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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA UFSM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – UFSM

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ENSAIO ACERCA DA ESTRUTURA PRODUTIVA DO SETOR VINÍCOLA DO RIO GRANDE DO SUL: UMA PROPOSIÇÃO METODOLÓGICA

(2009)

EQUIPE TÉCNICA:

Pesquisadores: Dra. Glaucia Angélica Campregnher (Coordenador) Ms. Gabriel Nunes de Oliveira

Dr. Clailton Ataídes de Freitas Bolsistas: Paulo Henrique Hoeckel

Santa Maria, março de 2011

(2)

2

ENSAIO ACERCA DA ESTRUTURA PRODUTIVA DO SETOR VINÍCOLA DO RIO GRANDE DO SUL: UMA PROPOSIÇÃO METODOLÓGICA

(2009)

Resumo: O presente estudo tem por objetivos retratar o setor vinícola do Rio Grande do Sul a partir de uma amostra composta por 59 empresas. O questionário foi estruturado para contemplar cinco aspectos relacionados ao processo de produção de vinho: o tamanho das vinícolas, os tipos de vinhos produzidos, o estoque de capital, o custo de produção e a receita gerada. Com relação ao primeiro aspecto, ficou visível que a predomina no Estado as micro vinícolas com mais de 90% das empresas. Além disso, foi diagnosticada uma grande ociosidade do capital, em média de 50%. Com relação a diferença de tamanho das vinícolas notou-se que os investimentos imobilizados em prédios, máquinas e equipamentos foram muito altos, superando R$ 1,2 milhões para o caso das micros vinícolas e de R$ 30 milhões quando se trata grandes. Quando o foco da pesquisa se voltou para os custos de produção, notou-se pouca variabilidade de custos para algumas subcategorias do Básico Popular. Entretanto, as oscilações de custos se tornaram bem mais pronunciadas para os casos do Ícone. A taxa de conversão da uva em vinho de mesa é em média de 1,3 kg por litro. Finalmente, o estimou-se que o setor vinícola do Rio Grande do Sul gerou de renda agregada de, aproximadamente, R$ 960 milhões no ano da amostra.

Palavras-chave: categorias e subcategorias de vinho, setor vinícola, custo de produção do vinho.

Abstract:

(3)

3

1 INTRODUÇÃO

Em razão dos fatores edafo-climáticos e culturais predomina no país o cultivo de uvas americanas e híbridas, sendo as vitis vinifera exploradas em menor escala. Dessa forma, grande parte do vinho nacional utiliza matéria-prima não apropriada para a produção de vinhos de alta qualidade. Essa, talvez seja, a grande limitação do vinho fabricado no Brasil.

No entanto, nota-se um grande esforço empreendido pelo setor, nos últimos anos, em busca da melhoria da qualidade do vinho nacional. Isso ocorreu, principalmente, a partir da década de 90, com a abertura da economia brasileira, o que fez a importação de vinho crescer substancialmente, especialmente, na última década. Esse argumento é condizente com Rosa et al.

(2006). Segundo esses autores, o agronegócio do vinho vem sofrendo os efeitos do progressivo processo de globalização e internacionalização de mercados. Nota-se que no setor de bebidas brasileiro, mais diretamente no segmento de vinhos, está ocorrendo um crescente incremento dos produtos importados, os quais estão se firmando no mercado nacional , juntando-se à marcas importadas já populares no mercado de vinho. Este fato é ainda mais significativo quando se trata dos vinhos considerados finos e de qualidade superior aos convencionais de mesa.

Apesar do lado perverso da exposição desse mercado à competitividade internacional, existe um fator positivo do processo de abertura do setor, pois, a competição dos vinho nacional aos similares importados força as vinícolas a buscarem aumentar qualidade dos seus produtos através de aprimoramento tecnológico nos processos produtivos, bem como a busca de redução de custos capaz de garantir preços mais competitivos.

Diante dessa realidade conjuntural, as empresas que atuam em estruturas de mercado competitivas, como as do setor vitivinícola, devem se tornar cada vez mais eficientes para fazer frente aos similares importados. Assim, o controle mais sistemático dos custos de produção, por parte das mesmas, tende a se converter num dos principais elementos de aumento de eficiência.

Isso significa que saber identificar, dimensionar e apropriar adequadamente, cada um dos itens do custo total possibilita o maior controle da situação financeira da empresa, diagnosticando possíveis pontos de estrangulamentos financeiros.

Além do mais, uma análise criteriosa dos custos de produção torna-se fundamental na

avaliação da rentabilidade econômica das vinícolas, pois, se a receita obtida com a venda da

produção se mantiver abaixo do custo de produção, por longo tempo, situação econômica dessas

vinícolas pode-se tornar insustentável. Por essa razão, o adequado conhecimento dos custos de

produção evita que ocorram subdimensionamentos dos mesmos, o que poderá retratar uma

situação falsamente favorável. Além disso, estratégias podem ser adotadas para minimizar os

(4)

4 custos com insumos, cujo peso tenha maior expressão na estrutura de custo das vinícolas, principalmente, utilizando-se de sistemas de cooperação como compras em conjunto.

Além do olhar clínico sobre os custos, a racionalização do processo de produção – com a introdução de novos produtos, que visam ao atendimento de fatias específicas de mercado, ou mesmo com a adoção de novas tecnologias podem tornam as empresas mais eficientes.

Apesar da importância desse setor em termos sociais e culturais, não se tem no estado da arte no Brasil, nenhuma pesquisa que buscou estimar os custos de produção dos principais tipos de vinho

1

. Nesse sentido, espera-se com a consecução dessa pesquisa preencher essa lacuna teórica e assim, contribuir não apenas com o debate acadêmico, mas, principalmente, com a demanda do setor, que até o presente momento não dispõe de informações científicas sobre qual o custo de se produzir vinho no Rio Grande do Sul.

Diante desse pano de fundo, delineiam-se como objetivos: i) classificar por tamanho e identificar a capacidade ociosa das vinícolas; ii) identificar as categorias e subcategorias dos vinhos produzidos pela vinícolas pesquisadas; iii) analisar o volume médio e total de produção de vinho de cada categoria e subcategoria de vinho; iv) levantar os preço médio das subcategorias de vinho na região de abrangência da pesquisa; v) estimar o estoque de capital das vinícolas classificadas por tamanho; vi) definir os custos médios de produção das subcategorias de vinho pesquisados; vii) analisar a rentabilidade obtida por subcategorias de vinho; viii) calcular os coeficientes financeiros e técnicos das vinícolas amostradas classificadas por tamanho, ix) identificar a taxa de conversão de uva por litro de vinho por tamanho das vinícolas. x) apurar os resultados financeiros das vinícolas classificadas por tamanho.

Este estudo esta dividido em seis seções, sendo a primeira constituída pela presente introdução; a Seção 2 expõe os fundamentos teóricos dos custos de produção; na Seção 3 tem-se a descrição da metodologia proposta para a apropriação dos itens dos custos de produção; na Seção 4 estão reunidos os resultados da pesquisa; na Seção 5 são apresentados e discutidos a renda estimada do setor vinícola no Rio Grande do Sul e, finalmente na Seção 6 são apresentados as principais conclusões desta pesquisa.

1

Estes serão definidos na Seção 3.

(5)

5 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO

Dado que o setor vinícola não apresenta particularidades no que diz respeito ao processos de amortização de capital, adotamos a hipótese mais simples: a de que o estoque de capital tende a se desgastar linearmente a medida que uma maior quantidade de vinho é produzida. A justificativa teórica para tal hipótese advém da função de produção que se segue:

X

1

, X

2

, X

3

f

Q

i

 (2.1)

em que Q

i

é o volume total de produção de vinho, incluindo todas as categorias subcategorias de vinho produzido pela vinícola; X

1

corresponde ao conjunto de insumos variáveis, X

2

representa o insumo fixo estoque de capital e X

3

os demais insumos indiretos.

Por definição, uma função de produção (2.1) explicita o padrão de transformação de insumos e capital em produto. Tal função especifica a quantidade máxima de vinho que se consegue produzir, dado a combinação dos fatores de produção fixo, variável e a tecnologia.

Assim, para se aumentar a produção de vinho consome-se maiores quantidades de X

1

e X

3

, além de desgastar mais rapidamente X

2

.

A apropriação dos custos relativos aos insumos representados por X

3

, no custo total, está detalhada na subseção seguinte. Já com relação a X

2

entende-se que os processos de utilização e desgaste do estoque de capital não se alteram substancialmente na produção das diferentes subcategorias de vinho, sendo a apropriação dos custos relativos ao estoque de capital feita através da depreciação linear, também, tratada no subitem seguinte.

O custo total de produção (CT) pode ser definido como a soma do montante gasto com garrafas, uva, mão-de-obra, energia, transportes, produtos enológicos entre outros, os quais são agrupados e recebem a denominação de custos variáveis, ou custos diretos (CV), correspondendo à variável X

1

da equação (2.1); mais os custos fixos, ou indireto (CF), relacionados às despesas administrativas e com a depreciação do capital, correspondendo às variáveis X

3

e X

2

, respectivamente.

Assim, os custos variáveis (X

1

) são apropriados, ou incorporados diretamente ao produto, quando o processo de produção é levado a cabo. Ao passo que os insumo fixos X

2

e X

3

são custos incorridos independentes do volume de produção. As estruturas de custos, ao serem divididas pela quantidade produzida, geram o custo total médio de uma determinada categoria ou subcategoria de vinho pesquisado.

No que diz respeito ao insumo X

2

procedimento adotado para que se alcance essa

finalidade é distribuir uniformemente o desgaste desse capital por cada unidade produzida. Isso é

feito, considerando o tempo de vida útil do estoque de capital, o valor desse capital imobilizado e

(6)

6

a quantidade produzida no ano t. De posse dessas informações, pode-se calcular o valor

depreciado, anualmente, por unidade produzida. A depreciação adequadamente apropriada na

estrutura de custos de produção, ao final da vida útil do capital, garante a substituição do mesmo

sem comprometer o ponto de equilíbrio econômico-financeiro da empresa. Na seção seguinte,

faz-se a formalização para se calcular a depreciação do capital das vinícolas.

(7)

7 3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização da amostra

A região de abrangência do presente estudo compreende a população das vinícolas do Estado do Rio Grande do Sul, especializada na produção de vinho de mesa e viníferas. Ao todo essa população é composta por 660 unidades produtoras de vinho, legalmente constituídas.

GLAUCIA PEDIR AO PAIVA UM MAPA DA REGIÃO.

No Rio Grande do Sul os dados foram levantados em três regiões, a saber: a Região da Serra Gaúcha, principal produtora de vinho no estado, sendo selecionados os seguintes municípios: Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Flores da Cunha, Garibaldi, Nova Pádua, São Marcos, Cotiporã, Antônio Prado, Farroupilha, Veranópolis, Monte Belo do Sul; na Região Centro o município de Santa Maria e na Região Fronteira Oeste o município de Santana do Livramento. Ao todo, foram treze municípios pesquisados para a constituição da base de dados.

Como todos os elementos da população são conhecidos, recorre-se as técnicas da amostragem probabilística para a seleção da amostra. Esse tipo de amostragem implica em um sorteio com regras previamente determinadas. No presente caso, baseando-se no conhecimento técnico dos autores da pesquisa, e por entrevistas com especialista nessa área, procedeu-se a seleção da amostra, obtida a partir das 660 empresas do setor, através da seguinte fórmula

2

:

 

n n N

A 1 ' 1 '

  (3.1)

em que A é o tamanho da amostra selecionada; N é o tamanho da população; p são informações a priori sobre a característica da população

3

; sendo que n’ é gerado através da equação:

p

e p

n z  

 

  1

'

2

, (3.2)

em que z é o nível de 95% de confiança, o que resulta no valor crítico de 1,96; e e é a probabilidade de erro que no presente caso foi definido em 5%.

Considerando tais informações, a amostra ficou constituída por 59 vinícolas. Cabe ressaltar, que o processo de seleção das empresas a serem entrevistadas foi aleatório, combinado com a disposição dos empresários em responder o questionário. As empresas foram despersonalizadas através da utilização de um código

4

.

2

Essa fórmula é apresentada em Botter et al. (1996) e, também, disponível em: www.felipelopes.com.

3

Representa a porcentagem com que determinado fenômeno se verifica, como as informação a priori não estavam disponíveis acerca do valor de p, este é recomendável que se utilize p = 0,5.

4

Essa foi a opção para manter sigilosa todas as fontes de informações.

(8)

8 A Tabela (3.1) apresenta o intervalo utilizado para a classificação das vinícolas, pelo faturamento das mesmas. Esta classificação é derivada da oficialmente adotado no Brasil pelos órgãos públicos e o setor privado. Cabe ressaltar, que na classificação oficial as médias vinícolas estariam enquadradas no intervalo de faturamento de R$ 10.500.001,00 a R$ 60.000.000,00 e grandes empresas acima de R$ 60.000.001,00. No entanto a realidade do setor exigiu que se adotasse uma classificação mais representativa do mesmo. Então, pelo contato dos autores com a dinâmica deste setor, onde reconhecidas grandes vinícolas estariam fora do intervalo de grande pela classificação oficial, resolveu-se adotar uma classificação que se julgou mais representativa.

Tabela 3.1 – Classificação das vinícolas gaúchas por faturamento

Classificação Valores em reais

Micro até 2.400.000,00

Pequena de 2.400.001,00 até 10.500.000,00

Média

10.500.001,00 até 30.000.000 Grande > que 30.000.001,00

Fonte: Adaptada pelos autores a partir da tabela oficial.

Uma vez definida a vinícola na amostra, coube ao IBRAVIN o agendamento das entrevistas. Inicialmente, o IBRAVIN esclarecia aos vinicultores os objetivos da pesquisa, por via eletrônica (e-mail) ou telefone.

O propósito de se deixar a cargo desse instituto, o contato, se deve ao fato do mesmo ser o representante institucional do setor, diminuindo a resistência dos vinicultores em abrir os dados, especialmente de custos das suas empresas. Cabe ressaltar, que sem a atuação e o empenho do IBRAVIN, dificilmente, ter-se-ia conseguido marcar as entrevistas. Além disso, essa instituição disponibiliza do cadastro atualizado de todos os produtores de vinho legalizados do Rio Grande do Sul, tornando mais produtivo e eficiente a definição da amostra.

O questionário, apresentado no Anexo I, em forma de uma grande planilha contempla perguntas objetivas, por exemplo, quanto ao capital amortizado, capacidade potencial de produção, produção efetiva da vinícola, custos fixos e variáveis e preço de venda. Os dois primeiros blocos de questões dizem respeito à vinícola como um todo e os demais se referem à produção de cada vinícola.

3.2) Determinação das categorias de vinho

Tendo em vista a grande diversidade de produtos da cadeia vitivinícola Gaúcha, opta-se

pela utilização da classificação da Tabela 3.2, que busca traduzir as características físicas,

químicas e organolépticas, em agrupamentos relativamente homogêneos, que facilita o processo

(9)

9 de comparação e termina por traduzir-se em diferencias de preços mercadológicos

5

. Esses agrupamentos passam a serem denominados de categorias.

Tabela 3.2 – Classificação dos vinhos por categorias

Classificação Categorias de vinho

A Ícone

B Ultra Premium

C Super Premium

D Premium

E Básico Luxo

F Básico Semi-Luxo

G Básico Popular

H Espumante Asti

I Espumante Charmat

J Espumante Chanpenoise

L Filtrado Doce

Fonte: Elaborada pelos autores.

Cada uma das sete categorias especificadas na Tabela 3.2 é apresentada no mercado em embalagens diferenciadas, apesar do processo de produção de cada uma dessas categorias ser muito parecido, alguns fatores determinam sua diferenciação nas estruturas de custos, como:

qualidade da matéria-prima, das embalagens utilizadas o tempo de envelhecimento do vinho entre outros. Essas diferentes embalagens são tratadas, doravante como subcategorias de vinho e estão apresentadas na Tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Classificação dos vinhos por subcategorias dos vinhos

5

Esta classificação está sendo proposta pelos autores com base na realidade observada da dinâmica do setor. No entanto, a pedido dos autores foi baseada um parecer técnico de um especialista na área acerca dessa classificação.

Esse foi emitido pelo pesquisador Mauro Celso Zanus da Embrapa – Uva e Vinho, cujo parecer na íntegra está a seguir:

“Pois que eu saiba esta classificação não é de nenhum organismo oficial, tampouco se refere a qualidade, entendida na visão da ciência da análise sensorial. É uma classificação bastante associada com PREÇOS, com uma hierarquia que cada empresa entende ter. Vinhos ascendentes na escala apresentam, normalmente - mas nem sempre, um maior custo de produção (melhor matéria-prima, rolha, qualidade da garrafa, rótulo,...). Vinhos ícone são aqueles que os enólogos de cada empresa entendem que devam ser os mais caros, por ter maior qualidade das suas características sensoriais- e por outras práticas (ex. foi usada barrica nova) na perspectiva de avaliação do enólogo e dirigentes. Às vezes o vinho ícone é até pior, pois a barrica nova atribuiu um aroma e paladar demasiado intenso da madeira. A jogada principal da pirâmide é atender a diversidade de categorias de consumidores. Também serve para passar ao consumidor, através de referenciais marcantes de preço, uma hierarquia que ajude a JUSTIFICAR preços altos. Em uma degustação completamente às cegas com os consumidores - e não enólogos - a correlação entre vinhos ícones e qualidade percebida seria, possivelmente, baixa.”

Denominação Subcategorias

(10)

10

Fonte: Elalaborada pelos autores.

* Os vinhos brancos terão o acréscimo da letra minúscula “b” junto à letra maiúscula que define a sua subcategoria, para designar essa nomenclatura, os demais vinhos são tinto.

3.3 Estruturando os custos de produção do vinho

3.3.1 Elementos dos custos de produção do setor vinícola gaúcho

A entrevista com os vinicultores se inicia com o levantamento da quantidade efetivamente produzida pela vinícola de todas as categorias e subcategorias de vinho, da capacidade de produção da mesma e do seu estoque de capital estimado. Essas informações são consolidadas através do Quadro 3.4. Essas informações permitem estimar o nível de capacidade ociosa da vinícola.

0 A Granel (não é utilizado vasilhame)

1 Garrafa 750 ml

2 Garrafão 4,6 Litros

3 Garrafa Pet 2 Litros

4 Garrafa Pet 1,5 Litros

5 Garrafa Pet 1 Litro

6 Garrafa Pet 375 ml

7 Beg-in-Box 3 Litros

8 Beg-in-Box 5 Litros

9 Garrafa Pet 3 Litros

10 Garrafa 880 ml

11 Garrafa 660 ml

(11)

11 Quadro 3.4 – Discriminação do estoque de capital da vinícola pesquisada.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Após o preenchimento do quadro acima, a entrevista continua com o preenchimento dos quadros que se seguem. Essas apresentam de forma detalhada todos os elementos das despesas administrativas (Quadro 3.5), as despesas com mão-de-obra (Quadro 3.6) e da estrutura dos custos totais de produção (Quadro 3.7). Conforme se pode notar neste último, trata-se de uma estrutura de custo bem abrangente, para que a mesma possa ser adaptada às diversas categorias e subcategorias de vinho produzido pela vinícola pesquisada.

Quadro 3.5 – Despesas administrativas Código da Empresa: 00000

Discriminação

Em Unidades absolutas

Valor unitário anual em R$

Total em R$

Despesas Administrativas - - -

Mão-de-obra administrativa - - -

Material de expediente - - -

Material promocional - - -

Energia elétrica - - -

Água - - -

Telefone - - -

Fretes - - -

Tratamento de efluentes - - -

Representante de vendas - - -

Despesas de manutenção de máquinas e equipamentos - - -

Feiras - - -

Associações - - -

Produção anual - - -

Código da Empresa: 000000

Volume de produção anual em garrafas: 00000

Discriminação

Em unidades absolutas.

Valor unitário

em R$

Total em R$

Patrimônio - - -

Máquinas e equipamentos - - -

Prédios - - -

Total - - -

Estimativa de vida útil das máquinas e equipamentos - - -

Estimativa de vida útil das instalações - - -

Capacidade de produção anual - - -

Depreciação máquinas e equipamentos - - -

Depreciação prédios - - -

Depreciação total por garrafa - - -

(12)

12

Custo administrativo por garrafa - - -

Fonte: Elaborada pelos autores.

Quadro 3.6 – Mão-de-obra

Mão-de-obra fixa do chão de fábrica Mão-de-obra temporária do chão de fábrica Enólogo

Quadro 3.7 – Matriz geral para o levantamento dos custos de produção do vinho, em litros.

Código da Empresa: 0000:

Volume de produção anual em garrafas: 00000 Categoria do vinho:... S ubcategoria:...

Discriminação

Em Unidades absolutas

Valor unitário anual em R$

Total Em R$

Custo Variável – Insumos

Uva - - -

FUNRURAL - - -

Garrafas - - -

Rolhas - - -

Rótulos - - -

Caixas - - -

Fitas adesivas - - -

Papel p/ garrafas - - -

Cápsulas - - -

SUB-TOTAL - - -

Custo Variável – Produtos Enológicos

Enzimas - - -

Leveduras - - -

Ativantes de fermentação - - -

SO2/Metabisulfito - - -

Estabilizantes - - -

Material de limpeza - - -

Análises - - -

Nitrogênio - - -

Terra filtrante - - -

Barril de carvalho - - -

Taninos - - -

SUB-TOTAL - - -

Custo Fixo – Outras - - -

Depreciação - - -

Despesas administrativas - - -

Administrativo - - -

(13)

13

Degustação - - -

SUB-TOTAL - - -

TOTAL - - -

Receitas - - -

Preço médio de venda da garrafa - - -

Período de Guarda (em anos) - - -

Tempo médio de guarda do produto - - -

Custos Médios - - -

Custos Médios por Garrafa - - -

Fonte: Elaborada pelos autores.

Na parte superior do Quadro 3.6, estão consolidados todos os elementos dos custos variáveis e na inferior os custos fixos. Na primeira coluna estão discriminados todos os itens dos custos de produção. Na segunda coluna tem-se especificado a quantidade total em unidades físicas dos insumos gastos para se produzir o volume total de produção em litros de uma subcategoria específica de vinhos. A terceira coluna apresenta o custo unitário médio de cada um desses insumos. Na última linha da tabela é, então, apurado o custo médio de produção da j-ésima subcategoria pertencente a i-ésima categoria de vinho, relativo à vinícola entrevistada.

Conforme se pode verificar no Quadro 3.6, os custos variáveis foram divididos em três grupos: 1) insumos gerais que representa a maior parcela dos custos, 2) os insumos enológicos, e 3) os insumos indiretos. O propósito dessa divisão é simplesmente didático para facilitar a coleta de dados. Além disso, essa desagregação permite fácil visualização, por exemplo, do peso dos impostos totais nos custos de produção.

Os subitens 3.3.3 e 3.3.4 define cada um dos elementos de custos apresentados na tabela acima.

3.3.3 Determinação dos custos variáveis - Uva:

O insumo uva é a matéria prima fundamental para a produção do vinho. A qualidade do

vinho está estreitamente vinculada à variedade da uva e a forma como a mesma é cultivada,

através de práticas agronômicas diferenciadas até a determinação da quantidade produzida de uva

por hectare. Um outro fator que influência nos custos com esse insumo é a tecnologia disponível

para o processamento da uva, implicando em quantidades diferentes para cada litro de vinho

produzido. Por exemplo, uma vinícola com uma tecnologia não muito especializada pode requerer

1,4 quilos de uva para cada litro produzido, ao passo que vinícolas com tecnologia mais

avançadas conseguem o mesmo nível de produção com 1,3 quilos. Tecnicamente, essa relação é

tratada no presente trabalho como taxa de conversão.

(14)

14 O preço a ser pago por esse insumo é o praticado no mercado da região de ação da vinícola. Caber ressaltar, que no caso da produção própria de uva é atribuído um preço de oportunidade, qual seja, o valor que essa uva seria negociada no próprio mercado da vinícola.

A apropriação do custo da uva para o caso da j-ésimo subcategoria pertencente i-é-sima categoria de vinho é dada por:

59 1 59

1

z ji z

ji ji

Q CTU

CMU (3.4)

em que CMU

ji

é custo médio da uva, em reais, da j-ésima subcategoria de vinho, pertencente a i- ésima categoria; Q

ji

= é a quantidade total anual produzida em litros dessa j-ésima categoria pertencente a i-ésima categoria; CTU = gasto total anual com a uva para se produzir a dessa j-

ji

ésima categoria pertencente a i-ésima categoria; VR

ji

é volume do recipiente em litros utilizado na subcategoria j, pertencente a i-ésima categoria.

- Vasilhames:

Esse insumo é a base para a definição das subcategorias presentes no Tabela 3.3.

Os custos com recipientes são apropriados de acordo com cada uma das subcategorias, bem como seus complementos específicos, como por exemplo, rolhas, rótulos diferenciados, cápsulas.

A razão a seguir especifica a forma como esses insumos sãos apropriado nos custos totais de produção para a i-ésima subcategoria de vinho:

ji ji

ji

Q

CMRCTV (3.5)

em que CMR

ji

é o custo médio, em reais, do recipiente para j-ésima subcategoria dentro da i- ésima categoria de vinho; Q

ji

tal como definido anteriormente; CTV

ji

= gasto total, em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho.

- Mão-de-obra permanente do chão de fábrica:

Este insumo caracteriza-se por ser utilizado durante o ano, seja nas atividades de produção durante a safra (recebimento de uva, produção do vinho, etc...), como em atividades de manutenção da vinícola, movimentação da produção dentro da vinícola e atividades atreladas ao processo de comercialização.

A forma como esse custo de produção é apropriado pode ser apresentado como:

(15)

15

ji ji

ji

Q

CTMOP

CMMO  (3.6)

em que CMMO

ji

é o custo médio da mão-de-obra do chão de fábrica, em reais para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; Q

ji

tal como definido anteriormente;

CTMOP

ji

gasto total com mão-de-obra permanente do chão de fábrica ao longo do ano, em reais para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido.

- Mão-de-obra temporária do chão de fábrica:

Buscando atender a demanda de mão de obra no processo de produção de vinho nos períodos de safra, as vinícolas lançam mão de contratações temporárias para trabalhar no chão de fábrica, principalmente, nos meses de janeiro, fevereiro e março, podendo esse custo ser calculado como:

ji ji

ji

Q

CTMOT

CMMOT  (3.7)

em que CMMOT

ji

é o custo médio da mão-de-obra temporária do chão de fábrica, em reais para j- ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; Q

ji

tal como definido anteriormente; CTMOT

ji

gasto total com mão-de-obra temporária do chão de fábrica utilizadas no período de pico da produção, em reais para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido.

É importante ressaltar que os dispêndios com a mão-de-obra permanente e temporária contemplam também todos os encargos sociais (décimo terceiro, férias, previdência social, FGTS, PIS).

- Rolhas:

A qualidade da rolha utilizada no envaze do vinho, está diretamente relacionada à qualidade do vinho (categoria a que pertence). Apesar do gasto com esse item não ser muito relevante na composição final do custo do vinho, há uma grande variação no preço de mercado da rolha se a mesma for de cortiça pura, com discos ou de plástico, o que acaba influenciado nos custos de produção, principalmente para os vinhos de categorias superiores.

Assim, o custo com cada rolha será o próprio gasto na sua aquisição, ou:

rolha da mercado de

Preço

CRji (3.8)

em que CR

ji

é o custo apropriado por unidade de recipiente do vinho relativo à rolha.

- Rótulos:

(16)

16 O propósito do rótulo é identificar o tipo de vinho, a vinícola, a safra, entre outras informações obrigatórias, de acordo com as normas dos órgãos competentes ou que se julgarem necessárias. O dispêndio com esse item é relativamente baixo, uma vez que o vinicultor compra em quantidades suficientes para uma safra. Embora não se espere que o custo com este insumo seja elevado em relação aos demais insumos, os rótulos utilizados nas diversas categorias podem apresentar diferenciais de custos em virtude da capacidade de agregação de valor de uma categoria vis-à-vis outras.

Assim, o custo relativo a esse insumo pode ser apropriado como segue:

rótulo do mercado de

Preço

CRTji (3.9)

em que CRT

ji

é o custo médio do rótulo.

- Caixas:

A caixa de papelão serve para garantir a segurança do produto, acomodando os recipientes de forma a preservar a integridade e a qualidade do vinho. Espera-se que os vinhos de categorias superiores utilizem-se de caixas de qualidade mais elevadas, refletindo em maiores custos. Sendo o mesmo apropriado como:

ji ji

ji

Q

CMCXCTCX (3.10)

em que CMCX

ji

é o custo apropriado, em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; CTCX

ji

é o custo total, em reais, com caixarias, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; Q

ji

tal como definido anteriormente.

- Fita adesiva:

Esse material é utilizado para fazer o fechamento da caixa. Informações preliminares indicam que se gasta diferentes quantidades de fitas para cada tipo de caixa, o que é levado em conta no processo de apropriação de custos. Formalmente tem-se:

ji ji

ji

Q

CMFACTRF (3.11)

em que CMFA

ji

é o custo médio da fita adesiva apropriado, em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; CTRF

ji

é o custo total, em reais, com fita adesiva, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; Q

ji

tal como definido anteriormente.

- Papel p/ garrafas:

(17)

17 A utilização do papel visa a proteção do recipiente, bem como conferir ao vinho maior grau de sofisticação. É utilizado uma folha de papel para cada recipiente. Nem todas as categorias utilizam-se deste insumo, ficando reservada às de maior valor agregado.

Formalmente:

papel de folha da mercado de

Preço

ji

CPG (3.12)

em que CPG

L

= custo apropriado em reais, com esse insumo, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido.

- Cápsulas:

As cápsulas são utilizadas para proteger a rolha, identificar o produto e garantir-lhe a inviolabilidade e é encontrada em todos os tipos de vinhos. Pode-se apropriá-lo como segue:

cápsula da

mercado de

Preço

ji

CCP (3.13)

em que CCP

ji

é o custo apropriado em reais, com esse insumo, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido.

- Água:

Esse insumo é utilizado no processo de produção para lavar máquinas, equipamentos, galpões e manter higienizado todo o processo de produção. Adota-se o seguinte critério para a apropriação desse custo: soma-se os gastos totais anuais com água de toda a vinícola e divide-se pelo volume total de produção da mesma e pondera-se pelo volume do recipiente em questão.

Mais formalmente tem-se:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMAGCTAG (3.14)

em que CMAG

ji

é o custo médio da água em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; CTAG

ano

é o custo total anual com água, em reais, incorrido pela vinícola; Q é o volume total de produção da vinícola em litros; VR

ji

como definido anteriormente.

- Gás carbônico:

Utiliza-se esse insumo no preenchimento dos espaços vazios dos tanques e autoclaves, bem como gaseificação dos filtrados doce. A forma como tal insumo é apropriado na estrutura de custa é dada por:

 

ji ano

ji

VR

Q

CGGCGG (3.15)

(18)

18 em que CGG

ji

é o custo médio do gás carbono em reais, para j-ésima subcategoria dentro da ésima categoria de vinho produzido; CGG

ano

é o custo total anual da vínícola com tal insumo, em reais.

- Frete:

O custo com frente seria o dispêndio corresponde ao transporte do vinho, em caminhões da unidade de produção até o mercado, podendo ser em veículos próprios ou de terceiros. Para a apropriação desse custo, soma-se os gastos totais anuais com fretes de toda a vinícola e divide-se pelo volume total de produção da mesma, ponderando-se pelo volume do recipiente em questão.

Matematicamente esse custo é calculado através da seguinte razão:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMFCTF (3.16)

em que CMF

ji

é o custo médio do frete em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; CTF

ano

é o custo total anual com frete, em reais, incorrido pela vinícola; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

- Tratamento de efluentes:

As leis ambientais exigem que todo o resíduo gerado no processo de produção de vinho deve ser tratado. Os principais resíduos resultantes são: água utilizada no processo de limpeza que carrega resíduos de matéria-orgânica, resíduos químicos, bem como o ajuste de PH.

 

ji ano

ji

VR

Q

CMTECTTE (3.17)

em que CMTE

ji

é o custo médio do tratamento de efluentes, em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; CTTE

ano

é o custo total anual com esta operação, em reais, incorrido pela vinícola; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

- Energia elétrica:

Esse insumo é a base da força que movimenta as máquinas e os equipamentos, geração de frio para controlar o processo de fermentação do vinho, ilumina os galpões e pátio da empresa e, também, é consumida no escritório da vinícola. Adota-se o seguinte critério para a apropriação desse custo: somam-se os gastos totais anuais com energia elétrica de toda a vinícola e divide-se pelo volume total de produção da mesma e pondera-se pelo volume do recipiente em questão.

 

ji ano

ji

VR

Q

CMECTE (3.18)

(19)

19 em que CME

ji

é o custo médio da energia elétrica em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i- ésima categoria de vinho produzido; CTE

ano

é o custo total anual com energia elétrica, em reais, incorrido pela vinícola; Q é o volume total de produção da vinícola em litros; VR

ji

como definido anteriormente.

- Custo de tercerização:

O custo de tercerização corresponde ao gasto realizado pelas vinícolas por contratar serviços de terceiros, como: manutenção de máquinas e equipamentos.. Formalmente tem-se:

 

ji ano

ji

VR

Q

CTERCTER (3.19)

em que CTER

ji

é o custo de tercerização, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; CTER

ano

é o custo total anual com esse item de custo, em reais, incorrido pela vinícola; Q é o volume total de produção da vinícola em litros; VR

ji

como definido anteriormente.

- Insumos e análise enológicas

Os insumos agregam as enzimas, ativantes de fermentação, SO2/metabisulfito e estabilizante, nitrogênio, terra filtrante, taninos, bem como as análises enológicas. De acordo com as informações preliminares, a maior parte dos vinicultores tem uma estimativa do quanto se gasta com tais insumos enológicos para se produzir um determinado volume de produção. O propósito desses insumos é de melhorar o processo de fermentação natural, corrigir defeitos no produto e conferir características desejáveis. Quanto às análises, são realizadas por amostragem e servem para se controlar a qualidade do vinho. Essas, em alguns casos, são realizadas na própria vinícola quando as mesmas possuem laboratório. Quando não for esse o caso, são encaminhadas para os laboratórios terceirizados e, cada amostra analisada representa um custo para o vinicultor.

Por essa razão, a opção aqui foi levantar essa informação de forma agregada.

Matematicamente, tem-se:

 

ji ji

ji

ji

VR

Q

CMIECTIE (3.20)

em que CMIE

ji

é o custo médio com esses insumos apropriados, em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; CTIE

ji

é o custo total, em reais, com tais insumos, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; Q

ji

tal como definido anteriormente.

- Açúcar:

(20)

20 O açúcar é utilizado no processo de fermentação do vinho, quando a matéria-prima (uva) não atinge o grau de glicose necessária para o processo de fermentação (chaptalização), bem como na produção da subcategoria vinho doce e semi-seco. Cabe ressaltar que se trata de uma técnica que em um futuro próximo deverá ser abolida, sendo compensada com técnicas de produção de uva mais aprimoradas. O gasto por unidade de litro produzido vai depender do tipo de vinho produzido. Para cada uma das categorias e subcategorias a apropriação desse custo é feita utilizando-se da razão:

59 1 59

1

z ji z

ji ji

Q CTAÇ

CMAÇ (3.21)

em que CMAÇ

ji

é o custo médio com esses insumos apropriados, em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; CTAÇ

ji

é o custo total, em reais, com tais insumos, para j-ésima subcategoria dentro da i-ésima categoria de vinho produzido; Q

ji

tal como definido anteriormente.

- Material de limpeza:

Esse componente de custo refere-se a todo o dispêndio com detergente, sabões, palhas de aço, desinfetantes, material de controle de pragas, entre outros para que tanques, máquinas e equipamentos se mantenham higienizados. Adota-se o seguinte critério para a apropriação desse custo: somam-se os gastos totais anuais com tais materiais de toda a vinícola e divide-se pelo volume total de produção da mesma e pondera-se pelo volume do recipiente em questão.

Mais formalmente tem-se:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMMLCTML (3.22)

em que CMML

ji

é o custo médio desses insumos, em reais, para j-ésima subcategoria dentro da i- ésima categoria de vinho produzido; CTML

ano

é o custo total anual com os matérias de limpeza, em reais, incorrido pela vinícola; Q é o volume total de produção da vinícola em litros; VR

ji

como definido anteriormente.

- Barril de carvalho:

O barril de carvalho é utilizado para o envelhecimento do vinho. Tecnicamente, o tempo

de guarda confere características ao vinho, que resulta em agregação de valor. A apropriação

deste custo leva em consideração a vida útil do barril de carvalho e a quantidade de litros

(21)

21 processados neste intervalo de tempo. Nesse sentido, o custo com o barril é contemplado na estrutura de custo variáveis, utilizados em alguns vinhos finos, com base na seguinte razão:

 

ji p

ji

VR

Q

CMBCCTBC (3.23)

em que CMBC

ji

é o custo médio do barril de carvalho da j-esima subcategoria de vinho da i- ésima categoria de vinho; CTBC é o custo total do barril de carvalho; Q

p

é a quantidade de litros de vinho processados no lapso de tempo de vida útil do barril; VR

ji

como definido anteriormente.

Com relação aos tributos não foram considerados na presente pesquisa, tendo em vista que não existe uma padronização no enquadramento tributário por parte das vinícolas, tendo em vista que cada escritório de contabilidade, prestador de serviço às vinícolas, adotam fiscais distintos do próprio enquadramento tributário.

3.3.4 Determinação dos custos fixos - Depreciação do capital:

O levantamento patrimonial da empresa é feito através do preenchimento da Tabela 3.1, apresentado anteriormente, que discrimina as estimativas em reais, do capital empregado em máquinas, equipamentos e prédios, bem como o tempo de vida útil dos mesmos.

Pode-se definir depreciação como sendo a perda ou redução de valor do capital (móveis, utensílios, máquinas, equipamentos, veículos, ferramentas e demais ativos imobilizados) pelo desgaste ou pela obsolescência tecnológica. Ou de outra forma, é a transformação ao longo do tempo dos estoques dos ativos fixos em custos de produção. No entanto, a depreciação não representa uma saída efetiva de caixa, no sentido de que a empresa não desembolsa pela despesa de depreciação, como o faz para o pagamento das outras despesas variáveis, mas isso não significa que o capital amortizado não deva estar contemplado nos custos de produção do vinho.

A apropriação do estoque de capital nos custos totais de produção se dá através de estimativas de depreciação desse capital. Há várias maneiras de se calcular essa depreciação, conforme analisa Iudícibus; Martins; Gelbcke (2007)

6

. No entanto, se utiliza o método da depreciação linear, por ser mais coerente com a realidade do setor.

A depreciação linear por litro de vinho (D

L

), pode ser calculada através da equação a seguir:

6

Iudícibus, S.; Martins E; Gelbcke, E. R. (2007). Manual de contabilidade das sociedades por ações: aplicável

às demais sociedades. Adaptada à legislação societária e fiscal até 31/12/06. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2007.

(22)

22

 

ji

ji

VR

Q VUp VEp Q

VEme VUme

DM   

 

 (3.24)

em que VEme é o valor estimado das máquinas e equipamentos VUme = tempo de vida útil das máquinas e equipamentos; VEp é o valor estimado dos prédios e galpões; VUp = tempo de vida útil dos prédios e galpões; Q é a soma anual da produção de vinho da vinícola.

- Mão-de-obra administrativa:

Trata-se dos dispêndios com mão-de-obra com a finalidade de controlar a produção, os níveis de estoque, comprar insumos e materiais, prestar serviço contábil e assessorias etc. Esse custo pode ser apropriado como:

 

ji ano

ji

VR

Q CTMAD

CMMAD  (3.25)

em que CMMAD

ji

é o custo médio da mão-de-obra administrativa da j-esima subcategoria de vinho da i-ésima categoria de vinho; CTMAD

ano

é o custo total desta mão de obra para a empresa no ano.; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

É importante salientar que quando o proprietário divide o seu tempo de trabalho, entre a administração da vinícola e/ou chão de fábrica, é solicitado que o mesmo estime qual seria o salário que deveria ser pago, pelo número de horas trabalhadas, a um funcionário para a realização da sua tarefa na parte administrativa. O mesmo critério vale também para o tempo de trabalho dedicado ao chão de fábrica, mas nesse caso o custo com esse trabalho onera os insumos variáveis.

- Material de expediente:

Refere-se a todo o tipo de material para manter a parte administrativa funcionando de forma eficiente. Compõe a lista desses materiais: cartucho para impressora, papel para impressão, bloco de anotação, clips, grampos, pastas para arquivos e outros que não estejam contemplados diretamente no processo de produção. Esse custo é apropriado da seguinte maneira:

 

ji ano

ji

VR

Q CTMEX

CMMEX  (3.26)

em que CMMEX

ji

é o custo médio com estes materiais apropriados pela j-esima subcategoria de vinho da i-ésima categoria de vinho; CTMEX

ano

é o custo total com esse insumo incorrido pela empresa no ano.; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

- Material promocional:

(23)

23 Compreende todos os gastos realizados pela vinícola para divulgar o produto e atrair os consumidores. Entre esses materiais cabe destacar: folhetos, outdoors, anúncio em televisão, rádio, jornais e revistas, banners, brindes como chaveiros, calendários, canetas entre outros. Da mesma forma que o anterior, o cômputo desses custos é anual e o rateio é pelo volume total de produção de vinho, como segue:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMPCTP (3.27)

em que CMP

ji

é o custo médio com estes materiais apropriados pela j-esima subcategoria de vinho da i-ésima categoria de vinho; CTP

ano

é o custo total com esse insumo incorrido pela empresa no ano.; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

- Telefone:

Refere-se aos gastos com chamada local e interurbana, fixo e móvel. Esse custo é rateado pelo volume total de produção de vinho, o que resulta no custo médio dado por:

 

ji ano

ji

VR

Q CTTEL

CMTEL  (3.28)

em que CMTEL

ji

é o custo médio com telefones apropriados pela j-esima subcategoria de vinho da i-ésima categoria de vinho; CTTEL

ano

é o custo total com esse insumo incorrido pela empresa no ano.; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

- Representante de vendas:

São gastos provenientes das comissões por venda do vinho fora da vinícola realizada por terceiros. Esse custo é apropriado como segue:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMRVCTRV (3.29)

em que CMRV

ji

é o custo médio com estes profissionais apropriados pela j-esima subcategoria de vinho da i-ésima categoria de vinho; CTRV

ano

é o custo total com item incorrido pela empresa no ano; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

- Despesas de manutenção de máquinas e equipamentos:

Refere-se aos gastos realizados para que as máquinas e equipamentos funcionem adequadamente e aumente seu tempo de vida útil, podendo esses custos serem apropriados como:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMDMCTDM (3.30)

(24)

24 em que CMDM

ji

é o custo médio com tais despesas apropriados pela j-esima subcategoria de vinho da i-ésima categoria de vinho; CTDM

ano

é o custo total com esse item incorrido pela empresa no ano.; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

40) Enólogo:

Trata-se do custo com o responsável pelos aspectos tecnológicos e de qualidade do vinho, sendo que pode ser um profissional pertencente a própria família do vinicultor como também um terceiro contratado. Porém em ambos os casos, são valorados a sua remuneração e computado nos custos de produção. Esse custo estimado é apropriado no custo total como:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMENCTEN (3.31)

em que CMEN

ji

é o custo médio com este profissional apropriados pela j-esima subcategoria de vinho da i-ésima categoria de vinho; CTEN

ano

é o custo total com esse item incorrido pela empresa no ano.; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

- Degustação:

Assim como os demais materiais promocionais, a degustação é mais um apelo de marketing para divulgar o vinho no mercado e atrair consumidores. Esse custo é apropriado como:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMDECTDE (3.32)

em que CMDE

ji

é o custo médio com degustação apropriados pela j-esima subcategoria de vinho da i-ésima categoria de vinho; CTDE

ano

é o custo total com esse item incorrido pela empresa no ano.; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

- Feiras:

Como no caso do item anterior, as feiras regionais e nacionais têm, também, o propósito de popularizar a marca junto aos consumidores e aumentar as vendas do vinho ao longo do ano.

Apropria-se tal custo como:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMFECTFE (3.33)

em que CMFE

ji

é o custo médio com feiras apropriados pela j-esima subcategoria de vinho da i- ésima categoria de vinho; CTFE

ano

é o custo total com esse item incorrido pela empresa no ano.;

Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

(25)

25 - Associações:

Normalmente, a vinícola participa de uma ou mais associações, seja de classe, ou de caráter territorial cujas finalidades podem ser de reivindicação e posicionamento político no que tange as questões do setor vinícola, como também podem se prestar para ações mais econômicas, como compras conjunta de insumos e/ou administração de Indicações de Procedências (IPs). O custo com essas anuidades é rateado pelo volume produzido pela vinícola como segue:

 

ji ano

ji

VR

Q

CMACTA (3.34)

em que CMA

ji

é o custo médio com associações apropriados pela j-esima subcategoria de vinho da i-ésima categoria de vinho; CTA

ano

é o custo total com as anuidades incorrido pela empresa no ano; Q e VR

ji

como definidos anteriormente.

44) Seguros:

São gastos realizados pela vinícola para minimizar riscos de perdas em decorrência de incêndio, acidentes de trabalho, furtos e acidentes de trânsito, seguro de máquina, equipamentos e instalações. Esse custo pode ser apropriados como:

 

ji ano

ji

VR

Q

CSEGCSEG (3.35)

em que CSEG

ji

é o custo médio com seguro desagregado pela j-esima subcategoria de vinho da i- ésima categoria de vinho; CSEG

ano

é o custo total com esse item incorrido pela empresa no ano.

3.4 Metodologia de apuração dos custos médios de produção do vinho

De posse das informações dos custos de produção das vinícolas entrevistadas, é possível

calcular o custo médio de produção para a j-ésima subcategoria pertencente a i-ésima categoria de

vinho. Isso é feito separando da amostra todas as vinícolas que produzem o vinho categoria i

estratificado em subcategorias j. Então, o custo médio de produção do vinho da subcategoria j na

categoria i, resulta da média aritmética dos custos de produção de todas as vinícolas que

pertençam a este grupo. No entanto, se espera – com base no conhecimento dos autores sobre

como o setor é estruturado – que a quantidade produzida do vinho ji varie muito de vinícola para

vinícola. Dessa forma, o custo médio desse vinho é ponderado pela produção média de cada

vinícola. Essa ponderação se faz necessária não “porque” se pressupõe que a escala reduza os

custos, mas porque se pressupõe que a escala afeta os custos. imagine que se ingressasse em

deseconomias de escala. a ponderação seria igualmente necessária. Isso ocorre porque os custos

(26)

26 fixos são diluídos mais rapidamente no processo de produção e, parte dos insumos variáveis tende a se tornar mais produtivo.

Com isso, se chega aos custos médios de produção do grupo ji como especificado através da equação a seguir:

ji v

ji

ji

Q

CT CME

59

1

(3.36)

em que CME

ji

é o custo médio do vinho ji; Q

ji

é o volume de produção do vinho tipo ji da v- ésima vinícola pertencentes ao grupo ji; CT

ji

é o custo de produção do vinho tipo ji da v-ésima vinícola pertencentes ao grupo ji; n é o número de vinícolas que produz o vinho tipo ji.

3.5 Estimativa do faturamento do setor vinícola do Rio Grande do Sul

Considerando que a amostra realizada seja representativa do setor, então, a partir das 59 entrevistas, pode-se estimar o faturamento do setor vinícola do Rio Grande do Sul, já que existem informações oficiais acerca do volume de produção em litros comercializado para os vinhos de mesa, fino e espumantes para a população

7

da vinícolas do Rio Grande do Sul – 2004 até 2008, mas sem estratificação do produto por categorias e subcategorias. Como esse dado é relevante para o cálculo do faturamento do setor propõe-se calculá-lo a partir de informações obtidas na amostra.

Assim, o faturamento do setor segue os passos abaixo descritos:

i) O cálculo do preço médio do vinho ji nas 59 vinícolas pesquisada é resultante do faturamento amostral do vinho ji dividido pela quantidade amostral de vinho ji. Formalmente:

 

A

ji A A ji

ji

Q

P R (3.38)

onde, P

Aji

é a preço médio amostra do vinho ji; R

jiA

é a receita total com o vinho ji para cada uma das vinícolas da amostra; Q

jiA

é a quantidade total amostral de vinho ji produzido por cada vinícola da amostra; O sobrescrito A indica dados amostrais e o subescrito ji o tipo de vinho.

ii) Obtém-se o coeficiente de participação amostral de cada categoria i na subcategoria j da seguinte forma:

7

Ao todo essa população é composta por 660 empresas.

(27)

27

A i

A A ji

ji

Q

CP Q

(3.39)

onde, CP

jiA

é o coeficiente de participação em termos amostrais de cada categoria i na sub- categoria j; Q

iA

é a quantidade produzida da categoria i na amostra.

iii) Tendo a média de produção de vinhos de mesa e fino para cada uma das vinícolas da população (N) no período de 2004 a 2008, procede-se o somatório das mesmas, o qual pode ser obtido como segue:

iii.1) Volume médio de vinho de mesa comercializado para a v-ézima vinícola:

t VM VM

v

vt v

660

1

(3.40)

onde: VM

v

é o volume médio de vinho de mesa comercializado pela vinícola v ao longo do período de 2004 a 2008; v representa cada uma das 660 vinícolas que compõe a população; t representa o numero de anos da série temporal compreendida entre 2004 a 2008;

iii.2) Volume médio de vinho fino comercializado para a v-ézima vinícola:

t VF VF

v

vt v

660

1

(3.41) onde, VF

v

é o volume médio de vinho fino comercializado pela vinícolav v ao longo do período de 2004 a 2008;

iii.3) Volume geral de vinho de mesa comercializado:

VM

v

VM (3.42)

onde:

VM é a soma das médias comercializadas de vinhos de mesa pelas v-ésimas vinícolas;

iii.4) Volume geral de vinho fino comercializado:

VF

v

VF (3.43)

onde:

CF é a soma das médias de vinhos finos comercializadas pelas v-ésimas vinícolas;

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