacientes infectados por cepas com mutação pré-core (não produtoras da proteína “HBeAg”) esse marcador apresenta-se não reagente. Nesse caso, recomenda-se avaliar a carga viral do VHB, utilizando testes de biologia molecular.

Anti-HBe (anticorpo contra o antígeno “e” do VHB): seu surgimento é um marcador de bom prognóstico na hepatite aguda pelo VHB. A soroconversão HBeAg para anti-HBe indica alta probabilidade de resolução da infecção nos casos agudos.

Na hepatite crônica, a presença do anti-HBe, de modo geral, indica ausência de replicação viral e, portanto, menor atividade da doença.

Interpretação dos resultados sorológicos para a Hepatite B: Interpretação HBsAg Anti-HBc

total Anti-HBc IgM HBeAg Anti HBe Anti-HBs Suscetibilidade (-) (-) (-) (-) (-) (-) Período de incubação (+/-) (-) (-) (-) (-) (-) Hepatite B aguda (+) (+) (+) (+/-) (+/-) (-)

Final da fase aguda (-) (+) (-) (-) (+) (-)

Hepatite B crônica (+) (+) (-) (+/-) (+/-) (-) Hepatite B curada (-) (+) (-) (-) (+) (+)* Imunidade por vacinação (-) (-) (-) (-) (-) (+)

Legenda: (+) reagente (-) não reagente.

* Em alguns casos de Hepatite B curada, o anti-HB não é detectado por estar em baixos títulos.

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- Hepatite C:

Anti-HCV (anticorpo contra o VHC): é o marcador de triagem para a Hepatite C e indica contato prévio com o vírus.

São considerados casos de HEPATITE c AGUDA, AQUELES que presentarem soroconversão do anti-HCV documentada (anti-HCV não reagente no momento da exposição e conversão para anti-HCV reagente na segunda dosagem, realizada com intervalo de 90 dias) e detecção do HCV- RNA por volta de 90 dias após o início dos sintomas ou da data de exposição.

HCV-RNA (RNA do VHC): utilizado para confirmar a infecção pelo VHC em casos agudos e crônicos, monitorar a resposta ao tratamento e confirmar resultados sorológicos indeterminados, em especial em pacientes imunossuprimidos. Pode ser detectado entre uma e duas semanas após a infecção.

- Hepatite D:

São marcadores de triagem para a Hepatite D: HBsAg, anti-HBc total e anti-HDV total.

Anti-HDV total: determina a presença de anticorpos tanto da classe IgM quanto da classe IgG contra o VHD. Por isso, ao receber como resultado o anti-HDV total reagente, é importante definir se o resultado é por causa dos altos títulos de IgG (imunidade por infecção passada ou imunidade por resposta vacinal) ou dos altos títulos de IgM (fase aguda).

O vírus da Hepatite D é um vírus defectivo (incompleto) que necessita do antígeno de superfície do VHB para exercer sua ação patogênica e replicar-se nas células hepáticas. Desse modo, observam-se as seguintes formas de ocorrência:

Superinfecção: infecção pelo vírus Delta em um portador crônico do VHB.

Coinfecção: infecção simultânea pelo VHB e pelo VHD em individuo suscetível.

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Formas HBsAg Anti-HBc Total Anti-ABclgM Anti-HDV total Anti-HBs Coinfecção (+) (+) (+) (+)* (-) Superinfecção (+) (+) (-) (+)* (-) Cura (-) (+) (-) (+)** (+)

* Anti-HDV IgM e IgG em altos títulos. ** Anti-HDV-IgG positivo em baixos títulos.

- Hepatite E:

Anti-HEV IgM (marcador de infecção aguda): anticorpo específico para a Hepatite E encontrado no soro de todos os indivíduos infectados recentemente. Torna-se positivo no início do quadro clinico, desaparecendo após três meses.

Anti-HEV IgG (marcador de infecção passada): anticorpo indicativo de infecção passada pelo vírus da Hepatite E. Está presente na fase de convalescença e persiste indefinidamente.

Interpretação dos resultados sorológicos para a Hepatite E: Anti-HEY total Anti-HEY IgM Interpretação

(+) (+) Hepatite E aguda. Infecção recente

(+) (-) Infecção passada/imunidade (-) (-) Suscetibilidade

Exames de biologia molecular

Os testes de biologia molecular são utilizados para detectar a presença do DNA viral do vírus da Hepatite B e o RNA viral dos vírus das demais hepatites (A, C, D, E). Podem ser qualitativos,

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quando detectam a presença ou ausência do vírus, e quantitativos, quando quantificam a carga viral presente na amostra.

Existem várias metodologias para realizar esses testes. As mais utilizadas são: reação em cadeia da polimerase (PCR) e branched-DNA (b DNA). Os testes de genotipagem indicam o genótipo do vírus.

Manifestações clínicas

Após contato com os vírus das hepatites, o indivíduo pode desenvolver um quadro de hepatite aguda, às vezes apresentando as formas clínicas assintomáticas ou sintomáticas. No primeiro caso, as manifestações clínicas são ausentes, bastante leves ou atípicas, simulando um quadro gripal.

No segundo, a apresentação é típica, com sinais e sintomas como febre, mal-estar, náuseas, vômitos, mialgia, colúria e/ou hipocolia fecal.

A fase aguda (hepatite aguda) tem seus aspectos clínicos e virológicos limitados aos primeiros seis meses da infecção e a persistência do vírus após esse período caracteriza a cronificação da infecção.

Apenas os vírus B, C e D têm potencial para desenvolver formas crônicas de hepatite. O potencial para cronificação varia em função de alguns fatores ligados aos vírus e outros ligados ao hospedeiro.

Pessoas com qualquer tipo de imunodeficiência também têm maior chance de cronificação após uma infecção pelo VHB.

Fase aguda (hepatite aguda)

- Período prodrômico ou pré-ictérico: ocorre após o período de incubação do agente etiológico e anteriormente ao aparecimento da icterícia.

Os sintomas são inespecíficos como: anorexia, náuseas, vômitos, diarreia (ou, raramente, constipação), febre baixa, cefaleia, mal-estar, fadiga, paladar e/ou olfato intolerantes, fotofobia, urticária, entre outros.

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- Fase ictérica: com o aparecimento da icterícia, em geral, há diminuição dos sintomas prodrômicos. Observa-se hepatomegalia (aumento do fígado) dolorosa, com ocasional esplenomegalia (aumento do volume do baço).

Há alteração das aminotransferases, as quais podem variar de 10 a 100 vezes o limite superior da normalidade. Esse nível retorna ao normal no prazo de algumas semanas; porém, se persistirem alterados por um período superior a seis meses, deve-se considerar a possibilidade de cronificação da infecção no caso das hepatites B, C e D.

- Fase de convalescença: segue-se ao desaparecimento da icterícia; a recuperação completa ocorre após algumas semanas, mas a fraqueza e o cansaço podem persistir por vários meses.

Hepatite crônica

Os vírus B, C e D são aqueles que têm a possibilidade de causar doença crônica. Nesses casos, os indivíduos apresentam sinais histológicos de lesão hepática (inflamação, com ou sem deposição de fibrose) e marcadores sorológicos ou virológicos de replicação viral. Os sintomas dependem do grau de dano hepático estabelecido.

Eventualmente, o diagnóstico é realizado quando aparecem, em face das complicações da doença, sinais e sintomas como cirrose e/ou hepatocarcinoma (câncer primário do fígado).

Indivíduos com infecção crônica que não apresentam manifestações clínicas, com replicação viral baixa ou ausente, e que não apresentam evidências de alterações graves à histologia hepática, são considerados portadores assintomáticos. Nessas situações, a evolução tende a ser benigna.

Contudo, esses pacientes são capazes de transmitir hepatite e têm importância epidemiológica na perpetuação da endemia.

Hepatite fulminante

O termo é utilizado para designar a insuficiência hepática aguda, caracterizada pelo surgimento de icterícia, coagulopatia e encefalopatia hepática, em um intervalo de ate oito semanas.

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Trata- se de uma condição rara e potencialmente fatal, cuja letalidade é elevada (de 40% a 80% dos casos).

Existem diferenças quanto à etiologia da hepatite fulminante (HF) em todo mundo, sendo que as hepatites A e B têm sido relatadas em vários estudos.

A primeira aparece frequentemente com taxas que variam entre 2% e 8%, ao passo que a proporção mencionada para a hepatite B é mais variável, estando entre 2% e 32%.

O número de casos registrados na população norte-americana é de 2 mil por ano ou 1/100 ml habitantes. A América do Sul e o Subcontinente Indiano apresentam grande incidência de HF induzida pelo VHA e pelo VHE, em virtude da alta prevalência desses vírus na população.

A hepatite aguda C, aparentemente, não está associada a casos de HF, enquanto que a coinfecção VHB/VHD pode ser uma causa do agravo, em regiões endêmicas, para os dois vírus. Na Índia, uma causa frequente dessa forma de hepatite entre mulheres grávidas é o VHE.

Basicamente, a fisiopatologia esta relacionada à degeneração e necrose maciça dos hepatócitos. Os primeiros sinais e sintomas são brandos e inespecíficos. A deterioração neurológica progride para o coma dentro de poucos dias apos a apresentação inicial.

Manifestações orais em portadores das hepatites virais

As infecções com origem bucal podem ter repercussões sistêmicas importantes, assim como as infecções de ordem sistêmica podem resultar em manifestações bucais e/ou implicar cuidados especiais quando da necessidade de intervenções odontológicas. E relatado que a infecção pelo VHC, e em menor proporção pelo VHB, predispõe o paciente ao desenvolvimento de manifestações extra- hepáticas, incluindo manifestações imunologicamente mediadas, como o líquen plano.

O Líquen Plano Oral (LPO) tem sido relatado como mais prevalente em pacientes portadores de hepatite C crônica em comparação com a população geral, porém, a associação entre essas enfermidades ainda permanece controversa.

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Em estudo realizado com 215 pacientes portadores de Hepatite C crônica, 147 (68,4%) apresentavam lesões orais 173 (80,5%) apresentavam alterações de desenvolvimento em cavidade oral. As lesões mais prevalentes foram: “mastigação crônica da bochecha” (morsicatio buccarum), candidose (infecção pelo Candida Albicans, um microorganismo fúngico) e leucoplasia (mancha ou placa de aspecto esbranquiçado, localizada na superfície da pele ou mucosa), porém, a real associação dessas lesões orais com a infecção crônica pelo VHC permanece incerta. Os sinais orais da doença hepática em estado terminal são poucos e associados às manifestações secundárias. Pacientes que apresentam alterações plaquetárias e de proteínas de coagulação podem apresentar petéquias e hematomas em mucosa oral, além de sangramento gengival espontâneo.

Hemorragias orais pós-operatórios também podem se apresentar como manifestações orais de pacientes com doença hepática.

A mucosa oral desses pacientes pode exibir coloração amarelada ou pálida, devido ao aumento da bilirrubina sérica, o que é mais perceptível na região posterior do palato e no soalho bucal em freio lingual.

Ocasionalmente, o fetor hepaticus pode ser detectado, ou seja, um odor corporal e de respiração descrito como „„mofado‟‟ ou „„doce-azedo‟‟, e esta relacionado à produção de mercaptanas pela ação de bactérias do trato gastrointestinal.

Tratamento

Hepatite Aguda

O prognóstico das hepatites agudas A e E é muito bom e a evolução resulta em recuperação completa em quase todos os casos.

No curso de hepatites virais agudas, o uso de medicações sintomáticas para vômitos e febre deve ser realizado quando pertinente. Entretanto, faz-se necessária a máxima atenção

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quanto às medicações utilizadas, já que se deve evitar o emprego de drogas que tenham potencial hepatotóxico, como o paracetamol. O repouso é medida imposta pela própria condição do paciente. A sua duração e intensidade, se absoluto ou não, são questões muito discutidas. Como norma geral, recomenda-se repouso relativo até a normalização das aminotransferases, liberando-se progressivamente o paciente para atividades físicas.

Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular; porém, seu maior benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve ser recomendado que o próprio paciente defina sua dieta de acordo com seu apetite e aceitação alimentar.

A única restrição está relacionada à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por seis meses. As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos, não têm nenhum valor terapêutico.

A administração de vitamina K durante um a três dias pode ser recomendada nos casos de queda da atividade de protrombina devido à absorção intestinal inadequada dessa vitamina. A administração de corticosteróide é totalmente contraindicada.

No acompanhamento de quadros agudos de hepatites virais, as duas primeiras consultas terão um intervalo de duas semanas para companhamento clinico, independentemente de resultado de exames.

As consultas subsequentes devem ser realizadas em intervalos de quatro semanas, acompanhadas de seguimento laboratorial com dosagem de aminotransferases, tempo de protrombina, bilirrubinas e albumina com o mesmo intervalo, até a detecção de duas dosagens normais com intervalo de quatro semanas.

No início do acompanhamento, realiza-se adicionalmente a dosagem de gama-GT, fosfatase alcalina e proteínas totais e frações. Esses testes são repetidos a cada quatro semanas, ou em intervalos menores de acordo com o quadro clinico do paciente. O critério de alta inclui:

- remissão dos sintomas, podendo persistir discreta adinamia e sintomas digestivos vagos;

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- normalização do tempo de protrombina;

- normalização das aminotransferases, com pelo menos duas dosagens normais com intervalo de quatro semanas, devido à possibilidade de recrudescência.

A Hepatite C aguda, particularmente, necessita de avaliação para indicação ou não de tratamento. Os critérios para indicação de tratamento da Hepatite C Aguda incluem:

- soroconversão anti-HCV documentada, em paciente com quadro clinico de hepatite aguda (paciente que no início dos sintomas apresenta anti-HCV negativo e que converte para anti-HCV positivo na segunda dosagem – realizada com intervalo de 90 dias);

- quadro laboratorial de anti-HCV negativo com detecção do HCV-RNA por biologia molecular (qualitativo), realizado por volta de 90 dias após o início dos sintomas ou da data de exposição, quando esta for conhecida em paciente com histórico de exposição potencial ao vírus da hepatite (HCV).

Hepatite Crônica

É importante que no nível de atenção básica, o atendimento, seja desde o início, voltado para ações simples que reduzam a chance de progressão para cirrose ou câncer de fígado, modificando ou desacelerando a historia natural da doença.

Nesse sentido, a orientação para o não-consumo de bebidas alcoólicas, prevenção da co-infecção com HIV, controle de distúrbios metabólicos, como hiperlipidêmica, obesidade e diabetes, são essenciais.

Cabe diagnóstico precoce, adequado encaminhamento para nível de média ou alta complexidade, de acordo com a necessidade e orientação para evitar a transmissão domiciliar – não compartilhamento de utensílios e objetos de higiene contaminados com sangue (escova de dente, barbeadores).

Uma parcela dos casos de hepatite crônica necessitara de tratamento, cuja indicação baseia-se no grau de acometimento hepático observado por exame anatomopatológico do tecido hepático obtido por biopsia.

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Pacientes com aminotransferases normais merecem ser avaliados com exames de biologia molecular, pois pode haver lesão hepática, mesmo sem alteração daquelas enzimas.

Hepatite B

O tratamento da Hepatite B crônica está indicado nas seguintes situações:

• idade superior a 2 anos;

• HBsAg (+) por mais de seis meses;

• HBeAg (+) ou HBV-DNA > 104 copias/ml ou 1.900 UI/ml (fase de replicação);

• ALT/TGO > 2 vezes o limite superior da normalidade;

• ter realizado, nos últimos 24 meses, biopsia hepática onde tenha sido evidenciado atividade necroinflamatória de moderada a intensa e/ou presença de fibrose de moderada a intensa; ausência de contraindicação ao tratamento.

Hepatite C

O tratamento da Hepatite C crônica está indicado nas seguintes situações:

- ser portador do vírus da Hepatite C (HCV) identificado por detecção por biologia molecular de acido ribonucléico – teste qualitativo do HCV;

- ter realizado, nos últimos 24 meses, biopsia hepática onde tenha sido evidenciada atividade necroinflamatória de moderada a intensa e/ou presença de fibrose de moderada a intensa;

- ter entre três e 70 anos;

- ter contagem de plaquetas acima de 50.000/mm3 e de neutrófilos acima de 1.500/mm3.

Coinfecção com HIV

No Brasil, as taxas de prevalência da coinfecção HIV-HCV, obtidas de amostras provenientes de serviços de saúde, situam-se entre

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9,2% e 54,7%, conforme distribuição geográfica e fatores de risco para sua aquisição.

As maiores taxas de prevalência são observadas nos estudos que incluem usuários de drogas injetáveis em sua amostra, constituindo o fator de risco mais importante para aquisição de HCV.

As taxas de prevalência da coinfecção HIV HBV, obtidas em estudos brasileiros de amostras provenientes de serviços de saúde, situam-se entre 5,3% a 24,3%.

Nos últimos anos, estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa têm mostrado que as hepatopatias (insuficiência hepática crônica, de hospitalização e de óbito entre pacientes, sendo hoje a maior causa de morte entre os infectados pelo HIV segundo alguns centros.

Tem-se observado aumento da incidência de complicações crônicas decorrentes das hepatites virais nessa população, o que difere do observado com as outras doenças oportunistas.

Isso se explica pelo aumento da sobrevida dos infectados pelo HIV a partir da utilização dos antirretrovirais. Tal fato propiciou tempo para que o HBV e o HCVo HCV desenvolvessem todo seu potencial letal entre os coinfectados.

Não foram observadas interações significativas entre o HIV e o HAV. Apesar disso, pacientes portadores de hepatite crônica B ou C, ou com acometimento hepático prévio, poderão apresentar quadros mais graves se adquirirem uma nova infecção pelo vírus da Hepatite A.

Nos pacientes coinfectados ocorre aceleração do acometimento hepático, observam-se piores taxas de resposta ao tratamento das hepatites e interações entre os medicamentos para o HIV e o HCV potencialmente graves, além de índices maiores de recidiva.

Outro fato de preocupação é o risco de toxicidade hepática dos antirretrovirais nos coinfectados. O tratamento das hepatites crônicas virais em pacientes infectados pelo HIV é complexo e deve ser realizado, preferencialmente, em centros de referência e por profissionais que tenham experiência com as duas doenças. Poderão ser tratados os pacientes coinfectados que não estejam em falha terapêutica do HIV estável clínica (ausência de infecção oportunista ativa ou nos últimos seis meses) e imunologicamente, e

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com presença de qualquer grau de fibrose, independentemente do genótipo.

Imunização

Vacina contra Hepatite A

As vacinas contra Hepatite A atualmente em uso e licenciadas no Brasil são preparadas a partir de culturas celulares em fibroblastos humanos e inativadas pela formalina.

A imunização contra a Hepatite A é realizada a partir de 12 meses de idade, em duas doses, com intervalo de seis meses entre elas. Não há no momento a disponibilização dessa vacina no calendário básico de vacinação, sendo as indicações descritas a seguir.

A vacina de vírus inativado contra a Hepatite A está disponível nos Centros de Referência para Imunobiologicos Especiais (Crie), integrante do SUS, para as seguintes situações:

- hepatopatias crônicas de qualquer etiologia; - portadores crônicos do HBV e HCV;

- coagulopatias;

- crianças menores de 13 anos com HIV/Aids;

- adultos com HIV/Aids que sejam portadores do HBV ou HCV; - doenças de depósito;

- fibrose cística; - trissomias;

- imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora; - candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes;

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- doadores de órgão sólido ou de medula óssea, cadastrados em programas de transplantes;

- hemoglobinopatias.

As contraindicações se restringem à história de reação anafilática a algum dos componentes da vacina e gravidez.

Eventos adversos pós-vacinação (EAPV) locais observados são a dor, eritema ou edema, que ocorrem entre 20% a 50% dos vacinados, sendo leves e transitórios.

Os EAPV sistêmicos mais comumente observados são febre e fadiga e ocorrem em menos de 5% dos vacinados; sendo os casos de anafilaxia raros.

Vacina contra Hepatite B

A vacina contra Hepatite B está disponível nas salas de vacinação do SUS para faixas etárias especificas e para situações de maior vulnerabilidade, conforme descrito a seguir.

Faixas etárias específicas

- Menores de um ano de idade, a partir do nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o parto;

- Crianças e adolescentes entre um e 19 anos de idade.

Em recém-nascidos, a primeira dose da vacina deve ser aplicada logo após o nascimento, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão vertical.

Caso não tenha sido possível, iniciar o esquema o mais precocemente possível, na unidade neonatal ou na primeira visita ao Posto de Saúde. A vacina contra Hepatite B pode ser administrada em qualquer idade e simultaneamente com outras vacinas do calendário básico.

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A vacina contra a Hepatite B está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), para os seguintes casos:

- vítimas de abuso sexual;

- vítimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente suspeito de infecção por VHB;

- comunicantes sexuais de portadores de HBV; - profissionais de saúde;

- hepatopatias crônicas e portadores de Hepatite C; - doadores de sangue;

- transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea; - doadores de órgãos sólidos ou de medula óssea;

- potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundidos;

- nefropatias crônicas/dialisados/síndrome nefrótica;

- convívio domiciliar contínuo com pessoas portadoras de HBV; - asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas; - fibrose cística (mucoviscidose);

- doença de depósito; - imunodeprimidos; - populações indígenas;

- usuários de drogas injetáveis e inaláveis;

- Pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições menores, forças armadas);

- carcereiros de delegacias e penitenciarias; - profissionais do sexo;

- profissionais de saúde;

- coletores de lixo hospitalar e domiciliar;

- bombeiros, policiais militares, policiais civis e policiais rodoviários; - profissionais envolvidos em atividade de resgate.

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A imunização contra a Hepatite B é realizada em três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a primeira e a terceira dose (0, 1 e 6 meses).

A vacina para Hepatite B deve ser aplicada em deltóide. Deve-se evitar a aplicação na região glútea, por resultar em menor imunogenicidade. A dose da vacina, em micrograma ou mililitros, varia de acordo com o fabricante, devendo-se seguir as orientações da bula e as normas do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

A vacina, após administração do esquema completo, induz imunidade em 90% a 95% dos casos.

Algumas populações, como imunocomprometidos, portadores de insuficiência renal em programas de hemodiálise e alguns bebês prematuros devem fazer uso de esquemas especiais.

Imunoglobulina Humana anti-Hepatite tipo B

A imunoglobulina humana anti-Hepatite tipo B (IGHAHB), disponível nos CRIE, deve ser administrada, usualmente em dose única, 0,5ml para recém-nascidos ou 0,06ml/kg de peso corporal, máximo de 5ml, para as demais idades.

A IGHAHB deve ser aplicada por via intramuscular, inclusive na região glútea. Quando administrada simultaneamente com a HB, a aplicação deve ser feita em grupo muscular diferente.

É indicada para pessoas não vacinadas, após exposição ao vírus da Hepatite B, nas seguintes situações:

- prevenção da infecção perinatal pelo vírus da Hepatite B;

- vitimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente suspeito de infecção por HBV, sem vacinação para Hepatite B; - comunicantes sexuais de casos agudos de Hepatite B;

- vítimas de abuso sexual;

HIV

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A AIDS foi reconhecida em 1981, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino com comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se tratava de uma nova doença. Posteriormente, alguns casos, ocorridos nos últimos anos da década 70, foram identificados como tendo sido AIDS.

No Brasil, a AIDS foi identificada pela primeira vez em 1982. Um caso foi reconhecido retrospectivamente, no estado de São Paulo, como tendo ocorrido em 1980.

Agente Etiológico

O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da família Retroviridae e subfamília Lentivirinae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não- oncogênicos.

O HIV utiliza para multiplicar-se uma enzima denominada transcriptase reversa, responsável pela transcro RNA viral para uma cópia DNA, integrando-se ao genoma do hospedeiro.

O HIV-1 foi isolado em 1983 de pacientes com AIDS pelos pesquisadores Luc Montaigner, na França e Robert Gallo, nos EUA. Em 1986, foi identificado um segundo agente etiológico, também retrovírus, com características semelhantes ao HIV-1, denominado HIV-2.

O termo HIV (Human Immunodeficiency Virus ou Vírus da Imunodeficiência Humana) foi recomendado por um comitê internacional, reunido nesse mesmo ano, reconhecendo-o como capaz de infectar seres humanos.

Transmissão e prevenção

As principais formas de transmissão do HIV são: sexual, sanguínea e vertical. Também pode ocorrer a transmissão ocupacional, ocasionada por acidente de trabalho, em profissionais de saúde. Embora o HIV tenha sido isolado de vários fluidos corporais que contenham células inflamatórias, somente o contato com sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno contaminado tem sido implicado como fontes de infecção desse vírus.

Conclui-se, pela experiência cumulativa e suficientemente ampla, que não há qualquer justificativa para restringir o convívio de

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indivíduos infectados pelo HIV de seus ambientes domésticos, escolares, sociais ou profissionais.

Transmissão sexual

É essa a principal forma de transmissão do HIV no Brasil e no Mundo, sendo a transmissão heterossexual considerada pela OMS, como a mais frequente do ponto de vista global.

Os fatores que aumentam o risco de transmissão do HIV numa relação são:

- Alta viremia (durante a fase da infecção primária e na imunodeficiência avançada).

- Relação anal receptiva.

- Relação sexual durante a menstruação.

- Presença de outra DST. Sabe-se hoje que as úlceras resultantes de infecções por agentes sexualmente transmissíveis, como cancro mole, sífilis e herpes genital, aumentam muito o risco de transmissão do HIV.

Prevenção

- Preservativos: os preservativos masculinos ou femininos são as únicas barreiras comprovadamente efetivas contra o HIV e outras DST, quando usados de forma correta e sistemática.

Os estudos demonstram que o uso do preservativo masculino pode reduzir o risco de transmissão do HIV e de outras DST em até 95%. - Espermicidas: são substâncias químicas utilizadas para recobrir a vagina e colo do útero, com o objetivo de impedir a penetração dos espermatozóides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizar ou destruir os espermatozóides.

O produto espermicida à base de nonoxinol-9 (N-9) a 2% é o mais amplamente utilizado no Brasil e no mundo. Entretanto, o uso de alguns métodos contraceptivos contendo N-9 pode aumentar o risco de transmissão sexual do HIV e outras DST‟s.

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Isso foi demonstrado em um ensaio clínico que observou risco acrescido entre usuárias/os desse produto. A razão desse risco acrescido reside no fato de o N-9 provocar lesões (fissuras/microfissuras) na mucosa vaginal e retal, dependendo da frequência de uso e do volume aplicado.

Transmissão sanguínea

A transmissão, por meio da transfusão de sangue e derivados, tem apresentado importância decrescente nos países industrializados e naqueles que adotaram medidas de controle de qualidade do sangue utilizado, como é o caso do Brasil.

O uso de drogas injetáveis, associado ao compartilhamento de seringas e agulhas, apresenta alta probabilidade de transmissão sanguínea do HIV. Esse tipo de transmissão vem crescendo em várias partes do mundo, como Ásia, América Latina e Caribe.

Prevenção

A transmissão pela transfusão de sangue e derivados deve ser prevenida por meio do controle da qualidade pelos bancos de sangue. Os profissionais de saúde devem estar atentos e denunciar as irregularidades às autoridades sanitárias.

Estarão, dessa forma, desempenhando papel de grande relevância na prevenção e controle da transmissão do HIV, hepatites e outras doenças que podem ser transmitidas pelo sangue.

Prevenção em usuários de drogas injetáveis (UDI) – Os UDI‟s representam uma população particularmente importante, em virtude da alta prevalência do HIV nesse grupo.

Consequentemente representam risco de transmissão para os parceiros sexuais e para os que compartilham agulhas e seringas. Ressalta-se, também, o risco da transmissão vertical quando ocorre a infecção da parceira.

A disseminação da infecção pelo HIV entre UDI em vários países levantou importantes questões sobre a natureza de seu comportamento e sobre a possibilidade de modificá-lo por meio de intervenções preventivas, reduzindo o risco de transmissão do HIV.

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Em locais onde a política de redução de danos foi implantada observou-se a redução da incidência de transmissão do HIV nessa população.

A vulnerabilidade dos UDI‟s para o HIV, aliada à exclusão social vivenciada por eles, apontam para a necessidade da realização de ações de prevenção nas unidades de saúde destinadas a essa população, tais como:

- facilitar o acesso dessas pessoas à unidade de saúde e aos serviços de tratamento da dependência de drogas, quando indicado.

- realizar o acompanhamento clínico dessa população.

- disponibilizar a testagem sorológica, com aconselhamento.

- Articulação com programas de redução de danos, incluindo ações de redução de danos com os usuários de drogas: orientação para uso seguro de drogas injetáveis (troca de seringas e agulhas) e para a prática de sexo seguro.

Transmissão Vertical

Entre os exames essenciais do pré-natal inclui-se a obrigatoriedade da oferta do teste anti-HIV a todas as gestantes, com aconselhamento pré e pós-teste. O diagnóstico precoce permite o controle da doença materna e a prevenção da transmissão vertical do HIV.

Transmissão Ocupacional

A transmissão ocupacional ocorre quando profissionais da área da saúde se ferem acidentalmente com instrumentos perfuro cortantes contaminados com sangue de pacientes portadores do HIV.

Estima-se que o risco médio de contrair o HIV, após uma exposição percutânea ao sangue contaminado, seja de aproximadamente 0,03%, aumentando esse risco para aproximadamente 0,1% no caso de exposição de mucosas.

Os fatores de risco identificados como favorecedores deste tipo de transmissão, são:

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- A profundidade e extensão do ferimento.

- A presença de sangue visível no instrumento que produziu o ferimento.

- A exposição envolvendo agulha inserida diretamente na veia ou artéria de paciente portador de HIV.

- O paciente, fonte da infecção, ter evidências de imunodeficiência avançada.

Boa parte dos acidentes ocorre ao se manusear sangue e secreções em pacientes com sorologia desconhecida. Ocorrendo o acidente, aliado aos esforços de diagnóstico do paciente-fonte, recomenda-se observar manejo idêntico ao realizado nos casos sabidamente em portadores do HIV.

Prevenção

O meio mais eficiente de reduzir-se tanto a transmissão profissional- paciente quanto à paciente–profissional baseia-se: - Na utilização sistemática das normas de biossegurança.

- Na determinação dos fatores de risco associados e na sua eliminação.

- Na implantação de novas tecnologias da instrumentação usadas na rotina de procedimentos invasivos.

O profissional de saúde acidentado com risco de infecção pelo HIV deverá ser encaminhado nas primeiras horas (idealmente dentro de 1 a 2 horas), após o acidente, para a quimioprofilaxia com antirretrovirais. A duração da quimioprofilaxia é de quatro semanas. Estudos em animais sugerem que a quimioprofilaxia não é eficaz quando iniciada de 24 a 36 horas após o acidente.

Desmistificação de possíveis riscos de transmissão do HIV

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A transmissão de HIV por meio de vacinas não foi documentada. Outros produtos imunobiológicos derivados do sangue ou plasma são purificados, e não transmitem o HIV.

Mosquitos

Não transmitem HIV. Eles não são infectados e sua saliva não contém HIV. A quantidade de vírus circulante no sangue periférico não é suficiente para infecção. Mosquitos não regurgitam sangue na próxima pessoa que eles picam.

Estudos realizados na África e nos EUA confirmaram a não ocorrência de transmissão de HIV por meio da picada de inseto. Mosquitos também não transmitem HBV (vírus da hepatite B).

Contato com sangue ou fluídos corporais

As mãos devem ser lavadas após contato com sangue e fluidos corporais. Apesar de não haver evidências de transmissão do HIV por essa via, deve-se evitar o uso comum de objetos pessoais, tais como escova de dente e lâminas de barbear.

Tatuagem e acupuntura

Os seus instrumentos devem ser descartados após utilização ou rigorosamente limpos e esterilizados.

Saliva

A saliva é rica em proteínas que inibem a infecção pelo HIV. Dentre estas proteínas salientamos a enzima inibidora de protease secretada por leucócitos (SLIP) que representa uma barreira natural na transmissão do HIV.

Além disso, a hipotonicidade salivar, que provoca a lise celular, também se apresenta como mais um obstáculo para que

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ocorra a infecção pelo HIV. Deste modo, a saliva não é um meio eficaz de transmissão do vírus da AIDS.

Até hoje, não existem casos notificados de transmissão do vírus da AIDS pela saliva.

Aerossol e HIV

O aerossol é diferente de gotículas e espirros. Ele é constituído de partículas menores que 10 mícrons de diâmetro, que flutuam em corrente de ar.

Não existem casos descritos de transmissão do HIV pelo aerossol, durante atividade clínica. Concluindo, não existe evidência de transmissão do vírus da AIDS por via respiratória.

O HbsAg (antígeno de superfície da hepatite B), por sua vez, nunca foi encontrado no ar durante o tratamento de pacientes portadores de HBV em consultório odontológico e em centros de hemodiálise.

Aspectos clínicos da infecção pelo HIV

A infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas: 1. Infecção aguda.

2. Fase assintomática, também conhecida como latência clínica. 3. Fase sintomática inicial ou precoce.

4. AIDS.

Infecção Aguda

A infecção aguda, também chamada de síndrome da infecção retroviral aguda ou infecção primária, ocorre em cerca de 50% a 90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco realizado, em razão do baixo índice de suspeição, sendo, em sua maioria, retrospectivo. O tempo entre a exposição e os sintomas, é de 5 a 30 dias. A história natural da infecção aguda caracteriza-se tanto por viremia elevada quanto por resposta imune intensa. Nessa fase da infecção, existem evidências de que a imunidade celular desempenha papel fundamental no controle da viremia.

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Os sintomas aparecem durante o pico da viremia e da atividade imunológica. As manifestações clínicas podem variar desde quadro gripal até uma síndrome, que se assemelha à mononucleose.

Os pacientes podem apresentar sintomas de infecção viral, como: febre, faringite, ulcerações mucocutâneas, envolvendo mucosa oral, esôfago e genitália; cefaleia, fotofobia, perda de peso, náuseas e vômitos.

Alguns pacientes ainda podem apresentar candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica e síndrome de Guillain-Barré.

Janela imunológica: também chamada de janela biológica, é o tempo compreendido entre a aquisição da infecção e a soroconversão.

O tempo decorrido para que a sorologia anti-HIV torne-se positiva é de 6 a 12 semanas após a aquisição do vírus, com o período médio de aproximadamente dois meses.

Os testes utilizados apresentam geralmente níveis de até 95% de soroconversão nos primeiros seis meses após a transmissão.

Fase Assintomática (Latência Clínica)

Na infecção precoce pelo HIV, também conhecida como fase assintomática, o estado clínico básico é mínimo ou inexistente. Alguns

pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada persistente, “flutuante” e indolor.

Fase sintomática inicial (ou precoce)

Nessa fase, o portador de HIV pode apresentar sinais e sintomas inespecíficos de intensidade variável, além de processos oportunistas de menor gravidade, principalmente na pele e nas mucosas. As alterações mais frequentes são:

- Sinais e sintomas inespecíficos:

Sudorese noturna: é queixa bastnte comum e tipicamente inespecífica entre os pacientes com infecção sintomática inicial pelo HIV. Pode ser recorrente e vir acompanhada ou não de febre.

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Nessa situação deve ser considerada a possibilidade de infecção oportunista, devendo-se lançar mão de investigação clínica e laboratorial específicas.

Fadiga: frequente manifestação da infecção sintomática inicial pelo HIV. Geralmente, sentida no final de tarde ou após atividade física. Fadiga progressiva e debilitante deve alertar para a presença de infecção oportunista, devendo ser sempre pesquisada.

Emagrecimento: é um dos mais comuns entre os sintomas gerais associados à infecção pelo HIV, estando presente em 95% a 100% dos pacientes com doença em progressão.

Geralmente, encontra-se associado a outros sintomas, como anorexia. A associação com diarreia aquosa faz com que esse sinal seja mais intenso.

- Processos Oportunistas de menor gravidade:

Candidíase Oral e Vaginal (inclusive a recorrente) – incluem as seguintes espécies patogênicas: Candida albicans, C. tropicalis, C. parapsilosis e outras menos comumente isoladas.

A candidíase oral é a mais comum infecção fúngica em pessoas portadoras do HIV. Apresenta-se com sintomas e aparência macroscópica características, descritas a seguir:

Forma Pseudomembranosa: consiste em placas esbranquiçadas, removíveis da língua e mucosas, que podem ser pequenas ou amplas e disseminadas.

Forma Eritematosa: é vista como placas avermelhadas em mucosa, palato mole e duro, ou superfície dorsal da língua.

Queilite Angular: também frequente, produz eritema e fissuras nos ângulos da boca.

As mulheres infectadas pelo HIV+ podem apresentar como manifestação precoce de imunodeficiência pelo HIV, bem como nas fases mais avançadas da doença, formas extensas ou recorrentes de candidíase vulvovaginal, com ou sem acometimento oral.

Leucoplasia Pilosa Oral: é um espessamento epitelial benigno, causado provavelmente pelo vírus Epstein-Barr. Clinicamente apresentam- se como lesões brancas, não facilmente removíveis, que variam em tamanho e aparência, podendo ser planas, ou em forma de pregas, vilosidades ou projeções.

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Ocorre mais frequentemente nas margens laterais da língua, mas podem ocupar localizações da mucosa oral: mucosa bucal, palato mole e duro.

Gengivite: a gengivite e outras doenças periodontais podem manifestar-se de forma leve ou agressiva em pacientes com infecção pelo HIV.

Em estágios mais avançados da doença pelo HIV, observa-se frequentemente uma evolução rapidamente progressiva levando a um processo necrotizante acompanhado de dor, perda de tecidos moles periodontais, exposição e sequestro ósseo.

Úlceras Aftosas: em indivíduos infectados pelo HIV é comum a presença de úlceras extensas, resultantes da coalescência de pequenas úlceras, em cavidade oral e faringe, de caráter recorrente, e etiologia não definida.

Diarreia: a infecção pelo HIV, desde sua fase inicial, tem a diarreia como manifestação frequente. Determinar a causa da diarreia pode ser difícil, portanto, faz-se necessário o exame das fezes para agentes específicos.

Sinusopatias: sinusites e outras sinusopatias ocorrem com relativa frequência entre os pacientes com infecção pelo HIV.

Herpes Simples Recorrente: a maioria das pessoas infectadas pelo HIV são coinfectadas com um ou ambos os tipos de vírus herpes simples (HSV 1 e 2), sendo mais comum a recorrência do que a infecção primária.

Embora o HSV-1 seja responsável por lesões orolabiais, e o HSV-2, por lesões genitais, os dois tipos podem causar infecção em qualquer sítio. A sintomatologia clássica pode manifestar-se independentemente do estágio da doença pelo HIV.

Todavia, a apresentação clínica dos quadros de recorrência é geralmente atípica ao comparar-se aos quadros em indivíduos imunocompetentes.

Herpes Zoster: a maioria dos adultos foi previamente infectada pelo vírus varicela zoster, e de modo similar ao HSV, pacientes com doença pelo HIV desenvolvem pelo menos algum episódio de herpes zoster.

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