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Rev. adm. empres. vol.18 número2

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Academic year: 2018

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As opções propo9,tas e as inevitáveis controvérsias que teri-am de sugerir, abrem um vasto leque de alternativas e debates; e é exatamente este o principal mérito de uma obra como esta, que traz os problemas de finanças públicas para o centro das atenções dos que se preocupam com o futuro da sociedade capitalista. •

Amarilis Maier Sampaio

• Esta resenha fo1 realizada sob a orien-tação acadêmica do Prof. Eurico Korff, a quem agradeço o valioso-apoio.

ャセ・ェ。@ sobre o assunto artigo de Laffer,

Arthur B. O papel dos tributos e dos en-cargos na economia de mercado. In Visão, p_ 83-6, 17 out. 1977.

Revista de Administração de Empresas

Expansão cafeeira e origens da in-dústria no Brasil

Por Sérgio Silva. São p。オセッL@ Alfa-Omega. 120 p .

Originalmente apresentada como tese de mestrado na École Pratique des Hautes Études em 1973 sob o título Le café et /'indus;rie au Brés!l, 7880-1930, o trabalho de Sérgio Silva procura enfatizar ''a natureza contraditória das relacões café-indústria, de tal modo アセ・@ a expansão cafeeira determina, ao

mesmo tempo,

o nascimento da indústria e os limites da indus-trialização".

O

livro é composto de quatro capítulos - 1. Introdução sobre a problemática; 2. Condicões his-tóricas da expansão cafeeira; 3. Economia cafeeira; 4. Origens da indústria - sendo que este co-mentário atentará, basicamente, para alguns aspectos contidos nos capítulos 3 e 4 .

Nas primeiras pag1nas, o autor salienta que a economia cafeeira foi o principal centro da

acumu-セ。￧ ̄ッ@ de capital no Brasil durante o

período da República Velha (1889-1930),

é

que é " ... na região do café que o desenvol-vimento das relações capitalistas é mais acelerado e é aí que se en-contra a maior parte da indústria nascente brasileira ( ... ). To da a análise da economia cafeeira fun-damenta o estudo das relações

en-tre economia cafeeira e indústria nascente" ( p. 1 7).

Afirma ainda que a problemática que sustenta este estudo sobre a economia brasileira no período as-sinalado é a de captar as carac-terísticas específicas de transicão capitalista nos países que

ッ」オーセュ@

uma posição subordinada na eco-nomia mundial ( p. 27) .

No terceiro capítulo, Sérgio Sil-va estuda a economia cafeeira salientando o aumento

カ・イエゥァゥョッウセ@

de sua produção : por volta de 1850 ela atingia , em média, a cifra de

3

milhões de sacas por ano, para, a partir das décadas de 1870 e 1880 principalmente, ultrapassar os milhões de sacas/ano. ·Então, em suas palavras, "_. _ o café torna-se o centro motor do desenvolvimen-to do capitalismo no Brasil" (p."49).

Há de se destacar também o deslocamento geográfico das plantações. pois " ... na década de 1880 a produção de São Paulo ul-trapassa a do Rio de Janeiro, os planaltos de São Paulo pratica-mente substituem o Vale do Paraíba ( ... ). A importância do rápido crescimento da p·roducão e desse deslocamento ァ・ッァイ£ヲゥセッ@ só poderá ser entendida se consi-derarmos as simultâneas mudan-ças ocorridas ao nível das relações de produção . Ao subir os planaltos de São Paulo, as plantacões aban-donam o trabalho esc.ravo pelo trabalho assalariado . Com o trabalho assalariado, a producão cafeeira conhece a ュ・」。ョゥコ。セ ̄ッ@

( .. . ). Além disso,

a

possibilidáde desse deslocamento

é

determi-nada pela construção de uma rede de estradas de ferro bastante im-portante. Finalmente, o finan-ciamento e

a

comercializacão de uma produção que atinge セゥャィ￵・ウ@

de sacas implica o desenvolvimen-to de um sistema comercial re-lativamente avançado, formado por casas de exportação e uma rede bancária . É tu ndamentalmen-te por essas razões que o café se tornou o centro motor do desen-volvimento capitalista no Brasil" (p. 50).

(2)

trabalho de Sérgio Silva se agigan-ta . Afirmando, no início, que o es-tudo sobre as origens da indústria no Brasil é " ... o estudo da ges-tação de novas formas de acu-mulação baseadas no trabalho as-salariado e no capital, das con-dições que determinam histori-camente essas novas formas: a economia cafeeira e, através da economia cafeeira,

o

modo de in-serção do Brasil na economia mundial capitalista" (p. 81; grifado

no original), o autor delineia alguns pressupostos básicos que nor-tearão o esql)ema explicativo deste último capítulo.

Utilizando-se de informações contidas nas estatísticas industriais de 1907 e 1920, evidencia que as chamadas "grandes empresas" -"com 100 ou mais operários ou capital igual ou superior a 1.000

contos" (que, de acordo com a

ta xa média de câmbio de 1907 correspondia a cerca de 64 mil libras) - constituíram a base da nascente indústria nacional. E acrescenta que "o conjunto das empresas com 100 ou mais ope-rários reagrupa, de acordo com os dados do Centro Industrial do Brasil, mais de 85% do capital, em São Paulo; e cerca de 70%, no an-tigo Distrito Federal" (p. 83) . As-sim, essas evidências jogam por terra a tese segundo a qual, duran-te o período da hegemonia ca-feeira, a indústria caracteriza-se por pequenas empresas de tipo ar-tesanal ou pequenas manufaturas voltadas para reduzidos mercados locais.

O ponto basilar da obra é o exame, realizado no tópico "Ori-gens da burguesia industrial", das concepções de vários estu-diosos da questão, ・ョエイセ@ os quais se destacam Santiago Dantas, Rui Mauro Marini, Caio Prado Júnior e VVarren Dean. Após resenhar cri-ticamente o pensamento dos au-tores citados, Sérgio Silva con-clui que "para a burguesia indus-trial nascente, a base de apoio para o início da acumulação não é a pequena empresa industrial, mas o comércio, em particular o grande comércio cujo centro está na atividade de exportação e impor-tação. Do mesmo modo que na

exportação, a importação é con-trolada em parte por empresas es-. trangeiras. Graças às suas origens sociais, o burguês imigrante en-contra facilmente um lugar no grande comércio. Ele torna-se representante de firmas e marcas estrangeiras e se encarrega da dis-tribuição de produtos importados pelo interior do país" (p. 95).

E, considerando também os chamados aspectos contraditórios das relações café-indústria, o autor conclui, de modo a discordar de várias teses até agora aceitas, que " ... as relações entre o comércio exterior e a economia cafeeira, de um lado, e a indústria nascente, de outro, implicélm, ao mesmo tem-po, a unidade e a contradição. A unidade está no fato de que o desenvolvimento capitalista ba-seado na expansão cafeei ra provoca o nascimento e um certo desenvolvimento da indústria; a contradição, nos limites impostos ao desenvolvimento da indústria pela própria posição dominante da economia cafeeira na acumulação de capital" (p . 1 03) .

Haveria ainda outros aspectos a serem explorados neste breve comentário, como por セク・ューャッ@ o tratamento dado às estatísticas de 1920, demonstrando que o capital industrial brasileiro era quase todo concentrado nos setores de bens de consumo - cerca de 85A% do valor da produção industrial (p. 113) - ou que, graças

à

impor-tação de equipamentos modernos, o capital industrial brasileiro saltou etapas e adotou, desde o início, técnicas avançadas que possi-bilitaram uma rentabilidade ele-vada (p.114-5).

Concluindo, acredito que o trabalho de Sérgio Silva deve merecer atenção especial por se constitui r em sopro inovador às in-terpretações da história econômica brasileira da República Velha, sen-do que sua leitura é enriquecida ainda mais quando se conhece também a tese de dQutoramento de João Cardoso de Melo, O

capitalismo tardio, em especial o

tópico

"A

industrializaão

restrin-gida" . la

Afrânio Mendes Catani

La societé contre I'Etat

Por Pierre Clastres . Paris, Editions de Minuit, 1974.

"Pendant que les espagnols en-voyaient des comissíons d'enquête pour rechercher si les indigenes avaíent ou non une âme, ces der-niers s'employaient à ímmerger des b/ancs pr/sionniers, afin de vérifier, par une survetJ/ance prolongée, si leur cadavre était ou non sujet à la putréfatíon. "1

Que interesse pode ter o estudo das organizações indígenas para a análise das organizações contem-porâneas? Por que dar atenção a uma obra que, surgida nas franjas da antropologia e, como que pos-suída de um désir justiceiro, inves-te contra o estamento e a tradição antropológica?

A obra de Clastres por si própria responde a estas questões . O que faremos aqui será delinear, na medida do possível, as partes das obra que julgamos apresentar um impacto decisivo no que se preten -de enten-der como formações e processos organizacionais, em partícula r os que vivemos.

Logo de início,

é

preciso ressal -tar o caráter pluridimensional da "agressão" de Clastres, o que quer dizer que, mesmo tendo como fi0 condutor o pressuposto de que para o estudo de "ce gens /à sans foi, sans /oi, sans roi ... " é

Referências

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