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EDUCAÇÃO MUSICAL E INCLUSÃO DE INDIVÍDUOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: REALIDADES E PERSPECTIVAS

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EDUCAÇÃO MUSICAL E INCLUSÃO DE INDIVÍDUOS COM

DEFICIÊNCIA VISUAL: REALIDADES E PERSPECTIVAS

Rodrigo Alves de Melo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – roddrigopiano@gmail.com Lemuel Dourado Guerra Sobrinho

Universidade Federal de Campina Grande – lenksguerra@yahoo.com

RESUMO

Neste artigo é discutida a relação entre educação musical e inclusão social de indivíduos com deficiência em geral e especificamente de pessoas classificadas como deficientes visuais. Focalizam-se leis e documentos referentes à busca pela garantia do ensino de música inclusivo nas escolas e instituições espalhadas pelo país. Coteja-se o que é formalmente estabelecido e a realidade existente nos estabelecimentos de ensino, enfatizando o caso da UFRN, a primeira universidade do país a ofertar em sua grade curricular disciplinas sobre a temática aqui discutida. Por fim são apresentadas conclusões relativas ao caso estudado e ao tema discutido. Palavras- Chave: Educação, Educação Musical, Inclusão de deficientes.

INTRODUÇÃO

A inclusão escolar tem sido amplamente discutida ao longo dos últimos 30 anos no Brasil. Essa temática é ampla, mas no que se tem produzido é possível observar com foco destacado a discussão sobre como lidar com alunos com deficiências, visto que, historicamente, como já abordado anteriormente, esses/as estudantes sempre foram excluídos/as do ambiente escolar, como também da sociedade. Dorziat (2009) sugere que se tenha o cuidado de discutir o modelo de sociedade e de relações de poder nela existentes as quais acarretam o cenário de exclusões e, portanto, a necessidade de discutir maneiras, estratégias de inclusão escolar.

Para a autora citada, a injustiça social que resulta na exclusão social de indivíduos definidos ora como especiais, ora como excepcionais, ora como deficientes é de responsabilidade de todos, sendo o pluralismo cultural e o respeito à diversidade pontos indispensáveis, quando o assunto em foco é a Educação Inclusiva em geral e a Educação Musical Inclusiva.

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os sujeitos sociais. Nesse sentido, o exercício da alteridade no espaço escolar vem afirmar a necessidade de que todos são especiais e precisam de um convívio plural, para que a cidadania possa se firmar enquanto prática social.

Na discussão da inclusão escolar de pessoas com deficiência, é necessário abordar as discriminações e estigmas de que elas são vítimas, visto que, conforme nos lembra Júlio Ferreira (1990), é também nas experiência escolares de pessoas com deficiências que se naturalizam comportamentos discriminatórios.

. Segundo o dicionário de Ferreira (2001, p. 380), incluir significa compreender, abranger, conter em si, inserir, introduzir, fazer parte. Partindo dessa definição algumas questões importantes se colocam, tais como:

(1) que indivíduos estão excluídos e precisam ser alvo de políticas, estratégias, programas de inclusão?

(2) Como definir currículos, metodologias e formar professores para o exercício de pedagogias includentes de ensino da Música?

Mais especificamente, a educação musical inclusiva é um tema que tem sido enfatizado a partir da aprovação da legislação que torna obrigatório o ensino de Música nas escolas brasileiras. Para Gordon Porter (1994),

A escola inclusiva é um sistema de educação e ensino onde os alunos com necessidades educativas especiais, incluindo os alunos com deficiência, são educados na escola do bairro, em ambientes de salas de aula regulares, apropriadas para a sua idade (cronológica), com colegas que não têm deficiências e onde lhes são oferecidos ensino e apoio de acordo com as suas capacidades e necessidades individuais. (PORTER,1994, apud JESUS & MARTIN, 2001, s/p)

No caso da escola brasileira, a lei prevê o acesso universal a um ensino de qualidade, sem discriminação de nenhum indivíduo. Na realidade, deparamo-nos com situações contrárias ao que a lei assegura. Existem situações de preconceito e medo com relação àqueles que o sistema, a cultura classifica de pessoas com deficiência. No que tange à educação musical a questão da discriminação e exclusão escolar se coloca como uma questão urgente, de modo a construir estratégias e metodologias que contemplem os alunos que recebem a classificação acima mencionada. Louro (2006) enfatiza que, em relação à educação musical, os preconceitos frente a uma pessoa com

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deficiência não são menores.

Ainda segundo esse autor, há ainda muito preconceito e discriminação contra as pessoas com necessidades especiais, o que faz com que elas, não participem da sociedade com as mesmas chances que os considerados sem deficiência. O que estaria subjacente aos comportamentos excludentes acima mencionados seria a crença por parte de muitos, presente ainda nos dias atuais, de que ter uma deficiência – geralmente no âmbito corporal, aqui incluindo a mente - seria sinônimo de incapacidade. Uricoechea (2006, p. 28) argumenta que:

Tem-se a impressão de que os excluídos entraram no mundo da vida sem ser convidados, tornando-se uma ameaça constante à ordem no mundo. Sua presença seria um desafio à confiabilidade dos limites ortodoxos e a dos instrumentos universais de ordenação, ou seja: a falibilidade da ordem, a vulnerabilidade interna.

As pessoas com deficiência têm seus direitos estabelecidos no parágrafo 3º, do artigo 5º, da Constituição Federal Brasileira atualmente vigente. Extensivo à constituição há ainda a Convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência, que foi incorporada à legislação brasileira em 2008. Essa convenção conta com 50 artigos, os quais regulamentam a equiparação de oportunidades entre pessoas com e sem deficiência em todo o território nacional. No prefácio da referida Convenção afirma-se que:

Por fim, vale destacar que a Convenção demanda que cada governo reconheça e respeite a diversidade das pessoas com deficiência. Nossa meta é cumpri-la integralmente, adequando a legislação e as práticas administrativas para assegurar que a deficiência seja apenas mais uma característica da diversidade humana. (2008, p..11)

Com a ratificação da convenção da ONU pela Constituição Federal vigente é estabelecida a obrigação de que se garantam de maneira ampla os direitos de todos os indivíduos que são excluídos por terem alguma deficiência. Destacamos aqui em especial o artigo de número 24, que trata do direito à educação, que é tema deste artigo, no qual apresentamos uma breve discussão sobre a educação e as questões da inclusão social em geral e de indivíduos com deficiência, seguindo de uma breve apresentação do caso do Curso de Música da UFRN.

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METODOLOGIA

Nossa pesquisa, que deverá resultar em uma dissertação de mestrado, da qual apresentamos aqui a formulação e uma prévia do estudo do caso do curso de Licenciatura em Música da UFRN, tem como metodologia a descrição densa das estratégias, limites e possibilidades do processo observado no referido curso, incluindo a realização de entrevistas com professores, gestores e estudantes com deficiência egressos e ainda na graduação e a análise das falas dos atores envolvidos na inclusão de estudantes com deficiência visual.

Educação e Inclusão

A educação, segundo a Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional 9394/96 (LDB) é um direito de todos. O acesso à escola de qualidade para todo individuo é assegurado por esta lei. No caso da educação inclusiva, a LDB, no inciso I do artigo 59 assegura aos alunos com necessidades especiais “currículos, métodos, técnicas e recursos educativos e organizações para atender as suas necessidades” (BRASIL, 1996). Além dessa Lei, convém ressaltar a ratificação do governo brasileiro à a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, resultante da Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada na Tailândia, em 1990; e também a Declaração de Salamanca (sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais), resultante da Conferência Mundial de Educação Especial, na qual se representaram 88 governos e 25 organizações internacionais em assembleia, entre 7 e 10 de junho de 1994; e ainda, a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva Inclusiva (PNEE), como documentos que almejam garantir uma política que favoreça a educação inclusiva nas escolas brasileiras, em todas as áreas disciplinares.

Mesmo com o amparo da lei, não há garantia de um ensino inclusivo nas escolas por vários fatores, dentre os quais destacamos os seguintes: as escolas sem acessibilidade infraestrutural; insuficiente produção de materiais adequados; e o baixo nível de preparação dos professores para lidar com situações do dia a dia da pessoa com deficiência.

Os problemas que atingem a educação básica em geral na educação que almeja a inclusão se agravam: o orçamento limitado, a falta de equipamentos, a recorrência da existência de professores e funcionários sem formação específica na área da Música, são alguns dos fatores que dificultam as tentativas e esforços de se desenvolver um sistema educacional unificado que seja flexível e com recursos necessários para atender as

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necessidades da diversidade de alunos que porventura buscam a escola para aprender. A realidade acaba por se distanciar da utopia que a lei sugere, estabelecendo que alunos com deficiência esperam ser inseridos no ambiente escolar, na medida em que as instituições escolares públicas não dispõe da estrutura mínima de equipamentos, prédios adaptados e uma equipe multidisciplinar que possa interagir com esses alunos de forma que eles sejam acolhidos juntamente com os alunos classificados de sem deficiência.

Educação Musical Inclusiva

Antes de abordar a questão da inclusão no campo da educação musical, é importante voltar um pouco no tempo e refletir brevemente, dado o escopo deste artigo, sobre a pedagogia da Música na história da Escola brasileira. Heitor Villa-Lobos se tornou um dos maiores representantes da educação musical na década de 30, através de sua mais importante contribuição, o programa de implantação do canto orfeônico, com o apoio do então Presidente Getúlio Vargas. No governo deste foi criado o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico.

Segundo Penna (2012, p.152), Villa-Lobos pretendia que toda escola pública cantasse e não havia professores de música em número suficiente. A autora lembra que a solução encontrada foi a promoção de “cursos rápidos”, realizados nas férias, os quais resolveram apenas de modo paliativo a questão da formação deficiente dos professores na área do ensino da Música nas escolas públicas de então.

Essa formação precária, aliada a outros fatores ligados ao cenário político-institucional da época, marcado pela dificuldade de acesso da maioria da população à escola pública, pelo cerceamento e tutela da sociedade civil pretendida pelo Estado Varguista, contribuíram para o refluxo da proposta de introdução e continuidade do canto orfeônico no Brasil, como pensado por Villa Lobos.

O cenário da Educação Musical posterior ao Programa do Canto Orfeônico acima citado não sofreu alterações significativas durante muito tempo, em termos da legislação que garantisse a Música enquanto disciplina nas escolas. Leis como a 5.692/71, que implantou o ensino de educação artística no currículo escolar, deixou a Música na sala de aula como parte de um conjunto de saberes e não como disciplina específica.

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a indefinição e a ambiguidade que permitem a multiplicidade, uma vez que a expressão “ensino de arte” pode ter diferentes interpretações. A autora argumenta ainda sobre essas duas leis da seguinte forma:

Privilegiamos essas duas leis porque, em nossa área, elas são, muitas vezes, colocadas em oposição: a primeira sendo vista como responsável pelo desaparecimento da música nas escolas, e a atual LDB como tendo resgatado o ensino de música. Apesar de alguns estudos interpretarem as duas leis de tal forma, em nossa análise não vemos distinção significativa entre elas, com relação à garantia da música na escola, como pretendemos deixar claro nessa discussão. (PENNA, 2012, p. 120)

Em 18 de agosto de 2008, foi sancionada a lei 11.769, que estabeleceu que “a Música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo na educação básica”. De acordo com Martinez e Pederiva (2013), a nova legislação abre múltiplas possibilidades para que a atividade musical encontre seu espaço na educação básica.

A sanção da referida lei assegura o ensino de Música específico em sala de aula. Mas a lei por si só não foi garantia que o ensino de música fosse implantado com sucesso nas escolas. A lei se deparou com muitas barreiras que precisam ser discutidas na busca de uma solução, referidas, por exemplo, ao delineamento mais preciso dos conteúdos a se ensinar em cada série e da regulamentação de que professores vão assumir o ensino de Música.

Existem professores que, com sua formação acadêmica, estão aptos a exercitar pedagogias de ensino de Música em escolas especializadas com ênfase na técnica e no virtuosismo. Ao se deparar com a realidade de uma sala de aula com 40 alunos que têm a Música como apenas mais um dos conteúdos temáticos a serem estudados esses profissionais muitas vezes não sabem como proceder.

Quando se coloca a necessidade de incluir nas aulas de Música pessoas com deficiência, as carências em termos de filosofia e de metodologia de ensino se agravam A maioria dos licenciados em Música não tem formação específica que respalde sua atuação em uma educação musical inclusiva.

Segundo Louro (2006), predomina entre professores de música a crença de que, a Música para uma pessoa com deficiência só tem utilidade e função como terapia ocupacional ou reabilitação, o que de fato, dificulta o desenvolvimento da educação

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musical inclusiva no Brasil. A autora cita ainda em seus escritos o educador musical alemão Koellreutter, nos seguintes termos:

Koellreutter (1998) afirma que a educação musical é um meio de desenvolver faculdades para o exercício de qualquer profissão. De acordo com suas palavras, ela trabalha a concentração, autodisciplina, capacidade analítica, desembaraço, autoconfiança, criatividade, senso crítico, memória, sensibilidade e valores qualitativos. Além do que, pode valorizar o ponto de vista nacional, religioso, político e social. (LOURO, 2006, p. 3)

Se através do ensino da Música podem advir o desenvolvimento das habilidades acima citadas, o ensino de música com viés inclusivo deve ser colocado em pauta nas discussões sobre educação musical e ser defendido como algo positivo e possível de ser realizado, de modo a comtemplar todos os indivíduos, com deficiência ou não.

O cenário atual sugere que haja um maior investimento em formação de professores, em equipamentos e materiais específicos para as salas de aulas, bem como o estabelecimento do tamanho das turmas de modo a garantir aula de Música satisfatórias.

Ainda Louro (2006) afirma que os investimentos são escassos na educação como um todo e em especial para o ensino de Música, agravando-se a situação quando se pensa a questão da educação inclusiva. Mesmo nas escolas especializadas o ensino de Música para pessoas com deficiência é difícil de se encontrar. Nos cursos de graduação em Música quase não há menção à educação musical especial e inclusiva nas grades curriculares. O caso da UFRN é exceção, sendo a instituição pioneira em inserir na sua grade curricular disciplinas de cunho inclusivo, como a musicografia Braille, sobre a qual falaremos mais adiante.

Pautar um ensino de música que seja inclusivo quando todo um sistema educacional parece ser excludente é tarefa que requer paciência e perseverança. Rocha (2014), afirma que é preciso repensar sobre o processo de inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais em todos os níveis de escolarização, seja na educação formal ou informal.

Podemos ir mais além e dizer é imprescindível se repensar esse processo em todas as esferas da educação, da básica ao ensino superior. Faz-se necessário tirar a “máscara invisível” do preconceito que rondam os ambientes educacionais em relação

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as pessoas com deficiência. Os congressos, seminários, colóquios e encontros sobre educação devem cotejar sobre o que já existem sobre a temática com novas abordagens produzidas, seja no meio acadêmico ou mesmo na própria educação básica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na contramão do observado em outras instituições de ensino superior brasileiras, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte vem desenvolvendo um trabalho de inclusão de pessoas com Deficiência Visual (DV) inclusive na área da Educação Musical. Em 2011 a instituição criou o curso de flauta doce específico para pessoas com DV e, em 2012, a partir das apresentações dos alunos do referido curso, passou a chamá-lo de “Projeto Esperança Viva”. Esse curso, segundo descreve Rocha e Queiroz (2014, p.1):

Vem se consolidando não só como um projeto de Educação Musical Especial, mas como um espaço de atuação para os licenciandos em música que poderão como monitores e estagiários do Projeto, proporcionando-lhes uma experiência docente de ensino em Música, contribuindo assim em sua formação inicial.

No segundo semestre de 2013, o curso de Licenciatura em Música da UFRN passou a contar em sua grade curricular com a disciplina Musicografia Braille I e no primeiro semestre de 2014 com a disciplina Musicografia Braille II, ambas em caráter eletivo, tornando a primeira Universidade do país a oferecer tais disciplinas.

Em 2013 e 2014 foram realizados o I e II Encontro sobre ensino de Música para pessoas com deficiência visual (DV) na Escola de Música-EMUFRN, sendo o I com o tema Educação musical para pessoas com deficiência visual: desafios e possibilidades, e o II com o tema Música e deficiência visual: conquistas e novas perspectivas.

Vale lembrar que o prédio da EMUFRN passou por reformas para que se adequasse às normas de acessibilidades. O Departamento de Música da referida universidade conta com uma professora cadeirante no seu quadro efetivo. Rocha e Queiroz (2014) relatam que no início não foi fácil se vivenciar o processo de inclusão de alunos com DV na EMUFRN. A falta de preparo dos professores e de materiais específicos foram desafios a serem superados para que esse ensino fosse consolidado.

Em 2009, com a entrada do primeiro aluno deficiente visual na Licenciatura em Música, a EMUFRN teve que se adaptar para que esse aluno fosse incluído e recebesse

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uma formação musical adequada. O curso conta com equipamentos como impressora Braille, scanner Braille, máquinas Perkins e Reglestes. Em 2013, foi formado o primeiro aluno DV na licenciatura em Música.

CONCLUSÕES

Ainda há um caminho longo a se percorrer para que a educação musical possa estar acessível a pessoas com e sem deficiências. A realidade das escolas muitas vezes não contempla o ensino de Música. Louro (2006) nos convida a reflexão ao abordar que os investimentos e empenho primordial das autoridades e pedagogos no Brasil no que se refere a educação inclusiva é canalizado para a educação básica, secundarizando os cursos que não integram esse currículo, ou considerados "menos importantes", como a Música. Para que a LDB, em seus incisos que validam o ensino de Música saiam do papel e passem a vigorar efetivamente, garantindo que ele seja oferecido de forma igualitária a todos os indivíduos, incluindo os com deficiência, são necessárias mudanças estruturais e culturais: nos prédios, no acesso infraestrutural e nas mentalidades, para que sejam combatidas as estigmatizações e discriminações aos com deficiência.

Os cursos de Licenciatura em geral e especificamente os de Música precisam reconhecer a necessidade de investir mais em disciplinas que visem à inclusão como foi relatado no caso da UFRN. Essas mesmas instituições também precisam investir em formação continuada com o objetivo de aumentar a capacidade pedagógica dos professores que estão ensinando Música, muitas vezes sem o devido preparo, pelas circunstâncias do mercado de trabalho.

Os professores em geral e especificamente os de Música devem ir em busca da qualificação na área para que possam lidar com pessoas com deficiência de modo apropriado, com naturalidade e competência. Isso só pode acontecer se reconhecermos, com Louro (2006, p. 6), que:

...cabe a nós educadores entre outros profissionais envolvidos com as pessoas com deficiências quebrar os pré-conceitos que existem em relação a esse assunto. E isso só pode ser alcançado com o fornecimento de informações suficientes que façam com que os tabus sejam dissolvidos e os estereótipos derrubados.

O poder público tem papel relevante nessa jornada em busca dessa educação almejada. Projetos e políticas públicas devem sair do papel e se tornar realidade, em

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escolas realmente adaptadas, com equipamentos prontos para serem usados e com profissionais aptos a atenderem essa parcela da população. Esperamos que num futuro próximo a educação inclusiva deixe de ser algo distante e possa e possa configurar o dia a dia das escolas e instituições, que passem a ser espaços nos quais ensinar seja a luz que nos tira da escuridão que emana da exclusão.

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