• Nenhum resultado encontrado

O ensino da Infografia no Brasil e no mundo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O ensino da Infografia no Brasil e no mundo"

Copied!
69
0
0

Texto

(1)

Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes

Danilo Bueno Ipolito

O ensino da Infografia no

Brasil e no mundo

São Paulo

(2)

DANILO BUENO IPOLITO

O ensino da Infografia no Brasil e no Mundo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Bacharel em Jornalismo

Orientador: Professor Eugênio Bucci

São Paulo

(3)

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa sem fins lucrativos, desde que citada a fonte.

(4)

Nome: BUENO IPOLITO, Danilo

Título: O Ensino da Infografia no Brasil e no Mundo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de

Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Bacharel em Jornalismo.

Data:

Orientador: Prof. Eugênio Bucci

Julgamento:________________________ Assinatura:_______________________ Banca Examinadora Prof. Dr. __________________________ Instituição:_______________________ Julgamento:________________________ Assinatura:_______________________ Banca Examinadora Prof. Dr. __________________________ Instituição:_______________________ Julgamento:________________________ Assinatura:_______________________ Banca Examinadora Prof. Dr. __________________________ Instituição:_______________________ Julgamento:________________________ Assinatura:_______________________

(5)

Agradecimentos

Aos meus pais, pela confiança e paciência e por me possibilitarem todos os meios necessários para concluir esta pesquisa. Ao Núcleo José Reis de Divulgação Científica que me enviou a Florianópolis para participar da SBPC e me apaixonar pelo tema da Infografia. Aos amigos, que de longe ou de perto, sempre estão ao meu lado.

(6)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar a dinâmica do ensino da Infografia nas faculdades de jornalismo no Brasil e no exterior, além de propor um modelo de disciplina a ser aplicado nas universidades brasileiras. O estudo da estrutura de ensino foi precedido por uma contextualização do objeto, a Infografia, a partir dos poucos estudos teóricos já realizados no país. A partir de então buscou-se identificar as principais demandas dos profissionais de algumas das principais empresas de comunicação brasileiras com relação à formação de jornalistas capazes de trabalhar com a informação visual. Esse aporte teórico possibilitou uma análise mais direcionada dos projetos pedagógicos das universidades brasileiras e estrangeiras que já englobaram este tipo de demanda ao seu currículo, com disciplinas ligadas à Infografia ou ao conceito mais amplo de Visualização da Informação. Chegou-se à conclusão de que, apesar da infografia estar relativamente bem estabelecida nas redações dos veículos com maiores tiragens do país, as universidades ainda não reconhecem a importância dessa linguagem para a transmissão da informação jornalística no momento em que a convergência dos meios de comunicação começa a se revelar de forma mais intensa.

(7)

Abstract

This study aims to analyze the dynamics of Information Graphics teaching at Journalism schools in Brazil and abroad, and propose a model of discipline to be applied in

Brazilian universities. The study of the teaching structure was preceded by a

contextualization of the object, Information Graphics, taking into consideration the few theoretical studies already undertaken in the country. Thereafter we tried to identify the main demands of professionals from some major media companies in Brazil regarding to the training of journalists capable of working with visual information.This theoretical analysis has enabled us to make a more direct evaluation of Brazilian and foreign universities pedagogical projects which have been incorporated to their curriculum whether with courses related to Information Graphics or the broader concept of Information Visualization. We concluded that, although Informational Graphics are relatively well established in the newsroom of local vehicles with large print runs, the universities do not yet recognize the importance of this language for the transmission of news information, especially when the convergence of media begins to settle in what seems a permanent way.

(8)

Lista de ilustrações

Figura 1 - Pinturas rupestres na Serra da Capivara

...

10

Figura 2 - Página do Livro da Morte

...

11

Figura 3 - Estudo sobre o desenvolvimento embrionário

...

11

Figura 4 - Infográfico de Charles Joseph Minard

...

12

Figura 5 - Reflexo da crise dos subprimes nas várias regiões dos EUA

...

17

Figura 6 - Como funciona um telejornal

...

17

Figura 7 - Linha do tempo com os fatos que marcaram 2009

...

18

Figura 8 - Congresso Mexicano

...

19

Figura 9 - Regras do Curling

...

20

(9)

Sumário

1 - Introdução

1.1 - A história da infografia

...

10

1.2 - A infografia no jornalismo

...

14

1.3 - O jornalismo científico

...

26

1.4 - O infografista e o designer gráfico

...

28

2 - O ensino da infografia no mundo

...

30

2.1 - Missouri School of Journalism

...

31

2.2 - University of North Carolina, Chapell Hill

...

32

2.3 - Universidad de Navarra

...

34

2.4 - Universitè Paul Verlaine

...

35

3 - A infografia no Brasil

...

35

3.1 - O ensino universitário

...

35

3.1.1 - Universidade Federal de Santa Catarina

...

36

3.1.2 - Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM)

...

37

3.1.3 - Universidade Federal da Paraíba

...

39

3.1.4 - Instituto Internacional de Ciências Sociais

...

39

3.2 - A experiência da Editora Abril

...

40

4 - Modelos de cursos

...

42

5 – Conclusão

...

51

(10)

1 - Introdução

1.1 – A história da infografia

O desenvolvimento da linguagem infográfica remonta à pré-história, com a produção das pinturas rupestres, passa pelo desenvolvimento da linguagem textual, pelo período renascentista, com a retomada do interesse na ciência e no conhecimento, e chega à era contemporânea com a introdução dos primeiros Macintosh com softwares gráficos nas redações, que deram à produção da infografia um caráter industrial.

Os desenhos nas cavernas tinham como objetivo manter a cultura, traçar planos para caçadas e marcar os períodos das chuvas. Eles revelam através de imagens, na linguagem escrita mais simples possível, as formas com que o ser humano se relacionava com a natureza, mostrando os ciclos de migração dos animais, as armas utilizadas na caça e a forma como eram realizados os atos sagrados. As pinturas serviam como meio de comunicação entre as várias gerações, e, assim como os infográficos publicados hoje nos jornais, utilizavam como forma de transmitir a informação uma iconografia compreensível por emissor e destinatário.

Figura 1 – Pinturas rupestres na Serra da Capivara

Fonte: Museu do Homem Americano

Já na Antiguidade, os escribas ocuparam o papel de detentores da cultura egípcia e foram os responsáveis por desenvolver e manter uma linguagem que misturava imagens e texto, e que passou a servir de instrumento para a organização do império.

(11)

Figura 2 - Página do Livro da Morte

Fonte: The British Museum

Leonardo Da Vinci, uma das figuras mais destacadas do Renascimento na Itália, é considerado um dos mais importantes precursores da infografia. O artista recorreu à linguagem infográfica para registrar seus projetos de engenharia, estudos de anatomia, rascunhos de pintura e cálculos matemáticos. Rejeitando muitas vezes as explicações teóricas, ele se ateve à exposição detalhada dos elementos que compunham os conjuntos estudados, propondo, inclusive, uma enciclopédia baseada nas imagens ao invés de texto.

Entre seus trabalhos mais famosos, registrados em mais de 13 mil páginas de rascunhos e estudos, está o Homem Vitruviano, que analisava as proporções humanas, além de estudos de fetos e músculos.

Figura 3 – Estudo sobre o desenvolvimento embrionário

(12)

Na história da infografia1 destacam-se também os diagramas de William Playfair,

responsáveis por popularizar na imprensa os gráficos de linha, pizza e barras, usados na apresentação de dados estatísticos; os infográficos de John Snow, que em 1854 explicou em um de seus mais célebres trabalhos como se dava a contaminação da cólera em Londres, e de Charles Joseph Minard, que publicou em 1869 um diagrama que mostrava o enfraquecimento do exército de Napoleão a medida que avançava em direção a

Moscou.

Figura 4 – Infográfico de Charles Joseph Minard

Fonte: Wikimedia Commons

Alguns autores associam o nascimento da infografia à disseminação no uso dos computadores, entendendo a linguagem como um novo gênero jornalístico. A partir deste ponto de vista, alguns teóricos situam o início da infografia moderna na década de 80, no diário norte-americano USA Today.

Outros especialistas apontam a Guerra do Golfo como marco fundamental na

disseminação da infografia pela mídia internacional. José Manuel De Pablos2 afirma que

a dificuldade dos principais jornais do mundo em conseguir fotografias do conflito entre as forças norte-americanas e o Exército iraquiano, em decorrência da censura imposta pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, teria incentivado o desenvolvimento das editorias especializadas em infografia nas redações. Junto com as imagens de arquivo, os

1 - TEIXEIRA, Tattiana – História da Infografia Jornalística – fundamentos – Disponível em

http://www.slideshare.net/tattianat/histria-da-infografia-jornalstica-fundamentos, acessado em 01/10/2010

(13)

infográficos se tornaram então a única forma dos veículos contarem as histórias da guerra que eram enviadas por telefone pelos repórteres, ou testemunhas que estavam no local das batalhas.

Había nacido la infografía, que no es en modo alguno un producto de la era informática, sino fruto de los deseos de la humanidad por comunicarse mejor, por dejar más acuradas aquellas primeras formas de comunicar. La infografía, pues, es de hoy, pero también lo es de ayer, de un ayer bastante remoto.3

Como centro do desenvolvimento da informática e principal polo de mídia mundial, os Estados Unidos tiveram um papel fundamental na revolução que ocorreu nos diários no começo dos anos 80. A Espanha, que é hoje um centro de referência na área, acabou se destacando na produção da infografia e na pesquisa acadêmica apenas no início da década de 90, com o nascimento dos diários El Sol e El Mundo e com a reforma editorial do La Vanguardia. De acordo com o Sérgio M. Mahugo4, ex-professor de

Infografia da Universidad de La Laguna, o diário El Sol foi o primeiro jornal impresso a ser produzido de forma totalmente digital.

Assim como a Guerra do Golfo foi definitiva para a explosão do uso da infografia nos Estados Unidos, os jogos olímpicos de Barcelona, em 1992, foram fundamentais para o desenvolvimento da infografia na Espanha. Josep Maria Serra5, Redator de La

Vanguardia e professor de jornalismo gráfico na Universidad Pompeu Fabra, de

Barcelona, compara a produção infográfica da Espanha e dos Estados Unidos no mesmo período:

Precisamente en 1982, a Argentina invadió las islas Malvinas, y con ese motivo podemos conocer con una cierta extensión cómo se trabajaba en España mientras en los Estados Unidos nacía el USA Today. Todo lo que se publicaba eran mapas y estadísticas, en algún caso con ilustraciones alegóricas. En la mayor parte de las redacciones había uno o, a lo sumo, dos dibujantes dedicados normalmente a hacer los mapas del tiempo y algún gráfico de barras. Desde 1982 hasta hoy [1993] sólo han pasado once años y, sin embargo, al contemplar esos gráficos nos da la sensación de estar ante algo ya muy lejano.

3 - DE PABLOS, José Manuel - Siempre ha habido infografía. (1998) Revista Latina de Comunicación Social. Disponível em http://www.ull.es/publicaciones/latina/a/88depablos.htm acessado em 03/11/2010

4 - M. MAHUGO, Sergio - La Infografia Periodistica em España. Disponível em: http://www.egaleradas.com/la-infografa-periodstica-en-espaa-ap, acessado em 01/10/2010

5 - SERRA, Josep María – La Irrupción del Infografismo em España. (1998) - Disponível em: http://www.ull.es/publicaciones/latina/biblio/libroinfo/10ainfo9.htm, acessado em 01/10/2010

(14)

1.2 – A infografia no Jornalismo

A infografia é uma linguagem caracterizada pela transferência visual das informações. Amplamente aplicada nos jornais nos últimos anos, a utilização dessa linguagem na mídia brasileira e internacional passa gradativamente por um processo de especialização, com o surgimento de cursos especializados nas faculdades de jornalismo e nas escolas de artes gráficas.

Um infográfico é uma estrutura formada por um conjunto de elementos que se reúnem para transmitir uma informação visual, através de uma narrativa. Apesar de não serem considerados infográficos quando apresentados isoladamente, fotografias, blocos de texto, ilustrações, mapas e gráficos podem ser agregados de tal modo a formar um conjunto capaz de transmitir dados variados sobre um determinado acontecimento, explicar um lugar ou processo, estabelecer relações ou comparar grandezas.

Os teóricos que compreendem o termo “infografia” como relacionado à informática, como um grafismo eletrônico ou como a aplicação da informática na representação gráfica e no tratamento da imagem, têm como base o pressuposto de que o nascimento da linguagem fica condicionado à informatização das redações, principalmente com o surgimento dos primeiros computadores a partir dos anos 80.

Esta pesquisa, no entanto, foi realizada sob uma ótica que vê a infografia em um sentido mais amplo, pela qual ela seria um processo que relaciona imagens e textos para a transmissão de uma informação. A partir deste ponto de vista, a infografia seria uma linguagem muito antiga, que acompanha a história humana desde o nascimento das primeiras formas de linguagem visual. Essa concepção associa, portanto, o papel dos computadores e softwares gráficos à industrialização do processo de produção do infográfico, que permitiu sua elaboração regular na velocidade e com os requisitos técnicos exigidos pelas mídias impressas e digitais, e não como o fator que teria dado início à infografia.

Na sua forma moderna, a infografia utiliza recursos icônicos e escritos para dar uma informação ampla e precisa, para a qual uma abordagem unicamente textual se mostraria insuficiente. Aplicada ao jornalismo, a infografia é uma representação visual e

(15)

informações hierarquizadas e organizadas de forma a facilitar a compreensão do leitor ou permitir que ele acesse livremente as informações que tem mais interesse (no caso do infográfico interativo).

Os elementos que compõem o infográfico precisam ser dispostos de forma a

complementar os anteriores, sem a obrigatoriedade de enfeites ou outros mecanismos que não estejam intimamente ligados à narrativa. Para a formatação de um infográfico algumas exigências são de grande importância como o agrupamento e hierarquização da informação, a coerência entre as cores e o uso de escala, quando necessário.

Além da infografia estática, utilizada principalmente em jornais e revistas, o avanço das tecnologias de transmissão de dados pela internet popularizou a chamada infografia digital ou interativa, estruturada através de programação, geralmente em linguagem Flash. Entre suas principais características está a possibilidade de o usuário interferir na narrativa, navegando pelo infográfico e estabelecendo prioridades entre várias opções de informação.

Na internet, a infografia também agrega elementos diversos como áudio, vídeo e animações em 3ª dimensão. De acordo com a pesquisadora da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Tattiana Teixeira6,

Na internet, a produção de infográficos pode incluir recursos multimídia, como vídeo e áudio, e, no caso do chamado infográfico dinâmico, permitir que o leitor utilize

informações disponibilizadas em banco de dados para construir a infografia, a partir de suas demandas específicas, estabelecendo graus crescentes de interatividade.

Também formada através de programação, a Infografia em Base de Dados pode ser gerada automaticamente, com o apoio de estruturas de armazenamento de informações digitais. Por tratar de sistemas complexos, esse tipo de infográfico é muitas vezes entendido como uma forma de análise de dados, já que é capaz de revelar informações que estavam ocultas, e que seriam incompreensíveis se apresentadas no formato textual. Essa ferramenta torna-se cada vez mais relevante ao se considerar imensa quantidade de dados produzidos e disponibilizados pelos sistemas computacionais, que podem ser relacionados de inúmeras formas, permitindo a identificação de padrões que passam despercebidos por uma análise humana. A Infografia em Base de Dados pode ser

6 - TEIXEIRA, Tattiana - O futuro do presente: os desafios da Infografia jornalística. Revista Icone v. 11 n. 2, dezembro de 2009, Programa de Pós-Graduação em Comunicação Universidade Federal de Pernambuco

(16)

considerada uma forma sofisticada de organização de dados e comparada a processos bem conhecidos, como a formação de gráficos através de planilhas como o Excel.

Uma planilha de Excel, que é um banco de dados, pode armazenar uma quantidade enorme de dados, que não serão mostrados visualmente na sua totalidade. Isso seria impossível do ponto de compreensão visual humana. Eles são manipulados de forma a serem sintetizados ou deles retirados padrões que serão, assim, visualizados pelo ser humano. Não há narrativa construída pelo produtor do gráfico, apesar dos dados apresentados, conforme a compreensão pelo ser humano que os observa, para serem entendidos é necessário a construção mental de uma narrativa.7

Considerando o uso da imagem como inerente à comunicação humana, o estudo do que se está convencionando chamar Jornalismo Visual é a investigação sobre as formas que o jornalismo encontrou para transferir com eficiência a informação através dos recursos imagéticos.

Sendo assim, pensar o jornalismo visual nada mais é do que pensar de que forma o Jornalismo se apropriou ao longo do tempo de recursos visuais para acompanhar a atração inata do homem por imagens.8

O infográfico pode ser acompanhado de elementos explicativos em formato textual externo ao grupo de imagens, mas a maior parte dos infográficos desenvolve uma narrativa própria e autoexplicativa, com começo, meio e fim, o que o torna de certa forma independente de uma grande quantidade de texto, respondendo à necessidade de uma informação mais dinâmica. Aplicada como uma linguagem jornalística, a infografia também deve responder sempre que possível às questões básicas do jornalismo: o que, quem, quando, onde, como e por que. As ilustrações aliadas ao texto podem ser usadas para comparar grandezas (Figura 5); demonstrar fatos em uma sequência (Figura 6); estabelecer uma linha do tempo (Figura 7); mostrar as seções de um edifício (Figura 8); explicar um esporte (Figura 9).

7 - TEIXEIRA LIMA JUNIOR, Walter; DA ROCHA, Ana Paula - Visualização de dados estruturada por banco de dados digitais sintoniza o Jornalismo com a complexidade informativa contemporânea - XXXIII Intercom - Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Caxias do Sul, RS – 2 a 6 de setembro de 2010, pág. 10

(17)

Figura 5 – Reflexo da crise dos subprimes nas várias regiões dos Estados Unidos. A imagem

central do diagrama relaciona de forma harmoniosa ferramentas de representação visual muito comuns no jornalismo, combinando a informação geográfica do mapa com os dados

comparativos do gráfico. Apoiando as duas informações principais, mapas auxiliares, texto e legendas complementam a notícia apresentada pelo infográfico.

Fonte: The New York Times

Figura 6 – Como funciona um telejornal. Esse infográfico tem como principal objetivo

apresentar uma narrativa visual do processo de produção de um telejornal, utilizando-se principalmente de ilustrações, setas e texto. A importância da narrativa fica muito clara neste exemplo, onde setas e números orientam o sentido da leitura das legendas.

(18)

Figura 7 - Linha do tempo com os fatos que marcaram 2009. Uma linha do tempo estabelece

uma narrativa que tem como ponto central a sucessão de determinado conjunto de fatos. Ela tem a vantagem de conseguir agregar assuntos diferentes dentro de uma perspectiva lógica e cognitiva.

(19)

Figura 8 – Infográfico explicando o funcionamento do Congresso Mexicano. Apesar das fotos,

ilustrações, gráficos e mapas não poderem ser chamados de infográficos quando usados isoladamente, é comum que os infografistas selecionem um destes recursos para que tenha um papel central no diagrama, com a função de agregar todos os outros. Neste infográfico os autores exploraram as vantagens do mapa, da ilustração, de vários tipos de gráficos e de outros recursos que se relacionam para explicar o funcionamento do Congresso.

(20)

Figura 9 – Regras do Curling. Este infográfico publicado durante os Jogos Olímpicos de Inverno

estabelece uma narrativa e, ao mesmo tempo, explica as regras e apresenta os equipamentos utilizados para a prática do Curling.

Fonte: Associated Press

As possibilidades de utilização dos infográficos são inúmeras, mas há regras que ajudam na sua confecção. Existem orientações que apontam quais tipos de informação são mais adequadas a cada caso. Na figura 8, o infografista usou uma variação do gráfico de pizza para indicar a proporcionalidade na distribuição das cadeiras entre os deputados dos vários partidos no Congresso Mexicano. Na figura 6, usou setas para indicar ao leitor a sequência da leitura das imagens e legendas, já que o infográfico conta um processo com um sentido lógico estabelecido.

Venkatesh Rajamanickam faz um resumo relacionando os tipos de dados com as formas indicadas para sua apresentação, considerando também o veículo mais adequado a cada tipo de informação:

(21)

Figura 10 – Modelo de adequação da informação aos meios9

Fonte: CASTRO ANDRADE, Rafael – Sistematização de um método para produção de infográficos com base no estudo de caso do jornal Folha de São Paulo

9 - RAJAMANICKAM, Venkatesh - Infographics Seminaar Handout. (2005) apud. CASTRO ANDRADE, Rafael de - Sistematização de um método para produção de infográficos com base no estudo de caso do jornal Folha de São Paulo – Londrina, UEL, 2008

(22)

O infografista espanhol Alberto Cairo10 enumera as cinco principais qualidades de um

bom infográfico: 1) Atenção aos critérios jornalísticos; 2) Relevância do tema tratado; 3) Foco e estrutura; 4) Hierarquia das informações; 5) Qualidade da ilustração

A autonomia enunciativa é vista como uma característica fundamental da infografia. Não raras vezes, quando acompanhada por textos em uma matéria de jornal ou revista, a infografia será a única informação consultada pelo leitor que, por motivos diversos, pode se sentir satisfeito com as informações proporcionadas pela leitura do infográfico,

dispensando o texto-base. Tattiana Teixeira11 defende a aplicação da infografia dentro de

alguns dos parâmetros já bem definidos para o jornalismo.

Estamos convencidos que [os infográficos] devem, obrigatoriamente, seguir todos os princípios técnicos e deontológicos inerentes à prática jornalística contemporânea. Isto se, por um lado, o favorece, por outro coloca uma questão fundamental em meio ao expressivo entusiasmo que muitas vezes permeia o discurso dos que produzem ou estudam esta modalidade: o infográfico tem limites e estes limites são os do próprio jornalismo. O infográfico tem exigências, inclusive em seu processo de produção, e estas exigências igualmente devem ser cumpridas.

A infografia jornalística é uma linguagem que não é nova no dia-a-dia das redações de revistas, jornais e principalmente na internet, que já nasceu no período em que a imagem alcançava um dos picos de importância na história. Além de competir com vantagem com imensa quantidade de informação disponível hoje nos meios impressos, e por sua característica de síntese, a imagem exerce uma forte atração que impõe uma nova fronteira ao produtor de notícias que busca renovar suas ferramentas de trabalho, e ao leitor que procura novos ângulos e formas de receber a informação.

Apesar de relativamente estabelecida em parte da imprensa brasileira, com equipes especializadas na produção diária de infográficos, a infografia ainda não encontrou espaço suficiente na academia, principalmente nos cursos de jornalismo brasileiros, onde boa parte dos estudantes ainda não compreende o significado do termo apesar de

reconhecerem a importância da comunicação visual no jornalismo atual. Como aponta Tattiana Teixeira12, o problema da infografia começa pelo dilema sobre qual profissional

deve ser responsável pela sua elaboração conceitual e artística. Jornalistas, artistas gráficos e mesmo publicitários são, em teoria, capazes de participar da produção do

10 - Entrevista concedida em 31/08/2010, na sede da Editora Globo, em São Paulo

11 - TEIXEIRA, Tattiana - O futuro do presente: os desafios da Infografia jornalística. Revista Icone v. 11 n. 2, dezembro de 2009, Programa de Pós-Graduação em Comunicação Universidade Federal de Pernambuco

12 - TEIXEIRA, Tattiana - A presença da infografia no jornalismo brasileiro - Proposta de tipologia e classificação como gênero jornalístico a partir de um estudo de caso revista Fronteiras Estudos Midiáticos IX: 111-120, maio/agosto de 2007

(23)

infográfico contanto que tenham preparação para tal. Na prática das redações, artistas gráficos com formações variadas trabalham em conjunto com jornalistas que apuram as informações e discutem em conjunto com o editor a concepção teórica do grafismo. A infografia é uma linguagem largamente utilizada em publicações pedagógicas, manuais de instrução, publicações de referenciamento geográfico, embalagens de alimentos e pode ser produzida por profissionais de diversas áreas ligadas ao design, dependendo de seu objetivo e de sua complexidade técnica. O jornalista que trabalha diretamente na área também é chamado de infografista, assim como os profissionais da área do design que desempenham as funções gráficas na cadeia de produção do

infográfico. Além dos profissionais especializados que atuam diretamente na produção, os outros componentes da redação como editores, repórteres e fotógrafos também têm muitas vezes uma atuação direta ou indireta na criação do infográfico.

A infografia também enfrenta indefinições terminológicas e de forma que aumentam a dificuldade de se estabelecerem os limites da atuação dos infografistas, no entanto os profissionais especializados em infografia e os acadêmicos já têm identificados e tipificados os principais formatos e metodologias para a produção dos infográficos. Venkatesh Rajamanickam, citado por Rafael de Castro Andrade13, propõe nove passos

para a produção de um infográfico: organizar, tornar visível, definir o contexto,

simplificar, redundância, mostrar causa e efeito, comparar e diferenciar, criar dimensões múltiplas e integrar.

Apesar das diferentes visões sobre o assunto, os pesquisadores parecem concordar em alguns pontos, entre os quais o de que a infografia não deve cumprir um papel

unicamente estético. Tal qual a fotografia e os elementos gráficos como linhas, ícones e caixas de texto que, juntos, formam a diagramação de uma página de jornal, a infografia tem o papel de facilitar a leitura, a seleção da informação buscada pelo leitor, aumentar a compreensão e também aliviar o “peso” da página.

A disseminação da infografia nos jornais é, sem dúvida, reflexo do desenvolvimento técnico e da informatização das redações. De acordo com Ana Paula Machado Velho14, o

13 - RAJAMANICKAM, Venkatesh - Infographics seminar handout. Ahmedabad, 2005. 14. apud. CASTRO ANDRADE, Rafael de - Sistematização de um método para produção de infográficos com base no estudo de caso do jornal Folha de São Paulo – Londrina, UEL, 2008

14 - VELHO, Ana Paula - A infografia no jornalismo científico: uma análise semiótica. Dissertação de mestrado - São Paulo, PUC, 2001.

(24)

termo “infográfico” vem do inglês informational graphics e representa a união entre a informação e o design gráfico no estabelecimento de um conjunto que explica uma ideia, um processo ou uma estrutura. Outros autores apontam diferentes origens para o termo, mas esta concepção é a mais usada nos países anglo-saxões para se referir ao que denominamos “infografia” nos países de língua portuguesa ou espanhola. Apesar de estar claro para a maioria dos pesquisadores que a infografia tal como considerada no presente trabalho surgiu em livros didáticos, cartografia e enciclopédias séculos antes da informatização, apenas com o advento da informática a produção dos infográficos entrou no cotidiano da imprensa e conseguiu acompanhar a velocidade da mídia atual.

Muito antes de sua aplicação jornalística, o conjunto de imagens apresentadas em sintonia com textos, que aqui consideramos como infografia, foi amplamente utilizado como ferramenta didática, principalmente para explicar sistemas mais complexos nas várias disciplinas. Em todas suas aplicações, a finalidade é comum: informar. Sua função é a mesma: atuar como o código que liga emissor e receptor.

No entanto, a aplicação no jornalismo tem suas particularidades que estão

intrinsecamente relacionadas à função de informar, mas com as exigências de qualquer material jornalístico de clareza, concisão, precisão e objetividade. Diferente dos

infográficos usados em outros tipos de aplicações, a estética da infografia jornalística também deve ter como objetivo final potencializar a transmissão da informação, enquanto concorre pela atenção do leitor que tem disponível uma grande quantidade de informação que precisa ser filtrada. O mesmo não acontece com a infografia de um manual de instruções, que tem a função de explicar um mecanismo e que será consultada quando necessário, precisando ser mais clara do que esteticamente agradável. Um

infográfico jornalístico também é diferente de uma obra com caráter artístico que atua com a subjetividade com o objetivo de emocionar o leitor.

Nas palavras de Tattiana Teixeira, citada por Danielle Gross15:

A tradicional aridez e complexidade dos temas tratados apontam para a importância do infográfico como recurso complementar das notícias e reportagens, fundamental não só para o público, mas para o próprio repórter que pode contar com um mecanismo a mais, capaz de estabelecer grau de clareza maior ao seu texto.

15 - GROSS, Daniele – Infografia e Jornalismo Científico – Os infográficos a serviço da ciência. (2007) Núcleo José Reis de Divulgação Científica ECA-USP

(25)

Os pesquisadores e profissionais ressaltam que o papel da infografia não é competir com o texto e sim contar a parte da notícia com maior potencial visual. Desta forma, tabelas e gráficos têm seu espaço próprio para dados numéricos enquanto o texto abrange os conjuntos de ideias mais abstratas da explicação.

Os gráficos são melhor aplicados na apresentação de dados estatísticos de forma a propiciar uma comparação e permitir o estabelecimentos de relações adequadas entre as diferentes informações apresentadas. Enquanto o gráfico de pizza é mais utilizado para comparar proporções, o de linha tenta cruzar dados numéricos. Os mapas são mais utilizados para mostrar dados que sofrem deslocamento espacial e carecem de referências geográficas. Os diagramas tentam evidenciar processos mais complexos seguindo uma linha racional, acompanhando a lógica do pensamento humano, enquanto as tabelas organizam grande quantidade de dados numéricos de forma a possibilitar uma comparação eficaz. Citado por Mayara Rinaldi16, o jornalista e professor Eugênio Bucci

explica a relação entre texto e imagem na construção da infografia:

O infográfico não rouba conteúdo de palavras, o que você precisa descrever em palavras você só pode usar as palavras, e o que você pode fazer por infográfico é bom fazer para não transformar o texto numa trilha modorrenta e sonífera para o leitor. Se você ficar tentando descrever detalhes de um esquema especial por meio de um texto de revista, vai construir uma espécie de trilha de obstáculos, o leitor não vai suportar passar por aquilo. Ao passo que, se o repórter usa a linguagem visual, ele reforça a importância do texto que vem ao lado. Isso é muito importante: não dizer por texto o que pode ser dito por infográfico e não dizer por infográfico o que pode ser dito por texto. O critério é sempre o conforto da leitura e o nível de atração que tanto o desenho quanto a leitura podem representar para o leitor, em termos de clareza e de surpresa.

Os desafios do jornalismo impresso são amplamente discutidos no meio acadêmico e profissional, que tentam estabelecer quais parâmetros devem ser seguidos daqui para a frente em relação às mudanças que as novas tecnologias impõem. Toda a estrutura necessária para se produzir e distribuir um jornal impresso, a crescente concorrência com mídias alternativas, digitais ou impressas, a grande quantidade de papel necessário e pouco aproveitado que resulta em um sério problema do ponto de vista ecológico, são alguns dos indícios de que o jornalismo impresso passa por uma crise (não

necessariamente negativa, considerando a relativa democratização da comunicação que acompanhou esse processo) e que existe a necessidade de uma reformulação. O

(26)

professor da Universidade de Navarra Javier Errea17 explica porque a infografia tem

potencial para salvar os jornais impressos da marginalização, deixando-os valiosos, necessários e divertidos.

¿Por qué digo esto? Pues porque la infografía ofrece todas las herramientas para acabar con la fórmula clásica de hacer periodismo: Información=Título+Texto+Foto. Esta fórmula sirvió durante muchos años. Ha sido como un mecanismo de seguridad para periodistas de todo pelaje y condición. Nuestro el libro de ruta. Que, sin embargo, ha acabado por uniformizar la manera de contar la realidad, sometiéndola a los estrechos márgenes de la narrativa textual.

1.3 – O jornalismo científico

O jornalismo científico é um ramo do jornalismo especializado na transmissão de conteúdo científico pelos meios de comunicação de massa, utilizando as técnicas e os critérios jornalísticos. Em outro ramo, temos a Divulgação Científica, que vai muito além do jornalismo, e que engloba os meios textuais, imagéticos ou de todas as modalidades que podem ser aplicadas no processo de popularização das informações científicas. Ambos se destinam principalmente ao público leigo e se diferem da literatura científica especializada. As duas atividades têm como meta democratizar as informações científicas (pesquisas, inovações, novas tecnologias), com o objetivo de despertar o interesse para a ciência.Citando o divulgador José Reis, Glória Kreinz18 afirma que

A Divulgação Científica cumpre duas funções que se complementam: em primeiro lugar, a de ensinar, suprindo ou ampliando a função da própria escola; em segundo lugar, a função de fomentar o ensino. Reis associa com frequência a função da ciência como o fim da educação, mas também como o instrumento para esta.

De acordo com Manuel Calvo Hernando19, a importância do jornalismo científico

acompanha a da própria Ciência Tecnologia na sociedade atual, em constante mudança, cada vez mais rápida em razão da sucessão de ferramentas, soluções e novos problemas tecnológicos que se sobrepõem a eles próprios e ao convívio social. O paralelo que o pesquisador estabelece supõe fundamental a importância do jornalismo científico, por ser este instrumento do desenvolvimento da ciência e uma ferramenta usada em favor da democracia.

17 - ERREA, Javier - Por qué la infografia salvará a los diarios. Apud. PEREZ, Álvaro e GIL, Ana (eds.). 15 Premios Internacionales de Infografía Malofiej. (2008) Pamplona: SND-E/Universidad de Navarra, págs. 56-71

18 - KREINZ, Glória – Divulgação Científica: Olhares . (2009) São Paulo, ECA-USP

19 - CALVO HERNANDO, Manuel – Ciencia y Periodismo Científico en Iberoamérica (2005) - II Congreso Iberoamericano de Comunicación Universitaria y I Reunión Iberoamericana de Radios Universitarias, Granada. Acessado em 10/11/2010, disponível em: www.manuelcalvohernando.es/articulo.php?id=38

(27)

El Periodismo Científico es un instrumento para la democracia, porque facilita a todos el conocimiento para poder opinar sobre los avances de la ciencia y compartir con los políticos y los científicos la capacidad de tomar decisiones en las graves cuestiones que el desarrollo científico y tecnológico nos plantea: el uso racional de los recursos

naturales, el aprovechamiento no comercial de los resultados de la investigación privada, los problemas éticos y jurídicos que plantean el conocimiento del genoma humano, Internet y tantas otras conquistas científicas y tecnológicas de nuestro tiempo. En

resumen, se trata de poner lo más noble del espíritu humano, el conocimiento, al servicio del individuo y de la sociedad, para evitar que se repita la historia y que el progreso beneficie exclusivamente a las minorías.

A medida que a sociedade brasileira avança em alguns de seus pontos mais frágeis como acesso a saúde, erradicação da pobreza, e analfabetismo, outras demandas começam a ganhar destaque e outras portas começam se abrir no que se refere ao jornalismo científico, já que uma população mais escolarizada busca participar cada vez mais das discussões que antes eram reservadas à elite dirigente do país.

O problema da transferência do conhecimento científico para a sociedade começa pela sua origem, já que é produzido geralmente em círculos fechados, nas grandes

universidades e empresas, o que o torna por natureza elitizado. Além da origem, distante de grande parte da população, a forma complexa como esse conhecimento é tratado nos altos círculos distancia ainda mais do público leigo as descobertas da ciência.

É necessário para o estabelecimento da cidadania que as esferas menos favorecidas na sociedade se apropriem dessas informações que transitam nas universidades e grandes empresas, como forma de embasar as grandes discussões de caráter científico que têm ganhado força na sociedade brasileira. A mobilização contra o aborto, levada a cabo por setores conservadores durante a campanha presidencial de 2010, foi um exemplo da força que os temas científicos têm na sociedade atual e da forma que eles podem ser deturpados por grupos religiosos ou políticos. Este incidente, entre outros, deixa clara a responsabilidade do jornalismo científico em produzir subsídios para mediar esse debate.

A utilização da infografia, tanto no que se refere ao jornalismo quanto como ferramenta didática, tem um potencial muito grande para a disseminação do conhecimento científico e pode ocupar um papel importante na mediação do debate social dos grandes temas que cercam a sociedade.

Esse potencial começa pela tendência das instituições pedagógicas em aproximar a educação formal ao cotidiano da mídia e dos meios de comunicação. Assim como os

(28)

teóricos do jornalismo estudam como acompanhar a evolução da tecnologia das

comunicações, que deixou de ser um fenômeno esporádico, caracterizado por fases, para se transformar em um processo constante, os pedagogos se questionam como fazer com que o ensino acompanhe a evolução da sociedade e seja o menos defasado possível, em um ambiente em que o conhecimento já não está restrito às escolas.

A interatividade proporcionada pela internet e pelos novos meios não extingue, mas certamente relativiza a importância dos velhos livros didáticos, cujas edições podiam ser aproveitadas por turmas subsequentes de crianças que absorviam a ciência como

aprendizado imutável e deslocado do mundo real, um conhecimento que era obrigatório mas que não encontrava correspondência na vida cotidiana.

Os infográficos interativos em particular proporcionam um ambiente que não apenas apresenta o conteúdo, mas incentiva o “leitor” a estabelecer prioridades e buscar dentro de todas as informações disponíveis aquela de maior interesse, provocando a curiosidade e dialogando com os jovens em sua própria língua em um processo de aprendizagem ativa.

1.4 - O jornalista e o designer gráfico

A discussão entres as funções do designer gráfico, do ilustrador e dos jornalistas na produção do infográfico é fundamental quando se discute a incorporação de disciplinas de infografia nos currículos de Jornalismo.

Antes do envio do relatório “Proposta para a inclusão da disciplina Infografia no

currículo de Jornalismo”, no apêndice deste trabalho, foi realizada uma enquete informal com cerca de 20 estudantes a respeito da organização de um curso do tipo na Escola de Comunicações e Artes da USP. Grande parte das respostas colocava em dúvida se a produção da infografia era uma responsabilidade do jornalista ou do artista gráfico. Tattiana Teixeira relata uma experiência de José Manuel De Pablos20, que explica bem a

relutância dos estudantes de jornalismo em participar de um projeto de infografia:

De Pablos relata em livro de 1999 a experiência de ensinar infografia para estudantes de jornalismo. Ao pedir a eles que desenhassem o que seriam os esboços dos infográficos, deparava-se com um quadro curioso, como a negativa dos estudantes em fazer o

(29)

exercício proposto, alegando, entre outras coisas, que eram estudantes de Jornalismo, não de Belas Artes. Depois, diziam não saber desenhar, e ao fim do trabalho,

entregavam o resultado com certa dose de vergonha diante do que haviam conseguido fazer. Ao longo das aulas, a barreira inicial seria vencida, como relata o autor.

Os infografistas entrevistados durante a pesquisa foram unânimes em apontar que entre as principais deficiências dos jovens jornalistas que chegam às redações está a

dificuldade de pensar visualmente a pauta em que estão trabalhando. A falta dessa habilidade faz com que o jornalista deixe de aproveitar o potencial visual oculto no tema, que poderia ser usado para melhorar a comunicação com o leitor. A avaliação desses profissionais é de que a concentração do ensino textual no jornalismo não possibilita ao estudante trabalhar durante a graduação os aspectos visuais da notícia. Nas redações, o contato direto ou indireto do repórter com a infografia é inevitável, principalmente nos veículos semanais, que têm mais tempo para explorar os aspectos visuais das notícias, mas também na imprensa diária, que incorpora cada vez mais as infografias em suas atividades cotidianas.

Na prática das redações, na falta de profissionais especializados na produção de

infográficos, causada pelo inexistência de disciplinas de infografia tanto nas faculdades de jornalismo quanto de artes gráficas, os espaços acabam sendo preenchidos por profissionais das mais diversas áreas, com funções que acabam ultrapassando as

fronteiras de suas áreas de formação. Dessa forma, encontramos jornalistas que ocupam o papel de designer gráfico, trabalhando com outros jornalistas que apuram as matérias; profissionais formados em publicidade que aplicam o conhecimento gráfico adquirido no curso para atuar na função de jornalista ou designer; e designers que passam a apurar matérias, propor pautas, escrever legendas e pequenos textos que acompanham os infográficos.

Ainda que a infografia se estabeleça como um campo de estudo independente do design gráfico e do jornalismo, dificilmente ocorrerá uma divisão clara entre as funções por causa do dinamismo e da interdisciplinaridade estimulada nas várias áreas de

(30)

O infografista Alberto Cairo21 defende o estabelecimento da infografia como um campo

de estudos jornalístico pelo fato de ser esta uma linguagem absolutamente informativa e pelo seu potencial de repassar certos dados que seriam ininteligíveis se apresentados de outras formas:

O primeiro passo para fortalecer a infografia dentro do mundo jornalístico, de não bani-la a um não merecido papel secundário, é entendê-la como ferramenta de comunicação sem a qual seria impossível transmitir certos tipos de dados.

A enquete informal realizada com estudantes de jornalismo sobre a função do designer gráfico e do jornalista na produção do infográfico trouxe à tona a existência de um senso comum que compreende a infografia como um campo de responsabilidade do designer gráfico em uma concepção que diminui a importância de seu potencial informativo em relação à sua função estética. Esse ponto de vista atribui a dificuldade da produção da infografia à parte gráfica e pressupõe a fase de apuração item secundário do processo.

2 – O ensino da infografia no mundo

Os jornais e revistas brasileiros não demoraram para aproveitar as novas possibilidades que surgiam com a popularização dos computadores e barateamento dos softwares gráficos na década de 90 para a produção de infográficos cada vez mais bem elaborados e a complementação das matérias com ilustrações, gráficos e mapas mais agradáveis visualmente. As faculdades de Jornalismo do País, no entanto, até hoje não

reconheceram o papel da infografia entre as mudanças que a informatização trouxe à prática do jornalismo. Essa deficiência fica clara na análise dos currículos dos cursos de Jornalismo: apenas nos últimos cinco anos começaram a aparecer as primeiras

iniciativas relacionadas à estruturação de disciplinas especializadas nas universidades. Por esse motivo é indispensável a análise da situação do ensino da infografia no Exterior para a proposição de iniciativas semelhantes no país. É importante ressaltar que também na Europa e Estados Unidos o processo de inserção da infografia nos cursos de

jornalismo ainda não está bem definido, já que poucas universidades entre as mais destacadas do mundo oferecem disciplinas de infografia em seus cursos de graduação.

21 - CAIRO, Alberto. Infografía 2.0: visualización interactiva de información em prensa. (2008) Madrid, Alamut. apud Walter Teixeira Lima Junior, Ana Paula da Rocha - Visualização de dados estruturada por banco de dados digitais sintoniza o Jornalismo com a complexidade informativa contemporânea. XXXIII Intercom - Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Caxias do Sul, RS – 2 a 6 de setembro de 2010

(31)

Para entender o papel que as disciplinas de Infografia têm nas escolas no exterior é importante analisar sua relação com outras disciplinas do currículo, assim como para quais especializações é oferecida. Nos exemplos de cursos apontados a seguir procurou-se ressaltar principalmente essas conexões, além do contexto em que estas disciplinas estão inseridas no currículo dos cursos. O fato da disciplina ser obrigatória ou optativa, e o semestre em que é oferecida também diz muito sobre como o curso vê a importância desse conhecimento para a formação do jornalista.

2.1 - Missouri School of Journalism

A Missouri School of Journalism tem um programa de jornalismo de quatro anos. Nos dois primeiros anos, considerados Bacharelado, os alunos têm as matérias de base, divididas entre Liberal Arts and Sciences, Other Non-Journalism courses e Journalism

and Strategic Communication. Entre as opções estão estudos de línguas estrangeiras,

matemática e ciências comportamentais. A partir do terceiro ano, o curso oferece seis áreas de especialização dentro do jornalismo: Convergence Journalism, Magazine

Journalism, Photojournalism, Print and Digital News, Radio-Television Journalism e Strategic Communication.

Os alunos que optarem fazer as matérias referentes à área Convergence Journalism podem escolher cursar as duas matérias disponíveis relacionadas à infografia:

Computer-assisted Reporting, mais relacionada à apuração e organização de dados

digitais, que podem ser aplicados tanto em infografia quanto em reportagens textuais e

Information Graphics, diretamente relacionada ao estudo e produção de infográficos. A

disciplina Information Graphics também é sugerida aos estudantes que, dentro da área

Convergence Journalism decidem dar ênfase ao Jornalismo On-line, e é sugerida como

eletiva aos estudantes que optam pelas áreas Magazine Journalism e Print and Digital

News.

A escola oferece 23 programas de mestrado de dois anos e 13 programas de graduação + mestrado em cinco anos. A universidade não tem nenhum tipo de mestrado na área de infografia, no entanto, o estudante têm a disciplina Information Graphics como obrigatória nos seguintes programas de mestrado: Convergence Journalism,

(32)

Concentration Convergences, Magazine Design, Magazine Editing e News Design; e como eletiva em Magazine Writing e Visual Editing Management.

Parte dos trabalhos produzidos na disciplina de Infografia da universidade são

publicados no Columbia Missourian22, um jornal comunitário que serve de laboratório

para os estudantes de jornalismo. O objetivo da disciplina é ensinar aos estudantes a importância da infografia como opção para a narrativa jornalística.

2.2 - University of North Carolina, Chapel Hill

O curso de graduação em Jornalismo da universidade oferece entre várias opções a especialização em Comunicação Visual. A grade curricular conta com as disciplinas básicas de Introdução ao Design Gráfico e Introdução ao Multimídia, que servem como pré-requisitos para a matéria de Infografia, considerada nível médio de dificuldade. Os alunos que desejam se especializar na área e produzir infografias com ferramentas mais avançadas podem ainda cursar a optativa 3D Design Studio. Entre a bibliografia

recomendada pelo professor estão manuais que ensinam a lidar com estes softwares.

3D Design Studio – A disciplina trata tanto da infografia impressa composta por

formas em 3ª dimensão (ver Figura 8) quanto da produção de infográficos dinâmicos utilizados com mais frequência em plataformas on-line. As principais ferramentas utilizadas durante a disciplina são o Flash, da Adobe, especializado na produção de estruturas dinâmicas e interativas e o Maya, software de design 3D usado para a criação de videogames, efeitos especiais e filmes animados.

Apesar da importância que o programa pedagógico da disciplina atribui ao domínio das ferramentas gráficas, o texto aponta que o objetivo principal do curso é dotar o aluno do conhecimento conceitual necessário para orientar e participar da produção dos

infográficos.

Information Graphics – De acordo com o projeto pedagógico, o objetivo do curso é

dotar o estudante das habilidades necessárias para criar infográficos limpos, precisos, informativos e visualmente atrativos, usando as ferramentas gráficas mais usadas nas redações dos Estados Unidos e do exterior.

(33)

Entre a bibliografia recomendada está um manual do programa Illustrator, da Adobe, especializado em ilustração vetorial. O projeto pedagógico prevê também a utilização da ferramenta Photoshop, especializada em edição de fotos.

A disciplina é estruturada em torno de três projetos principais, que permeiam o ensino teórico, e a avaliação leva em conta o respeito aos prazos na entrega das tarefas, a estrutura dos elementos, a organização espacial e o valor informativo dos infográficos produzidos, além da seleção das cores, fonte, criatividade e escolhas estéticas.

Introdução ao Design Gráfico – tem como objetivo fornecer ao aluno subsídios para

repassar com sucesso a informação visual, focando tanto na diagramação de jornais, quanto na criação de outros produtos gráficos, inclusive introduzindo o conceito de infografia. A ideia central da disciplina é repassar os princípios básicos da comunicação visual para que os alunos sejam capazes de combiná-las com as técnicas de produção. O programa também trabalha a utilização de softwares básicos de diagramação, como o Indesign, além de Photoshop e Illustrator. O método de avaliação é semelhante ao curso

Information Graphics.

Pós-graduação - A Universidade oferece na pós-graduação o curso Master of Arts in Tecnology and Communication, que inclui em seu programa a disciplina Information Visualization.

O objetivo do curso é explorar diversas áreas, entre as quais ciências cognitivas e cartografia, para ensinar as regras básicas do design da informação. De acordo com a descrição do programa, o foco do curso não é formar designers gráficos, mas ensinar os jornalistas a organizar os dados visualmente para potencializar a transferência da informação. A aula é ministrada à distância e serve de pré-requisito para a disciplina obrigatória Usability and Multimedia Design, que tem como foco aprofundar o estudo do Design.

2.3 - Universidad de Navarra

Graduação - Localizado no campus de Pamplona, o curso de graduação em Jornalismo

da universidade trabalha com o sistema de ciclo básico em uma graduação com o tempo total de quatro anos: o aluno de jornalismo tem uma grade curricular comum com os de

(34)

Publicidade e Relações Públicas e de Comunicação Audiovisual. A partir do 3º ano, passa a ter matérias específicas.

A Universidade oferece aos estudantes do 3º semestre a disciplina obrigatória de

Cultura Visual, que tem como objetivo fornecer subsídios sobre a influência da cultura

visual na sociedade, introduzindo conceitos das artes visuais contemporâneas e da iconografia histórica. O objetivo do curso é fazer com que os jornalistas sejam capazes de situar historicamente as obras de arte e consigam pensar de forma crítica as nuances da cultura visual.

A disciplina serve de introdução à obrigatória Diseño Periodístico, que tem como

objetivo fazer com que o aluno obtenha as habilidades necessárias para desenhar páginas de jornais. A disciplina é mais focada na diagramação, mas também serve como base para as matérias de infografia, funcionando como uma introdução às ferramentas gráficas e ao design.

Especialização: Além do diploma de graduação, a Universidade oferece ao aluno de

jornalismo um diploma de especialização. Para obter este certificado, ele não precisa fazer mais matérias do que o previsto para a sua graduação, apenas cumprir um conjunto pré estruturado de disciplinas. Para esta modalidade, a universidade agrupou disciplinas ligadas à comunicação e a outras áreas, formando nove campos de especialidades que refletem os perfis mais procurados pelas empresas de comunicação espanholas.

Entre estes programas de especialização, está o de Periodismo Visual, focado

principalmente na produção de infografia e no estudo da Visualização da Informação, mas que também abrange disciplinas ligadas à publicidade. O curso oferece matérias próprias da Faculdad de Comunicación e de outros institutos da Universidad de

Navarra, como a Faculdad de Historia. As disciplinas obrigatórias oferecidas por esta

especialização são: Comunicación Visual em el Periodismo, Diseño Avanzado I,

Fotoperidismo II, Infografía. Entre as complementares estão: Diseño de Servicio On-line, Diseño Publicitário, Historia del Arte I, II,III, IV, Iconografia I,II, Introducción a la História de las Artes, Movimentos Culturales y Artísticos I e Teoria de las Artes.

(35)

A Universitè Paul Verlaine, localizada na cidade de Metz, no nordeste da França, oferece aos alunos do 4° semestre da License (como é chamado o conjunto dos três primeiros anos do ciclo básico na França) em Information et Communication as disciplinas Infographie e Conception web. As duas disciplinas estão situadas no grupo

Initiation Conception Multimédia e compreendem juntas 36 horas/aula.

No seu curso de mestrado em Contenus et projects d'internet, a universidade oferece como obrigatória a disciplina Atelier d'infographie. Segundo a universidade, o mestrado tem como objetivo dar aos estudantes competências para a gestão e desenvolvimento de projetos e conteúdo na internet e na comunicação multimídia. A disciplina também é oferecida como optativa para estudantes de outros cursos de mestrado ligados à comunicação.

3 - A Infografia no Brasil

3.1 - O ensino universitário

No momento em que os especialistas começam a analisar as repercussões da terceira23

fase do desenvolvimento da Visualização da Informação, caracterizada pela

popularização da Infografia em Base de Dados adaptada ao ambiente de banda larga, com altas taxas de transferência de dados, a maior parte das faculdades de jornalismo do Brasil não iniciou a discussão sobre os infográficos estáticos, utilizados na publicações impressas e situados como uma primeira fase do processo.

No entanto, algumas universidades já mantêm linhas de pesquisa direcionadas para a compreensão do contexto da Infografia no país, além de disciplinas estruturadas com base na experiência internacional e também nas particularidades do jornalismo brasileiro. As faculdades aqui apresentadas não são as únicas do país com disciplinas relacionadas à infografia nos currículos de jornalismo, mas resumem bem as

características do atual nível do ensino no Brasil.

23 - ALVES RODRIGUES, Adriana – Infografia interativa em base de dados no jornalismo digital. (2009) – Tese de Mestrado – UFBA, págs. 19 e 53

(36)

3.1.1 - Universidade Federal de Santa Catarina

Infografia - Focada no estudo da infografia impressa, a disciplina optativa que consta

no programa do curso de graduação em Jornalismo para 2011 sob o nome de Tópicos Especiais em Comunicação XI, criada pela professora Tattiana Teixeira, é fruto das pesquisas atualmente centralizadas no Nupejoc (Núcleo de Pesquisa nas Linguagens do Jornalismo Científico).

De acordo com o programa pedagógico, o objetivo da disciplina é proporcionar ao aluno a compreensão tanto conceitual quanto prática da infografia jornalística. O conteúdo programático está dividido em quatro tópicos principais:

1) História e conceito da infografia no jornalismo

2) Tipos de infografia – São apresentados os vários tipos de infográficos impressos, interativos e em base de dados

3) Infografia: modos de usar – Discute os desafios da produção do infográfico 4) Produção orientada de infográficos

A bibliografia inclui tanto a produção acadêmica nacional e espanhola quanto livros produzidos pelos profissionais da área. A avaliação dos estudantes é feita através de exercícios orientados, com a produção de esboços para um infográfico ao final do curso e a apresentação do trabalho em um seminário.

Infografia na Internet – A disciplina optativa foi criada com o objetivo de estimular os

estudantes de jornalismo a pensar visualmente a informação e foi baseada na experiência do professor Clovis Geyer, que ajudou a implementar a infografia entre jornalistas e editores da rede RBS no início da informatização das redações, na década de 80. A disciplina também sofreu influência do curso de Webdesign Aplicado ao Jornalismo, oferecida como obrigatória na Universidade, e que tinha a infografia como um de seus tópicos.

O curso foi retirado da grade por falta de professor, quando Geyer24 deixou o

departamento para ministrar a disciplina de Animação, na graduação de Design. Ele explica como foi a experiência do ensino desta matéria e fala sobre as vantagens que as

(37)

disciplinas focadas no jornalismo digital dão aos estudantes da UFSC no mercado de trabalho:

“Resolvi criar a disciplina lembrando a dificuldade que era, nos anos 1980/90, conseguir que os editores tivessem um conceito de matéria mais visual, que conseguissem retirar um pouco dos números dos textos, ou parassem de descrever ruas e solicitassem mapas à editoria de arte. Como também era responsável pela disciplina de Introdução às Artes Gráficas, percebia a dificuldade dos estudantes de jornalismo com os elementos mais visuais de um projeto gráfico e já fazia pequenos exercícios na criação de infográficos, o que me motivou a fazer a disciplina. […] O curso sempre deu resultados frutíferos, como pode ser observado pelos TCCs, e pela facilidade dos alunos conseguirem emprego na área. É claro que essa facilidade de inserção no mercado é resultado do somatório de disciplinas do nosso currículo. (existe ainda no currículo do curso uma disciplina

relacionada à redação de internet e outra de jornalismo on-line). No ano passado, alunas nossas ocuparam três das seis vagas de Jornalismo On-line do Curso Abril.”

Por trabalhar basicamente na plataforma Flash, o professor precisou desenvolver durante o curso os conceitos básicos da ferramenta, além de noções de design. De acordo com ele, o fato de a disciplina ser oferecida aos estudantes de jornalismo dificultou o processo, já que não estão acostumados com ferramentas gráficas e a pensar de forma visual.

A avaliação era feita através de três projetos básicos que culminavam em um principal, que era desenvolver uma infografia digital. Entre as atividades estava a criação de instrumentos de interface, que possibilitam a navegação do “leitor” pelo infográfico interativo, pesquisa de conteúdos e desenvolvimento da pauta, rascunho e estruturação conceitual do infográfico e montagem do infográfico em si.

3.1.2 - Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM)

O curso de jornalismo da ESPM, que começa a ser oferecido em 2011 em São Paulo e Rio de Janeiro, se estrutura em quatro núcleos principais, que reúnem as disciplinas que serão oferecidas nos quatro anos da graduação. De acordo com Maria Elisabete

Antonioli25, coordenadora de Jornalismo da filial da universidade em São Paulo, o novo

curso mantém os valores tradicionais do jornalismo que, segundo ela, não mudaram com a convergência digital. Apesar disso, ela afirma que o curso criado pela ESPM sofreu uma forte influência da visão empresarial da universidade, mais focada nas área de

(38)

marketing e negócios. Resultado disso é a valorização da área de comunicação corporativa, bastante desenvolvida no projeto:

1) O primeiro núcleo se concentra na formação básica e teórica do jornalista e reúne as

disciplinas indispensáveis para a compreensão crítica das várias áreas da Ciência da Comunicação.

2) O segundo núcleo é focado na profissionalização e instrumentalização do jornalismo

e tem como objetivo possibilitar ao estudante os primeiros contatos com a prática jornalística, através de projetos interdisciplinares experimentais.

3) O terceiro se concentra na comunicação corporativa e reúne disciplinas relacionadas

às demandas das organizações, possibilitando ao jornalista atuar nas áreas de assessoria de imprensa, comunicação institucional ou corporativa.

4) O quarto núcleo tem como foco a comunicação com o mercado e reúne disciplinas

relacionadas à compreensão e estudo do mercado, além de expor conceitos sobre o gerenciamento de empresas jornalísticas.

A universidade oferece a disciplina de Infografia (que está inserida no núcleo de instrumentalização) como obrigatória no segundo semestre do curso, junto com Produção Gráfica e Estética e Comunicação. De acordo com o professor Cláudio Eduardo Saunorins26, o curso de Infografia terá como base teórica estudos nas áreas de

Percepção (Gestalt, Diagramação, Cores), Animação (princípios de animação), Direção de Arte e Edição de Imagens.

A bibliografia básica é constituída de obras teóricas sobre edição de imagens em jornalismo, design de publicações e um manual do software Adobe Illustrator.

“A proposta da ESPM é formar no conteúdo e não na ferramenta. Os alunos aprenderão os conceitos dos softwares gráficos em aula. Isso não esgotará as possibilidades de uso dos softwares. Terão livros e video-aulas na biblioteca que complementarão essa formação. O objetivo não é focar na ferramenta, mas em seus conceitos e metodologia de trabalho. Assim o aluno não terá seu conhecimento envelhecido ou inútil caso uma nova versão do software seja lançada ou se ele trabalhar com outro software.”

3.1.3 - Universidade Federal da Paraíba

Curso de Mídias Digitais - A UFPB vai oferecer a partir de 2011 esse novo curso de

graduação, que vai conter em seu currículo a disciplina Infografia, além de Imagens digitais I e II, e outras matérias ligadas à produção de infográficos dinâmicos e em vídeo. Apesar de não ser um curso de Jornalismo e estar fora por tanto do recorte

(39)

proposto para este trabalho, o curso apresenta inovações interessantes para se pensar o atual contexto das comunicações, para o qual o jornalismo precisará se adaptar. Além disso o curso é o primeiro que se propõe a formar infografistas, entre outros

profissionais habilitados para diversas áreas da comunicação e do design.

A proposta tem como objetivo formar um novo profissional de comunicação dotado de competências na área de comunicação social, mas também em tecnologias, design, artes visuais e informática, em todos os suportes como, impresso, rádio, TV e internet, que será considerado um produtor de conteúdos multimeios. A nova graduação vai englobar sete eixos temáticos: Editoração Eletrônica, Imagem Digital, Infografia, Áudio Digital, Vídeo, Internet e Aplicações Web, Multimídia e Animação Eletrônica.

O profissional formado em mídias digitais poderá tanto complementar o trabalho do jornalista, trabalhando na representação gráfica e visual da informação com as

ferramentas de design gráfico, quanto com o texto, atuando assim em todo o processo da produção do infográfico.

Apesar de discutir em seu projeto pedagógico infografia estática, interativa e 3D, o curso não tem um foco específico em alguma delas, pois tem como objetivo formar

comunicadores capazes de responder a todas as demandas de produção de conteúdo gráfico.

De acordo com Olavo Mendes, um dos coordenadores do curso, o perfil do professor responsável pela disciplina de Infografia, que ainda não está definido, é de um profissional que tenha se aproximado naturalmente da área, tendo se formado em Comunicação, Artes ou Informática. Segundo ele, por ser um curso novo, o objetivo é formar também profissionais especializados na área para cobrir a falta de professores de mídias digitais no país.

3.1.4 - Instituto Internacional de Ciências Sociais

Pós-graduação - Master em Jornalismo Digital - O curso oferecido pelo Instituto

Internacional de Ciências Sociais em parceria com a Universidade de Navarra tem como público alvo principalmente jornalistas que já atuam no mercado. Dentro de um bloco de matérias chamado Jornalismo Visual, o instituto oferece três disciplinas: Introdução à

(40)

Visualização da Informação, Cartografia e Estatística e Introdução a Áudio e Vídeo Digitais.

O curso tem como estratégia buscar parcerias com as empresas para o treinamento de seus profissionais com o foco na formação de gestores de comunicação multimídia e trabalha com o pressuposto de que os jornalistas adquirem, cada vez mais, funções antes de responsabilidade da área de marketing.

Carlos Alberto Di Franco, diretor do curso, explica que a grade curricular de todo o Master em Jornalismo Digital foi organizada tendo como base a necessidade do

mercado, que apresentava a demanda de profissionais capacitados a lidar com o processo de convergência e adaptados a trabalhar em uma plataforma multimeios.

Segundo ele, o objetivo da disciplina de Introdução à Visualização da Informação, é disseminar entre os profissionais uma “cultura da imagem”, que significa na prática do jornalismo olhar o “todo” da informação, facilitando a integração entre a imagem e o texto. Em coerência com o objetivo do curso, cuja proposta principal é seguir as tendências do mercado, a disciplina é atualizada a cada nova turma.

3.2 - A experiência da Editora Abril

Em 199327, após uma pesquisa na Espanha, onde entrevistou os principais profissionais

ligados à infografia no país, o jornalista Carlos Costa retornou ao Brasil para propor as primeiras experiências mais aprofundadas na linguagem infográfica, que vieram junto com uma reformulação na linguagem visual das revistas da Editora Abril. No ano seguinte, o espanhol Mario Tascón organizou o primeiro curso da empresa focado especificamente no estudo de infográficos. Neste mesmo ano, a Infografia tornou-se uma das disciplinas do Curso Abril de Jornalismo. Em 1995, profissionais da empresa fundaram um Grupo de Autotreinamento em Infografia para tentar superar as

deficiências dos jornalistas com relação à Visualização da Informação na produção de revistas. Nos três primeiros anos de atividade, o grupo organizou seis seminários e oito cursos que foram ministrados pelos próprios funcionários da Abril e por infografistas estrangeiros como o norte-americano Jeff Goertzen.

Referências

Documentos relacionados

Classificação, em etapas silvigenéticas Machado & Oliveira-Filho, 2008a, dos 19 fragmentos de florestas estacionais da região do Alto Rio Grande MG, tendo como base a porcentagem

E para opinar sobre a relação entre linguagem e cognição, Silva (2004) nos traz uma importante contribuição sobre o fenômeno, assegurando que a linguagem é parte constitutiva

Conclusão: a mor- dida aberta anterior (MAA) foi a alteração oclusal mais prevalente nas crianças, havendo associação estatisticamente signifi cante entre hábitos orais

Unlike Mary (and Ruth), Esther's split with her family is voluntary, a fact that deeply hurt her sister Mary Barton, mother of the protagonist, whose death John Barton thinks

Over time, more and more proactive actions have been created based around legitimation drivers, like the Green Company Program which im- plement Integrated Management Systems at

A engenharia civil convive com problemas tecnológicos e de gestão, motivo pelo qual projetos apresentam má qualidade. São elaborados rapidamente, sem planejamento,

Figura 47 - Tipografias utilizadas no aplicativo Fonte: Acervo da autora (2015). Contudo, o logotipo é formado basicamente por elementos estéticos resgatados da identidade

Nessa perspectiva, na intenção de fortalecer as ações de gestão da escola por meio de uma possível reestruturação mais consistente e real do PPP; na busca