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Salários, comércio internacional e padrões tecnológicos

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Academic year: 2017

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Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia

DAISY ASSMANN LIMA

Salários, comércio internacional e padrões

tecnológicos

(2)

DAISY ASSMANN LIMA

Salários, comércio internacional e padrões

tecnológicos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia da

Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Economia de Empresas.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo Monteiro Monastério.

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Salários, comércio internacional e padrões

tecnológicos

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre em Economia de Empresas, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

_______________________________________________ Prof. Dr. Leonardo Monteiro Monastério

Orientador

_______________________________________________ Prof. Dr. Tito Belchior Silva Moreira

Examinador Interno

_______________________________________________ Profª. Dr. Bernardo Alves Furtado - IPEA

Examinador Externo

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12,5 cm

7,5 cm 7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB 20/08/2013

L732s Lima, Daisy Assmann.

Salários, comércio internacional e padrões tecnológicos. / Daisy Assmann Lima – 2013.

77f. ; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2013. Orientação: Dr. Leonardo Monteiro Monastério

1. Comércio internacional. 2. Política salarial. 3. Capital humano. 4. Educação. 5. Tecnologia. I. Monastério, Leonardo Monteiro. orient,. II. Título.

(5)

Ao meu sogro Joaquim Ferreira Lima, amante das ciências.

(6)

“A satisfação reside no esforço, não no resultado obtido. O esforço total é a plena vitória.”

(7)

Este estudo propõe-se a analisar as questões relativas ao mercado de trabalho e às relações do padrão tecnológico identificado no comércio internacional. Identifica como o padrão de comércio brasileiro e os diferentes níveis de escolaridade afetam os diferenciais salariais no Brasil, no período de 1996 a 2011. Os resultados encontrados apontam que tanto a exportação quanto a importação afetam negativamente os diferenciais salariais. Entretanto, dependendo do padrão tecnológico analisado, há efeitos positivos. É o caso das importações e das exportações de alta tecnologia para prêmios salariais entre alto e médio nível de escolaridade.

(8)

Figura 1: Fronteira de possibilidade de produção ... 26

Figura 2: Curvas de oferta e demanda relativa ... 29

(9)

Tabela 1: Evolução dos salários médios no mundo (base: 1999=100; 1999-2009) ... Erro! Indicador não definido.

Tabela 2: PIB e comércio de bens por região (mudanças percentuais anuais; 2009-2011)

... 17

Tabela 3: Preço mundial de produtos primários selecionados (mudança percentual anual e US$ por barril; 2000-2011) ... 20

Tabela 4: Comércio mundial de mercadorias por região e economias selecionadas (US$ bilhões e percentuais; 2005-2011) ... 21

Tabela 5: Exportação brasileira dos setores industriais por intensidade tecnológica (US$ milhões FOB; 1996-2011) ... 45

Tabela 6: Importação brasileira dos setores industriais por intensidade tecnológica (US$ milhões FOB; 1996-2011) ... 46

Tabela 7: Prêmio salarial dos graus de escolaridade em SM no Brasil (1996-2011) ... 48

Tabela 8: Exportação e importação segregadas por padrão tecnológico em bilhões de reais no Brasil (1996-2011)... 49

Tabela 9: Efeito em importação e exportação no prêmio salarial em SM entre nível de escolaridade alta e média no Brasil (1996-2011) ... 51

Tabela 10: Efeito em importação e exportação no prêmio salarial em SM entre nível de escolaridade alta e baixa no Brasil (1996-2011) ... 52

Tabela 11: Efeito em importação e exportação no prêmio salarial em SM entre nível de escolaridade média e baixa no Brasil (1996-2011) ... 52

Tabela 12: Efeito nas exportações por padrão tecnológico no prêmio salarial em SM entre nível de escolaridade alta e média no Brasil (1996-2011) ... 53

Tabela 13: Efeito nas exportações por padrão tecnológico no prêmio salarial em SM entre nível de escolaridade alta e baixa no Brasil (1996-2011) ... 54

Tabela 14: Efeito nas exportações por padrão tecnológico no prêmio salarial em SM entre nível de escolaridade média e baixa no Brasil (1996-2011) ... 54

Tabela 15: Efeito nas importações por padrão tecnológico no prêmio salarial em SM entre nível de escolaridade alta e média no Brasil (1996-2011) ... 55

(10)
(11)

Gráfico 1: Alterações no PIB em % a preços constantes no mundo (1995-2010) ... 14

Gráfico 2: Crescimento salarial no mundo (2006-2009) ... 15

Gráfico 3: Crescimento salarial em % por regiões do mundo (2000-2009) ... 15

Gráfico 4: Crescimento regional salarial – países avançados (2000-2009)Erro! Indicador não definido. Gráfico 5: Crescimento regional salarial – América Latina e Caribe (2000-2009) .... Erro! Indicador não definido. Gráfico 6: Crescimento regional salarial – Europa Central e Leste (2000-2009) ... Erro! Indicador não definido. Gráfico 7: Crescimento regional salarial – Europa Ocidental e Ásia Central (2000-2009) ... Erro! Indicador não definido. Gráfico 8: Crescimento regional salarial – Ásia (2000-2009) ... Erro! Indicador não definido. Gráfico 9: Crescimento regional salarial – África (2000-2009) ... Erro! Indicador não definido. Gráfico 10: Crescimento regional salarial – Oriente Médio* (2000-2009)Erro! Indicador não definido. Gráfico 11: Crescimento em volume do comércio mundial e do PIB (em taxas percentuais anuais; 2000-2011) ... 16

Gráfico 12: Volume mundial de bens exportados (índice 1990=100; 1990-2011) ... 17

Gráfico 13: Crescimento do PIB real e comércio da Zona do Euro (mudança percentual anualizada sobre o trimestre anterior; 2008-2011) ... 19

Gráfico 14: Maiores exportadores de mercadorias - 2011 ... 22

Gráfico 15: Maiores importadores de mercadorias - 2011 ... 23

Gráfico 16: Alteração da oferta e demanda por trabalho ... 35

Gráfico 17: Dispersão entre período e prêmio salarial em salário mínimo por nível de escolaridade no Brasil (1996-2011) ... 49

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(13)

1 PANORAMA DOS SALÁRIOS E DO COMÉRCIO NO MUNDO ... 12

1.1 Panorama dos salários no mundo ... 12

1.2 Panorama do comércio internacional no mundo ... 16

2 TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DO EFEITO DA TECNOLOGIA NO MERCADO DE TRABALHO ... 24

2.1 Breve revisão das teorias de comércio internacional ... 24

2.2 Mercado de trabalho e o comércio internacional ... 33

3 ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE SALÁRIOS, COMÉRCIO E ESCOLARIDADE ... 36

3.1 Estudos empíricos sobre salários, comércio e escolaridade no mundo ... 36

3.2 Algumas evidências empíricas dos diferenciais salariais no Brasil ... 41

4 METODOLOGIA ... 42

4.1 Dados ... 42

4.2 Exportações e importações brasileiras dos setores industriais por intensidade tecnológica de 1996 a 2011 ... 44

4.3 Especificação das regressões ... 47

4.4 Modelos a estimar ... 47

4.5 Estatísticas descritivas ... 48

5 RESULTADOS ... 51

5.1 Importação e exportação ... 51

5.2 Importação e exportação por padrão tecnológico ... 52

5.3 Análise dos resultados ... 57

CONCLUSÃO ... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 59

ANEXO: NOTAS METODOLÓGICAS ... 64

CNAE 95 - Grupo ... 64

CNAE 2.0 – Grupo ... 69

(14)
(15)

INTRODUÇÃO

Este estudo propõe-se a analisar as questões relativas ao mercado de trabalho e às relações do padrão tecnológico identificado no comércio internacional. Identifica como o padrão de comércio brasileiro e os diferentes níveis de escolaridade afetam os diferenciais salariais na indústria.

E para alcançar esse objetivo, é apresentado um panorama dos salários e do comércio internacional no mundo e as teorias do comércio internacional e o efeito da tecnologia no mercado de trabalho. Deve-se ressaltar, que esse trabalho não possui paralelo na literatura acadêmica nacional.

Os resultados encontrados apontam que, em termos gerais, tanto a exportação quanto a importação afetam negativamente os diferenciais salariais no Brasil, no período de 1996 a 2011. Entretanto, dependendo do padrão tecnológico analisado, há efeitos positivos. É o caso das importações e das exportações de alta tecnologia para prêmios salariais entre alto e médio nível de escolaridade.

A motivação para este trabalho pautou-se na persistente dependência externa brasileira de produtos com alto padrão tecnológico. E para averiguar tal hipótese, foi analisada a conjuntura econômica mundial dos salários e do comércio internacional. Ademais, constata-se que os salários são influenciados pelo padrão tecnológico do comércio internacional.

Do ponto de vista empírico, também foram encontradas evidências que corroboram os resultados encontrados. É o caso, por exemplo, do trabalho de Autor et al. (2012).

Adicionalmente, as teorias de comércio internacional também apontavam no sentido de que os países teriam sua balança comercial afetada pelos salários com mão-de-obra abundante pelo fato de o comércio ser especializado em produtos em que o fator de produção seja abundante, como explicado por Heckscher-Ohlin.

(16)

1 PANORAMA DOS SALÁRIOS E DO COMÉRCIO NO MUNDO

1.1 Panorama dos salários no mundo

Qual a causa das diferenças nos salários entre indivíduos com níveis distintos de escolaridade? Por que o trabalho executado por alguns é mais bem avaliado do que por outros? Essas são algumas das questões referentes ao padrão de salários vigentes no Brasil e no mundo. Segundo consta no Relatório Global da Organização Internacional do Trabalho –

OIT sobre Salários 2010/2011 há uma preocupação quanto a esse quesito nas principais economias do mundo hoje.

A maior parte das pessoas trabalha em troca de um salário e os diferenciais de salário fixam o nível de pagamento e dos ganhos individuais e, portanto, até certo grau, os padrões de vida comparativos das famílias e dos indivíduos. Segundo o Relatório Global OIT sobre Salários 2010/2011, a definição de salários é:

(...) a remuneração ou os ganhos (...) que são devidos em virtude de um contrato de trabalho, escrito ou verbal, por uma entidade patronal (...) a um trabalhador por conta de outrem (...). (RELATÓRIO GLOBAL OIT SOBRE SALÁRIOS 2010/2011, p.01).

A expressão “diferenciais de salários” significa simplesmente as diferenças relativas às

escalas de pagamento. Existem diferenciais de salários de toda a natureza. Há, como citado anteriormente, diferencial quanto ao gênero, à idade, à indústria, sendo estes alguns dos que mais se destacam.

Ao se remeter a uma perspectiva histórica, tem-se uma explicação clássica para a existência dos diferenciais salariais por tipo de ocupação, que foi dada há quase 300 anos por Smith (1776), o qual propôs cinco “circunstâncias principais que justificam um pequeno ganho pecuniário em alguns empregos e um ganho maior em outros”.

Primeiro, os salários variam de acordo com a facilidade ou dificuldade, limpeza ou sujeira, dignidade ou indignidade do emprego. Assim, em muitos lugares, durante o ano inteiro, o alfaiate ganha menos do que o tecelão, porque o trabalho do primeiro é muito mais fácil. Um tecelão ganha menos do que um ferreiro, porque o trabalho do primeiro, embora nem sempre seja mais fácil, é, contudo, muito mais limpo... Segundo, os salários variam segundo a facilidade e insignificância, ou a dificuldade e as despesas necessárias para aprender o ofício. A aprendizagem das artes inventivas e das profissões liberais é... tediosa e cara. A recompensa pecuniária, portanto, do pintor, do escritor, do advogado ou do físico deve ser muito mais liberal; e assim o é em consequência.

(17)

Quarto, os salários variam de acordo com a maior ou menor confiança que se deposita no trabalhador. Os salários dos ourives e joalheiros são, em toda a parte, superiores aos de muitos trabalhadores... em virtude dos preciosos materiais que lhes são confiados.

Quinto, os salários em ocupações diferentes variam de acordo com a probabilidade ou improbabilidade de êxito que eles apresentem. Onde o êxito é praticamente certo, como na confecção de sapatos, a recompensa é pequena; onde é duvidoso, como na advocacia, a recompensa dos que, afinal, são bem sucedidos é proporcional às perdas de todos os que fracassaram. (SMITH, 1776, p.57).

Entretanto, segundo Phelps (1961), Smith (1776) não explicou por que essas características levariam os empregadores a aumentar o salário do trabalhador ou melhorariam a posição de barganha. Mas, para Phelps (1961), segundo uma análise de oferta e de demanda, pode-se explicá-las assim: a dificuldade demasiada, a falta de higiene ou o caráter pouco digno do emprego tenderão a desestimular os candidatos e a escassez da oferta produzirá um aumento na escala salarial relativamente àquelas ocupações que absorveram a proporção excedente dos candidatos. Isso também ocorre com relação às dificuldades e às despesas de aprendizagem, à inconstância do trabalho, à probabilidade de fracasso e assim sucessivamente.

Enfim, não há respostas imediatas para essas questões, daí a importância dos trabalhos empíricos, uma vez que os resultados podem variar devido a uma diversidade de variáveis e métodos utilizados.

Baseado no Relatório Global OIT sobre Salários 2010/2011 verificam-se algumas relações interessantes para caracterizar o panorama global dos salários no mundo.

No período de 1996 a 2010, as tendências salariais no mundo apresentaram características de moderação e crescente desigualdade, como pode ser observado no gráfico 1, sendo agravadas pela crise econômica de 2008. Assim, temeu-se por uma acentuação do quantitativo de empregados com baixos salários a curto e médio prazos, segundo o Relatório Global OIT sobre Salários 2010/2011. Os trabalhadores que estariam englobados nessa categoria seriam aqueles com remuneração inferior a dois terços do salário mediano de cada país. A preocupação em relação a esse grupo cresce devido à possibilidade de aumento das tensões sociais e políticas decorrentes da crescente massa de trabalhadores com baixos salários.

(18)

foi reduzido à metade em 2008 e em 2009 quando comparado com anos anteriores, conforme ponderado pelo Relatório Global OIT sobre os Salários 2010/2011.

Segundo outros relatórios da OIT, tais como o relatório apresentado ao G20 em setembro de 2009, o World of Work Report, do Instituto Internacional de Estudos do

Trabalho, ou a mensagem transmitida na Conferência conjunta do FMI/OIT em Oslo, em setembro de 2010, os desafios mais urgentes a enfrentar são a desigualdade salarial ascendente, a desconexão entre salários e produtividade, e os cerca de 330 milhões de trabalhadores que agora estão com os mais baixos salários do mercado.

Pode ser observado que entre o período de 2006 a 2009 houve o efeito da crise (2008-2009) no processo de redução do crescimento salarial. Com base em estatísticas nacionais oficiais de 115 países e territórios, o Relatório Global OIT sobre os salários 2010/2011 estima que o crescimento dos salários médios mensais reais baixou de 2,8% antes da crise, em 2007, para 1,5% em 2008 e para 1,6% em 2009. Com exclusão da China (onde as estatísticas só abrangem unidades urbanas ligadas ao Estado), o relatório calcula que o crescimento salarial real baixou de 2,2% em 2007 para 0,8% em 2008 e para 0,7% em 2009.

Gráfico 1: Alterações no PIB em % a preços constantes no mundo (1995-2010)

(19)

Gráfico 2: Crescimento salarial no mundo (2006-2009)

Fonte: Elaboração própria com dados do Relatório Global OIT sobre salários 2010/2011.

O Relatório mostra que os salários nos países da Europa, Leste e Central, foram os mais afetados pelos efeitos da crise. Os países avançados (OCDE), Ásia, Oriente Médio, América Latina e Caribe obtiveram leve recuperação após a fase mais aguda da crise.

Nos países avançados, os impactos de curto prazo que a crise provocou nos salários médios devem ser analisados em um contexto de continuada moderação salarial e de declínio prolongado do peso da massa salarial no PIB antes da crise, conforme Relatório Global OIT sobre Salários 2010/2011.

Gráfico 3: Crescimento salarial em % por regiões do mundo (2000-2009)

(20)

1.2 Panorama do comércio internacional no mundo

No período de 2000 a 2011, apenas em 2001 e em 2009 as exportações não acompanharam o crescimento do PIB. Isso mostra que é possível o PIB e as exportações não caminharem juntos: em 2001 devido à bolha da Internet e em 2009 devido à bolha

imobiliária. Ademais, a média de crescimento do PIB está abaixo da média de crescimento das exportações.

O crescimento do comércio mundial desacelerou fortemente em 2011, uma vez que a economia mundial sofreu influência dos desastres naturais, de incertezas financeiras e de conflitos civis. A redução no comércio já era esperada, dado o reflexo da economia em 2010, além do terremoto no Japão e das inundações na Tailândia, bem como as crises da dívida pública dos países da União Européia. Ademais, há que se considerar a guerra civil na Líbia, o que contribuiu para reduzir a oferta de petróleo. Esses fatos representaram um choque na oferta mundial (WORLD TRADE REPORT, 2012, p.16).

Segundo dados do World Trade Report (2012), a taxa de crescimento do PIB mundial

caiu de 3,8% em 2010 para 2,4% em 2011. Essa taxa está abaixo inclusive dos 3,2% atingidos nos anos anteriores à crise financeira de 2008, conforme pode ser visto no gráfico 11.

Gráfico 11: Crescimento em volume do comércio mundial e do PIB (em taxas percentuais anuais; 2000-2011)

(21)

No gráfico abaixo se pode identificar, em termos reais, que no período 1990 a 2011 as exportações foram crescentes, uma vez que o volume de bens exportados cresceu. Isso ocorreu conjuntamente com o comércio internacional. Nesse caso, percebe-se que o crescimento foi bem próximo e sem muitas diferenças de comportamento. As exceções podem ser vistas novamente em 2000-2001 e a partir de 2008.

Gráfico 12: Volume mundial de bens exportados (índice 1990=100; 1990-2011)

Fonte: World Trade Report– 2012.

Apesar do crescimento do PIB do Japão em 0,5%, o país sofreu influências adversas em seu produto interno devido ao terremoto de março de 2011. Por outro lado, países desenvolvidos apresentaram crescimento do PIB da ordem de 1,5% em 2011. O crescimento do PIB nos Estados Unidos estava pouco superior do que a média de todas as economias desenvolvidas que, por sua vez cresceram a 1,7%. A taxa de crescimento da União Européia estava também em conformidade com a média mundial dos países desenvolvidos (WORLD TRADE REPORT, 2012, p.20).

(22)

Fonte: World Trade Report– 2012.

Ainda segundo o World Trade Report (2012), o maior crescimento regional ocorreu no

Oriente Médio, com 4,9%, seguido da Comunidade dos Países Independentes (CEI), com 4,6%, e das Américas do Sul e Central, com crescimento do PIB a 4,5%. A África, com um crescimento de 2,3%, teve maior crescimento mesmo com os acontecimentos recentes na Líbia, Tunísia, Egito e outros. Novamente a China teve um crescimento muito acima da média mundial, de 9,2%, mas essa taxa não foi melhor do que aquela alcançada em 2010. O PIB da Zona do Euro contraiu 1,3% em percentuais anuais (veja o gráfico 13). Simultaneamente, a economia da China reduziu seu ritmo de crescimento e o Japão permaneceu próximo a um ambiente recessivo. Nos Estados Unidos o crescimento diminuiu e o desemprego aumentou, refletindo uma realidade das economias desenvolvidas.

(23)

Gráfico 13: Crescimento do PIB real e comércio da Zona do Euro (mudança percentual anualizada sobre o trimestre anterior; 2008-2011)

Fonte: World Trade Report– 2012.

A África alcançou 5,0% de aumento nas importações em 2011. Já as importações da CEI cresceram mais do que qualquer outra região - 16,7% -, seguidas pelas Américas do Sul e Central, com 10,4%.

Entretanto, o crescimento das importações japonesas foi menor do que qualquer outra economia ou região em 2011, com 1,9%. A Índia teve o mais rápido crescimento do comércio em 2011, com as exportações crescendo a 16,1%. A China vem logo em seguida, com um crescimento das exportações em 9,3%. A combinação de baixo volume de exportações e altos níveis de importação na Comunidade dos Países Independentes, em 2011, pode ser atribuída ao crescimento de 32% dos preços da energia por ano, que impulsionaram os ganhos das exportações e permitiram que mais bens fossem importados (WORLD TRADE REPORT, 2012, p.22).

O valor total das exportações em dólar aumentou em 19%, ou seja, passou para US$ 18,2 trilhões em 2011. Esse aumento estava próximo do observado em 2010, 22%, e foi devido, em boa parte, ao maior preço das commodities primárias conforme pode ser

(24)

Tabela 3: Preço mundial de produtos primários selecionados (mudança percentual anual e US$ por barril; 2000-2011)

Fonte: World Trade Report– 2012.

(25)

Tabela 4: Comércio mundial de mercadorias por região e economias selecionadas (US$ bilhões e percentuais; 2005-2011)

Fonte: World Trade Report– 2012.

As exportações das Américas do Sul e Central aumentaram em 27% em 2011, ou seja, em US$ 749 bilhões e, em termos do total mundial, representaram 4,2%. Ao mesmo tempo, as importações da região aumentaram em 24%, ou seja, US$ 727 bilhões, o que equivalente a 4,0% do total mundial. As exportações nominais mundiais da Europa cresceram 17% em 2011, ou seja, US$ 6,60 trilhões ou o equivalente a 37,1% do total mundial. As importações da região também foram impulsionadas em 17%, ou seja, US$ 6,85 trilhões ou o equivalente a 38,1% do total mundial.

(26)

As exportações da África cresceram 17%, ou seja, US$ 597 bilhões ou ainda 3,4% do total mundial, enquanto que as importações cresceram 18%, ou seja, US$ 555 bilhões, ou ainda 3,1% do total mundial.

As exportações do Oriente Médio aumentaram 37%, ou seja, US$ 1,23 trilhão, ou ainda 6,9% do total mundial como resultado do crescimento do preço do petróleo. Por outro lado, as importações cresceram somente 16%, ou seja, US$ 6,65 bilhões ou ainda 3,7% do total mundial.

As exportações da Ásia cresceram 18% em 2011, ou seja, US$ 5,53 trilhões, ou ainda 31,1% do total mundial, enquanto que as importações aumentaram 23%, ou seja, US$ 5,57 trilhões, ou ainda 30,9% do total mundial.

Os maiores exportadores de mercadorias em 2011 foram China, Estados Unidos, Alemanha, Japão e Noruega, respectivamente, conforme gráfico 14.

Gráfico 14: Maiores exportadores de mercadorias - 2011

Fonte: Elaboração própria com dados do World Trade Report– 2012.

(27)

Gráfico 15: Maiores importadores de mercadorias - 2011

Fonte: Elaboração própria com dados do World Trade Report– 2012.

(28)

2 TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DO EFEITO DA TECNOLOGIA NO MERCADO DE TRABALHO

2.1 Breve revisão das teorias de comércio internacional1

Os primeiros teóricos que falaram sobre o comércio internacional foram David Hume (1711-1776), Adam Smith (1723-1790), David Ricardo (1772-1823) e John Stuart Mill (1806-1873). O modelo proposto por Ricardo destacou-se por explicar as motivações econômicas para as trocas comerciais entre países e, ressalvadas suas limitações, por ser válido como base teórica em estudos contemporâneos.

O modelo de Ricardo está baseado no conceito das vantagens comparativas, que foi resultado do aperfeiçoamento do conceito das vantagens absolutas, desenvolvido por Adam Smith. Segundo Ricardo, em seu modelo 2x2, de dois bens, dois países e um fator de produção, cada país deve especializar-se na produção do bem em que possui menor custo relativo, mensurado pela produtividade do trabalho, complementando sua necessidade de consumo por meio do comércio com o segundo país. No modelo, o fator é homogêneo e possui livre mobilidade entre os setores.

Dessa forma, o padrão de comércio entre os países se estabelece com base nos custos de oportunidade de cada bem e assim a troca comercial é vantajosa para ambos os países. Por exemplo, suponha a existência de dois produtos (tecido e vinho). Cada qual emprega horas de trabalho (fator de produção) para a sua produção (aLV e aLT). As principais lições do modelo ricardiano indicam que para que haja comércio entre dois países denominados local e estrangeiro (*) é necessário que:

(1)

E dessa relação tem-se as seguintes situações:

 se , a economia deve especializar-se na produção de vinho, uma vez que o custo de oportunidade do tecido é maior que o seu preço relativo, ou seja, nessa situação a vantagem relativa está associada ao vinho, e

(29)

 se , a economia deve especializar-se na produção de tecido, pois, nesse caso, o preço relativo do tecido supera o seu custo de oportunidade.

Devido às limitações do modelo ricardiano, Paul Samuelson e Ronald Jones desenvolveram o modelo dos fatores específicos com o objetivo de explicar o impacto do comércio internacional na distribuição de renda dos países envolvidos. Nesse modelo, os autores estabelecem a hipótese de dois bens (manufaturas e alimentos) e três fatores de produção: capital (K), terra (T) e trabalho (L). Trabalho é o fator móvel ao passo que capital e terra são os fatores específicos e, portanto, fixos de cada um dos dois setores da economia, segundo o modelo. A produção de manufaturas combina o emprego de capital e de trabalho como fatores de produção e a produção de alimentos combina terra e trabalho, conforme representam suas funções de produção abaixo:

(2)

(3)

O total de mão-de-obra empregada é dado por:

(4)

Nesse modelo, a fronteira de possibilidades de produção é uma curva, pois existe a combinação entre um fator móvel, o trabalho, e um específico e, portanto, fixo: a terra para a produção de alimentos ou o capital para a produção de manufaturas. Dessa forma, a curva reflete os rendimentos decrescentes do trabalho em cada setor e sua declividade é definida por:

(5)

(30)

O diagrama abaixo (figura 1) sintetiza o funcionamento do modelo, mostrando as curvas: de fronteira de possibilidades de produção (FPP) da economia (quadrante I), das funções de produção para alimentos (quadrante II), de alocação do trabalho (quadrante III) e das manufaturas (quadrante IV).

Na curva de fronteira de possibilidades de produção, observa-se que o aumento da produção de manufaturas (deslocamento do ponto 1 para o ponto 2) implica uma redução na produção de alimentos, tendo em vista o deslocamento de trabalho do setor de alimentos para o de manufaturas. É importante notar que, tendo em vista os retornos decrescentes, a cada unidade de trabalho deslocada para o setor de manufaturas a sua produção adicional é proporcionalmente menor, o que torna o seu custo de oportunidade maior, haja vista que uma parcela maior da produção de alimentos é sacrificada. Isso é explicado pela declividade da curva FPP que se torna mais acentuada ao passar do ponto 1 para o ponto 2.

Figura 1: Fronteira de possibilidade de produção

Fonte: Krugman &Obstfeld (2005, p.31).

O fator trabalho, nesse modelo, assim como no modelo ricardiano, permanece homogêneo e o seu deslocamento é livre entre os setores, de modo que os salários sob essas hipóteses devem ser idênticos.

(31)

(6)

(7)

Igualando-se os termos, a equação pode ser expressa como:

(8)

A produção deve ser tangente a uma reta cuja declividade seja o preço de manufaturas dividido pelo de alimentos da curva FPP com sinal negativo. Uma movimentação ao longo da curva somente ocorre se houver mudanças que alterem essa razão, seja mediante o aumento do preço de apenas um bem ou em virtude de aumentos diferenciados nos dois bens. Portanto, uma simples mudança no nível geral de preços não provoca alterações ao longo da curva.

Dessa maneira, supondo uma elevação somente no preço das manufaturas ( ), as implicações seriam: um deslocamento da mão-de-obra do setor de alimentos para o de manufaturas, consequentemente uma redução da produtividade marginal do trabalho de menor proporção nesse setor ( ) relativamente ao aumento de , tendo em vista que o fator capital é fixo. Isso faz com que o salário nominal (w) – comum aos dois setores – aumente também em menor proporção que a elevação de . O adicional de trabalho promove um aumento na produção de manufaturas e, em contrapartida, uma redução na produção de alimentos motivada pelo deslocamento da mão-de-obra desse setor. Vale assinalar que a diminuição da mão-de-obra no setor de alimentos implica um aumento da produtividade marginal do trabalho no referido setor ( ), configurando o mecanismo de autoajuste do modelo.

Em relação aos efeitos na distribuição de renda entre os agentes envolvidos, têm-se as seguintes constatações:

(32)

exemplo, se a cesta fosse composta, em sua maioria, por alimentos haveria um ganho para os trabalhadores, o que já não ocorre caso a cesta seja composta por produtos manufaturados.

Quanto aos proprietários do capital: obtêm ganhos na renda, visto que os seus lucros aumentaram em contrapartida à diminuição do salário real em termos de manufaturas.

Quanto aos proprietários da terra: registram a redução da renda em contrapartida ao aumento do salário real em termos de alimentos.

Os modelos até aqui mostrados focaram aspectos de uma economia fechada. A ampliação da análise para uma economia aberta, tendo como foco o comércio internacional, pode tomar como referência o comércio entre dois países. Arbitrariamente, foram escolhidos os Estados Unidos como destaque na produção de alimentos e o Japão na produção de manufaturas.

Como hipótese, assume-se que a demanda relativa é comum entre os países e cada um possui sua oferta relativa conforme a dotação de fatores existente. Nos Estados Unidos, com grande disponibilidade de terra, há mais terra por trabalhador e, portanto, detêm maior capacidade de oferta relativa de alimentos. Já no Japão, a maior disponibilidade de capital por trabalhador torna mais ampla a sua capacidade de oferta relativa de manufaturas.

Sob um regime de autarquia, nota-se que o Japão, com maior oferta relativa de manufaturas, tem o seu preço relativo ao alimento em nível abaixo do vigente nos Estados Unidos, que detêm vantagem comparativa na produção de alimentos, e inferior ao preço mundial, evidenciando, por sua vez, a vantagem comparativa japonesa na produção de manufaturas. Ao se estabelecer uma situação de comércio entre os dois países, há uma tendência de convergir para um ponto de equilíbrio mundial, situado em um nível intermediário entre o do Japão e o dos Estados Unidos, conforme a figura 2. Ou seja, para que se estabeleça o comércio, ratifica-se a necessidade de que os preços relativos sejam distintos entre as nações.

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uma maior oferta, tanto em termos de manufaturas como de alimentos, garantindo uma elevação do bem-estar global.

Figura 2: Curvas de oferta e demanda relativa

Fonte: Krugman & Obstfeld (2005, p.35).

O mérito do modelo de fatores específicos está em explicar os efeitos na distribuição da renda da economia local decorrentes de sua abertura ao comércio externomesmo que os efeitos sobre a distribuição de renda não sejam específicos do comércio internacional. Ademais, o problema da distribuição de renda é tratado diretamente em vez de interferir nos fluxos de comércio.

Os economistas suecos Eli Heckscher e Bertil Ohlin desenvolveram a teoria das proporções dos fatores, conhecida como teoria de Heckscher-Ohlin (H-O). O trabalho baseia-se nas diferenças de recursos dos paíbaseia-ses que consistem no único motivo da troca de mercadorias entre as nações (a abundância relativa dos fatores de produção) e a tecnologia de produção (que influencia a intensidade relativa com que fatores de produção diferentes são utilizados na produção de bens).

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alqueire de terra ( ). Nesse aspecto, se há um aumento relativo do salário, o produtor opta por empregar proporcionalmente mais terra que trabalho e o inverso vale para um aumento relativo do preço da terra.

Além da decisão sobre a combinação dos insumos, de acordo com mudanças na razão ( ), os autores atentam para a ordenação das intensidades de fatores, a qual não se altera, e por isso é denominada de irreversibilidade dos fatores. Ilustrativamente, pode-se dizer que a produção de tecidos tem por característica a necessidade de empregar mais trabalho que terra, trata-se, por consequência, de um bem intensivo em trabalho. Já a produção de alimentos apresenta como peculiaridade o emprego de mais terra que trabalho, configurando-se um bem intensivo em terra. Logo, um suposto aumento relativo do salário traria maiores impactos em termos de custo ao bem considerado intensivo em trabalho, no caso, os tecidos, e isso resultaria em um aumento relativo dos preços dos tecidos em termos de alimentos ( ). Nessa situação, os trabalhadores teriam ganhos por conta de um aumento no salário real e também os produtores de ambos os bens.

A figura 3 ilustra a dinâmica do modelo. A reta T representa o conjunto de combinações de insumos na produção de tecidos. Como se trata de um bem intensivo em trabalho, o ângulo de inclinação definido pela razão é menor se comparado ao ângulo da reta A ( de produção de alimentos classificados como intensivos em terra. O ponto 1 mostra o encontro das retas T e A e representa, motivado pela razão entre os custos dos fatores de produção ( ), a combinação ótima desses fatores para uma economia que produz os dois bens (tecidos e alimentos), demonstrada pela coincidência dos pontos de tangência das curvas isoquantas referentes aos respectivos bens.

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Figura 3: Alocação de recursos em uma economia de dois fatores

Fonte: Krugman &Obstfeld (2005, p.42).

O teorema elaborado por Samuelson e Stolper (1941) trata da relação entre os preços relativos dos bens e as remunerações dos fatores de produção. Como o modelo considera um mercado em concorrência perfeita, no qual o lucro é zero, os preços dos bens produzidos refletem exatamente o custo de produção, ou seja, os preços dos fatores de produção. Assim, existe uma ligação unívoca entre a razão dos preços dos bens e a razão das remunerações dos fatores.

De acordo com o teorema, uma mudança nos preços relativos dos bens acarreta uma mudança nos preços relativos dos fatores de produção. Assim, caso a razão entre o preço do bem 1 e o preço do bem 2 aumente exogenamente, ocorrerá um crescimento na razão entre a remuneração do capital e salário, , sendo w a remuneração do trabalho e r a remuneração do

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Em suma, o comércio internacional aumenta a remuneração real do fator de produção relativamente abundante em cada país e reduz a remuneração dos demais fatores. Essa é uma das mais importantes conclusões da teoria e é consequência direta do teorema de Stolper-Samuelson.

Krugman (1979), em linhas gerais, desenvolve um modelo em que o padrão de comércio é determinado pelo processo contínuo de inovação e transferência tecnológica. As hipóteses do modelo são:

 há somente um fator de produção de trabalho em cada país;

 os países possuem a mesma dotação inicial de fatores;

 os bens são produzidos com a mesma função de produção;

 a produtividade do trabalho nos países é a mesma;

 há apenas dois tipos de bens;

 produtos antigos são bens que foram desenvolvidos há algum tempo. A sua tecnologia é de propriedade comum e eles podem ser produzidos tanto no Norte quanto no Sul; e

 uma unidade de trabalho produz uma unidade do bem antigo.

Por meio de um modelo estático em que o Norte inova e o Sul não inova, chega-se aos seguintes resultados:

 a saída de indústrias dos países desenvolvidos para os menos desenvolvidos ocorre, pois os salários menores é fator de atratividade;

 a inovação tecnológica é muito mais importante do que aparenta ser, uma vez que países desenvolvidos devem inovar continuamente não só para crescer mas para manter a renda real;

 no caso de países menos desenvolvidos, a transferência tecnológica pressupõe a melhora dos termos de troca; e

 o sucesso de países menos desenvolvidos pode deixar países desenvolvidos piores uma vez que perdem a posição vantajosa monopolista devido ao processo de inovação.

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Como hipóteses do modelo, consideramos dois países (A e B) idênticos na produção, no consumo, nos gostos e na renda dos consumidores e uma curva de possibilidade de produção convexa. E ainda, que o comércio entre esses países é dos bens X e Y (os quais também são bens em que possuem economia de escala).

Por exemplo, se o país A produzir carros de luxo (X) e carros populares (Y). Caso esse país decida produzir exclusivamente carros de luxo, produzirá 10 unidades. Mas pode produzir também 10 unidades de carros populares, sem produzir carros de luxo. Caso o país decida em não se especializar em nenhum dos dois tipos de carros, poderá produzir 4 carros de luxo e 4 carros populares.

Também podem se considerar essas hipóteses para o país B. Dessa maneira, não haverá vantagens absolutas ou comparativas que poderiam levar ao comércio, pois os seus custos são absolutamente iguais. Entretanto, ainda assim será vantajoso o comércio para ambos.

Caso os países decidam produzir sem recorrer ao comércio, eles produzirão, cada um, 4 unidades de cada tipo de carro e isso significa uma produção conjunta de 8 carros de cada tipo.

Entretanto, os países podem decidir especializar-se. Nessa situação, cada um irá produzir um único tipo de bem. O país A, por exemplo, produzirá somente carros de luxo e o país B produzirá somente carros populares. Assim, eles terão produzido conjuntamente 10 carros de cada tipo. Isso significa uma produção superior quando comparada com a produção individual de ambos os bens em ambos os países. Portanto, ao trocar metade das produções, cada um fica com cinco unidades de carro de cada tipo. E, assim, considera-se o comércio entre esses países vantajoso.

2.2 Mercado de trabalho e o comércio internacional

A interação entre os países em relação ao comércio internacional tem sugerido que a globalização intensificou-se nos últimos anos, principalmente a partir da década de 1990, tornando o mercado de trabalho mais vulnerável e imprevisível (CAHUC e ZYLBERBERG, 2004).

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Assim, ao examinar a estrutura de emprego em países em desenvolvimento, verifica-se, segundo Cahuc & Zylberberg (2004), que esses possuem abundância de mão-de-obra não qualificada. Já a mão-de-obra qualificada é um recurso mais escasso. E é justamente dessa maneira que os países adquirem vantagem no comércio, pois ao utilizarem intensivamente mão-de-obra qualificada, possibilitam preços competitivos no comércio internacional.

Borjas (2012) aponta que alguns pesquisadores atribuem parte do aumento na demanda relativa por trabalhadores qualificados à globalização da economia, particularmente a norte-americana. Afirma, ainda, que, em 1970, a proporção de exportações e de importações com relação ao PIB estava em torno de 8%, mas, por volta de 1996, era de aproximadamente 19% nos EUA. Borjas (2012) também atribui parte relevante desse aumento ao comércio com países menos desenvolvidos.

Borjas (2012) verificou que os Estados Unidos, por exemplo, exportam produtos bem diferentes dos que importam. Ele conclui que os trabalhadores empregados nas indústrias de importação tendem a ser menos educados, ao passo que os da indústria de exportação tendem a ser mais bem educados. Assim sendo, as importações prejudicam os menos qualificados enquanto que as exportações ajudam os mais qualificados.

Dessa forma, Borjas (2012) afirma que a globalização aumentou a demanda por trabalho qualificado ao mesmo tempo em que reduziu a demanda por trabalho não qualificado. Em termos de oferta de mão-de-obra, esse fato representa um deslocamento para fora na curva de demanda por trabalho relativo.

Esse fato ocorre, pois a estrutura de oferta-demanda mostra que há uma relação entre o aumento no salário relativo de trabalhadores qualificados e fatores que aumentaram a demanda relativa por mão-de-obra qualificada. E, mais do que isso, o deslocamento deve ser grande o suficiente para compensar o impacto do aumento na oferta relativa de trabalhadores qualificados, conforme gráfico 16 a seguir. Assim, Borjas (2012) sugere que as curvas de oferta e de demanda relativas para trabalhadores qualificados estão em uma corrida nos últimos anos, uma vez que ambas estão deslocando-se para a direita, conforme gráfico 16. Entretanto, para Borjas (2012), a tendência observada nas diferenças salariais sugere que a curva de demanda prevalece e, assim, a demanda relativa para trabalhadores qualificados estaria aumentando a uma taxa maior do que a oferta para trabalhadores qualificados.

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pois esse tipo de tecnologia tende a diminuir a demanda por mão-de-obra não qualificada e a aumentar a demanda por mão-de-obra qualificada. Assim, tem-se outro motivo que contribui para o deslocamento para fora na curva de demanda por trabalho relativa.

Gráfico 16: Alteração da oferta e demanda por trabalho

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3 ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE SALÁRIOS, COMÉRCIO E ESCOLARIDADE

3.1 Estudos empíricos sobre salários, comércio e escolaridade no mundo

Durante as últimas duas décadas, a maioria dos países em desenvolvimento experimentou uma liberalização crescente por meio da abertura do mercado para o comércio internacional, para o fluxo de capitais e para um mercado de trabalho mais flexível. Nos meados das décadas de 1980 e 1990, há evidências empíricas da crescente desigualdade de renda dentro de alguns países em desenvolvimento, particularmente em períodos de liberalização econômica. Detectou-se que no México a desigualdade salarial aumentou entre 1987 e 1993, na Colômbia entre 1986 e 1998, na Argentina entre 1992 e 1998, na Índia entre 1987 e 1999, no Brasil entre 1988 e 1995 entre outros. Logo, observa-se que a crescente desigualdade salarial em muitos países em desenvolvimento começou após as políticas de liberalização (BAS, 2008).

As teorias de comércio de Heckscher-Ohlin (H-O) e de Stolper-Samuelson (SS) preveem uma redução na desigualdade salarial entre trabalhadores qualificados e não qualificados em países em desenvolvimento, dada a abertura comercial. Como é esperado que em países em desenvolvimento haja abundância de mão-de-obra não qualificada, eles se especializam em bens intensivos nesse tipo de mão-de-obra. Uma abertura ao comércio internacional levaria a um aumento na exportação desses produtos, assim como na demanda e consequentemente nos salários da mão-de-obra não qualificada em relação à demanda de mão-de-obra qualificada e dos respectivos salários. Esses fatos podem acarretar a redução na desigualdade salarial entre mão-de-obra qualificada e não qualificada em países em desenvolvimento. Entretanto, evidências empíricas da maioria dos países em desenvolvimento não têm logrado êxito em comprovar essas duas teorias (BAS, 2008).

Para se estabelecer uma ligação entre o comércio internacional do Brasil com o resto mundo, após o período de liberalização e desigualdade salarial em países em desenvolvimento, devem-se considerar outros mecanismos como os padrões tecnológicos de comércio internacional. É esperado que esses fatores devam impactar severamente a desigualdade salarial.

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Por exemplo, nos Estados Unidos não há uma clara evidência do declínio dos preços relativos de produtos intensivos em mão-de-obra não qualificada. Mas há sim uma crescente desigualdade salarial entre mão-de-obra qualificada e não qualificada. Esse fato não é condizente com a teoria de dotação dos fatores, pois a liberalização do comércio envolveria a realocação de mão-de-obra entre os setores (SADHUKHAN, 2012).

A rigidez e a existência de imperfeições no mercado de trabalho têm sido a causa dessa falta de realocação de mão-de-obra entre os setores nos países em desenvolvimento, segundo Revenga (1997), Hanson & Harrison (1999) e Topalova (2004).

Outra linha da literatura que explica a crescente desigualdade salarial foca nas políticas protecionistas de comércio. Ou seja, setores intensivos em mão-de-obra não qualificada são mais protegidos e, devido à liberalização do comércio, o salário dessa mão-de-obra é impactado pela queda salarial quando comparado com a mão-de-mão-de-obra qualificada, pelo corte de tarifas em produtos intensivos em mão-de-obra não qualificada, conforme evidenciado por Hanson & Harrison (1999), por Currie & Harrison (1997) e por Attanasio, Goldberg & Pavcnik (2004).

Além das teorias convencionais de comércio, que são altamente estilizadas em relação ao mundo real, é possível reconciliar as evidências sobre a desigualdade salarial com a teoria ao considerar extensões do modelo original. Por exemplo, um dos aspectos mais importantes do padrão recente de comércio internacional, que não mais se mantém, é a hipótese de tecnologia fixa.

A orientação tecnológica de um país pode ser alterada devido à redução da adoção de políticas protecionistas assim como por meio do aumento do comércio internacional, conforme estabelecido por Wood (1997) e por Robinson (1995). Essas mudanças no comércio induzidas pelas mudanças tecnológicas são, em maioria, viesadas em favor da mão-de-obra qualificada, ou seja, esse comércio viesado para a mão-de-obra qualificada em tecnologia –

trade induced skill biased technological change (SBTC) – demanda mais trabalho qualificado

do que não qualificado. Devido ao SBTC, o salário do trabalho qualificado deve aumentar quando comparado com o salário do trabalho não qualificado. Segundo Acemoglu (2003), os países em desenvolvimento aumentam a tecnologia existente por meio da importação, que se torna disponível a custos baixos devido à liberalização do comércio e ao aumento do fluxo de capitais. Nesse sentido, há uma justificativa plausível para as mudanças na desigualdade salarial.

(42)

Hanson (1997) argumentam que a expansão rápida do outsourcing ou da integração da

produção mundial explica, em parte, o aumento na demanda por mão-de-obra qualificada em países desenvolvidos. Esses países procuram a redução do custo da produção e esse fato interfere na demanda por mão-de-obra não qualificada dos países em desenvolvimento. Isso leva a uma redução na demanda por mão-de-obra não qualificada nos países desenvolvidos e a um aumento na desigualdade salarial. Por outro lado, países desenvolvidos terceirizam parte da produção em países em desenvolvimento, que é realizada por mão-de-obra qualificada desses países. Assim, o aumento da demanda por mão-de-obra qualificada em países em desenvolvimento aumenta a desigualdade salarial nesses países.

Himmels, Ishii & Yi (2001) sugerem que uma redução modesta nos custos do comércio pode levar a um aumento significativo no volume do comércio, estimulando a integração vertical2. Portanto, há um impacto do

outsourcing em termos de desigualdade

salarial, principalmente quando se refere a países em desenvolvimento.

Os resultados dessa literatura mostraram que a maioria do aumento da desigualdade salarial é devido a mudanças na estrutura de produção. Parte pode ser explicada por

outsourcing, que envolve mão-de-obra não qualificada em quantidade no processo produtivo

e que acaba sendo deslocado para países com mão-de-obra barata, como identificado por Miller (2001) e por Krugman (2008).

Alguns estudos empíricos têm tentado controlar os fatores que não são diretamente relacionados com o fluxo do comércio internacional. Nesses estudos foi utilizada a equação de salário mincerian (Mincer, 1997), que é baseada na teoria do capital humano em que

fatores como educação e experiência afetam a desigualdade salarial. Os trabalhos empíricos recentes que levaram em consideração o capital humano foram de Cragg & Epelbaum (1996) para o México, Attanasio et al. (2004) para a Colômbia, Gasparini (2004) para a Argentina e

Kijima (2006) para a Índia.

Aparentemente, pode haver alguma ligação entre o fato de países como a China, a Índia, o México e o Brasil terem aumentado seu comércio com países desenvolvidos e, concomitantemente, a desigualdade salarial nos Estados Unidos e na Europa ter também crescido. Entretanto, estudos empíricos como de Acemoglu (2002), Bergman et al. (1994),

Berman (1998), Autor et al. (1998) e Krugman (1997) mostraram que o comércio não é a

principal causa das desigualdades salariais, mas sim a mudança tecnológica. Há outros estudos que evidenciam não haver essa relação, ou seja, os salários relativos da mão-de-obra

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não qualificada caíram também em países em desenvolvimento e esse fato contradiz as previsões da teoria de Heckscher-Ohlin, conforme Hanson & Harrison (1995) e Berman, Bound & Machin (1997).

Conforme mencionado acima, mesmo que possa haver uma relação entre o comércio de países do norte e países do sul, há divergências empíricas nesse sentido. Assim, pode-se dizer que embora a teoria do comércio convencional Norte-Sul (NS) proposta por Krugman (1979) seja a explicação dominante para a desigualdade na literatura, a globalização não segue mais esse padrão de comércio.

Como países no sul são abundantes em mão-de-obra não qualificada, o comércio de produtos intensivos em mão-de-obra não qualificada não permite ganhos para esse tipo de qualificação do trabalho, que estaria melhor em relações de comércio entre países NS. Segundo Julien (2007), observa-se que um aumento da desigualdade dos salários em países em desenvolvimento é devido, em maior parte, à liberalização do comércio entre SS.

Outra visão da literatura tem mostrado que o comércio internacional pode afetar os incentivos em adotar e desenvolver novas tecnologias. Assim, a evidência empírica de que a tecnologia é altamente correlacionada com as mudanças nas diferenças salariais não indica que o comércio internacional não exerce influência nessa relação, mas sim que o comércio afeta a tecnologia e esta altera a demanda por mão-de-obra qualificada, como identificado por Butler & Dueker (1999) e Chusseau et al. (2007), por exemplo.

Reneen (2011) aponta que parte considerável das diferenças salariais é devido ao aumento da utilização de novas tecnologias, que, por sua vez, demandam mão-de-obra mais qualificada. Desde o início da década de 1990, o mercado de trabalho tornou-se mais polarizado. Trabalhos mais sofisticados foram afetados pela utilização de computadores, mas atividades não qualificadas não foram afetadas.

Portanto, as mudanças tecnológicas têm sido um dos fatores fundamentais que pode afetar os salários relativos. Há forte evidência internacional que sugere que a tecnologia, especialmente as mudanças neutras no sentido de Hicks, tem tido um significativo impacto negativo sobre os salários relativos da mão-de-obra não qualificada em países desenvolvidos, conforme constatado por Lawrence & Slaughter (1993), Berman, Bound & Griliches (1994), Baldwin & Cain (1997) e Bhagwati & Dehejia (1994).

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Winchester (2007) evidencia que um dos elementos que influenciam o diferencial salarial é a dotação dos fatores. Dessa forma, conclui que caso o comércio entre países desenvolvidos e em desenvolvimento prejudique a mão-de-obra não qualificada, isso resultará na adoção de políticas comerciais protecionistas. Por outro lado, se a desigualdade salarial for resultado do progresso tecnológico, os efeitos colaterais são mais facilmente aceitos.

Abdi e Edwards (2002) analisam a relação entre comércio, tecnologia, fatores de oferta e salário relativo da mão-de-obra não qualificada na África do Sul. Os resultados econométricos permitiram algumas conclusões. Uma delas, que tem pertinência com o escopo desse trabalho, é em relação ao declínio no emprego da mão-de-obra não qualificada. Segundo o artigo, tal queda tem relação com o mercado de trabalho e não com as relações de comércio como a liberalização e a alteração das tarifas.

Outros estudos, como os de Baldwin e Cain (1994) e Blanchflower e Slaughter (1998), sugerem que fatores institucionais e de oferta, como a alteração das dotações de mão-de-obra qualificada e não qualificada, a redução do poder de sindicatos e a queda dos salários mínimos representam forças relevantes para alterar os salários relativos.

Existe uma linha de pesquisa que examina o papel do crescimento chinês nas disparidades salariais. Segundo Feenstra (2009), em menos de três décadas a China obteve um papel não negligenciável no comércio internacional, tornando-se uma das maiores economias exportadoras bem como importadoras.

Bloom et al. (2009), por sua vez, sustentam que os estudos até então realizados sobre o

efeito das importações chinesas com relação às desigualdades salariais têm subestimado o impacto positivo do comércio chinês sobre o progresso tecnológico. Bloom et al. (2009)

estimaram o impacto do crescimento da importação chinesa usando um painel de aproximadamente 23.000 estabelecimentos europeus em 2007. Os principais resultados da competição da importação chinesa levaram a um aumento da tecnologia e ao realocamento de emprego que exige mão-de-obra mais intensiva em tecnologia. Esses efeitos estão aumentando à medida que o volume do comércio chinês cresce, contribuindo para o aumento de tecnologia em cerca de 30% nos últimos anos. Dessa forma, o comércio da China com países de baixos salários possui efeitos positivos para o progresso tecnológico.

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3.2 Algumas evidências empíricas dos diferenciais salariais no Brasil

Em 2006, Arbix (2008) identificou que o Brasil apresentou, em parte, um comportamento menos protecionista e tornou-se mais aberto às transformações devido ao comércio internacional. Essa constatação advém do fato de que os estudos do início da década de 1980 apresentavam relativo pessimismo quanto à capacidade da indústria brasileira, tendo em vista não somente o histórico de políticas comerciais protecionistas como também o legado da substituição de importações, a volatilidade macroeconômica e a intervenção excessiva dos governos (MOREIRA, 2007).

Embora as commodities ainda sejam responsáveis por parte significativa do progresso

identificado no comércio internacional, há a participação relevante dos produtos manufaturados (ARBIX, 2008). Por exemplo, em 2006, 54% das exportações brasileiras foram de bens manufaturados e não somente de commodities, como imaginado. Ademais,

aproximadamente 40% das exportações industriais apresentaram razoável grau de sofisticação. Alguns exemplos incluem equipamentos de aviação, especialidades químicas, automóveis e equipamentos de comunicação.

Entretanto, o mix dos produtos exportados brasileiros e do mundo é significativamente diferente. No mundo, cerca de 60% da pauta exportada é de produtos com alta intensidade tecnológica, ao passo que as commodities representam apenas 13% (ARBIX, 2008).

Ainda segundo Arbix (2008), os dados confirmam que o Brasil permanece competitivo em produtos intensos em recursos naturais e mão-de-obra, mas ressalta que as exportações recentes têm mostrado uma habilidade não esperada em bens com média e alta tecnologia.

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4 METODOLOGIA

4.1 Dados

Parte dos dados utilizados para este trabalho foi obtida por meio da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), que é um registro administrativo que deve ser preenchido e encaminhado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por todo estabelecimento formalmente constituído em território brasileiro. Logo, a RAIS tem como fonte básica de obtenção de dados os estabelecimentos. Esses dados são coletados no primeiro trimestre de cada ano, referindo-se ao ano anterior, e servem de base para os cálculos referentes ao pagamento do Abono Salarial.

A princípio, a RAIS cobre os estabelecimentos existentes no país, não havendo, portanto, limite quanto ao número de vínculos empregatícios. Porém, uma parte significativa dos estabelecimentos não possui vínculo empregatício ao longo do ano. Como as informações requeridas pela RAIS exigem o cumprimento da legislação trabalhista, há tendência de não declaração pelos estabelecimentos que não a cumprem. Pela mesma razão, é possível que empresas informem menos vínculos do que efetivamente possuem, provavelmente porque o número de empregados contratados, respeitando as regras, é menor que o número de pessoas efetivamente empregadas pelo estabelecimento. Ainda assim a RAIS pode ser considerada uma representação acurada do mercado de trabalho formal.

A RAIS existe desde 1976, mas somente na década de 1990 sua cobertura passou a ser considerada confiável. Estima-se que, a partir desse período, cerca de 90% dos estabelecimentos formais existentes no país passaram a preencher esse registro administrativo regularmente (RIBEIRO e SILVA JR, 2012).

Esta análise emprega dados da RAIS de 1996 a 2011. Os dados obtidos foram de escolaridade, de faixa etária e de gênero, conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas, CNAE 95, para o período compreendido de 1996 a 2005 e CNAE 2.0 para 2006 a 2011.

Neste trabalho será utilizada a abordagem de Gonzaga et al. (2004) quanto ao fato de

adotar o nível de escolaridade como melhor proxy para qualificação.

Ainda há outras questões quanto às variáveis de qualificação da mão-de-obra. Além dessa já mencionada, existem divergências com relação à separação entre mão-de-obra qualificada e não qualificada. Segundo Servo et al. (2001), não existe um critério claro quanto

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menos o ensino superior. No nível média estão incluídos aqueles que possuem pelo menos o

ensino médio e para o nível baixa, são adicionados os demais casos excluídos e os

analfabetos.

Outra parte dos dados foi obtida via Secretaria de Comércio Exterior - Secex, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, na parte relacionada às estatísticas de comércio exterior.

Os dados obtidos foram referentes às exportações e importações brasileiras agregadas por padrão tecnológico para o período compreendido entre 1996 a 2011. A classificação adotada pela Secex segue o padrão adotado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE.

A classificação da OCDE, por intensidade tecnológica, utiliza a intensidade em P&D para classificar os setores industriais. Dessa forma, baseada no indicador de intensidade de P&D (gastos de P&D/valor adicionado ou gastos de P&D/produção), a OCDE classifica os setores em quatro grupos principais:

 Alta Intensidade Tecnológica: aeroespacial, farmacêutica, informática, eletrônica e telecomunicações e instrumentos;

 Média-Alta Intensidade Tecnológica: material elétrico, veículos automotores, química

– excluído o setor farmacêutico –, ferroviário e de equipamentos de transporte, máquinas e equipamentos, editorial e gráfica;

 Média-Baixa Intensidade Tecnológica: construção naval, borracha e produtos plásticos, coque, produtos refinados de petróleo e de combustíveis nucleares, outros produtos não metálicos, metalurgia básica e produtos metálicos; e

 Baixa Intensidade Tecnológica: reciclagem, madeira, papel e celulose, alimentos e bebidas, fumo, têxtil, confecção, couro e calçados, outros.

Por meio da classificação por intensidade tecnológica é possível identificar algumas diferenças estruturais entre o padrão de esforços de inovação e de mudança tecnológica de países desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo que a intensidade tecnológica descreve, em geral, a velocidade de deslocamento da fronteira tecnológica internacional.

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Para as variáveis de comércio exterior, optou-se por seguir Bas (2008), de modo que foram utilizadas as importações e exportações. Quanto à segregação em diferentes níveis de tecnologia, optou-se por adotar Sadhukhan (2012), uma vez que o autor inclui variáveis

dummies para cada nível e realiza a interação com as variáveis de importação e de exportação.

Por fim, a correspondência entre a classificação da Secex e da RAIS encontra-se disponível no anexo deste trabalho.

4.2 Exportações e importações brasileiras dos setores industriais por intensidade tecnológica de 1996 a 2011

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Tabela 5: Exportação brasileira dos setores industriais por intensidade tecnológica (US$ milhões FOB; 1996-2011)

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4.3 Especificação das regressões

A partir das informações acima descritas, foram construídas variáveis que podem ser divididas em dois tipos: níveis de escolaridade e comércio exterior. As primeiras foram assim constituídas:

a) w_alta: representa o salário médio real das pessoas que possuem graduação ou escolaridade superior.

b) w_média: representa o salário médio real das pessoas que possuem escolaridade média (segundo grau ou ensino médio).

c) w_baixa: representa o salário médio real das pessoas que possuem escolaridade baixa, ou seja, até a 8ª série do ensino fundamental, desconsiderando-se os analfabetos. d) Ps_am: prêmio salarial entre escolaridade alta e média.

e) Ps_ab: prêmio salarial entre escolaridade alta e baixa. f) Ps_mb: prêmio salarial entre escolaridade média e baixa.

As variáveis de comércio exterior são as seguintes:

a) Exp_dat: exportações realizadas pelo Brasil, em bilhões de reais, de produtos industriais de alta tecnologia.

b) Exp_dmat: exportações realizadas pelo Brasil, em bilhões de reais, de produtos industriais de média-alta tecnologia.

c) Exp_dmbt: exportações realizadas pelo Brasil, em bilhões de reais, de produtos industriais de média-baixa tecnologia.

d) Imp_dat: importações realizadas pelo Brasil, em bilhões de reais, de produtos industriais de alta tecnologia.

e) Imp_dmat: importações realizadas pelo Brasil, em bilhões de reais, de produtos industriais de média-alta tecnologia.

f) Imp_dmbt: importações realizadas pelo Brasil, em bilhões de reais, de produtos industriais de média-baixa tecnologia.

4.4 Modelos a estimar

Trata-se de dados em painel abrangendo um período de 16 anos (1996 a 2011) e que, considerando os 4 padrões tecnológicos e os 19 setores, resultaram em uma dimensão transversal de 304 setores/padrões tecnológicos, listados no apêndice 1. As regressões de dados em painel possuem efeitos fixos dos 19 setores.

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a) Psk = f (Imp, Exp, fei),

onde k é a indicação dos níveis de escolaridade e i são os setores segregados por

padrão tecnológico. b) Psk = f (Expi, fei),

onde k é a indicação dos níveis de escolaridade, s são os setores segregados por padrão

tecnológico e i são os setores industriais.

c) Psk = f (Impi, fei),

onde k é a indicação dos níveis de escolaridade, s são os setores segregados por padrão

tecnológico e i são os setores industriais.

Para a regressão a, espera-se que tanto a importação quanto a exportação contribuam

para aumentar a diferença salarial.

Já para a regressão b, as exportações brasileiras são de produtos de baixa tecnologia,

ao passo que as importações ocorrem em produtos de alta tecnologia. O padrão das exportações aumenta a remuneração da mão-de-obra estrangeira, reduzindo o nível salarial da mão-de-obra brasileira.

E para a regressão c, com as importações de alta tecnologia, há maior demanda por

mão-de-obra qualificada, reduzindo o nível salarial da mão-de-obra, independentemente do grau de escolaridade, uma vez que as importações não exigem mão-de-obra qualificada, mas sim apenas a montagem, caracterizando o fenômeno do outsourcing. Isso procede em

decorrência do processo de globalização que intensifica as relações de trabalho.

4.5 Estatísticas descritivas

A principal constatação das estatísticas descritivas é a identificação de que, antes de se analisar os diferenciais de salário entre os níveis de escolaridade e a influência das importações e das exportações para acentuar ou atenuar esses efeitos, há diferenciais em cada grupo.

Tabela 7: Prêmio salarial dos graus de escolaridade em SM no Brasil (1996-2011)

Categoria Média Desvio-Padrão

(53)

Tabela 8: Exportação e importação segregadas por padrão tecnológico em bilhões de reais no Brasil (1996-2011)

Categoria Média Desvio-Padrão

Exportações 4,25 6,033

Importações 4,172 4,999

Exportações de Produtos Industriais de Alta

Tecnologia 0,366 0,943

Exportações de Produtos Industriais de Média-Alta

Tecnologia 1,214 2,977

Exportações de Produtos Industriais de Média-Baixa

Tecnologia 1,031 3,212

Exportações de Produtos Industriais de Baixa

Tecnologia 1,638 5,392

Importações de Produtos Industriais de Alta

Tecnologia 1,019 2,256

Importações de Produtos Industriais de Média-Alta

Tecnologia 1,981 4,993

Importações de Produtos Industriais de Média-Baixa

Tecnologia 0,783 2,386

Importações de Produtos Industriais de Baixa

Tecnologia 0,388 0,997

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da base Secex (2012).

Pelos gráficos 17 e 18 identifica-se que a escolaridade alta tem sido mais bem remunerada do que a escolaridade média e baixa, entretanto, há uma tendência de queda no decorrer do período analisado.

Gráfico 17: Dispersão entre período e prêmio salarial em salário mínimo por nível de escolaridade no Brasil (1996-2011)

(54)

Gráfico 18: Dispersão entre período e exportação e importação em bilhões de reais no Brasil (1996-2011)

Imagem

Gráfico 1: Alterações no PIB em % a preços constantes no mundo (1995-2010)
Gráfico 3: Crescimento salarial em % por regiões do mundo (2000-2009)
Gráfico 11: Crescimento em volume do comércio mundial e do PIB (em taxas  percentuais anuais; 2000-2011)
Gráfico 12: Volume mundial de bens exportados (índice 1990=100; 1990-2011)
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Referências

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