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ANÁLISE DAS TRANSAÇÕES DO SISTEMA AGROINDUSTRIAL DE OVOS

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ANÁLISE DAS TRANSAÇÕES DO SISTEMA AGROINDUSTRIAL DE OVOS

Autor:

FABIO MATUOKA MIZUMOTO

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP.

Formado em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo – ESALQ/USP.

Pesquisador do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial – PENSA/FIA/FEA/USP.

E-mail: fabiomz@usp.br

Endereço Postal: Av. Professor Luciano Gualberto, 908, sala G 109, CEP 05508-900, São Paulo. Telefone para contato: (18) 9776 3427

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2 ANÁLISE DAS TRANSAÇÕES DO SISTEMA AGROINDUSTRIAL DE OVOS

RESUMO

O objetivo do presente trabalho é analisar as transações existentes ao longo do sistema agroindustrial de ovos de forma estruturada e sistematizada para detectar os desafios e as oportunidades do setor. De acordo com a teoria econômica dos contratos, dada as características de uma transação, espera-se uma estrutura de governança correspondente, que pode ou não estar alinhada com a estrutura de governança vigente. O não alinhamento dos arranjos organizacionais pode indicar falhas e oportunidades de coordenação. O levantamento de dados segue o modelo operacionalizado por Loader (1997), em que a forte contribuição é a possibilidade de analisar as assimetrias de perspectiva decorrentes de cada um dos agentes envolvidos na mesma transação.

INTRODUÇÃO

A abertura da economia trouxe ganhos para diversos sistemas produtivos brasileiros. Para ilustrar, o sistema agroindustrial do açúcar e álcool, das carnes, da laranja e do café são exemplos de sistemas produtivos que tiveram que ganhar eficiência para aproveitar as oportunidades do mercado internacional. Na medida em que tornaram-se mais eficientes, o mercado nacional também apresentou reflexos positivos.

Por outro lado, o sistema agroindustrial de ovos brasileiro apresenta baixo desempenho no mercado nacional, que reflete na atividade pouco expressiva no mercado internacional. Internamente, o sistema agroindustrial de ovos movimenta cerca de R$ 1,1 bilhões por ano no Brasil. Segundo Santos Filho (1998)1 apud Figueiredo, desse valor, aproximadamente 23% é destinado à rações, 12% referem-se ao pagamento de salários e 25% são gerados pelos canais de distribuição. Desta forma, verifica-se que um crescimento da atividade geraria valor interno distribuído ao longo da cadeia produtiva.

A análise de competitividade do sistema produtivo de ovos sugere um estudo das transações incorridas pelos agentes envolvidos no setor, com o objetivo de identificar os desafios a serem superados para obter ganhos de eficiência.

OBJETIVO E METODOLOGIA

O objetivo do presente trabalho é analisar as transações existentes ao longo do sistema agroindustrial de ovos de forma estruturada e sistematizada para detectar os desafios e as oportunidades do setor.

O aporte teórico com base em estruturas de governança, utilizado neste trabalho, têm sido utilizado com sucesso no estudo de cadeias produtivas de alimentos pois captam as constantes transformações que ocorrem no âmbito tecnológico e no âmbito institucional dessas cadeias e que afetam o arranjo organizacional das firmas atuantes, Zylbersztajn (1995). De acordo com esta teoria, dadas as características da transação, espera-se uma determinada estrutura de governança

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que pode ou não estar alinhada com a estrutura de governança atuante. O não alinhamento dos arranjos organizacionais pode indicar falhas e oportunidades de coordenação.

A metodologia utilizada é uma combinação de um estudo exploratório e entrevistas pessoais semi-estruturadas com agentes da avicultura de postura. Foram entrevistados agentes de produção, comercialização e lideranças associativas nos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, os três Estados líderes em volume de produção de ovos. A coleta dos dados foi realizada junto ao Centro de Estudos em Economia Aplicada (CEPEA/ESALQ/USP).

O levantamento de dados segue o modelo operacionalizado por Loader (1997) em sua análise da estratégia de suprimento de batatas produzidas no Egito e comercializadas na Inglaterra. Cada transação será analisada sob o ponto de vista dos dois agentes considerando não só as características das transações mas também considerando as implicações de como esses custos são identificados. A forte contribuição do modelo proposto é a possibilidade de analisar as assimetrias de perspectiva decorrentes de cada um dos agentes envolvidos.

O SISTEMA AGROINDUSTRIAL DE OVOS

Ovos apresenta grande importância para o Estado de São Paulo pois representa o quinto produto de maior valor de produção agropecuária em 2000 e 2001, segundo o Instituto de Economia Agrícola, Informações Econômicas (2002).

Martins (1996) analisou a cadeia produtiva de ovos, identificando a apropriação de valor gerado por avanços tecnológicos entre os agentes da Cadeia. Segundo a autora, o grande número de criadores em termos absolutos e em relação ao número de compradores, dificulta a apropriação dos ganhos realizados na etapa produtiva pelos criadores. Utilizando dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares FIPE/USP de 1981/82 e 1991/92 e dados encomendados pela Associação Paulista de Avicultura (APA) de 1994, a pesquisadora observou que os atacadistas apresentam cotas crescentes na participação sobre o preço do varejo. A participação dos varejistas também é crescente, no entanto, bastante oscilante. No período analisado, a participação do supermercado na venda de ovos cresceu 149% e a das avícolas 250%.

O trabalho de Sugano (1999) analisou a cadeia produtiva de ovos em Bastos-SP, sob ótica da economia dos custos de transação, com destaque para a estrutura de governança, a coordenação e o aprendizado tecnológico desta cadeia. O autor destaca a importância da transação entre os produtores de ovos de Bastos e os compradores de ovos: é considerado um ponto frágil ao longo da cadeia uma vez que as relações são informais.

De acordo com Martins (1996), os atacadistas desempenham um papel que não se restringe apenas à distribuição de ovos. Os varejistas têm preferências por tipos de ovos que o produtor tem dificuldade em atender pois a distribuição de tipos de ovos está diretamente relacionado com a distribuição de idade2 dos lotes e alguns aspectos de manejo. Dessa forma, os atacadistas garantem espaço de intermediação, além de promover a substituição de mercadoria com ovos quebrados ou trincados, reposição de mercadoria nas gôndolas e manutenção de um estoque de equilíbrio.

Segundo Mizumoto (1996), nos primórdios da avicultura de postura brasileira, os criadores concentravam esforços no manejo e a cooperativa, figura presente na época, era fundamental no fornecimento de ração e na comercialização dos ovos. O desenvolvimento da tecnologia de fabricação de ração reduziu o investimento necessário para obter essas instalações e o avicultor obteve ganhos com a fabricação da ração de consumo interno. Segundo Martinez (2002), a

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predominância de integração vertical dos processos produtivos de fabricação de ração e de processamento de ovos pelo avicultor norte-americano é justificada pela alta incerteza da atividade de criação, tais como susceptibilidade a doenças, dificuldade de ajustes na oferta vis-a-vis a demanda dado o longo ciclo da atividade, especificidade locacional e especificidade temporal (perecibilidade dos ovos). Martins (1996) justifica a ausência de um modelo como o de contratos da avicultura de corte pela maior complexidade da atividade de postura, em que a qualidade do manejo tem caráter decisivo na atividade de longo-prazo e que as oscilações de renda do avicultor exigem decisões que analisem um grande horizonte temporal.

REVISÃO DA LITERATURA

Os trabalhos de Davis e Goldberg (1957)3 e Goldberg (1968)4 apud Zylbersztajn (2000), são referidos como um marco no estudo dos negócios agroalimentares. O conceito ficou conhecido na escola norte-americana como agribusiness e explora as relações de dependência entre a indústria de insumos, produção agropecuária, indústria de alimentos e os canais de distribuição. A ótica sistêmica desenvolvida por Davis e Goldberg permite avaliar o desempenho das cadeias produtivas e analisar a interdependência de cada elo.

Segundo a Teoria Neoclássica, cada produtor sabe os preços e a tecnologia de produção que maximiza lucros, o consumidor sabe os preços e suas preferências de modo a maximizar sua utilidade dado um nível de renda, preços se ajustam para equilibrar oferta e demanda de cada produto. No entanto, existem custos nas relações entre os agentes econômicos, custos estes distintos dos custos de produção e que Coase (1937), em seu trabalho seminal “The Nature of The Firm” identifica e denomina como custos de transação. Coase, ao buscar explicações para a existência da firma e a sua escala limite, identifica que existem custos de se utilizar o sistema de preços como coordenador: custos de saber quais são os preços relevantes, custos de informação, entre outros.

No estabelecimento inicial de agribusiness, o sistema de preços é tido como coordenador implícito. Em desenvolvimentos posteriores, os autores passaram a considerar a importância do ambiente institucional em seus estudos. Goldberg chegou a desenvolver estudos com o paradigma da estrutura-conduta-desempenho da organização industrial, introduziu elementos institucionais e aspectos contratuais como variáveis explicativas de coordenação.

Zylbersztajn (1995) propõe que o Sistema Agroindustrial (SAG) seja estudado como um conjunto de relações contratuais entre empresas e agentes especializados, com o objetivo de atender aos consumidores. A figura 1 ilustra o modelo.

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Davis, J.H. e Goldberg, R.A. (1957) A Concept of Agribusiness. Division of Research. Havard University, Boston, 136p.

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Goldberg, R.A. (1968) Agribusiness Coordination: A Systems Approach to the Wheat, Spybean, and Florida

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Figura 1 – Sistema de Agribusiness e Transações Típicas

Fonte: Zylberstajn (1995)

Considerando o modelo proposto por Zylbersztajn (1995), a visão sistêmica e o aprofundamento detalhado das transações geram informações fundamentais para o processo de decisão estratégica.

Para analisar a transação, Williamson (1985) propõe a sua análise com base na especificidade dos ativos, à freqüência e incerteza envolvidos. Especificidade de ativos, de acordo com o autor, desdobra-se em: a) especificidade locacional em que, sendo o ativo não deslocável, quanto menor a distância entre os agentes, maior o incentivo para a internalização da atividade; b) especificidade dos ativos físicos, pode-se estabelecer uma relação direta entre a especificidade dos ativos físicos e a propensão à internalização da atividade, no entanto, dependente do contexto dos agentes; c) especificidade do ativo humano, relação direta com a propensão à internalização de atividade; d) ativos dedicados são aqueles elaborados para uma utilização específica e, portanto, com altos incentivos para integração vertical.

Figura 2 – Governança Eficiente

Fonte: adaptado de Williamson (1996)

De acordo com Williamson (1996), a firma neoclássica é definida como uma função de produção enquanto que pela economia dos custos de transação a firma é uma estrutura de governança, figura 2. Dada as características das transações, as governanças podem ser de Mercado, de Hierarquia (governança unificada) ou Híbrida, apresentado diferentes custos. A governança de Mercado apresenta maiores incentivos e menores controles do que a governança de Hierarquia. Assumindo a governança de Mercado e Hierarquia como extremos polarizados, a estrutura de governança Híbrida apresenta características intermediárias, dentro deste contínuo.

INSUMOS AGRICULTURA INDÚSTRIA ATACADO VAREJO CONSUMIDOR

FLUXO DE INFORMAÇÃO E PRODUTOS

FLUXO DE INFORMAÇÃO E REMUNERAÇÃO

não-específico misto específico

mercado trilateral trilateral ou governança unificada (contrato clássico) (contrato neoclássico) (contrato neoclássico)

mercado bilateral governança unificada (contrato clássico) (contrato relacional) (contrato relacional) alta

baixa

Freqüência

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6 ANÁLISE DAS TRANSAÇÕES

Tabela 1 - Transação entre Fábrica de Ração e Produtores de Ovos

Fonte: autor, adaptado de Loader (1997)

A estrutura de governança esperada difere entre as duas direções contratuais analisadas e, no caso da direção contratual de produtores de ovos para fábrica de ração, ocorre alinhamento da estrutura de governança esperada e atual. A integração da atividade de fabricação de ração pelo produtor de ovos é justificada pela alta freqüência da transação, o alto volume consumido em contrapartida com a baixa possibilidade de armazenar ração pronta e a alta racionalidade limitada sobre os componentes introduzidos na ração.

Na direção contratual inversa, a governança esperada é a de mercado, ou seja, a fábrica de ração desenvolveria suas atividades com autonomia própria, alocando sua produção no mercado, dada a versatilidade dos equipamentos em produzir rações para diversos segmentos além da avicultura de postura.

As duas perspectivas de análise contrastam diferenças na percepção de especificidade de ativos, racionalidade limitada e oportunismo.

Objetivo fornecimento de ração para poedeiras em seus diferentes estágios de produção, de acordo com as exigências sanitárias

e genéticas do plantel

Direção Contratual De: Fabrica de Ração Para: Produtores de Ovos

freqüência Alta, baixo armazenamento e alto consumo de ração

incerteza Alta, sujeito a quebra contratual por parte do demandante

especificidade de ativos Baixa, ativos envolvidos poderm processar ração para outras criações racionalidade limitada Baixa, pleno conhecimento dos componentes da ração

oportunismo Medio a Baixo

Governança

Estrutura de governança esperada Mercado

Estrutura de governança atual Integração vertical pelo produtor de ovos

Direção Contratual De: Produtores de Ovos Para: Fabrica de Ração

freqüência Alta, baixo armazenamento e alto consumo de ração

incerteza Alta, sujeito a quebra contratual no suprimento de ração

especificidade de ativos Alta, formulação da ração é específica às características do plantel racionalidade limitada Alta, verificação da formulação pós-processamento é onerosa

oportunismo Alto, sujeito a fraudes na formulação

Governança

Estrutura de governança esperada Integração vertical

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7 Tabela 2 - Transação entre Produtores de Ovos e Processamento de Ovos

Fonte: autor, adaptado de Loader (1997)

A estrutura de governança esperada alinha-se com a estrutura de governança atual nas duas direções contratuais. É possível encontrar as duas situações: produtores de ovos integrando seu processamento ou processadores de ovos integrando para trás, no entanto, cabe destacar que a maior parte dos casos concentra-se no primeiro tipo de integração. A integração vertical pelo produtor de ovos pode ser explicado pela alta freqüência da transação, em que a classificação é um etapa essencial ao longo cadeia de valor na comercialização de ovos. A integração por parte do processador de ovos pode ser explicada como parte de sua estratégia na garantia do suprimento de ovos. As divergências ocorrem para incerteza e oportunismo.

Objetivo seleção, lavagem, classificação dos tipos de ovos e embalamento conforme o mercado de destino

Direção Contratual De: Produtores de Ovos Para: Processamento de Ovos

freqüência Alta, todos os dias

incerteza Media

especificidade de ativos Alta

racionalidade limitada Baixa, mensuração do processamento é fácil e rápida

oportunismo Medio

Governança

Estrutura de governança esperada Integração vertical Estrutura de governança atual Integração vertical

Direção Contratual De: Processamento de Ovos Para: Produtores de Ovos

freqüência Alta, todos os dias

incerteza Baixa, muitas vezes o fornecimento alternativo é viável especificidade de ativos Alta, equipamentos específicos para o processamento de ovos racionalidade limitada Baixa, mensuração do processamento é fácil e rápida

oportunismo Alto

Governança

Estrutura de governança esperada Integração vertical Estrutura de governança atual Integração vertical

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8 Tabela 3 - Transação entre Processador de Ovos e Canais de Distribuição

Fonte: autor, adaptado de Loader (1997)

Verifica-se que incerteza, especificidade de ativos e oportunismo foram as variáveis da transação que divergiram entre as duas direções contratuais de análise.

A alta incerteza, na direção contratual de processamento de ovos para a distribuição assemelha-se à encontrada por Brousseau e Codron (2000), em que a comercialização de produtos perecíveis implica no desafio de ajustar as preferências dos consumidores e as variações em quantidade e qualidade de oferta. Na direção contratual inversa, a incerteza não atinge a mesma proporção, dada a baixa concentração de fornecedores de ovos.

O destaque desta transação ocorre para a existência de múltiplos alinhamentos estáveis. Governança via mercado coexistem com integração vertical e formas híbridas. A maior parte das transações ocorrem via mercado, mas também encontra-se transações governadas por contratos e relações em que ocorre integração vertical para trás.

Os contratos de fornecimento são utilizados por grandes redes de supermercado. Em sua maioria, preços e quantidades não são determinados via contratual, a figura do contrato existe, num extremo, para efeitos cadastrais e, em outro, para exigir exclusividade de fornecimento. Dentre os fornecedores cadastrados, os negócios são fechados semanalmente, em sistema de leilão. Existem divergências entre os produtores de ovos na questão do fornecimento de ovos para grandes redes de supermercados. Os produtores que firmam contratos com supermercados procuram segurança nas vendas atrelada à reputação do cliente enquanto que outros produtores recusam o fornecimento pela obrigatoriedade de prazo, descontos e bonificações.

Objetivo comercialização e distribuição de ovos

Direção Contratual De: Processamento de Ovos Para: Canais de Distribuição freqüência Alta, todos os dias

incerteza Alta, concentração de agentes comercializadores

especificidade de ativos Medio, produto processado conforme mercado de destino, ativos de transporte não específicos

racionalidade limitada Media, assimetria de informação oportunismo Alto

Governança

Estrutura de governança esperada Hibrida

Estrutura de governança atual Mercado, Hibrida e Integração Vertical

Direção Contratual De: Canais de Distribuição Para: Processamento de Ovos freqüência Alta, todos os dias

incerteza Media, certa facilidade em encontrar fornecedores alternativos especificidade de ativos Baixa, ativos aceitam a maioria dos hortifrutigranjeiros racionalidade limitada Media, assimetria de informação

oportunismo Medio

Governança

Estrutura de governança esperada Mercado

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Casos de empresas produtoras de ovos, cujos fundadores eram comerciantes de ovos, sugerem a ocorrência de integração vertical para trás nessa transação.

Tabela 4 - Transação entre Canais de Distribuição e Consumidor

Fonte: autor, adaptado de Loader (1997)

Na transação entre canais de distribuição e o consumidor, verifica-se que a incerteza e o oportunismo são as variáveis da transação que divergem conforme a direção contratual de análise. O alinhamento das estruturas de governança esperada e atual ocorre nas duas direções contratuais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se que a atividade de processamento de ovos apresenta-se integrada ao produtor de ovos, permitindo considerar a análise da transação processamento de ovos e canais de distribuição válida para a transação produtores de ovos e canais de distribuição.

Os múltiplos alinhamentos que ocorrem entre produtores de ovos e os canais de distribuição podem ser explicados pelas diferenças na percepção dos agentes para as seguintes variáveis da transação: incerteza, especificidade de ativos e oportunismo.

A metodologia utilizada também permitiu verificar que, em outra transação, ocorre o alinhamento entre a estrutura de governança esperada e a atual em apenas uma direção contratual. É o caso da direção contratual de fábrica de ração para produtores de ovos em que a estrutura de governança esperada é a de mercado e a atual é a de integração vertical pelo produtor de ovos.

Objetivo entrega de ovos ao consumidor final

Direção Contratual De: Canais de Distribuição Para: Consumidor freqüência Alta, todos os dias

incerteza Alta, dificuldade de prever as reações do consumidor

especificidade de ativos Baixa/media, produto processado conforme mercado de destino, ativos de transporte não específicos

racionalidade limitada Media, assimetria de informação oportunismo Alto

Governança

Estrutura de governança esperada Mercado Estrutura de governança atual Mercado

Direção Contratual De: Consumidor Para: Canais de Distribuição freqüência Alta, todos os dias

incerteza Baixa, produto sempre disponível especificidade de ativos Baixa, produto commoditie

racionalidade limitada Media, assimetria de informação quanto à qualidade do produto oportunismo Baixo

Governança

Estrutura de governança esperada Mercado Estrutura de governança atual Mercado

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Através desses resultados é possível verificar que a transação que apresenta o maior desafio de coordenação é a distribuição de ovos. Corrobora o resultado de Sugano (1999) que detectou fragilidade na comercialização de ovos em seu estudo sobre a cadeia produtiva de ovos em Bastos-SP. A coordenação da distribuição de ovos tem sua importância alavancada pelo fato dessa transação apresentar a maior geração de valor dentro do SAG de Ovos como concluiu Santos Filho (1998) apud Figueiredo, em que se destaca o crescimento da participação de supermercados e avícolas segundo Martins (1996).

Estudos futuros, que aprofundem a investigação sobre as estruturas de governança presentes na comercialização de ovos poderão complementar as inferências feitas nesta pesquisa, por hora abrangente e de caráter investigativo.

BIBLIOGRAFIA

Brousseau, E. e Codron (2000) The Combination of Governance Structures: Supplying French Supermarkets with Off-Season Fruit Review of Agricultural Economics. Doc. Eletrônico: www.brousseau.info

Coase, R. (1937) The Nature of the Firm Economica, 4 (November). Reprinted in _______. (1998), The Firm, the Market, and the Law. The University of Chicago Press: Chicago

Figueiredo, E.A.P. Avicultura de corte ou de postura ? In: Doc. eletrônico Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Informações Econômicas (2002) Série Técnica Apta. Instituto de Economia Agrícola. V. 32 n.1, Janeiro

Loader, R. (1997) Assessing transaction costs to describe supply chain relationships in agri-food systems Supply Chain Management vol. 2, n.1 pp 23-35

Martinez, S.W. (2002) Vertical Coordination of Marketing Systems: Lessons From the Poultry, Egg, and Pork Industries Eletronic Report from the Economic Research Service N. 807 United States Department of Agriculture

Martins, S.S. (1996) Cadeias Produtivas do Frango e do Ovo: Avanços Tecnológicos e sua Apropriação São Paulo. 112p. Tese de Doutoramento, Fundação Getúlio Vargas. Mizumoto, C. (1996) A Comunicação Empresarial na Avicultura de Postura: Brasil e Argentina (uma Análise Comparada) São Paulo, 154p. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo.

Sugano, J.Y. (1999) Estrutura de Governança, Coordenação e Aprendizado

Tecnológico na Cadeia Agroindustrial do Ovo em Bastos-SP. Lavras-MG. 149p. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Lavras

Zylbersztajn, D. (1995) Estruturas de governança e coordenação do agribusiness: uma aplicação da nova economia das instituições São Paulo, 238p. Tese de Livre-

Docência. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. Universidade de São Paulo.

Williamson, O.E.(2000) Why Law, Economics, and Organization ? UC Berkely Public Law and Legal Theory Working Paper Series. Social Science Research Network Paper Collection, http://papers.ssrn.com/paper.taf?abstract_id=255624

_____________. (1996) The Mechanisms of Governance Oxford University Press, Inc. 429p.

_____________. (1985) The economic institutions of capitalism: firms, markets, relational contracting. New York: Free Press.

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