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INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS NO BRASIL: ASPECTOS GERAIS DE UM CERTIFICADO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL

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INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS NO BRASIL: ASPECTOS GERAIS DE UM CERTIFICADO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL

BRUNO DUTTON RAMOS (INPI) bdutton@inpi.gov.br Cristina Gomes de Souza (CEFET/RJ) cgsouza@cefet-rj.br

Os ativos intangíveis têm se tornado cada vez mais importantes para a valoração das empresas tornando-se fundamentais para a competitividade das mesmas num mundo globalizado. Dentre os diversos ativos intangíveis, têm-se os chamados direitoos de propriedade industrial que abrangem patentes, desenhos industriais, marcas e indicações geográficas. No escopo da propriedade industrial, entretanto, as indicações geográficas têm sido pouco exploradas havendo desconhecimento sobre o seu significado e potencial de retorno econômico. Indicações geográficas consistem em um tipo de certificação concedida que identifica um produto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinada reputação,característica e/ou qualidade possam ser vinculadas essencialmente a esta sua origem particular. Trata-se de uma garantia quanto à origem de um produto e/ou suas qualidades e características regionais. O Brasil, como grande exportador de produtos agrícolas, apresenta forte potencial para esse tipo de proteção. O objetivo do trabalho é apresentar a indicação geográfica como ativo de propriedade industrial, dar conhecimento sobre os procedimentos necessários para obter a concessão de IG, relatar o primeiro caso de sucesso e identificar possíveis nichos a serem protegidos através dessa certificação. A pesquisa baseou-se em revisão bibliográfica, incluindo consulta a Lei da Propriedade Industrial (LPI - Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996), atos normativos internos do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), assim como consulta a relatórios de associação e órgãos de governo. Espera-se com o trabalho contribuir para a disseminação da temática no meio acadêmico e empresarial de modo a estimular iniciativas desse tipo de proteção ainda pouco utilizada no país.

Palavras-chaves: Indicações geográficas, propriedade industrial, certificação

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2 1. Introdução

Os ativos intangíveis têm se tornado cada vez mais importantes para a valoração das empresas, sendo fundamentais para a competitividade das mesmas num mundo globalizado. Dentre os diversos ativos intangíveis, têm-se os chamados direitos de propriedade industrial que abrangem patentes, desenhos industriais, marcas e indicações geográficas. No escopo da propriedade industrial, entretanto, as indicações geográficas têm sido pouco exploradas, havendo desconhecimento sobre o seu significado e potencial de retorno econômico. Indicações geográficas (IG) consistem em um tipo de certificação concedida que identifica um produto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinada reputação,característica e/ou qualidade possam ser vinculadas essencialmente a esta sua origem particular. Trata-se de uma garantia quanto à origem de um produto e/ou suas qualidades e características regionais, sendo um importante passo para agregar valor e obter um diferencial competitivo que possa efetivamente ser valorizado pelos consumidores. O Brasil, como grande exportador de produtos agrícolas, apresenta forte potencial para esse tipo de proteção.

O objetivo do trabalho é apresentar a indicação geográfica como ativo de propriedade industrial, dar conhecimento sobre os procedimentos necessários para obter a concessão de IG, relatar o primeiro caso de sucesso e identificar possíveis nichos a serem protegidos através dessa certificação.

A pesquisa baseou-se em revisão bibliográfica, incluindo consulta a Lei da Propriedade Industrial (LPI – Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996), atos normativos internos do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), assim como consulta a relatórios de associação e órgãos de governo. Espera-se com o trabalho contribuir para a disseminação da temática no meio acadêmico e empresarial de modo a estimular iniciativas desse tipo de proteção ainda pouco utilizada no país.

2. Indicação Geográfica 2.1 Origem da IG

As indicações geográficas podem ser consideradas um tipo de certificação pertencente à área da propriedade intelectual e, mais especificamente, da propriedade industrial. Como em outros processos desta natureza, a propriedade e o produto são avaliados dentro de padrões previamente estabelecidos e aceitos a fim de garantir a certificação. O objetivo geral é gerar um diferencial competitivo, de modo a viabilizar o aumento do valor do produto, tornando-se de suma importância para vencer a competição no mercado e gerar consumidores fiéis.

O interesse pela proteção da indicação geográfica começou no passado europeu, há quase dois séculos. A sua origem está na França, quando produtores das regiões francesas de Bourgogne e Bourdeaux foram convidados a serem os fornecedores oficiais dos vinhos que seriam servidos em uma exibição internacional, realizada na cidade de Paris. Desse modo, com o intuito de certificar que os vinhos eram originados daquelas regiões produtoras, foi elaborada uma classificação pelos fabricantes, que é considerada atualmente como a base das indicações geográficas (RODRIGUES

& MENEZES, 2000).

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3 Ainda segundo os autores, baseando-se no processo de proteção realizado pelos fornecedores de vinhos da exposição citada, outras áreas francesas e de vários outros países europeus iniciaram a criação de mecanismos com o intuito de resguardar seus produtos vinícolas, cientes da necessidade de conservar integralmente suas características e protegê-los contra os concorrentes. Desde então se iniciou, também, a construção de uma estrutura legal e administrativa objetivando a identificação e a proteção das indicações geográficas sobre esses produtos.

A exigência de produtos com qualidade, como consequencia da demanda atual, tanto no mercado interno como no internacional, acarreta a necessidade de adoção de novas ferramentas para inovar e valorizar os produtos e serviços característicos e particulares de cada país. Nesse sentido, as indicações geográficas surgem como uma possibilidade de desenvolvimento econômico para o Brasil (BRONDANI & LOCATELLI, 2008).

2.2 Conceito de IG

De modo abrangente, as indicações geográficas são formas de proteção a bens imateriais e intangíveis, por meio da designação de sinais próprios e distintivos, que diferenciam produtos e serviços por sua localidade.

A LPI nº 9.279, de 14 de maio de 1996, que regula os direitos e obrigações relativos á propriedade industrial, não define o conceito de indicação geográfica, apenas destaca os dois tipos que a constituem, sendo elas a indicação de procedência (IP) e a denominação de origem (DO), inexistindo hierarquia entre ambas.

Segundo a referida lei, considera-se indicação de procedência o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Já a denominação de origem, refere-se ao nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.

O uso da indicação geográfica é restrito aos produtores e prestadores de serviço estabelecidos no local, exigindo-se, ainda, em relação às denominações de origem, o atendimento de requisitos de qualidade.

O INPI, autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), é o órgão competente para analisar o pedido, conceder o direito e definir as condições de registro das indicações geográficas. A Resolução INPI n.º 075, de 28 de novembro de 2000, estabelece os procedimentos e condições para o registro das IG.

2.3 O processo de reconhecimento de IG

De acordo com o artigo 6º da resolução supracitada, o pedido de registro de indicação geográfica deverá ser realizado por pessoa física, associação, instituto ou pessoa jurídica autorizada e representativa da coletividade legitimada, estabelecida no respectivo território, e referir-se a um único nome geográfico e, nas condições estabelecidas em ato próprio do INPI, deverá conter os seguintes documentos e informações:

a) Instrumento hábil e comprobatório da legitimidade requerente;

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4 b) Cópia dos atos constitutivos (ex.: estatuto social) do requerente e da última ata de eleição;

c) Cópias do documento de identidade e de inscrição no CPF do representante legal da entidade requerente;

d) Regulamento de uso do nome geográfico;

e) Instrumento oficial que delimita a área geográfica;

f) Descrição do produto ou serviço;

g) Características do produto ou serviço;

h) Comprovante do recolhimento da retribuição correspondente;

i) Procuração, se for o caso;

j) Etiquetas, quando se tratar de representação gráfica ou figurativa da denominação geográfica ou de representação geográfica de país, cidade, região ou localidade do território;

k) Comprovação de estarem os produtores ou prestadores de serviços estabelecidos na área geográfica objeto do pedido e exercendo efetivamente a atividade econômica que buscam proteger;

l) Elementos que garantam a existência de uma estrutura de controle sobre os produtores ou prestadores que tenham o direito ao uso exclusivo da indicação geográfica bem como sobre o produto ou o serviço por ela distinguida.

Caso o pedido de registro seja para indicação de procedência, o mesmo deverá conter adicionalmente às informações anteriormente relacionadas, comprovação de que a localidade tornou-se conhecida como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou como centro de prestação do serviço como, por exemplo, reportagens de jornais e revistas, artigos científicos, livros, músicas, entre outros.

Sendo a denominação de origem o objeto do pedido de registro, é necessário enviar, juntamente com a delimitação da área geográfica, a descrição das qualidades e características do produto ou do serviço que se devam, exclusiva ou essencialmente, ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos, do processo ou método de obtenção do produto ou do serviço, que devem ser locais, leais e constantes.

No caso de um único produtor ou prestador de serviço estar legitimado ao uso exclusivo do nome geográfico, estará o mesmo, pessoa física ou jurídica, autorizado a requerer o registro da indicação geográfica em nome próprio.

Em se tratando de nome geográfico estrangeiro já reconhecido como indicação geográfica no seu país de origem ou por entidades e organismos internacionais competentes, o registro deverá ser requerido pelo titular do direito sobre a IG. Nesse caso, o artigo 8º relata que fica dispensada a apresentação dos documentos de que tratam os artigos 6º e 7º apenas relativamente aos dados que

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5 constem do documento oficial que reconheceu a IG, o qual deverá ser apresentado em cópia oficial, acompanhado de tradução juramentada.

Há importantes informações contidas no referido normativo e no site do INPI sobre procedimentos e prazos para cumprimento de exigências formuladas durante exame formal, para envio de procuração, manifestação de terceiros em relação ao pleito e pedido de reconsideração, que devem ser observados pelo requerente e interessados no objeto.

Todas as solicitações feitas ao INPI devem ser realizadas em formulário padronizado, disponíveis no site da autarquia, e que englobam o pedido de registro, a folha de petição e solicitação de fotocópia.

2.4 Importância da IG

Um dos benefícios esperados do produto com selo de IG é seu destaque dos demais, pois envolve um histórico e mexe com o pensamento das pessoas, à medida que remete ao local onde é fabricado e de alguma forma faz recordar a paisagem, o clima ou o cheiro da região, cativando, desse modo, o consumidor. O valor mais elevado do produto passa a ser aceito pelos consumidores assim que percebem um diferencial, seja no paladar, visual, olfato, ou até mesmo no imaginário. A fidelização é a principal consequencia, sendo a acepção da indicação geográfica. (CALLIARI, 2008).

Indicação geográfica valoriza regionalidades. O desafio de exportar das empresas brasileiras e a crescente exigência do consumidor nacional por produtos de qualidade aceleram a necessidade de adoção de ferramentas inovadoras que possam manter e ampliar mercados. Nesse contexto, as IG ganham suma relevância, atuando como ferramentas coletivas de promoção comercial, impulsionando a exportação de produtos nacionais com diferencial competitivo, buscando criar valor local.

Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na Europa, 43% dos consumidores pagariam 10% a mais por produtos com indicação geográfica, e dentre esses, 11% pagariam de 20 a 30% a mais por artigos com IG. Exemplo disso são os vinhos, que em média custam 1,28 €/litro, enquanto os com IG custam 4,19 €/litro (MAPA, 2008).

Por sua vez, o XIII AgroEx – Seminário do Agronegócio para Exportação, publicado no site do MAPA, expõe que a qualificação dos produtos pela indicação geográfica traz os seguintes benefícios:

Valoriza os produtos;

Confere maior competitividade no mercado internacional, uma vez que as IG projetam imagem associada à qualidade e tipificação do produto, promovendo garantia institucional de qualidade, reputação e identidade do produto;

Fideliza o consumidor que, sob a etiqueta de IG, sabe que vai encontrar um produto de qualidade e com características regionais;

Traz mais lucro aos produtores;

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Potencia as cadeias de produção (maior oferta de empregos no campo, na indústria, no turismo e nos serviços);

Confere uma dimensão territorial;

Permite uma melhoria na definição de estratégias de marketing e comercialização;

Aquisição de dimensão competitiva por meio da concentração da oferta;

Valorização das propriedades rurais da área geográfica.

3. Caso de sucesso: Vale dos Vinhedos

Atualmente, existem no Brasil quatro selos de IG, todos relativos a IP, que caracterizam produtos de regiões específicas: o vinho do Vale dos Vinhedos e a Carne do Pampa Gaúcho, ambos no Rio Grande do Sul; o Café do Cerrado de Minas Gerais e a cachaça de Paraty, no Rio de Janeiro.

Como caso de sucesso, será apresentado o Vale dos Vinhedos, primeira IG de uma região situada no país.

A região do Vale dos Vinhedos está localizada entre os municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Garibaldi, na Serra Gaúcha. Pertencem ao Vale dos Vinhedos todas as terras cujo deságue se dá no Arroio Pedrinho, numa conjunção territorial que toma parte dos três municípios.

Com o objetivo de conquistar mercados mais exigentes e obter reconhecimento dos vinhos da região, atendendo as exigências legais da indicação geográfica, foi criada em 1995, pela união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (APROVALE). A associação conta atualmente com 31 vinícolas e 28 associados não produtores de vinhos.

Em 22 de novembro de 2002, a APROVALE, entidade responsável pelo pedido de reconhecimento geográfico perante o INPI, obteve a concessão da indicação de procedência

‘Vale dos Vinhedos’ (IPVV). Surgiu desde então o selo de controle ‘Vale dos Vinhedos’, destinado aos vinhos e espumantes que utilizam uvas da região na sua elaboração, além de engarrafados na origem, concedido pela entidade detentora dessa propriedade industrial, e que estabelece os critérios de controle de produção e elaboração.

De acordo com APROVALE, os selos possuem número para controle e são aplicados como lacre ligando a cápsula à garrafa, distinguindo-a das demais. Cada garrafa aprovada e identificada com o selo de controle confirma e diferencia a exuberância de um vinho que, antes da marca, fica reconhecido pela procedência de uma região demarcada com um nome, que passa a ser, também, um novo símbolo: Vale dos Vinhedos.

A IPVV promoveu diversas inovações no âmbito da região, sendo elas (APROVALE, s.d.):

Área geográfica de produção limitada;

Conjunto de cultivares autorizados, todas da espécie Vitis vinifera L.;

Origem da matéria-prima = 85% do Vale;

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Conjunto restritivo de produtos vinícolas autorizados;

Limite de produtividade máxima por hectare;

Padrões de identidade e qualidade química e sensorial;

Elaboração, envelhecimento e engarrafamento na área delimitada;

Sinal distintivo para o consumidor, através de normas específicas de rotulagem;

Conselho Regulador de autocontrole;

Respeito às I.G. Reconhecidas.

A concessão do registro de indicação geográfica para os vinhos originários da região do Vale dos Vinhedos acarretou implicações de âmbitos econômicos, comerciais, sociais e de turismo muito grande.

Alguns dados divulgados pelo MAPA em 2008 confirmam o sucesso obtido pela região demarcada e pelos produtos detentores do selo de indicação de procedência, sendo os principais:

Desenvolvimento da agroindústria vitivinícola (dez novas empresas em 5 anos e cinco em projeto);

Valorização das terras de 200% a 500% nos 5 anos seguintes a concessão do registro;

Em 2003, a região recebeu aproximadamente 70.000 turistas, e já em 2005, esse número aumentou em quase 70%;

Sua produção acresceu de 600 mil para 10 milhões de litros;

A receita aumentou de R$ 2,4 milhões para R$ 150 milhões.

Destaca-se que, em 2007, a indicação geográfica Brasileira ‘Vale dos Vinhedos’ foi incluída na lista de IG protegidas da União Européia, obtendo proteção legal e exclusividade no Mercado Europeu. Isso quer dizer que os vinhos e espumantes que ostentam o selo de indicação de procedência ‘Vale dos Vinhedos’ passaram a ter entrada livre nos países que integram a União Européia, podendo exibir nos rótulos a safra, as variedades e a procedência da região.

Em 2007, o presidente da APROVALE, Luís Henrique Zanini, em entrevista publicada no site da Agência Brasil de notícia, previu um aumento inicial de 15% nas exportações para a União Européia, aumentando, segundo ele, em até cinco anos, de três a quatro vezes o volume exportado de 500 mil litros em 2006, podendo superar os 2 milhões de litros.

4. Nichos potenciais de proteção

Com base nas informações apresentadas, a indicação geográfica é considerada uma certificação que gera diferencial competitivo e agrega valor ao produto e a região de que provém. O aumento

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8 de produtos com selo de IG tornará o país mais competitivo no exterior, além de aumentar o dinamismo de toda a cadeia produtiva, com desenvolvimento de empregos e geração de renda.

O Departamento de Propriedade Intelectual e Tecnologia da Agropecuária (DEPTA), criado no âmbito da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, pelo Decreto nº 5.351, de 21/01/05, que trata da Estrutura Regimental do MAPA, possui atribuições que perfazem ações que visam à elaboração e à coordenação de planos, programas e projetos relacionados aos processos de propriedade intelectual. Uma das áreas do Departamento refere-se à Coordenação de Incentivo à Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários (CIG), que tem como missão precípua estabelecer-se como instrumento institucional de desenvolvimento sustentável, de agregação de valor por IG, por valorização das diferenças e identidades culturais próprias, da organização da produção, e da inocuidade e qualidade dos produtos agropecuários. Possui como competências o apoio ao desenvolvimento de estudos subsidiários e instrumentos de parcerias quanto ao reconhecimento de indicação geográfica de produtos agropecuários, inclusive no que se refere aos aspectos normativos, bem como dar suporte técnico aos processos de concessão, manutenção, cancelamento ou anulação de certificado de IG de produtos agropecuários, em matérias específicas.

Devido ao grande potencial de expansão das indicações geográficas no Brasil para produtos agropecuários, o MAPA, por meio da CIG, está realizando um Diagnóstico Nacional de Potenciais Indicações Geográficas nas cinco regiões brasileiras, visando o levantamento de informações para o planejamento de atividades relacionadas à proteção e ao reconhecimento de IG para produtos agropecuários, cooperando com a missão do Ministério de formular e implementar políticas para o desenvolvimento do agronegócio que sejam capazes de atender ao consumidor, gerando renda e emprego.

Os trabalhos de Diagnóstico são conduzidos pelos Fiscais Federais Agropecuários das Superintendências Federais de Agricultura (SFA-UF/DF) nos Estados e permitem o mapeamento dos produtos agropecuários. Já existem diversos produtos identificados com potencial para indicação geográfica, destacados devido à importância social, cultural e econômica para suas regiões, bem como em atendimento aos requisitos específicos para a proteção.

A figura 1 relaciona os produtos com potencial de IG nas regiões Sul/Sudeste. A figura 2 apresenta as potencialidades nas regiões Norte/Centro-Oeste. A figura 3 destaca o mapeamento efetuado na região Nordeste:

MG SC RS ES PR SP

Queijo Minas Artesanal Cachaça Inhame

Queijo Serrano Uva Goethe

Queijo Serrano Vinhos e Uvas

Café da

Montanha

Café Café

Cachaças Frutas Fonte: Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários, 14/04/2009; MAPA

Figura 1 – Produtos com potenciais de IG por Estado da Região Sul/Sudeste

AM PA AP AC MT DF GO MS

Cacau Açaí das Mel da Ilha Farinha de Cavalo Morango Açafrão Lingüiça

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Farinha Peixe Ornamental Guaraná Açaí Amêndoas Cupuaçu

Ilhas Castanha do Brasil Feijão Caupi Fibra de Curauá Farinha de Mandioca Farinha de Tapioca

Castanha Industrializada

Mandioca Abacaxi Urucum Castanha do Brasil Essências Florestais

Pantaneiro Canjinjin

Pimentão Cavalo

Pantaneiro Erva Mate Mel

Fonte: Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários, 14/04/2009; MAPA

Figura 2 – Produtos com potenciais de IG por Estado da Região Norte/Centro-Oeste

MA PI CE RN AL BA PE PB

Cachaça Farinha D'água Queijo

Tiquira Doce de Espécie Abacaxi

Mel do Piauí.

Queijo de Coalho Cajuína

Rapadura

Cachaça Artesanal Doce de Buriti Amêndoas de Castanha de Caju Mel de Abelha Manteiga

Manta de Carneiro Paçoca

Queijo coalho Manteiga

Arroz Vermelho

Farinha Café Mandioca e Derivados Mel de Abelhas Cachaça

Queijo coalho Uva Manga Farinha

Abacaxi Pérola Cachaça do Brejo Coco

Fonte: Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários, 14/04/2009; MAPA

Figura 3 – Produtos com potenciais de IG por Estado da Região Nordeste

5. Conclusão

A proteção legal de produtos por meio da indicação geográfica é um instrumento de suma relevância para a sociedade. Para os produtores, a utilização de selos distintivos é um modo de combate ao desprestígio e a concorrência desleal, e aos consumidores, uma garantia contra o engano. Para a sociedade como um todo, é sinônimo de geração de renda, emprego e competitividade, principalmente no exterior.

O Vale dos Vinhedos, situado no Rio Grande do Sul, foi a primeira Indicação geográfica estabelecida no Brasil, na forma de indicação de procedência. Foram destacadas diversas decorrências positivas de setores da economia da região, grande parte em consequencia dessa certificação.

Com o intuito de levantar os nichos com potencias para indicação geográfica, propiciando orientação e assistência, visando o desenvolvimento econômico e social das regiões, entidades

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10 governamentais, em parceria com entidades privadas, começam a mapear os arranjos produtivos locais com condições para possível proteção. Entretanto, a indicação geográfica ainda é um tema pouco abordado pela sociedade brasileira. Sua discussão e compreensão são fatores essenciais para que os produtores locais se organizem e tenham condições buscar essa proteção, cientes dos benefícios futuros advindos pelo reconhecimento da região. O conhecimento dos procedimentos necessários para obter a concessão de IG, determinados pela LPI e por atos normativos internos do INPI são também importantes para que as entidades requerentes, representativas da coletividade da área geográfica, tenham seus pedidos de registro concedidos.

Referências

BORTOLINI, Lygia de Oliveira Figueiredo. XIII AgroEx – Seminário do Agronegócio para Exportação, 2008.

Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 02 de abril de 2009.

BRASIL. Lei nº 9279, de 14 de maio de 1996, que regula Direitos e Obrigações Relativos à Propriedade Industrial.

BRONDANI, P. & LOCATELLI, L. A Proteção Jurídica das Indicações Geográficas como Instrumento de Desenvolvimento Econômico. In: XIV Seminário Institucional de Iniciação Científica, 2008, Frederico Westphalen.

CALLIARI, M. A. In, GANDRA, A. Indicação geográfica estimula diferencial competitivo de produtos brasileiros. Disponível em: <http/: www.inpi.gov.br/menu-superior/imprensa/clipping/outubro-2008/20-10-2008>.

Acesso em: 25 de março de 2009.

Diagnóstico das Potenciais Indicações Geográficas no Brasil. Disponível em:

<http://www.agricultura.gov.br/portal/page?_pageid=33,7538304&_dad=portal&_schema=PORTAL>. Acesso em 10 de abril de 2009.

GUSELLA, A.F. Valorizando o Produto com Uso da Indicação Geográfica na Agropecuária, 2008. Disponível em:

<http://www.agricultura.gov.br/pls/portal/docs/PAGE/MAPA/MENU_LATERAL/AGRICULTURA_PECUARIA/R ELACOES_INTERNACIONAIS/PROMOCOES_INTERNACIONAIS/AGROEX/CALENDARIO_AGROINT_200 8/AGROEX_XX_2008/2.%20VALORIZANDO%20O%20PRODUTO%20COM%20USO%20DA%20INDICA%C 7%C3O%20GEOGR%C1FICA%20NA%20AGROPECU%C1RIA_0.PDF>. Acesso em 02 de abril de 2009.

INPI. Resolução nº 075, de 28 de novembro de 2000, que estabelece as condições para o registro das indicações geográficas.

MILAN, A.G. & MILAN, J. Indicação de procedência Vale dos Vinhedos “Inserção no Comércio Internacional”.

In: Aprovale, s.d.

RODRIGUES, M.A.C & MENEZES, J.C.S.A proteção legal à indicação geográfica no Brasil. Revista da ABPI, n. 48, set./out. 2000. p. 3.

ZANINI, L.H. In, PRESTES, S. Selo de indicação geográfica vai aumentar exportação de vinhos da serra gaúcha, prevê presidente de associação, 2007.

Disponível em: <http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/02/04/materia.2007-02-04.2422740837/view>.

Acesso em: 28 de março de 2009.

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