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A COMPOSTAGEM COMO ALTERNATIVA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS RESULTANTES DA FABRICAÇÃO DE POLPA DE FRUTAS: DESCRIÇÃO E ESTUDO DE CASO Maria Aparecida Ana da Cunha,

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A COMPOSTAGEM COMO ALTERNATIVA PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS RESULTANTES DA

FABRICAÇÃO DE POLPA DE FRUTAS: DESCRIÇÃO E ESTUDO DE CASO

Maria Aparecida Ana da Cunha,1 Osvaldo Nogueira de Sousa Neto2

1 Estudante do Curso Interdisciplinar em Ciência & Tecnologia da Universidade Rural do Semi-Árido

2 Orientador Prof. D.r da Universidade Rural do Semi-Árido

RESUMO

O descaso com o destino dos resíduos sólidos, em específico da produção de polpa de frutas, resulta em problemas relacionados com a alta concentração de matéria orgânica em regiões inapropriadas para o descarte e, consecutivamente, aumenta a probabilidade de aparecimento de vetores. O presente trabalho teve como objetivo propor alternativas para a gestão de resíduos orgânicos resultante da produção de polpa de frutas da empresa Agro-Frutas. A atividade em questão desenvolveu um projeto de uma usina de compostagem, levando em consideração as características quantitativas e qualitativas do resíduo, além de utilizar o método de Windrow.

Essa medida teve como resultado um melhor aproveitamento da área na qual era descartado o material, devido estar disponível para uso, e proporcionar possíveis ganhos financeiros, com a produção de um adubo orgânico. Por fim, observou-se que as medidas adotadas pelo projeto contribuem positivamente, tanto para com o meio ambiente, devido auxiliar no ciclo da matéria, quanto financeiramente pela produção do adubo.

Palavras-chaves: Resíduos sólidos. Compostagem. Agro-Frutas.

INTRODUÇÃO

A necessidade de buscar novas tecnologias de reuso de alimentos surge a partir de uma grande problemática mundial, o desperdício. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 2017, sabe-se que no mundo 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos a cada ano, o que corresponde a cerca de 30% da produção total mundial. As perdas também são no âmbito econômico, com 750 bilhões de dólares por ano.

Há também o grande impacto ambiental decorrente da produção anual de resíduos.

Juntando todos os restos de alimentos desperdiçados em um país, este seria o 3º maior emissor de gases do efeito estufa, com 3,3 bilhões de toneladas de gases, depois de China e EUA. No Brasil são 26,3 milhões de toneladas de comida jogadas fora ano a ano, 10% do total. Esses dados são reflexos da falta de gerenciamento tanto no Brasil quanto no mundo.

Adentrando no campo industrial, tem-se a agroindústria como uma geradora de resíduos industriais que impactam diretamente na qualidade do solo (FIORI; SCHOENHALS;

FOLLADOR, 2008). Esta apresenta-se como um grupo de atividades que tem como objetivo o tratamento da matéria prima, com o intuito de facilitar e diversificar o uso desse elemento de

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origem agropecuária. Para Schneider et al. (2012, p. 07) “com a modernização da agricultura, a produção de alimentos ampliou-se, e os sistemas agrícolas ficaram mais intensivos. Desta forma, surgiu um novo segmento industrial através do processamento da produção primária de alimentos, a chamada agroindústria.”

Batalha (1992, p. 322) caracteriza a agroindústria como “um conjunto de seis grupos de atores econômicos diferentes: agricultura e pesca, indústrias agroalimentares, distribuição agrícola e alimentar, consumidor final, comércio internacional e indústria e serviços de apoio.” A Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (ABIA, 1993 apud ARAÚJO, 2007, p. 21,22) diferencia a agroindústria em “Sistema Agroalimentar” e

"Sistema Agroindustrial Não Alimentar”. O primeiro, "é o conjunto das atividades que concorrem à formação e à distribuição dos produtos alimentares e, em consequência, o cumprimento da função de alimentação.” (ABIA, 1993 apud ARAÚJO, 2007, p. 21). Como exemplo pode-se citar hortaliças, grãos, legumes e vegetais, carnes e pescados, polpas, lácteos, extratos etc. O segundo, "é o conjunto das atividades que concorrem à obtenção de produtos oriundos da agropecuária, florestas e pesca, não destinadas à alimentação, mas aos sistemas energético, madeireiro, couro e calçados, papel, papelão e têxtil". (ABIA, 1993 apud ARAÚJO, 2007, p. 22).

A formação de resíduos orgânicos é uma consequência dessa produção. A título de exemplo, segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, a geração de resíduos proveniente da atividade agroindústria apresenta uma estimativa de 290.838.411 toneladas, para o ano de 2009.

Na qual, afere que 69% são resultados do bagaço e da torta de filtro da cana de açúcar. Fiori, Schoenhals e Follador (2008, p. 179), comumente, resíduos orgânicos podem ser utilizados como insumos agrícolas em regiões próximas a sua produção, sendo um condicionador de baixo custo e de boa qualidade.

Os empreendimentos públicos e privados que utilizam da matéria orgânica devem-se atentar as legislações especificas quanto ao reuso desse material. O Brasil possui uma legislação ampla que visa atender as especificidades de cada contexto, a citar a Lei n° 12.305, 02 de agosto de 2010. Torna o produtor do resíduo responsável por seu devido tratamento. Evidente que não basta apenas os instrumentos jurídicos, mas é necessário a fiscalização e mecanismos de punição e sanções mediante o descumprimento dessas exigências.

Para tanto, a compostagem surge como uma medida de reaproveitamento desses resíduos, como afirma Fernandes et al. (1993 apud FIORI; SCHOENHALS; FOLLADOR, 2008, p. 179) “ a compostagem é uma alternativa privilegiada de tratamento, permitindo o coprocessamento de vários resíduos, resultando em um produto higienizado e de boas características agronômicas”. De acordo com Pereira Neto (2007), o processo de compostagem divide-se nas etapas de preparação, degradação ativa, resfriamento, maturação e refinamento.

Levando-se em consideração a necessidade de atendimento à legislação e de proceder com a gestão dos resíduos orgânicos, objetivou-se realizar a caracterização qualitativa e quantitativa dos resíduos orgânicos da empresa Agro-Frutas, na zona rural de Assú/RN, comunidade do Mendubim II e propor um projeto para a gestão dos resíduos orgânicos por meio da compostagem.

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A Legislação brasileira e a gestão de resíduos.

Atualmente o Brasil dispõe de uma série de leis, decretos e resoluções1 a respeito dos resíduos orgânicos. As principais referências legais nacionais atualmente em vigor aplicáveis à reciclagem de resíduos orgânicos estão listadas abaixo:

Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305, de 2010). Este é sem dúvidas o principal dispositivo frente a temática ambiental. Segundo Godoy (2013, p. 6), a PNRS é uma ferramenta que:

objetiva disciplinar, no seu conjunto, a questão dos resíduos sólidos. Ela estrutura todo um conjunto de andaimes sobre o qual se deve apoiar a reconstrução de todo o que diz respeito ao setor, até agora, matérias muito disseminadas na multiplicidade de entes oficiais. A PNRS está alicerçada numa filosofia norteadora prática e coerente, a qual deverá dar as bases para o planejamento e gestão setorial que compreende, como razão de ser, a proteção do meio ambiente e seus recursos e à das comunidades, tudo dentro de um marco geossistêmico e integrado. (GODOY, 2013, p. 6).

O art. 15 afirma que “União elaborará, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, a ser atualizado a cada 4 (quatro) anos [...]”. (BRASIL, art. 15, 2010).

No art. 9 da Lei, declara que “na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”.

(BRASIL, art. 9, 2010).

O Plano em seu escopo trará os princípios e objetivos, os instrumentos a serem utilizados, atuação em nível nacional, estadual e municipal, a responsabilidade do gerador e Poder Público, política de financiamento e as proibições ao destino dos resíduos. No título IV – Disposições Transitórias e Finais faz-se algumas observações acerca do Plano e especifica as sanções e atitudes passíveis de punições.

Sem prejuízo da obrigação de, independentemente da existência de culpa, reparar os danos causados, a ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importe inobservância aos preceitos desta Lei ou de seu regulamento sujeita os infratores às sanções previstas em lei, em especial às fixadas na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que “dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências”, e em seu regulamento.(BRASIL, art. 51, 2010).

A Associação Brasileira de Notas Técnicas (ABNT) dispõe de inúmeros dispositivos de regulamentação dos resíduos sólidos, a citar três Notas Técnicas. A NBR 10.004:1987 de 30 de agosto 1987 e substituída pela NBR 10.004:2004 em 31 de maio de 2004 com vigência a partir de 11 de novembro de 2004, a NBR 11.174 de 30 julho de 1990, válida a partir de 30 de agosto de 1990, e a 13.591:1996 de 30 de março de 1996 e com vigência a partir de 29 de abril de 1996.

A primeira “classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente.” (ABNT, p. 1,

1 O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) possui também uma série de Instruções Normativas, Lei e Decreto que visam tratar sobre fertilizantes, inoculantes e corretivos. Para maiores informações consultar o site: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos- agricolas/fertilizantes/legislacoes.

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2004). A segunda “fixa as condições exigíveis para obtenção das condições mínimas necessárias ao armazenamento de resíduos classes II-não inertes e III-inertes, de forma a proteger a saúde pública e o meio ambiente.” (ABNT, p. 1, 1990). E a terceira “define os termos empregados exclusivamente em relação à compostagem de resíduos sólidos domiciliares”.

(ABNT, p. 1, 1996).

A Comissão Nacional do Meio Ambiente (Brasil) possui três Resoluções que contemplam o assunto. Resolução Conama n° 313, de 29 de outubro de 2002, Resolução Conama nº 375, de 29 de agosto de 2006 e a Resolução Conama n° 481, de 03 de outubro de 2017. A primeira dispõe do Inventario Nacional de Resíduos Sólidos Industriais, nela afirma que ele “é o conjunto de informações sobre a geração, características, armazenamento, transporte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias do país. (BRASIL, art. 2, II, 2002). Em seu art. 8 a Resolução afirma:

As indústrias, a partir de sessenta dias da data de publicação desta Resolução, deverão registrar mensalmente e manter na unidade industrial os dados de geração e destinação dos resíduos gerados para efeito de obtenção dos dados para o Inventário Nacional dos Resíduos Industriais. (BRASIL, art. 8, 2002).

A segunda Resolução “estabelece critérios e procedimentos para o uso, em áreas agrícolas, de lodo de esgoto gerado em estação de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, visando benefícios à agricultura e evitando riscos à saúde pública e ao ambiente.”

(BRASIL, art. 1, 2006). Ela afirma as especificidades que o lodo deverá ter para atender a esse uso mediante a sua origem, selecionando aqueles que podem ou não ser utilizados. Nos anexos da Resolução estão listados os critérios, parâmetros e procedimentos a serem adotados.

A terceira Resolução “estabelece critérios e procedimentos para garantir o controle e a qualidade ambiental do processo de compostagem de resíduos orgânicos, visando à proteção do meio ambiente e buscando reestabelecer o ciclo natural da matéria orgânica e seu papel natural de fertilizar os solos.” (BRASIL, art. 1, 2017). Ela define os tipos de resíduos e as variáveis relacionadas ao processo de compostagem, bem como o controle e os padrões a serem seguidos. No art. 7 “o composto, para ser produzido, comercializado e utilizado no solo como insumo agrícola deverá, além de atender o previsto nesta Resolução, o que estabelece a legislação pertinente”. (BRASIL, art. 7, 2017).

Compostagem: definição, classificação, materiais e tratamentos

Segundo Valen te et al. (2009) a compostagem é um processo de decomposição controlada em adequações de altas temperaturas, devido a atuação de micro organismos de produção calorifica, obtendo um composto estável, sanitizado, que em seu uso não apresenta risco ao meio ambiente. Já Rodrigues et al (2015) a compostagem é definida como uma técnica que permite a reutilização da matéria orgânica domiciliar, agropecuários e agroindústrias no solo, minimizando a contaminação do meio ambiente.

O método de Windrow foi proposto Pereira Neto2 (2007). Seu método é o mais difundido e de mais renome entre os métodos existentes no Brasil. Ele propõe uma metodologia simplificada que atinja as necessidades de pequenas e largas escalas. O autor afirma que é um processo simples e de baixo custo, podendo ser desenvolvido em áreas como pátios, onde é montado pilhas de formato cônico, ou leiras prismáticas de base, aproximadamente, triangular.

2 João Tinoco Pereira Neto é engenheiro civil (1977) pela Escola de Engenharia do Maranhão (1979) mestre em

Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Federal da Paraíba e doutor (1987) em Engenharia, Sanitária e Ambiental pela University of Leeds, Inglaterra. É professor titular da Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde leciona disciplinas da área de Engenharia Sanitária e Ambiental.

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A primeira apresenta pouca quantidade de composto, enquanto a segunda é para quantidade maiores de composto.

O Ministério do Meio Ambiente classifica em três tipos de compostagem, a natural, aeração forçada e reator biológico. Peixe e Hack (2014, p. 6) descrevem o primeiro tipo como o próprio método de Windrow, e segue as suas especificações. Já o segundo método, aeração forçada, o material orgânico é disposto sob tubos perfurados por onde circula ar forçadamente, através de bombeamento mecânico. Neste método não há revira. Outra denominação para este método é leiras estáticas aeradas (Static pile). (PEIXE; HACK, 2014, p. 6). Ao afirmarem sobre o terceiro método, por reator biológico, caracterizam esta como um método do qual os resíduos são dispostos em um sistema de fechado onde há um controle maior dos parâmetros, sem interferência externa. (PEIXE; HACK, 2014, p. 6).

O Programa Água Brasil3, do Banco do Brasil, no guia publicado em 2015 define a compostagem e a classifica quanto aos seguintes tipos: quanto ao porte (grande/industrial ou pequena escala), quanto ao sistema (aberto ou fechado). Quanto a pequena escala, subdivide- se em comunitária e domiciliar. O sistema aberto é formado por pilhas, leiras a céu aberto, já o sistema fechado é um sistema mecânico, no qual os resíduos estão dispostos em uma estufa.

Em relação a compostagem comunitária é caracterizada por ser realizada em áreas coletivas, por exemplo, praças, centros esportivos, escolas, condomínios e jardins. A compostagem doméstica tem como característica ser desenvolvido no âmbito familiar e produzido em jardins, terraços e hortas. Esse método contribui com o ciclo da matéria, pois permite que ela volte para terra, na forma de nutrientes para o solo. (Água Brasil, 2015, p. 40- 41).

Quanto a classificação da oxigenação, a compostagem se divide em aeróbico e anaeróbico. Pereira e Gonçalves (2012, p. 14) afirmam:

Processo Anaeróbio, onde uma decomposição é realizada por microrganismos que podem viver em ambientes sem a presença de oxigênio; ocorre em baixa temperatura, com exalação de odores fortes, e leva mais tempo até que a matéria orgânica se estabilize. Processo aeróbio, processo mais adequado ao tratamento de lixo domiciliar, a decomposição é realizada por microrganismos que só vivem na presença de oxigênio. (PEREIRA; GONÇALVES, 2012, p. 14).

O processo de compostagem aeróbico é divido em dois métodos, que são eles, de revolvimento e de aeração. Diferenciando-se pela forma como resíduo é oxigenado. De acordo com Teixeira et al. (2004) a matéria orgânica é modificada no processo aeróbico com a entrada de oxigênio nas leiras, por meio do revolvimento periódico das massas de compostagem. Em grandes usinas se utiliza uma bomba de ventilação para a oxigenação, classificando uma leira estática aerada. Para esse processo é necessário que o material esteja homogêneo e com granulometria que permita a aeração em baixa pressão.

Os materiais usados na compostagem estão atrelados a composição química de carbono e nitrogénio, bem como as diferentes propriedades desses resíduos. Oliveira, Moreira Filho e Cajazeira (2004, p. 12) confirmam que qualquer resíduo seja agrícola ou pecuário que esteja poluindo o meio ambiente pode ser utilizado na produção de composto. Observa-se que os mais comuns e utilizados são restos de culturas, palha e cascas.

3 O programa Água Brasil é uma iniciativa do Banco do Brasil que visa desenvolver e disseminar novas tecnologias que permitam estimular formas de produção mais sustentáveis no campo, e contribuir para mudança de comportamentos e valores em relação do consumo responsável e tratamentos de resíduos sólidos nas cidades, visando a conservação dos recursos hídricos. Para saber mais sobre o Água Brasil, acesse:

www.bb.com.br/aguabrasil.

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Retomando ao método de Pereira Neto, ele define composto orgânico o resultado da compostagem, isto é, degradação, por meio de um processo aeróbico controlado, resultado na humificação dos resíduos orgânicos. (PEREIRA NETO, 2007 p. 17).

O autor elenca os principais fatores que influenciam o processo da compostagem, sendo a umidade, oxigenação, temperatura, concentração de nutrientes, tamanho das partículas e pH. O índice médio satisfatório da umidade é de 55%, em relação a temperatura, mediante as fases do processo, deverá ser: 1ª fase – aquecimento (12h a 24 h) – temperatura termofílica (45º

~ 65º). 2ª fase – degradação ativa ( média 80 dias) – temperatura termofílica (45º ~ 65º). 3ª fase – resfriamento, temperatura <45º. 4ª fase – maturação (30 a 50 dias) – temperatura mesofilica (30º a 45º). (PEREIRA NETO, 2007)

No que se refere a oxigenação, ele coloca que esse processo deve ocorrer, em média, duas vezes por semana. Em formas simples de compostagem, a aeração é definida de acordo com as particularidades da matéria-prima, por meio de ciclos de reviramento, essa atividade pode ser desenvolvida desde com uma pá até um trator, dependendo da quantidade de resíduo.

Quanto a relação carbono/nitrogênio, Pereira Neto (2007, p. 24) afirma que esta para alta eficiência da microbiologia da compostagem deve obedecer o padrão de 30 a 40:1.

A fonte desses elementos é encontrada em vegetais secos, para o carbono, e legumes frescos e resíduos fecais para nitrogênio. (PEREIRA NETO, 2007, p. 24). Para o tamanho das partículas, ele diz que devem ter de 0,01 m a 0,05 m. Já o pH, em suas pesquisas e de acordo com a sua experiência cobre a faixa de 4,5 a 9,5, e que os valores extremos são regulados automaticamente pelos microrganismos presentes no processo. O pH do produto final, o adubo, deve ser sempre superior a 7,8. (PEREIRA NETO, 2007, p. 28).

Elenca-se agora as etapas de produção do adubo, de acordo com Pereira Neto (2007).

1º Preparar a matéria-prima: eliminar materiais que possam comprometer a qualidade do composto final, tais como pedras, vidros, metais etc. O material a ser compostado deve ter uma proporção, em peso, de 70% de material palhoso (capins, bagaço de cana etc.) para 30%

de esterco, lodo de esgotos ou lixo orgânico domiciliar. (PEREIRA NETO, 2007, p. 33,34).

2º Montagem: O material poderá ser disposto nos formatos de pilhas ou leiras de acordo com quantidade a ser compostada. Para as pilhas a quantidade é a partir de 500 kg, sua base deve ser triangular, com tamanho de 1,5m a 3,0m e altura de 1,6m. Para as leiras o formato da base é retangular e suas dimensões variam de acordo com a quantidade de material a ser compostado, nesse caso uma grande quantidade, superior as das pilhas. (PEREIRA NETO, 2007, p. 35).

3º Ciclos. A partir da montagem do material, seja em pilhas ou leiras, deve-se atentar aos fatores já aqui citados. Um bom produto final requer atenção diária, manuseio da forma correta e atendimento aos parâmetros já estabelecidos. O controle de umidade, temperatura, pH e oxigenação permitirá que o composto atinja um alto nível de rendimento e aproveitamento. O reviramento das pilhas deve ser feito a cada três dias, permitindo a aeração do material e a estabilização da temperatura. A partir do 60º e 72º dias até o 110º e 120º dias não há necessidade do reviramento, pois é o período de maturação. (PEREIRA NETO, 2007, p. 36).

4ª Produção do adubo. O adubo estará pronto ao término do período da maturação.

Para saber qual é esse momento é feito algumas análises dos sólidos voláteis, relação carbono/nitrogênio, e testes de germinação de sementes utilizando o adubo como substrato.

Pós-analises o adubo deverá ser peneirado, e todos os rejeitos confinados em aterros.

(PEREIRA NETO, 2007, p. 47).

Pereira Neto (2007, p. 47) ressalta do cuidado que se deve ter para com o material:

Durante o período de compostagem, as leiras devem ser criteriosamente observadas quanto às mudanças na estrutura do material, bem como à possível emissão de odor, atração de vetores, presença de lixiviados, dentre outros parâmetros, para sua imediata

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correção. Em um sistema de compostagem bem-operado, todos esses inconvenientes são controlados em níveis satisfatórios. (PEREIRA NETO, 2007, p. 47).

Vantagens e limitações do processo de compostagem

A realização da compostagem contribui positivamente de diversos modos tanto com o meio ambiente, como também, financeiramente com o responsável da produção de certo composto. Consoante Pereira e Gonçalves (2011) a compostagem apresenta como vantagem a redução da metade do material destinado ao aterro, aproveitamento agrícola composto orgânico, processo ambiental seguro e economia no tratamento de efluentes.

Sartori et al. ([ca.2016]) elenca outras vantagens da compostagem, são elas redução da erosão do solo, aumento da capacidade de infiltração, redução de doenças das plantas com o aumento de insetos e microrganismos desejados que estabelece o equilíbrio entre a planta e solo, processo ambientalmente seguro, depois de compostado os dejetos animais não geram mais odores.

Mesmo não muito comuns a compostagem apresenta limitações, os autores Oliveira e Higarashi (2016) mostram que é necessário previsão de substrato para utilizar na compostagem;

custo com substrato; necessidade de monitoramento constante; criação de um lugar especial para compostagem, necessidade de mão de obra manual.

Fernandes e Silva (1999) diferencia as desvantagens quanto ao tipo da leira(pilha), para as estáticas aeradas eles colocam: controle do aerador; necessidade de um bom dimensionamento; influência do clima. Para as resolvidas eles afirmam: ser necessário uma área maiores; problemas comuns com odores; dependente do clima; mais cuidado no monitoramento da aeração. Por fim, aquelas dispostas em reatores, eles põem: investimento maior; necessidade de sistemas mecânicos especializados, encarecendo sua utilização.

Experiências do uso da compostagem no Brasil

Observa-se, por meio de projetos diversos, que a utilização da compostagem orgânica apresenta um rendimento considerável, quando comparado a outros métodos de adubação.

Paralelo a isso, nota-se a aplicação da compostagem em diferentes casos, a título de exemplo Pohlmann et al. (2009, p. 314), realizaram experimentos e compararam a produção de espigas de milho com adubo químico e orgânico, de modo a afirmar que mesmo quantidades maiores de adubo químico não apresentou um aumento considerável comparado à adubação orgânica, confirmando a usabilidade do composto, tanto no quesito qualidade como custo.

Vale destacar a atividade agrícola realizada por grupos e cooperativas encontradas no estado do Rio Grande do Norte, na qual fazem a utilização da compostagem como alternativa de fertilizantes orgânicos, minimizando a necessidade da utilização de adubos químicos. À vista disso, Diniz Filho et al. (2007, p. 31) relata a utilização desse método por grupo formado por seis mulheres do Projeto de Assentamento Mulunguzinho, Mossoró/RN, essa equipe existe há mais de 6 anos e comercializam hortaliças orgânicas no espaço Xique-Xique, um total de 28 cestas de hortaliças. A principal fonte de adubo utilizado por esse grupo provém da atividade de compostagem, derivado de restos de vegetais, milho, sorgo, jitirana e esterco caprino e bovino. Além desse grupo é destacado outros que realizam essa atividade de compostagem, que, nesse caso, é a horta da comunidade rural de Reforma Apodi/RN do projeto juventude rural. Relata a existência de outros grupos no município de Apodi e na região Oeste Potiguar, que utilizam o compostagem como uma das principais práticas de manejo do solo, observando- se maior resposta da cultura em produção, fertilidade do solo e porosidade, contribuindo na qualidade biológica da terra.

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METODOLOGIA

O trabalho constitui-se de uma revisão de literatura, fazendo um apanhado sobre os principais conceitos inerentes a temática compostagem como definição, métodos, aplicabilidade, conceitos referentes aos resíduos, classificação etc, bem como o estudo de caso.

As delineações desse estudo são abordadas a seguir:

Caracterização da empresa e gestão atual de resíduos

A empresa Agro-Frutas está localizada na comunidade de Mendubim II. Seguindo a definição do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) a empresa Agro-Frutas se classifica como microempresa. Ela dispõe de dois funcionários, e uma renda bruta anual estimada em R$100.000,00.

A comunidade do Mendubim é dividida em duas localidades, Mendubim I e Mendubim II. Esta última está distante cerca de 9km do município de Assú, que por sua vez está distante 220km da capital. A comunidade dispõe de uma escola municipal, uma quadra de esportes. A principal atividade está relacionada a agricultura e pesca, com um açude (Figura 1) de mesmo nome. De acordo com o DNOCS, a bacia hidrográfica abrange uma área de 1.062,5 km2 e o lago formado cobre uma superfície de 970 ha, acumulando um volume de 76.349.462 ml, oferecendo um potencial hídrico para irrigar 1.642 ha. A vazão regularizada é de 4,22 m3/s.

(Figura 1).

Figura 1 – Vista aérea da localização da empresa Agro-Frutas

Fonte: Google Maps (2020).

A empresa possui sua planta baixa construída nos moldes definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na obra de Matta et al. (2005). Observa-se uma sequência nos cômodos de acordo com a ordem das etapas de produção. A Figura 2 retrata a planta baixa da empresa Agro-Frutas. (Anexo 1)

No que se refere a atual política de gestão de resíduos orgânicos, a empresa ainda não possui. Os resíduos gerados a partir do processo de fabricação das polpas e são lançados diretamente nas plantas do local, sem tratamento prévio. Outra parte é destinada a alimentação de suínos de terceiros. (Figura 2).

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Fonte: Autoria própria (2019).

Processo de fabricação de polpa

O fluxograma abaixo mostra as etapas da produção de polpa de frutas da empresa Agro-Frutas.

Fluxograma 1 – Etapas da produção de polpas

Fonte: Autoria Própria (2020).

Figura 2 – Pilha de resíduos gerados a partir da produção

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A produção de polpas de frutas é um método da extração e separação dos produtos sólidos e líquidos. Ela tem como finalidade facilitar a preparação de sucos, devido não ser necessário a peneiração. Nesse viés, a empresa Agro-Frutas, utiliza-se de um processo dividido em quatro fases, que são elas: recepção, seleção/lavagem, processamento, envasilhar e congelamento.

A primeira etapa é a recepção das frutas, eles são coletadas e postas em caixas.

A segunda etapa na produção da polpa tem a função de selecionar as frutas adequadas e, consecutivamente, realizar a lavagem, de forma a estar apropriada para o consumo, sem riscos de contaminação. Isso, por sua vez, é realizado por intermédio de caixas d’água e o auxílio das mãos para seleção.

A terceira fase permite separar a fibra da fruta, de modo a ter a polpa pronta para a etapa seguinte. Nessa perspectiva, esse processo ocorre com a utilização de uma despolpadeira, na qual separa os dois produtos, polpa e bagaço. Entretanto, os restos das frutas apresentam um descarte -utilizado como adubo nas plantas, mas sem preparo- que não aproveita o potencial total que ele tem.

A quarta etapa tem como finalidade envasilhar o produto da segunda fase -polpa- em embalagens adequadas. Isso é feito por meio de um dosador, que após atingir o peso desejado a polpa de fruta é selada e direcionada para próxima fase.

A quinta e última etapa é responsável por congelar e armazenar o produto. Para tanto, o a polpa é destinada a uma sala refrigerada, câmera-fria, na qual irá congelar e passa um tempo máximo de armazenamento de um ano.

RESULTADOS E DISCUSSÕES Produção de polpa

Os dados apresentados nos gráficos a seguir retratam a produção de polpas de frutas na empresa Agro-Frutas, consecutivamente seus resíduos. Os dados são relativos aos anos de 2017, 2018 e 2019. As polpas escolhidas para essa investigação são: abacaxi, acerola, caju, goiaba, manga, tamarindo e umbu, uma vez que são as que mais geram resíduos. O Gráfico 1 mostra a produção total das polpas ao longo dos três últimos anos.

Fonte: Autoria própria (2020).

Gráfico 1 – Produção anual de polpas de frutas na empresa Agro-Frutas

58209

74188

66673

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000

Título do Eixo

Anos analisados

2017 2018 2019

(11)

O Gráfico 2 reflete a produção por tipo de fruta a cada ano. A acerola manteve-se estável e em posição de destaque, seguida pela goiaba. Essa decorrência é resultado das características típicas desses frutos que se adequam ao clima, temperatura e ambiente, sendo as principais frutas da região Nordeste. A constância também incide nas outras frutas quando comparada nesse período, a empresa manteve a hierarquia de produção.

Gráfico 2 – Produção anual por tipo de fruta em 2017, 2018 e 2019

Fonte: Autoria própria (2020).

Produção de resíduo

O Gráfico 3 demostra a quantidade de resíduos gerados por ano de acordo com o tipo de frutas. A Tabela 2 apresenta os dados dos resíduos gerados mensalmente no ano de 2019. Os dados dos anos anteriores foram perdidos em processos de reformas da empresa.

17676

21269

22805

13255

19594

18882

12451 12533

9119 7047

8224 7578

5496

9399

5112

8461438 13131856 14011776

0 5000 10000 15000 20000 25000

2017 2018 2019

Quantidade prouzida (Kg)

Acerola Goiaba Umbu Abacaxi Caju Manga Tamarindo

(12)

Gráfico 3 – Resíduos produzidos por tipo de fruta em 2017

Fonte: Autoria própria (2020).

Tabela 2 – Resíduos produzidos por mês no ano de 2019

Abacaxi Acerola Caju Goiaba Manga Tamarindo Umbu

Janeiro 0 560,67 30 138 0 868 1179,44

Fevereiro 663,72 566,33 45,71 31,11 0 0 2797,66

Março 263,45 589,66 0 196,88 0 0 0

Abril 400,09 902,33 0 104,88 0 0 1135,44

Maio 729,81 606,66 0 356,77 0 0 757,77

Junho 1174,90 461,33 33,09 0 0 0 480,33

Julho 333 351 110,66 339,77 0 0 0

Agosto 430,36 432 125,90 142,88 0 869 0

Setembro 789,54 384,33 150,85 169,22 0 0 748

Outubro 1256,72 859 316,19 235,66 308,78 0 480,33

Novembro 0 1444 12 143,66 968,68 438,66 421

Dezembro 0 436,33 35,61 124,55 44,72 1968,33 3144,77

Total 6041,59 7593,64 860,01 1983,38 1322,18 4143,99 11144,74 Fonte: Autoria própria (2020).

Os dados da tabela acima evidenciam a sazonalidade pela qual as frutas passam, demostrando as especificidades delas e seus períodos de safra. Os resíduos gerados a partir dessas produções para a compostagem permitirá um maior aproveitamento de todas as partes da fruta e ainda permitindo o reaproveitamento. O adubo produzido a partir da coleta desses resíduos será implementado nas próprias culturas existentes na empresa. Ele será tecnicamente

5892

7090 7593,64

1472 2177 1983,38

15218 15318

11144,74

5765

6729 6041,59

1046 1790

860,01

665 1032 1322,18

3355

4331 4143,99

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

Quantidade produzida (Kg)

Acerola Goiaba Umbu Abacaxi Caju Manga Tamarindo

(13)

tratado atendendo as especificidades de cada plantio. Caso a produção do adubo exceda a necessidade da empresa, ele será usado para fins comerciais.

Projeto de compostagem

O procedimento abaixo foi idealizado para aplicação do projeto de compostagem dos resíduos da empresa Agro-Frutas. A técnica utilizada é baseada no protocolo de Windrow proposto por Pereira Neto (2007). O método utiliza-se de pilhas onde são dispostos os resíduos orgânicos, no caso estudado as pilhas serão agrupadas de acordo com o tipo de resíduo produzido, no caso as polpas, sendo elas de abacaxi, acerola, caju, goiaba, manga, umbu e tamarindo. As pilhas ficarão sobre lonas plásticas para evitar o contato com o solo e secadas ao Sol. Passado o tempo de secagem, os resíduos serão analisados físico-quimicamente. Mediante as análises será verificado a necessidade de adição de algum composto para melhorar o aproveitamento do adubo.

A Embrapa utiliza o protocolo aperfeiçoado de Windrow e as etapas descritas abaixo foram retiradas da cartilha produzida pelo órgão em 2019e adaptada para esse projeto:

a) O local selecionado para implantação da usina de compostagem é o terreno pertencente ao proprietário da agroindústria Agro-Frutas, ficando a uma distância média da empresa de 30m, essa localidade apresenta fácil acesso a água e bem arejado. (Anexo 4).

b) Os resíduos orgânicos disponíveis na propriedade (esterco, resíduos de polpas, palha de carnaúba, resto das podas etc.), este material é coletado e, posteriormente, feito a secagem com exposição ao sol. Esse matéria será destinado para usina de compostagem -que apresenta dimensões de 15mx12,54m- localizado no espaço mencionado anteriormente, por meio de baldes. Ademais, todas as etapas da compostagem serão realizadas nesse local.

(Anexo 2 e 3);

c) O material destinado para usina de compostagem é checado se estar no tamanho de 1 cm a 4 cm, caso não esteja é realizado o processo de trituramento. Devido o resíduo ser resultado do processamento de uma despolpadeira ele, normalmente, sai no tamanho padrão, do mesmo modo da palha de carnaúba, que é descartada na forma triturada, para ser usada na compostagem. Entretanto, as cascas do abacaxi e da manga passam por uma trituração.

d) As pilhas serão de formato retangular com as seguintes dimensões: largura 0,54m x comprimento 1,39 e altura 0,53m dispostos em 4 camadas de resíduos (0,30 m) com 3 camadas de esterco (0,23m) sendo produzidas 2 vezes por semana. Por sua vez, essas serão instaladas na área de 132,38m2 da usina de compostagem.

e) a implantação das pilhas de composto, por camadas, sempre iniciando e finalizando com material fibroso. Cada camada deve receber 60%–70% de material rico em carbono (fibroso) e 30%–40% de material rico em nitrogênio (esterco). Para controlar a proporção entre material rico em carbono e material rico em nitrogênio, recomenda-se usar balde, pá ou carrinho de mão, para medir as quantidades;

(14)

f) monitorar a temperatura da pilha, utilizando um termômetro de infravermelho.

Quando a temperatura estiver acima de 60 ºC é indicativo do momento de se fazer o revolvimento da pilha, por meio de métodos mecânicos utilizando pás;

g) revolvimento das pilhas será em um espaço de 0,5m para cada lado dela, semanalmente, no primeiro mês, e duas vezes por mês, do segundo ao quarto mês, quando o composto estará maturado observando a necessidade da água e utilizando o chorume produzido para molhar as pilhas;

h) peneirar o composto orgânico, separando os fragmentos de resíduos pouco compostados. O rendimento observado fica entre 30% e 60%. O composto orgânico pronto geralmente apresenta umidade de 40% e densidade de 0,4 kg por litro. Essa atividade será realizada em um local específico encontrada na usina de compostagem.

Os resíduos selecionados são resultado da fabricação de polpa de frutas, dentre eles têm-se os restos de casca, a semente e parte da fibra do fruto. Dependendo de qual fruta seja os detritos têm características específica, devido a variação da presença de nutrientes. Além disso, acrescentasse a utilização de estercos de animais bovinos e palha resultado do corte de carnaúba.

É valido ressaltar característica de um dos materiais utilizado que, nesse caso, foi o abacaxi e o esterco. De acordo com Kiehl (1981 e 1985 apud OLIVEIRA; SARTORI;

GARCEZ, 2008, p. 3) abacaxi apresenta concentração de matéria orgânica de 714,1 g/kg, de carbono(C) 396,0 g/kg, de nitrogênio(N) 9 g/kg, de óxido de potássio(K2O) 4,6 g/kg e relação de carbono e nitrogênio de 44/1. E o esterco bovino matéria orgânica 621,1 g/kg, de carbono 345,6 g/kg, de nitrogênio 19,2 g/kg, de pentóxido de fósforo (P2O5) 10,1 g/kg, de óxido de potássio 16,2 g/kg.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto foi desenvolvido com o intuito de corroborar no destino final dos resíduos resultantes da produção agroindustrial de pequeno porte, que, nesse caso, seria apropriada para a empresa que possui uma produção anual em média de 33 toneladas de resíduos. Essa medida utiliza o método de compostagem que é uma alternativa de baixo custo que reutiliza os resíduos finais na forma de adubo orgânico.

À vista disso, comprovou que a aplicação dessas medidas atuou de forma a contribuir com a conservação do meio ambiente. Isso, por sua vez, é decorrente do tratamento e a reutilização dos detritos proveniente da produção de polpa de frutas, que evitou o acúmulo de matéria orgânica em locais inapropriados. Ademais, contribuiu com o desaparecimento de pragas, por exemplo, roedores e insetos.

Essas medidas trouxeram benefícios econômicos, também. Porque a utilização de métodos de compostagem possibilitou a criação do próprio adubo, evitando a necessidade de adquirir no mercado. Além disso, utilizou uma suplementação do solo natural, que corrobora com a conservação do meio ambiente, devido ao não uso de agrotóxicos. Posto isso, a empresa Agro-Frutas foi beneficiada com medidas de conservação de meio ambiente e reutilização eficiente da matéria orgânica.

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ANEXOS

(19)

Anexo 1 – Planta baixa da empresa Agro-Frutas

Fonte: Adaptado

(20)

Anexo 2 – Planta baixa do projeto de compostagem

Fonte: Autoria Própria

(21)

Anexo 3 – Planta baixa da empresa Agro-Frutas

Fonte: Autoria Própria

(22)

Anexo 4 – Planta de situação da empresa Agro-Frutas

Fonte: Adaptado

(23)

Referências

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