O poder e a política
• Poder se refere à capacidade de agir ou de determinar o comportamento dos outros. As relações de poder perpassam todas as relações sociais. As relações privadas, que se dão no círculo familiar ou de amizade e onde os conflitos normalmente são resolvidos de forma pacífica, também são exemplos de relações de poder. • A política é um meio de resolver os problemas na esfera pública, ou seja, no âmbito do Estado. • Alguns exemplos claros do poder na esfera pública são as relações de classe, o controle social, o exercício da autoridade, o poder dos governantes sobre os governados, as leis e normas sociais e a indústria cultural. • São numerosas as formas de exercício de poder. Podemos destacar três formas predominantes: O controle social pode ser exercido de várias formas, por meio de dife-rentes agentes. A repressão policial é um exemplo disso.Poder econômico Poder ideológico Poder político
Posse de bens materiais, como os meios de produção. Exemplo: o poder dos bancos sobre as decisões dos governos dos mais diversos países.
Através da manipulação de ideias e informações, influencia o comportamento das pessoas. Exemplo: o poder das grandes empresas de comunicação. Através de instrumentos e mecanismos como a legislação ou a repressão policial, determina o comportamento das pessoas. laer te
Formas de exercício e legitimidade do poder
• O exercício do poder pode ser legítimo ou não. Ele é legítimo quando há o consentimento dos que obedecem. • O poder pode ser exercido com base no convencimento e consentimento ou calcado no uso da força. • Quando se baseia exclusivamente na força, não se considera legítimo. Exemplo: o poder das milícias e do tráfico de drogas nas favelas no Rio de Janeiro. • De acordo com o sociólogo alemão Max Weber, existem três tipos puros de dominação considerados legítimos:Racional legal Tradicional Carismática
Nestes casos, a legitimidade deriva do cálculo e da escolha racionais, a partir dos quais se chega à conclusão de que vale a pena abrir mão de certo nível de liberdade em nome de algumas vantagens que a obediência pode trazer. Exemplo: Quando aceitamos pagar impostos ao Estado, na condição de que este garanta alguma contrapartida (segurança, saúde, educação etc.).
Poder que se sustenta no costume e na tradição, no caráter inquestionável da autoridade de certos grupos ou instituições.
Exemplo: Autoridade eclesiástica.
A legitimidade do poder se sustenta na crença de que aquele que o exerce possui características especiais, que o fazem merecedor da obediência dos demais. Exemplo: Líderes de
movimentos messiânicos e alguns estadistas.
a política e o Estado
• Na Grécia Antiga, a palavra política referia-se às decisões relativas à vida na cidade (polis), das quais todos aqueles considerados cidadãos deveriam participar. • Com as revoluções liberais ocorridas a partir do século XVII, a palavra política passou a designar prin-cipalmente as atividades relativas ao controle estatal. • Há várias formas de definir sociologicamente o conceito de Estado. Entre elas estão:Norberto Bobbio Max Weber
Trata-se de organização social complexa, marcada pela centralização do poder, fundamentada na territorialidade da obrigação política e na progressiva impessoalidade do comando político.
Basicamente, o Estado se define pelo monopólio da violência legítima, exercida através da polícia e das forças armadas.
A que defende ser o Estado uma instituição neutra, a quem cabe promover o bem comum e mediar os conflitos não resolvidos da sociedade civil.
A que o compara a um guarda: sua principal tarefa seria garantir alguns direitos naturais, como a vida e a propriedade, que estariam ameaçados na sua ausência.
A que o enxerga como um
instrumento de dominação, que serve fundamentalmente para garantir a conservação de um determinado contexto de dominação e exploração de uma classe por outra.
Estado e Governo
• Governo é a autoridade que administra o Estado.
• A forma de governo diz respeito à maneira como se constituem as relações entre governados e gover-nantes. Duas propostas de classificação consagradas historicamente são:
Modelo aristotélico de classificação Modelo proposto por Maquiavel
• Monarquia: governo de um só. • Aristocracia: governo dos melhores. • Democracia: governo de muitos.
• Principado (ou monarquia) • República • Formas predominantes de organização do Estado Moderno: monarquia e república. - A monarquia admite formas absolutistas e constitucionais. No primeiro caso, predominante até o século XVIII, o poder do governante é vitalício e hereditário; já no modelo constitucional, o poder do soberano é limitado pelo de outros órgãos, como Parlamentos e gabinetes. - A república se opõe à forma monárquica. Manifesta a rejeição a governos aristocráticos ou oligárqui-cos. Nela, presidentes e primeiros-ministros normalmente são eleitos por períodos determinados.
Sistemas de governo
• O sistema de governo depende do relacionamento entre os poderes Executivo e Legislativo. •
Os dois sistemas de governo que predominam no Ocidente são o presidencialismo e o par-lamentarismo.
Presidencialismo Parlamentarismo
• Eleições presidenciais direta ou indiretamente, por tempo determinado.
• O presidente exerce a função executiva, acumulando chefia de Estado e a chefia de Governo.
• O presidente escolhe seus ministros.
• Há independência entre os poderes, visto que as eleições para o Executivo e para o Legislativo acontecem de forma desvinculada.
• Forte interação entre os poderes Legislativo e Executivo. • Distinguem-se Chefe de Estado (monarca ou presidente)
e Chefe de Governo (primeiro-ministro ou chanceler). • Quem governa é o Parlamento, por meio do gabinete. • O gabinete é constituído pelo primeiro-ministro e pelos
demais ministros.
• Instrumentos importantes:
– Princípio da responsabilidade ministerial. – Direito à dissolução do Parlamento. • O parlamento pode ser unicameral (um único órgão legislativo) ou bicameral.
Formas de participação política: partidos e sistemas eleitorais
Partidos políticos
• São organizações baseadas em uniões voluntárias, orientadas para influenciar ou conquistar o poder do Estado. • Definições: - Sociológica: estruturas fundamentadas na ideo-logia da representação política. - Jurídica: organizações de direito privado que con-gregam cidadãos com afinidades ideológicas e políticas.
• São, de fato, forças políticas na luta pelo poder institucionalizado, que sustentam (situação) ou contestam (oposição) o governo. • Sistemas Partidários - Monopartidário - Bipartidário - Multipartidário Sistema eleitoral • Refere-se às regras pelas quais os representantes são escolhidos. A legislação eleitoral, portanto, orienta as eleições e estabelece, entre outras coisas, datas, horários e locais para a realização das mesmas. • A eleição pode ser majoritária (vence quem obti-ver maioria dos votos) ou proporcional (o voto vai para o partido ou frente partidária, de acordo com o coeficiente eleitoral). • O coeficiente eleitoral é calculado por meio da di-visão do total de votos válidos em uma determinada população votante pelo número de cadeiras dispo-níveis na casa para a qual concorrem os candidatos. • As eleições podem ocorrer com base no sistema de lista fechada (o partido escolhe os candidatos, e o eleitor vota na legenda) ou lista aberta (o partido escolhe os candidatos, mas estes concorrem indi-vidualmente, podendo o eleitor definir o candidato de sua preferência).
Os diferentes modelos de Estados (principais características)
• Absolutista: - Unidade territorial. - Concentração do poder na figura do rei, que con-trola economia, justiça e exército. - Foi objeto da reflexão sistemática do inglês Tho-mas Hobbes. • Liberal ou burguês: - Fundamentos principais: soberania popular e re-presentação política. - Estado como guardião da ordem. - Sua principal função é resguardar a propriedade privada. - Separação entre público e privado. - Separação entre economia e política — “Estado não intervém na economia”. • Socialista: - Questiona o modelo liberal. - Questiona as desigualdades entre as classes sociais. - Defende profundas transformações nas formas de produção e apropriação das riquezas produzidas pelas sociedades. - O Estado socialista teria papel e existência transitórios. - Estabeleceria a ditadura do proletariado. • Nazista e fascista: - Questiona os modelos liberal e socialista. - Estado paira acima de todas as organizações da socie-dade, estendendo seus “tentáculos” por toda parte. - Forte aparato ideológico, com ênfase na valoriza-ção da educação. - Nacionalização da economia.Do Estado de Bem-Estar Social ao Neoliberalismo
• Estado de Bem-Estar Social:
- Alternativa às crises do sistema capitalista. - Resposta capitalista às críticas feitas ao sistema. - Propunha o equilíbrio entre Estado e mercado. - Defendia a intervenção do Estado no plano econô-mico, a fim de garantir o pleno emprego, estimular a produção e o consumo, mediar as relações de trabalho e ampliar as políticas de assistência (rede de proteção social). • Neoliberal: - Surgiu como alternativa ao modelo de Bem-Estar Social. - Reabilitou e sustentou valores como livre mer-cado e livre-iniciativa. - Radicalizou a separação entre economia e políti-ca, com o Estado intervindo cada vez menos na economia. - Reforçou a função “guarda noturno” do Estado, ou seja, proteger a propriedade privada e reprimir qualquer manifestação de descontentamento com o sistema. - Destacou a influência das instituições financeiras internacionais, que passaram a interferir forte-mente nos governos dos países adotantes do modelo. - A “agenda” do modelo neoliberal, principalmente para a América Latina, consolidou-se com o Con- senso de Washington (1989), que destacou os se-guintes itens: privatização das empresas estatais, flexibilização das leis trabalhistas, aumento dos investimentos estrangeiros sem restrições fiscais, redução dos gastos públicos e abertura aos trata-dos de livre comércio.
- A partir da crise de 2008, tal modelo tem sido bastante contestado, especialmente no que diz respeito à supremacia do mercado.
Formação do Estado brasileiro
• Destacam-se algumas características marcantes até hoje: - Indistinção entre público e privado. - Clientelismo. - Atuação política da mídia, o “quarto poder”. • O período colonial - É importante destacar que o Brasil se inseriu no cenário mundial como colônia de exploração. Não havia, portanto, interesse metropolitano em constituir uma sociedade política organizada. - Fragmentação econômica, jurídica e moral. - Ordem pública frágil, onde o privado se sobrepu-nha ao público. • O período imperial - Transposição do modelo português para o Brasil. - Na relação entre Estado e sociedade civil predominou a autonomia do primeiro em relação à segunda.- A própria Constituição imperial (1824) delegou plenos poderes ao Imperador, que detinha os po-deres Executivo e Moderador.
- Esta mesma constituição instituiu direitos for- mais, que não eram desfrutados pela maior par-te da população, ainda largamente excluída da cidadania. • República Velha - Forte influência de elites provinciais rurais, avessas a qualquer autoridade instituída que ameaçasse seus privilégios.
- O poder público passou a compor aliança com essas elites, representadas na figura dos chefes locais, os chamados “coronéis”.
- O coronelismo foi uma prática política marcante naquele contexto.
- Nesta época também foi inaugurado o sistema presidencialista de governo com eleições diretas.