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Preditores de qualidade de vida em pacientes idosos com insuficiência cardíaca

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Autora: Laíse Franco de Sousa Brandão

Laíse Franco de Sousa Brandão LAÍSE FRANCO DE SOUSA BRANDÃO

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Gerontologia

PREDITORES DE QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES

IDOSOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Brasília - DF

2013

Autor: Laíse Franco de Sousa Brandão

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LAÍSE FRANCO DE SOUSA BRANDÃO

PREDITORES DE QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES IDOSOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Brasília 2013

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Gerontologia.

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7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

B817p Brandão, Laíse Franco de Sousa.

Preditores de qualidade de vida em pacientes idosos com insuficiência cardíaca. / Laíse Franco de Sousa Brandão – 2013.

63f. ; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2013. Orientação: Prof. Dra. Graziella França Bernardelli Cipriano

1. Gerontologia. 2. Insuficiência cardíaca. 3. Idosos. 4. Qualidade de vida. I. Cipriano, Graziella França Bernardelli. orient,. II. Título.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Dra Graziella, pelas valiosas e eternas ajudas e orientações a mim dispensadas. Foram opiniões, conselhos e ajustes que me guiaram no desenvolvimento desta pesquisa.

Aos professores, funcionários e amigos da Universidade Católica de Brasília, que muito me ensinaram e muito lhes é devido: meus sinceros agradecimentos!

Às fisioterapeutas, Elza e Nayara, pela colaboração, apoio e confiança. Sem elas a construção desse trabalho não seria possível.

Aos profissionais de todas as áreas e funcionários do Hospital do Guará, pela ajuda prestada nas muitas ocasiões que foram necessárias.

Aos pacientes que participaram do estudo, por contribuírem na construção do conhecimento científico.

Aos amigos e familiares, pela compreensão do distanciamento físico e emocional nesse momento.

Aos meus irmãos, Leonardo Franco de Sousa e Laiane Franco de Sousa, pela amizade, ajuda, carinho que obtive de vocês por toda minha vida.

Aos meus pais, Antônio Luiz de Sousa e Maria do Perpétuo Socorro Franco de Sousa. Meus primeiros professores. Professores principalmente da vida, sem os quais não teria conseguido nenhum êxito. Frases, palavras, letras e espaço faltam para expressar minha gratidão.

Ao meu esposo, Emerson Brandão Sousa, pelo amor, carinho, cuidado e companheirismo. Saber da sua existência sempre me dá forças para prosseguir.

À Deus, pelo privilégio de uma vida plena; pela bondade de me conceder tantas graças;

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“Cuidado com seus pensamentos, pois eles se tornam palavras.

Cuidado com suas palavras, pois elas se tornam ações. Cuidado com suas ações, pois elas se tornam hábitos. Cuidado com seus hábitos, pois eles se tornam o seu caráter. E cuidados com seu caráter, pois ele se torna seu destino.

O que nós pensamos, nós nos tornamos.

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RESUMO

BRANDÃO, L.F.S. Preditores de Qualidade de Vida em Pacientes Idosos com Insuficiência Cardíaca. 63 folhas. Mestrado em Gerontologia. Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.

A Insuficiência Cardíaca (IC) é considerada a doença dos mais velhos, e uma vez instalada, tem forte impacto na vida do paciente o que pode ser explicado pelas limitações decorrentes dos sintomas físicos e psicológicos associados à síndrome. Dessa forma, um dos principais objetivos dos cuidados de saúde é maximizar a função na vida cotidiana e atingir o mais alto nível de QV dentro dos limites específicos impostos pela doença. Objetivo: Identificar os fatores sócio demográficos, clínicos, funcionais e psicológicos que se relacionam com a qualidade de vida em pacientes com IC. Os pacientes com IC foram submetidos a uma avaliação clínica, antropométrica, ecocardiográfica e de força de preensão palmar. Além disso, avaliamos a qualidade de vida (QV) por meio do questionário de Minnesota (Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire), incluindo suas sub-escalas, capacidade funcional utilizando a Medida de Independência Funcional (domínio motor), análise do estado mental com o Mini-Exame do Estado Mental e sintomatologia depressiva por meio da Escala de Depressão Geriátrica. Foram avaliados 71 pacientes com IC, sendo 54,9% do gênero feminino, idade média de 68,15 ± 8,82 anos. A QV apresentou correlações com a fração de ejeção (p <0,01), força de preensão palmar (p=0,04), medida de independência funcional (p <0, 01) e escala de depressão geriátrica (p < 0,01). Na análise multivariada a QV foi influenciada pela classe funcional NYHA (p =0,038), fração de ejeção (p < 0,01), fadiga (p <0,01), mini-exame do estado mental (p= 0,05) e escala de depressão geriátrica (p <0,01). Classe funcional(NYHA), fração de ejeção, fadiga, mini-exame do estado mental e sintomas depressivos são preditores independentes de QV em pacientes com IC. Os aspectos biopsicossociais podem contribuir para as expectativas dos pacientes e profissionais de saúde e resultado do tratamento.

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ABSTRACT

BRANDÃO, L.F.S. Predictors of Quality of Life in Elderly Patients with Heart Failure. 63 sheets. Masters in Gerontology. Catholic University of Brasilia, Brasilia, 2013.

Heart failure (HF) is considered a disease of older people, and once installed, has a strong impact on patient's life which can be explained by the limitations arising from the physical and psychological symptoms associated with the syndrome. Thus, a major goal of healthcare is to maximize function in everyday life and achieve the highest level of QOL within specific limits imposed by the disease. Objective: To identify the socio demographic, clinical, functional and psychological factors that relate to the quality of life in patients with HF. Patients with HF underwent a clinical, anthropometric, echocardiographic and grip strength. Furthermore we evaluate the quality of life (QOL) through the Minnesota questionnaire (Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire), including its sub-scales, functional capacity using the Functional Independence Measure (motor domain), analyze the mental state with mini-Mental State Examination and depressive symptoms through the Geriatric Depression Scale. We evaluated 71 patients with HF, and 54.9% were female, mean age of 68.15 ± 8,82 years. QoL showed correlations with ejection fraction (p <0,01), grip strength (p = 0,04), functional independence measure (p <0,01) and the Geriatric Depression Scale (p <0,01). In multivariate analysis QOL was influenced by NYHA functional class I (p = 0,18), NYHA II (p = 0,56), NYHA III (p = 0,78), ejection fraction (p <0,01), fatigue (p <0,01), mini-mental state examination (p = 0,05) and geriatric Depression Scale (p <0,01). Functional class (NYHA), ejection fraction, fatigue, Mini-Mental State Examination and depressive symptoms are independent predictors of QOL in patients with HF. Biopsychosocial aspects can contribute to the expectations of patients and health professionals and treatment outcome.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACCF –American College of Cardiology Foundation;

AHA - American Heart Association;

AVE - Acidente vascular encefálico;

CF - Classe Funcional;

cm - centímetro;

DAC - Doença da artéria coronária;

DP - Desvio-padrão;

FC - Frequência cardíaca;

FEVE - Fração de ejeção do ventrículo esquerdo;

FPM - Força de preensão manual;

g - gramas;

IAM - Infarto agudo do miocárdio;

IC - Insuficiência cardíaca;

IECA - Inibidor da enzima conversora de angiotensina;

IMC- Índice de massa corporal;

INR - International Normalized Ratio;

Kg –Quilogramas;

Kgf – quilogramas-força

MEEM – Mini-Exame do Estado Mental;

MIF –Medida de Independência Funcional;

MLHFQ –Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire;

mmHg – Milímetro de mercúrio

NYHA –New York Heart Association;

mg –miligramas;

mm –milímetros;

PAS– Pressão artérial sistólica;

PAD– Pressão arterial diastólica;

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...13

2 OBJETIVOS...15

3 REFERENCIAL TEÓRICO... 3.1 Definição de Insuficiência Cardíaca...16

3.2 Epidemiologia...16

3.3 Fisiopatologia...17

3.4 Etiologia...17

3.5 Manifestações Clínicas...17

3.6 Comorbidades...18

3.7 Classificação...19

3.8 Diagnóstico...20

3.9 Tratamento...21

3.10 Insuficiência Cardíaca e Qualidade de Vida...23

4 MATERIAL E MÉTODOS...24

4.1 Delineamento do estudo...24

4.2 Local do estudo...24

4.3 População do estudo...24

4.4 Coleta e análise de dados...25

4.5 Questões éticas do estudo...31

5 RESULTADOS... 32

6 DISCUSSÃO...40

(14)

1 INTRODUÇÃO

A insuficiência cardíaca (IC) é uma condição universalmente prevalente, com alta morbimortalidade e com um impacto significativo na vida dos pacientes. Os recentes avanços no tratamento da IC têm prolongado a expectativa de vida e consequentemente, maior atenção tem sido dada para melhorar a qualidade de vida (QV), pois esses pacientes estão predispostos a experimentar altos níveis de sofrimento físico e emocional(KATO et al., 2011).

As estimativas atuais mostram que a IC afeta mais de 5 milhões de pessoas nos EUA, cerca de 2% dos adultos e 10% dos idosos (SINESCU; AXENTE, 2010). Possui uma incidência de mais de 400.000 novos casos diagnosticados a cada ano, e aproximadamente 1.000.000 de internações hospitalares (SILVA, 2006). De acordo com o banco de dados do Sistema Único de Saúde – DATASUS, no Brasil, em 2010, ocorreram 264.802 internações hospitalares e 23.752 óbitos por IC, com taxa de mortalidade em torno de 8,97% e média de permanência hospitalar de 6,6 dias (DATASUS, 2010). Dentro deste contexto, a IC se constitui um problema de saúde pública, com um custo econômico considerável para o governo e a sociedade, apontada como uma epidemia emergente (ROGER et al., 2011).

No ano de 2025, estima-se que o Brasil possuirá a sexta maior população de idosos do mundo, o que corresponderá a aproximadamente 30.000.000 de pessoas, ou seja, 15% da população total e a IC será a primeira causa de morte por doença cardiovascular no mundo (TAVARES et al., 2004).

A IC é considerada a doença dos mais velhos, e uma vez instalada, tem forte impacto na vida do paciente o que pode ser explicado pelas limitações decorrentes dos sintomas físicos e psicológicos associados à síndrome. Também está associada ao comprometimento do desempenho funcional – traduzido pelas limitações nas atividades habituais do dia-a-dia, incapacidade para o trabalho e no estabelecimento de relações sociais e perda da independência (SCATTOLIN; DIOGO; COLOMBO, 2007).

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Apesar dos grandes avanços no tratamento das doenças cardiovasculares nos últimos anos, a incidência de IC tem se alterado modestamente, havendo inclusive aumento na sua prevalência. Isto se deve principalmente ao sucesso de novas terapias para o infarto agudo do miocárdio com diminuição da mortalidade agudamente e a outras doenças cardíacas, bem como ao aumento da expectativa de vida da sociedade contemporânea indicando que a tendência é um aumento da incidência e da prevalência da IC no futuro, permanecendo esta como uma das mais importantes causas de morbimortalidade na sociedade ocidental (BOCCHI et al., 2009).

A redução da QV de pacientes com IC, é semelhante a dos pacientes com outras doenças crônicas. Esses pacientes podem apresentar uma sintomatologia depressiva que é resultante dos efeitos da IC no sistema nervoso central, pois mudanças no sistema central de regulação neuro-humoral ou perfusão diminuída podem prejudicar a capacidade cognitiva e desencadear uma vulnerabilidade latente para transtornos psíquicos (JUENGER et al.,2002).

A progressão da IC alterna com períodos de estabilidade clínica e as estratégias de tratamento visam prevenir e tratar eventos agudos, aliviar os sintomas e melhorar o prognóstico, assim um dos principais objetivos dos cuidados de saúde é maximizar a função na vida cotidiana e atingir o mais alto nível de QV dentro dos limites específicos impostos pela doença. No entanto, a QV ainda é uma medida relativamente nova para avaliar a eficácia de estratégias de tratamento no curso de uma doença (GOOT et al., 2006; JUENGER et al., 2002).

A literatura atual relata a associação do nível de QV, analisados nos domínios físico e mental com maiores taxas de hospitalizações e mortalidade em pacientes com IC. Dessa maneira a identificação precoce de fatores sócio-demográficos, clínicos, funcionais e psicológicos que determinam a QV desses pacientes, são relevantes para definir uma estratégia terapêutica preventiva impactando na morbimortalidade dessa população.

(16)

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

 Identificar os fatores sócio demográficos, clínicos, funcionais e psicológicos que se relacionam com a QV em pacientes idosos com IC.

2.2 Objetivos Específicos

 Avaliar a QV relacionada à saúde de pacientes idosos com IC;

 Identificar os fatores modificáveis associados à QV em pacientes idosos com IC;

 Analisar a associação entre os fatores sócio demográficos, clínicos, funcionais e psicológicos com a QV em pacientes com IC.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Definição de IC

A IC é definida como a incapacidade do coração para fornecer o fluxo de sangue suficiente para atender as necessidades metabólicas tissulares. As alterações hemodinâmicas comumente encontradas na IC envolvem resposta inadequada do débito cardíaco e elevação das pressões pulmonar e venosa sistêmica (BOCCHI, et al., 2009). É

considerado o último estágio da doença cardíaca e uma importante causa de morbidade e mortalidade no mundo (HAEUSLER; LAUFS; ENDRES, 2011; MESQUITA et al.,

2004).

Caracteriza-se por disfunção ventricular e alterações da regulação neuro-humoral, acompanhada de sintomas de cansaço aos esforços e retenção hídrica além de redução da expectativa de vida, intolerância ao exercício e baixa QV (CARVALHO; BOCCHI; GUIMARÃES, 2009; FIORELLI, et al., 2008).

3.2 Epidemiologia

Face ao aumento da expectativa de vida no mundo ocidental nas últimas décadas, a incidência de IC vem aumentando. Concomitantemente ao aumento na expectativa de vida a mortalidade relacionada ao infarto agudo do miocárdio (IAM) vem diminuindo em razão da evolução do tratamento e medidas de prevenção e, como consequência desses fatores, observa-se um aumento da população de idosos com IC (SILVA, 2006).

A prevalência de IC aumenta com a idade, passando de 5-10% em pessoas com idade entre 65-79 anos para 10-20% em pessoas com 80 anos ou mais (PASCUAL et al.,

2011). As internações hospitalares por essa causa aumentaram em 155% durante os últimos 20 anos, tornando-se a causa mais frequente de internação hospitalar e a terceira principal causa de morte em pessoas com 65 anos ou mais. Espera-se um aumento de 50% nas internações por IC nos próximos 20 anos (ROGER et al., 2011).

Em grupos etários mais jovens, o paciente abaixo de 50 anos de idade, a IC é mais comum em homens. Nos idosos, a prevalência é igual entre os gêneros (SINESCU; AXENTE, 2010).

3.3 Fisiopatologia

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A IC resulta de inúmeras doenças cardiovasculares, porém leva a algumas anormalidades cardíacas comuns, que resultam em contração (sístole) diminuída, enchimento (diástole) diminuído ou ambos (SMELTZER; BARE, 2005).

Na IC sistólica, o problema central está na perda da capacidade contrátil do miocárdio. Na maioria das vezes, a disfunção sistólica provoca dilatação ventricular, conhecida como cardiopatia dilatada, e tem como marco a redução significativa da fração de ejeção. Existem duas consequências fisiopatológicas: baixo débito cardíaco e aumento do volume de enchimento e, portanto, da pressão de enchimento ventricular, transmitindo-se aos átrios e ao sistema venocapilar causando congestão (GUYTON; HALL, 2002).

Na IC diastólica, a contração miocárdica e fração de ejeção estão normais, mas existe uma restrição patológica ao enchimento diastólico causando elevação das pressões de enchimento e, consequentemente, aumento da pressão venocapilar. O mecanismo pode ser um relaxamento do miocárdio ventricular prejudicado ou uma complacência ventricular reduzida (MESQUITA et al., 2004).

3.4 Etiologia

A etiologia, em geral, é a redução da contratilidade do músculo cardíaco, decorrente da diminuição do fluxo sanguíneo coronário, embora a deficiência de bombeamento também possa ser causada por lesão das válvulas cardíacas, por pressão externa em torno do coração, por doenças primárias do músculo cardíaco ou por qualquer outra anormalidade que torne o coração uma bomba pouco eficiente (GUYTON; HALL, 2002).

As principais causas de IC são a doença coronariana isquêmica (70% dos pacientes com IC), doença da válvula e cardiomiopatias, cada uma com aproximadamente 10% dos casos (SINESCU; AXENTE, 2010).

3.5 Manifestações clínicas

A dispneia e a fadiga são os sintomas mais comuns em pacientes com IC. Cerca de 80% dos pacientes os experimentam durante as atividades diárias e cerca de 20% têm dispneia e cansaço mesmo em repouso (RABELO et al., 2007). Os sintomas afetam vários

(19)

aspectos do dia-a-dia – limitam a atividade física, o trabalho, as atividades sociais e estão associados ao estado de espírito negativo. Os homens com IC apresentam principalmente falta de energia e maior resignação, ao passo que as mulheres, além dos sintomas físicos, apresentam perda de auto-confiança, preocupação e ansiedade (JOHANSSON et al.,

2004). Esses fatores físicos e psicológicos são determinantes para as reinternações hospitalares ou visitas a departamentosde emergência (HEO et al., 2008).

Nos idosos, a sobreposição entre alterações cardiovasculares próprias do envelhecimento e processos patológicos pode dificultar a correta interpretação dos sintomas e sinais clínicos de IC. Somam-se a isso os baixos níveis de atividade física e o rebaixamento da capacidade funcional, que podem implicar a não percepção das manifestações de IC. Como agravante, tem-se o fato de que apresentações atípicas, como sonolência, confusão mental, náuseas, dores abdominais, perda do apetite, insônia e delirium são mais frequentes nessa faixa etária (GRAVINA et al., 2010).

3.6 Comorbidades

Muitas doenças podem ocorrer em associação com IC, piorando o seu prognóstico. O risco de desenvolver IC triplica com a hipertensão. Além disso, hipertensão persistente em um paciente com IC piora o desempenho cardíaco devido à vasoconstrição e, portanto, deve ser tratada precocemente. Independentemente do risco de desenvolver doença das artérias coronárias (DAC), o diabetes mellitus aumenta o risco de desenvolvimento de IC. O risco de IC é cinco vezes maior quando a hipertensão está associada ao diabetes (VILLACORTA; MESQUITA, 1999).

Dados de mortalidade diretamente relacionados com essas doenças são difíceis de avaliar, devido à associação frequentea outras afecções, como a doença aterosclerótica e o acidente vascular encefálico (AVE) (VILLACORTA; MESQUITA, 1999). Vale ressaltar que a IC é um importante fator de risco para AVE isquêmico. As taxas de morbidade e mortalidade por AVE são consideravelmente mais elevadas em pacientes portadores de IC em comparação aosnão portadores (HAEUSLER; LAUFS; ENDRES, 2011).

Sintomas depressivos, quando associados, tem um impacto adicional sobre a morbidade e mortalidade, além de graves restrições na QV. Além disso, influenciam negativamente a adesão do paciente à terapia e, consequentemente, o prognóstico. Desta

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forma, torna-seessencial um diagnóstico precoce de comorbidades depressivas para um tratamento adequado e eficaz (KATO et al., 2011).

3.7 Classificação

A classificação funcional da New York Heart Association (NYHA) é o sistema

mais comumente usado para descrever o impacto da IC nas atividades diárias do paciente. Esta classificação é sujeita à subjetividade do examinador e do examinado. Ela classifica os pacientes com IC em 4 categorias (I, II, III, IV), com classe superior, indicando sintomas mais graves, a limitação da atividade física, e pior estado de saúde. A classificação NYHA tem como base a interpretação indireta do relato dos pacientes, o histórico médico e os resultados dos testes clínicos sobre a estrutura e função cardíaca (HOLLAND et al., 2010).

Outro sistema classificatório foi desenvolvido por American College of

Cardiology Foundation/American Heart Association (ACCF/AHA) e enfatiza a presença

de sintomas e de cardiopatias estruturais, estratificando a disfunção ventricular em estágios, de acordo com sua evolução e sua progressão (JESSUP et al., 2009; GRAVINA et al., 2010).

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Quadro 1. Classificação da IC pela presença de cardiopatias estruturais (ACC/AHA) ou pela capacidade funcional (NYHA).

ACC/AHA – Estágios NYHA – Classes funcionais

Estágio Descrição Classe Descrição

A

Presença de fatores de risco para IC, tais como hipertensão, diabetes mellitus ou DAC, porém sem sintomas, sinais ou evidencia de anormalidade estrutural

Sem correspondência

B

Ausência de sintomas e/ou sinais de IC. Presença de cardiopatia estrutural correlacionada à IC.

I Sem limitação para atividades físicas. Atividades habituais não causam dispneia, cansaço ou palpitações.

C

Presença de sintomas e/ou sinais de IC associados à cardiopatia estrutural.

II Discreta limitação para atividades físicas. Atividades habituais causam dispneia, cansaço ou palpitações. III Importante limitação para atividades

físicas. Atividades com intensidades inferiores às habituais causam dispneia, cansaço ou palpitações.

D

Cardiopatia estrutural avançada com sintomatologia exuberante, em repouso, apesar da terapêutica otimizada.

IV

Limitação para qualquer tipo de atividade física. Sintomas de IC em repouso.

IC – insuficiência cardíaca; ACC –American College of Cardiology; NYHA –New York Heart Association.

Fonte: II Diretrizes em Cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010).

Estes sistemas são sujeitos a considerável variabilidade interobservador e é insensível a mudanças importantes na capacidade de exercício. Algumas limitações podem ser superadas através de testes formais de tolerância ao exercício como o teste de caminhada de 6 minutos (JESSUP et al., 2009).

O teste de 6 minutos foi inicialmente empregado para avaliação de pneumopatas, porém vem sendo utilizado como uma alternativa para avaliar a capacidade física em pacientes com IC. O teste mede a distância máxima que um paciente pode andar por conta própria em um corredor durante 6 minutos. É um método particularmente útil e de baixo custo para o estudo objetivo da capacidade física dos pacientes e na identificação de casos com potencial de apresentar maiores complicações, como internações e mesmo maior mortalidade. Permite também acompanhar a resposta que determinados tratamentos podem provocar no desempenho dos pacientes, além de fornecer estimativas indiretas sobre a QV (OLIVEIRA JR; GUIMARÃES; BARRETO, 1996; CIPRIANO JR et al.,

(22)

2009). Porém esse teste também possui limitações, tais como as condições não-cardíacas (CARSON et al., 2009).

3.8 Diagnóstico

A história detalhada e o exame físico são os primeiros passos na avaliação da anormalidade estrutural na IC. As respostas podem revelar evidências anteriores ou atuais de infarto do miocárdio, doença valvular ou doença cardíaca congênita e o exame do coração pode mostrar a presença de hipertrofia cardíaca, sopros, ou uma terceira bulha. Embora a história e o exame físico possam fornecer pistas importantes, o diagnóstico da IC estabelecido pelas manifestações clínicas é difícil e impreciso, sobretudo na população geriátrica (JESSUP et al., 2009).

O ecocardiograma transtorácicobidimensional associado ao estudo com Doppler avalia as dimensões das estruturas cardíacas, assim como analisa suas funções – sistólica e diastólica. A característica não invasiva e a ótima relação custo/efetividade fazem do ecocardiograma o método ideal para confirmar o diagnóstico, identificar o tipo de disfunção cardíaca através da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (> 45%) e orientar a melhor terapêutica (DICKSTEIN et al., 2008).

As alterações presentes no eletrocardiograma são inespecíficas para o diagnóstico de IC, apenas demonstram evidências de infarto do miocárdio prévio ou arritmia cardíaca (SMELTZER; BARE, 2005). A radiografia do tórax pode detectar congestão ou doença pulmonar e apresenta baixa sensibilidade e especificidade no diagnóstico de IC, sobretudo em idosos. Entretanto, para pacientes com suspeitas clínicas, exames laboratoriais como concentração plasmática de BNP (Brain natriuretic peptide) maiores que 100 pg/ml apresentam sensibilidade de 97% e especificidade de 84% para o diagnóstico de IC, não devendo ser usado isoladamente para confirmar ou excluir o diagnóstico (GRAVINA et al., 2010; JESSUP et al., 2009).

3.9 Tratamento

O tratamento atual da IC é complexo e requer mudanças permanentes no estilo de vida. Para enfrentar e adaptar-se ao regime complexo de prescrições, os pacientes precisam de apoio dos profissionais de saúde e de seus familiares (LUTTIK et al., 2006).

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A intervenção mais comumente testada em pacientes com IC é a terapia medicamentosa. Embora o tratamento medicamentoso adequado prolongue a vida e impeça algumas internações, na QV muitas vezes não traz tantos benefícios quando comparado ao tratamento não-farmacológico. Essa terapia tem recebido atenção consideravelmente menor, apesar das evidências mostrarem o impacto positivo nos pacientes através de terapias cognitivas, auto-controle do estresse, intervenção dietética, prática de atividade física supervisionada e programas de educação integral para o auto-cuidado. Essas terapias podem ser usadas em conjunto com o tratamento medicamentoso para maximizar a QV dos pacientes (HEO et al., 2008).

O tratamento medicamentoso da IC concentra-se nas comorbidades como hipertensão arterial, diabetes mellitus e doença isquêmica do coração. Para pacientes com disfunção sistólica, recomenda-se um inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA) e um betabloqueador como uma das terapias de primeira linha. Vários estudos evidenciam a redução da mortalidade e aumento da sobrevida em pacientes quem fazem uso associado destes medicamentos. Há estudos também que demonstram redução das hospitalizações por IC e melhora na QV com o uso de bloqueadores do receptor de angiotensina, porém essa terapia não tem efeito estatisticamente significativo na sobrevivência (MANT et al., 2011).

Os diuréticos devem ser usados para o controle da hipertensão ou para evitar a retenção hídrica, nem sempre sendo necessário o uso de diurético de alça, salvo em pacientes com insuficiência renal. Entretanto, a restrição de sódio moderada, juntamente com a medição diária do peso é indicada para permitir o uso eficaz de doses mais baixas e mais seguras de diuréticos. Os antagonistas da aldosterona demonstram redução significativa de mortalidade em pacientes com IC avançada (MION JUNIOR et al., 2006).

Agentes antiarrítmicos, bloqueadores dos canais de cálcio e os anti-inflamatórios não esteróides são três classes de drogas que devem ser evitadas na maioria dos pacientes com IC sistólica pois podem exacerbar a doença e afetar negativamente a sobrevivência (JESSUP et al., 2009).

Embora existam evidências científicas sólidas de que muitos tratamentos possam melhorar a QV e a sobrevida de pacientes com IC secundária à disfunção sistólica, há poucas evidências sobre o impacto sintomático ou prognóstico dos medicamentos na IC com função sistólica preservada. Alguns estudos controlados têm sido realizados

(24)

utilizando digital, IECA, betabloqueadores e bloqueadores de canais de cálcio. Em sua maioria, esses estudos apresentaram resultados inconsistentes (MESQUITA et al., 2004;

GRAVINA et al., 2010).

3.10 Insuficiência Cardíaca e Qualidade de Vida

A IC é um problema grave de saúde pública, conhecida como uma condição limitante, com prognóstico a longo prazo ruim, que possui um tratamento complexo com mudanças no estilo de vida e um alto custo econômico para o indivíduo (GOTSMAN et al., 2011).

A IC apresenta manifestações clínicas multiformes, e diferentes marcadores têm relação direta com a gravidade, com o prognóstico e com a QV. Na tentativa de se estratificar esses fatores foram desenvolvidas diferentes escalas, porém a maioria identifica a percepção do profissional de saúde. Nos últimos anos, ênfase considerável tem sido dada para a percepção do paciente de seu processo de saúde, pois uma proporção significativa de pacientes considerados independentes por profissionais de saúde têm um prejuízo significativo na QV, demonstrando que a QV envolve considerações de uma dimensão além de medidas funcionais (PINTO et al., 2011; FIORELLI et al., 2008).

A manutenção da QV para os idosos com IC é descrita como desafiadora e difícil, especialmente para pacientes com indícios de depressão, de classe socioeconômica baixa, com duas ou mais comorbidades, pacientes na classe III e IV de acordo com NYHA e para os pacientes muito idosos. Estas informações podem ajudar os profissionais de saúde a identificar pacientes com alto risco de redução da QV, planejando intervenções preventivas específicas (GOOT et al., 2006).

Devido à falta de cura para a doença, tem havido um interesse progressivo na utilização da QV como medida dos resultados de intervenção, pois envolve aspectos físicos, psicológicos e sociais (JOHANSSON et al., 2004). Desta forma, QV tem sido

estudada em seus múltiplos aspectos, objetivando a sua descrição em determinados grupos populacionais, visualizando a influência dos processos de intervenção e passando a ser um dos resultados esperados, tanto das práticas assistenciais quanto das políticas públicas no campo da saúde (ABREU, 2005; SEIDL; ZANNON, 2004).

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É fundamental o tratamento adequado com ações voltadas para melhorar a vitalidade, reduzir a morbimortalidade e aumentar a sobrevida, de forma a alcançar a manutenção de elevado nível de QV entre pacientes com IC, além de ações preventivas para evitar causas básicas como a hipertensão arterial e doença isquêmica do coração.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Delineamento do estudo

A pesquisa foi conduzida na linha quantitativa sendo um estudo observacional de corte transversal.

4.2Local do estudo

O estudo foi desenvolvido no ambulatório de cardiologia do Hospital Regional do Guará-DF, mediante a autorização da instituição para a realização desta pesquisa.

4.3 População do estudo

A população do estudo foi constituída de 71 idosos com IC atendidos no ambulatório de cardiologia do Hospital Regional do Guará-DF.

4.3.1 Critérios de inclusão:

 Pacientes com diagnóstico de IC;

 Idade ≥ 55 anos;

 Pacientes de ambos os sexos;

 IC estável (há no mínimo 3 meses) em terapia farmacológica;

 Concordar voluntariamente em participar do estudo, após a explicação dos objetivos, riscos e benefícios.

4.3.2 Critérios de exclusão:

 Pacientes submetidos à cirurgia cardiovascular nos últimos 3 meses;

 Incapacidade de caminhar;

 Instabilidade cardiovascular aguda;

 Infarto agudo do miocárdio nos últimos 3 meses;

 Históriade cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva;

 Cirurgia eletiva planejada ou implante de marcapasso no início do estudo;

(27)

 Ter alterações cognitivas ou intelectuais que não permita o entendimento dos instrumentos de coleta de dados da pesquisa.

4.4 Coleta e análise dos dados

A coleta de dados apresentou as seguintes etapas:

A etapa A foi constituída de 4 fases: 01) entrevista, realizada pela pesquisadora que utilizou um formulário para o registro dos parâmetros (APÊNDICE A); 02) avaliação clínica; 03) antropometria; 04) sessão de aplicação de questionários padronizados sendo

Mini-Exame do Estado Mental (ANEXO A); Minnesota Living with Heart Failure

Questionnaire (ANEXO B); Medida de Independência Funcional (ANEXO C); Escala

de depressão Geriátrica Abreviada (ANEXO D).

A etapa B compreende em avaliação do ecocardiograma e força de preensão palmar. Para o estudo, foram válidos os exames realizados nos últimos 6 meses. Não houve ônus para o SUS ou qualquer convênio particular, no caso de algum exame não ser usado na rotina da condução do caso foram custeados pela pesquisadora.

Esta pesquisa apresenta riscos mínimos, pois se trata de uma entrevista e avaliação de prontuário e possui os seguintes benefícios: proporcionar conhecimento entre os profissionais de saúde e a população, oferecendo, assim, subsídios para a implementação de medidas que visem elevada qualidade de vida em pacientes com Insuficiência Cardíaca.

O período para coleta dos dados compreendeu o mês de setembro a dezembro de 2012.

(28)

Figura 2 - Fluxograma de seleção da amostra

(29)

4.4.1 Entrevista

Antes da realização da coleta de dados os indivíduos preencheram o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE C), de acordo com as normas do Comitê de Ética em Pesquisa, comprovando entendimento das características e objetivos da pesquisa.

Os pacientes que forem elegíveis foram submetidos primeiramente a uma entrevista realizada pela pesquisadora, que utilizou um questionário padronizado elaborado pela autora da pesquisa, compreendendo Características Sócio-demagráficas:

idade, gênero, etnia, estado civil, escolaridade, ocupação e renda pessoal e

Características Clínicas: etiologia da IC, tempo de acompanhamento (em anos),

hospitalizações por IC, manifestações clínicas, tabagismo, fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE), classificação funcional da New York Heart Association (NYHA I, II,

III e IV), comorbidades, classe e número de medicamentos prescritos e Índice de Massa Corporal (IMC).

4.4.2 Avaliação clínica

Após a entrevista, a avaliadora realizou o exame físico analisando valores da frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD). Essas medidas foram coletadas com o paciente na posição sentada em repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente calmo, respeitando as normas da V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (MION JR, 2006) de não ter praticado exercícios físicos 90 minutos antes, não ter ingerido bebida alcoólica e café e não ter fumado 30 minutos antes das medidas.

4.4.3 Antropometria

Para aferição da massa corpórea, utilizamos uma balança mecânica tipo plataforma convencional (Filizola®, São Paulo, SP, Brasil), com capacidade máxima de 140 kg; foi solicitado aos participantes que retirassem os sapatos e permanecessem com a menor quantidade de roupa possível, mantendo-se no centro da balança em posição ortostática com os braços ao longo do corpo. A determinação da altura foi realizada através de estadiômetro da marca (Modelo E120P, Tonelli, Sideropólis, SC, Brasil) com

(30)

um campo de uso de 0,80 a 2,25m. Para o diagnóstico do estado nutricional dos indivíduos utilizamos o Índice de Massa Corpórea [Peso (kg)/Altura (m2)].

Para avaliação de obesidade visceral, foi utilizada uma fita métrica e solicitado aos pacientes que permanecessem em posição ortostática com o abdome relaxado e com os braços ao lado do corpo, com os pés unidos e seu peso igualmente sustentado pelas duas pernas.

Para a circunferência da cintura, a extremidade da última costela foi primeiramente localizada e marcada. A crista ilíaca foi então palpada e também marcada. Uma fita métrica foi posicionada horizontalmente na linha média entre a extremidade da última costela e a crista ilíaca e mantida de tal forma que permanecesse na posição ao redor do abdome sobre o nível da cicatriz umbilical, para que se procedesse à leitura da circunferência, respeitando as normas da I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (BRANDÃO et al., 2005).

A circunferência do quadril foi obtida com a paciente na mesma posição. A medida foi tomada pelo ponto de maior circunferência sobre a região glútea, com a fita mantida em plano horizontal, sem pressionar os tecidos moles.

4.4.4 Sessão de aplicação de questionários

Os questionários e escalas foram aplicados pela pesquisadora por uma entrevista onde a mesma, explicou os objetivos e realizou a leitura do conteúdo e consequentemente registrou dos resultados para os pacientes.

4.4.4.1 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)

Contém questões agrupadas em sete categorias, cada uma delas planejada com o objetivo de avaliar funções cognitivas específicas como a orientação temporal (5 pontos), orientação espacial (5 pontos), registro de três palavras (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), evocação (3 pontos), linguagem (8 pontos) e capacidade construtiva visual (1 ponto). O escore do MEEM pode variar de um mínimo de 0 pontos, o qual indica o maior grau de comprometimento cognitivo dos indivíduos , até um total máximo de 30 pontos, o qual, por sua vez, corresponde a melhor capacidade cognitiva (LOURENÇO; VERAS, 2006). No Brasil, o MEEM foi traduzido e validado por Bertolucci et al., (1994).

(31)

4.4.4.2 Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire (MLHFQ):

O questionário é composto de 21 itens com seis opções de resposta variando de 0 (nenhum impacto na qualidade de vida) a 5 (mais impacto negativo na qualidade de vida). A pontuação MLHFQ total é obtida somando as pontuações para todos os 21 itens (intervalo de 0-105), e uma pontuação mais elevada indica pior qualidade de vida. Este instrumento possui tradução e validação para o português (CARVALHO et al., 2009).

4.4.4.3 Medida de Independência Funcional (MIFmotor):

Entre as atividades avaliadas estão o autocuidado, transferências, locomoção e controle esfincteriano. Cada item pode ser classificado em uma escala de graus de dependência de 7 níveis, sendo que o valor 1 corresponde à dependência total e o valor 7, independência completa. Este instrumento possui tradução e validação para o português (RIBERTO et al., 2004).

4.4.4.4 Escala de Depressão Geriátrica Abreviada

Possui 15 perguntas negativas/afirmativas onde o resultado de 5 ou mais pontos significa provável depressão, sendo que o escore maior ou igual a 11 caracteriza provável depressão grave (FERRARI; DELACORTE, 2007). Foi traduzida para o português e validado para aplicação no Brasil (STOPPE JÚNIOR et al., 1994; ALMEIDA;

ALMEIDA, 1999).

4.4.5 Ecocardiograma

Os indivíduos apresentaram exame ecocardiográfico dos últimos 6 meses. O exame ecocardiográfico é realizado nos modos uni e bidimensional, com o estudo de Doppler de onda contínua, pulsátil e mapeamento de fluxo em cores, o equipamento com transdutores de 5.0 e 2.5 MHz (modelo SD800, Philips Healthcare, Andover, MA, United States). Para avaliar a função cardíaca, as variáveis principais que serão analisadas são: 1) Diâmetro da aorta (mm), 2) Átrio esquerdo (mm), 3) Septo interventricular (mm), 4)

(32)

Parede posterior do ventrículo esquerdo (mm), e 5) Diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo (mm), além de pesquisa de regurgitações valvares.

4.4.6 Força de preensão palmar (FPP)

Para avaliar a FPM foi utilizado um dinamômetro portátil hidráulico (Jamar, modelo Samons Preston INC Bolingbrook, IL 60440-4989), com escala de graduação em quilogramas/força (Kgf). O procedimento do teste foi normatizado de acordo com as recomendações da American Society of Hand Therapists (ASHT). Os pacientes foram

orientados a permanecer sentados confortavelmente, com o braço aduzido paralelo ao tronco, cotovelo flexionado a 90º, antebraço em posição neutra e punho entre 0º e 30º de extensão, alça móvel do equipamento permaneceu na posição II, assim o paciente puxava a alça do dinamômetro, mantendo por seis segundos seguido de relaxamento . Foram realizadas três medições do lado dominante e não dominantecom intervalos de um minuto entre elas, sendo registrado o maior valor obtido.

4.4.7 Análise estatística

Foi realizada uma análise descritiva que caracteriza a amostra através de frequências e proporções das variáveis categóricas; e média e desvio padrão das variáveis numéricas. O Teste de Kruskal-Wallis comparou as diferenças no escore global do MLHFQ e suas dimensões física e emocional de acordo com a classificação funcional NYHA. A correlação de Pearson foi feita para uma primeira análise da mais importante associação entre os escores do MLHFQ (dimensão física, emocional e escore global) e variáveis numéricas.

Uma análise de regressão logística múltipla foi realizada para identificar os fatores de risco para uma qualidade de vida abaixo ou acima da média. Para o escore global do MLHFQ, os indivíduos foram divididos em “abaixo ou igual” e “acima” da média do

grupo, sendo considerados com baixa qualidade de vida os indivíduos “acima” da média. Esta divisão de grupos foi realizada dado o fato de não existirem pontos de corte estabelecidos para escores de qualidade de vida. A regressão logística utilizada foi a regressão forward stepwise.

(33)

Para verificação da normalidade dos dados foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov. Os dados foram avaliados utilizando o software SPSS versão 20.0 e apresentados em tabelas.

Foi considerado para todo o estudo risco Alfa menor ou igual a 5% e risco Beta menor ou igual a 20%. O cálculo do tamanho de amostra com N = 71, α = 0.05, β = 0.8; há poder estatístico suficiente para identificar uma mudança nas variáveis dependentes (baseado em dados epidemiológicos nacionais) com um coeficiente de variação de 1.5%.

4.5 Questões éticas do estudo

De acordo com as normas que orientam a conduta ética em pesquisas com seres humanos no país, os entrevistados que forneceram dados espontaneamente pós-esclarecimento mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, tiveram suas identidades preservadas mesmo após elaboração de relatório final do estudo. Para realização das entrevistas, também foi solicitado o consentimento da autoridade competente da Instituição em estudo.

Vale ressaltar também que o presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética (APÊNDICE B), que tem como base às normas da Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde – CNS que trata dos aspectos éticos na pesquisa que envolve seres humanos (BRASIL, 2005).

(34)

RESULTADOS

Foram avaliados 71 pacientes idosos com IC, com idade média de 68,15 ± 8,82 anos, destes 39 do gênero feminino (54,9%). A maioria dos idosos eram de etnia branca (47,9%). Em relação ao estado civil, 40 eram casados (56,3%).

Entre os idosos da pesquisa, 21 (29,6%) possuíam 1 a 3 anos de estudo, distribuição semelhante aos que possuíam 4 a 7 anos de estudo (29,6%). Mais da metade dos idosos era aposentado (67,6%) e possuía renda mensal com valor igual ou inferior a 1 salário mínimo (53,5%). A caracterização das variáveis demográficas e sociais dos sujeitos estudados está apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 - Variáveis demográficas e sociais dos pacientes com insuficiência cardíaca.

Variáveis n %

Idade (em anos)

Até 60 20 28,2

De 61 a 70 24 33,8

De 71 a 80 19 26,8

Mais de 80 8 11,3

Gênero Masculino 32 45,1

Feminino 39 54,9

Etnia

Branca 34 47,9

Preta 14 19,7

Parda 22 31,0

Amarela 1 1,4

Estado civil

Solteiro 8 11,3

Casado 40 56,3

Divorciado 15 21,1

Viúvo 8 11,3

n – número total; % - porcentagem;

*salário-mínimo equivale a U$ 299 no período de setembro a dezembro de 2012.

(35)

Tabela 1 - Variáveis demográficas e sociais dos pacientes com insuficiência cardíaca. Continuação

Variáveis n %

Escolaridade (em anos)

Nenhuma 10 14,1

De 1 a 3 21 29,6

De 4 a 7 21 29,6

De 8 a 11 9 12,7

12 e mais 10 14,1

Ocupação

Aposentado 48 67,6

Comerciante 1 1,4

Dona de casa 16 22,5

Lavadeira 1 1,4

Mestre de obra 1 1,4

Motorista 2 2,9

Produtor agrícola 1 1,4

Servidor público 1 1,4

Renda

(em salários-mínimo*)

Até 1 salário 38 53,5

De 2 a 4 salários 18 25,4

De 5 a 8 salários 12 16,9

Mais de 8 salários 3 4,2

n – número total; % - porcentagem;

*salário-mínimo equivale a U$ 299 no período de setembro a dezembro de 2012.

Em relação as variáveis clínicas, o fator etiológico mais frequente foi a doença isquêmica (35,2%). A maioria dos pacientes fazia acompanhamento no ambulatório há mais de 10 anos (43,7%) e 42,3% dos idosos se internaram por IC 1 a 2 vezes.

Foi observada FEVE abaixo do valor considerado limítrofe para normalidade em 38 pacientes (53,5%). A maioria dos idosos encontrava-se na CF I (46,5%) e CF II (35,2%) segundo a New York Heart Association (NYHA). Sobre o uso do tabaco,

predominaram os pacientes não tabagistas (53,5%). Em relação ao uso de medicamentos, 64 idosos (90,1%) usam 4 a 6 classes de medicamentos por dia. Na avaliação do Índice de Massa Corporal detectou-se 29 pacientes com obesidade (40,8%).

As manifestações clínicas mais prevalentes foram fadiga (94,34%) e dispneia (67,92%). Dentre as comorbidades, destacaram-se hipertensão arterial (92,96%) e dislipidemia (49,30%). A dispnéiafoi clasificada de acordo com a escala de dispneia

(36)

modificada do Medical Research Council (MRC), foi predominante o grau 0 (esperada) em 27 (38%) pacientes.

Tabela 2 - Variáveis clínicas dos pacientes com insuficiência cardíaca.

Variáveis n %

Etiologia

Isquêmica 25 35,2

Hipertensiva 18 25,4

Chagásica 13 18,3

Valvar 4 5,6

Idiopática 7 9,9

Ignorado 4 5,6

Tempo de acompanhamento

ambulatorial (em anos)

1-3 18 25,4

4-6 17 23,9

7-9 5 7,0

mais de 10 31 43,7

Internações hospitalares devido a IC

Nenhuma 20 28,2

1-2 30 42,3

3-4 10 14,1

5-6 5 7,0

mais de 6 6 8,5

Fração de Ejeção

Normal 28 39,4

Rebaixada 38 53,5

Ignorada 5 7,0

Classe funcional NYHA

I 33 46,5

II 25 35,2

III 11 15,5

IV 2 2,8

Tabagismo

Tabagismo ativo 6 8,5

Ex-tabagista 27 38,0

Não tabagista 38 53,5

n – número total; % - porcentagem;

* - mais de 1 sintoma é possível por paciente; IC – Insuficiência Cardíaca;

NYHA – New York Heart Association (I – sem limitação para atividades físicas, atividades habituais não causam dispneia, cansaço ou palpitações; II – discreta limitação para atividades físicas, atividades habituais causam dispneia, cansaço ou palpitações; III – importante limitação para atividades físicas, atividades com intensidades inferiores às habituais não causam dispneia, cansaço ou palpitações; IV – limitação para qualquer atividade física, com sintomas de insuficiência cardíaca em repouso.);

IMC – Índice de Massa Corporal (o peso em quilogramas do paciente dividido pelo quadrado da altura em metros);

(37)

Tabela 2 - Variáveis clínicas dos pacientes com insuficiência cardiaca – Continuação.

Variáveis n %

Número de medicamentos (por classes)

1-3 4 5,6

4-6 64 90,1

7-9 3 4,2

IMC

Peso normal (18 – 24,9) 14 19,7

Sobrepeso (25 – 29,9) 28 39,4

Obesidade (30 ou mais) 29 40,8

Manifestações clínicas*

Dispneia 36 67,9

Fadiga 50 94,3

Precordialgia 18 34,0

Tosse 20 37,7

Comorbidades*

Hipertensão Arterial 66 93,0

Diabetes Melitus 31 43,7

Outras comorbidades 42 59,6

Dislipidemia 35 49,3

Gastrite 15 21,1

Doença

músculo-esquelética 14 19,7

Hipotireoidismo 14 19,7

Grau de Dispneia

0 27 38,0

1 15 21,1

2 19 26,8

3 6 8,5

4 4 5,6

n – número total; % - porcentagem;

* - mais de 1 sintoma é possível por paciente; IC – Insuficiência Cardíaca;

NYHA – New York Heart Association (I – sem limitação para atividades físicas, atividades habituais não causam dispneia, cansaço ou palpitações; II – discreta limitação para atividades físicas, atividades habituais causam dispneia, cansaço ou palpitações; III – importante limitação para atividades físicas, atividades com intensidades inferiores às habituais não causam dispneia, cansaço ou palpitações; IV – limitação para qualquer atividade física, com sintomas de insuficiência cardíaca em repouso.);

IMC – Índice de Massa Corporal (o peso em quilogramas do paciente dividido pelo quadrado da altura em metros);

Quanto as variáveis cardiovasculares, a FC apresentou valor médio de 67,83 ± 10,44, PAS 118,24 ± 19,30 mmHg, PAD 69,92 ± 10,43 mmHg e FEVE 44,33 ± 15,88. A força de preensão palmar foi avaliada pela dinamometria na mão dominante e não dominante com valores médios de 27,83 ± 11,25 e 26,00 ± 11,33 respectivamente.

(38)

As variáveis antropométricas evidenciaram o peso médio de 73,28 ± 15,44 kg, altura média de 1,76 ± 0,12 m, IMC 29,34 ± 5,17. A circunferência abdominal apresentou média de 96,72 ± 11,58 cm, circunferência do quadril 101,96 ± 10,50 cm e índice RC/Q 0,95 ± 0,06 cm.

Tabela 3 Variáveis cardiovasculares, força de pressão palmar e antropométricas dos pacientes com insuficiência cardíaca.

Variáveis Média ± Desvio Padrão

Frequência cardíaca (bpm) 67,8 ± 10,4 Pressão sistólica (mmHg) 118,2 ± 19,3

Pressão diatólica (mmHg) 69,9 ± 10,4

Fração de ejeção do VE (%) 44,3 ± 15,9 Força da mão dominante (Kgf) 27,8 ± 11,3 Força da mão não dominante (Kgf) 26 ± 11,3

Peso (Kg) 73,3 ± 15,4

Altura (m) 1,6 ± 0,01

IMC 29,3 ± 5,2

Circunferência abdominal (cm) 96,7 ± 11,6 Circunferência do quadril (cm) 102 ± 10,5

Relação cintura/quadril 1 ± 0,1

bpm – batimentos por minuto; mmHg – milímetros de mercúrio; % - porcentagem; Kgf – quilogramas-força; Kg – quilogramas; m – metros; cm – centímetros

A Tabela 4 apresenta as médias das escalas que avaliam QV, independência funcional, estado mental e depressão. O MLHFQ apresentou média de 36,28 ± 19,38, e foi dividido em dois domínios: físico (15,58 ± 10,15) e emocional (8,68 ± 5,99). O MIF motor apresentou média de 89,39 ± 4,23, o MEEM 22,83 (±3,91) e a escala de depressão apresentou 5,5 ± 0,4 como valor médio.

(39)

Tabela 4 - Qualidade de vida, independência funcional e estado mental dos pacientes com insuficiência cardíaca.

Variáveis Média ± Desvio Padrão

Total do MLHFQ 36,3 ± 19,4

Dimensão emocional 8,7 ± 6,0

Dimensão física 15,6 ± 10,2

4,2

Total MIF motor 89,4 ±

Total MEEM 22,8 ± 3,9

Escala de Depressão Geriátrica 5,5 ± 0,4 MLHFQ – Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire; MIF – Medida de Independência Funcional;

MEEM – Mini Exame do Estado Mental.

A Tabela 5 apresenta a média dos escores do MLHFQ dos idosos de acordo com a CF-NYHA. As médias dos escores do MLHFQ em relação as classes funcionais mostram que, com a progressão na CF-NYHA, os escores do MLHFQ (total e por dimensões) aumentam.

Tabela 5 - Diferenças na Qualidade de vida em relação a classificação funcional da insuficiência cardíaca dos pacientes com IC.

Variáveis

NYHA

I II III IV p*

média média média média

Total MLHFQ 24,0 ± 13,3 41,9 ± 15,8 55,7 ± 18,4 62,0 ± 8,5 <0,001 Dimensão Emocional 5,6 ± 4,6 10,3 ± 5,8 13,2 ± 5,7 13,0 ± 8,5 <0,001 Dimensão Física 9,0 ± 7,7 19,4 ± 7,7 23,7 ± 9,0 31,5 ± 3,5 0,001 * - Teste de Kruskall-Wallis

MLHFQ – Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire;

NYHA – New York Heart Association (I – sem limitação para atividades físicas, atividades habituais não causam dispneia, cansaço ou palpitações; II – discreta limitação para atividades físicas, atividades habituais causam dispneia, cansaço ou palpitações; III – importante limitação para atividades físicas, atividades com intensidades inferiores às habituais não causam dispneia, cansaço ou palpitações; IV – limitação para qualquer atividade física, com sintomas de insuficiência cardíaca em repouso.);

A Tabela 6 aponta os valores de associação entre os escores MLHFQ e as variáveis quantitativas. O sentido inverso das correlações entre as variáveis confirma que há relações inversas, uma vez que o MLHFQ é inversamente ordenado (maiores valores, pior qualidade de vida relacionada à saúde).

(40)

Tabela 6 - Associação de Qualidade de vida, idade, fração de ejeção, força de preensão palmar, independência funcional, estado mental e sintomatologia depressiva.

Idade FE FMD FMND MIF MEEM EDT

MDF r -0,15 -0,44 -0,25 -0,28 -0,42 -0,11 0,30

p 0,20 <0,01 0,04 0,02 <0,01 0,38 <0,01

MDE r -0,18 -0,33 -0,27 -0,32 -0,27 -0,24 0,72 p 0,13 0,007 0,02 0,007 0,02 0,04 <0,01

MT r -0,21 -0,5 -0,18 -0,25 -0,36 -0,11 0,45

p 0,08 <0,01 0,12 0,04 <0,01 0,37 <0,01 FE- Fração de Ejeção; FMD – Força da Mão Dominante; FMND - Força da Mão Não Dominante; MDF – MLHFQ (Dimensão Física); MDE – MLHFQ (Dimensão Emocional); MT – Total MLHFQ;

A Correlação linear de Person para variáveis qualidade de vida, força de preensão palmar, independência funcional, estado mental e depressão, onde se admitiu para valores de concordância: > 0,75 excelente, entre 0,40 e 0,75 moderada e < 0,40 pobre. p ≤ 0,05.

Foram constatadas correlações significantes entre a dimensão física e as variáveis: fração de ejeção (r = -0,44), força preensão palmar da mão dominante (r = -0,25), força de preensão palmar na mão não dominante (r = -0,28), MIFt (r = -0,42) e escala de depressão geriátrica (r = 0,30).

A dimensão emocional do MLHFQ apresentou correlação significante com a fração de ejeção (r = -0,33), força preensão palmar da mão dominante (r = -0,27), força de preensão palmar na mão não dominante (r = 0,32), MIFt (r = 0,27), MEEM (r = -0,24) e escala de depressão geriátrica (r = 0,72).

O escore total do MLHFQ apresentou correlações significantes com a fração de ejeção ( r = -0,50), força de preensão palmar na mão não dominante (r = -0,25), MIFt (r = -0,36) e escala de depressão geriátrica (r = 0,45).

Uma análise de regressão logística múltipla foi realizada para identificar os fatores de risco para uma qualidade de vida abaixo ou acima da média. A Tabela 7 mostra as variáveis que associaram ao domínio total do MLHFQ na análise de regressão. Para análise da regressão logística, as variáveis foram divididas em dois grupos (G1 e G2), a divisão foi realizada em razão do grande número de variáveis. O grupo G1 compreende

(41)

as variáveis sócio-demográficas, clínicas (exceto as contidas no G2) e antropométricas. O grupo G2 contém as manifestações clínicas e comorbidades.

Tabela 7 - Associações significantes para qualidade de vida do Grupo 1 (Capacidade

funcional, estado mental e sintomatologia depressiva).

Variáveis B p Exp(B)

NYHA 0,038

NYHA I -3,980 0,184 0,019

NYHA II -1,588 0,563 0,204

NYHA III -0,730 0,787 0,482

Fração de Ejeção -0,118 0,003 0,889

MEEM 0,212 0,059 1,236

Escala de Depressão 0,433 0,009 1,541

NYHA – New York Heart Association (I – sem limitação para atividades físicas, atividades habituais não causam dispneia, cansaço ou palpitações; II – discreta limitação para atividades físicas, atividades habituais causam dispneia, cansaço ou palpitações; III – importante limitação para atividades físicas, atividades com intensidades inferiores às habituais não causam dispneia, cansaço ou palpitações; MEEM – Mini Exame do Estado Mental; Regressão logística múltiplaforward stepwise. p ≤ 0,05 .

Na análise multivariada, a QV foi influenciada pela classe funcional NYHA(p= 0,038), fração de ejeção (p= 0,003), mini-exame do estado mental (p= 0,059) e escala de depressão geriátrica (p= 0,009). Os fatores de risco não significantes para a QV do Grupo 1 incluem: idade, fatores sócio-demográficos, etiologia, tabagismo, força de preensão manual, peso, IMC, relação cintura-quadril, MIFtotal.

O fator associado significativamente à QV no Grupo 2 foi a fadiga (p = 0,004; exp(b) = 242,64). As demais manifestações cínicas e comorbidades não apresentaram associações significantes.

(42)

6 DISCUSSÃO

A qualidade de vida é definida como a percepção dos pacientes sobre o impacto da condição clínica e na vida diária através do estado físico e emocional. A QV, a morbidade e a mortalidade são resultados importantes em pacientes com IC, e esses resultados são gravementeafetados por esta doença (HEO et al., 2012).

Os resultados de nosso estudo mostram a influência que têm as condições clínicas, emocionais e funcionais na qualidade de vida dos idosos com IC.

Vários aspectospodem contribuir para baixa QV em pacientes portadores de IC, principalmente os idosos. Pesquisas anteriores sugeriram que fatores sócio-econômicos podem estar relacionados a um curso desfavorável nesses pacientes e afetam a percepção de saúde geral, qualidade de vida, condições clínicas e estado emocional (HAWKINS et al., 2012).

Dentre os fatores sócio-econômicos, o gênero tem sido identificado como um fator-chave associado a distúrbios psicológicos, diminuição da QV e depressão em pacientes com IC. Pacientes do gênero feminino tendem a relatar mais limitações físicas e sintomas depressivos em comparação com pacientes do sexo masculino (LUTTIK, LESMAN-LEEGTE, JAARSMA, 2009).

Em relação a etnia, os resultados sobre a QV são conflitantes (UTSEY et al., 2002;

JACKSON-TRICHE et al., 2000). Riegel et al. (2008), avaliou a QV em diferentes raças

em pacientes com IC, porém não houve diferença nos escores do Minnesota entre os três grupos étnicos (Brancos e Negros não Hispânicos e Hispânicos) durante a internação hospitalar, porém os hispânicos apresentaram os melhores escores ao longo de 6 meses após a alta hospitalar em comparação aos brancos e negros não hispânicos. Entretanto, na presente análise gênero e etnia não demonstraram significância quando associados a QV.

Sobre o estado civil, os escores de qualidade de vida de pacientes que vivem sozinhos são consistentemente inferiores aos escores de QV dos pacientes que vivem com um parceiro. Os pacientes que vivem com um parceiro apresentam maior pontuação de QV durante a internação, em relação ao mês anterior à internação hospitalar e, especialmente, no que diz respeito às expectativas em qualidade de vida no futuro (LUTTIK et al., 2006). No entanto, o estudo de Heo et al. (2012), o estado civil não

mostrou associação com a QV.

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A baixa condição econômica pode ser um problema entre os idosos. Pacientes com IC apresentam essas dificuldades em razão da perda de seus empregos e aumento nas despesas devido ao custo dos medicamentos o que causa impacto na situação econômica, particularmente no contexto de status social, na qualidade de vida e nos resultados clínicos (HEO et al., 2012). Em uma revisão de literaturafoi encontrado oito

estudos clínicos em que condição socioeconômica foi associado em pacientes com IC. Menor nível socioeconômico foi relacionado a aumento das taxas de hospitalização, aumento da exclusão social e uma doença mais grave na admissão (BLAIR; LLOYD-WILLIAMS; MAIR, 2002).

O nível de escolaridade dos pacientes influencia o estilo de vida, a compreensão sobre os sintomas e tratamento da doença e reduz a morbimortalidade por IC (SUI, et al.

2008). Uma pesquisa longidudinal realizada em 17 hospitais na Holanda, envolvendo 553 participantes com IC, mostrou que pacientes com baixos níveis de escolaridade apresentam pior qualidade de vida. Os dados demonstram diferenças significativas entre 4 grupos educacionais em relação ao funcionamento físico, social, energia / fadiga, dor, limitações e problemas emocionais (BARBARESCHI et al., 2011). Porém, em nosso

estudo, estado civil, renda e escolaridade não influenciaram a QV.

A IC é considerada uma doença incapacitante e acarreta modificações no estilo de vida dos pacientes. A classificação da New York Heart Association (NYHA) é o sistema mais comumente usado para descrever o impacto da insuficiência cardíaca sobre as atividades diárias do paciente (BENNETT et al., 2002). É amplamente aceito e

clinicamente útil, pois se correlaciona com a qualidade de vida e sobrevivência (AL-KAADE; HAUPTMAN, 2001; KUBO et al., 2004). Nosso estudo, bem como outros,

mostrou diferenças significantes nas classes funcionais da NYHA quando a QV foi comparada entre elas. Os idosos portadores IC com menor gravidade (CF-NYHA I) apresentaram melhores índices de qualidade de vida no escore total do MLHFQ e suas dimensões e os piores índices foram reportados por pacientes com CF-NYHA IV.

Os resultados de um estudo observacional, realizado no Reino Unido com 293 pacientes, divididos em três grupos (NYHA I / II, III e IV), demonstram um aumento da taxa de readmissão, pior qualidade de vida aos 6 meses de seguimento (p=0,002 para MLHFQ) e maior taxa de mortalidade associados com a progressão da classe funcional-NYHA. A CF-NYHA, foi um preditor não apenas da dimensão física, como também, da dimensão emocional na QV (HOLLAND et al., 2010). Fato confirmado também nesta

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pesquisa, sugerindo que as CF-NYHA devem ser avaliadas levando-se em consideração não apenas os aspectos físicos, mas também os subjetivos.

A avaliação da independência funcional em idosos tem sido considerada como um indicativo da qualidade de vida, uma vez que o desempenho nas atividades da vida diária permite aos profissionais da área da saúde uma visão ampla do comprometimento da saúde e sequelas das doenças. Para os idosos uma qualidade de vida satisfatória pode ser interpretada como a possibilidade de conseguir cumprir suas funções diárias básicas adequadamente, se sentir bem e viver de forma independente (PASCHOAL, 2002). A independência funcional avaliada nesta pesquisa mostra uma associação com a QV, porém não mostrou significância na análise multivariada, fato que pode ser explicado por uma grande quantidade de pacientes da CF I, o que influencia a análise.

A força de preensão palmar tem sido um bom indicador de força muscular global e preditor de mortalidade em pessoas de meia-idade, idosos e pacientes doentes (SASAKI

et al., 2007). Em pacientes idosos com doença cardíaca coronariana, a força de preensão

palmar diminui com a idade, é menor nas mulheres e fornece informações valiosas como um preditor integrado da função física (MROSZCZYK-MCDONALD; SAVAGE; ADES, 2007). E em pacientes internados, a força de preensão palmar e a mobilidade estão relacionados com a qualidade de vida nos domínios físico e mental (JAKOBSEN; RASK; KONDRUP, 2010). Em nossos resultados, a força de preensão palmar nas mãos dominante e não dominante mostraram correlação com o MLHFQ, dimensão física e emocional, MEEM e sintomas depressivos.

Atualmente, há um conhecimento limitado sobre a qualidade de vida dos pacientes portadores de IC com FE preservada em comparação com pacientes com FE rebaixada. Existem estudos comparando qualidade de vida nessas populações, porém apresentaram resultados inconsistentes, relatando pouca ou nenhuma diferença significativa na QV desses pacientes (LEWIS et al., 2007; AUSTIN et al., 2008). Porém, esses dados diferem

dos resultados constatados em nosso estudo que considerou a FE como variável preditora de QV.

Hoekstra et al. (2011) evidenciou que a QV dos pacientes com FE preservada não

diferiu significativamente dos pacientes com FE rebaixada. Ao ajustar os escores de QV com o nível de BNP, não foi encontrada uma associação entre QV e FEVE, ou seja, pacientes com FE preservada e rebaixada com valor de BNP semelhantes tiveram o

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Figura 2 - Fluxograma de seleção da amostra
Tabela 1 - Variáveis demográficas e sociais dos  pacientes  com insuficiência  cardíaca
Tabela 1 - Variáveis demográficas e sociais dos  pacientes  com insuficiência  cardíaca
Tabela 2 - Variáveis clínicas dos pacientes com insuficiência cardíaca.
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