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Autoeficácia do desempenho das funções cognitivas de memória e atenção em idosos

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Academic year: 2017

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Gerontologia

AUTOEFICÁCIA DO DESEMPENHO DAS FUNÇÕES

COGNITIVAS DE MEMÓRIA E ATENÇÃO EM

IDOSOS

Autora: Angela Maria Sacramento

Orientadora: Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas

Co-orientadora: Profª. Drª. Gislane Ferreira Melo

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7,5cm

S123a Sacramento, Angela Maria.

Autoeficácia do desempenho das funções cognitivas de memória e atenção em idosos./Angela Maria Sacramento – 2014.

141f.;il.:30cm

Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2014. Orientação: Profa. Dra. Carmen Jansen Cárdenas

Co-orientação: Profa. Dra. Gislane Ferreira Melo

1. Gerontologia. 2. Envelhecimento. 3. Autoeficácia. 4. Cognição. I. Cárdenas, Carmen Jansen, orient. II. Melo, Gislane Ferreira, co-orient. III. Título.

CDU613.98

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ANGELA MARIA SACRAMENTO

AUTOEFICÁCIA DO DESEMPENHO DAS FUNÇÕES COGNITIVAS DE MEMÓRIA E ATENÇÃO EM IDOSOS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia.

Orientadora: Profa. Dra Carmen Jansen Cárdenas Co-orientadora: Profa. Dra Gislane Ferreira Melo

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Ao meu pai Aristeu e minha mãe Mércia, que nos momentos mais difíceis da minha vida, sempre me carregaram no colo e me protegeram com seu amor incondicional; e que nunca me permitiram desistir e de acreditar em mim mesma.

“Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, o s sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir! Não tenha medo dos tropeços da jornada. Não se esqueça que você, ainda que incompleto, foi o maior aventureiro da História(sua)”

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AGRADECIMENTO

Agradecer é uma tarefa difícil, pois nem sempre as palavras conseguem expressar o que verdadeiramente estamos sentindo. Ao longo desta trajetória tive oportunidade de conhecer e conviver com diversas pessoas, mas algumas delas foram realmente muito especiais. Chegou o momento de dizer muito obrigada.

Primeiramente a Deus, que me guiou e me iluminou neste longo caminho, sem Ele nada seria possível.

À professora Dra Carmen Jansen Cárdenas, minha orientadora e mestre, quem e transmitiu a segurança necessária para enfrentar o meu caminho e seguir, na qual incluo nossos encontros; sabedoria, amizade, compreensão, alegria, sinceridade, apoio, incentivo e tranquilidade. Carmen, principalmente, obrigada por acreditar no meu sonho, pela sua poética e precisa orientação, disponibilidade, paciência, pelo aprendizado, por tudo...A você minha admiração e gratidão.

À professora Gislane Melo, que ao longo destes dois anos acolheu minhas dúvidas, compartilhou sua companhia, conhecimento de forma tão simples e com tanta sabedoria. Saiba que nesta vitória você tem grande participação e, principalmente, obrigada por permitir a convivência entre nós, e pela co-orientação.

Às minhas companheiras e amigas do mestrado – Analise, Débora, Maria Cristina, Marina, Viviane e as caçulinhas Amanda e Lenice, meu obrigada pelos momentos de aflição que passamos juntas, mas com muito bom humor, com ajuda, cumplicidade e, principalmente, pela amizade que construímos nestes meses de convívio.

À Isabela, Tatiane e Julie, amigas incondicionais, que sempre me apoiaram, me ajudaram com uma palavra amiga, com um sorriso...Obrigada também pelos momentos que ficaram sobrecarregadas, para que eu pudesse ir atrás deste sonho que é o mestrado. Não posso esquecer a parceria nos inúmeros momentos que leram e releram o que eu escrevia.

Obrigada as professoras Dra. Karla Vilhaça, que de forma direta e indiretamente me ajudou na construção deste meu projeto.

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“O envelhecimento útil e feliz não pode ser apenas um mito. Cabe à sociedade a responsabilidade de redefinir, sócio e culturalmente, o significado da velhice, possibilitando a restauração da dignidade para esse grupo etário. Cabe a cada idoso o compromisso de lutar, pois se a sociedade inventou a velhice, devem os idosos reinventar a sociedade”.

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RESUMO

SACRAMENTO, Angela Maria. Autoeficácia do desempenho das funções cognitivas de memória e atenção em idosos. 2014. 141páginas. Dissertação de Mestrado. Mestrado em Gerontologia. Universidade Católica de Brasília. Brasília. 2014.

O mundo como um todo passou a olhar o processo de envelhecimento na perspectiva possível de viver com prazer, com satisfação, com realização profissional e pessoal. O estudo do envelhecimento cognitivo torna-se importante, considerando que o avanço da idade é um fenômeno associado ao aumento da vulnerabilidade e da disfuncionalidade, como também pode estar relacionado a autoeficácia do declínio da memória, queixa mais comum entre os idosos. Outro ponto é em relação ao processo de envelhecimento das habilidades da atenção, que também tem seu declínio em virtude do envelhecimento, mas que não há uma queixa por parte dos idosos. O objetivo deste estudo foi pesquisar a autoeficácia, desempenho cognitivo da atenção e memória, em idosos. Os objetivos específicos foram verificar se a autoeficácia do desempenho cognitivo em idosos é similar ao seu real desempenho; comparar a autoeficácia da capacidade cognitiva da atenção e memória com o seu real desempenho, para verificar se com o avanço da idade elas se alteram; verificar se as condições sociodemográficas interferem na autoeficácia e/ou no real desempenho cognitivo. É uma pesquisa quantitativa, exploratória e transversal, a amostra foi composta por 110 idosos com média igual a 70,25anos (60-93anos), sendo 90% do sexo feminino com escolaridade igual a 69,1% com ensino fundamental incompleto. Os instrumentos utilizados foram: questionário sociodemográfico, escala de autoeficácia geral percebida, teste de percepção subjetiva da memória, questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva, Teste deT rilhas A e B, Teste de Cancelamento, Teste Stroop, Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey, Teste de Reconhecimento de Figuras e Span Dígitos. Mediante os resultados observa-se que o tipo de memória mais comprometida, com o envelhecimento, é a memória de trabalho, bem como o envelhecimento normal pode ser acompanhado por um declínio atencional, no qual os lapsos de atenção podem ser a causa das queixas de falta de memória entre os idosos. Isto traduz uma diminuição, entre os idosos, na capacidade de codificar e na habilidade para manipular as informações a serem memorizadas, o que pode demonstrar que a habilidade da memória de trabalho pode sofrer influência com o avanço da idade, mas sendo as habilidades atencionais as mais vulneráveis neste processo. Na perspectiva da autoeficácia, os idosos apresentaram uma percepção subjetiva de autoeficácia geral alta, em contrapartida uma percepção negativa da autoeficácia da memória associada às queixas de falha de memória. Isto se justifica porque a sociedade atual, ainda mantém o estigma que a pessoa idosa não tem a capacidade de aprender, e mais ainda, que todo idoso tem problema de memória. Ou seja, é importante desmistificar constructos sociais de que o envelhecimento é sinônimo somente de um processo progressivo de declínio, e principalmente que a pessoa idosa perde a sua capacidade de aprendizagem. Por fim, pensar em ações e políticas públicas no sentido de transformar paradigmas acerca da pessoa idosa, no sentido de valorizar e, porque não, potencializar as capacidades que o idoso apresenta ao longo da vida.

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ABSTRACT

The world as a whole started to look at the aging process in the possible prospect of living with pleasure, with satisfaction, professional and personal fulfillment. The study of cognitive aging becomes important, considering that increasing age is a phenomenon associated with increased vulnerability and dysfunctionality, but may also be related to self-efficacy of the decline of memory, the most common complaint among the elderly. Another point is in relation to the aging of the skills of attention, which also has its decline because of aging, but there is no complaint from older process. The aim of this study was to investigate self-efficacy cognitive performance in attention and memory in the elderly. Specific objectives were to determine whether self-efficacy in cognitive performance in the elderly is similar to their actual performance, comparing self-efficacy in cognitive abilities of attention and memory with their actual performance, to verify that with advancing age they change; check sociodemographic conditions affect self-efficacy and/or actual cognitive performance. It is a quantitative, exploratory and transversal research sample consisted of 110 elderly individuals with a mean of 70.25 years (60-93years), with 90% of females, equal to 69.1% with primary school education incomplete. The instruments used were: sociodemographic questionnaire, scale of perceived general self-efficacy, perception of subjective memory test, questionnaire for Prospective and Retrospective memory, trail Making test A and B, Cancellation test, the Stroop Test, List of Auditory-Verbal Learning Rey, test Recognition and Figures Digit Span. From the results, it is observed that the type of memory most affected with aging, working memory, as well as normal aging may be accompanied by an attentional decline, in which lapses of attention may be the cause of shortness of memory among the elderly. This reflects a decline among the elderly, the ability to encode and the ability to manipulate the information to be stored, which can demonstrate that the ability of working memory can be influenced with advancing age, but with the ability to attentional most vulnerable in this process. From the perspective of self-efficacy, the seniors have a high-perceived general self-self-efficacy, an offsetting negative perception of self-efficacy associated memory complaints of memory failure. This is justified because the current society still holds the stigma that the elderly person does not have the ability to learn, and even more, that every senior has memory problem. That is, it is important to demystify social constructs that aging is synonymous only a gradual process of decline and especially the elderly person loses their ability to learn. Finally, think about actions and policies to transform paradigms concerning the elderly, in order to value and why not lever age the capabilities that the elderly presents lifelong

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Esquema dos mecanismos atencionais

Figura 2 Regiões corticais envolvidas nas habilidades atencionais

Figura 3 Modelo Aktinson e Schiffrin– 1968

Figura 4 Fluxograma da Memória de Trabalho

Figura 5 Esquema da Memória de Trabalho

Figura 6 Estruturas do neocórtex envolvidas na memória episódica

Figura 7 Áreas corticais memória semântica

Figura 8 Tipos de memória declarativa e não-declarativa

Figura 9 Modelo Baddeley da Memória

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LISTA DE TABELA

Tabela1 Dados demográficos de escolaridade e profissão

Tabela 2 Valores descritivos do Teste de Trilhas A e B

Tabela 3 Desempenho dos idosos no Teste de Trilhas A e B, conforme escolaridade

Tabela 4 Quartil Trilha A

Tabela 5 Quartil Trilha B

Tabela 6 Dados descritivos do Teste Atenção de Cancelamento

Tabela 7 Análise quartil Teste Cancelamento

Tabela 8 Desempenho dos homens e mulheres no Teste de Cancelamento

Tabela 9 Desempenho dos idosos na variável idade, no Teste Stroop

Tabela 10 Desempenho dos idosos no RAVLT

Tabela 11 Resultados do RAVLT, por faixa etária

Tabela 12 Resultados do Testes de Reconhecimento de Figuras

Tabela 13 Desempenho no Teste de Reconhecimento de Figuras por faixa etária

Tabela 14 Desempenho no teste de Reconhecimento de figuras

Tabela 15 Resultados Span Dígitos

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Desempenho no teste Trilha A

Gráfico 2 Curva de normalidade do desempenho dos idosos na trilha A

Gráfico 3 Desempenho Teste Trilha B

Gráfico 4 Curva de normalidade do desempenho da trilha B

Gráfico 5 Desempenho trilha A, segundo escolarização

Gráfico 6 Desempenho trilha B, segundo escolarização

Gráfico 7 Desempenho Teste Atenção Cancelamento

Gráfico 8 Desempenho dos idosos no Teste de Cancelamento, na curva de normalidade

Gráfico 9 Desempenho dos homens e mulheres no Teste de Cancelamento

Gráfico 10 Desempenho dos idosos no Teste Stroop– cartão 1

Gráfico 11 Curva de desempenho dos idosos no Teste Stroop– cartão 1

Gráfico 12 Desempenho dos idosos no Teste Stroop– cartão2

Gráfico 13 Desempenho dos idosos no Teste Stroop– cartão3

Gráfico 14 Efeito Stroop, por faixa etária

Gráfico 15 Desempenho dos idosos de 60– 69 anos, no RAVLT

Gráfico 16 Desempenho dos idosos de 70– 79 anos no RAVLT

Gráfico 17 Desempenho dos idosos acima de 80anos no RAVLT

Gráfico 18 Índice de aprendizagem, variável idade

Gráfico 19 Índice de aprendizagem e a variável escolaridade

Gráfico 20 Índice aprendizagem e escolarização

Gráfico 21 Desempenho memória de trabalho, memória a longo prazo e reconhecimento

Gráfico 22 Desempenho RAVLT e Teste de Reconhecimento de Figuras

Gráfico 23 Desempenho Teste de Reconhecimento de Figuras

Gráfico 24 Distribuição dos quartis no teste de reconhecimento de figuras

Gráfico 25 Comparativo desempenho do teste de reconhecimento de figuras

Gráfico 26 Desempenho Span Dígitos e distribuição sexo

Gráfico 27 Percepção da autoeficácia geral em idosos e adolescentes

Gráfico 28 Distribuição desempenho EAEGP na curva de normalidade

Gráfico 29 Desempenho do teste de percepção subjetiva de memória

Gráfico 30 Comparação do desempenho do EAEGP e MAC-Q

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

Aproximação do Tema e Motivação ... 12

Justificativa ... 13

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 15

2.1 ENVELHECIMENTO ... 15

2.2 COGNIÇÃO ... 17

2.2.1 Atenção: perspectivas conceitual e avaliativa ... 18

2.2.1.1 Histórico ... 18

2.2.1.2 Neurobiologia da atenção ... 20

2.2.1.3 Definição da Atenção e Mecanismos Atencionais... 21

2.2.2.Memória ... 26

2.2.2.1 Memória e Envelhecimento ... 37

2.3 AUTOEFICÁCIA E ENVELHECIMENTO ... 39

3 OBJETIVOS ... 43

3.1 Objetivo Geral ... 43

3.2 Objetivos Específicos ... 43

4 MATERIAIS E MÉTODOS ... 44

4.1. Tipo de Estudo ... 44

4.2 Amostra... 44

4.2.1. Critérios de Inclusão ... 45

4.2.2. Critérios de Exclusão ... 45

4.3 Considerações Éticas ... 45

4.4 Procedimentos ... 45

4.5 Instrumentos ... 46

4.5.1 Questionário Sociodemográfico ... 16

4.5.2 Teste das Trilhas A e B ... 46

4.5.3 Teste Cancelamento ... 46

4.5.4 Teste STROOP ... 47

4.5.5 Lista de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey ... 48

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4.5.7 Span Dígitos ... 49

4.5.8 Escala Autoeficácia Geral Percebida ... 49

4.5.9 Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva ... 50

4.5.10 Teste de Percepção Subjetiva da Memória ... 50

4.6 Análise Estatística ... 51

5 RESULTADOSE DISCUSSÃO ... 52

6 CONCLUSÃO ... 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 100

APÊNDICE I ... 108

APÊNDICE II ... 110

ANEXO I ... 112

ANEXO II ... 116

ANEXO III ... 125

ANEXO IV ... 128

ANEXO V ... 130

ANEXO VI ... 133

ANEXO VII ... 134

ANEXO VIII ... 135

ANEXO IX ... 136

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1 INTRODUÇÃO

Aproximação do Tema e Motivação:

Esta pesquisa nasceu de uma busca pessoal, motivada pela curiosidade, para conhecer e compreender o processo do declínio das habilidades cognitivas que ocorre em idosos e o mecanismo da autoeficácia. Essas inquietudes se iniciaram na minha formação em Terapia Ocupacional, primeiro momento de contato com o universo da Gerontologia, bem como com a neuroanatomia, neurociência e a compreensão do funcionamento do cérebro. Por meio da experiência profissional, numa Instituição (hospital) de reabilitação, os questionamentos só aumentaram, principalmente pelo fato de atuar com a população de idosos que apresentavam sequelas de lesão cerebral.

Na minha prática profissional, pude entrar em contato com os conhecimentos do campo da neurociência, o que aguçou ainda mais a minha curiosidade e interesse. O trabalho na área de reabilitação com idosos, com seqüelas de lesão cerebral, deixou um legado que carregarei para o restante da minha vida profissional, que foi o desabrochar e porque não dizer o apaixonar-se pelo trabalho com idosos, aliado ao mundo da neurociência.

O trabalho de treze anos com esta população fez com que eu permeasse por estes dois mundos tão complexos, diversificados e ao mesmo tempo singulares – o universo do envelhecimento e o das habilidades cognitivas. Os estudos pelo campo da neurociência foi o caminho inicial para começar a desvendar estes enigmas tão complexos que é o cérebro humano, desde seu nascimento, passando pelo seu desenvolvimento e culminando do inexorável processo de envelhecimento. A sede do conhecimento, associada às inúmeras indagações, advindas da prática profissional, permeavam cada vez mais o meu cotidiano, as minhas inquietudes me desafiavam para a busca de uma saber mais profundo e ao mesmo tempo abrangente e multidimensional.

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Justificativa

Ao longo das últimas décadas, o mundo como um todo passou olhar a etapa da velhice e o processo de envelhecimento na perspectiva possível de viver com prazer, com satisfação, com realização profissional e pessoal (MENDES, 2005), abrindo um espectro de possibilidades por meio do potencial de cada pessoa e do contexto em que ela vive, deixando de enfatizar, de forma nebulosa e negativa, essa etapa da vida.

Juntamente a essa nova dimensão, observa-se uma concepção mais entrelaçada as potencialidades dos idosos, com ênfase na capacidade das habilidades cognitivas, bem como a autoeficácia destes idosos frente ao seu desempenho na habilidade da memória. Assim, tornam-se relevantes os estudos sobre aspectos cognitivos em idosos, de forma a avaliar os fatores relacionados ao envelhecimento cognitivo e a ampliar o conhecimento sobre a prevalência, a prevenção e a reabilitação das capacidades cognitiva da memória e da atenção, na população mais velha.

O estudo do envelhecimento cognitivo torna-se cada vez mais importante, considerando que o avanço da idade é um fenômeno associado ao aumento da vulnerabilidade e da disfuncionalidade, como também pode estar relacionado a alterações da percepção da autoeficácia do declínio da memória, queixa mais comum entre os idosos (ARGIMON; STEIN, 2005).

Assim, muitos dos estudos surgem destas queixas da percepção subjetiva (autoeficácia), mas um questionamento é se esta autoeficácia também não sofre ação do processo de envelhecer? Outro ponto relevante é em relação ao envelhecimento das habilidades cognitivas, como a atenção, que também tem seu declínio em virtude do envelhecimento (NAHAS; XAVIER, 2006), mas que não há uma queixa efetiva, por parte dos idosos.

Para o profissional da área da saúde e em especial da Gerontologia, o estudo das mudanças das habilidades cognitivas ocorridas em decorrência ao processo de envelhecimento, contribui para a compreensão do desenvolvimento humano, a fim de distinguir o limiar das alterações normais das patológicas, deste processo. O conhecimento destas características também pode permite o desenvolvimento de estratégias de prevenção, estimulação, propiciando assim, cada vez mais um envelhecimento saudável.

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escassez de estudos que direcionem os holofotes na cognição do idoso, englobando outras funções além da memória.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ENVELHECIMENTO

O aumento da longevidade não é um fenômeno restrito ao Brasil, mas sim um movimento demográfico mundial. Dentre as inúmeras alterações, que contribuíram para este fenômeno, no Brasil, temos os dados que se referem à queda na taxa da fecundidade, segundo IBGE 2010 (de 5,8 filhos, por mulher em 1970 para 2,38 em 2001 e 1,38 em 2010), da mortalidade infantil, da melhoria das condições de saneamento, dos avanços na medicina e da tecnologia (RODRIGUES; RAUTH, 2006). Segundo dados do último censo (2010), a expectativa de vida em 1960 era de 41 anos e em 2010 passou para 75 anos, ou seja, em menos de 50 anos a expectativa de vida quase dobrou, isto no plano demográfico é um crescimento muito grande num curto espaço de tempo (IBGE, 2010).

Considerando aspectos demográficos, envelhecer significa aumentar o número de anos vividos, porém, compreender o conceito de envelhecimento, envolve outros aspectos. O processo de envelhecimento é caracterizado como uma etapa natural da vida do homem em que ocorrem mudanças físicas, psicológicas e sociais, que acometem, de forma particular, cada indivíduo com sobrevida prolongada (MENDES, 2005; RODRIGUES; SOARES, 2006). Ele ainda pode ser compreendido como um processo que vai sendo construído no transcorrer da existência humana, sendo que o envelhecimento bem sucedido está diretamente relacionado com o processo adaptativo dos idosos, na qual conseguem se adaptar às inúmeras situações de ganhos e perdas com que se deparam (REIS et al., 2007).

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Assim, a atenção à pessoa idosa sofre uma transformação, na qual há a expansão da assistência e dos estudos, a abordagem envolve, agora, o plano multidimensional, englobando outros profissionais da saúde, além do médico. Este novo paradigma abrange o processo de envelhecimento multifatorial, num espectro mais amplo, com envolvimento das várias áreas do conhecimentos e profissionais – e a Gerontologia é a ciência que abrange este conceito tão amplo e complexo (RODRIGUES; RAUTH, 2006). Neste modelo, a metodologia é focada no processo das interrelações dos vários conhecimentos científicos dos profissionais e é justamente esta compreensão da intersecção dos vários olhares, sobre o mesmo objeto (envelhecimento), que constrói o eixo fundamental desta ciência pluralista e interprofissional (PAPÉLEO NETTO, 2007).

Nesta perspectiva, a visão multidimensional do envelhecimento é fundamental, pois os idosos são amplamente acometidos em sua saúde por doenças de caráter crônico e progressivo, que envolvem comprometimentos dos sistemas vascular, articular e nervoso, dentre outros (CORREIA, 2003). O processo do envelhecimento cerebral e cognitivo envolve vários aspectos e particularidades, que resulta num quadro variado do envelhecimento e a cognição do idoso (MOURA, 2006). Desta forma, existem alguns fatores como a genética, nível educacional, capacidade de adaptação biológica, comorbidades e alterações psicológicas, que podem interferir na forma do envelhecimento cerebral, na qual implicarão nas diferenças individuais deste processo de envelhecer (MOURA, 2006).

Portanto, o envelhecimento passou a ser um processo multidimensional, subjetivo e que sofre interferência direta conforme a história do indivíduo, da sua capacidade de lidar com as situações adversas, da cultura, além das suas condições genéticas. A diversidade deste processo faz com que o idoso tenha atenção do Estado, da família e da sociedade de forma ampla e diversificada, sendo cada vez mais relevante a atuação de equipes interdisciplinares mediante o cuidado global deste idoso, na promoção e melhoria da qualidade de vida.

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interrelação entre as habilidades e os aspectos socioculturais que possuem influência direta sobre seu desenvolvimento e envelhecimento.

2.2COGNIÇÃO

O processo de envelhecimento fisiológico apresenta um declínio gradual das funções cognitivas, sendo a diminuição da memória, a que mais se destaca na atenção da população em geral, já que compromete pequenas tarefas relativas às atividades básicas de vida diária (BRITO, 2010). A manutenção da cognição é um componente importante da qualidade de vida e longevidade na velhice, uma vez que o declínio cognitivo está associado a desconforto pessoal, perda de autonomia e aumento dos custos sociais (FORTES, 2005; NERI, 2006).

Um dos grandes desafios dos estudiosos na atualidade se encontra na caracterização dos limites entre o normal e o patológico, quando se trata da cognição no idoso, já que o envelhecimento cerebral vem acompanhado de alterações que se superpõem aos quadros de demência, em especial a Doença de Alzheimer (DAMASCENO,1999; BRITO, 2010). Por algum tempo, considerou-se a condição cognitiva do idoso como conseqüência de um processo de declínio acumulativo. Porém, após os anos de 1970, passou-se a assumir a condição cognitiva como um processo multidimensional, multifatorial, com trajetórias individuais (BRITO, 2010; CORREA, 2010).

Segundo Christensen (2006), as alterações cognitivas nos idosos não são estáticas e unitárias, sendo que algumas habilidades declinam mais rapidamente do que as outras, ressaltando que existem habilidades que se mantêm estáveis (linguagem e julgamento) ao longo de toda a vida. As alterações cognitivas sofrem relação direta de duas variáveis que são: qualidade e quantidade da estimulação que o idoso foi disposto ao longo de sua vida

A cognição evolui desde o nascimento, atingindo o seu pico por volta dos 30 anos, e continuam estáveis até por volta dos 50 e 60 anos. O declínio das habilidades cognitivas inicia-se em torno dos 60 anos, sendo que a partir dos 70 anos, estas perdas têm seu processo acelerado (CANCELA, 2007).

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Uma das habilidades cognitivas que exerce destaque e funciona como alicerce para o desenvolvimento e compreensão das outras capacidades cognitivas, é a atenção, por este fato a habilidade atencional será a primeira a ser referenciada.

2.2.1 Atenção: perspectiva conceitual e avaliativa.

2.2.1.1Histórico

De acordo com Nahas e Xavier (2004), o primeiro pesquisador a conceituar os processos atencionais como resultado de atividades internas e como algo que é percebido, foi W. James, em 1890. Por outro lado, Helmholtz, em 1894, definiu a atenção como uma força interna que determina e direciona a percepção. Por volta da década de 1920, houve um decréscimo no interesse pelos estudos, com o advento do behaviorismo. Somente no período da II Guerra Mundial, houve a necessidade de se operarem torres de controle e redes de comunicação mais eficientes, na qual a atenção passou a ser um fenômeno de interesse das ciências, haja vista a limitação na capacidade humana para trabalhar com muitas informações (STERNBERG, 2008). Assim, na década de 1950, os estudos sobre atenção visavam, predominantemente, verificar o grau de capacidade de manipulação de informações do sistema nervoso central. Ao verificar as limitações existentes, surgiram teorias dos processos atencionais, sendo que, algumas delas serão descritas brevemente, para a compreensão da atenção no envelhecimento (NAHAS; XAVIER, 2006).

Em 1958, Boadbent, descreveu umas das primeiras teorias dos processos atencionais, denominada de Teoria do Filtro Atencional. De acordo com esse pressuposto teórico, as informações do meio, entram paralelamente no sistema, pelos canais sensoriais e chegam ao filtro de atenção, que tem a propriedade de selecionar os estímulos com base em características específicas. Após esta seleção, as informações são transferidas para o sistema seguinte, responsável pela transformação adicional da informação, incluindo sua categorização e/ou reconhecimento. Desse modo, alguns estímulos atingem níveis mais elevados de processamento, como a percepção, enquanto outros são descartados pela filtragem, ainda no nível sensorial. A necessidade de um filtro é para compensar a capacidade limitada da atenção (GWRYSSWSKI, L.G.; CARREIRO, 1998, STERNBERG, 2008).

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pressuposto, o filtro bloqueador ocorre após a análise sensorial, na qual todas as mensagens passam por alguma análise perceptual, e as informações não relevantes são descartadas, pelo mecanismo de filtragem. Embora haja diferenças, tanto a Teoria do Filtro como a Teoria Atencional da Seleção da Resposta, observa-se um ponto de congruências entres elas, que é a existência de um sistema selecionador das informações. Sendo que a diferença entre elas, é que na primeira, a seleção ocorre nos estágios iniciais (sensoriais), enquanto que, na segunda teoria, o filtro das informações ocorre de forma tardia (NAHAS; XAVIER, 2006; STERNBERG, 2008). Outro ponto divergente é que na teoria da seleção tardia, o sistema atencional não teria uma capacidade limitada de armazenamento, considerando o potencial de manipular todo e qualquer estímulo (LIMA, 2005).

Segundo Kinchia (1992), em 1964, surge um novo pressuposto, descrito por Treisman, na qual relata a existência de um filtro atenuador, cujo modelo de processamento da informação ocorre da mesma forma que na teoria de Broadbent. Contudo, este filtro não bloquearia totalmente as mensagens não relevantes, mas as atenuaria permitindo sua entrada no sistema em função de sua relevância. Esse processo de atenuação permitiria ao sistema atencional reduzir a interferência de estímulos irrelevantes, sem prejuízo no processamento dos estímulos relevantes (KINCHLA, 1992; NAHAS; XAVIER, 2004).

Neste pressuposto de Treisman, as informações são analisadas em três níveis, sendo ao primeiro o da pré-atenção, na qual todos os estímulos são analisados simultaneamente. Os que apresentam propriedades-alvo (relevantes) passa para o próximo nível de processamento, enquanto que os demais passam para uma versão enfraquecida. Na segunda etapa, os estímulos são novamente analisados de acordo com as categorias, e somente os relevantes avançam o sinal adiante; os demais, da mesma forma ocorrida no primeiro nível, sofrem atenuação. Na terceira e última etapa, ocorre uma concentração da atenção nos estímulos selecionados, como se fosse uma potencialização do estimulo relevante, avaliando e dando sentido a elas (KINCHLA, 1992; STERNBERG, 2008).

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2.2.1.2 Neurobiologia da atenção

A atenção não é um constructo unitário e sim um processo que engloba outras funções cognitivas, para Miranda (2008), a atenção é produto de um sistema integrado de redes neurais, que envolvem estruturas corticais e subcorticais.

Um dos pioneiros a teorizar sobre as bases biológicas dos mecanismos da atenção foi Alexandre Luria, neuropsicólogo. Segundo esse autor, as estruturas envolvidas nesse processo seriam a formação reticular, a parte superior do tronco encefálico, o giro do cíngulo, o hipocampo e a região frontal. As duas primeiras estruturas seriam responsáveis pelo estado de vigília e reação de alerta e as demais estariam relacionadas à seleção do estímulo (LURIA, 1981; NAHAS; XAVIER, 2006).

Para Mesulam (2000), há uma divisão da atenção em duas categorias principais, uma com função de matriz e outra de canal. A primeira, associada ao Sistema Ativador Reticular (SAR), na qual regula a capacidade de processamento da informação global, a eficiência de detecção, o poder de focalização e a vigilância. Por sua vez, a função de canal regula a direção e o alvo da atenção, isto é, a sua seletividade que está associada a sistemas neocorticais. Vale ressaltar que esta divisão é meramente didática, visto que esses dois sistemas funcionam de forma integrada.

Em contrapartida, Posner e Petersen (1990), relatam à existência de três sistemas atencionais no cérebro: um sistema atencional anterior (localizado no lobo frontal) associado com controle cognitivo e seleção da ação; um sistema atencional posterior (situado nos lobos parietal posterior e occipital) relacionado com orientação e atenção perceptual; e um sistema de ativação (subsidiado pelo sistema neuromodulador do tronco cerebral) associado à atenção sustentada e vigilância.

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alerta, ou seja, da receptividade geral do sistema nervoso a eventos externos (NAHAS; XAVIER, 2004; MIRANDA, 2008).

De acordo com Cançado e Horta (2006), no envelhecimento fisiológico do Sistema Nervoso Central (SNC), observa-se redução de peso do encéfalo (10%), do fluxo sanguíneo cerebral (15-20%), do volume ventricular e do número de neurônios. Aparecem degeneração neurofibrilar com comprometimento da neurotransmissão dopaminérgica e colinérgica, assim como surgimento de placas senis e lentificação da velocidade da condução nervosa. Para os autores, as regiões mais sensíveis às alterações do envelhecimento localizam-se no lobo frontal, alterações estas funcionalmente relacionadas à função executiva, a atenção e a memória de trabalho.

Como pode ser observado, é essencial a compreensão do papel da neurobiologia nos processos cognitivos, dentre eles, a atenção. Quando se enfoca esse aspecto do constructo, além da parte estrutural e funcional dos sistemas atencionais, há de se pensar num organismo em desenvolvimento e interrelação. Como as demais funções cognitivas, há etapas de aquisições, baseadas no amadurecimento cerebral, assim como de declínio e perdas com o processo de envelhecimento. As modificações durante o desenvolvimento não ocorrem de forma homogênea entre as funções. Torna-se relevante, portanto, verificar quais as alterações que podem ocorrer nos processos atencionais, principalmente no idoso, grupo este a que se destina o presente estudo.

2.2.1.3 Definição da Atenção e Mecanismos Atencionais

A atenção é umas das principais habilidades cognitiva que é estudada por diferentes áreas do conhecimento, tais como a Psicologia, a Neurociência Cognitiva, a Biologia, a Fisiologia e a Gerontologia, sendo considerada um importante constructo para a compreensão dos processos perceptivos e funções cognitivas em geral. A intersecção da atenção com as outras áreas do conhecimento e fundamentalmente com as outras habilidades cognitivas traduz a importância do estudo e compreensão desta capacidade, principalmente na população idosa. Desde 1890, o caráter seletivo dos processos psíquicos é exposto de maneira bastante objetiva por William James,

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Nesta observação de Willliam James, feita há muitos anos, ele já postulou os três princípios básicos e fundamentais no processo da compreensão da habilidade atencional. Envolve a possibilidade de ter o controle voluntário da atenção, a particularidade do processo seletivo e da focalização, traduzido por meio da incapacidade de atender a vários estímulos ao mesmo tempo e, por fim, é o limite da capacidade do processamento atencional (NAHAS; XAVIER, 2006).

Segundo Luria (1981), toda atividade humana possui algum grau de direção e seletividade, sendo a atenção exatamente o caráter direcional e seletivo dos processos mentais, na qual se organizam. Em contrapartida Lezak (2004) refere-se à atenção como sendo os vários processos ou capacidades relativas a como o organismo se torna receptivo e como ele inicia o processamento de estimulações internas e externas.

Inúmeras são as tentativas de se construir um conceito único sobre a atenção, mas hoje ainda não há um consenso sobre tal conceituação (NAHAS; XAVIER, 2006). Neste estudo, a atenção é caracterizada como a capacidade do indivíduo em responder predominantemente aos estímulos que lhe são significativos, em detrimento a outros. Nesse processo, o sistema nervoso é capaz de manter um contato seletivo com as informações que chegam através dos órgãos sensoriais, dirigindo a atenção para aqueles que são comportamentalmente relevantes, garantindo uma interação eficaz com o meio (LIMA, 2005; NAHAS; XAVIER, 2006).

O mecanismo de funcionamento da atenção é outro ponto relevante e bastante complexo para o entendimento de todo o processo da capacidade atencional (MIRANDA, 2008). Um dos grandes desafios desta compreensão é devido à complexidade e interatividade dos mecanismos com as outras habilidades cognitivas. Deste modo, inúmeros modelos e teorias surgiram na tentativa de explicar o fluxo e os processos que ocorrem no funcionamento da atenção, mas a que tem maior relevância é a Teoria do Filtro Atencional, definida por Broadbent (KANDEL, 1997; GWRYSSEWSKI; CARREIRO, 1998; LIMA, 2005).

Segundo a Teoria do Filtro Atencional, como já mencionada, o indivíduo possui uma capacidade limitada de atenção, o que caracteriza a particularidade de somente os estímulos relevantes serem processados, já os irrelevantes são atenuados e posteriormente desprezados (LIMA, 2005; NAHAS; XAVIER, 2006). A base fisiológica do funcionamento desta teoria é que o sistema atencional atua como um filtro que deixa passar as informações relevantes e bloqueia os estímulos não pertinentes, na qual a atenção seria o filtro para a seleção destes estímulos (KANDEL, 1997; MESULAM, 2000; NAHAS; XAVIER, 2006).

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trabalho, na seleção e organização ativa dos elementos importantes. (GÓMEZ-PÉREZ et al, 2003). De forma esquemática a figura 1 sintetiza os estágios e fluxograma percorrido pelos estímulos, bem como a localização a ação da teoria do filtro atencional.

Figura 1: Esquema dos mecanismos atencional

Fonte: LIMA (2005, p. 115).

Segundo Lent (2002), a atenção engloba dois componentes que são: o alerta e a atenção propriamente dita, sendo o primeiro referente ao momento da sensibilização dos órgãos sensoriais e o estabelecimento e manutenção do tônus cortical, ou seja, é o momento que ocorre a preparação para a recepção dos estímulos. No momento da atenção ocorre o estado de alerta sobre os mecanismos e processos mentais e neurobiológicos.

Após a sensibilização dos órgãos sensoriais, o estado de alerta é ativado, neste circuito, as informações provindas dos receptores sensoriais passam pela formação reticular e ascendem até a região cortical, via tálamo (BEAR et al,2002; LENT, 2005).

VIGÍLIA SONO

INATENÇÃO ALERTA

IGNORA Estimulos Irrelevantes

ATENDE Estímulos Relevantes

Seletiva/Sustentada Processamento

Controlado

Dividida Processamento

Automático

Externa – percepção seletiva Interna – cognição

seletiva

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Uma vez o estado de alerta ativado, os estímulos podem percorrer dois caminhos, no caso das informações relevantes, elas são codificadas e segue para o próximo estágio. Em contrapartida os estímulos irrelevantes são ignorados e desprezados, mecanismo descrito pela teoria do filtro, já mencionada (LIMA, 2005; NAHAS; XAVIER, 2006). O controle executivo da atenção, nesta etapa, está intimamente correlacionado com o giro do cíngulo anterior e outras áreas do lobo frontal e pré-frontal, além das conexões com informações advindas do lobo parietal e gânglios da base, elucidada na figura 2 (BEAR et al, 2002; NAHAS; XAVIER, 2006).

Figura 2: Regiões corticais envolvidas na habilidade atencional.

Fonte: NAHAS e XAVIER (2006, p.62).

Segundo Luria (1981) a primeira função do lobo frontal é regular o estado de atividade referente ao tono cortical, ou seja, para que qualquer processo mental ocorra é necessário certo nível de ativação cortical e este é modificado conforme a tarefa desempenhada. Posteriormente o lobo frontal, em conjunto com o pré-frontal, também participa na regulação dos processos de ativação da atenção voluntária (LENT, 2002; NAHAS; XAVIER, 2006).

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Atenção Voluntária: compreende a atenção ativa, na qual estão diretamente atreladas as motivações, interesses e expectativas;

Atenção Involuntária: correlacionada mais as características dos estímulos, o processamento é automático e não requer controle consciente. Está intimamente ligada a reação de orientação, com movimento de cabeça e olhos. Por exemplo, quando uma pessoa passa na rua com o cabelo todo Pink, a reação é automaticamente olhar em direção ao estímulo (cabelo Pink), na qual envolve a atenção involuntária.

Já em relação à operacionalização, a atenção é classificada em:

Atenção Seletiva: capacidade de direcionar a atenção para um determinado estímulo e simultaneamente ignorar outros (DELGALARRONDO, 2000; NAHAS; XAVIER, 2006). Um dos conceitos atrelados à atenção seletiva é, portanto, o de distração, isto é, uma tarefa pode ser interrompida por uma série de estímulos irrelevantes ao seu desempenho levando ao desvio da atenção. Um bom exemplo de atenção seletiva é conseguir se concentrar na voz do seu amigo numa sala lotada e barulhenta.

Atenção Sustentada: capacidade de manutenção do foco atencional em determinado estímulo ou seqüência de informações, por um determinado período de tempo (DELGALARRONDO, 2000; NAHAS; XAVIER, 2006).

Atenção Dividida: capacidade de realizar mais de uma tarefa simultaneamente, ou seja, de atender concomitantemente a suas ou mais fontes de estimulação. Neste tipo de atenção pode envolver tanto aspectos espaciais quanto temporais, por exemplo, dirigir e conversar ao mesmo tempo. Neste tipo de atenção normalmente envolve uma tarefa que tem um controle automatizado e outra que necessita de um processamento cognitivo mais elaborado, ou seja, para fazer duas atividades ao mesmo tempo pelo menos uma delas deve estar automatizada (DELGALARRONDO, 2000; SARTER et al, 2001; NAHAS, XAVIER, 2006).

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importante ressaltar que memória e atenção são dois constructos cognitivos intimamente correlacionados. Muitas das queixas de memória nos idosos se devem a falha no momento de gravar a informação (codificação), que muitas vezes está correlacionado com problema na seletividade do estímulo e na atenção dividida (OLCHIK, 2008). Ou seja, com o envelhecimento há um declínio importante no momento da seleção dos estímulos relevantes dos irrelevantes, o que dificulta o tratamento da informação para a melhor memorização, bem como o desempenho em atividade que requeira participar de duas tarefas ao mesmo tempo (SARTER et al, 2001; OLCHIK, 2008).

De acordo com Gómez-Perez et al (2003), os efeitos da idade sobre a atenção variam de acordo com a situação ou com a complexidade das atividades, ou seja, os idosos podem participar de uma reunião social, seguir uma conversa negligenciando os ruídos de fundo (atenção seletiva), mas podem apresentar dificuldade em seguir várias conversas ao mesmo tempo (atenção dividida).

Para Capovilla (2007a), com a idade, as habilidades atencionais sofrem modificações que se manifestam por diminuição na capacidade de detectar pistas externas, que poderia ser interpretado como um declínio progressivo no grau de vigilância, manifestado por desempenho mais baixo em tarefas que requeiram manutenção da atenção

Do ponto de vista da cognição fica evidente a importância do estudo e compreensão dos mecanismos da atenção, visto que representam a base para a maioria das habilidades cognitivas e que podem sofrer alterações em decorrência do processo do envelhecimento, principalmente com a habilidade da memória.

2.2.2 Memória

A memória é uma das habilidades cognitivas humana capaz de realizar uma variedade de operações que possuem suas singularidades e ao mesmo tempo intersecções (IZQUUIERDO, 2011). De um modo geral, a memória permite a identificação e, ao mesmo tempo, o resgate de lembranças, sons, sinais, cheiros, gostos, conhecimentos e sensações, o que permite que o homem desenvolva suas atividades no presente, resgatando informações do seu passado e garantindo o alicerce para o futuro.

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A neuropsicóloga Lesak (2004), em suas pesquisas e observações, coloca que a memória é uma habilidade que reúne a capacidade de registro, armazenamento e evocação de informações. Por muitos anos, se pensava que a memória fosse um constructo unitário, hoje se sabe que a memória é uma habilidade de alta complexidade que abrange múltiplos sistemas que se interrelacionam entre si (TAUSSIK; WAGNER, 2006; OLCHIK, 2008). A memória é formada por uma série de subsistemas diferentes que tem em comum a capacidade de armazenar informações e de retê-las por um determinado tempo, desde milésimos de segundos até a vida inteira (BADDELEY, 1999)

A partir de 1950, os estudos voltaram-se no sentido de compor um modelo explicativo para a memória, mas somente na década de 1960 se tem o primeiro modelo explicativo da memória, que foi proposto por Nancy Donald Norman (LASCA, 2003). Para Lasca (2003) e Olchik (2008), este modelo se distingue duas estruturas básicas: Memória Primária (estrutura que contém informações temporárias) e Memória Secundária (estrutura que contém as informações por um longo período).

Os estudos no campo da neurociência cognitiva da memória se aprofundaram e, em 1968, surgiu o modelo de memória em níveis de armazenamento, proposto por Atkinson e Schiffrin – Modelo da Memória Dupla, (LASCA, 2003; CORREA, 2010). Neste modelo, a memória é organizada num sistema de armazenamento de informações, que compreende três estágios em série de processamentos distintos, conforme demonstra a figura 3, a memória sensorial, a memória a curto prazo e a memória a longo prazo.

Figura 3 - Modelo Aktinson e Schiffrin -1968.

Fonte: CORRÊA (2010, p.212)

MEMÓRIA SENSORIAL MEMÓRIA CURTO PRAZO Esquecimento Estímulos visuais, auditivos, táteis, etc

Deslocamento Esquecimento MEMÓRIA LONGO PRAZO Esquecimento Repetição/treino

15 s a 1minuto Recuperação Trasnferência Arquivamento

anos mseg - seg

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Segundo este esquema, as informações entram através da memória sensorial, que é responsável pelo processamento inicial das informações, captada pelos sentidos da visão, audição, olfato, propriocepção tátil, e posteriormente ocorre a codificação (LASCA,2003; OLCHIK, 2008; CORREA, 2010).

É um tipo de memória extremamente curta, de rápido decaimento seguido para o esquecimento, na qual as informações são baseadas na sensação e na percepção, sem representação semântica, sendo a duração de milésimos de segundo até segundos (CORREA,2010). A transferência do estímulo da memória sensorial para a de curto prazo, somente ocorre mediante a habilidade atencional e a repetição da informação (BADDELEY, 1999; OLCHIK 2008; CORREA,2010).

O psicólogo George Sperling, em 1960, descreveu pela primeira vez a capacidade de memorizar imagens apresentadas rapidamente, que denominou de Memória Icônica. Posteriormente, este limite de memorização foi dado o nome de span de memória, sendo a

média da capacidade de recordar de quatro respostas (CORRÊA, 2010; IZQUIERDO, 2011) Uma vez a informação transferida para a memória de curto prazo (MCP), esta permanece somente o tempo suficiente para a execução da tarefa específica. Esta memória também é conhecida como memória primária (imediata), definida como a capacidade de guardar na memória uma informação, durante um espaço de tempo curto de segundos a minutos (OLCHIK,2008; CORRÊA, 2010).

Caso as informações sejam relevantes e por meio da repetição e da atenção, seu armazenamento é transferido para a memória a longo prazo, que pode permanecer por anos –

caso não haja a repetição da informação ela cai para o esquecimento. Nesta etapa a informação é modulada pela emoção, consciência e motivação (ABREU, 2000; IZQUIERDO, 2011).

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Os psicólogos cognitivos Baddeley e Hitch, em 1974, acrescentaram nova estrutura ao modelo de memória de armazenamento por níveis – a Memória de Trabalho (operacional) (PARENTE et al, 2006). É definida como parte da memória a curto prazo, na qual compreende estruturas e processos utilizados para armazenar temporariamente e manipular as informações, suficiente para a execução de uma determinada tarefa (PARENTE et al, 2006; ISQUIERDO, 2011). Uma característica especial deste tipo de memória é que ela tem a capacidade de interação entre a memória a curto prazo e a informações mais recentes da memória a longo prazo. Além desta característica, também tem a capacidade de resgatar e armazenar estas informações, juntamente com a de curto prazo, na qual as informações podem ser reformatadas e reintegradas (SQUIRE; KANDEL, 2002; LASCA, 2003; OLCHIK, 2008). Um exemplo deste tipo de memória é guardar um número de telefone antes de ser discado ou lembrar produtos a serem comprados no supermercado (OLCHIK, 2008; IZQUIERDO, 2011). O processamento da memória de trabalho, na dimensão cortical, ocorre no córtex pré-frontal, com participação do córtex entorrinal, parietal superior, singulado anterior e hipocampo. As figuras 4 e 5 demonstram este fluxograma da informação no córtex cerebral, no processo da memória de trabalho (BEAR et al, 2002; OLCHIK, 2008).

Figura 4: Fluxograma da Memória de Trabalho

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Figura 5: Esquema da Memória de Trabalho

Fonte: esquema elaborado pela autora

A Memória de Trabalho foi definida como um conceito hipotético, que envolve o arquivamento temporário da informação, sendo um dispositivo que compreende multicomponentes, responsáveis por armazenar, manter e manipular a informação enquanto o sujeito está engajado em outras atividades ou tarefas cognitivas (ABREU, 2000; SQUIRE; KANDEL, 2002; OLCHIK, 2008). Exemplos da memória de trabalho é o armazenamento e manipulação de informações práticas, como fazer cálculos matemáticos ou lembrar produtos à serem adquiridos durante uma compra no supermercado.

Os estudos da memória de trabalho são muito recentes, mas sabe-se que este tipo de memória tem um funcionamento próprio e interrelação com outras funções cognitivas (IZQUIERDO, 2011). Este subsistema de memória possui três componentes: o executivo central, que regula o fluxo de informação, a alça visuoespacial, que funciona como um sistema de apoio para o processamento e arquivamento de informação, e a alça fonológica, um sistema de apoio exclusivo para o arquivamento temporário verbal (ABREU, 2000; LASCA, 2003). O componente da memória que teoricamente regularia o fluxo de informação na memória de trabalho e está altamente ligado ao estudo do envelhecimento, que é o Executivo Central (ABREU, 2000).

O Executivo Central possui capacidade limitada e tem a função de proporcionar a conexão entre os sistemas de apoio e a memória de longa duração (ANDREW; PRICE, 2009). Além disto, também atua na evocação da informação de outros sistemas de memória, incluindo os da memória de longa duração, sendo ainda o responsável pela seleção de estratégias e planos (ABREU, 2000; OLCHIK, 2008). O executivo central teria ainda a papel de supervisionar informações à serem codificadas, armazenadas e evocadas,

Estímulos visuais Estímulos auditivos Lobo Occipital Lobo Temporal Região posterior Lobo Parietal Porção Dorsal Porção Ventral Córtex Pré-Frontal Porção Dorso- Lateral

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concomitantemente ao seu ingresso no sistema. Uma vez que sua capacidade é limitada, a eficiência no seu funcionamento é comprometida pelo aumento da demanda, por exemplo, quando do desempenho de tarefas duplas (ABREU, 2000; IZQUIERDO, 2011). Embora o modelo de memória de trabalho não seja o único a apresentar uma explicação satisfatória para as alterações de memória no envelhecimento normal e patológico, é um constructo que tem fornecido, investigações na natureza do envelhecimento cognitivo (DAMASCENO, 199; LASCA, 2003).

A memória a curto prazo ocorre num modelo paralelo, com sistema próprio e independente da memória a longo prazo, mas nem sempre este conceito foi estabelecido desta forma, na qual acreditava-se que a memória a curto prazo era uma pré-fase da consolidação da memória a longo prazo (IZQUIERDO, 2011).

Segundo Squire e Kendel (2002) a memória de longo prazo pode ser dividida em dois tipos: memória declarativa e memória não-declarativa. A memória declarativa (explícita) refere-se a lembrança consciente de experiências prévias, na qual as informações são evocadas por meio de imagens ou proposições. As estruturas cerebrais envolvidas no comando destas habilidades são as amigdalas, substância negra, lócus ceruleus, núcleos da rafe e núcleo basal de Meynert, demonstrada na figura 6 (BEAR et al, 2002; ISQUIERDO, 2002).

Figura6: Estruturas do neocórtex envolvidas na memória episódica

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Endel Tulving, em meados de 1970, aumentou o grau de complexidade do modelo de memória, com o conceito de Memória Semântica e Memória Episódica (LASCA, 2002; OLCHIK,2008;), que são subsistemas da memória declarativa, que compreende:

1. Memória Episódica: relaciona-se a lembranças associadas ao tempo e lugar –

recordação do dia do casamento ou alguma data e fato histórico, relativa a episódios específicos, temporal e espacialmente localizados. Se refere a uma memória autobiográfica, é específica para eventos que não podem ser repetidos, ao armazenamento de informações pessoais que permite ao indivíduo se lembrar de eventos dos quais participou no passado (CORREA, 2010; OLCHIK, 2008); 2. Memória Semântica: é a memória para fatos, relativa ao conhecimento semântico

sobre informações gerais, do conhecimento impessoal de fatos relevantes. Ou seja, refere-se a memória utilizada para memorização do conhecimentos do mundo, não é preciso lembrar nenhum evento passado, mas sim realizar associações. Por exemplo, lembrar dia da semana, quais os medicamento indicados para determinada doença, o significado das palavras, conceitos e símbolos. (SQUIRE; KANDEL, 2002). A figura 7 elucida as áreas envolvidas na memória semântica, na qual se observa um predomínio da regial do córtex temporal.

Figura 7 : Áreas corticais da memória semântica

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A memória não-declarativa (implícita) é aquela na qual o conhecimento é manifestado por meio do desempenho inconsciente, ou seja relaciona-se às habilidades sensório-motoras (OLCHIK, 2008). Esta memória, geralmente, é adquirida após a experiência prévia/repetição para a aprendizagem ou condicionamento (PARENTE et al, 2006), por exemplo, andar de bicicleta. As estruturas corticais envolvidas no comando e controle destas habilidades é o núcleo caudado e cerebelo (BEAR et al, 2002; OLCHIK, 2008). A figura 8 esquematiza de forma clara os tipos de memórias e as suas principais funções e correlações.

Figura 8 : Tipos de memória declarativa e não declrativa

Fonte: BEAR et al ( 2002, p. 741).

Por sua vez, o funcionamento da memória a longo prazo não é organizado por um único componente, como já foi mencionado, mas sim por elementos variados, mediados por diferentes sistemas cerebrais (CORREA, 2010). Neste processo organizacional da memória longo prazo, Jean-Louis Signoret elaborou o modelo do funcionamento desta memória, que envolve três etapas, que são:

Memorização: engloba o conjunto de processos envolvidos na formação dos traços mnêmicos, sendo que para a formação destes engramas há a identificação, tratamento, classificação e armazenamento da informação. Este processo é complexo, envolvem várias estruturas cerebrais, de forma bem simplificada o fluxo desta aprendizagem envolve:

o Codificação: é a primeira etapa da memorização, o objetivo é dar sentido a

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superficial, mas permite o agrupamento das informações (PARENTE et al, 2006; ISQUIERDO, 2011).

o Operações de Associações: envolve o processo de associação de idéias e imagens entre todas as informações, antigas e novas (LASCA, 2003; PARENTE et al, 2006).

o Operações de Estruturação e Organização: envolve a organização por semelhança/diferença ou em categorias. Esta etapa depende de processos mentais individuais correlacionados a inteligência.

o Operações de Indexação/integração: é o processo que corresponde ao endereçamento da lembrança, onde os acontecimentos do passado são classificados numa ordem cronológica. Quanto mais características e tratamento da informação houver, maior a chance da lembrança ser recuperada na hora desejada (PARENTE et al, 2006; ISQUIERDO, 2011).

Manutenção:

o Processos de consolidação/conservação:conjunto de processos que conservam o traço mnêmico. Inicialmente estes traços são frágeis e ao poucos se tornam mais estáveis, o sono REM tem papel fundamental neste processo de consolidação (PARENTE et al, 2006; ISQUIERDO, 2011).

o Processos de Reconstrução: nesta etapa ocorre a constante comparação de traço mnêmico novo com antigo (memória recente e anterógrada), onde há a comparação, reorganização e reindexação das lembranças – é um trabalho constantemente dinâmico (PARENTE et al, 2006; CORREA, 2010; ISQUIERDO, 2011).

Rememorização/Recuperação: é o processo na qual as lembranças são procuradas ativamente, num movimento consciente ou inconsciente. Este mecanismo pode ocorrer por (CORREA, 2010):

o Reconhecimento: reconhece uma informação presente como anteriormente

já memorizada – a procura é através de índices, por isto a importância das informações serem codificadas, organizadas e terem maiores informações no momento do armazenamento.

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No processo da memorização, o ponto central não é o momento do armazenamento, mas sim o da análise e codificação da informação, ou seja, quanto maior o momento da codificação maior será a capacidade de memorização e a duração do material armazenado (PARENTE et al, 2006; IZQUIERDO, 2011). Esta etapa é diretamente proporcional a qualidade e capacidade atencional, pois é por meio da atenção que o indivíduo conseguirá observar, selecionar, categorizar e codificar o maior número de informações sobre o estímulo a ser memorizado (LASCA, 2002; PARENTE et al, 2006).

Em 1986, Baddely elaborou um estudo, no qual complementou o modelo de Aktinson e Schiffrin, acrescentando mais detalhes aos três estágios, detalhando a sequência do processamento da memorização, da aprendizagem e do esquecimento de forma bastante simplificada, permitindo que o conhecimento complexo da memória fosse acessível a todos (CORREA, 2010), como demonstra a figura 9.

Figura 9: Modelo Baddeley da memória.

Fonte: CORRÊA (2010, p.212) Estímulo Ambiental

Registros sensoriais, visuais , auditivos

Estocagem de curto prazo Temporário Memória de Trabalho

Processos de controle

Exposição Codificação

Decisão

Estocagem de longo prazo

Estoque permanente de memória

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Por fim, na capacidade da memória, ainda tem outros elementos como a memória prospectiva, que é caracterizada pelo uso em ações nas atividades instrumentais de vida diária, principalmente nas ações futuras (BENITES; GOMES, 2007; IZQUIERDO, 2011), por exemplo: pagar contas, tomar medicações, compromissos médicos, dentre outros, como mostra a figura 10. Um ponto de diferenciação deste tipo de memória refere-se ao fato que é uma ação de autoiniciação, na qual depende da iniciativa do próprio individuo para desencadear o funcionamento, ou seja, é lembrar de lembrar (PARENTE et al, 2006). É justamente neste aspecto que o processo de envelhecimento tem maior ação, no declínio do desempenho, sendo uma das maiores queixas entre os idosos (ABREU, 2000).

Figura 10 : Memória Retrospectiva e Memória Prospectiva

Fonte: autor desconhecido:

Disponível em http://www.enscer.com.br/material/artigos/eina/disturbios/tempo.php

Enfim, a memória prospectiva é a memória utilizada para as intenções futuras e está presente em várias situações do planejamento cotidiano. Por sua vez a memória retrospectiva está correlacionada ao armazenamento e recuperação de eventos passados (HENRY et al, 2004).

As intenções, ou seja, as açoes que são codificadas para serem recuperadas no futuro, formam o conteúdo da memória prospectiva. Já os eventos são os que caracterizam os constructos das memória restrospectiva e são acontecimentos que foram observados num determinado tempo e espeço no passado (HENRY et al, 2004; BENITES;GOMES; 2007).

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ambiente, explicita ou apontada por alguém. As tarefas com pistas interna são iniciadas pela própria pessoa, e por dependenrem de um impulso interno, são menos controláveis. Este tipo de tarefa requer mais processamento na recuperação da intenção do que as tarefas baseadas nas pistas externas (BENITES et al, 2006).

Segundo Mc Daniele e Einstein (2000), há evidências de que a memória prospectiva requer um componente de autoiniciação da lembrança, ausente na memória retrospectiva, e esse componente é mais suscetível ao envelhecimento.

Nos mesmos modelos do processo da memorização, a memória prospectiva também possui quatro etapas para o armazenamento da informação, sendo a primeira correspondente a codificação de uma intenção que deverá ser realizada. A segunda etapa abrange o intervalo entre a codificação e a lembranças da intenção; que pode ser longo ou curto, dependente do período que a lembrança deve ser resgatada. A terceira fase refere-se a iniciação e execução da interação e a quarta relaciona-se ao cancelamento da ação, já realizada (MC DANIEL; EINSTEINS, 2000; PARENTE et al, 2006). Falhas no cancelamento da intenção são percebidos quando alguém volta para fazer alguma atividade, mas percebe que já realizou; por exemplo, uma pessoa volta para apagar a luz e já havia apagado (PARENTE et al, 2006).

Segundo Benites et al (2006), nas tarefas da memória prospectiva ocorre o recrumentamento de habilidades conscientes, em especial da atenção na preparação da memória prospectiva. Ou seja, os processos de resgate da pista envolvem habilidades atencionais e são necessários para o sucesso no desempenho da memória prospectiva.

2.2.2.1 Memória e Envelhecimento

O envelhecimento saudável acarreta um declínio da capacidade cognitiva e em especial na habilidade da memória. Este declínio pode ser em decorrência de fatores genéticos, biológicos, educacionais, sociais, estilo de vida, que varia de pessoa para pessoa (CALERO, 2004; LIMA, 2007).

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denominada de metamemória, é diretamente influenciada de forma negativa por estes paradigmas e estigmas relacionados ao envelhecimento (BENITES et al, 2006).

Segundo Olchik (2008), os idosos apresentam dificuldade no processo de codificação, no momento de gravar a informação, bem como no resgate do material memorizado. Este déficit ocorre muito mais em virtude do declínio da capacidade da atenção seletiva e alternada, na qual há uma falha no mecanismo de inibição das informações supérfluas, no momento da codificação o que acarreta num grande número de informações que dificultam o tratamento da informação para a melhor memorização (PARENTE, 2006). Em relação ao resgate, a principal dificuldade ocorre quando a evocação é livre, sem uso de pistas (TAUSSIK; WAGNER, 2006).

Na memória a curto prazo, as maiores dificuldades relacionam-se a memória de trabalho, principalmente na redução dos recursos de processamento e nas falhas dos mecanismo de inibição de informações supérfluas (PARENTE et al, 2006; ISQUIEDO,2011). Ou seja, há um prejuízo na seleção da informação relevante e no descarte Do est[imulo desnecessário. Em decorrência a este desequilíbrio, o processamento das informações ocorre de forma mais lenta, pois os estímulos distratores acabam por competirem com as informações necessárias (VIEIRA; KOENING, 2002; CORREA, 2010).

Outro declínio da memória de trabalho é a redução no processo de armazenamento, o que interfere na capacidade de retenção de novas informações (YASSUDA, 2002). Portanto, a seleção de estímulos deficitários, associada a diminuição da capacidade de armazenamento das informações, são as principais alterações do declínio da memória em decorrência ao envelhecimento.

A memória semântica é a mais estável no processo de envelhecimento, pois está atrelada a informações lingüísticas e a experiência educacional (YASSUDA, 2002). Um grande número de queixas, por parte dos idosos, refere-se a dificuldade de lembrar eventos ou fatos que ocorreram recentemente, que refere-se a memória episódica. As queixas relacionam-se principalmente na falha da codificação, no processo de armazenamento da informação e na recuperação, sem pistas (PARENTE et al, 2006).

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elevado de ativação. Ou seja, algumas queixas mnemônicas referidas pelos idosos, normalmente relaciona-se com a memória prospectiva, principalmente entre os idosos de idade mais avançada (LASCA, 2002; ARGIMON; STEIN, 2005; PARENTE et al, 2006). Este déficit também está relacionado muito mais ao declínio da habilidade atencional e a memória de trabalho, do que a capacidade da memória propriamente dita. Importante relembrar que na memória prospectiva, o componente do executivo central e a atenção, um componente essencial na memória prospectiva (PARENTE et al, 2006).

Concluindo, os conceitos aqui apresentados foram didaticamente separados para melhor compreensão, mas o funcionamento dos sistemas de memória são integrados e interligados com outras funções cognitivas, principalmente a atenção, o que configura que a memória não é um sistema unitário e isolado. Enfim, a memória está interligada as outras habilidades cognitivas, bem como aos constructos sociais e de autopercepção subjetiva também, principalmente no paradigma da autoeficácia.

2.3 AUTOEFICÁCIA E ENVELHECIMENTO

No caminhar da perspectiva de vida, o envelhecimento assume a dimensão de um processo contínuo, e não apenas como uma etapa do desenvolvimento humano, em que os comportamentos e atitudes são reflexos da trajetória e mudanças sociais, no decorrer deste caminhar ao longo dos anos (CARDOSO, 2006). Ou seja, o idoso é produto de suas forças físicas, psíquicas e sociais, bem como agentes causais na construção de si mesmo e do ambiente que o rodeia (GECAS, 2003).

Os pressupostos teóricos da cognição social consideram o ser humano como um agente ativo sobre as circunstâncias e o ambiente que o circunda, bem como sobre o seu próprio comportamento, ações e emoções. O homem molda o seu ambiente e comportamento de forma ativa, não se limitando a ser apenas reativo aos estímulos externos (GOLDSTEIN, 1995; GECAS, 2003; CARDOSO, 2006). A concretização destes princípios de adaptação realiza-se por meio da autorreflexão e autorregulação, isto é, observando e pensando sobre as suas ações, sentimentos, crenças e cognição, avaliando o impacto das suas ações, definindo objetivos e implementando planos para alcançá-los. (CARDOSO, 2006; PATRÃO, 2011).

Imagem

Figura 1:  Esquema dos mecanismos atencional
Figura 2: Regiões corticais envolvidas na habilidade atencional.
Figura 3 - Modelo Aktinson e Schiffrin -1968.
Figura 4: Fluxograma da Memória de Trabalho
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Referências

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