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DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS E BACTÉRIAS

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DOENÇAS

CAUSADAS POR

FUNGOS E BACTÉRIAS

Rosa Maria Valdebenito Sanhueza

3

INTRODUÇÃO

As doenças da macieira podem cau-sar perdas importantes para o produtor, com a inutilização da fruta para comer-cialização, o enfraquecimento das plan-tas e, portanto, a diminuição da produ-ção e da produtividade, causando a morte da planta, inviabilizando, assim, essa atividade produtiva. Para a redução das perdas causadas por essas moléstias, exi-ge-se treinamento para o reconhecimen-to de suas características, infra-estrutu-ra e investimentos painfra-estrutu-ra a implementação das recomendações de controle. A se-guir, serão apresentadas as principais doenças da cultura e seu controle.

DOENÇAS QUE AFETAM

RAMOS, FOLHAS E FRUTOS

A sarna-da-macieira é a doença mais importante da macieira; se não contro-lada pode inutilizar toda a produção da fruta, porque as principais cultivares cultivadas são altamente suscetíveis, obrigando o produtor a usar pro-teção permanente das plantas durante o período de risco de ocorrência de infecção.

Outras doenças da parte aérea da macieira são as conhecidas como “doen-ças de verão”, porque seus sintomas são visíveis com maior intensidade nesse período do ano. Entre elas,

encontram-se a podridão-branca (Botryosphaeria dothidea, sinn. B. berengeriana), a podridão-amarga (Glomerella cingulata, Colletotrichum ssp.), a mancha da cv. Gala por Colletotrichum ssp. e a podridão-olho-de-boi (Cryptosporiopsis

perennans / Pezicula malicorticis).

Essas doenças ocorrem na segunda metade do ciclo vegetativo das plantas e, por tornarem-se evidentes próximo da colheita e não se dispor de métodos eficazes de controle, causam muitas perdas. Nos anos com verões chuvosos e temperaturas amenas, as podridões branca, amarga e, em alguns pomares, a olho-de-boi causam perdas de até 30% da produção da maioria das cultivares e a mancha-foliar-de-Glomerella provoca o desfolhamento da planta e a perda da qualidade de comercialização dos fru-tos, comprometendo a próxima safra, principalmente na cv. Gala. O impacto potencial dessas doenças no Sul do Bra-sil foi constatado no ciclo 1997-1998, quando verificaram-se perdas de 10% a 20% em pomares da cv. Fuji com alta infestação por B. dothidea e podridão amarga, doenças que continuaram a se manifestar durante a frigorificação.

Sarna-da-macieira

(Venturia inaequalis)

Características da doença

O patógeno sobrevive no inverno nas folhas que foram infectadas no ciclo

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vegetativo anterior e que, após a sua queda, permanecem no solo do pomar. Nessa condição, desenvolvem-se os pseudotécios que, nas condições do Bra-sil, no fim do inverno e durante a prima-vera, irão liberar os ascósporos que da-rão origem às infecções primárias. A partir das lesões iniciais, ocorrem ciclos sucessivos de infecção, sempre que houver ambiente propício e tecidos suscetíveis.

A liberação dos ascósporos ocorre sempre após uma chuva, principalmen-te duranprincipalmen-te o dia, mas, ocasionalmenprincipalmen-te, pode ocorrer sob condições de orvalho prolongado e de noite. A disseminação dos ascósporos e dos conídios é feita principalmente pelo vento.

O período de maior suscetibilidade da planta à infecção ocorre do início da brotação até o estádio J, diminuindo nas folhas maduras e nos frutos maiores que 5 cm de diâmetro.

Sintomas

A sarna-da-macieira ocorre em fo-lhas, flores e frutos. As primeiras infec-ções ocorrem em pontas verdes, inicial-mente na parte inferior das folhas. So-bre as lesões desenvolve-se uma massa aveludada de conídios (Fig. 1). Infecções graves geralmente causam a queda das folhas e dos frutos, debilitando e preju-dicando o desenvolvimento das plantas no ciclo seguinte.

A infecção nos frutos é inicialmen-te superficial, com massas de conídios marrom-esverdeadas (Fig. 2). As lesões mais velhas desenvolvem aspecto de cortiça e racham-se à medida que os frutos crescem. Nessa situação, aconte-ce também a deformação das maçãs. As lesões nos frutos cicatrizam após os tratamentos químicos, mas não há cura total. Novas áreas com conídios surgi-rão na presença de alta umidade e na ausência de proteção (Fig. 3). Nas fo-lhas, porém, os tratamentos curativos são mais eficazes e as lesões curadas são, em geral, amarelo-avermelhadas e com margens irregulares.

Fig. 1. Folha com lesões esporuladas de sarna da macieira.

Fig. 2. Sarna inicial em frutos novos.

Fig. 3. Frutos maduros com lesões de sarna apresentando massas conidiais escuras.

Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Foto: Rosa M. V . Sanhueza.

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Controle

Redução das perdas causadas pela doença é obtida com cultivares resisten-tes, obtidas por diferentes programas de melhoramento no exterior, destacan-do-se ‘Prima’, ‘Priscilla’, ‘Jonafree’, ‘Liberty’ e ‘Freedom’. No Brasil foram obtidas as cultivares Fred Hough e Catarina. Em geral as cultivares resis-tentes à sarna são suscetíveis às doenças de verão e tem suscetibilidade variável as outras doenças que ocorrem na pri-mavera.

A redução do inóculo inicial é ob-tida pelas práticas que estimulam a de-composição das folhas no período do

Tabela 1. Fungicidas para uso na macieira (2003). Nome

Marca comercial/ingrediente ativo Captan 500 PM2 /captan

Captan SC2/captan

Orthocide 5002/captan

Folpan e Folpet /folpet Bravonil 750 PM/chlorothalonil Bravonil ULTREX 825 GD/chlorothalonil Frowncide 500SC/fluazinam Mythos/pirimethanil Manzate 800/mancozeb3 Dithane PM /mancozeb3 Delan/dithianon Stroby/kresoxim-methil Curativos para a sarna5

Folicur/tebuconazole Score/difenoconazole Baycor/bitertanol Palisade/fluquinconazol Venturol/dodine Dodex/dodine Systhane/miclobutanil Rubigan/fenarimol Trifmine/triflumizole Anvil/hexaconazole Erradicantes Venturol Dodex Benzimidazóis4,5

Cercobim 500 FW/Tiofanato metílico Metiltiofan/Tiofanato metílico Sozinho 240 g 250 mL 240 g 240 g 200 g 150 g 100 mL 100-150g 240 g 200 g 50-125 g 20 Ml 50 g 14 mL 60 g 20 60 g 50-90 mL 12 g 60 mL 70 g 15 mL 50-90 g 85-130 mL 70 g 90 g

Dosagem para 100 L de agua1

Em mistura 160 g 180 mL 160 g 160 g 130 g 100 g 75 mL -160 g 160 g 50 g -30 g 10 mL 25g 20 -10 g 40 mL 40 g 10 mL

outono-inverno. Isso é conseguido pela aplicação de uréia 5% nas plantas com ±30% de queda de folhas, molhando-se também a faixa da projeção da copa na fileira. Tratamentos adicionais sobre as folhas podem ser feitos com suspensões de esterco.

O manejo equilibrado das plantas e o seguimento das recomendações quan-to à adubação, à abertura da copa e ao raleio são indispensáveis para se obter redução da incidência da doença.

O controle químico é obtido com fungicidas de contato, sistêmicos e par-cialmente sistêmicos, com efeitos pro-tetor, curativo em pré-sintomas e/ou erradicante (Tabela 1).

1. Corresponderá a dose média no ciclo de 1000 l/ha 2. Captan + Ag Bem para mancha foliar

3. Utilizar 3 kg/ha para mancha foliar

4. Uso eficaz somente no início de detecção de lesões

5. Será importante conhecer sensibilidade do patógeno aos IBE, benzimidazois e ao Dodine para definir a estratégia de utilização.

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Condições de chuva acumulada superior a 20 mm lava os fungicidas de contato e o efeito deles dura no máximo 7 dias. Os fungicidas sistêmicos e parci-almente sistêmicos não são afetados pela chuva 4 horas após a aplicação. Devem ser aplicados em intervalos de 7 dias e, no caso da maioria dos inibidores de síntese do ergosterol, há perda de efici-ência sob condições de temperatura in-ferior a 10ºC. Um resumo das caracte-rísticas e das recomendações de uso dos fungicidas utilizados para o controle dessa doença consta das Tabelas 1 e 2 .

Nos períodos de grande cresci-mento vegetativo e de risco epide-miológico grave, os fungicidas devem ser aplicados nas doses máximas e em intervalos menores aos usados nor-malmente.

O conhecimento das condições de ambiente que possibilitam o início das epidemias de sarna (Tabela 3) e o monitoramento do inóculo primário constituem a base dos sistemas de alerta da sarna. Esses estudos são a base das Estações de Aviso Fitossanitário, que atuam na maioria dos países produtores de maçãs, inclusive no Brasil.

Aplicação dos fungicidas

A quantidade de ingrediente ativo necessário para proteger as plantas e registrado para uso é indicado normal-mente pela quantidade de produto em 100 L de água. Dependendo do país e da região essa dose é relacionada à aplica-ção de 1000 a 2000 L no sistema conven-cional. Contudo, a dose por hectare utilizada é variável e depende da estima-tiva que o produtor faz da quantidade necessária para molhar o volume da copa de seu pomar e do maquinário utilizado (800 a 4000 L), e de 100 a 400 L, no caso de uso de técnicas melho-radas de pulverização. Dessa forma, re-comenda-se a racionalização da aplica-ção dos pesticidas utilizando-se o con-ceito do “volume da fileira de plantas”, conhecido em inglês como Tree Row

Volume (TRV). O volume é calculado

usando-se as fórmulas seguintes:

•Volume da copa: 10.000 m 2 x

al-tura da copa (m) x diâmetro médio da copa (m)/distância entre as filas (m).

•Volume de calda (L/ha): volume

de copa (m3) x 0,015 +150 L.

•TRV (kg ou L/ha ): quantidade

registrada x Volume de Calda /300.

B Metoxiacrilates (MOA) Estrobilurinas

Kresoxim-methil (Stroby)

Anilino-Pirimidinas (ANP) Pirimethanil (Mythos)

Inibidores da Síntese do Ergosterol (IBE ou DMI)

Fenarimol, Miclobutanil, Hexaconazole, Bitertanol, Tebuconazole, Triflumizole, Difenoconazole, Fluquinconazole

- Efeito curativo baixo. - Efeito protetor alto.

- Aplicar em intervalos de 10 dias e repetir com 40-50 mm de chuva acumulada.

- Mistura adequada: MOA com IBE.

- Efeito secundário: pode acelerar a maturação. - Efeito curativo médio (72 h).

- Efeito protetor médio (< Frutos). - Mistura adequada: ANP e protetor.

- Efeito da temperatura: pouco afetados pela baixa temperatura em relação aos IBE.(0ºC, 5ºC e 10ºC).

- Absorção rápida.

- Efeito curativo alto (96 h). - Efeito protetor médio.

- Mistura adequada: IBE- protetores.

- Diminuição de eficiência em baixa temperatura (<10ºC).

Tabela 2. Características dos principais grupos de fungicidas usados no controle de

sarna.

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Resistência de Venturia

inaequalis aos fungicidas

O uso freqüente de fungicidas com ação específica no metabolismo do patógeno tais como os benzimidazois, os inibidores da síntese do ergosterol, as anilino-pirimidinas e as estrobilurinas, podem conduzir à seleção de estirpes resistentes a esses produtos.

No Brasil, o grande número de pe-ríodos de infecção por V. inaequalis que ocorrem anualmente nos pomares de macieiras, a concentração das áreas de plantio de cultivares suscetíveis, o alto vigor e longo o período de crescimento, e a alta pluviosidade, exige o uso fre-qüente de fungicidas específicos e com efeito curativo. Nessas condições, pode

haver perda de controle sendo favoreci-do o surgimento de resistência.

As primeiras constatações mundi-ais de resistência de Venturia inaequalis a fungicidas no campo foram feitas em pomares que utilizaram com freqüência os benzimidazóis. Nesse caso, a popula-ção resistente passou a predominar so-bre a sensível em curto prazo e houve falha de controle. No presente, na mai-or parte das regiões produtmai-oras de maçã, a ocorrência generalizada de resistência tem impossibilitado o uso de todos os fungicidas desse grupo entre os quais ocorre a resistência cruzada. Pelo fato de a população resistente ser tão compe-titiva como a sensível, continua a predo-minar indefinidamente. Nessa situação, se for feito um tratamento, ocorre a seleção dos isolados resistentes e, na

Tabela 3. Molhamento foliar necessário para o início da infecção primária de

sarna-da-macieira causada por Venturia inaequalis, em diferentes condições de temperatura, e o período requerido para o desenvolvimento de conídios.

Fonte: adaptado de Mills, 1944 e modificado por A L. Jones.

Infecção Leve 13 11 9.5 9 9 9 9.5 10 10 10 11 11 11.5 12 12 13 14 14.5 15 15 16 17 19 21 23 26 29 33 37 41 48 Infecção Moderada 17 14 12 12 12 13 13 13 14 14 15 16 16 17 18 18 19 20 20 23 24 26 28 30 33 37 41 45 50 55 72 Infecção Grave 26 21 19 18 18 20 20 21 21 22 22 24 24 25 26 27 29 30 30 35 37 40 43 47 50 53 56 60 64 68 96 Período de Incubação -9 10 10 11 12 12 13 13 14 14 15 15 16 16 17 17 -(C) 25.6 25.0 24.4 17.2-23 16.7 16.1 15.6 15,0 14.4 13.9 13.3 12.8 12.2 11.7 11.1 10.6 10.0 9.4 8.9 8.3 7.8 7.2 6.6 6.1 5.5 5.0 4.4 3.9 3.3 2.7 0.5 - 2.2 (F) 78 77 76 63-75 62 61 60 59 58 57 56 55 54 53 52 51 50 49 48 47 46 45 44 43 42 41 40 39 38 37 33 - 36 Molhamento (h) Temperatura média

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segunda, a infecção é generalizada pelo predomínio das estirpes não controla-das. O segundo caso estudado de resis-tência desse patógeno foi com o dodine. Essa situação foi menos grave quanto às conseqüências da perda de controle, mas de ocorrência também generalizada.

Os inibidores do ergosterol cons-tituem um grupo de fungicidas de im-portância mundial para o controle de doenças das plantas. Constatações de resistência com impacto econômico sobre as culturas de fitopatógenos a es-ses produtos têm sido relatadas em do-enças importantes, tais como oídio de cereais e cucurbitáceas e, recentemente em Venturia inaequalis.

No Brasil, levantamentos da sensi-bilidade de isolados selvagens desse patógeno aos IBE vêm sendo feito nos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

A presença de fenótipos resistentes aos IBE na população obtida nos poma-res não necessariamente sugere a perda de controle da doença, como ocorre no caso dos benzimidazóis, visto que a distri-buição da freqüência de sensibilidade a esses fungicidas na população do patógeno é contínua, podendo variar de altamente sensível a altamente resisten-te. Assim, estudos da população selva-gem de V. inaequalis ao fluzilazole têm mostrado por exemplo fatores de resis-tência que variam de 0 a 300. Esta sensi-bilidade tem preservado o uso efetivo desses fungicidas mas, na presença de alta pressão de seleção a freqüência de isolados resistentes têm mostrado vari-ar gradualmente, até causvari-ar falha de con-trole com as doses normalmente reco-mendadas para esses produtos. Contu-do, essa mudança na composição da sen-sibilidade da população de V. inaequalis não tem significado quebra significativa nos pomares comerciais do controle pe-los IBE, talvez pelo uso geral deles em um sistema preventivo e, normalmente, em mistura com produtos protetores.

Na atualidade, com a disponibili-dade de outros grupos de fungicidas, as anilino-pirimidinas (Ex.: Pirimethanil) e as estrobilurinas (Ex.: Kresoxim methil), é possível diminuir o número de trata-mentos de IBE, incorporando-os ao sis-tema de produção, usando-se no máxi-mo três a quatro tratamentos de cada grupo por ciclo. Entretanto, como já foi constatada resistência de patógenos a esses dois grupos de fungicidas em ou-tros países, será desejável monitorar permanentemente a sensibilidade da população de V. inaequalis a eles no país.

Mancha-das-folhas-e-frutos-da-macieira por

Glomerella cingulata

(Colletotrichum gloeosporioides)

Características da doença

As cultivares Gala e Golden Delicious ocupam aproximadamente 50% da área brasileira plantada com macieiras e, nos últimos dez anos, vêm sendo afetadas gravemente por uma doença que causa mancha e queda preco-ce das folhas, e manchas com deforma-ção dos frutos (Fig.4). Esses sintomas foram descritos em 1983, no Paraná, onde desde então a doença vem ocorren-do anualmente. O principal agente cau-sal foi identificado como Glomerella cingulata (Colletotrichum gloeosporioides). As primeiras infecções ocorrem geralmente nas fo-lhas novas e na parte baixa e interna das plantas. Logo após a generalização do ataque nas plantas, inicia-se a queda das folhas e, em menor intensidade, dos frutos.

Os prejuízos relacionados com essa doença são graves e, na ausência de con-trole, o produtor pode sofrer perda total da produção do ano e reduzir a do ano seguinte. A sobrevivência tanto da fase perfeita como da imperfeita do fungo ocorre na macieira principalmente nos

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ramos, frutos mumificados, gemas e, em menor grau, nas folhas infectadas do ci-clo anterior.

Observações do início de epidemi-as mostram que condições propíciepidemi-as para o desenvolvimento da doença ocorrem na presença do patógeno, quando a tem-peratura média diária no ambiente atin-ge no mínimo 15oC-16oC, após uma

chuva superior a 5 mm, com períodos de 48 ou mais horas de molhamento foliar e umidade relativa superior a 90%. Nessas condições, 2 a 3 dias após o início do período de infecção, surgem os sin-tomas nas folhas novas. Nos frutos, no entanto, o período de incubação é de 7 a 10 dias.

As manchas nos frutos e nos pedúnculos são superficiais, de cor mar-rom-clara, esféricas, de 1 a 3 mm de diâmetro, escurecendo e cicatrizando a seguir (Fig. 5). Não há desenvolvimento posterior dessas lesões na forma de po-dridão amarga. No entanto, estirpes as-sociadas à podridão amarga das maçãs que estejam contaminando a superfície podem infectá-los a partir das lesões nos frutos.

Infecções iniciadas antes da colhei-ta podem continuar o desenvolvimento durante a frigorificação e a comercia-lização dos frutos (Fig. 6 e 7).

Sintomas

Nas folhas as lesões são inicialmen-te avermelhadas, sem margens defi-nidas, distribuídas ao acaso no limbo foliar, e de tamanho que varia de 1 mm a 4 mm de diâmetro. A lesão evolui até tornar-se amarelo-acinzentada, às vezes com margens marrom-avermelhadas (Fig.5). No centro da lesão, desenvol-vem-se pontos escuros, que são os cor-pos de frutificação do fungo causador da doença.

Fig. 4. Queda precoce das folhas provocada pela mancha foliar da Gala e ausência de sintomas na cv. Fuji.

Fig. 6. Pintas nos frutos ocorrida pelo ata-que da mancha-foliar da ‘Gala’.

Foto: Liberaci Pedro de Couto.

Fig.5. Manchas e amarelecimento de fo-lhas pela mancha-foliar.

Foto: Rosa M. V

. Sanhueza.

Foto: Rosa M. V

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Medidas que facilitem a ventilação nas macieiras diminuem o acúmulo de umidade nas plantas, reduzindo a dura-ção do período de molhamento de fo-lhas e frutos, otimizando, assim, a pro-teção química.

Grande importância terá também na prevenção da doença a retirada e a destruição dos frutos com podridão-amarga e a escolha de cultivares polini-zadoras não-suscetíveis ao ataque de

G. cingulata/C.gloeosporioides nos pomares

de ‘Gala’ e ‘Golden Delicious’.

Avaliações da suscetibilidade de cultivares a essa doença mostraram que as cvs. Mollies Delicious, Fuji, Everest, Griffier, Hilliery, Malus atro-sanguinea e

Malus robusta são resistentes, enquanto

‘Gala’, ‘Royal Gala’, ‘Pink Lady’, ‘Golden Delicious’, ‘Belgolden’ e ‘Granny Smith’ são suscetíveis.

Controle

As práticas de controle mais im-portantes são as que visam reduzir as fontes de infecção para que, na primave-ra seguinte, haja a menor quantidade possível de inóculo. Assim, no inverno, devem-se eliminar as folhas ou promo-ver sua decomposição, proteger as plan-tas com produtos cúpricos, além de re-tirar e queimar os restos de poda e os frutos mumificados.

Na primavera, as práticas têm por objetivo diminuir as fontes de infecção e aumentar a ventilação nas plantas. Recomenda-se manter o pomar livre de ramos, folhas ou frutos doentes, formar as plantas com ramos dispostos à altura mínima de 80 cm do solo, utilizar poda e/ou nutrição equilibrada para obter plantas sem enfoliamento excessivo, melhorar a drenagem do pomar, elimi-nar ou ralear os quebra-ventos e manter no máximo a 20 cm a altura das invaso-ras na fileira.

No presente, recomenda-se o con-trole químico da

mancha-foliar-por-Glomerella com o uso dos fungicidas

mancozeb, captan, chlorothalonil e dithianon, e fosfitos sempre que a chuva acumulada no intervalo atinja 30 mm. Esses produtos devem ser utilizados na dose registrada, em intervalos máximos de 10 dias e, aplicados de acordo com o volume da copa das árvores, para se conseguir a cobertura uniforme e total de frutos e folhas.

Após a colheita, continuar o trata-mento das plantas infectadas até o fim de março, para reduzir o inóculo no pomar, evitar a queda precoce das folhas e preve-nir prejuízos no desenvolvimento e na qualidade das gemas frutíferas das maciei-ras no próximo ciclo vegetativo. Isso pode ser feito com o mancozeb, o enxofre e o oxicloreto de cobre, utilizando-os alter-nadamente durante esse período.

Podridão amarga

(Glomerella cingulata/

C. gloeosporioides e

C. acutatum)

Características da doença

O patógeno pode sobreviver nos frutos mumificados, nos cancros e na superfície das plantas. A infecção come-ça pela epiderme intacta. Contudo,

feri-Fig. 7. Sintomas de sarna (superior) e da mancha-foliar da ‘Gala’ (inferior) em ma-çãs frigorificadas.

Foto: Rosa M. V

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das abertas por insetos, granizo ou por outras lesões da epiderme facilitam a infecção. A doença ocorre em grande parte no pomar, mas continua a se de-senvolver na câmara fria. O patógeno causa podridões em várias fruteiras de clima temperado.

Sintoma

Podridão firme, aquosa, deprimi-da, circular e de cor marrom. Na epi-derme afetada podem ser observados círculos concêntricos, com pontos ala-ranjados de aspecto ceroso correspon-dentes às frutificações conidiais (Fig. 8) e, no caso das lesões serem originadas pela fase perfeita (G. cingulata), pequenas elevações pretas, os peritécios, desen-volvem-se no centro das lesões (Fig. 9). Nas lesões iniciais a polpa afetada pode apresentar a forma de cone invertido.

Controle

A redução do inóculo inicial é ob-tida pela remoção e pela destruição de frutos doentes e ramos com cancros, prática que deve continuar durante a primavera.

O controle químico tem resultados variáveis, provavelmente porque seu su-cesso depende da sensibilidade aos fungicidas dos isolados patogêni-cos dominantes no pomar. Os produtos recomendados para o controle da doen-ça são os de contato (folpet, captan, dithianon, chorothalonil) e os benzimi-dazóis. Estes últimos são efetivos para

C. gloeosporioides, mas não o são para C. acutatum.

Fig. 9. Podridão-amarga de maçãs por isolados de G. cingulata.

Fig. 8. Podridão-amarga com massas conidiais alaranjadas.

Foto: Rosa M. V

. Sanhueza.

Foto: Rosa M. V

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Cancros-dos-ramos e

podri-dão-branca-das-maçãs por

Botryosphaeria dothidea =

B. beringeriana = B. ribis

ssp. e

podridão-preta-das-maçãs por Botryosphaeria

obtusa (Physalospora

malorum)

Características da doença

Esses fungos ocorrem nos pomares, causando cancros de ramos das plantas adultas ou do caule em mudas. Nos ramos, os cancros iniciam-se a partir de ferimentos causados pela poda ou por agentes climáticos ou biológicos, a par-tir da ferida deixada pela queda das fo-lhas.

Nos frutos, podem ter penetração direta nos tecidos, e, mais facilmente, naquelas com danos por insetos, granizo ou escaldadura por sol. A infecção pode ser iniciada a partir de esporos desenvol-vidos em ramos atacados das plantas ou em ramos de poda que, ficando no solo, são colonizados pelos patógenos. Ou-tras fontes de inóculo são as frutas mu-mificadas nas plantas.

O fungo pode infectar a fruta du-rante todo o período de desenvolvimen-to com ascósporos e com conídios for-mados principalmente durante os me-ses de setembro a março nos ramos de poda que ficam no pomar.

Lesões aparentemente cicatriza-das, por ocasião da colheita, geralmente apresentam podridão após períodos pro-longados de armazenagem.

Sintomas

Os cancros iniciam-se por lesões marrom-avermelhadas, com margem definida, que afetam principalmente o

córtex dos ramos ou o caule das mudas ou então o tronco das plantas adultas. À medida que as lesões crescem, a epiderme solta-se, e o aspecto apresenta-do é que sugeriu o nome comum à doença: cancro-papel. Na superfície desenvolvem-se pontuações pretas, que correspondem às fases sexuada e assexuada do patógeno (Fig.10).

Fig. 10. Cancro-de-ramos por

Botryosphaeria dothidea.

A podridão dos frutos é marrom-escura, relativamente seca, não depri-mida e geralmente profunda na epiderme. Inicia-se com um ponto mar-rom-escuro ou vermelho (Fig. 11), às vezes, com o centro preto, a partir do qual se desenvolve uma podridão circu-lar de cor marrom-ccircu-lara, às vezes com círculos concêntricos mais escuros (Fig. 12). As podridões iniciais não apre-sentam corpos de frutificações do patógeno e a polpa apresenta lesões marrom-claras, com margens definidas e geralmente circulares. A seguir, e mais freqüentemente no caso das podridões por B. dothidea, desenvolve-se nas frutas uma decomposição interna firme, de

Foto: Rosa M. V

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cor marrom-clara, que apresenta exsudação (Fig. 13). Nas podridões por

B. obtusa (Fig. 14), a fruta pode escurecer

e mumificar. Na superfície dessas ma-çãs, observam-se picnídos pretos e, às vezes, micélio verde-escuro. A podridão desenvolve-se lentamente nas câmaras frias e continua rapidamente durante a comercialização.

Controle

A eliminação dos frutos mumifica-dos e mumifica-dos ramos com cancros reduzem o inóculo inicial. Outra prática necessá-ria é a destruição dos ramos grossos de poda e a trituração ou a queima dos ramos de poda de inverno e da poda verde.

O controle químico é feito com fungicidas protetores a cada 10 dias, alternando com benzimidazóis em uma aplicação mensal, especialmente nas cvs. Fuji e Golden Delicious e Granny Smith.

Fig. 14. Podridão-preta por Botryosphaeria

obtusa.

Fig. 11. Infecção inicial da podridão-amar-ga.

Fig. 12. Diferentes sintomas de podridão-branca.

Fig. 13. Frutas com fermentação interna causada pela podridão-branca.

Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Foto: Rosa M. V . Sanhueza.

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Podridão-olho-de-boi

(Cryptosporiopsis

perennans / Pezicula

malicorticis)

Características da doença

É uma doença que foi identificada recentemente (1996) na Embrapa Uva e Vinho, em Vacaria e Tainhas, RS, e em Fraiburgo, SC, e vêm crescendo em importância. A sobrevivência do pató-geno ocorre nos ramos com cancros. As condições propícias para o início da infecção são invernos suaves e alta pluviosidade, temperatura média de 20oC e até 0oC para o desenvolvimento

da podridão dos frutos. A infecção ini-cia-se pela epiderme intacta ou pelas lenticelas, quando o fruto está próximo da maturação, sem precisar de feri-mentos, apesar do processo ser facilita-do pela ocorrência deles, por exemplo em ferimentos por granizo ou inse-tos. A infecção surge, em geral, em pré-e pós-colhpré-eita.

Sintomas

Podridão de cor marrom-clara com o centro amarelo-pálido, de forma mais ou menos circular, às vezes com mar-gens marrom-escuras ou avermelhadas, deprimidas, de textura firme e desenvol-vimento lento (Fig. 15). Internamente, os tecidos apresentam-se desidratados e com cavernas que surgem no centro da lesão e/ou em outras áreas da podridão, como resultado da compactação de áre-as afetadáre-as (Fig. 16 e 17). As margens entre os tecidos doentes e os sadios são bem definidas. Sob condições de umida-de e, no centro das lesões mais velhas, podem-se desenvolver estruturas escu-ras que produzem massas de conídios branco-alaranjados.

Fig. 17. Podridão-olho-de-boi afetando os carpelos e apresentando cavernas na polpa afetada.

Fig. 15. Podridão-olho-de-boi.

Fig. 16. Podridão-olho-de-boi infectando a ca-vidade peduncular. Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Foto: Rosa M. V . Sanhueza.

(13)

Controle

A redução de inóculo é obtida prin-cipalmente eliminando-se os cancros. O uso de fungicidas cúpricos no inver-no e de protetores em pré-colheita auxilia na redução das perdas por essa doença.

Podridão-carpelar

(Alterna-ria ssp., Fusarium ssp.,

Botrytis cinerea,

Botryosphaeria dothidea,

Cryptosporiopsis

perennans, etc.)

Características da doença

Esta moléstia é uma doença secun-dária, que ocorre nas cultivares que possuem canal calicinar curto e aberto como a cv. Fuji e as do grupo Delicious. Os fungos predominantes na época em que os frutos apresentam essa abertura penetram até a cavidade dos carpelos e, dependendo do vigor das plantas e pro-vavelmente da qualidade dos frutos, podem desenvolver ou não a podridão-carpelar. A decomposição dos tecidos das maçãs poderá ocorrer em pré- ou em pós-colheita.

Sintomas

Os frutos afetados no campo são mais coloridos, geralmente deformados e, em geral, não se desenvolvem e caem antes da colheita. Na região dos carpelos e, dependendo do tipo de patógeno envolvido, desenvolvem-se podridões secas ou aquosas, de cor preta, ama-rela, marrom-clara ou marrom-escura (Fig. 18 e 19).

Mancha-necrótica-foliar

(Distúrbio de origem

não-patogênica)

Características da doença

Este problema é um distúrbio fisiológico que tem relação com alter-nância de temperaturas, chuva e baixa luminosidade. Afeta principalmente as cultivares Golden Delicious e cvs. rela-cionadas.

Fig. 18. Sintomas externos da podridão-carpelar.

Fig.19. Sintomas internos podridão-carpelar. A B Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Fotos: Rosa M. V . Sanhueza.

(14)

Sintomas

Caracteriza-se pela ocorrência de manchas necróticas irregulares, nas fo-lhas maduras. Em geral, as fofo-lhas do segmento médio dos ramos são mais afetadas. As lesões são inicialmente amareladas e logo tornam-se necróticas, e as folhas amarelecem e caem a seguir. O problema ocorre geralmente a partir de dezembro e é mais grave no fim do verão.

Controle

A redução de perdas ocorre, geral-mente, com o uso de fungicidas do grupo dos ditiocarbamatos. Resultados seme-lhantes são obtidos com a aplicação de óxido de zinco.

DOENÇAS SECUNDÁRIAS

Neste grupo incluem-se a fuligem (Peltaster fructicola, Gastrumia polystigmata,

Leptodontium elatius) (Fig. 20), a

sujeira-de-mosca (Zygophiala jamaicencis) e outras manchas de folhas ocasionalmente cons-tatadas, como a mancha-de-Alternaria sp. e Marssonina sp. O controle dessas doenças é obtido quando feitos os tratamentos citados para as outras doenças de verão.

PODRIDÕES DE RAÍZES

As podridões de raízes da macieira são a causa de perdas elevadas pela mor-te de plantas, tanto em pomares novos como em produção no Sul do Brasil.

Levantamentos mostraram que, somente nos anos 1985 e 1986, essa morte variou de 0,5% a 15% por ano, representando uma redução média de 1% a 2% da área por pomar.

Os fatores que contribuem para a ocorrência dessas doenças são, princi-palmente, mudas contaminadas, defi-ciência no preparo e correção do solo na implantação, uso freqüente de grade la-teral que corta as raízes e dissemina os patógenos, e a falta de orientação técni-ca para reduzir o inóculo da doença.

O diagnóstico apropriado e a ca-racterização dos patógenos e da doença são essenciais para determinar medidas de controle adequado. Este manual visa auxiliar técnicos e fruticultores no diag-nóstico preliminar.

Sintomas na parte aérea

Na primavera as plantas doentes têm brotação esparsa, lançamentos e folhas pequenas de coloração verde-cla-ra ou amarelada. Nos meses de novem-bro e dezemnovem-bro esses sintomas são mais marcantes, observando-se também floração antecipada e grande quantida-de quantida-de frutos estabelecidos.

No verão, além da redução no crescimento, pode aparecer um averme-lhamento das folhas e o surgimento de pigmentação amarelada ou rosa, nos ramos expostos ao sol. Isso ocorre pela falta de enfolhamento das plantas doen-tes. Nessa época, é evidente também, um número de frutos pequenos e muito coloridos. Logo após a colheita, o desfolhamento é antecipado.

Fig. 20. Fuligem em maçãs.

Foto: Rosa M. V

(15)

Esses sintomas podem ocorrer em toda a planta ou, às vezes, em alguns ramos. Dependendo da intensidade da doença, a morte da planta pode ocorrer tanto logo após o início da brotação, como durante o período de crescimento (Fig. 21).

Esses sintomas também são comuns a outros tipos de doenças, como: can-cros-do-tronco ou dos ramos; galha-da-coroa ou de raízes (Fig. 22); ou ainda com encharcamento do solo e morte das raízes.

Tipos de podridões

Podridão por Armillariella

(armillaria) (Armillariella mellea)

Características da doença - o

pató-geno é um fungo de solo e, sem uma planta suscetível, pode viver muitos anos em restos de madeira. Os rizomorfos são as principais estruturas para disse-minação. Pode haver contaminação entre plantas pela água, pelo solo, ou pelo contato de raízes. Não é necessário ferimento para a infecção. Afeta muitas fruteiras de clima temperado, sendo a pereira e a figueira as menos suscetíveis. Os fatores que favorecem a doença são mudas contaminadas no viveiro; plantas pouco vigorosas; temperatura do solo entre 17ºC e 24ºC e danos no sistema radicular.

Sintomas - a podridão é

mediana-mente úmida, mole, branca-amarelada e o cerne mantém-se firme. Entre a casca e o lenho observam-se placas de micélio em forma de leques branco-amarelados, aveludados e firmes (Fig. 23). Às vezes, na superfície das raízes, desenvolvem-se estruturas semelhantes às de raízes finas (rizomorfos), de cor marrom-escuro. No colo das plantas podem desenvol-ver-se grupos de cogumelos amarelados e pequenos.

Fig. 21. Definhamento e morte de plantas por podridão das raízes.

Fig. 22. Galhas-das-raízes na macieira (“Burr knots”).

Fig. 23. Podridão da raiz e tronco por

Armillariella. Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Foto: Rosa M. V . Sanhueza. Foto: Rosa M. V . Sanhueza.

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Controle - a redução das perdas por

essa doença pode ser obtida com a elimi-nação de todas as raízes das plantas mortas, a desinfecção do solo e a co-lonização com Trichoderma. Além do manejo cuidadoso que evitar ferimentos e aumentar o vigor das plantas, evitar o deslocamento de solo de plantas doentes para as vizinhas, fazer uso de mudas sadias e tratar as raízes com fungi-cidas e adubação mais calagem do solo na cova.

Podridão do colo e das raízes por Phytophthora cactorum e

Phytophthora ssp.

Características da doença - o

patógeno pertence ao grupo de fungos aquáticos, sendo associado à podridão-de-raiz em viveiros e pomares. O fungo vive no solo, e a liberação de esporos e sua disseminação é favorecida pela água. Possui órgãos de resistência responsá-veis pela sobrevivência no solo, em raízes, ou em restos de tecidos doentes. Afeta a maioria das fruteiras de clima temperado.

Os fatores que favorecem a doença são mudas contaminadas no viveiro, alta umidade do solo, injúrias por ferimentos ou encharcamento do solo e região do colo das plantas, suscetibilidade dos porta-enxertos e tipos de manejo do solo que causem diminuição do vigor das plantas.

Sintomas - as lesões podem estar

lo-calizadas na região do colo, na inserção das raízes principais, na raiz pivotante e, às vezes, no extremo distal das raízes.

Nas podridões iniciais, observam-se tecidos amarelados a marrom-avermelhados, úmidos, localizados no córtex das raízes.

Lesões avançadas são marrom-es-curo-avermelhadas, úmidas (Fig. 24 e 25) e, na região afetada, os tecidos são facilmente destacáveis, desfiam-se,

apre-sentando-se a epiderme separada dos tecidos internos. O lenho das raízes apo-drecidas permanece duro e escurecido.

Fig. 25. Podridão por Phytophtora nas mudas.

Nessa podridão, não ocorrem es-truturas dos fungos (micélio visível) e não existem desenhos, com exceção das regiões de avanço da podridão.

Nas raízes mortas, encontra-se so-mente o lenho. Em condições de solo seco, podem ser encontrados restos de tecidos mortos, de cor marrom a preto, secos, aderidos ao lenho das raízes, com a epiderme solta.

Fig. 24. Avanço da podridão por

Phytophtora.

Foto: Rosa M. V

. Sanhueza.

Foto: Rosa M. V

(17)

Controle - é recomendado utilizar

porta-enxertos resistentes, como EM 9 e Marubakaido, e, quando constatados os sintomas que comprometam acima de 50% das raízes, o arranquio das plan-tas e de uma das planplan-tas vizinhas a cada lado das mortas. A seguir, deve ser feita a desinfecção do solo e a colonização do solo com Trichoderma. Nas áreas de alta incidência, devem ser feitos o tratamen-tos das plantas vizinhas às mortas, com fungicida sistêmico específico (fosethil-Al ou metalaxil), evitando condições que favoreçam a manutenção de umida-de na região do colo da planta, como por exemplo, a presença de invasoras e a falta de drenagem, promovendo, por outro lado, o uso cuidadoso de ferra-mentos para capina e a seleção de mu-das, avaliando a presença de lesões no colo e nas raízes e tratando as raízes com fungicidas específicos já citados, antes do plantio.

Roseliniose por Rosellinia

necatrix (Dematophora)

Características da doença - o

pató-geno afeta a maioria das fruteiras de clima temperado. Os fatores que favore-cem a doença são mudas contaminadas no viveiro, danos causados por ferimen-tos nas raízes e na região do colo das plantas, alta suscetibilidade da maioria dos porta-enxertos disponíveis e tipos de manejo do solo que causem diminui-ção do vigor das plantas.

Sintomas - a podridão é

marrom-amarelada, úmida e mole. Afeta raízes e colo das plantas, podendo comprome-ter a casca e o cerne das raízes. A epider-me da raiz fica preta, e na superfície, observa-se micélio cotonoso verde-es-curo a preto.

Em algumas condições, observa-se micélio branco na região abaixo da epiderme, a qual se desprende com faci-lidade. Na superfície das raízes, podem ser observadas riscas ou pontos pretos,

cujo centro apresenta massas brancas de micélio no tecido lesionado e cordões marrom-escuros de micélio sobre a raiz (Fig. 26 e 27).

Fig. 26. Podridão-branca-das-raízes por

Rosellinia necatrix.

Controle - as medidas de controle

disponíveis são pouco eficazes fato que exige a prevenção da contaminação do

Fig. 27. Podridão-branca por Rosellinia

necatrix apresentando tecidos cinzentos e

pontos pretos.

Foto: Rosa M. V

. Sanhueza.

Foto: Rosa M. V

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solo do pomar. Isso pode ser obtido, principalmente, evitando o plantio em solo recém-desmatado, em campo bru-to, ou em solo com cultura prévia de fruteiras ou de viveiro. Após constatada a doença, deve-se proceder à eliminação das plantas com sintomas, retirando todas as raízes e pelo menos uma planta vizinha a cada lado da morta. Recomen-da-se ainda, para evitar o alastramento da infestação do solo do pomar, o isola-mento das áreas com focos de plantas doentes, construindo valos de 80 cm de profundidade, recheados com cal e for-rados com lona de plástico. No solo das covas deve ser feita a desinfecção e a aplicação de Trichoderma antes do replantio, a seleção das mudas e o trata-mento das raízes com fungicida e aduba-ção mais calagem do solo na cova.

Xilariose (cortiça ou podridão-preta-das-raízes) por Xylaria

mali e Xylaria sp.

Características da doença - o

pató-geno é um fungo de solo associado a alto teor de matéria orgânica e solos recém-desmatados. Parasita poucas plantas fru-tíferas (macieira e nogueira) e pode con-taminar plantas vizinhas pelo contato de raízes, porém a contaminação é len-ta.

Os fatores que favorecem a doença são mudas contaminadas no viveiro, ferimentos no colo e nas raízes, pomar ou viveiro instalados em solos recém-desmatados, plantas pouco vigorosas ou com manejo que induza a estresse. Ex.: poda severa de verão.

Sintomas - podridão amarelada,

me-dianamente úmida, com bolsões de micélio branco. As raízes com podridão avançada são amareladas, leves, que-bram-se como cortiça e têm desempe-nho ou linhas pretas irregulares. Na primavera, podem surgir, no colo das plantas, estruturas semelhantes a raízes

novas, com ápice amarelo, branco no início e preto na maturação. Outros agrupamentos de estruturas associadas são semelhantes à cabeça de palito de fósforo sobre um pedúnculo, com ta-manho de 3 a 5 cm de comprimento. As plantas que apresentam podridão avançada, quebram-se facilmente no colo quando arrancadas. (Fig. 28 e 29).

Fig. 28. Frutificações pretas (estomas sexuados) de

Xilaria em plantas doentes.

Controle - eliminação da planta com

todas as raízes, desinfecção das covas com brometo de metila e colonização com Trichoderma.

Fig. 29. Podridão por Xilaria na base do tronco.

Foto: Rosa M. V

. Sanhueza.

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Podridão por Sclerotium (Sclerotium rolfsii)

Características da doença - o

pató-geno é fungo de solo, com grande quan-tidade de hospedeiros. Sobrevive no solo por longos períodos, na forma de escleródios.

Os fatores que favorecem a doença são os restos de culturas, que são a base de alimentação os quais estimulam a infecção e a ocorrência de injúrias na raiz ou colo das plantas. Geralmente a podridão tem origem em solo e mudas contaminadas.

Sintomas - podem ocorrer no colo

e em raízes de plantas, no viveiro ou no pomar. A podridão é marrom-amarela-da, mais ou menos úmida e, às vezes, com micélio branco no tecido afetado. Geralmente, em plantas adultas, não afeta o cerne das raízes. No colo das plantas e no solo ao redor, há desenvol-vimento de micélio branco e de escleródios branco-amarelados, seme-lhantes a sementes (Fig. 30).

diminuam o vigor das plantas. O uso de fungicidas em viveiro tem sido eficiente para o controle de focos da doença, devendo-se efetuar adubação e calagem do solo na cova.

Podridão-branca por Corticium (Corticium galactinum)

Características da doença - o

pató-geno é fungo do solo, geralmente saprófito, podendo ter vários hospedei-ros. Ataca preferentemente plantas em início de produção, em solos recém-desmatados. A disseminação se faz por mudas e solo contaminados. A contami-nação entre plantas vizinhas e o desen-volvimento da doença é lenta. Tem lon-ga sobrevivência no solo.

Os fatores que favorecem a doença são os pomares estabelecidos em solos recém-desmatados e danos na região do colo e na coroa de raízes principais.

Sintomas - a podridão é

branco-amarelada, mais ou menos seca e mole. Às vezes, aumenta na forma de manchas da raiz. Em estádios avançados, afeta a raiz inteira. Na superfície, das raízes desenvolve-se um crescimento pulveru-lento branco com o centro amarelado, onde são encontrados os basidiósporos. Essa estrutura pode encontrar-se aderida à raiz ou ao colo das plantas. As raízes, quebradiças, esmigalham-se com facilidade, permanecen-do sempre brancas (Fig. 31).

Fig. 30. Podridão por Sclerotium.

Controle - as mudas devem ser

sele-cionadas e tratadas com fungicida, deve-se executar o arranquio da maior parte das raízes, a desinfecção do solo e a aplicação de Trichoderma. Devem-se

evi-tar práticas que causem ferimentos e Fig.31. Podridão por Corticium.

Foto: Rosa M. V. Sanhueza.

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Controle - deve ser efetuado o

arran-quio da planta doente, com a retirada de todas as raízes, a desinfecção do solo e a aplicação de Trichoderma evitar danos à região do colo e das raízes das plantas e também o deslocamento de solo de plan-tas doentes para as vizinhas; manejar cuidadosamente para aumentar o vigor das plantas, proceder à adubação e à calagem do solo na cova e utilizar mudas sadias.

Podridão por Rhizoctonia

(Rhizoctonia solani)

e Fusarium sp.

Características da doença - os

pató-genos são fungos do solo, com larga faixa de hospedeiros, e com estruturas de so-brevivência. Sua ocorrência está associ-ada a solos de campo.

Os fatores que favorecem a doença são a ocorrência de danos nas raízes, restos de cultura e plantas com pouco vigor.

Sintomas - podridões

marrom-cla-ras, mais ou menos secas, localizadas no colo e raízes principais e nas raízes finas. No caso de Rhizoctonia ocorre desenvolvi-mento de micélio marrom e cotonoso na superfície das raízes.

Controle - as mudas devem ser

sadias e tratadas com fungicida, efetuar arranquio das raízes e desinfecção do solo e utilizar um manejo do pomar que evite ferimentos e aumente o vigor das plantas e adubação mais calagem do solo na cova.

Doença do replantio (Etiologia complexa)

Características da doença - o

pro-blema ocorre quando as macieiras são plantadas em solo previamente planta-do com viveiro ou com pomar, e é causado por um conjunto de fatores que

podem ocorrer em associação ou não. Nos fatores etiológicos têm sido citados nematoides, fungos diversos, entre os quais destacam-se os do gênero Pythium, problemas nutricionais e toxinas.

As plantas afetadas sofrem redução de crescimento, tornando-se suscetíveis a outras moléstias, que atrasa a entrada em produção do pomar. A doença pode ocorrer mesmo que o pomar anterior tenha sido cultivado com outra espécie de fruteira de clima temperado.

Sintomas – de um modo geral, as

plantas afetadas apresentam redução do sistema radicular, diminuição drástica de raízes finas e crescimento reduzido da parte aérea (Fig. 32). Nas plantas mais afetadas pode ocorrer o amarelecimento ou avermelhamento precoce das folhas. A intensidade dos sintomas depende do local, os quais são mais severo nos porta-enxertos de menor vigor.

Fig. 32. Macieiras com (A) e sem (B) a doença-do-replantio.

Controle - recomenda-se fazer

diag-nóstico laboratorial da severidade po-tencial da doença no solo a ser replan-tado, para definir melhor as práticas de manejo do solo a serem adotadas. Solos que tiveram pomares ou viveiros devem ser adubados e corrigidos, e neles devem ser cultivadas gramíneas pelo menos durante um ano. No solo da cova de replantio deve ser utilizado fosfato mono amônico (MAP), na dose de 200 g/m 3,

B A

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incorporando-o logo abaixo da raiz da muda por ocasião do plantio. De prefe-rência, nos locais onde há alto potencial de ocorrência severa dessa doença, devem ser utilizados porta-enxertos vi-gorosos e com sistema radicular avanta-jado.

PRINCIPAIS DOENÇAS

QUARENTENÁRIAS PARA O

BRASIL

Cancro-europeu-das-pomáceas (Nectria galligena)

O cancro-europeu é também co-nhecido como cancro-das-macieiras ou cancro-por-Nectria, causado pelo fungo

Nectria galligena que tem como forma

im-perfeita Cylindrocarpon heteronema e é uma doença quarentenária para o Brasil.

Características da doença

A fase perfeita apresenta peritécios, estruturas esféricas de cor averme-lhada e tamanho semelhante ao do ovo do ácaro-vermelho-das-macieiras (Panonychus ulmi). Essas estruturas desen-volvem-se durante o período de repouso das plantas, em grupos ou espalhados na superfície dos cancros velhos e, às vezes, nos cancros novos.

A partir da primavera, os ascóspo-ros podem ser ejetados e disseminados pelo ar, ou acumulados no ápice do peritécio, formando uma massa gelati-nosa que dispersa os esporos, quando atingida por respingos de água.

Esse fungo manifesta-se também sob a forma assexuada ou imperfeita, que produz aglomerados de esporos, que podem apresentar cor branca, cre-me, amarela ou rosa-clara, formados, de preferência, sob condições de chuva ou de alta umidade relativa, no centro das

lesões dos ramos (Fig. 33). Essa fase do fungo (Cylindrocarpon heteronema) é dissemi-nada pelo vento e pode ocorrer durante todo o período de desenvolvimento da cultura, na presença de temperaturas amenas e de umidade. O fungo ocorre em toda a região produtora de pomáceas do Chile e, ocasionalmente, no Uruguai e na Argentina. No Canadá e nos Esta-dos UniEsta-dos da América, está presente em diversos estados. É bastante agres-sivo no noroeste dos Estados Unidos e no norte da Califórnia. Diversos países europeus produtores de pomáceas constataram a presença de N. galligena. As maiores perdas ocorrem na ‘Red Delicious’ e outras cultivares. Austrá-lia, Nova Zelândia, África do Sul e Japão também apresentam esta doença.

Fig. 33. Sintoma do cancro-europeu em ramo com esporulação.

O patógeno desenvolvido nos ra-mos infetados pode sobreviver na for-ma de micélio, no verão, e de peritécios, no outono. Períodos úmidos estimu-lam a formação de esporos assexuados nos cancros, que causarão a infecção

(22)

nas feridas de queda de folhas e, às vezes, de frutos de cultivares tardias.

O período de suscetibilidade dos ferimentos produzidos pela queda das folhas é variável, podendo oscilar entre 1 hora a 28 dias após a queda. No entan-to, os primeiros 4 dias são o período mais suscetível. Períodos prolongados de queda de folhas, na presença de chuva, geralmente predispõem à maior inci-dência de infecção, que será visível no próximo ciclo. Outro período de susce-tibilidade pode ocorrer na primavera, se, nas cicatrizes da queda das flores, ocorrerem rachaduras por onde pode se iniciar a infecção. Condições de 6 horas de molhamento e temperaturas de 14°C a 15,5ºC são necessárias para iniciar a infec-ção. O período de incubação em ramos novos pode ser de poucos dias no outono ou na primavera, ou de semanas, durante o inverno. A seguir, a penetração no córtex ocorre lentamente; na primavera, o fungo invade até a madeira.

Seu desenvolvimento será somente detido em períodos de aumento de tem-peratura, durante os quais a planta pode produzir um círculo elevado de tecido sadio ao redor da lesão.

Vários fatores podem favorecer o desenvolvimento dessa doença. Entre eles incluem-se as práticas de manejo que causem crescimento excessivo das plantas e as condições que originem estresse na cultura.

A doença causa destruição de mudas de um ano, de ramos novos e de centros de frutificação, diminuindo a produti-vidade das plantas.

Em pomares severamente afetados e com cultivares suscetíveis, as plantas devem ser podadas para eliminar os ramos afetados. Essa prática pode levar à modificação de sua estrutura e, final-mente, à morte das plantas.

Nectria galligena pode infectar

maci-eiras, pereiras européias e asiáticas e marmeleiro. A suscetibilidade varietal é variável, dependendo do local onde é feita a avaliação. Nos Estados Unidos,

macieiras ‘Delicious’ e suas mutantes, ‘Prima’ e ‘Priscilla’, são muito suscetí-veis. As cultivares Jonathan, Gala e Fuji são intermediárias e ‘Golden Delicious’ é menos afetada. Em Portugal, porém, ‘Gala’, ‘Fuji’ e ‘Priscilla’ são muito sus-cetíveis, ‘Golden Delicious’ é interme-diária e ‘Jonathan’ menos suscetível. Pereiras ‘d´Anjou’, ‘Old Home’ e ‘Beurre Bosc’ são muito suscetíveis, enquanto ‘Barttlet’ e ‘Winter Nelis’ são mais resistentes.

Na Europa, plantas ornamentais bem como árvores do mato nativo são hospe-deiras desse patógeno, fato que contribui para a perpetuação do patógeno.

Sintomas

A infecção inicia-se, geralmente, pela contaminação dos ferimentos da queda das folhas, da base das gemas, nas feridas causadas pela poda no início do outono, ou em qualquer outro tipo de lesão das plantas.

Os sintomas são evidentes somente na primavera e consistem de manchas com margens definidas, de tonalidade avermelhada a marrom-escuro, que se encontram ao redor das cicatrizes foliares, nos ramos novos, ou nos cen-tros de frutificação, estrangulando, às vezes, os ramos afetados (Fig. 33 e 34).

À medida que a lesão se desen-volve, forma-se um cancro constituído por áreas concêntricas, alternadas por tecidos sadios e doentes ao redor de um setor central mais deprimido. Esses can-cros podem afetar ramos de um ou mais anos e o tronco das plantas. A casca, nessas lesões, rompe-se e, nas margens, pode ser observada a epiderme solta como papel. Na presença de umidade, os frutos podem ser contaminados pelo fungo em pré-colheita ou após caírem no chão, desenvolvendo uma podridão firme, de cor marrom-escura, geral-mente iniciada pela infecção das lenti-celas, cálice ou ferimentos.

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Controle

O controle dessa doença é funda-mentado principalmente na poda dos ramos afetados, na proteção dos cortes de poda e no uso de tratamentos fungicidas. A poda e a queima dos ramos doentes devem ser feitos no verão, para diminuir a população do patógeno no pomar, quando se iniciar a queda das folhas. Os ramos infectados devem ser removidos do pomar e destruídos, para evitar que deles se originem novas infec-ções. Calda bordalesa 10:10:100, outras formas de cobre, ziram, captan ou benzimidazóis, devem ser aplicados nas doses recomendadas para cada produto, durante a queda das folhas, e no estádio B, no início da brotação.

Fogo-bacteriano-das-pomáceas (Erwinia amylovora)

Características da doença

O fogo bacteriano (Fire blight) causa-do pela bactéria Erwinia amylovora é uma

das doenças mais destrutivas da maciei-ra e pereimaciei-ra em muitos países produto-res e constitui uma das maioproduto-res ameaças para esse setor produtivo no Brasil.

Nos Estados Unidos da América a primeira constatação foi em 1780, no Estado de Nova York. Até 1993 tinha sido constatada em toda a América do Norte, na América Central, em vários países da Europa, na Ásia, na África e até mesmo na Nova Zelândia. Entretanto, não se tem registro da presença dessa bactéria na Austrália, na África e na América do Sul.

A bactéria sobrevive no inverno, em países temperados, nos cancros de-senvolvidos no ciclo anterior e em pe-quenas lesões nos ramos, invisíveis a olho nu. Na primavera, a bactéria pene-tra nos tecidos pelos ferimentos ou estômatos e multiplica-se entre as célu-las. Após surgirem nos tecidos os exsudatos bacterianos, a disseminação do patógeno, no pomar e regiões vizi-nhas, ocorre com o auxílio de respingos de chuva, insetos, pássaros, ferramen-tas, trânsito de maquinários e do ho-mem .

O fogo bacteriano possui uma fase residente em todos os tecidos, durante a qual não induz sintomas na planta, colo-nizando-a na forma epífita ou endófita. Dessa forma, qualquer tecido das plan-tas cultivadas em pomares ou viveiros infestados pode carregar o patógeno, mesmo em baixa concentração e sem apresentar sintomas.

As condições ótimas para infec-ção são temperaturas de 15ºC a 18ºC, umidade relativa superior a 90% duran-te a primavera, principalmenduran-te no pe-ríodo fenológico de flores abertas e na presença de lesões causadas pelo vento ou por granizo. Essas condições, nor-malmente, ocorrem nas regiões produ-toras de pomáceas no sul do Brasil.

Porta-enxertos e copas de maciei-ras de importância econômica são sus-cetíveis à doença. As cultivares mais

Fig. 34. Infecção inicial de ramo pelo can-cro-europeu.

(24)

plantadas no Brasil, ‘Gala’, ‘Fuji’ e ‘Golden Delicious’, são consideradas de suscetibilidade média a alta e os porta-enxertos mais plantados na atualidade, EM 9 e EM 26, são classificados como altamente suscetíveis. A infecção dos rebrotes desses no pomar pode matar a planta, mesmo quando a copa for resis-tente. Na atualidade, pomares estabele-cidos no Brasil utilizam os porta-enxer-tos MM 106, M 7 e M 111, de resistência média à infecção.

Sintomas

A colonização bacteriana causa a murcha, o escurecimento e a morte das flores, frutinhos, folhas e ramos (Fig. 35). A queima de brotos novos inicia-se pela infecção dos ápices de crcimento, o que causa murcha e es-curecimento da área afetada. Esses ra-mos apresentam a ponta curvada, na forma de gancho (Fig. 36). Com umida-de relativa alta, todos os tecidos afetados produzem exsudações, ou cirros, con-tendo a bactéria. Ramos secundários e o tronco também podem ser afetados. Nas plantas com porta-enxertos susce-tíveis, após a infecção dos seus brotos, a doença torna-se sistêmica, matando a planta.

Os frutos podem ser infectados em todos os estádios de desenvolvimento e, quando pequenos, após a infecção, desi-dratam, escurecem e ficam aderidos à planta. Frutos infectados na fase de maturação apresentam podridão nos tecidos próximos às sementes; sobre as lesões ocorre abundante exsudação bacteriana.

Controle

Como muitas outras doenças cau-sadas por bactérias, o fogo-bacteriano é de difícil controle e tem causado a extinção de áreas produtoras de peras e maçãs em várias regiões do mundo. As práticas de controle recomendadas incluem: a) retirada e queima dos ramos afetados; b) desinfecção das ferramentas com hipoclorito de sódio a 1% ou álcool etílico a 70%; c) uso de variedades resis-tentes, quando possível; d) utilização de cobre no início da brotação e aplicação de estreptomicina ou de oxitetraciclina durante a floração.

A otimização das aplicações de antibióticos consegue-se com o uso do sistema de alerta Maryblyt, desenvolvi-do pelo pesquisadesenvolvi-dor P. W. Steiner, da Universidade de Maryland, USA. En-tretanto, o controle químico vem apre-sentando limitações, pelo rápido surgimento de estirpes resistentes do patógeno aos bactericidas utilizados.

Fig. 36. Infecção de terminais florais pelo fogo-bacteriano.

Fig. 35. Cancro causado pelo fogo-bacteriano.

Foto: Rosa M. V. Sanhueza.

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Recomendações para prevenir a entrada do patógeno no Brasil

Pelos riscos de perdas que a intro-dução dessa doença pode acarretar para a produção brasileira de pomáceas e visando evitar danos futuros para o pro-dutor, são sugeridas algumas medidas preventivas:

•Impedir a introdução de mudas,

porta-enxertos ou estacas de culturas hospedeiras da bactéria de regiões onde a doença ocorre.

•Favorecer a importação de mudas

de países onde a doença não ocorre ou encontra-se restrita a locais distantes dos viveiros (Ex.: África do Sul, Portu-gal, Austrália, América do Sul).

•Proibir a importação de frutos,

sementes ou pólen de pomares infectados. Nesse caso, os frutos de po-mares sem sintomas, provenientes de regiões onde a doença ocorre, deverão ser desinfetados antes da embalagem.

•Estabelecer um programa de

trei-namento para extensionistas e técnicos que atuam no setor, para viabilizar o diagnóstico precoce da doença, e um sistema de informação permanente en-tre as organizações de produtores e os serviços oficiais envolvidos com a in-trodução de material vegetal no Brasil.

•Avaliar o sistema de alerta

Maryblyt em todas as regiões produto-ras de pomáceas no sul do Bproduto-rasil.

PODRIDÕES DE MAÇÃS

FRIGORIFICADAS

A maioria parte do refugo nos galpões de embalagens é causada pelas podridões de frutos armazenados atin-gindo perdas de 35% e variando de 0,5% a 3% do total de perdas de maçãs, quando utilizadas todas as recomendações de manejo.

A gravidade das perdas dependem, fundamentalmente, das condições de manejo dos frutos e da presença dos patógenos e seu contato com a fruta. Os fatores mais importantes desse manejo que podem aumentar a incidência de podridões são os seguintes: maturação de colheita avançado, danos na fruta, condições de alta pluviosidade no perí-odo de pré-colheita e contaminação nos galpões de seleção de frutas A diminui-ção da contaminadiminui-ção é obtida com o uso de desinfectantes como o hipoclorito de sódio (0,01%), ou com o digluconato de clorhexidina (0,02%).

Outra alternativa disponível para a desinfestação de frutas é o controle físi-co de P. expansum físi-com luz ultravioleta de baixo comprimento de onda (UV-C/ 254 nm).

A higienização e a desinfecção de bins e sacolas é uma medida adicio-nal à de controle da contaminação do ambiente.

A proteção química dos frutos é feita com fungicidas utilizados em pré e pós-colheita (Benzimidazoles mais pro-tetores e iprodione (0,075%) ou tiabendazole (0,06%), respectivamente). O monitoramento da ocorrência de es-tirpes dos patógenos resistentes aos fungicidas utilizados constitui prática necessária e permanente para detectar falhas no controle químico dessas doen-ças.

Tipos de podridões

As podridões que ocorrem em pós-colheita podem ter sido iniciadas no campo ou a infecção das frutas po-dem ocorrer no período da colheita e da pós-colheita. As primeiras são origina-das no campo e incluem as doenças já referidas no grupo de doenças da parte aérea. As segundas serão descritas a seguir.

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Podridão por Penicillium ou mofo-azul (Penicillium

expansum Link)

Sintomas – podridão-aquosa, mole,

deprimida, profunda, com margens in-ternas e exin-ternas bem definidas. A área de penetração do fungo apresenta-se como uma mancha aquosa e translúcida, adquirindo tons bege-claro, tanto na epiderme como na polpa. Em condições de alta umidade, desenvolvem-se sobre a área afetada pequenas massas brancas e azuis, constituídas de micélio e esporos do fungo. A podridão é de desenvolvi-mento rápido, e os tecidos afetados po-dem ser destacados facilmente das frutas (Fig. 37).

definidas (Fig. 38). Esse fungo é também associado ao desenvolvimento da podri-dão-carpelar-das-maçãs.

Podridão por Alternaria ou podridão-marrom (Alternaria

alternata e Alternaria sp.)

Sintomas - podridão mais ou menos

seca, circular, firme, levemente depri-mida e geralmente profunda. Na epiderme, apresenta cor marrom-escu-ra e, em condições de alta umidade, verifica-se o crescimento de micélio verde-acinzentado na superfície. Inter-namente, a podridão, no início, é mar-rom, e mais tarde, na área central, obser-vam-se áreas pretas e cinzentas, leve-mente desidratadas e firmes. As margens entre tecido sadio e doente são bem

Fig. 37. Podridão por P. expansum (mofo-azul).

Podridão por Botrytis ou mofo-cinzento (Botrytis cinerea)

Sintomas – podridão firme,

relati-vamente seca, irregular, não deprimida e geralmente profunda. Na epiderme e na polpa, apresenta cor bege, inicial-mente clara, que escurece em lesões mais antigas (Fig. 39). Na epiderme de-senvolve-se micélio abundante, acinzen-tado, com setores de aspecto pulveru-lento, onde se encontram os esporos do fungo. Algumas estirpes podem desen-volver estruturas escuras (esclerócios) na superfície das frutas .

Fig. 38. Podridão por Alternaria.

Fig. 39. Podridão por Botrytis (mofo cinzento).

Foto: Rosa M. V. Sanhueza.

Foto: Rosa M. V. Sanhueza.

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Podridão por Rhizopus

(Rhizopus nigricans)

Sintomas e sinais - provoca lesões

bege-claras, úmidas, moles, translúcidas, de margens irregulares. A polpa torna-se aquosa, e as margens da área são afetadas, bem definidas. Na superfície da área afetada, desenvolve-se micélio branco-cinzento, com os conidióforos visíveis (Fig. 40).

Fig. 40. Podridão por Rhizopus.

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