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Uso do Bate-papo para Entrevista

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Academic year: 2021

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Uso do Bate-papo para Entrevista

Ricardo Rodrigues Nunes

Departamento de Informática Aplicada – CCET – UNIRIO

Av. Pasteur, 458, sala 114 – cep: 22290-240, Urca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ricardo.nunes@uniriotec.br

Abstract. This article is the result of an investigation on the use of chat for the

conduct of interviews with guests. . It’s presented an analysis of some software used for interviews and from that analysis, some problems are identified in the use of chat, during this type of dynamics. Some possible solutions are listed to these problems.

Resumo. Este artigo é o resultado de uma investigação sobre o uso de

bate-papo para a realização de entrevistas com convidados. É apresentada uma análise de alguns softwares usados para entrevistas e, a partir dessa análise, são identificados alguns problemas no uso do bate-papo, durante esse tipo de dinâmica. São indicadas algumas possíveis soluções para os problemas encontrados.

1. Introdução

O objetivo desse artigo é a definição de problemas no uso do bate-papo para entrevistas com convidados e a proposta de possíveis soluções para esses problemas.

O público tem participação efetiva em diversos programas de entrevista. Existem diversos programas de entrevista no rádio e na televisão, como o Roda Viva (TV Cultura), Marília Gabriela Entrevista (GNT), Altas Horas (TV Globo), Entrevista Imprevista (Record News) etc.

Em paralelo, a internet vem se firmando como um importante meio de comunicação alternativo. Através dos computadores nas residências, cyber-cafés e lan-houses, as pessoas têm a possibilidade de acessar a Internet.

Além da internet ser usada como mais uma forma do público participar desses programas televisivos, ela é utilizada para a difusão da entrevista (texto, áudio ou vídeo) e tem sido aproveitada para promover entrevistas com personalidades. A maioria das vezes que a Internet é responsável pela transmissão de uma Entrevista, as salas de bate-papo são o ambiente onde o participante submete perguntas ao entrevistado.

Porém, é difícil acompanhar as entrevistas através desse canal de comunicação, pelo fato de não existirem muitas ferramentas específicas para a realização desse tipo de dinâmica e dos problemas inerentes no uso do bate-papo.

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2. Entrevista 2.1. Definição

Entrevista é uma das mais conhecidas técnicas de trabalho em grupo. É uma situação em que uma ou mais pessoas entrevistadores formulam perguntas ou apresentam questões a um ou vários indivíduos [Minicucci 2001].

Em geral a entrevista faz abordagem de um tema ou vários em que o entrevistado é interrogado [Minicucci 2001].

2.2 Entrevista com convidados na internet

A entrevista com convidados na internet é um tipo de serviço que se dá em servidores comerciais que colocam à disposição dos internautas uma personalidade, para que pessoas interessadas possam interagir [Marcuschi 2004].

Este tipo de entrevista específica é muito parecido com os bate-papos genéricos disponíveis na Web. Porém, só o entrevistado responde as perguntas, revelando uma assimetria no diálogo.

Os participantes enviam suas perguntas, que são filtradas por um mediador e encaminhadas ao convidado entrevistado. A Tabela 1 apresenta os papéis dos participantes em uma entrevista com convidados na internet [Carvalho 2005].

Tabela 1. Papéis para a realização de Entrevista com convidados na internet. Adaptação baseado em (Pimentel, 2006)

Papel Responsabilidades

Entrevistado Responsável por responder as perguntas feitas, para transmitir as informações que são de interesse dos demais participantes.

Mediador Responsável por selecionar as perguntas e enviá-las ao entrevistado. Participantes

efetivos São os que enviam perguntas que são selecionadas pelo mediador. Participantes

não-efetivos São os que enviam perguntas que não são selecionadas pelo mediador. Participantes

observadores

São os que apenas observam a conversação, ou seja, não enviam perguntas.

Com exceção do entrevistado e do mediador, os demais papéis podem mudar durante a dinâmica, ou seja, participantes efetivos tornam-se não-efetivos, participantes observadores viram efetivos etc. Além dessa troca de papéis, os participantes podem entrar e sair da sala da entrevista a qualquer momento [Carvalho 2005].

Na Tabela 2 identificam-se, de outra maneira, os papéis assumidos pelos participantes em uma entrevista [Pimentel 2006]. Este quadro é uma adaptação do quadro apresentado em [Pimentel 2006].

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Tabela 2. Papéis para a realização de Entrevista Filano (2003, p.134) PAPEL HABILIDADES E RESPONSABILIDADES

Entrevistado (Especialista)

Atua neste papel quem possui informações de interesse e tem a responsabilidade de transmiti-las, respondendo a perguntas dos entrevistadores. Em um contexto educacional, este papel pode ser exercido por um convidado ou pelo professor.

Entrevistador

Pessoa com a responsabilidade de obter informações do entrevistado. Deve possuir domínio da técnica de interrogar, propor perguntas adequadas e reformular o questionamento em função das respostas. Em um contexto educacional, este papel pode ser exercido por um grupo selecionado de alunos ou mesmo por todos os alunos da turma.

Moderador

Tem a responsabilidade de manter a ordem e o andamento da entrevista. É responsável por selecionar as perguntas dos entrevistadores. Em um contexto educacional, este papel pode ser exercido pelo professor ou por um aluno.

Espectador

Tem interesse nas informações do entrevistado, mas não tem a função de interrogá-lo. Em um contexto educacional, este papel pode ser desempenhado por alguns membros da turma, por alunos de outras turmas, ou não ser desempenhado por ninguém.

Sintetizador

Tem a função de elaborar uma síntese da entrevista. Em um contexto educacional, pode ser desempenhado por 2 ou 3 alunos da turma, ou pelo próprio professor.

No desenvolvimento de uma nova ferramenta para apoiar este tipo de dinâmica, serão considerados os papéis da Tabela 2 para a realização de entrevistas com convidados.

3. Ferramentas de Bate-papo para Entrevista

"Ferramenta de bate-papo" é um programa computacional que permite a troca de mensagens síncronas entre usuários, como se estivessem conversando, sem a necessidade de uma proximidade física entre elas [Pimentel 2002].

Para a apresentação da proposta de desenvolvimento de uma ferramenta de bate-papo, para suporte a entrevista com convidados, é necessária uma análise profunda das principais ferramentas de entrevista disponíveis no mercado. Inicialmente foram destacadas as ferramentas dos principais portais brasileiros: UOL, Terra, IG e Globo (Figura 1) (segundo o índice de audiência, Ibope Nielsen/NetRating 2006).

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Na realização da análise, foi usado o Framework Conceitual 3C do domínio de ferramentas síncronas [Pimentel et al. 2006].

Figura 1. Páginas de entrevistas dos principais portais brasileiros A partir da análise das ferramentas de entrevista, foram identificados os seguintes problemas [Pimentel 2006]:

 os textos do entrevistado e o dos entrevistadores se misturam;  algumas vezes é difícil relacionar a resposta à sua pergunta;

 é difícil para o entrevistado responder as perguntas de vários entrevistadores, na ausência de um moderador para filtrar as perguntas;  os participantes ficam desconfiados da identidade do entrevistado, na

ausência de um vídeo;

 às vezes parece que o entrevistado demora a responder, quando está digitando frases longas.

Além das ferramentas analisadas, outra ferramenta merece atenção:

A ferramenta Entrevist@ [Pessoa 2002] apresenta uma região separada para as respostas do entrevistado (Figura 2). Assim, não permite que as mensagens dos entrevistadores se misturem com a dos entrevistados. Visando solucionar outro problema, a ferramenta apresenta as respostas do entrevistado precedidas pelas perguntas do entrevistador.

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Figura 2. Interface da Ferramenta Entrevist@

Dessa forma, dois dos problemas identificados na análise das ferramentas de entrevista dos principais portais brasileiros, a mistura dos textos dos entrevistadores e entrevistado e a dificuldade de se relacionar a resposta à pergunta, foram abordados no desenvolvimento do Entrevist@.

4. Estudo de Caso

Foi realizado um estudo de caso na disciplina Tópicos Especiais em SAN I (Sistemas Colaborativos 2007-2) do Programa de Pós-Graduação em Informática da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), onde foi convidado um especialista em Acessibilidade. O tema abordado foi "Acessibilidade na Web: Custo ou Benefício?".

A sala de bate-papo escolhida foi a do Portal Terra (http://www.terra.com.br). Criou-se uma mala direta para convidar os participantes. Foi enviado um conjunto de possíveis perguntas para o entrevistado, para que ele pudesse se preparar.

A entrevista durou aproximadamente 1 hora e participaram 15 pessoas. No final foi enviado um questionário para cada participante.

5. Análise dos dados

A análise das respostas dos questionários de avaliação permitiu conhecer alguns aspectos importantes da temática estudada. Dos doze participantes da entrevista, seis eram homens e seis mulheres. A média de idade dos participantes foi de 35 anos, sendo a idade mínima de 21 e a máxima de 56 anos. Quase a metade (42 %) está cursando o Mestrado. Mais da metade dos participantes (58%) nunca havia participado de uma entrevista através da internet (figura 3).

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Figura 3. Já havia participado de alguma entrevista pela internet?

Todos consideraram a entrevista excelente (58%) e boa (42%) (figura 4), e oito participantes (67%) acharam boa a ferramenta de bate-papo usada.

Figura 4. O que você achou da entrevista?

Apenas dois participantes (17%) acharam difícil acompanhar a entrevista. A metade dos participantes (50%) afirmou que o entrevistado respondeu a todas as perguntas que fizeram. Oito participantes (75%) responderam que conseguiram a maioria das respostas que queriam.

Mais da metade dos participantes (67%) afirmou que não conversou com outros participantes durante a entrevista. Todos (figura 5) afirmaram que participariam novamente de uma entrevista pela internet.

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Figura 5. Você participaria novamente de uma Entrevista pela internet? A partir da análise das respostas para as duas questões abertas do questionário, os seguintes pontos positivos e negativos foram registrados:

Pontos positivos: Comodidade

Algumas pessoas responderam como ponto positivo na utilização da ferramenta de bate-papo para a entrevista a comodidade, pelo motivo de não ter que estar no mesmo lugar físico que os outros participantes. A comodidade da entrevista é confirmada em trechos de algumas respostas do questionário, tais como: “pude ficar mais a vontade, em casa”, “não precisar estar de corpo presente”, “A não necessidade de deslocamento a um local específico”.

Poder enviar mensagens para pessoas específicas

Alguns participantes disseram ser um ponto positivo a possibilidade de enviar uma mensagem para uma outra pessoa, sem ser o entrevistado. Percebe-se essa afirmativa através de algumas respostas: “Possibilidade de dirigir-se a um participante específico”, “a facilidade de falar em reservado com alguém”, “Poder conversar paralelamente com outro participante”.

O registro da entrevista

O registro das perguntas em um lugar comum foi apontado como ponto positivo para alguns participantes: “registro de todas as intervenções”; “fácil armazenamento da entrevista (Arquivo texto)”.

Pontos negativos: Perda de conexão

Alguns participantes reclamaram que perderam a conexão com a sala de bate-papo diversas vezes: “a minha conexão com a sala de bate-papo caiu duas vezes durante a

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entrevista”; “quando perdi a conexão, perdi o histórico textual das perguntas/respostas”; “cai duas vezes”.

Confusão na entrevista

Os participantes geralmente explicam esta confusão como decorrente da dificuldade de relacionar uma resposta à sua pergunta: “Perguntas e respostas ficam muito soltas”; “as vezes fica confuso, muita gente querendo expor/falar ao mesmo tempo”; “difícil de acompanhar”.

6. Conclusão

O artigo apresentado tem o objetivo de encontrar possíveis problemas relacionados ao uso de ferramentas de bate-papo para entrevista com convidados. A partir desse levantamento, a proposta é o desenvolvimento de um software que, além de agregar as soluções apresentadas na ferramenta Entrevist@, tenha um novo recurso que faça com que as mensagens dos entrevistadores passem pelo moderador, para que ele selecione as que serão enviadas ao entrevistado.

Através do levantamento bibliográfico, é possível propor algumas soluções para os problemas identificados no uso de softwares de bate-papo para entrevistas com convidados, que foram encontrados na análise dos principais portais brasileiros:

 os textos do entrevistado e o dos entrevistadores se misturam: as mensagens poderiam ser exibidas em cores diferentes, colocando-se em destaque as mensagens do entrevistado, como é feito em algumas ferramentas já existentes. Outra solução seria apresentar as mensagens do entrevistado em um lugar diferente das demais mensagens;

 algumas vezes é difícil relacionar a resposta a sua pergunta: o nome de quem enviou a pergunta poderia aparecer precedido da resposta do entrevistado. Outra solução seria colocar, antes de cada pergunta, um número que fosse referenciado na resposta do entrevistado. Mais uma solução seria a resposta vir precedida da pergunta do entrevistador;  é difícil para o entrevistado responder as perguntas de vários

entrevistadores, na ausência de um moderador para filtrar as perguntas: uma possível solução, seria um ou mais moderadores escolherem as mensagens, enviando ao entrevistado só as perguntas pertinentes;

 os participantes ficam desconfiados da identidade do entrevistado, na ausência de um vídeo: poderia aparecer um vídeo ao vivo do entrevistado, como já acontece em algumas entrevistas pela Web;

 às vezes parece que o entrevistado demora a responder, quando está digitando frases longas: poderia aparecer uma mensagem, na interface do bate-papo, indicando que o entrevistado já começou a digitar a resposta. Outra solução seria aparecer o texto do entrevistado enquanto ele digita a resposta.

Foi realizado um estudo de caso na disciplina Tópicos Especiais em SAN I (Sistemas Colaborativos 2007-2) do Programa de Pós-Graduação em Informática da

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), para: (1) confirmação dos problemas apresentados nesse artigo; (2) para o levantamento de novos problemas; (3) para uma avaliação crítica das soluções apresentadas pela ferramenta Entrevist@.

Além do estudo de caso, é necessário: (1) uma análise mais profunda, comparando as técnicas de entrevistas existentes; (2) um levantamento de um maior número de softwares para se conhecer melhor o domínio de ferramentas síncronas; (3) o desenvolvimento de um software para entrevistas; (4) após o desenvolvimento do software, a aplicação de um novo estudo de caso, para tentar confirmar a hipótese de que um recurso para a filtragem das mensagens enviadas pelos entrevistadores facilitaria ao entrevistado responder as perguntas que sejam realmente relevantes.

Referências

Carvalho, M. M. (2005) “A construção do discurso no gênero entrevista com convidados na internet”, Letra Magna - Revista Eletrônica de Divulgação Científica em Língua Portuguesa, Linguística e Literatura, v. N 3, p. 01-20.

Fávero, L.L. (2000) A entrevista na fala e na escrita. Fala e escrita em questão. Dino Preti (org). São Paulo: Humanistas/FFLCH/USP.

Lage, N. (2003) A reportagem – teoria e técnica de entrevista, Record, 3ª ed. Minicucci, A. (2001) Técnicas do trabalho de grupo, Atlas, 3ª ed.

Marcuschi, L. A. (2004) “Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital”. In: Luiz Antônio Marcuschi e Antônio Carlos Xavier. (Org.). Hipertexto e Gêneros Digitais. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, v. , p. 13-67.

Pessoa, E. (2002) “Entrevist@: uma ferramenta de bate-papo para entrevistas.” Projeto Final de Bacharelado em Informática. Rio de Janeiro: IM/UFRJ.

Pimentel, M. G. (2002) “HiperDiálogo: Ferramenta de Bate-Papo para Diminuir a Perda de Co-Texto”. Dissertação de mestrado em Ciências e Informática. Rio de Janeiro: IM-NCE/UFRJ.

Pimentel, M., Gerosa, M. A., Filippo, D., Raposo, A., Fuks, H. e Lucena, C.J.P. (2006) Modelo 3C de Colaboração no desenvolvimento de sistemas colaborativos. Anais Simpósio Brasileiro de Sistemas Colaborativos. Natal – RN.

Pimentel, M. (2006) ComunicaTEC: Tecnologias de Comunicação para Educação e Colaboração. In: SBSI 2006, 2006, Curitiba, PR. III Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação. Curitiba, PR : SBC.

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