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O STJ Superior Tribunal de Justiça confirma alterações na Lei de Condomínios na proteção dos condôminos adimplentes.

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Academic year: 2021

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O STJ ‐ Superior Tribunal de Justiça confirma  alterações na Lei 

de Condomínios na proteção dos condôminos adimplentes. 

 

Em  recente  decisão  acerca  de  cobrança  de  juros  de  mercado,  o  STF  contemplou  ao 

condomínio  aplicar  juros  de  9,9%  (nove  vírgula  nove  por  cento)  ao  mês  contra 

inadimplente. 

O fundamento do STJ na decisão foi o art. 1.336 do Código Civil, que no §1º delega aos 

condomínios, ao atualizarem suas convenções, definirem o percentual de juros para os 

inadimplentes. 

Esta alternativa ainda não foi absorvida plenamente pelos condomínios mas é a mais 

eficaz ferramenta para deter a inadimplência – como confirma os condomínios que já 

aplicam este índice ‐ pois, com os juros anteriores de 1% (um por cento) ao mês, a taxa 

do condomínio é preterida por outros compromissos. 

Resta  agora,  aos  condomínios  atualizarem  suas  convenções  e  manter  o  caixa  em  dia 

pois, os compromissos do condomínio são inadiáveis, como energia elétrica, água e os 

salários dos empregados, o que é incompatível com a inadimplente que sobrecarrega 

os  adimplentes  que  têm  que  pagar  a  sua  taxa  e  a  taxa  inadimplida  que  é  rateada 

novamente.  

A  inadimplência  acarreta  certa  revolta  dos  condôminos  pontuais  quando  vêem  os 

inadimplentes  com  carros  novos,  reformando  seus  apartamentos  ou  tendo  outros 

gastos como festas, não priorizando a taxa de condomínio porque tem juro baixo. 

   

Agora  os  condomínios  poderão  cobrar  juros  semelhantes  às  demais  prestações  ou 

financiamentos  como  cheque  especial  e  cartão  de  crédito,  basta  ao  condomínio 

atualizar  a  convenção  do  condomínio  ao  Código  Civil,  conforme  prevê  a  lei  e  a 

jurisprudência. 

Veja abaixo o resumo da jurisprudência que confirmou como legal a aplicação de juros 

e 9,9% (nove virgula nove por cento) ao inadimplente. 

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RECURSO     RECORRE RECORRID         RELATÓR    EXMA. SR

 

Trata‐se  d fundamen Ação:  de  JÚNIOR.  N taxas  cond requereu o reais e trez Sentença:  CPC, visto  Acórdão:  fundamen pública, po atraso com Sentença:  o  recorrido referente  aplicando  vigência d Acórdão:  apelação  cento  e  se [sic] ao dia o advento   Superio Revista O ESPECIAL N ENTE  :  DO          IO

 

RA. MINISTRA de  recurso  e nto na alínea “ cobrança,  aj Nas  razões  de dominiais  refe o pagamento ze centavos),  extinguiu o p que o condom deu  provimen nto de que “os ossuem legitim m o pagament prosseguindo o  ao  pagame às  parcelas 

juros  morat do CC⁄02 e, a p negou  provim do  recorrente etenta  e  dois  a, após o 30º  o do novo Cód or Tribunal de  Eletrônica de Nº 1.002.525 CONDOM UBIRATAM A NANCY AND especial,  inte “a” do permiss juizada  pelo  eclinadas  na  i ferentes  aos  m das cotas ve e vincendas. processo, sem  mínio não está nto  à  apelaçã s condomínios midade ativa  to das taxas c o no julgamen ento  de  R$  1.1 vencidas.  Co órios  de  aco partir desse, d mento  à  apela

e,  para  determ reais e  treze  (trigésimo) di digo Civil (12⁄ e Justiça  e Jurisprudênc 5 ‐ DF (2007⁄ MINIO JARDIM M GARCIA DE DRIGHI (Relato erposto  pelo  sivo constituc recorrente,  e inicial,  a  reco meses  de  abr ncidas, no va a resolução d á regularment ão  interposta s, ainda que e para ajuizar a condominiais a nto do process 172,13  (mil  c ondenou,  ain rdo  com  a  c de 1% ao ano. ação  interpos rminar  “que  s centavos)  inc ia do vencime ⁄01⁄2003). Ap cia  ⁄0257646‐5) M BOTANICO E OLIVEIRA J or):   CONDOMINI cional, contra  em  face  de  U orrente  aduziu ril  a  novembro alor de R$ 1.1 do mérito, com te constituído   pelo  recorre em situação ir ação de cobra aprovadas em so, julgou pro

ento  e  setent da,  ao  paga convenção  do

sta  pelo  recor sobre  a  impor cidam juros  d ento e multa d ós este períod O VI   JÚNIOR   O  JARDIM  B acórdão exara UBIRATAM  GA u  que  o  recor o  do  ano  de  72,13 (mil cen

m fundamento .

 

nte,  para  cas rregular peran ança em face d m assembléia”

cedente o ped ta  e  dois  reais mento  das  p o  condomínio 

rrido  e  deu  pa rtância  de  R$ de  mora  de  0, de 2%(dois por do, devem se BOTANICO  VI ado pelo TJ⁄D ARCIA  DE  OL rrido  inadimp 2001.  Diante nto e setenta  o no art. 267,

ssar  a  senten nte a adminis dos condômin ” (fl. 124).

 

dido, para con is  e  treze  cent parcelas  vinc

  até  a  entra

arcial  provim $  1.172,13  (u 3%  (três  por  r cento) ao m er aplicados os I,  com  DF.

 

IVEIRA  plira  as    disso,  e dois   IV, do  nça,  ao  tração  nos em  ndenar  tavos),  endas,  ada  da  ento  à  m  mil,  cento)  ês, até  s juros 

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previstos no § 1º do artigo 1.336, ou seja, juros de mora de 1%(um por cento) ao mês e multa de  2%(dois  por  cento)  ao  mês,  bem  como  correção  monetária  em  todos  os  períodos”  (fl.  297).  Confira‐se a ementa:

 

APELAÇÃO  CÍVEL.  COBRANÇA  DE  COTAS  CONDOMINIAIS.  PEDIDO  CORRETAMENTE  ESPECIFICADO.  DÉBITO  SUFICIENTEMENTE  COMPROVADO.  INÉPCIA  DA  INICIAL  AFASTADA.  PERÍODO  ANTERIOR  AO  NOVO  CÓDIGO  CIVIL.  INCIDÊNCIA  DE  JUROS  E  MULTA  CONFORME  CONVENÇÃO CONDOMINIAL. PERÍODO POSTERIOR. INTELIGÊNCIA DO § 1º DO ARTIGO 1336 DO  NOVO CÓDIGO CIVIL.

 

Aplicam‐se os juros e as multas previstos na convenção condominial  até a data da entrada em  vigor do novo código civil (12⁄01⁄2003). A partir daí, as taxas condominiais ficam sujeitas aos  juros de 1% (um por cento) e à multa de 2% (dois por cento) ao mês, de acordo com o artigo  1.336, § 1°, desse diploma legal. (fl. 291)

 

Embargos de declaração: interpostos pelo recorrente, foram rejeitados (fls. 308‐313).  Recurso especial: alega violação do art. 1.336, § 1º, do CC⁄02. Insurge‐se contra a limitação dos  juros moratórios a 1% ao mês, a partir da vigência do CC⁄02, quando a convenção condominial  expressamente prevê percentual superior. Sustenta “que os juros convencionados são os juros  que  pertencem  à  regra,  e  os  juros  de  1%  à  exceção,  sendo  estes  aplicados  apenas  na  falta  daqueles” (fl. 330).

 

Juízo  prévio  de  admissibilidade:  decorrido  o  prazo  legal  sem  que  fossem  apresentadas  as  contrarrazões ao recurso especial (fl. 340), esse foi inadmitido (fls. 342‐344).

 

Interposto  agravo  de  instrumento  (n.º  867.743⁄DF)  pelo  recorrente,  dei‐lhe  provimento,  para  determinar a subida deste recurso especial, para melhor exame.

 

É o relatório.

 

RECURSO ESPECIAL Nº 1.002.525 ‐ DF (2007⁄0257646‐5)    

 VOTO 

 A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relator):  

Cinge‐se  a  lide  a  determinar  se,  após  o  advento  do  Código  Civil  de  2002,  é  possível  fixar  na  convenção  do  condomínio  juros  moratórios  acima  de  1%  (um  por  cento)  ao  mês  em  caso  de  inadimplemento das taxas condominiais.

 

 I – Considerações iniciais. 

Os encargos de inadimplência incidentes sobre as despesas condominiais, de acordo com o art.  12, § 3º, da Lei 4591⁄64, são: (i) juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês; e (ii) multa de  até 20% (vinte por cento) sobre o valor do débito.

 

Por  sua  vez,  o  art.  1.336,  §  1º,  do  CC⁄02,  que  disciplina  a  mesma  matéria,  assim  dispõe:  “o  condômino  que  não  pagar  a  sua  contribuição  ficará  sujeito  aos  juros  moratórios 

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convencionados  ou,  não  sendo  previstos,  os  de  um  por  cento  ao  mês  e  multa  de  até  dois  por  cento sobre o débito”. 

 

Assim,  em  face  do  conflito  de  leis  no  tempo  e,  conforme  prevê  o  art.  2º,  §1º,  da  LICC,  os  encargos  de  inadimplência  referentes  às  despesas  condominiais  devem  ser  reguladas  pela  Lei  4.591⁄64 até 10 de janeiro de 2003 e, a partir dessa data, pelo Código Civil⁄02. Nesse sentido,  confira‐se o entendimento firmado no REsp 746.589⁄RS, Rel. Min. Aldir Passarinho, 4ª Turma, DJ  18⁄09⁄2006, assim ementado:

 

CIVIL  E  PROCESSUAL.  ACÓRDÃO  ESTADUAL.  NULIDADE  NÃO  CONFIGURADA.  COTAS  CONDOMINIAIS EM ATRASO. MULTA CONDOMINIAL DE 10% PREVISTA NA CONVENÇÃO, COM  BASE NO ART. 12, § 3º, DA LEI N. 4.591⁄64. REDUÇÃO A 2% DETERMINADA PELO TRIBUNAL A  QUO, EM RELAÇÃO À DÍVIDA VENCIDA NA VIGÊNCIA DO NOVO CÓDIGO CIVIL, ART. 1.336, § 1º.  REVOGAÇÃO DO TETO ANTERIORMENTE PREVISTO, POR INCOMPATIBILIDADE. LICC, ART. 2º, §  1º.

 

I. Acórdão estadual que não padece de nulidade, por haver enfrentado fundamentadamente os  temas essenciais propostos, apenas com conclusão desfavorável à parte.

 

II. A multa por atraso prevista na convenção de condomínio, que tinha por limite legal máximo o  percentual de 20% previsto no art. 12, parágrafo 3º, da Lei n. 4.591⁄64, vale para as prestações  vencidas na vigência do diploma que lhe dava respaldo, sofrendo automática modificação, no  entanto, a partir da revogação daquele teto pelo art. 1.336, parágrafo 1º, em relação às cotas  vencidas sob a égide do Código Civil atual. Precedentes.

 

        III. Recurso especial não conhecido.

 

 II – Da interpretação do art. 1.336, § 1º, do CC⁄02. 

Neste processo, a convenção do condomínio prevê a incidência de juros moratórios de 0,3% ao  dia, após o trigésimo dia de vencimento, e multa de 2%, em caso de inadimplemento das taxas  condominiais (fl. 296).

 

A despeito disso, o acórdão recorrido concluiu que, na vigência do Código Civil⁄02 “devem ser  aplicados os juros previstos no § 1º do artigo 1.336, ou seja, juros de mora de 1% (um por cento)  ao mês e multa de 2% (dois por cento)” (fl. 297).

 

Todavia, infere‐se da leitura do art. 1.336, § 1º, do CC⁄02 que: (i) devem ser aplicados os juros  moratórios expressamente convencionados, ainda que superiores a 1% (um por cento) ao mês; e  (ii)  apenas  quando  não  há  essa  previsão,  deve‐se  limitar  os  juros  moratórios  a  1%  (um  por  cento) ao mês.

 

Com efeito, o referido dispositivo não limitou a convenção dos juros moratórios ao patamar de  1% ao mês como o fez expressamente com a multa, que será de “até dois por cento”.

 

Acrescente‐se que, por ocasião da Lei 10.931⁄2004, que alterou, entre outros, o inciso I do art.  1.336 do CC⁄02, houve também proposta de alteração do § 1º, o que, contudo, não ocorreu em  razão do veto presidencial.

 

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A proposição buscava manter a redação referente aos juros moratórios e dar novos contornos à  multa,  que  passaria  a  ser  progressiva  e  diária  “à  taxa  de  0,33%  (trinta  e  três  centésimos  por  cento) por dia de atraso, até o limite estipulado pela Convenção do Condomínio, não podendo  ser superior a dez por cento”.

 

As  razões  do  veto  presidencial  à  referida  proposta  ressaltam  a  possibilidade  de  cobrança  dos  juros moratórios acima de 1% ao mês, nos seguintes termos:

 

O  novo  Código  Civil  estabeleceu  o  teto  de  dois  por  cento  para  as  multas  condominiais,  adequando‐as ao já usual em relações de direito privado. 

 

A  opção  do  Código  Civil  de  2002,  diploma  legal  profundamente  discutido  no  Congresso  Nacional, parece‐nos a mais acertada, pois as obrigações condominiais devem seguir o padrão  das  obrigações  de  direito  privado.  Não  há  razão  para  apenar  com  multa  elevada  condômino  que  atrasou  o  pagamento  durante  poucas  semanas  devido  a  dificuldade  financeira  momentânea.  

Ademais, observe‐se que o condomínio já tem, na redação em vigor, a opção de aumentar o  valor  dos  juros  moratórios  como  mecanismo  de  combate  a  eventual inadimplência  causada  por má‐fé. E neste ponto reside outro problema da alteração: aumenta‐se o teto da multa ao  mesmo tempo em que se mantém a possibilidade de o condomínio inflar livremente o valor  dos juros de mora, abrindo‐se as portas para excessos.  

Por  fim,  o  dispositivo  adota  fórmula  de  cálculo  da  multa  excessivamente  complexa  para  condomínios  que  tenham  contabilidade  e  métodos  de  cobrança  mais  precários,  o  que  poderá  acarretar  tumulto  na  aplicação  rotineira  da  norma,  eliminando  pretensas  vantagens.  (Mensagem n.º 461⁄2004, DOU 03⁄08⁄2.004 – sem destaques no original)

 

 

Essa interpretação converge com a redação do art. 1.336, § 1º, do CC⁄02, que limita os juros  moratórios  ao  patamar  de  1%  (um  por  conto)  ao  mês  apenas  quando  a  convenção  do  condomínio é omissa nesse ponto.

 

Dessarte, após o advento do Código Civil de 2002, é possível fixar na convenção do condomínio  juros  moratórios  acima  de  1%  (um  por  cento)  ao  mês,  em  caso  de  inadimplemento  das  taxas  condominiais.

 

 

Forte nessas razões, CONHEÇO do recurso especial, e DOU‐LHE PROVIMENTO, para permitir a  cobrança de juros moratórios previstos na convenção condominial após o advento do CC⁄02. 

 

É o voto.

 

  Dr. Rômulo de Gouvêa – OAB/MG 40.760 – Tel . 31.3226‐9074  www.consultoriacondominios.com.br  Av. Álvares Cabral, 381 – Sala 1307 – Belo Horizonte/MG

 

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