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O QUE PENSAM OS ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA SOBRE DESASTRE NATURAL: UM ESTUDO DE CASO

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Academic year: 2021

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O QUE PENSAM OS ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA SOBRE DESASTRE NATURAL: UM ESTUDO DE CASO

Reginaldo Nunes

Discente de Graduação em Geografia, UNICENTRO regisnunes100@gmail.com

Leandro Redin Vestena

Prof. Dr. do Departamento de Geografia, UNICENTRO lvestena@unicentro.br

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, a frequência de ocorrência de desastres naturais registrados e de danos (prejuízos econômicos e mortes) a eles associados vem aumentando nas últimas duas décadas (VESTENA, 2016). Dados UNISDR (2014) apontam que no Brasil, entre 1980 a 2010, os desastres naturais ocasionaram 4.948 mortes (média de 160 mortes/ano); 47.984.677 pessoas foram afetadas (média anual 1.547.893 afetados/ano); e 9.226.170 (US$ X 1,000) foram os prejuízos econômicos (média anual de 297.618 (US$ X 1,000).

Neste contexto, a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), Lei n° 12.608 de 10 de abril de 2012, determinou a inclusão de conteúdos sobre proteção e defesa civil, nos currículos do ensino fundamental e médio (BRASIL, 2012). A PNPDEC traz inovações a gestão de riscos de desastres, e é o principal instrumento na execução da gestão, do planejamento e do gerenciamento e risco a desastre, no sentido da preservação e mitigação de danos (VESTENA, 2016).

Segundo Tobin e Montz (1997), o termo Desastre Natural, é atribuído a um fenômeno natural, capaz de gerar danos materiais e humanos no momento da ocorrência ou posteriormente, em virtude de suas consequências, as quais excedem a capacidade da comunidade atingida a conviver com o impacto e de se recuperar usando recursos próprios.

Os danos dos desastres podem ser divididos em três partes: danos humanos, danos materiais e os danos ambientais. Os danos humanos são em números de mortos,

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feridos, enfermos, desabrigados, desalojados e desaparecidos. Já os danos materiais são contabilizados em valores dos prejuízos econômicos e por último, os danos ambientais são referentes à contaminação e/ou a poluição da agua e também do solo, a degradação do solo e da biota, redução da biodiversidade poluição do ar, entre outras.

Um desastre natural dar-se em função de um evento adverso ou extremo, de origem Natural - provocados por fenômenos naturais, que independem da ação humana; Humana - causados pela ação humana ou omissão humana; e/ou Mista – associados ás ações humanas, que contribuem para intensificar, complicar ou agravar os desastres naturais (KOBIYAMA et al., 2006; FURTADO et al., 2012).

Os eventos de origem “natural” decorrentes de aspectos geológicos (terremotos, movimentos de massa, tsunamis, erosão e erupções vulcânicas), hidrológicos (inundações, alagamentos, enchentes e cheias), meteorológicos (ciclones, vendavais, granizo, temperaturas extremas, neve e tempestades), climatológicos (secas, estiagens prolongadas) e biológicos (epidemias de doenças infeciosas e infestações e pragas). Enquanto, os de origem humana associados a falta de planejamento, manejo inadequado do solo, ocupação de área de perigo, baixa vulnerabilidade da população, dentre outros (VESTENA, 2016).

Vestena (2016, p. 10) destaca que “[...] desastres naturais estão diretamente associados às características físicas do meio ambiente e aos condicionantes antrópicos, principalmente ao modo de uso e ocupação do solo.”

Todavia, um determinado evento para ser considerado desastre natural, é necessário alcançar um dos seguintes critérios: “a) 10 ou mais óbitos, b) 100 ou mais pessoas afetadas, c) declaração de estado de emergência ou calamidade pública pelo munícipio, estado ou país, d) pedido de auxilio internacional.” (SHEUREN et al., 2008 apud VESTENA, 2016, p. 10). Quando um fenômeno atinge uma área habitada ou ocupada pelo homem, e não atinge tais critérios é considerado um acidente e quando ocorre em uma área desabitada, é intitulado evento natural.

A ocorrência e a extensão de um desastre decorrem de três variáveis: do perigo, os quais seriam os fenômenos naturais que estão propensos, por exemplo: terremoto, inundação, erupção vulcânica entre outros; a exposição, que o ser humano, os edifícios,

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entre outras construções estão expostas ao perigo; a vulnerabilidade, a propensão a perdas. Uma grande parte dos desastres naturais está relacionada à atividade humana.

Diante da problemática, do aumento de afetados e dos danos causados por desastres naturais, o tema Desastre Natural vem ganhando destaque em noticiários, na mídia impressa, oral e televisiva.

Neste contexto, e da inclusão dos princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental nos currículos do ensino fundamental e médio, surge a necessidade por conhecimento sobre desastre natural. As pessoas possuem conhecimento sobre o que é um desastre natural? Das causas dos desastres? De procedimentos de proteção e prevenção? E os professores de Geografia, que conhecimento possuem sobre o tema? O tema está presente na grade curricular dos cursos de graduação em Geografia? Eles estão sendo adequadamente trabalhados na formação profissional de docentes de Geografia?

Neste sentido, por meio de um estudo de caso, o presente trabalho investigou a compreensão e o conhecimento de graduandos em Geografia licenciatura, da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Campus Guarapuava, Paraná, sobre o tema desastre natural.

METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos constituíram-se basicamente: 1) revisão bibliográfica sobre o tema Desastre Natural. 2) análise da grade curricular do curso de Geografia Licenciatura da UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro-Oeste), sobre conteúdos de proteção e defesa civil, e sobre desastres naturais. 3) elaboração e aplicação de um questionário semiestruturado aos graduandos em Geografia Licenciatura.

As questões do questionário semiestruturado foram elaboradas visando identificar o conhecimento que os alunos possuíam sobre desastres naturais e proteção e defesa civil. Neste sentido, foram levantados alguns questionamentos, como: 1. Quando você pensa em desastres naturais. O que vem em sua mente? 2. Em sua opinião, ocorrem desastres naturais em sua cidade? Se sim, por quê? 3. Você, ou algum

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conhecido seu, já foi afetado por desastres naturais? Se sim, conte-me como foi? Houveram prejuízos? Quais? Explique. 4. Se um dia você estivesse em casa e um vendaval começasse a destelhar sua casa, o que você faria? 5. Um morador residente próximo a um rio, após uma forte chuva começa a ter sua casa invadida pela água do rio. O que você faria se fosse essa pessoa? Por quê? 6. Em sua opinião as atividades do homem podem estar relacionadas aos prejuízos causados por desastre natural? 7. Numa escala de 1 a 3, sendo 1 para pouco risco, 2 para médio risco e 3 para muito risco. Você considera que: a. Deslizamento ou escorregamento de terra; b. Granizo; c. Inundação e alagamento; d. Neve, e. Seca ou estiagem prolongada; f. Vendaval. 9. Na sua opinião, qual o papel da Geografia para a redução de desastres naturais?

A aplicação do questionário deu-se em pesquisa de campo, no mês de maio de 2016. O público alvo foram todos os alunos de graduação do curso de Geografia Licenciatura. A participação do acadêmico na pesquisa dava-se após aceite e assinatura de Termos de Livre Consentimento Esclarecido – TLCE.

Os procedimentos metodológicos da pesquisa foram submetidos à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNICENTRO, e foram aprovados no parecer n.º 1.593.835.

Para facilitar na análise das respostas obtidas com os questionários e visando investigar o conhecimento dos alunos sobre a temática desastres naturais e proteção e defesa civil, optou-se por classificar o conhecimento demostrado por cada aluno sobre o tema, em três classes: não demostra conhecimento; apresenta algum conhecimento (conhecimento parcial), mostra possuir conhecimento sobre a temática. A classificação deu-se a partir dos critérios expostos no quadro 1.

Quadro 1 – Tipo de classes de conhecimento sobre desastres naturais, proteção e defesa civil CLASSE DE CONHECIMENTO SOBRE DESASTRES E PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL DESCRIÇÃO NÃO DEMOSTRA CONHECIMENTO

Respostas não condizentes com as questões, respostas vagas, demostra desconhecer o tema. CONHECIMENTO PARCIAL

(DEMOSTRA ALGUM

Respostas que demostram algum conhecimento sobre o tema. Consideram apenas parcialmente os

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CONHECIMENTO) fatores condicionantes de desastre natural. Respostas em sua maioria baseadas em senso comum, deixando em evidência o parcial conhecimento do tema.

DEMOSTRA POSSUIR CONHECIMENTO

Respostas mais bem elaboradas, apontam causas e consequências dos desastres naturais.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na grade curricular do curso de Geografia Licenciatura, da UNICENTRO, campus Guarapuava, observou-se uma deficiência de conteúdos sobre o tema desastre natural. A grade curricular passou por uma reformulação recentemente, a qual alterou o sistema de semestral para misto, com disciplinas anuais e semestrais. Contudo, mesmo na nova grade, nota-se não ter sido acrescentado nas ementas das disciplinas, conteúdo sobre desastres. Ou seja, não há explicitamente ou diretamente contemplado conteúdo sobre proteção e defesa civil.

A temática fica implícita em conteúdo de disciplinas como geologia, geomorfologia, hidrologia e climatologia. Porém, a temática não ganha destaque central, e sim pode ser abordada, trabalhada a partir de outros conteúdos. Não existe a garantia, de que o professor abordará a temática, instrumentalizando os alunos, para a atuação docente no ensino médio, como prevê a PNPDEC.

Para analisar as respostas do questionário aplicado, optou-se por classificar o conhecimento demostrado por cada aluno em três classes: não demostra conhecimento sobre o tema; apresenta algum conhecimento (conhecimento parcial), demostra possuir conhecimento sobre a temática.

Na turma do 1° ano de graduação em Geografia pode-se notar que 80% dele demostraram possuir algum conhecimento de proteção e defesa civil, associado a desastres naturais, enquadrados na classe conhecimento parcial, 10% não demonstram nenhum conhecimento sobre o tema e 10% dos alunos mostraram possuírem conhecimento sobre o tema (Gráfico 1).

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Dados: Questionários aplicados (2016). Elaboração: Reginaldo Nunes

No gráfico 2, dos alunos da turma do 2° ano de graduação em Geografia, nota-se que 85% dele demonstraram possuir algum conhecimento sobre a temática em questão, enquanto que 10% deles não demostraram possuir conhecimento e 5% demostraram conhecer a temática. Os alunos dos 1º e 2º ano do curso de Geografia apresentaram índices semelhantes, com pouca variação entre as classes.

Gráfico 2: Turma do 2° ano Geografia Licenciatura, total 23 alunos. 80%

10% 10%

1° ano Geografia

Conhecimento Parcial

Não Demonstra Conhecimento

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Dados: Questionários aplicados (2016). Elaboração: Reginaldo Nunes

Na turma do 3° ano constatou-se que 63% dos alunos mostravam ter algum conhecimento sobre a temática e 37% deles um bom índice de conhecimento (Gráfico 3). Os dados divergiram dos índices obtidos com os alunos dos anos anteriores, 1º e 2º ano do curso de Geografia, e apresentaram melhores índices de conhecimento, dos fatores naturais e antrópicos causadores dos desastres, e de medidas e procedimentos de prevenção e mitigação de desastre.

Gráfico 3: Turma do 3° ano geografia Licenciatura, total 11 alunos. 85%

10% 5%

2° ano Geografia

Conhecimento Parcial

Não Demosntra Conhecimento

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Dados: Questionários aplicados (2016).

Elaboração: Reginaldo Nunes

No gráfico 4 tem-se os dados da turma de 4° ano, nele pode-se verificar que os valores das classes são semelhantes aos índices das turmas 1º e 2º ano do curso de Geografia. Os alunos no 4º ano do curso de Geografia Licenciatura foram classificados em: 82% Conhecimento Parcial, 9% Não Demostra Conhecimento, e 9% Demostra Conhecimento.

Gráfico 4: Turma do 4° ano Geografia Licenciatura, total 16 alunos.

Dados: Questionários aplicados (2016). Elaboração: Reginaldo Nunes

62% 38%

3° ano Geografia

Conhecimento Parcial Demonstra Conhecimento 82% 9% 9%

4° ano Geografia

Conhecimento Parcial

Não Demonstra Conhecimento

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CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Lei n.º 12.608 de 2012, a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) determina a inclusão nos currículos do ensino fundamental e médio princípios da proteção e defesa civil. Neste contexto, o professor de Geografia deve estar capacitado a ensinar e abordar a temática.

No caso do estudo, a grade curricular do curso de Geografia Licenciatura de Guarapuava da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO não contempla conteúdos de proteção e defesa civil e sobre desastres naturais explicitamente nas ementas das disciplinas. A temática fica implícita em outros conteúdos não ganhando o devido destaque e tornando-se seu conteúdo obrigatório.

Em relação aos níveis de conhecimentos demostrados pelos alunos nas diversas turmas, anos do curso, demostrou que os alunos do 3º ano possuem mais conhecimento sobre a temática em questão. Tal conhecimento pode ser resultado de vários fatores, tais como: interesse individual dos alunos; atividade extraclasse desenvolvida sobre a temática - palestra, minicurso, oficina, dentre outras; evento de destaque ocorrido que tenha despertado o interesse dos alunos e professor; e a professor que tenha trabalhado e enfocado a temática em sala de aula. Porém, tal resultado, em uma das turmas apenas demostra ter sido algo específico e pontual. Excetuando-se a turma do 3º ano, notou-se existir uma pequena evolução nos níveis de conhecimento sobre a temática entre as turmas dos diferentes anos do curso.

De modo geral, também se constatou que os alunos de graduação em Geografia Licenciatura da Unicentro não possuem conhecimento das causas efetivas dos desastres, procedimentos de proteção e defesa civil e ações preventivas a serem adotadas para a redução de desastres naturais. Uma vez que muitos alunos desconhecem ou possuem apenas noções básicas sobre o tema Desastre Naturais.

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Os resultados possibilitam refletir sobre o papel da ciência geográfica à sociedade, por meio da inserção de conteúdos fundamentais a uma melhor compreensão da realidade.

Por fim, conclui-se que as grades curriculares dos cursos de graduação em Geografia devem ser constantemente revistas, atualizadas e melhoradas, de acordo com as normativas e leis.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Política Nacional de Proteção e Defesa

Civil – PNPDEC. Lei n° 12.608 de 10 de abril de 2012. Disponível em

<http://www.mi.gov.br/defesa-civil/pnpdec>. Acessado em 24 de maio de 2016.

FURTADO, J.; OLIVEIRA, M. de; DANTAS, M. C.; SOUZA, P. P.; PANCERI, R.

Capacitação básica em Defesa Civil. Florianópolis: CAD UFSC, 2012. 122p.

KOBIYAMA, M.; MENDONÇA, M.; MORENO, D. A.; MARCELINO, I. P. O.; MARCELINO, E. V; GONÇALVES, E. F; BRAZETTI, L. L. P.; GOERL, R. F.; MOLLERI, G. S. F.; RUDORFF, F. M. Prevenção de desastres naturais: Conceitos básicos.1. ed. Curitiba: Organica Trading, 2006. v. 1. 109p.

TOBIN, G. A; MONTZ, B. E. Natural hazards: explanation and integration. New York: The Guilford Press, 1997. 388p.

TOMINAGA. L. K; SANTORO. J; AMARAL. R. (Orgs). Desastres Naturais: Conhecer para Prevenir – São Paulo – SP; Instituto Geológico; 2019.

UNICENTRO. Grade curricular do curso de Geografia Licenciatura. Disponível em <http://www2.unicentro.br/proen/>. Acessado em 25 de maio de 2016.

UNISDR. The United Nations Office for Disastrer Risk Reduction. View disaster data

and statistics on PreventionWeb.

<http://www.preventionweb.net/english/countries/statistics/?cid=24>. Acesso em: 23 nov. 2014.

VESTENA. L. R. Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais: Em Busca de Comunidades Resilientes; Guarapuava – PR; Editora UNICENTRO; 2016. 78p.

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