• Nenhum resultado encontrado

Estudo de redes de inovação tecnológica no setor sucroenergético em São Paulo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Estudo de redes de inovação tecnológica no setor sucroenergético em São Paulo"

Copied!
155
0
0

Texto

(1)

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental

ESTUDO DE REDES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO

SETOR SUCROENERGÉTICO EM SÃO PAULO

Brasília - DF

2011

(2)

MARIA CRISTINA PEGORIN

ESTUDO DE REDES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO SETOR SUCROENERGÉTICO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientadora: Profª. Drª. Renata Marson Teixeira de Andrade

(3)

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

P376e Pegorin, Maria Cristina

Um estudo de redes de inovação tecnológica no setor sucroenergético no Estado de São Paulo. / Maria Cristina Pegorin – 2011.

154f. : il. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2011. Orientação: Renata Marson Teixeira de Andrade

1.Inovações tecnológicas. 2. Bioetanol - Cana-de-açúcar. 3. Planejamento da produção. 4. Mercado financeiro. I. Andrade, Renata Marson Teixeira de, orient. II. Título.

(4)
(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço:

À professora Renata Marson Teixeira de Andrade, coordenadora do Núcleo de Governança em Biocombustíveis e Mudanças Climáticas da Universidade Católica de Brasília – Nugobio – e minha orientadora, por ter sido a minha mentora durante os momentos bons e difíceis que delinearam a execução deste trabalho.

Ao Energy Bioscience Institute da Universidade da Califórnia Berkeley, pelo apoio financeiro que custeou o trabalho de coleta de dados no estado de São Paulo.

Aos professores Carlos Chauke Nehme, Ivan Rocha Neto, Luiz Fernando Macedo Bessa, Marcelo de Oliveira Torres e Perseu Fernando dos Santos; pelas sugestões que muito enriqueceram este trabalho.

Aos integrantes do Nugobio André Miccolis, Caroline, César e Edna; por terem contribuído para o aperfeiçoamento deste trabalho durante a sua etapa de construção.

(7)
(8)

RESUMO

PEGORIN, Maria Cristina. Estudo de redes de inovação tecnológica no setor sucroenergético no estado de São Paulo. 2011. 154 páginas. Programa de Planejamento e Gestão Ambiental – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2011.

O tema deste estudo é a pesquisa e desenvolvimento tecnológico nas redes de inovação do setor sucroenergético. O objetivo principal foi analisar as redes de inovação tecnológica formadas pelos atores atuantes na cadeia de pesquisa, desenvolvimento e difusão tecnológica na produção de bioetanol e verificar se o posicionamento dessas redes favorece a consolidação do bioetanol no mercado. A metodologia aplicada elaborou a coleta de dados através de entrevistas semi-estruturadas e análise documental. A análise dos dados permitiu a identificação dos principais elementos das redes de inovação tecnológica: nós, ligações, fluxos, posições e conteúdos. As considerações finais da pesquisa apresentam, entre outros pontos, que no setor sucroenergético há redes abertas e fechadas que se intersectam e promovem inovações radicais e incrementais; que na primeira geração do bioetanol e no cultivo da cana-de-açúcar há uma plataforma tecnológica sólida que contribui para a sustentabilidade econômica, social e ambiental do setor sucroenergético; e que está ocorrendo uma reestruturação das redes do setor, com a entrada de novos atores e aporte maciço em investimento e políticas públicas que possibilitem a produção em escala industrial do etanol de segunda geração e da utilização da cana-de-açúcar na indústria alcoolquímica.

(9)

ABSTRACT

PEGORIN, Maria Cristina. A study of the technological innovation networks in São Paulo. 2011. 154 pages. Programa de Planejamento e Gestão Ambiental – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2011.

The theme of this study is the technologic research and development inside the innovation networks of the sugar-alcohol sector. The main objective was analyze the technological innovation networks formed by the active players in the chain of technological research, development and diffusion of ethanol production, and verifies if the positioning of these networks favors the consolidation of the bioethanol at the market. The applied methodology elaborated the data collect through semi-structured interviews and documentary analysis. The data analysis allowed the identification of the technological innovation networks key elements: nodes, links, flows, locations and contends. The research final considerations present, between other things, that there are opened and closed networks inside the sugar-alcohol sector, and that they intersected themselves to promote radical and incremental innovations; that there are a solid innovation platform on the bioethanol first generation and on the sugar cane cultivation that contributes to the economic, social and environmental sustainability of the sugar-alcohol sector; and that it is occurring a restructuring of the sector networks with the entry of new players and with the massive inflow of investments and public policy to permit the industrial scale production of the second generation ethanol and the use of the sugar cane by the alcohol chemistry industry.

(10)

LISTA DE FIGURAS

(11)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Quadro de coleta de dados...21

Quadro 2 - Primeiro quadro de análise de dados...25

Quadro 3 - Segundo quadro de análise de dados...26

Quadro 4 - Modelo linear de inovação...35

Quadro 5 – Tipologia da inovação...39

Quadro 6 - Processos básicos da indústria alcoolquímica...75

Quadro 7 - Análise SWOT da cadeia produtiva da cana...77

Quadro 8 - Pontos de impacto ambiental da cadeia produtiva da cana...78

Quadro 9 - Estratégias de inserção do bioetanol...110

Quadro 10 – Posicionamento dos atores pesquisados...112

Quadro 11 - Vantagens estratégicas pela inovação comparado com o setor sucroalcooleiro...114

Quadro 12 – Tipologia da inovação no setor sucroenergético...124

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Países como maior crescimento no número de artigos publicados em periódicos

científicos indexados pela Thomson/ISI...56

Tabela 2 - Pedidos de patentes de invenção solicitados ao escritório de marcas e patentes dos Estados Unidos da América...57

Tabela 3 - Produção de etanol no Brasil ...63

Tabela 4 - Avaliação da área de cana disponível para colheita na safra 2008/09...80

(13)

LISTA DE SIGLAS

APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos APTA – Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio

BIOEN – Programa Fapesp de pesquisa em Bioenergia

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CCT – Conselho Nacional de Ciência e tecnologia

CDB - Convenção da Diversidade Biológica

CENPS - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CNPAE - Centro Nacional de Pesquisa de Agroenergia

CNPNq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNTBio - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança

CTBE - Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol CTC – Centro de Tecnologia Canavieira

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPE – Empresa de Pesquisa Energética

ESALQ – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” FGV – Fundação Getúlio Vargas

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FINEP - Financiadoras de Estudos e Projetos

FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico IAC – Instituto Agronômico de Campinas

ICT’s – Instituições Científicas Tecnológicas IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IEA – Instituto de Economia Agrícola

INCT’s - Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPI - Instituto Nacional de Propriedade Intelectual IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

ISI - Institute for Scientific Information

(14)

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia

MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MMA – Ministério do Meio Ambiente

MME – Ministério de Minas e Energia MRE – Ministério das Relações Exteriores

NIPE – Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético – Unicamp NITs – Núcleos de Inovação Tecnológica

OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico OMC - Organização Mundial de Comércio

PNA - Plano Nacional de Agroenergia

RIDESA – Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SETEC – Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia

Sibratec - Sistema Brasileiro de Tecnologia

SNCT&I - Sistema Nacional de Ciência Tecnologia e a Inovação

SNDCT - Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico SNPA – Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária

(15)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...16

1.1. JUSTIFICATIVA...17

1.2. OBJETIVOS...18

1.2.1. Objetivo Geral...18

1.2.2. Objetivos Específicos...18

1.3. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA...18

2. METODOLOGIA...20

2.1. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...20

2.2. INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS...24

3. REFERENCIAL TEÓRICO...27

3.1. CONHECIMENTO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO...27

3.2. TIPOLOGIAS DA INOVAÇÃO...31

3.2.1. Tipos de inovação...31

3.2.2. Inovações radicais, incrementais, autônomas e sistêmicas...33

3.2.3. Inovação de trajetória linear e não-linear...34

3.2.4. Inovação aberta e inovação fechada...36

3.3. GESTÃO DA INOVAÇÃO...40

3.4. REDES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA...42

3.5. SISTEMAS E PLATAFORMAS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA...46

3.6. TRANSFERÊNCIA E DIFUSÃO TECNOLÓGICA...49

3.7. POLÍTICA E INFRAESTRUTURA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL.55 4 O SETOR SUCROENERGÉTICO NO BRASIL...61

4.1. O CONTEXTO HISTÓRICO E ECONÔMICO...61

4.2. O CONTEXTO TECNOLÓGICO...64

4.2.1. A tecnologia na produção do bioetanol...64

4.2.2. Inovações...69

(16)

4.3. O BINÔMIO INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E SUSTENTABILIDADE NA

PRODUÇÃO DE BIOETANOL...76

4.4. OS ATORES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E DIFUSÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA...86

4.4.1. Instituições Públicas...87

4.4.2. Instituições Privadas...95

4.4.3. Usinas Produtoras de Bioetanol...100

4.4.4. Universidades...102

4.5. A ESTRATÉGIA DE POSICIONAMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO BIOETANOL NO MERCADO INTERNO E NO EXTERNO...104

5. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS...112

5.1. OS ATORES, FLUXOS E TIPOLOGIAS DE REDES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA CADEIA PRODUTIVA DE BIOETANOL...112

5.2. OS PAPÉIS E PROCESSOS DOS ATORES-CHAVE DO SISTEMA DE INOVAÇÃO DO SETOR SUCROENERGÉTICO...122

5.3. OS PRINCIPAIS CONDICIONANTES DAS REDES DE PRODUÇÃO DO BIOETANOL EM SÃO PAULO E A PLATAFORMA TECNOLÓGICA FORMADA PELAS REDES DE INOVAÇÃO DO SETOR SUCROENERGÉTICO...127

5.4. A RELAÇÃO ENTRE A GESTÃO AMBIENTAL E A GESTÃO TECNOLÓGICA NA CADEIA PRODUTIVA DO BIOETANOL...131

CONSIDERAÇÕES FINAIS...134

REFERÊNCIAS...138

APÊNDICE...153

(17)

1. INTRODUÇÃO

“Nada mais poderoso do que uma ideia cujo momento tenha chegado” (Victor Hugo)

Em 2008, houve diversas publicações na mídia a respeito de dois grandes grupos do setor sucroenergético em São Paulo, a Cosan e o grupo Balbo. A Cosan é o maior grupo produtor de etanol ligado à Shell e à Esso, recebeu o Certificado Ambiental do Protocolo Verde, mas estava tendo problemas ligados a questões trabalhistas. O grupo Balbo, o maior grupo de açúcar e etanol orgânicos no Brasil, despertava interesse pela tecnologia empregada em seus produtos orgânicos. Os dois grupos se organizam de forma diferente em relação a sua gestão ambiental e tecnológica; enquanto a Cosan participa de diversas parcerias nacionais e internacionais de PD&I e certificação ambiental; o Grupo Balbo mantém uma estrutura de PD&I mais internalizada, com poucas parcerias e uma certificação ambiental mais ligada aos seus produtos orgânicos. Tem-se, assim, duas grandes organizações que investem em gestão ambiental e inovação tecnológica e que atuam em um mesmo ambiente de negócio, mas que tem modelos de gestão tecnológica e posicionamentos totalmente diferentes.

Essas diferenças motivaram a execução deste trabalho, no intuito de entender melhor como ocorre a interação entre os atores nas redes de inovação tecnológica do setor sucroenergético em São Paulo, que é o maior produtor de cana e etanol do país; e como esse processo impacta a gestão ambiental e a sustentabilidade do setor.

O bioetanol de cana-de-açúcar é uma fonte limpa e renovável de energia e pode ser utilizado como matéria-prima para diversos produtos da indústria química, de plásticos a solventes; representando simultaneamente segurança energética e redução de emissões de gases. Sendo assim, diversos estudos estão sendo apresentados em relação à consolidação e aceitação deste biocombustível, sobretudo no mercado internacional.

(18)

A necessidade de aporte tecnológico foi reconhecida no estudo desenvolvido pelo CGEE (2009), que demonstrou a estimativa de que o país deverá produzir 205 bilhões de litros de bioetanol de cana-de-açúcar para atender a exportação projetada para 2025, o que significa um aumento de 10 vezes na produção da safra de 2009-2010. Esse volume só será obtido com a implantação de um conjunto de inovações radicais na estrutura produtora que se tem hoje.

Tal cenário leva as diversas instituições públicas e privadas que atuam no setor sucroenergético no Brasil a entrarem num ciclo de aprimoramento constante na busca de inovações radicais e incrementais que possam assegurar a posição do bioetanol de cana-de-açúcar no mercado. Para isso, essas instituições se ligam a redes de pesquisa, desenvolvimento e difusão de novas tecnologias. Sendo que, da capacidade de produção e interação do sistema tecnológico, dependerá o sucesso da estratégia do governo brasileiro de transformar o bioetanol em uma commodity. Assim; gestão ambiental, energética e do conhecimento se unem nas redes de inovação tecnológica formadas pelas diversas instituições que atuam na cadeia produtiva do bioetanol no estado de São Paulo, tendo como condicionante as relações de parceria que são estabelecidas entre os atores.

1.1. JUSTIFICATIVA

Entender como a inovação é administrada no setor de energia, a partir de suas redes de inovação, foi o fato que motivou a execução deste trabalho. O estudo de caso a respeito do bioetanol é interessante por ser esse um tema que, pela importância dada às questões energéticas e ambientais em nível mundial, vem atraindo a atenção de agentes privados, governamentais e representantes da esfera acadêmica. Assim, muitos estudos tem sido publicados, enfatizando as tecnologias que estão sendo desenvolvidas, os resultados que a combinação delas poderá apresentar e a estrutura atual e demanda para o setor sucroenergético. No entanto, poucos discorrem a respeito de como a interação dos atores e a configuração das redes colabora para a formação de uma plataforma tecnológica na cadeia produtiva do bioetanol e para a sustentabilidade social e ambiental do setor sucroenergético.

(19)

legisladores, pesquisadores, produtores e investidores. Este estudo qualitativo também se propõe a oferecer base para uma posterior análise estatística das redes de inovação tecnológica do setor sucroenergético.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

Avaliar a influência das redes no desenvolvimento e consolidação da tecnologia do bioetanol de cana-de-açúcar, esboçando um painel atualizado da cadeia de pesquisa, desenvolvimento e difusão tecnológica desse biocombustível.

1.2.2. Objetivos Específicos

a. Identificar os atores, fluxos e tipologias de redes de inovação tecnológica na cadeia produtiva de bioetanol.

b. Compreender os papéis e processos dos atores-chave do sistema de inovação do setor sucroenergético.

c. Identificar os principais condicionantes das redes de produção do bioetanol em São Paulo. d. Analisar a relação entre a gestão ambiental e a gestão tecnológica na cadeia produtiva do bioetanol.

1.3. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

(20)

cana-de-açúcar. Em seguida, é apresentada a justificativa e os objetivos pretendidos. O último tópico da introdução é esta apresentação de capítulos, que demonstra a estrutura do trabalho realizado.

O segundo capítulo traz a metodologia; com os instrumentos de coleta de dados primários e secundários, que foram as entrevistas semi-estruturadas realizadas em instituições do setor sucroenergético e a bibliografia sobre inovação e bioetanol; e os instrumentos de análise de dados utilizados para o alcance dos objetivos propostos no estudo.

O terceiro capítulo está dividido em sete tópicos e apresenta o referencial teórico a respeito do processo de inovação tecnológica. A revisão conceitual de diversos autores acerca do processo de construção e gestão do conhecimento interorganizacional e intraorganizacional construiu um referencial que permitiu o embasamento teórico necessário para a sequência do estudo.

Ao longo dos cinco tópicos do quarto capítulo é apresentada a posição histórica, econômica e tecnológica do setor, enfatizando as tecnologias relacionadas ao cultivo da cana e à produção de bioetanol de primeira e de segunda geração. Este capítulo também analisa a produção de bioetanol a partir da perspectiva da sustentabilidade; verificando a importância do aporte constante em inovação tecnológica para sustentabilidade econômica, social e ambiental na sua cadeia de produção. O capítulo traz ainda o mapeamento dos principais atores envolvidos nas redes de inovação tecnológica na produção do bioetanol, com ênfase para os atores atuantes no estado de São Paulo e a estratégia de posicionamento e consolidação do bioetanol no mercado.

(21)

2. METODOLOGIA

De acordo com Moroz e Gianfaldoni (2006), o processo de pesquisa começa com um questionamento que pode vir expresso sob a forma de um objetivo, cujas respostas para a problematização podem ser buscadas através de pesquisa empírica ou teórica. Na pesquisa empírica, são coletadas informações de maneira direta ou indireta ao longo da ocorrência de um fato. Enquanto na pesquisa teórica as informações são obtidas através da literatura especializada a respeito de uma determinada área do conhecimento, buscando-se incidir o questionamento sobre determinado arcabouço teórico-conceitual. Neste estudo, para alcançar os objetivos propostos, os dados foram coletados através dos seguintes instrumentos:

a. Coleta de dados secundários, através da análise bibliográfica sobre inovação tecnológica e setor sucroenergético, que é apresentada nos capítulos três e quatro, respectivamente.

b. Coleta de dados primários, através de entrevistas semi-estruturadas que foram realizadas com profissionais atuantes em diversas instituições que fazem parte das redes do setor sucroenergético.

Este estudo segue a estrutura IRMRDC de pesquisa: introdução do conteúdo, revisão de literatura, metodologia, resultados, discussão e conclusão [Cervo e Bervian (2005); e Santos e Noronha (2005) apud Manual de Trabalhos Acadêmicos da Universidade Católica de Brasília (2008)]. Considerando-se apenas que, para uma melhor exposição do trabalho para o leitor, o capítulo referente à metodologia foi anteposto aos de revisão da literatura.

2.1. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

(22)

Ainda de acordo com Moroz e Gianfaldoni (2006), “os dados coletados tem uma direção – aquela dada pela questão que se pretende responder, pelo objetivo que se pretende atingir”. Por esta razão foi elaborado o Quadro 1 – Quadro de coleta de dados -, que apresenta cada um dos objetivos específicos apresentados nesta pesquisa, seguidos dos instrumentos de coleta de dados que foram utilizados para alcançá-los.

Objetivos Dados a serem

coletados Como coletar o dado Fontes de Coleta de Dados Identificar os atores,

fluxos e tipologias de redes de inovação

tecnológica na cadeia produtiva de bioetanol.

- Identificação

dos nós:

Listagem dos principais atores envolvidos nos processos de inovação no Estado de São Paulo.

- Identificação dos fluxos (a contribuição dos atores em rede): recursos

materiais, financeiros ou conhecimento e tecnologia. - Identificação das posições: Como as redes se formam e, dentro delas, quem cria, investe, absorve e dissemina inovação tecnológica. - Tipificação das redes:

Verificação de existência de redes abertas e fechadas; e inovação aberta, fechada,

sistêmica, incremental e radical.

- Pesquisa bibliográfica - Trabalho de Campo

- Fonte documental: Relatórios, artigos de jornais, artigos de revistas, artigos acadêmicos e livros.

- Entrevistas semi-estruturadas junto às instituições: CTBE,

CGEE, MAPA, UNICA,

APTA/IEA, COSAN e

(23)

Compreender os papéis e processos dos atores-chave do sistema de inovação

do setor

sucroenergético.

- Listagem das principais ligações e conteúdos das redes.

Identificar os principais

condicionantes das redes de produção do bioetanol em São Paulo.

- Os principais processos utilizados nas redes.

- Verificação da existência de uma plataforma tecnológica no setor

sucroenergético.

- Pesquisa bibliográfica - Trabalho de Campo

- Fonte documental: Relatórios, artigos de jornais, artigos de revistas, artigos acadêmicos e livros.

- Entrevistas semi-estruturadas junto às instituições: CTBE,

CGEE, MAPA, UNICA,

APTA/IEA, COSAN e

EMBRAPA AGROENERGIA. Analisar a relação

entre a gestão ambiental e a gestão tecnológica na cadeia produtiva do bioetanol.

- Contribuição das redes de inovação para a sustentabilidade

social e

ambiental da cadeia produtiva do bioetanol.

- Pesquisa bibliográfica - Trabalho de Campo

- Fonte documental: Relatórios, artigos de jornais, artigos de revistas, artigos acadêmicos e livros.

- Entrevistas semi-estruturadas junto às instituições: CTBE,

CGEE, MAPA, UNICA,

APTA/IEA, COSAN e

EMBRAPA AGROENERGIA Avaliar a influência

das redes no desenvolvimento e consolidação da tecnologia do bioetanol de cana-de-açúcar,

esboçando um painel atualizado da cadeia de pesquisa, desenvolvimento e difusão tecnológica desse

biocombustível.

Estes dados serão coletados a partir dos resultados que já foram analisados na pesquisa e também através da análise das entrevistas.

Quadro 1 – Quadro de coleta de dados Fonte: Elaboração própria.

Vanhaverbeke (2006) explica que há uma relação intrínseca entre a localização geográfica de empresas inovativas e a localização de universidades e centros de pesquisa. As empresas buscam se aglomerar ao redor dessas instituições; que funcionam como pólos atrativos para a organização industrial devido ao fluxo de conhecimento que promovem; o que gera a formação de clusters, redes e sistemas regionais de inovação.

(24)

Unicamp, Esalq\USP, Universidade Federal de São Carlos, CTC, IAC e o recém criado CTBE, entre outros. Por essa razão, esta pesquisa se constituiu em um estudo de caso que focou as redes de inovação tecnológica formadas por atores predominantemente pertencentes a esse estado.

A coleta de dados desta pesquisa foi elaborada em duas etapas. A primeira etapa se constituiu na pesquisa documental, onde a bibliografia consultada atendeu dois direcionamentos: a construção do referencial teórico; e a coleta inicial de dados a respeito do setor sucroenergético, com foco na produção de bioetanol de cana-de-açúcar no país. Dessa forma, a pesquisa documental ofereceu subsídios para que fosse feito um primeiro mapeamento dos atores-chave do setor sucroenergético.

Este mapeamento preliminar originou a segunda etapa da coleta de dados, onde foi feita uma lista de instituições/atores-chave que receberam um convite, por e-mail, para o agendamento de entrevistas semi-estruturadas com os profissionais atuantes no setor.

Nem todas as instituições convidadas responderam ao e-mail, ou tiveram possibilidade de conceder a entrevista. Entre aquelas que puderam contribuir para esta coleta de dados, foi feita pesquisa de campo com visitas e aplicação de entrevistas semi-estruturadas. As instituições visitadas foram:

a. Em Brasília:

- Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA);

- Centro de Gestão e Estudos Estratégicos do Ministério da Ciência e Tecnologia (CGEE); e - Empresa Brasileira de Agropecuária, Divisão de Agroenergia (Embrapa Agroenergia).

b. No estado de São Paulo:

- Usina Costa Pinto (pertencente ao grupo sucroalcooleiro Cosan), situada em Piracicaba; - Agência Paulista de Tecnologia em Agronegócio/Instituto de Economia Agrícola (APTA/IEA), situado na capital de São Paulo;

- União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), situada na capital de São Paulo; e

- Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), situado em Campinas.

(25)

tecnológica no setor sucroenergético; principalmente por ser esta uma pesquisa de natureza qualitativa.

A entrevista semi-estruturada é um instrumento metodológico muito importante na pesquisa qualitativa, por oferecer a oportunidade de coletar informações diretamente com os atores envolvidos no universo no qual a pesquisa se concentra. Para que este instrumento possa oferecer a base de dados necessária para o alcance dos objetivos estabelecidos para o estudo, há necessidade de se desenvolver um roteiro de entrevista imparcial. A respeito da construção de um roteiro de questões para a entrevista semi-estruturada Miccolis (2009, pg. 22) estabelece que:

[...] as entrevistas semi-estruturadas devem seguir um roteiro flexível de perguntas orientadoras, cujo foco – e tempo alocado – deve variar de acordo com a pessoa sendo entrevistada e o seu envolvimento no projeto. As perguntas no roteiro de entrevistas devem servir como ponto de partida para uma conversa dialógica em que o entrevistado possa estruturar os seus próprios pensamentos e colocar suas perspectivas sem interferência ou indução por parte da entrevistadora. Busca-se, assim, adotar uma abordagem etnográfica que permita ao entrevistado expressar-se abertamente e atribuir a devida importância a questões que lhe são importantes.

O questionário que serviu de base para as entrevistas semi-estruturadas que foram realizadas foi elaborado com base nos objetivos que se pretendia alcançar neste estudo e encontra-se no Apêndice A.

2.2. INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

Neste trabalho foi feita uma análise qualitativa das redes de inovação tecnológica da produção de bioetanol, onde se buscou entender os comportamentos e processos por meio da conectividade entre os agentes das redes e os papéis e posições exercidos por eles. Não foram realizadas análises estatísticas, pois este estudo visou fazer uma análise da posição das redes para que os dados coletados aqui pudessem servir de embasamento para um trabalho futuro de coleta de dados mais complexos e extensos, com mapeamento de todas as redes nas quais os atores principais do setor estão envolvidos, como amostra para que análises quantitativas possam ser feitas.

(26)

ajudar a compreender melhor as relações que são estabelecidas dentro do setor pesquisado. Neste caso as entrevistas podem ajudar a entender as relações entre os atores do setor sucroenergético ao longo do processo de inovação tecnológica na produção de bioetanol. Ainda segundo o autor, a tabulação desses dados deve ser cruzada com os objetivos do trabalho, para que se possa realizar o processo de análise e obtenção de resultados de pesquisa.

Baseando-se nas metodologias apresentadas pelas autoras Marshall e Rossman (2006) e por Miccolis (2009), os procedimentos que foram utilizados para a análise e interpretação dos dados coletados para a obtenção dos objetivos desta pesquisa seguiram as seguintes etapas:

1. Organização dos dados com transcrição das entrevistas;

2. Estruturação do Quadro 2 - Primeiro Quadro de Análise de Dados - com a tabulação das respostas nos seguintes temas: atores, redes, redes abertas e redes fechadas, inovação radical x inovação incremental, sustentabilidade, primeira geração x segunda geração, novas perspectivas de uso, consolidação do bioetanol no mercado externo, plataforma tecnológica para o setor sucroenergético e contradições. Este quadro obedeceu a uma metodologia de pesquisa onde o discurso dos entrevistados foi analisado de acordo com as palavras-chave da pesquisa e, consequentemente, os seus temas relevantes para a mesma. Os resultados deste quadro ofereceram subsídios para verificar qual é a visão de cada uma das instituições que compuseram o universo da pesquisa em relação aos tópicos mais importantes relacionados ao objetivo do estudo, destacando-se tendências ou padrões, diferenças significativas de perspectivas e contradições de discursos.

Primeiro Quadro de Análise de Dados Qualitativos Tema/

Instituição

CGEE Embrapa

Agroenergia MAPA Cosan UNICA IEA CTBE

Atores

Há redes de inovação tecnológica no setor sucroenergético em São Paulo? Rede Aberta x Fechada

Inovação Radical x Inovação Incremental

Sustentabilidade X Inovação Tecnológica

As inovações tecnológicas e as redes contribuem para a consolidação e expansão do etanol no mercado?

(27)

contribuem para a consolidação e expansão do etanol no mercado?

Quadro 2 – Primeiro quadro de análise de dados. Fonte: Elaboração própria.

3. O Quadro 3 – Segundo Quadro de Análise de Dados – resultou da análise conjunta das entrevistas e do material bibliográfico pesquisado especializado no setor sucroenergético: livros, sítios eletrônicos e revistas. Ele oferece um resumo das tendências e tipificações de diversas redes e inovações que estão sendo desenvolvidas no setor sucroenergético. Através dele, é possível verificar a tendência de tipificação das inovações tecnológicas e compreender o papel dos atores envolvidos de maneira geral, o que facilita o trabalho elaboração do diagnóstico acerca dos resultados do estudo. Com o preenchimento deste quadro foi possível visualizar quais atores e processos de criação, investimento, difusão e absorção de inovação tecnológica eram mais incidentes.

Segundo Quadro de Análise de Dados Qualitativos Os principais

atores de inovação em

redes (Corresponde

aos pontos e posições das

redes)

O que é inovado (Principais inovações, corresponde ao conteúdo das redes) Tipologia da inovação Há investimento, interesse ou participação de agentes do mercado estrangeiro? Fluxo das redes Como a tecnologia de inovação é transferida Processos de Ligação

Quadro 3 - Segundo quadro de análise de dados. Fonte: Elaboração própria.

(28)

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste referencial será apresentado o arcabouço teórico básico necessário para o estudo das redes de inovação do setor sucroenergético no estado de São Paulo.

3.1. CONHECIMENTO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

O conhecimento pode ser conceituado como uma crença baseada em informação, ele é destinado a um fim e relacionado a um determinado contexto. Há dois tipos de conhecimento, o tácito e o explícito. O conhecimento tácito, ou implícito, é não-codificável e pode ser transmitido através da observação e da prática, os custos de sua transmissão tendem a ser altos, e a difusão lenta. Por essa razão, as organizações tendem a transformar o conhecimento tácito em explícito, antes de transferi-lo a outras (REIS, 2008; CARVALHO et al., 2006).

O conhecimento explícito pode ser transmitido de maneira codificável e é passível de ser armazenado. Pode ocorrer de duas organizações adquirirem conhecimento explícito igual e obterem resultados diferentes devido ao uso ou à falta do conhecimento tácito e também ao fato de que cada empresa utiliza o conhecimento de maneira distinta da outra, pois embora a base tecnológica seja a mesma, há fatores de diferença como o nível de capacidade de aprendizagem organizacional e a cultura organizacional, como fatores que interferem no processo do conhecimento. Há uma relação intrínseca entre os conhecimentos tácito e explícito dentro do processo de desenvolvimento do conhecimento intraorganizacional e interorganizacional (NONAKA E TAKEUCHI, 2008; REIS, 2008; CARVALHO et al., 2006; CHIAVENATO, 2005).

(29)

corpos de conhecimento distintos, através da criação de novas formas de interações organizacionais.

Ao serem formadas redes de conhecimento interorganizacional, deve haver uma transferência tanto de conhecimento implícito como explícito. Para isso, é necessário que a organização já tenha sintetizado o seu conhecimento. Nonaka e Takeuchi (2008) defendem que o processo de inovação organizacional, mesmo quando essa é absorvida, não se constitui na simples incorporação de um conhecimento de fora para dentro da empresa. Mesmo quando absorve conhecimento, uma organização precisa passar por um processo de redefinição de problemas e soluções, recriando o seu próprio ambiente em um processo de criação do conhecimento organizacional.

Infere-se do ensinamento dos autores que quando uma organização está em uma posição de absorver uma inovação tecnológica, sem ter participado da sua pesquisa e desenvolvimento, ela precisa se adaptar, se reestruturar, para poder absorver o novo conhecimento. Essa pode ser uma das razões de as empresas que pesquisam e desenvolvem uma inovação tecnológica, embora tenham tido um investimento maior do que as que apenas o absorvem; conseguirem, com isso, se manter em uma posição de vantagem em relação às concorrentes. Elas já passaram pelas etapas de sistematização de conhecimento e também estão em condições de aprimorá-lo com maior agilidade para manterem o seu diferencial competitivo.

No conceito de Chiavenato (2006), a gestão do conhecimento é um processo destinado a criar, organizar, disseminar e intensificar o conhecimento para melhorar o desempenho da organização. Segundo Canongia, Santos e Zackiewicz (2004), ela é um processo articulado e intencional destinado a promover o desempenho de uma organização, tendo como base a criação e a circulação de conhecimento. A atividade primordial exercida pelos atores que atuam na cadeia produtiva do bioetanol é gerir o conhecimento para que possam se integrar às redes de inovação e obterem sustentabilidade econômica, ambiental e social a partir dos resultados apresentados por essas redes.

(30)

encoraja a comunidade interorganizacional a engajar-se no processo de criação do conhecimento (NONAKA e TOYAMA, 2008, e AHMADJIAN, 2008).

Considera-se, para efeito deste estudo, que São Paulo é um Ba. Isso é relevante para esta pesquisa, pois significa que é lá que está instalada a maior parte dos atores e das redes de inovação do setor sucroenergético, resultando em uma força sinergética que atrai e emana conhecimento que resulta na maior parte das inovações do setor.

Bogo (1998) conceitua tecnologia como um sistema de ferramentas, métodos, técnicas, processos, dispositivos, conhecimento e instalações que são usados para as tarefas de trabalho em qualquer organização, para chegar a uma função prática específica ou a um objetivo. Conceito parecido é dado por Chiavenato (2006), segundo o qual a tecnologia se desenvolve através de conhecimentos acumulados sobre a execução de tarefas e também pelas suas manifestações físicas, como máquinas, equipamentos e instalações; constituindo um complexo de técnicas usadas na conversão de insumos em resultados. Há, portanto, duas formas de tecnologia. A incorporada, contida em bens de capital e matérias-primas; e a não-incorporada, que está contida nas pessoas. Para o autor, a tecnologia pode ser flexível ou fixa, a flexível pode ser utilizada em produtos e serviços diferentes; e a fixa é aquela destinada a um único fim, não podendo ser utilizada em outros produtos ou serviços.

Neste trabalho, considerar-se-á que a tecnologia, em termos de setor sucroenergético, é um conjunto de aparatos intangíveis, como métodos, know how e conhecimento; e aparatos tangíveis, como maquinários e ferramentas; cujo domínio leva à agregação de resultados positivos.

Chesnais (1996) considera que a tecnologia é um fator decisivo de competitividade que afeta praticamente todo o sistema industrial, sendo um dos campos mais determinantes onde se entrelaçam as relações de cooperação e de concorrência entre empresas. De acordo com Pessali e Fernández (2006), quando há soluções tecnológicas diferentes para problemas semelhantes, as tecnologias são selecionadas de forma comparativa, sendo que uma tecnologia é considerada como eficiente na medida em que ajuda uma sociedade a atingir metas sociais.

(31)

De acordo com Shumpeter (1964, p. 15-16), “a produção tecnológica é na verdade determinada pelo sistema econômico”. Isso significa que a solução tecnológica só é implantada na organização a partir do momento que resulta em ganhos econômicos, seja por aumento da eficiência produtiva ou pela agregação de valor ao produto final; o que, em ambos os casos, resulta na melhora da competitividade de mercado. A tecnologia da mecanização foi bem sucedida por ter agregado valor econômico à cadeia produtiva. Essa é, por exemplo, a grande questão relacionada ao desenvolvimento das tecnologias de bioetanol de segunda geração; pois a tecnologia já existe e é sustentável ambientalmente, mas ainda não é sustentável economicamente para a produção em escala comercial.

Sob o prisma da gestão ambiental, a tecnologia também deverá ser apropriada de acordo com o atendimento de necessidades de sustentabilidade ambiental e social. Assim, as redes devem buscar trajetórias tecnológicas que ofereçam benefícios econômicos, mas que equacionem a sustentabilidade como um todo. Segundo Andrade e Miccolis (2010), por exemplo, a mecanização no setor sucroenergético demonstra-se sustentável economicamente, mas há uma questão social a ser analisada com a implantação desta tecnologia, que é o aumento de desemprego entre os funcionários do setor.

A idéia, ou invenção, que surge com a percepção de uma oportunidade de mercado só pode ser considerada como inovação se for difundida e se propagar gerando vantagem competitiva. Para isso, há necessidade de superar dois grandes riscos no caminho para a inovação. O primeiro está ligado ao desenvolvimento do suporte tecnológico necessário. O segundo é a implantação de uma estratégia de propagação desta inovação no mercado. Somente com a superação desses riscos a inovação poderá promover o retorno do capital investido com o aporte tecnológico e a implementação da estratégia de difusão. Dentro deste conceito, entende-se como mercado a matriz de interações que é formada por todos os agentes que serão afetados direta ou indiretamente pela inovação (CARVALHO, 2009).

Oliveira (2009) entende inovação como o aglomerado de conhecimentos necessários para se conceber, produzir e distribuir produtos e serviços de forma eficiente e eficaz. Já para Dosi (1988 apud La Rovere,2006), a atividade inovadora é composta por um conjunto de processos de busca; descoberta; experimentação; desenvolvimento; imitação; e adoção de novos produtos, processos e técnicas organizacionais.

(32)

três processos correlatos, porém distintos: a descoberta, ou invenção; a inovação propriamente dita; e a sua difusão nas atividades econômicas.

O processo de inovação segue fases: experimentação, ponto de inovação, dominação e estabilização. A fase de experimentação corresponde ao momento em que a inovação está sendo testada; introduzida no mercado por algumas instituições, normalmente aquelas que fizeram parte do seu processo de desenvolvimento. O ponto de inovação é alcançado quando a ideia ou o invento realmente foi absorvido pelo mercado, sendo essa a condição para que se tenha inovação. A partir daí, a inovação começa a se expandir pelo mercado, e tem-se a fase de dominação, onde as empresas que ainda não conseguiram absorver a tecnologia dominante perdem espaço no mercado. Na fase de estabilização, a inovação já está encaixada no mercado e a maioria das organizações já detém a tecnologia referente a ela, é um momento em que, por questões de manutenção da vantagem competitiva através da agregação de valor ao produto, começa a surgir a necessidade de inovações incrementais (UTTERBACK, 1994 apud REIS, 2008).

Há três conceitos de originalidade para as inovações: nova para o mercado, nova para o mundo e capazes de estabelecer rupturas. Sendo que as atividades de inovação de produto e processo são todas as etapas científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais que levam à implantação de produtos ou processos tecnologicamente novos ou aprimorados (OCDE, 1997).

3.2. TIPOLOGIAS DA INOVAÇÃO

A inovação tem diversas tipologias, nos itens seguintes serão apresentadas as principais que foram identificadas na revisão bibliográfica e que serão importantes para o alcance dos objetivos apresentados neste estudo.

3.2.1. Tipos de Inovações

(33)

empresas. A inovação pode ser de quatro tipos: de produto, de processo, organizacional e de marketing. De acordo com a OCDE (1997) a inovação de produto, ou serviço, resulta num produto de desempenho significativamente aprimorado ou elevado, fazendo com que as características tecnológicas ou usos pretendidos sejam diferentes daqueles produtos produzidos anteriormente. Um produto simples pode ser aprimorado, tanto em termos de desempenho quanto de diminuição do custo, através de componentes ou materiais de desempenho melhor; ou um produto complexo que consista em vários subsistemas técnicos integrados pode ser aprimorado através de modificações parciais em um dos subsistemas. Os biopolímeros produzidos a partir de cana-de-açúcar são um exemplo de inovação de produto.

A inovação de processo é, de acordo com a OCDE (1997), a adoção de métodos de produção ou distribuição novos ou significativamente melhorados. Ela envolve mudanças nos equipamentos ou na organização da produção e pode derivar do uso de novos conhecimentos. A mudança nos métodos do processo pode ter por objetivo produzir ou entregar produtos tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou entregues com os métodos convencionais de produção, ou pretender aumentar a produção ou eficiência na entrega de produtos existentes. Ela pode envolver mudanças de equipamento, recursos humanos, métodos de trabalho ou uma combinação desses. A mecanização adotada nos processos de plantio e colheita de cana é uma inovação de processo.

A inovação organizacional pode ocorrer através de uma nova prática de negócio da empresa, ou uma nova forma de organização no ambiente interno e externo. A diferença entre inovação organizacional e mudança organizacional é que a inovação resulta de decisões estratégicas que são tomadas pela gerência e que nunca tinham sido utilizadas na organização. A cogeração de energia elétrica é uma inovação de processo que leva a uma inovação organizacional, pois surge uma nova prática de negócio a partir do momento em que as usinas começam a negociar o excedente de energia no mercado externo. O comércio de créditos de carbono é outro exemplo de inovação organizacional. Esses dois exemplos de inovação organizacional agregam valor positivo à gestão ambiental no setor sucroenergético.

(34)

para atender necessidades do consumidor e, com isso, abrir novos mercados ou reposicionar o produto no mercado.

3.2.2. Inovações radicais, incrementais, autônomas e sistêmicas

As inovações podem ser radicais, incrementais, autônomas ou sistêmicas. As inovações radicais são aquelas que promovem o desenvolvimento e introdução de um processo, produto ou forma de organização totalmente nova. Elas são capazes de causar uma ruptura no padrão tecnológico anterior, elas resultam em grandes mudanças, podendo criar novos mercados, indústrias e setores; causando impactos econômicos (GORDON, 2009; CANONGIA, SANTOS, ZACKIEWICZ; 2004; CHESNAIS, 1996).

Para Carvalho (2009), a competência de inovação de uma empresa é definida pela sua capacidade de comercializar inovações radicais repetidas vezes. Segundo Rocha Neto (2004), a inovação radical pode ser fruto de uma tecnologia realmente nova, ou simplesmente de uma associação de tecnologias disponíveis no mercado para novas aplicações, e que foram difundidas, absorvidas e combinadas dando origem a uma inovação radical. Chiavenato (2006) apresenta o conceito de que algumas tecnologias podem ser consideradas como destruição criativa por apresentarem características inovadoras e que substituem as tecnologias existentes por serem mais baratas e fáceis de aplicar.

Carvalho (2009) conceitua inovações incrementais, ou de sustentação, como a introdução de melhorias sucessivas em produtos, processos ou organização da produção. Para o autor, essas inovações dependem muito das novas oportunidades abertas pelos avanços científicos ou por fortes obstáculos encontrados no desenvolvimento de determinadas trajetórias tecnológicas que oferecem caminhos mais ou menos delimitados para a operação dos processos de seleção. Isso porque, nessa situação, as instituições tendem a melhorar as tecnologias já existentes.

(35)

A busca sistemática por inovações radicais e incrementais é fundamental para a sobrevivência das empresas (Canongia, Santos, Zackiewicz; 2004). Segundo Furtado (2006), as alterações e adaptações tecnológicas contínuas influenciam de forma decisiva o processo de difusão, pois são as inovações progressivas ou incrementais, que acompanham as inovações radicais, que dão sustentação à difusão tecnológica.

Inovações autônomas são aquelas que não dependem ou complementam outras inovações, podendo ser desenvolvidas independentemente. Enquanto as inovações sistêmicas são aquelas que geram valor apenas quando acompanhadas por outras inovações (Carvalho, 2009). De acordo com Maula, Keil e Salmenkaita (2006), a inovação sistêmica requer inovações complementares, as quais ela acompanha ou complementa de alguma forma, para que a sua comercialização seja bem sucedida. Dessa forma, a natureza sistêmica da inovação faz com que as organizações dependam umas das outras, o que leva à formação de redes de integração vertical e a um processo colaborativo entre as organizações. A mecanização é uma inovação sistêmica, pois ela requer outras inovações de produto e de processo para a sua implantação.

Como a inovação sistêmica requer outras inovações, ela corresponde ao que OCDE (1997) chama de um nível mais alto de inovação; que engloba a troca de informações, conhecimentos, idéias e capacidades; sendo constituída por canais e redes através dos quais informação e conhecimento circulam inseridos em um contexto social, político e cultural, de acordo com os interesses dos atores envolvidos no processo. Por essa razão, o modelo sistêmico é, segundo Prochnik e Araújo (2005) um modelo participativo, que favorece o aprendizado mútuo e a difusão da inovação, que passa a ser fruto da interação entre agentes internos e externos à empresa.

3.2.3. Inovação de trajetória linear e não-linear

(36)

Dunham et al. (2006) conceituam trajetória tecnológica como o conjunto de ações que se organizam através de programas de pesquisa tecnológica e da estratégia implementada para a solução do problema definido no âmbito do paradigma tecnológico; sendo que esses programas devem equilibrar dimensões técnicas e econômicas das tecnologias em processo de pesquisa e desenvolvimento; acrescenta-se ao conceito dos autores, também a dimensão socioambiental. Para os autores, a trajetória tecnológica é delimitada pelos programas de pesquisa tecnológica e pelo ambiente de seleção que direcionam a resposta ao paradigma tecnológico, que define e contextualiza as necessidades que devem ser atendidas para a solução de um problema técnico.

Paradigma tecnológico é conceituado por Dosi (1982 apud La Rovere, 2006, p. 287) como “um modelo ou um padrão de soluções para um conjunto de problemas de ordem técnica, selecionado a partir de princípios derivados do conhecimento científico e das práticas produtivas”. Um modelo mais sustentável de produção que seja ambientalmente e socialmente aceito, e que também equacione a variável econômica, exige um novo paradigma tecnológico. Pode-se dizer que o bioetanol de segunda geração produzido em escala comercial trará um novo paradigma tecnológico ao setor sucroenergético.

Na sua trajetória, a inovação pode assumir dois modelos, um linear e outro não-linear. Reis (2008) apresenta dois modelos lienares de inovação: empurrado pela descoberta científica (science push) e puxado pela procura (market pull). Neste último modelo, são as requisições do mercado que levam a empresa a buscar pela inovação. Nos dois casos segue-se a pesquisa aplicada e o desenvolvimento experimental para chegar à inovação tecnológica. Campos (2006) apresenta o modelo linear de transferência do conhecimento científico, conforme pode ser visto no quadro 4:

Etapa/Trajetória do conhecimento

científico

Pesquisa básica Pesquisa aplicada Desenvolvimento

tecnológico Produção

Emprego da

informação Múltiplo potencial uso Define previsto emprego ou imprevisto

Emprego definido Não prevê o retorno da informação para a pesquisa

Risco econômico Alto Intermediário Intermediário Baixo

Escala Laboratório Laboratório Protótipo Grande escala

Quadro 4 – Modelo linear de inovação. Fonte: Campos (2006, p. 145)

(37)

Essas operações compreendem etapas que abrangem a criação, a difusão e o atendimento ao consumidor final da tecnologia inovada. Para que o ciclo de inovação seja totalmente percorrido, desde a criação até a incorporação da tecnologia pelo seu público alvo, há necessidade de que haja uma interação eficaz entre universidades e empresas. De tal forma que essas duas instituições tendem a se unir em redes.

Sbicca e Pelaez (2006) afirmam que a inovação não é um processo linear, que segue de maneira definida as etapas da pesquisa básica para a aplicada, e depois para o desenvolvimento e implementação da produção. Ela envolve processos de feedback e relações interativas entre a ciência, a tecnologia, o aprendizado, a produção, a política e a demanda. Para os autores, a inovação é um processo não-linear, cuja trajetória se dá pela interação de diversos agentes. Nesse processo, a cadeia de causa e efeito, que se inicia com a P&D e termina com o aumento da produtividade, é mediada pela interação entre atores que atuam em redes de geração e difusão da tecnologia. O processo de inovação não-linear é mais complexo, e os atores combinam-se de modo a incentivar ou bloquear os processos de aprendizagem e inovação. No setor sucroenergético, a inovação ocorre de maneira não-linear, sendo fruto da sinergia das diversas redes que o compõe.

Este estudo de caso busca justamente tentar contribuir para o início de uma discussão a respeito de como o modelo linear de pesquisa, desenvolvimento e produção, se torna complexo; tendendo a uma não-linearidade, a partir do momento em que os atores começam a operar em rede com interações constantes; fazendo com que as universidades interajam constantemente com as empresas, em redes de integração vertical e horizontal. Essas redes são compostas ou sofrem a influência direta de outras redes e agentes, como o Centro de Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e a Unica, por exemplo; que servem de ponte de feedback, uma pelo lado da pesquisa e a outra pelo lado do marketing.

3.2.4. Inovação aberta e inovação fechada

(38)

Na inovação aberta, o processo de pesquisa e desenvolvimento ocorre como um sistema aberto, onde as ideias de valor podem vir de dentro ou de fora da empresa. Ela pode ser entendida como a antítese do modelo de integração vertical, onde as atividades externas de P&D levam ao desenvolvimento interno de produtos. A inovação aberta assume que as empresas podem e devem usar ideias e trajetórias internas e externas, enquanto procuram aprimorar as suas tecnologias, agregando valor a produtos e processos e também assumindo que as ideias internas também podem ser levadas ao mercado através de canais externos. Sendo assim, há um fluxo de entrada e saída de conhecimento para acelerar a inovação interna e expandir os mercados para o uso externo da inovação (CHESBROUGH, 2006).

As atividades de inovação podem ser executadas dentro da empresa ou podem envolver a aquisição de bens, serviços ou conhecimento de fontes externas (OCDE, 1997). Para Chesbrough (2006) a empresa pode explorar o conhecimento externo através da imitação do concorrente no lançamento de novos produtos e serviços; ou através do uso de alianças e a construção de redes interorganizacionais, como uma forma de buscar e incorporar conhecimento externo aos processos inovativos da organização.

O esforço conjunto entre empresas, instituições, clientes e fornecedores, entre outros; nas atividades inovativas tem conseqüências benéficas. Pois a possibilidade de criar produtos ou processos que representem agregação de valor através da cooperação e transferência de conhecimentos entre diversos agentes resulta no aumento de vantagens competitivas (Prochnik e Araújo, 2005). Isso porque, de acordo com Carvalho (2009), dentro de uma estratégia de inovação aberta, as empresas geram canais de comunicação com grupos de empresas com elevado nível de desenvolvimento tecnológico e com estratégias de diferenciação e de inovação tecnológica.

(39)

Segundo Vanhaverbeke (2006), o processo de inovação aberta está relacionado ao estabelecimento de vínculos interorganizacionais de inovação. Isso porque a competitividade de mercado força as organizações a se aliarem a outras ao longo do processo de desenvolvimento e absorção de novas tecnologias, comercialização dos seus produtos, ou atualização em relação às últimas tecnologias desenvolvidas. Para Simard e West (2006), a organização incorpora estratégias de inovação aberta quando identifica uma lacuna interna de conhecimento e, então, busca parceiros potenciais que possam colaborar no preenchimento desta lacuna sem a necessidade de construí-lo internamente.

Neste momento, inovação aberta e fechada coexiste dentro das organizações, sendo que uma mesma instituição mantém, concomitantemente, projetos de inovação aberta e fechada (Carvalho, 2009). A tendência das empresas tem sido não manterem a sua atividade de PD&I totalmente fechada e buscar participar de projetos de inovação aberta. A razão disso é explicada por Chesnais (1996, p. 168) quando o autor, ao abordar esta temática, esclarece que “num período de mudança tecnológica rápida e radical, na maioria das vezes, o regime de apropriação fica gravemente enfraquecido e, consequentemente, também as barreiras de entrada”.

Neste momento, o setor sucroenergético está passando por um período de reconfiguração da estrutura tecnológica que delineará o cenário das próximas décadas. Assim, a necessidade de mudanças tecnológicas estratégicas rápidas e radicais está favorecendo tanto a entrada e fortalecimento de novos atores como o modelo aberto de inovação.

“As redes de inovação aberta funcionam estrategicamente como uma alternativa de integração vertical” (Simard e West, 2006, p. 5). Um exemplo disso, são as redes de inovação aberta do setor sucroenergético; que unem indústrias produtoras de bioetanol, fabricantes de bens de capital e indústrias que usam o bioetanol como matéria-prima para os seus produtos; fazendo com que a integração vertical para a pesquisa e desenvolvimento inclua diversos atores de uma mesma cadeia de suprimento.

Para Vanhaverbeke (2006), quando uma organização realiza pesquisa e desenvolvimento sozinha, ela tem mais liberdade para tomar as suas próprias decisões e o ambiente externo é uma variável exógena ou uma arena de competição total. Mas, quando ela se une em rede, o valor que será construído dependerá do alinhamento de objetivos com os demais atores, e também do comprometimento e das habilidades das outras organizações participantes da rede.

(40)

maps ou roodmapping) que visam identificar a abordagem adequada para viabilizar projetos de inovação (Carvalho, 2009), para que características e tipologias estejam alinhadas com o planejamento estratégico organizacional. Cortez et al. (2010) definem roodmapping como um processo voltado para planejamento que tem, entre as suas aplicações, o suporte ao planejamento estratégico de longo prazo. Ele pode ser usado para planejamento intraorganizacional e interorganizacional, envolvendo desde segmentos privados baseados em ciência e tecnologia até empresas públicas e agências desenvolvedoras e executoras de políticas governamentais.

O trabalho apresentado por Cortez et al. (2010); conduzido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) com o auxílio de diversos atores, como CTBE e IAC; contém um roadmapping do setor sucroenergético para o Estado de São Paulo. Este roadmapping apresentou as bases de desenvolvimento tecnológico que são requisitadas para que o bioetanol e os co-produtos da cana possam alcançar resultados competitivos de mercado em um cenário tecnológico estipulado para os próximos 15 anos.

O quadro 5 apresenta uma síntese da tipologia de inovação abordada neste trabalho:

Tipo de inovação Descrição Autores abordados

Linear A trajetória tecnológica segue, de

maneira retilínea, as etapas que abrangem da pesquisa básica e aplicada à pós-venda.

Reis (2008), Nelson e Winter (1977 apud La Rovere, 2006), Dunham et al. (2006), Reis (2008), Campos (2006).

Não-linear A trajetória tecnológica é mais

complexa que a do modelo linear e ocorre através da interação de diversos agentes.

Reis (2008), Sbicca e Pelaez (2006).

Aberta A inovação é resultado de um fluxo

de informações que circulam de fora para dentro e de dentro para fora da organização.

Chesbrough (2006), (OCDE, 1997), Carvalho (2009), Vanhaverbeke (2006), Simard e West (2006).

Fechada A inovação é resultado de um

processo que ocorre totalmente dentro da organização, não há entrada nem saída de conhecimento ou informações.

Chesbrough (2006), Carvalho (2009).

Radical ou de Ruptura É uma inovação capaz de causar grandes mudanças, que resultam na introdução de novos produtos, novos mercados ou um novo paradigma tecnológico.

Gordon (2009), Canongia, Santos, Zackiewicz (2004), Chesnais (1996), Rocha Neto (2004), Chiavenato (2006), OCDE (1997). Incremental Consiste na melhoria de inovações

já existentes. Carvalho (2006), Rocha (2009), Neto Chiavenato (2004), Furtado (2006), OCDE (1997).

Sistêmica É aquela que requer inovações

complementares para que possa ser introduzida.

Maula, Keil e Salmenkaita (2006), OCDE (1997), Prochnik e Araújo (2005).

Autônoma É uma inovação que não depende

(41)

podendo ser desenvolvida e implementada de maneira independente.

Quadro 5 – Tipologia da inovação. Fonte: Elaboração própria.

3.3. GESTÃO DA INOVAÇÃO

Segundo Reis (2008), a gestão da inovação deve ser um dos elementos que compõe o planejamento organizacional. Ela tem por objetivo antecipar necessidades, monitorar tecnologias, controlar os custos do processo, promover a formação contínua e o contato e cooperação constante com outras instituições que promovam desenvolvimento ou difusão de conhecimento na sua área de atuação. Rocha Neto (2004) conceitua gestão da inovação como a administração de todos os aspectos relacionados com a tecnologia; o que engloba a gestão dos processos de pesquisa e desenvolvimento, difusão, transferência e absorção de inovações tecnológicas; e a implantação de certificações de controle de qualidade e de tecnologias ambientais.

De acordo com a OCDE (1997), a empresa inovadora tem competências estratégicas, como visão de longo prazo, capacidade de identificar e antecipar tendências de mercado e capacidade de assimilar e processar informações tecnológicas e econômicas; e competências organizacionais, como capacidade de gerenciar risco, estabelecimento de canais de cooperação interna e externa com consultorias, comprometimento e investimento em recursos humanos.

A maneira como a empresa realiza a gestão da inovação nos níveis interno e externo contribui para a formulação da sua estratégia competitiva em inovação. Reis (2008) apresenta a teoria de Freeman (1982), segundo o qual há seis tipos distintos de estratégias de inovação:

a. Estratégia ofensiva: adotada por um número pequeno de empresas que investem muito e mantém a liderança em pesquisa e desenvolvimento de inovações tecnológicas. b. Estratégia defensiva: adotada por empresas que buscam conhecimento para não

(42)

c. Estratégia imitadora: adotada por empresas que não buscam posição de liderança, limitando-se a acompanhar os líderes à distância, elas buscam informações para imitar e conhecer as fontes fornecedoras de know how.

d. Estratégia dependente: adotada por empresas subcontratadas que respondem às flutuações que afetam as empresas de maior porte. Como, por exemplo, um fornecedor que tem de se adaptar às inovações tecnológicas que são aportadas pela empresa cliente.

e. Estratégia tradicional: adotada por empresas que não mudam as características dos seus produtos por pressões do mercado ou da concorrência.

f. Estratégia oportunista: adotada por empresas que atuam em nichos específicos de mercado, normalmente esses nichos representam uma oportunidade de negócio identificada.

Este trabalho não trará uma análise de estratégias de competição das empresas do setor sucroenergético. Mas foi possível inferir que as principais empresas que fazem parte das redes de inovação tecnológica no setor sucroenergético tem uma estratégia competitiva ofensiva. A escolha estratégica posiciona a empresa no mercado, de acordo com Hamel (1996 apud Carvalho, 2008), formam-se três grupos: empresas fazedoras de regras (rule makers), são as líderes que constroem a indústria. O sucesso dessas chama a atenção do segundo grupo, as seguidoras de regras (rule talers), que rendem tributos às líderes da indústria e competem na mesma base de valor. No entanto, de tempos em tempos, surgem as quebradoras de regras (rule breakers), o terceiro grupo, que são inovadores estratégicos que propõem alterações radicais e revolucionárias na indústria. Estes conceitos também serão relacionados às empresas do setor sucroenergético no capítulo de análise de dados.

De acordo com Chesnais (1996), as empresas com estratégia e investimento forte em PD&I apóiam-se nas vantagens diferenciais de que se beneficiam os inovadores e os imitadores rápidos, normalmente essas empresas mantêm domínio tecnológico devido à capacidade de aprender com rapidez, tanto na criação quanto na absorção de conhecimento e tecnologias. Assim, a capacidade de aprendizagem organizacional é muito importante na gestão da inovação; sendo que uma empresa pode aprender sozinha ou em rede; pois os caminhos da aprendizagem são, segundo Queiroz (1996), múltiplos e não-excludentes.

(43)

(oportunidades) e threats (ameaças). Na leitura de cenários externos, são avaliadas a oportunidades e ameaças e, na leitura de cenário interno, são avaliadas as fraquezas e oportunidades. O cenário levantado na análise leva ao estabelecimento de uma tendência, que pode ser definida como um conjunto de variações persistentes, lentas ou rápidas, que são observadas no ambiente externo à organização, podendo afetar os negócios de uma organização ou os agentes com os quais ela interage (COSTA, 2007).

Na prática, ao realizar a sua gestão da inovação, uma empresa elabora a análise SWOT e delineia o cenário de que as suas concorrentes estão posicionando um novo produto no mercado, ao qual ela não detém tecnologia para produzir e cujas tendências indicam que será um produto que irá dominar o seu mercado, por exemplo. Com base no cenário e na tendência mapeados na análise, a empresa toma decisões estratégicas, como: desenvolver a tecnologia ou absorvê-la; atuar sozinha ou formar parcerias; ou, até mesmo, não buscar a nova tecnologia e, com isso, correr o risco de perder participação no seu nicho de mercado.

3.4. REDES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

“A criação de conhecimento ocorre não apenas dentro das empresas, mas também a partir dos relacionamentos entre empresas diferentes” (Ahmadjian, 2008, p. 201); uma vez que, de acordo com Fleury e Fleury (2003), a competitividade é, e será cada vez mais, relacionada ao desempenho de redes interorganizacionais e não de empresas isoladas. Por essa razão, para Lambais (2009), a inovação tem ocorrido por múltiplas formas, sendo exemplo de meios externos a presença em clusters e as conexões em rede. Destarte, interagir em comunidades estratégicas de conhecimento em níveis de compartilhamento, criação e renovação de conhecimento; se torna uma competência vital. Essas comunidades são criadas e mantidas enquanto forem necessárias (Carvalho, 2009), e são caracterizadas por fluxos de informação e pelo compartilhamento de competências em redes estruturadas com a presença de atores interorganizacionais e intraorganizacionais (Canongia, Santos, Zackiewicz; 2004).

Imagem

Figura 1 - Representação do Sistema de Inovação e Difusão Tecnológica  Fonte: Rocha Neto, 2004, p
Figura 2 - O Campo das Políticas de Inovação  Fonte: OCDE (1997, p. 37)
Tabela 1 – Países como maior crescimento no número de artigos publicados em periódicos científicos indexados  pela Thomson/ISI
Tabela 2 - Os pedidos de patentes de invenção solicitados ao escritório de marcas e patentes dos Estados Unidos  da América
+7

Referências

Documentos relacionados

Yeo MK, Liang ZL, Oh T, Moon Y, An S, Kim MK, Kim KS, Shong M, Kim JM and Jo YS: Pyrosequencing Cut-off Value Identifying BRAF(V600E) Mutation in Fine Needle

• Obrigatoriamente apresente tabelas contendo trˆes de colunas para cada algoritmo aplicado ` as instˆ ancias, uma com o valor da complexidade te´ orica, uma com o tempo de

Nº Bases Tecnológicas 1 1. Histórico da Previdência Social no Brasil:  Definições;   Previdência, assistência e

Diante desse possível cenário, a definição de estágios de implantação dos processos do Process Thinking e uma ferramenta que auxilie o empreendedor a

Mesmo com a pulverização de empresas prestadoras de serviços de auditoria para o segmento, os clubes de futebol caracterizam-se pelos mesmos tópicos analisados e objetos de

[r]

Dessa maneira, o presente trabalho, a partir do estudo de caso de um estudante com deficiência intelectual, objetiva apresentar a relevância da Sala de Recursos Multifuncionais

Apresentamos a seguir outras informações que consideramos relevantes para a leitura e o entendimento do nosso desempenho operacional. Considerando a atual situação da