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Livro Eletrônico Aula 00 Direito Processual Penal p/ PC-SE (Delegado) - Pré-Edital

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Aula 00

Direito Processual Penal p/ PC-SE (Delegado) - Pré-Edital

Professor: Renan Araujo

(2)

A ULA DEMO: I NQUƒRITO P OLICIAL .

SUMçRIO

1 INQUƒRITO POLICIAL ... 6

1.1 Natureza e caracter’sticas ... 6

1.2 In’cio do IP (instaura•‹o do IP) ... 9

1.2.1 Formas de instaura•‹o do IP nos crimes de a•‹o penal pœblica incondicionada ... 9

1.2.1.1 De of’cio ... 9

1.2.1.2 Requisi•‹o do Juiz ou do MP ... 10

1.2.1.3 Requerimento da v’tima ou de seu representante legal ... 11

1.2.1.4 Auto de Pris‹o em Flagrante ... 12

1.2.2 Formas de instaura•‹o do IP nos crimes de A•‹o Penal Pœblica Condicionada ˆ Representa•‹o ... 12

1.2.2.1 Representa•‹o do Ofendido ou de seu representante legal ... 12

1.2.2.2 Requisi•‹o de autoridade Judici‡ria ou do MP ... 13

1.2.2.3 Auto de Pris‹o em Flagrante ... 13

1.2.2.4 Requisi•‹o do Ministro da Justi•a ... 13

1.2.3 Formas de Instaura•‹o do IP nos crimes de A•‹o Penal Privada ... 13

1.2.3.1 Requerimento da v’tima ou de quem legalmente a represente ... 14

1.2.3.2 Requisi•‹o do Juiz ou do MP ... 14

1.2.3.3 Auto de Pris‹o em Flagrante ... 14

1.2.4 Fluxograma ... 14

1.3 Tramita•‹o do IP ... 15

1.3.1 Dilig•ncias Investigat—rias ... 15

1.3.1.1 Requerimento de dilig•ncias pelo indiciado e pelo ofendido ... 18

1.3.1.2 Identifica•‹o criminal ... 18

1.3.1.3 Nomea•‹o de curador ao indiciado ... 20

1.4 Forma de tramita•‹o ... 20

1.4.1 Incomunicabilidade do preso ... 23

1.4.2 Indiciamento ... 23

1.5 Conclus‹o do inquŽrito policial ... 25

1.6 Poder de investiga•‹o do MP ... 29

2 LEI 12.830/13 ... 30

3 CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL ... 32

4 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ... 34

5 SòMULAS PERTINENTES ... 39

5.1 Sœmulas vinculantes ... 39

5.2 Sœmulas do STF ... 40

5.3 Sœmulas do STJ ... 40

6 JURISPRUDæNCIA CORRELATA ... 40

7 RESUMO ... 42

(3)

8 EXERCêCIOS PARA PARATICAR ... 48 9 EXERCêCIOS COMENTADOS ... 53 10 GABARITO ... 63

Ol‡, meus amigos!

ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA CONCURSOS Ð CARREIRAS JURêDICAS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprova•‹o de voc•s no concurso da PC-SE. N—s vamos estudar teoria e comentar exerc’cios sobre DIREITO PROCESSUAL PENAL, para o cargo de DELEGADO DE POLêCIA.

E a’, povo, preparados para a maratona?

O edital ainda n‹o foi publicado, mas acredita-se que seja publicado em breve. O œltimo concurso foi elaborado pelo CESPE.

Bom, est‡ na hora de me apresentar a voc•s, n‹o Ž?

Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porŽm, fui servidor da Justi•a Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e p—s- graduado em Direito Pœblico pela Universidade Gama Filho.

Minha trajet—ria de vida est‡ intimamente ligada aos Concursos Pœblicos.

Desde o come•o da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferen•a! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em t‹o pouco tempo. Simples: Foco + For•a de vontade + Disciplina. N‹o h‡ f—rmula m‡gica, n‹o h‡ ingrediente secreto! Basta querer e correr atr‡s do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona!

ƒ muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro, poder colaborar para a aprova•‹o de outros tantos concurseiros, como um dia eu fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprova•‹oÓ, n‹o estou falando apenas por falar. O EstratŽgia Concursos possui ’ndices alt’ssimos de aprova•‹o em todos os concursos!

Neste curso voc•s receber‹o todas as informa•›es necess‡rias para que possam ter sucesso na prova da PC-SE. Acreditem, voc•s n‹o v‹o se arrepender! O EstratŽgia Concursos est‡ comprometido com sua aprova•‹o, com sua vaga, ou seja, com voc•!

Mas Ž poss’vel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc• ainda

n‹o esteja plenamente convencido de que o EstratŽgia Concursos Ž a melhor

escolha. Eu entendo voc•, j‡ estive deste lado do computador. Ës vezes Ž dif’cil

escolher o melhor material para sua prepara•‹o. Contudo, alguns colegas de

caminhada podem te ajudar a resolver este impasse:

(4)

Esse print screen acima foi retirado da p‡gina de avalia•‹o do curso de Direito Processual Penal para Delegado da PC-PE. Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram o curso, 61 o aprovaram. Um percentual de 98,39%.

Ainda n‹o est‡ convencido? Continuo te entendendo. Voc• acha que pode estar dentro daqueles 1,61%. Em raz‹o disso, disponibilizamos gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc• possa analisar o material, ver se a abordagem te agrada, etc.

Acha que a aula demonstrativa Ž pouco para testar o material? Pois bem, o EstratŽgia concursos d‡ a voc• o prazo de 30 DIAS para testar o material. Isso mesmo, voc• pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente o material e, se n‹o gostar, devolvemos seu dinheiro.

Sabem porque o EstratŽgia Concursos d‡ ao aluno 30 dias para pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso n‹o vai acontecer! N‹o temos medo de dar a voc• essa liberdade.

Bom, neste curso estudaremos todo o conteœdo de Direito Processual Penal estimado para o edital.

Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:

! !

AULA CONTEòDO DATA

Aula 00 InquŽrito Policial. 07.12

Aula 01

Processo, procedimento e relaç‹o jur’dica processual. Elementos identificadores da relaç‹o processual.

Formas do procedimento. Pretens‹o punitiva. Tipos de processo penal.

A•‹o penal.

14.12

Aula 02 Jurisdi•‹o e compet•ncia 21.12 Aula 03 Sujeitos processuais

05.01

(5)

Aula 04

Atos e prazos processuais.

Nulidades. Cita•›es e intima•›es.

Senten•a e coisa julgada. Quest›es e processos incidentes.

12.01

Aula 05 Provas (parte I): Teoria geral. 19.01 Aula 06 Provas (parte II): Provas em espŽcie 26.01

Aula 07

Pris‹o e liberdade provis—ria (parte I). Pris‹o em flagrante (espŽcies, hip—teses, etc.). Pris‹o preventiva.

Pris‹o tempor‡ria (Lei 7.960/89).

02.02

Aula 08

Pris‹o e liberdade provis—ria (parte II). Medidas cautelares diversas da

pris‹o. Fian•a.

09.02

Aula 09

Processo: Processo comum.

Procedimento pelos rito ordin‡rio e sum‡rio.

16.02

Aula 10 Procedimento dos crimes da compet•ncia do Tribunal do Jœri

23.02

Aula 11

Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcion‡rios

pœblicos.

03.03

Aula 12 O habeas corpus e seu processo. MS em matŽria criminal.

10.03

As aulas ser‹o disponibilizadas no site conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas quest›es que foram cobradas em concursos pœblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matŽria.

Com rela•‹o ˆs quest›es, vamos dar prefer•ncia ˆquelas que tenham sido cobradas em concursos de n’vel superior na ‡rea jur’dica (Juiz, Defensoria Pœblica, MP, etc.).

AlŽm da teoria e das quest›es, voc•s ter‹o acesso a duas ferramentas muito importantes:

¥ ! RESUMOS Ð Cada aula ter‡ um resumo daquilo que foi estudado, variando de 03 a 10 p‡ginas (a depender do tema), indo direto ao ponto daquilo que Ž mais relevante! Ideal para quem est‡ sem muito tempo.

¥ ! FîRUM DE DòVIDAS Ð N‹o entendeu alguma coisa? Simples: basta

perguntar ao professor Vinicius Silva (respons‡vel pelo f—rum),

que ir‡ responder seus questionamentos no f—rum de dœvidas

exclusivo para os alunos do curso.

(6)

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!

Prof. Renan Araujo

E-mail: profrenanaraujo@gmail.com Periscope: @profrenanaraujo

Facebook: www.facebook.com/profrenanaraujoestrategia Instagram: www.instagram.com/profrenanaraujo/?hl=pt-br

Youtube:

www.youtube.com/channel/UClIFS2cyREWT35OELN8wcFQ

Observa•‹o importante: este curso Ž protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legisla•‹o sobre direitos autorais e d‡ outras provid•ncias.

Grupos de rateio e pirataria s‹o clandestinos, violam a lei e prejudicam os

professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe

adquirindo os cursos honestamente atravŽs do site EstratŽgia Concursos. ;-)

(7)

1 ! INQUƒRITO POLICIAL

1.1 ! Natureza e caracter’sticas

Antes de tudo, precisamos definir o que seria o InquŽrito Policial, para, a partir da’, estudarmos os demais pontos. Podemos defini-lo como:

ÒInquŽrito policial Ž, pois, o conjunto de dilig•ncias realizadas pela Pol’cia Judici‡ria para a apura•‹o de uma infra•‹o penal e sua autoria, a fim de que o titular da a•‹o penal possa ingressar em ju’zoÓ.

1

Assim, por Pol’cia Judici‡ria podemos entender a Pol’cia respons‡vel por apurar fatos criminosos e coligir (reunir) elementos que apontem se, de fato, houve o crime e quem o praticou (materialidade e autoria). A Pol’cia Judici‡ria Ž representada, no Brasil, pela Pol’cia Civil e pela Pol’cia Federal.

A Pol’cia Militar, por sua vez, n‹o tem fun•‹o investigat—ria, mas apenas fun•‹o administrativa (Pol’cia administrativa), de car‡ter ostensivo, ou seja, sua fun•‹o Ž agir na preven•‹o de crimes, n‹o na sua apura•‹o! Cuidado com isso!

Nos termos do art. 4¡ do CPP:

Art. 4¼ A pol’cia judici‡ria ser‡ exercida pelas autoridades policiais no territ—rio de suas respectivas circunscri•›es e ter‡ por fim a apura•‹o das infra•›es penais e da sua autoria.

!

O IP tem natureza de procedimento administrativo, e n‹o de processo judicial. Muito cuidado com isso!

O inquŽrito policial possui algumas caracter’sticas, atreladas ˆ sua natureza. S‹o elas:

¥ ! O IP Ž administrativo - O InquŽrito Policial, por ser instaurado e conduzido por uma autoridade policial, possui n’tido car‡ter administrativo.

O InquŽrito Policial n‹o Ž fase do processo! Cuidado! O IP Ž prŽ- processual! Da’ porque eventual irregularidade ocorrida durante a investiga•‹o n‹o gera nulidade do processo.

2

¥ ! O IP Ž inquisitivo (inquisitorialidade) - A inquisitorialidade do InquŽrito decorre de sua natureza prŽ-processual

3

. No Processo temos autor

11

Tourinho Filho, Fernando da Costa, 1928 Ð Processo penal, volume 1 / Fernando da Costa Tourinho Filho.

Ð 28. ed. ver. e atual. - S‹o Paulo : Saraiva, 2006.

2

Este Ž o entendimento do STJ, no sentido de que eventuais nulidades ocorridas durante a investiga•‹o n‹o contaminam a a•‹o penal, notadamente quando n‹o h‡ preju’zo algum para a defesa (STJ - AgRg no HC 235840/SP).

3

Para entendermos, devemos fazer a distin•‹o entre sistema acusat—rio e sistema inquisitivo.

(8)

(MP ou v’tima), acusado e Juiz. No InquŽrito n‹o h‡ acusa•‹o, logo, n‹o h‡ nem autor, nem acusado. O Juiz existe, mas ele n‹o conduz o IP, quem conduz o IP Ž a autoridade policial (Delegado). No InquŽrito Policial, por ser inquisitivo, n‹o h‡ direito ao contradit—rio nem ˆ ampla defesa

4

. Como dissemos, no IP n‹o h‡ acusa•‹o alguma. H‡ apenas um procedimento administrativo destinado a reunir informa•›es para subsidiar um ato (oferecimento de denœncia ou queixa). N‹o h‡, portanto, acusado, mas investigado ou indiciado (conforme o andamento do IP).

5

Em raz‹o desta aus•ncia de contradit—rio, o valor probat—rio das provas obtidas no IP Ž muito pequeno, servindo apenas para angariar elementos de convic•‹o ao titular da a•‹o penal (o MP ou o ofendido, a depender do tipo de crime) para que este ofere•a a denœncia ou queixa.

CUIDADO! O Juiz pode usar as provas obtidas no InquŽrito para fundamentar sua decis‹o. O que o Juiz NÌO PODE Ž fundamentar sua decis‹o somente com elementos obtidos durante o IP. Nos termos do art.

155 do CPP:

Art. 155. O juiz formar‡ sua convic•‹o pela livre aprecia•‹o da prova produzida em contradit—rio judicial, n‹o podendo fundamentar sua decis‹o exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investiga•‹o, ressalvadas as provas cautelares, n‹o repet’veis e antecipadas.

Vejam que mesmo nesse caso, existem exce•›es, que s‹o aquelas provas colhidas durante a fase prŽ-processual em raz‹o da impossibilidade de se esperar a Žpoca correta, por receio de n‹o se poder mais obt•-las (ex.: Exame de corpo de delito).

¥ ! Oficiosidade Ð Em se tratando de crime de a•‹o penal pœblica incondicionada, a autoridade policial deve instaurar o InquŽrito Policial sempre que tiver not’cia da pr‡tica de um delito desta natureza. Quando o crime for de a•‹o penal pœblica incondicionada (regra),

O sistema acusat—rio Ž aquele no qual h‡ dialŽtica, ou seja, uma parte defende uma tese, a outra parte rebate as teses da primeira e um Juiz, imparcial, julga a demanda. Ou seja, o sistema acusat—rio Ž multilateral.

J‡ o sistema inquisitivo Ž unilateral. N‹o h‡ acusador e acusado, nem a figura do Juiz imparcial. No sistema inquisitivo n‹o h‡ acusa•‹o propriamente dita.

4

NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 124. Isso n‹o significa que o indiciado n‹o possua direitos, como o de ser acompanhado por advogado, etc. Inclusive, o indiciado, embora n‹o possua o Direito Constitucional ao Contradit—rio e ˆ ampla defesa nesse caso, pode requerer sejam realizadas algumas dilig•ncias. Entretanto, a realiza•‹o destas n‹o Ž obrigat—ria pela autoridade policial.

5

Entretanto, CUIDADO:

O STJ possui decis›es concedendo Habeas Corpus para determinar ˆ autoridade policial que atenda a determinados pedidos de dilig•ncias;

O exame de corpo de delito n‹o pode ser negado, nos termos do art. 184 do CPP:

Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negar‡ a per’cia requerida

pelas partes, quando n‹o for necess‡ria ao esclarecimento da verdade.

(9)

portanto, a instaura•‹o do IP poder‡ ser realizada pela autoridade policial independentemente de provoca•‹o de quem quer seja. ƒ claro que, se o MP j‡ dispuser dos elementos necess‡rios ao ajuizamento da a•‹o penal, o IP n‹o precisa ser iniciado. O que o inciso I do art. 5¼ quer dizer Ž que a autoridade policial tem o poder-dever de instaur‡-lo, de of’cio, no caso de crimes desta natureza (O que determinar‡ a instaura•‹o, ou n‹o, ser‡ a exist•ncia de ind’cios m’nimos da infra•‹o penal e a eventual utilidade do IP).

¥ ! Oficialidade Ð O IP Ž conduzido por um —rg‹o oficial do Estado.

¥ ! Procedimento escrito - Todos os atos produzidos no bojo do IP dever‹o ser escritos, e reduzidos a termo aqueles que forem orais (como depoimento de testemunhas, interrogat—rio do indiciado, etc.). Essa regra encerra outra caracter’stica do IP, citada por alguns autores, que Ž a da FORMALIDADE.

¥ ! Indisponibilidade - Uma vez instaurado o IP, n‹o pode a autoridade policial arquiv‡-lo

6

, pois esta atribui•‹o Ž exclusiva do Judici‡rio, quando o titular da a•‹o penal assim o requerer.

¥ ! Dispensabilidade - O InquŽrito Policial Ž dispens‡vel, ou seja, n‹o Ž obrigat—rio. Dado seu car‡ter informativo (busca reunir informa•›es), caso o titular da a•‹o penal j‡ possua todos os elementos necess‡rios ao oferecimento da a•‹o penal, o InquŽrito ser‡ dispens‡vel.

Um dos artigos que fundamenta isto Ž o art. 39, ¤ 5¡ do CPP

7

.

¥ ! Discricionariedade na sua condu•‹o - A autoridade policial pode conduzir a investiga•‹o da maneira que entender mais frut’fera, sem necessidade de seguir um padr‹o prŽ-estabelecido. Essa discricionariedade n‹o se confunde com arbitrariedade, n‹o podendo o Delegado (que Ž quem preside o IP) determinar dilig•ncias meramente com a finalidade de perseguir o investigado, ou para prejudic‡-lo. A finalidade da dilig•ncia deve ser sempre o interesse pœblico, materializado no objetivo do InquŽrito, que Ž reunir elementos de autoria e materialidade do delito.

¥ ! Sigiloso - o IP Ž sempre sigiloso em rela•‹o ˆs pessoas do povo em geral, por se tratar de mero procedimento investigat—rio, n‹o havendo nenhum interesse que justifique o acesso liberado a qualquer do povo.

8

Todavia, o IP n‹o Ž, em regra, sigiloso em rela•‹o aos envolvidos (ofendido, indiciado e seus advogados), podendo, entretanto, ser decretado sigilo em rela•‹o a determinadas pe•as do InquŽrito quando necess‡rio para o sucesso da investiga•‹o (por exemplo: Pode ser vedado o acesso do advogado a partes do IP que tratam de requerimento de intercepta•‹o telef™nica formulado pelo Delegado ao Juiz).

6

Art. 17 do CPP.

7

¤ 5o O —rg‹o do MinistŽrio Pœblico dispensar‡ o inquŽrito, se com a representa•‹o forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a a•‹o penal, e, neste caso, oferecer‡ a denœncia no prazo de quinze dias.

8

NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 124

(10)

1.2 ! In’cio do IP (instaura•‹o do IP)

As formas pelas quais o InquŽrito Policial pode ser instaurado variam de acordo com a natureza da A•‹o Penal para a qual ele pretende angariar informa•›es. A a•‹o penal pode ser pœblica incondicionada, condicionada ou a•‹o penal privada.

1.2.1 ! Formas de instaura•‹o do IP nos crimes de a•‹o penal pœblica incondicionada

1.2.1.1 ! De of’cio

Tomando a autoridade policial conhecimento da pr‡tica de fato definido como crime cuja a•‹o penal seja pœblica incondicionada, poder‡ proceder (sem que haja necessidade de requerimento de quem quer que seja) ˆ instaura•‹o do IP, mediante Portaria.

Quando a autoridade policial toma conhecimento de um fato criminoso, independentemente do meio (pela m’dia, por boatos que correm na boca do povo, ou por qualquer outro meio), ocorre o que se chama de notitia criminis. Diante da notitia criminis relativa a um crime cuja a•‹o penal Ž pœblica incondicionada, a instaura•‹o do IP passa a ser admitida, ex officio, nos termos do j‡ citado art. 5¡, I do CPP.

Quando esta not’cia de crime surge atravŽs de uma dela•‹o formalizada por qualquer pessoa do povo, estaremos diante da delatio criminis simples. Nos termos do art. 5¡, ¤ 3¡ do CPP:

¤ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da exist•ncia de infra•‹o penal em que caiba a•‹o pœblica poder‡, verbalmente ou por escrito, comunic‡-la ˆ autoridade policial, e esta, verificada a proced•ncia das informa•›es, mandar‡ instaurar inquŽrito.

A Doutrina classifica a notitia criminis da seguinte forma:

⇒ ! Notitia criminis de cogni•‹o imediata Ð Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato em raz‹o de suas atividades rotineiras.

⇒ ! Notitia criminis de cogni•‹o mediata Ð Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso por meio de um expediente formal (ex.: requisi•‹o do MP, com vistas ˆ instaura•‹o do IP).

⇒ ! Notitia criminis de cogni•‹o coercitiva Ð Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato em raz‹o da pris‹o em flagrante do suspeito.

A delatio criminis, que Ž uma forma de notitia criminis, pode ser:

(11)

⇒ ! Delatio criminis simples Ð Comunica•‹o feita ˆ autoridade policial por qualquer do povo (art. 5¼, ¤3¼ do CPP).

⇒ ! Delatio criminis postulat—ria Ð ƒ a comunica•‹o feita pelo ofendido nos crimes de a•‹o penal pœblica condicionada ou a•‹o penal privada, mediante a qual o ofendido j‡ pleiteia a instaura•‹o do IP.

⇒ ! Delatio criminis inqualificada Ð ƒ a chamada Òdenœncia an™nimaÓ, ou seja, a comunica•‹o do fato feita ˆ autoridade policial por qualquer do povo, mas sem a identifica•‹o do comunicante.

Mas, e no caso de se tratar de uma denœncia an™nima. Como deve proceder o Delegado, j‡ que a Constitui•‹o permite a manifesta•‹o do pensamento, mas veda o anonimato? Nesse caso, estamos diante da delatio criminis inqualificada, que abrange, inclusive, a chamada Òdisque-denœnciaÓ, muito utilizada nos dias de hoje. A solu•‹o encontrada pela Doutrina e pela Jurisprud•ncia para conciliar o interesse pœblico na investiga•‹o com a proibi•‹o de manifesta•›es ap—crifas (an™nimas) foi determinar que o Delegado, quando tomar ci•ncia de fato definido como crime, atravŽs de denœncia an™nima, n‹o dever‡ instaurar o IP de imediato, mas determinar que seja verificada a proced•ncia da denœncia e, caso realmente se tenha not’cia do crime, instaurar o IP.

9

1.2.1.2 ! Requisi•‹o do Juiz ou do MP

O IP poder‡ ser instaurado, ainda, mediante requisi•‹o do Juiz ou do MP.

Nos termos do art. 5¡, II do CPP:

Art. 5o Nos crimes de a•‹o pœblica o inquŽrito policial ser‡ iniciado:

(...)

II - mediante requisi•‹o da autoridade judici‡ria ou do MinistŽrio Pœblico, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para represent‡-lo.

Essa requisi•‹o deve ser obrigatoriamente cumprida pelo Delegado, n‹o podendo ele se recusar a cumpri-la, pois requisitar Ž sin™nimo de exigir com

9

(...) Admite-se a denœncia an™nima como instrumento de deflagra•‹o de dilig•ncias, pela autoridade policial, para apurar a veracidade das informa•›es nela veiculadas, conforme jurisprud•ncias do STF e do STJ. (...) (AgRg no RMS 28.054/PE, Rel. MIN. ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe 19/04/2012) O STF corrobora esse entendimento: (...) Segundo precedentes do Supremo Tribunal Federal, nada impede a deflagra•‹o da persecu•‹o penal pela chamada Ôdenœncia an™nimaÕ, desde que esta seja seguida de dilig•ncias realizadas para averiguar os fatos nela noticiados (86.082, rel. min. Ellen Gracie, DJe de 22.08.2008; 90.178, rel. min. Cezar Peluso, DJe de 26.03.2010; e HC 95.244, rel. min. Dias Toffoli, DJe de 30.04.2010 Ð Informativo 755 do STF).

A denœncia an™nima s— pode ensejar a instaura•‹o do IP, excepcionalmente, quando se constituir como

o pr—prio corpo de delito (ex.: carta na qual h‡ materializa•‹o do crime de amea•a, etc.).

(12)

base na Lei. Contudo, o Delegado pode se recusar

10

a instaurar o IP quando a requisi•‹o:

¥ ! For manifestamente ilegal

¥ ! N‹o contiver os elementos f‡ticos m’nimos para subsidiar a investiga•‹o (n‹o contiver os dados suficientes acerca do fato criminoso)

11

1.2.1.3 ! Requerimento da v’tima ou de seu representante legal Nos termos do art. 5¡, II do CPP:

Art. 5o Nos crimes de a•‹o pœblica o inquŽrito policial ser‡ iniciado:

(...)

II - mediante requisi•‹o da autoridade judici‡ria ou do MinistŽrio Pœblico, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para represent‡-lo.

Vejam que aqui o CPP fala em requerimento, n‹o requisi•‹o. Por isso, a Doutrina entende que nessa hip—tese o Delegado n‹o est‡ obrigado a instaurar o IP, podendo, de acordo com a an‡lise dos fatos, entender que n‹o existem ind’cios de que fora praticada uma infra•‹o penal e, portanto, deixar de instaurar o IP.

O requerimento feito pela v’tima ou por seu representante deve preencher alguns requisitos. Entretanto, caso n‹o for poss’vel, podem ser dispensados. Nos termos do art. 5¡, ¤ 1¡ do CPP:

¤ 1o O requerimento a que se refere o no II conter‡ sempre que poss’vel:

a) a narra•‹o do fato, com todas as circunst‰ncias;

b) a individualiza•‹o do indiciado ou seus sinais caracter’sticos e as raz›es de convic•‹o ou de presun•‹o de ser ele o autor da infra•‹o, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;

c) a nomea•‹o das testemunhas, com indica•‹o de sua profiss‹o e resid•ncia.

Caso seja indeferido o requerimento, caber‡ recurso para o Chefe de Pol’cia. Vejamos:

Art. 5o (...) ¤ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquŽrito caber‡

recurso para o chefe de Pol’cia.

10

NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 111/112

11

Neste œltimo caso o Delegado deve oficiar a autoridade que requisitou a instaura•‹o solicitando que sejam

fornecidos os elementos m’nimos para a instaura•‹o do IP.

(13)

1.2.1.4 ! Auto de Pris‹o em Flagrante

Embora essa hip—tese n‹o conste no rol do art. 5¡ do CPP, trata-se de hip—tese cl‡ssica de fato que enseja a instaura•‹o de IP. Parte da Doutrina, no entanto, a equipara ˆ notitia criminis e, portanto, estar’amos diante de uma instaura•‹o ex officio.

1.2.2 ! Formas de instaura•‹o do IP nos crimes de A•‹o Penal Pœblica Condicionada ˆ Representa•‹o

A a•‹o penal pœblica condicionada Ž aquela que, embora deva ser ajuizada pelo MP, depende da representa•‹o da v’tima, ou seja, a v’tima tem que querer que o autor do crime seja denunciado.

Nestes crimes, o IP pode se iniciar:

1.2.2.1 ! Representa•‹o do Ofendido ou de seu representante legal

Trata-se da chamada delatio criminis postulat—ria, que Ž o ato mediante o qual o ofendido autoriza formalmente o Estado (atravŽs do MP) a prosseguir na persecu•‹o penal e a proceder ˆ responsabiliza•‹o do autor do fato, se for o caso. Trata-se de formalidade necess‡ria nesse tipo de crime, nos termos do art. 5¡, ¤ 4¡ do CPP:

Art. 5¼ (...) ¤ 4o O inquŽrito, nos crimes em que a a•‹o pœblica depender de representa•‹o, n‹o poder‡ sem ela ser iniciado.

N‹o se trata de ato que exija formalidade, podendo ser dirigido ao Juiz, ao Delegado e ao membro do MP. Caso n‹o seja dirigida ao Delegado, ser‡ recebida pelo Juiz ou Promotor e ˆquele encaminhada. Nos termos do art. 39 do CPP:

Art. 39. O direito de representa•‹o poder‡ ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declara•‹o, escrita ou oral, feita ao juiz, ao —rg‹o do MinistŽrio Pœblico, ou ˆ autoridade policial.

Caso a v’tima n‹o exer•a seu direito de representa•‹o no prazo de seis meses, a contar da data em que tomou conhecimento da autoria do fato, estar‡ extinta a punibilidade (decai do direito de representar), nos termos do art. 38 do CPP:

Art. 38. Salvo disposi•‹o em contr‡rio, o ofendido, ou seu representante legal, decair‡ no direito de queixa ou de representa•‹o, se n‹o o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem Ž o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denœncia.

Caso se trate de v’tima menor de 18 anos, quem deve representar Ž o

seu representante legal. Caso n‹o o fa•a, entretanto, o prazo decadencial

s— come•a a correr quando a v’tima completa 18 anos, para que esta n‹o

(14)

seja prejudicada por eventual inŽrcia de seu representante. Inclusive, o verbete sumular n¡ 594 do STF se coaduna com este entendimento.

E se o autor do fato for o pr—prio representante legal (como no caso de estupro e viol•ncia domŽstica)? Nesse caso, aplica-se o art. 33 do CPP

12

, por analogia, nomeando-se curador especial para que exercite o direito de representa•‹o:

1.2.2.2 ! Requisi•‹o de autoridade Judici‡ria ou do MP

Como nos crimes de a•‹o penal pœblica incondicionada, o IP pode ser instaurado mediante requisi•‹o do Juiz do membro do MP, entretanto, neste caso, depender‡ da exist•ncia de representa•‹o da v’tima.

1.2.2.3 ! Auto de Pris‹o em Flagrante

TambŽm Ž poss’vel a instaura•‹o de IP com fundamento no auto de pris‹o em flagrante, dependendo, tambŽm, da exist•ncia de representa•‹o do ofendido.

Caso o ofendido n‹o exer•a esse direito dentro do prazo de 24h contados do momento da pris‹o, Ž obrigat—ria a soltura do preso, mas permanece o direito de o ofendido representar depois, mas dentro do prazo de 06 meses.

1.2.2.4 ! Requisi•‹o do Ministro da Justi•a

Esta hip—tese s— se aplica a alguns crimes, como nos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7¡, ¤ 3¡, b do CP), crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da Repœblica ou contra qualquer chefe de governo estrangeiro (art. 141, c, c/c art. 145, ¤ œnico do CP) e alguns outros.

Trata-se de requisi•‹o n‹o dirigida ao Delegado, mas ao membro do MP! Entretanto, apesar do nome requisi•‹o, se o membro do MP achar que n‹o se trata de hip—tese de ajuizamento da a•‹o penal, n‹o estar‡ obrigado a promov•-la.

Diferentemente da representa•‹o, a requisi•‹o do Ministro da Justi•a n‹o est‡ sujeita a prazo decadencial, podendo ser exercitada enquanto o crime ainda n‹o estiver prescrito.

1.2.3 ! Formas de Instaura•‹o do IP nos crimes de A•‹o Penal Privada

12

Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e n‹o tiver

representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poder‡ ser exercido

por curador especial, nomeado, de of’cio ou a requerimento do MinistŽrio Pœblico, pelo juiz competente para

o processo penal.

(15)

1.2.3.1 ! Requerimento da v’tima ou de quem legalmente a represente Nos termos do art. 5¡, ¤ 5¡ do CPP:

Art. 5¼ (...) ¤ 5o Nos crimes de a•‹o privada, a autoridade policial somente poder‡ proceder a inquŽrito a requerimento de quem tenha qualidade para intent‡-la.

Caso a v’tima tenha falecido, algumas pessoas podem apresentar o requerimento para a instaura•‹o do IP, nos termos do art. 31 do CPP:

Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decis‹o judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na a•‹o passar‡ ao c™njuge, ascendente, descendente ou irm‹o.

Este requerimento tambŽm est‡ sujeito ao prazo decadencial de seis meses, previsto no art. 38 do CPP, bem como deve atender aos requisitos previstos no art. 5¡, ¤ 1¡ do CPP, sempre que poss’vel.

1.2.3.2 ! Requisi•‹o do Juiz ou do MP

Neste caso, segue a mesma regra dos crimes de a•‹o penal pœblica condicionada: A requisi•‹o do MP ou do Juiz deve ir acompanhada do requerimento do ofendido autorizando a instaura•‹o do IP.

1.2.3.3 ! Auto de Pris‹o em Flagrante

TambŽm segue a mesma regra dos crimes de a•‹o penal pœblica condicionada, devendo o ofendido manifestar seu interesse na instaura•‹o do IP dentro do prazo de 24h contados a partir da pris‹o, findo o qual, sem que haja manifesta•‹o da v’tima nesse sentido, ser o autor do fato liberado.

1.2.4 ! Fluxograma

(16)

ATEN‚ÌO! Se o inquŽrito policial visa a investigar pessoa que possui foro por prerrogativa de fun•‹o (Òforo privilegiadoÓ), a autoridade policial depender‡ de autoriza•‹o do Tribunal para instaurar o IP.

Qual Tribunal? O Tribunal que tem compet•ncia para processar e julgar o crime supostamente praticado pela pessoa detentora do foro por prerrogativa de fun•‹o (Ex.: STF, relativamente aos crimes comuns praticados por deputados federais).

Este Ž o entendimento adotado pelo STF

13

.

1.3 ! Tramita•‹o do IP

J‡ vimos as formas pelas quais o IP pode ser instaurado. Vamos estudar agora como se desenvolve (ou deveria se desenvolver o IP).

1.3.1 ! Dilig•ncias Investigat—rias

Ap—s a instaura•‹o do IP algumas dilig•ncias devem ser adotadas pela autoridade policial. Estas dilig•ncias est‹o previstas no art. 6¡ do CPP:

13

STF - Inq. 2.411 FORMAS DE INSTAURA‚ÌO DO IP

CRIMES DE A‚ÌO PENAL PòBLICA

INCONDICIONADA

CRIMES DE A‚ÌO PENAL PòBLICA CONDICIONADA Ë REPRESENTA‚ÌO DA VêTIMA

(DEPENDE SEMPRE DE MANIFESTA‚ÌO DA VêTIMA)

CRIMES DE A‚ÌO PENAL PRIVADA (DEPENDE SEMPRE DE MANIFESTA‚ÌO DA VêTIMA) EX OFFICIO REQUISI‚ÌO DO

MP OU DO JUIZ

REQUERIMENTO DA VêTIMA

AUTO DE PRISÌO EM FLAGRANTE

REPRESENTA‚ÌO DA VêTIMA

REQUISI‚ÌO DO JUIZ OU DO MP

AUTO DE PRISÌO EM FLAGRANTE

REQUERIMENTO DA VêTIMA

REQUISI‚ÌO DO JUIZ OU DO MP

AUTO DE PRISÌO

EM FLAGRANTE

(17)

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da pr‡tica da infra•‹o penal, a autoridade policial dever‡:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que n‹o se alterem o estado e conserva•‹o das coisas, atŽ a chegada dos peritos criminais; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei n¼ 5.970, de 1973)

II - apreender os objetos que tiverem rela•‹o com o fato, ap—s liberados pelos peritos criminais;

(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.862, de 28.3.1994)

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunst‰ncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observ‰ncia, no que for aplic‡vel, do disposto no Cap’tulo III do T’tulo Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acarea•›es;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras per’cias;

VIII - ordenar a identifica•‹o do indiciado pelo processo datilosc—pico, se poss’vel, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condi•‹o econ™mica, sua atitude e estado de ‰nimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribu’rem para a aprecia•‹o do seu temperamento e car‡ter.

X - colher informa•›es sobre a exist•ncia de filhos, respectivas idades e se possuem alguma defici•ncia e o nome e o contato de eventual respons‡vel pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.257, de 2016)

Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infra•‹o sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poder‡ proceder ˆ reprodu•‹o simulada dos fatos, desde que esta n‹o contrarie a moralidade ou a ordem pœblica.

Alguns cuidados devem ser tomados quando da realiza•‹o destas dilig•ncias, como a observ‰ncia das regras processuais de apreens‹o de coisas, bem como ˆs regras constitucionais sobre inviolabilidade do domic’lio (art. 5¡, XI da CF), direito ao silencio do investigado (art. 5¡, LXIII da CF), aplicando-se no que tange ao interrogat—rio do investigado, as normas referentes ao interrogat—rio judicial (arts. 185 a 196 do CPP), no que for cab’vel.

Percebam que o art. 7¡ prev• a famosa Òreconstitui•‹oÓ, tecnicamente chamada de reprodu•‹o simulada. ESTA REPRODU‚ÌO ƒ VEDADA QUANDO FOR CONTRçRIA Ë MORALIDADE OU Ë ORDEM PòBLICA (no caso de um estupro, por exemplo). O investigado n‹o est‡ obrigado a participar desta dilig•ncia, pois n‹o Ž obrigado a produzir prova contra si.

Em se tratando de determinados crimes, a autoridade policial ou o MP poder‹o requisitar dados ou informa•›es cadastrais da v’tima ou de suspeitos

14

. S‹o eles:

14

Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no ¤ 3¼ do art. 158 e no art. 159 do Decreto- Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (C—digo Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Crian•a e do Adolescente), o membro do MinistŽrio Pœblico ou o delegado de pol’cia poder‡

requisitar, de quaisquer —rg‹os do poder pœblico ou de empresas da iniciativa privada, dados e informa•›es

cadastrais da v’tima ou de suspeitos. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

(18)

⇒ ! Sequestro ou c‡rcere privado

⇒ ! Redu•‹o ˆ condi•‹o an‡loga ˆ de escravo

⇒ ! Tr‡fico de pessoas

⇒ ! Extors‹o mediante restri•‹o da liberdade (Òsequestro rel‰mpagoÓ)

⇒ ! Extors‹o mediante sequestro

⇒ ! Facilita•‹o de envio de crian•a ou adolescente ao exterior (art. 239 do ECA)

Ou seja, em se tratando de um desses crimes o CPP expressamente autoriza a requisi•‹o direta pela autoridade policial (ou pelo MP) dessas informa•›es, podendo a requisi•‹o ser dirigida a —rg‹os pœblicos ou privados (empresas de telefonia, etc.).

AlŽm disso, em se tratando de crimes relacionados ao tr‡fico de pessoas, o membro do MP ou a autoridade policial poder‹o requisitar, mediante autoriza•‹o judicial

15

, ˆs empresas prestadoras de servi•o de telecomunica•›es e/ou telem‡tica que disponibilizem imediatamente os dados (meios tŽcnicos) que permitam a localiza•‹o da v’tima ou dos suspeitos do delito em curso (como sinais, informa•›es e outros).

Contudo, o acesso a esse sinal:

Par‡grafo œnico. A requisi•‹o, que ser‡ atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conter‡:

(Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

I - o nome da autoridade requisitante; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia) II - o nœmero do inquŽrito policial; e (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia) III - a identifica•‹o da unidade de pol’cia judici‡ria respons‡vel pela investiga•‹o. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

Art. 13-B. Se necess‡rio ˆ preven•‹o e ˆ repress‹o dos crimes relacionados ao tr‡fico de pessoas, o membro do MinistŽrio Pœblico ou o delegado de pol’cia poder‹o requisitar, mediante autoriza•‹o judicial, ˆs empresas prestadoras de servi•o de telecomunica•›es e/ou telem‡tica que disponibilizem imediatamente os meios tŽcnicos adequados Ð como sinais, informa•›es e outros Ð que permitam a localiza•‹o da v’tima ou dos suspeitos do delito em curso. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

¤ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da esta•‹o de cobertura, setoriza•‹o e intensidade de radiofrequ•ncia. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

¤ 2o Na hip—tese de que trata o caput, o sinal: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia) I - n‹o permitir‡ acesso ao conteœdo da comunica•‹o de qualquer natureza, que depender‡ de autoriza•‹o judicial, conforme disposto em lei; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

II - dever‡ ser fornecido pela prestadora de telefonia m—vel celular por per’odo n‹o superior a 30 (trinta) dias, renov‡vel por uma œnica vez, por igual per’odo; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

III - para per’odos superiores ˆquele de que trata o inciso II, ser‡ necess‡ria a apresenta•‹o de ordem judicial. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

¤ 3o Na hip—tese prevista neste artigo, o inquŽrito policial dever‡ ser instaurado no prazo m‡ximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorr•ncia policial. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

¤ 4o N‹o havendo manifesta•‹o judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitar‡

ˆs empresas prestadoras de servi•o de telecomunica•›es e/ou telem‡tica que disponibilizem imediatamente os meios tŽcnicos adequados Ð como sinais, informa•›es e outros Ð que permitam a localiza•‹o da v’tima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunica•‹o ao juiz. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.344, de 2016) (Vig•ncia)

15

Embora seja necess‡ria a prŽvia autoriza•‹o judicial, caso o Juiz n‹o se manifeste em atŽ 12h, a autoridade (MP ou autoridade policial) poder‡ requisitar diretamente, sem a autoriza•‹o judicial.

Nesse caso, dever‡ comunicar tal fato ao Juiz, imediatamente.

(19)

⇒ ! N‹o permitir‡ acesso ao conteœdo da comunica•‹o, que depender‡ de autoriza•‹o judicial (apenas dados como local aproximado em que foi feita a liga•‹o, destinat‡rio, etc.).

⇒ ! Dever‡ ser fornecido pela prestadora de telefonia m—vel celular por per’odo n‹o superior a 30 dias (renov‡vel uma vez por mais 30 dias). Para per’odos superiores ser‡ necess‡ria ordem judicial

Nesses crimes (relacionados ao tr‡fico de pessoas) o IP dever‡ ser instaurado em atŽ 72h, a contar do registro de ocorr•ncia policial (informa•‹o da ocorr•ncia do crime ˆ autoridade, o chamado ÒB.O.Ó).

1.3.1.1 ! Requerimento de dilig•ncias pelo indiciado e pelo ofendido

O ofendido ou seu representante legal podem requerer a realiza•‹o de quaisquer dilig•ncias (inclusive o indiciado tambŽm pode), mas ficar‡ a critŽrio da Autoridade Policial deferi-las ou n‹o. Vejamos a reda•‹o do art.

14 do CPP:

Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poder‹o requerer qualquer dilig•ncia, que ser‡ realizada, ou n‹o, a ju’zo da autoridade.

Contudo, com rela•‹o ao exame de corpo de delito, este Ž obrigat—rio quando estivermos diante de crimes que deixam vest’gios (homic’dio, estupro, etc.), n‹o podendo o Delegado deixar de determinar esta dilig•ncia. Nos termos do art. 158 do CPP:

Art. 158. Quando a infra•‹o deixar vest’gios, ser‡ indispens‡vel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, n‹o podendo supri-lo a confiss‹o do acusado.

1.3.1.2 ! Identifica•‹o criminal

Com rela•‹o ˆ identifica•‹o do investigado (colheita de impress›es de digitais), esta identifica•‹o criminal s— ser‡ necess‡ria e permitida quando o investigado n‹o for civilmente identificado, pois a Constitui•‹o pro’be a submiss‹o daquele que Ž civilmente identificado ao procedimento constrangedor da coleta de digitais (identifica•‹o criminal), nos termos do seu art. 5¡, LVIII:

Art. 5¼ (...)

VIII - o civilmente identificado n‹o ser‡ submetido a identifica•‹o criminal, salvo nas hip—teses previstas em lei;

Primeiramente, quem se considera civilmente identificado? A resposta est‡ no art. 2¼ da Lei 12.037/90:

Art. 2¼ A identifica•‹o civil Ž atestada por qualquer dos seguintes documentos:

I Ð carteira de identidade;

(20)

II Ð carteira de trabalho;

III Ð carteira profissional;

IV Ð passaporte;

V Ð carteira de identifica•‹o funcional;

VI Ð outro documento pœblico que permita a identifica•‹o do indiciado.

Par‡grafo œnico. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identifica•‹o civis os documentos de identifica•‹o militares.

Contudo, percebam que a CF/88 veda a identifica•‹o criminal do civilmente identificado Òsalvo nas hip—teses previstas em leiÓ. Quais s‹o estas exce•›es?

A Lei que regulamenta a matŽria, atualmente, Ž a Lei 12.037/09. Vejamos o que diz seu art. 3¼:

Art. 3¼ Embora apresentado documento de identifica•‹o, poder‡ ocorrer identifica•‹o criminal quando:

I Ð o documento apresentar rasura ou tiver ind’cio de falsifica•‹o;

II Ð o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;

III Ð o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informa•›es conflitantes entre si;

IV Ð a identifica•‹o criminal for essencial ˆs investiga•›es policiais, segundo despacho da autoridade judici‡ria competente, que decidir‡ de of’cio ou mediante representa•‹o da autoridade policial, do MinistŽrio Pœblico ou da defesa;

V Ð constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualifica•›es;

VI Ð o estado de conserva•‹o ou a dist‰ncia temporal ou da localidade da expedi•‹o do documento apresentado impossibilite a completa identifica•‹o dos caracteres essenciais.

Par‡grafo œnico. As c—pias dos documentos apresentados dever‹o ser juntadas aos autos do inquŽrito, ou outra forma de investiga•‹o, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.

Assim, em qualquer destes casos, poder‡ ser realizada a identifica•‹o criminal. Contudo, ainda que haja necessidade de se proceder a este tipo vexat—rio de identifica•‹o, n‹o se pode proceder de forma a deixar constrangida a pessoa, devendo a autoridade (Em regra, o Delegado) tomar as precau•›es necess‡rias a evitar qualquer tipo de constrangimento ao investigado.

Por fim, mas n‹o menos importante, A Lei 12.654/12 acrescentou alguns dispositivos ˆ Lei 12.037/09, passando a permitir a coleta de MATERIAL GENƒTICO como forma de identifica•‹o criminal. Vejamos:

Art. 5¼ (...)

Par‡grafo œnico. Na hip—tese do inciso IV do art. 3o, a identifica•‹o criminal poder‡ incluir a coleta de material biol—gico para a obten•‹o do perfil genŽtico. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.654, de 2012)

Art. 5o-A. Os dados relacionados ˆ coleta do perfil genŽtico dever‹o ser armazenados em banco de dados de perfis genŽticos, gerenciado por unidade oficial de per’cia criminal.

(Inclu’do pela Lei n¼ 12.654, de 2012)

¤ 1o As informa•›es genŽticas contidas nos bancos de dados de perfis genŽticos n‹o poder‹o revelar tra•os som‡ticos ou comportamentais das pessoas, exceto determina•‹o genŽtica de

0

(21)

g•nero, consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genŽticos. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.654, de 2012)

¤ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genŽticos ter‹o car‡ter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utiliza•‹o para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decis‹o judicial. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.654, de 2012)

¤ 3o As informa•›es obtidas a partir da coincid•ncia de perfis genŽticos dever‹o ser consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.654, de 2012)

Percebam que o ¤ œnico do art. 5¼ apenas possibilita a coleta de material genŽtico na hip—tese do inciso IV do art. 3¼, ou seja, somente quando a identifica•‹o criminal for indispens‡vel ˆs investiga•›es.

De qualquer forma, esse perfil genŽtico coletado dever‡ ser armazenado em banco de dados sigiloso, de forma a preservar o indiciado de qualquer constrangimento, nos termos do art. 7¼-B da Lei.

1.3.1.3 ! Nomea•‹o de curador ao indiciado

O art. 15 prev• a figura do curador para o menor de 21 anos quando de seu interrogat—rio:

Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-‡ nomeado curador pela autoridade policial.

Entretanto, a Doutrina e a Jurisprud•ncia s‹o pac’ficas no que tange ˆ altera•‹o desta idade para 18 anos, pois a maioridade civil foi alterada de 21 para 18 anos com o advento do Novo C—digo Civil em 2002.

Assim, atualmente este artigo est‡ sem utilidade, pois n‹o h‡

possibilidade de termos um indiciado que Ž civilmente menor (eis que a maioridade civil e a maioridade penal ocorrem no mesmo momento, aos 18 anos), diferentemente do que ocorria quando da edi•‹o do CPP, j‡ que naquela Žpoca a maioridade penal ocorria aos 18 anos e a maioridade civil ocorria apenas aos 21 anos. Assim, era poss’vel haver um indiciado que era penalmente maior, mas civilmente menor de idade.

1.4 ! Forma de tramita•‹o

O sigilo no IP Ž o moderado, seguindo a regra do art. 20 do CPP:

Art. 20. A autoridade assegurar‡ no inquŽrito o sigilo necess‡rio ˆ elucida•‹o do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

A corrente doutrin‡ria que prevalece Ž a de que o IP Ž sempre sigiloso em

rela•‹o ˆs pessoas do povo em geral, por se tratar de mero procedimento

(22)

investigat—rio, n‹o havendo nenhum interesse que justifique o acesso liberado a qualquer do povo.

16

Entretanto, o IP n‹o Ž, em regra, sigiloso em rela•‹o aos envolvidos (ofendido, indiciado e seus advogados), podendo, entretanto, ser decretado sigilo em rela•‹o a determinadas pe•as do InquŽrito quando necess‡rio para o sucesso da investiga•‹o (por exemplo: Pode ser vedado o acesso do advogado a partes do IP que tratam de requerimento do Delegado pedindo a pris‹o do indiciado, para evitar que este fuja).

Com rela•‹o ao acesso por parte do advogado, h‡ previs‹o no art. 7¼, XIV do Estatuto da OAB. Vejamos o que diz esse dispositivo:

Art. 7¼ S‹o direitos do advogado:

(...) XIV - examinar, em qualquer institui•‹o respons‡vel por conduzir investiga•‹o, mesmo sem procura•‹o, autos de flagrante e de investiga•›es de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos ˆ autoridade, podendo copiar pe•as e tomar apontamentos, em meio f’sico ou digital; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 13.245, de 2016)

Durante muito tempo houve uma diverg•ncia feroz na Doutrina e na Jurisprud•ncia acerca do direito do advogado de acesso aos autos do IP, principalmente porque o acesso aos autos do IP, em muitos casos, acabaria por retirar completamente a efic‡cia de alguma medida preventiva a ser tomada pela autoridade.

Visando a sanar essa controvŽrsia, o STF editou a sœmula vinculante n¡ 14, que possui a seguinte reda•‹o:

Sœmula vinculante n¼ 14

Òƒ direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j‡ documentados em procedimento investigat—rio realizado por —rg‹o com compet•ncia de pol’cia judici‡ria, digam respeito ao exerc’cio do direito de defesaÓ.

Percebam, portanto, que o STF colocou uma Òp‡-de-calÓ na discuss‹o, consolidando o entendimento de que:

⇒ ! Sim, o IP Ž sigiloso

⇒ ! N‹o, o IP n‹o Ž sigiloso em rela•‹o ao advogado do indiciado, que deve ter livre acesso aos autos do IP, no que se refere aos elementos que j‡ tenham sido juntados a ele.

17

ƒ —bvio, portanto, que se h‡ um pedido de pris‹o tempor‡ria, por exemplo, esse mandado de pris‹o, que ser‡ cumprido em breve, n‹o dever‡ ser juntado aos autos, sob pena de o advogado ter acesso a ele antes de efetivada a medida, o que poder‡ levar ˆ frustra•‹o da mesma.

16

NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 124

17

N‹o ˆs dilig•ncias que ainda estejam em curso.

(23)

Outro tema que pode ser cobrado, se refere ˆ necessidade (ou n‹o) da presen•a do defensor (Advogado ou Defensor Pœblico) no Interrogat—rio Policial.

ƒ pac’fico que a presen•a do advogado no interrogat—rio JUDICIAL Ž INDISPENSçVEL, atŽ por for•a do que disp›e o art. 185, ¤1¡ do CPP

18

.

Entretanto, n‹o h‡ norma que disponha o mesmo no que se refere ao interrogat—rio em sede policial. Vejamos o que diz o art. 6¡ do CPP:

Art. 6

o

Logo que tiver conhecimento da pr‡tica da infra•‹o penal, a autoridade policial dever‡:

(...) V - ouvir o indiciado, com observ‰ncia, no que for aplic‡vel, do disposto no Cap’tulo III do T’tulo Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

Vejam que o inciso que trata do interrogat—rio em sede policial determina a aplica•‹o das regras do inquŽrito judicial, NO QUE FOR APLICçVEL. A quest‹o Ž:

Exige-se, ou n‹o, a presen•a do advogado?

Vem prevalecendo o entendimento de que o indiciado deve ser alertado sobre seu direito ˆ presen•a de advogado, mas, caso queira ser ouvido mesmo sem a presen•a do advogado, o interrogat—rio policial Ž v‡lido. Assim, a regra Ž: deve ser possibilitado ao indiciado, ter seu advogado presente no ato de seu interrogat—rio policial. Caso isso n‹o ocorra (a POSSIBILIDADE de ter o advogado presente), haver‡ nulidade neste interrogat—rio em sede policial.

Contudo, mais uma pol•mica surgiu. A Lei 13.245/16, que alterou alguns dispositivos do Estatuto da OAB, passou a prever, ainda, que Ž direito do defensor Òassistir a seus clientes investigados durante a apura•‹o de infra•›es, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogat—rio ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigat—rios e probat—rios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamenteÓ.

Art. 7¼ (...) XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apura•‹o de infra•›es, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogat—rio ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigat—rios e probat—rios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apura•‹o: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.245, de 2016)

A pergunta que fica Ž: a presen•a do advogado passou a ser considerada INDISPENSçVEL tambŽm no interrogat—rio policial? Ainda n‹o temos posicionamento dos Tribunais sobre isso, pois Ž muito recente. Mas h‡ duas correntes:

v ! 1¼ CORRENTE - O advogado, agora, Ž indispens‡vel durante o IP.

18

Art. 185 (...)

¤ 1o O interrogat—rio do rŽu preso ser‡ realizado, em sala pr—pria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a seguran•a do juiz, do membro do MinistŽrio Pœblico e dos auxiliares bem como a presen•a do defensor e a publicidade do ato. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 11.900, de 2009)

==0==

(24)

v ! 2¼ CORRENTE - A Lei n‹o criou essa obrigatoriedade. O que a Lei criou foi, na verdade, um DEVER para o advogado que tenha sido devidamente constitu’do pelo indiciado (dever de assisti-lo, sob pena de nulidade). Caso o indiciado deseje n‹o constituir advogado, n‹o haveria obrigatoriedade.

Assim, Ž necess‡rio que os Tribunais Superiores se manifestem sobre o tema para que possamos ter um posicionamento mais seguro.

1.4.1 ! Incomunicabilidade do preso O art. 21 do CPP assim disp›e:

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado depender‡ sempre de despacho nos autos e somente ser‡ permitida quando o interesse da sociedade ou a conveni•ncia da investiga•‹o o exigir.

Par‡grafo œnico. A incomunicabilidade, que n‹o exceder‡ de tr•s dias, ser‡ decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do —rg‹o do MinistŽrio Pœblico, respeitado, em qualquer hip—tese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 5.010, de 30.5.1966)

A incomunicabilidade consiste em deixar o preso sem contato algum com o mundo exterior, seja com a fam’lia, seja com seu advogado.

A despeito de o art. 21 do CPP ainda estar formalmente em vigor, a Doutrina Ž un‰nime ao entender que tal previs‹o NÌO foi recepcionada pela CF/88, por duas raz›es:

⇒ ! A CF/88 prev• que Ž direito do preso o contato com a fam’lia e com seu advogado

⇒ ! A CF/88, em seu art. 136, ¤3¼, IV, estabelece ser vedada a incomunicabilidade do preso durante o estado de defesa. Ora, se nem mesmo durante o estado de defesa (situa•‹o na qual h‡ a flexibiliza•‹o das garantias individuais) Ž poss’vel decretar a incomunicabilidade do preso, com muito mais raz‹o isso n‹o Ž poss’vel em situa•‹o normal.

1.4.2 ! Indiciamento

O indiciamento Ž o ato por meio do qual a autoridade policial, de forma

fundamentada, ÒdirecionaÓ a investiga•‹o, ou seja, a autoridade policial centraliza

as investiga•›es em apenas um ou alguns dos suspeitos. Assim:

(25)

Vejam, portanto, que a autoridade policial come•a investigando algumas pessoas (suspeitas), mas no decorrer das investiga•›es vai descartando algumas, atŽ indiciar uma ou alguma delas. ƒ claro que nem sempre isso vai acontecer, ou seja, Ž poss’vel que s— haja um suspeito e ele seja indiciado, ou, Ž poss’vel ainda que haja v‡rios suspeitos e todos sem indiciados, etc.

O indiciamento n‹o desconstitui o car‡ter sigiloso do InquŽrito Policial, sendo apenas um ato mediante o qual a autoridade policial passa a direcionar as investiga•›es sobre determinada ou determinadas pessoas.

O ato de indiciamento Ž PRIVATIVO da autoridade policial

19

, nos termos do art. 2¼, ¤6¼ da Lei 12.830/13:

Art. 2¼ (...)

¤ 6o O indiciamento, privativo do delegado de pol’cia, dar-se-‡ por ato fundamentado, mediante an‡lise tŽcnico-jur’dica do fato, que dever‡ indicar a autoria, materialidade e suas circunst‰ncias.

Ainda que tal previs‹o legal n‹o existisse, tal conclus‹o poderia ser extra’da da pr—pria l—gica do IP: ora, se Ž a autoridade policial quem instaura, preside e conduz o IP, naturalmente Ž a autoridade policial quem tem atribui•‹o para o ato de indiciamento.

19

Se a pessoa a ser indiciada possui foro por prerrogativa de fun•‹o (Òforo privilegiadoÓ), a autoridade policial depender‡ do Tribunal que tem compet•ncia para processar e julgar o crime supostamente praticado pela pessoa detentora do foro por prerrogativa de fun•‹o (Ex.: STF, relativamente aos crimes comuns praticados por deputados federais) (STF Ð Inq. 2.411).

INDICIADOS:

"A" e "C"

SUSPEITO

"A"

SUSPEITO

"B"

SUSPEITO

"C"

SUSPEITO

"D"

(26)

1.5 ! Conclus‹o do inquŽrito policial

Esgotado o prazo previsto, ou antes disso, se conclu’das as investiga•›es, o IP ser‡ encerrado e encaminhado ao Juiz. Nos termos do art. 10 do CPP:

Art. 10. O inquŽrito dever‡ terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hip—tese, a partir do dia em que se executar a ordem de pris‹o, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fian•a ou sem ela.

¤ 1o A autoridade far‡ minucioso relat—rio do que tiver sido apurado e enviar‡ autos ao juiz competente.

Caso o Delegado n‹o consiga elucidar o fato no prazo previsto, dever‡ assim mesmo encaminhar os autos do IP ao Juiz, solicitando prorroga•‹o do prazo. Caso o indiciado esteja solto, o Juiz pode deferir a prorroga•‹o do prazo. Caso o indiciado esteja preso, o prazo n‹o pode ser prorrogado, sob pena de constrangimento ilegal ˆ liberdade do indiciado, ensejando, inclusive, a impetra•‹o de Habeas Corpus.

Estes prazos (10 dias e 30 dias) s‹o a regra prevista no CPP. Entretanto, existem exce•›es previstas em outras leis:

¥ ! Crimes de compet•ncia da Justi•a Federal Ð 15 dias para indiciado preso (prorrog‡vel por mais 15 dias) e 30 dias para indiciado solto.

¥ ! Crimes da lei de Drogas Ð 30 dias para indiciado preso e 90 dias para indiciado solto. Podem ser duplicados em ambos os casos.

¥ ! Crimes contra a economia popular Ð 10 dias tanto para indiciado preso quanto para indiciado solto.

O STJ firmou entendimento no sentido de que, estando o indiciado solto, embora exista um limite previsto no CPP, a viola•‹o a este limite n‹o teria qualquer repercuss‹o, pois n‹o traria preju’zos ao indiciado, sendo considerado como prazo impr—prio. Vejamos:

(...) 1. Esta Corte Superior de Justi•a firmou o entendimento de que, salvo quando o investigado se encontrar preso cautelarmente, a inobserv‰ncia dos lapsos temporais estabelecidos para a conclus‹o de inquŽritos policiais ou investiga•›es deflagradas no ‰mbito do MinistŽrio Pœblico n‹o possui repercuss‹o pr‡tica, j‡ que se cuidam de prazos impr—prios. Precedentes do STJ e do STF.

2. Na hip—tese, o atraso na conclus‹o das investiga•›es foi justificado em raz‹o da complexidade dos fatos e da quantidade de envolvidos, o que revela a possibilidade de prorroga•‹o do prazo previsto no artigo 12 da Resolu•‹o 13/2006 do Conselho Nacional do MinistŽrio Pœblico - CNMP.

3. Habeas corpus n‹o conhecido.

(HC 304.274/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/11/2014, DJe

12/11/2014)

(27)

A maioria da Doutrina e da Jurisprud•ncia entende que se trata de prazo de natureza processual. Assim, a forma de contagem obedece ao disposto no art. 798, ¤ 1¡ do CPP:

Art. 798. Todos os prazos correr‹o em cart—rio e ser‹o cont’nuos e perempt—rios, n‹o se interrompendo por fŽrias, domingo ou dia feriado.

¤ 1o N‹o se computar‡ no prazo o dia do come•o, incluindo-se, porŽm, o do vencimento.

Contudo, estando o indiciado PRESO, Doutrina e Jurisprud•ncia entendem, majoritariamente, que o prazo Ž considerado MATERIAL, ou seja, inclui o dia do come•o, nos termos do art. 10 do CP.

H‡ diverg•ncia na Doutrina quanto ao destino do IP, face ˆ promulga•‹o da Constitui•‹o de 1988 (O CPP Ž de 1941), posto que a CRFB/88 estabelece que o MP Ž o titular da a•‹o penal pœblica. Entretanto, a maioria da doutrina entende que a previs‹o de remessa do IP ao Juiz permanece em vigor, devendo o Juiz abrir vista ao MP para que tenha ci•ncia da conclus‹o do IP, nos casos de crimes de a•‹o penal pœblica, ou ainda, disponibilizar os autos em cart—rio para que a parte ofendida possa se manifestar, no caso de crimes de a•‹o penal privada.

Ainda com rela•‹o ao destinat‡rio do IP, a Doutrina se divide. Parte da Doutrina, acolhendo uma interpreta•‹o mais gramatical do CPP, entende que o destinat‡rio IMEDIATO do IP Ž o Juiz, pois o IP deve ser remetido a este. Desta forma, o titular da a•‹o penal seria o destinat‡rio MEDIATO do IP (porque, ao fim e ao cabo, o IP tem a finalidade de angariar elementos de convic•‹o para o titular da a•‹o penal).

Outra parcela da Doutrina, que parece vem se tornando majorit‡ria, entende que o destinat‡rio IMEDIATO seria o titular da a•‹o penal, j‡ que a ele se destina o IP (do ponto de vista de sua finalidade). Para esta corrente o Juiz seria o destinat‡rio MEDIATO, pois as provas colhidas no IP seriam utilizadas, ao fim e ao cabo, para formar o convencimento do Juiz.

Caso o MP entenda que n‹o Ž o caso de oferecer denœncia (por n‹o ter ocorrido o fato criminoso, por n‹o haver ind’cios a autoria, etc.), o membro do MP requerer‡ o arquivamento do IP, em peti•‹o fundamentada, incluindo todos os fatos e investigados. Caso o Juiz discorde, remeter‡ os autos do IP ao PGJ

20

(Procurador-Geral de Justi•a), que decidir‡ se mantŽm ou n‹o a posi•‹o de arquivamento. O Juiz est‡ obrigado a acatar a decis‹o do PGJ (Chefe do MP).

Mas, em se tratando de crime de a•‹o penal privada, o que se faz?

Depois de conclu’do o IP, nesta hip—tese, os autos s‹o remetidos ao Juiz, onde permanecer‹o atŽ o fim do prazo decadencial (para oferecimento da queixa), aguardando manifesta•‹o do ofendido. Essa Ž a previs‹o do art. 19 do CPP:

20

Em se tratando da Justi•a Federal de primeira inst‰ncia, o Juiz Federal remeter‡ os autos ˆ C‰mara de

Coordena•‹o e Revis‹o, na forma do art. 62, IV da LC 75/93.

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