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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CARMEN ELISABETH SCHEIBE FERREIRA COMO PROFESSORES DE ENSINO MÉDIO ENTENDEM PESQUISA ESCOLAR? CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CARMEN ELISABETH SCHEIBE FERREIRA

COMO PROFESSORES DE ENSINO MÉDIO ENTENDEM PESQUISA ESCOLAR?

CURITIBA 2010

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CARMEN ELISABETH SCHEIBE FERREIRA

COMO PROFESSORES DE ENSINO MÉDIO ENTENDEM PESQUISA ESCOLAR?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina Metodologia da Pesquisa Científica como requisito parcial para aprovação no curso de Pós- Graduação Lato Sensu em Mídias Integradas na Educação, Coordenação de Integração de Políticas de Educação à Distância da Universidade Federal do Paraná.

Profa. Orientadora: Msc. Roberta Rafaela Sotero Costa

CURITIBA 2010

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RESUMO

O presente trabalho apresenta o entendimento e a prática pedagógica dos professores em relação à pesquisa escolar como atividade desenvolvida junto aos alunos. Optamos pela pesquisa qualitativa e os dados foram coletados a partir de um questionário. O grupo pesquisado foram os professores do Ensino Médio de um colégio público estadual do município de União da Vitória, Paraná. Partimos do pressuposto de que o processo de pesquisar deve ser ensinado na escola com orientação e acompanhamento dos professores. O tema proposto na pesquisa escolar deve instigar a curiosidade dos alunos para que busquem informações em diversas fontes confiáveis. O texto e demais meios pelos quais o aluno apresenta o resultado da sua pesquisa torna-se um retrato do percurso do que foi realizado por ele, do entendimento e interpretação do que foi pesquisado e da aprendizagem construída. Nos pressupostos teóricos abordamos um breve histórico da pesquisa escolar no Brasil. A partir dos teóricos, descrevemos o entendimento atual de pesquisa escolar como metodologia no processo de ensino-aprendizagem adotado como princípio científico e educativo. A seguir apresentamos a importância e possibilidades propiciadas pelas tecnologias de informação e comunicação em destaque o computador e internet. A partir da análise dos dados coletados, feita de forma descritiva, constatou-se que a prática da pesquisa escolar da maioria dos participantes da pesquisa ainda está distante da compreensão de pesquisa escolar como meio para oportunizar a (re)construção do conhecimento, criticidade e autonomia dos estudantes. Faz-se necessário rever os cursos de formação de docentes e oportunizar formação continuada aos profissionais que já atuam na educação.

Palavras-chave: Pesquisa escolar. Internet. Informação. Conhecimento. Tecnologias na educação

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...5

2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS...10

2.1. Breve histórico da pesquisa escolar no Brasil...10

2.2 O Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação na pesquisa escolar...15

3. METODOLOGIA ...19

3.1 Campo de estudo ...19

3.2 Seleção dos participantes...20

3.3 Procedimento de coleta de dados...20

3.4 Procedimento de análise de dados ...22

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...34

6. REFERÊNCIAS ...37

7. APÊNDICE ...39

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1. INTRODUÇÃO

Segundo estudos realizados no campo da educação, o processo de ensino e aprendizagem se torna mais dinâmico e eficaz com a utilização das chamadas novas tecnologias. São diversos os meios que podem dinamizar a mediação, pelo professor, do conhecimento historicamente construído pela humanidade para que os alunos recebam e busquem informações e a partir delas, construam seu próprio conhecimento.

Esta mediação pode ocorrer por diversas mídias, desde as mais tradicionais como textos impressos, livro didático, transparências no retroprojetor, episcópio, aparelho de som, filmes em DVD, rádio, quadro negro e giz até as atuais com a era da tecnologia, da Informática e dos celulares de última geração.

Contudo, diante da realidade na qual a maioria dos alunos já está inserida, no mundo digital, faz-se necessário que o professor se aproprie das novas tecnologias e incorpore-as na sua prática pedagógica. Assim, selecionar, utilizar e propor atividades com o uso de mídias como computador/internet, filmadora, máquina fotográfica, celular, projetor e TV multimídia, propiciará maior envolvimento e participação dos alunos.

Com o desenvolvimento tecnológico aplicado aos computadores, este equipamento passou a congregar diversas mídias. Através dele pode-se ouvir músicas, assistir a filmes, utilizar inúmeros softwares e ferramentas desde as mais básicas como editor de texto, editor de planilha, elaboração de slides em diferentes formatos e cores até os softwares mais complexos como o editor de áudio Audacity, os editores de vídeos como Windows Movie Maker e Nero Wave, editores de imagens como Photoshop, Fireworks e Corel Draw, esses entre tantos que poderiam ser aqui citados e que fazem parte do dia a dia dos usuários de Informática.

Com a popularização e organização da internet, através dos buscadores como o Google e Yahoo, disponibilizou-se grande volume de informações na rede.

Basta acessar as páginas da internet e em segundos têm-se informações sobre o que está acontecendo em diferentes países do mundo, ou pode-se buscar informações sobre quase todo o conhecimento construído pela humanidade.

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Os bancos, empresas, comércio e serviços em geral, dos diversos setores da sociedade passaram a usar a internet em âmbito comercial. Atualmente, para comprar, vender, fazer pagamentos e investimentos financeiros não há necessidade de sair de casa.

Há pouco tempo, aguardávamos ansiosos, pela chegada de uma carta pelo correio com notícias dos nossos familiares. Depois, com a chegada do telefone, a comunicação pessoal e profissional foi facilitada. Atualmente, com o uso do computador, ou do celular, conectados a internet, têm-se acesso ao e-mail, redes sociais de relacionamento, vídeos, imagens e fotos o que possibilita a comunicação em tempo real.

Para estarmos informados sobre o que acontece na cidade, país e em todos os continentes, não há mais necessidade em irmos até a banca ou biblioteca. Basta acessarmos a internet e à nossa frente estarão todos os jornais do mundo, revistas em diversas línguas e sobre os mais variados assuntos, estações de rádio e canais de televisão. Abrimos o browser1 e nos deparamos com a era dos livros digitais, podcasts2 e videocast3. Enfim, milhares de arquivos à nossa disposição para qualquer finalidade e necessidade que tenhamos inclusive as receitinhas de nossas avós, tudo rápido, simples e prático. A tecnologia permitiu acesso seguro às contas bancárias, movimentações financeiras a qualquer hora do dia e sem sair do lugar, flores para quem queremos bem e moram longe estão à nossa disposição. No lado da diversão encontramos as redes sociais de relacionamento como Orkut4, Facebook5 e Twiter6 , filmes e jogos online.

Com esta evolução tecnológica, foram ampliadas as possibilidades de informação e comunicação em todos os setores pessoais e profissionais da sociedade como forma de entretenimento, estudo, trabalho e facilidades para

1 É um programa navegador de computador que habilita seus usuários a visualizarem e interagirem nas páginas da web.

2 Arquivo de áudio digital geralmente em formato de MP3 ou AAC publicados através de podcasting na internet e atualizado via RSS.

3 Refere-se aos podcast em vídeo, geralmente em formato MP4.

4 Rede social de relacionamento onde é possível publicar fotos, vídeos, criar comunidades em formato de fórum de discussão, enviar e receber notícias de sua rede de contatos.

5 Idem orkut.

6 Rede social de relacionamento ou micro-blog utilizado para postar e receber mensagens de até 140 caracteres.

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compras produzindo resultados significativos no modo de agir e interagir das pessoas. Somos formados pela polifonia dos discursos do cotidiano e quem não buscar inserção neste mundo tecnológico será um excluído digital.

A escola não pode ficar fora deste processo sob pena de não estar cumprindo adequadamente a sua função social que é de formar cidadãos plenos, capazes de agir e interagir com o mundo em sua vida pessoal e no mundo do trabalho. Sacristán e Gómez (1998), referindo-se a função social da escola, afirmam que

facilitar, por meio da educação, o desenvolvimento de indivíduos com capacidade de pensar e atuar de maneira racional e com relativa autonomia exige das escolas propostas, processos e estratégias, parcialmente diferentes dos desenvolvidos em épocas anteriores. (pág. 11)

Há necessidade de que os educadores se apropriem, de forma consciente, dos recursos tecnológicos aplicados à educação, oportunizando um ambiente de aprendizagem desafiador, instigador, criativo e dinâmico com novas formas de aprender, ensinar, produzir, comunicar e reconstruir o conhecimento.

Diante desta diversidade de meios e estratégias para ensinar propiciado pelo desenvolvimento tecnológico, neste trabalho pretendo enfocar a pesquisa escolar como metodologia para efetivar a aprendizagem e autonomia dos estudantes utilizando todo este aparato do mundo contemporâneo.

Pode-se entender a pesquisa escolar como uma importante ferramenta didática onde os alunos aprendem a estudar e investigar transformando as informações e conhecimentos já disponíveis na sociedade em seu próprio conhecimento.

Parte-se do pressuposto de que o processo de pesquisar deve ser ensinado na escola com orientação e acompanhamento dos professores. O tema proposto para pesquisa escolar deve instigar a curiosidade dos alunos para que busquem informações em diversas fontes confiáveis. O texto e demais meios pelos quais o aluno apresenta o resultado da sua pesquisa torna-se um retrato do percurso do que foi realizado por ele, do entendimento e interpretação do que foi pesquisado e da aprendizagem construída.

Em minha trajetória profissional como pedagoga de um colégio público estadual, percebo, através de conversas informais, reuniões pedagógicas e

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conselhos de classe, o desabafo de muitos professores que afirmam estarem desanimados, pois lhes parece que os alunos não querem aprender. Afirmam que propor pesquisa escolar para seus alunos é perda de tempo, pois os trabalhos são apresentados com cópia de diferentes livros ou periódicos. Acrescentam dizendo que, com o advento da internet, aumentou o “copia e cola”, agora realizado a partir de diferentes sites e que os alunos não demonstram interesse e tampouco aprendizagem.

No entanto, no primeiro semestre de 2010, a equipe pedagógica da escola em que eu trabalho solicitou aos alunos do Ensino Médio, como atividade extracurricular, que pesquisassem e organizassem apresentações relacionadas aos Desafios Educacionais Contemporâneos7, temas já trabalhados pelos professores em sala de aula relacionando-os aos conteúdos curriculares.

Para efetivar esta proposta, os alunos buscaram informações em diferentes fontes e produziram teatro, paródias, apresentações em slides, vídeos com entrevistas de profissionais de diversas áreas e assim, demonstraram com criatividade e empenho, o que tinham assimilado com a realização desta proposta.

Através desta ação, percebeu-se a capacidade, domínio das ferramentas, interesse e vontade por parte dos alunos em realizar atividades desafiadoras, dinâmicas e instigadoras para construção do seu conhecimento.

A partir desta observação formularam-se as seguintes questões para o presente estudo: Como os professores do Ensino Médio de um colégio público estadual de União da Vitória tratam a pesquisa em sala de aula? Quais são os encaminhamentos, acompanhamentos e avaliações realizadas nos trabalhos com a pesquisa escolar?

Este trabalho tem por objetivo pesquisar o entendimento que os professores possuem em relação à pesquisa escolar na sua prática pedagógica quando propõem esta atividades à seus alunos. Como objetivos específicos propõem-se: identificar a finalidade da pesquisa escolar; verificar o espaço que a pesquisa escolar tem na

7 Termo utilizado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR) para atender as demandas com contradições da sociedade capitalista e dos anseios dos movimentos sociais referindo-se a Cidadania e Direitos Humanos, Educação Ambiental, Enfrentamento a Violência na Escola, Prevenção ao Uso Indevido de Drogas, Educando para as Relações Étnico-raciais e Afrodescendência e Educação Fiscal.

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aula do professor; investigar como são encaminhados, acompanhados e avaliados os trabalhos de pesquisa escolar; especificar o trabalho de pesquisa escolar com o uso da internet, e analisar as experiências de socialização da pesquisa escolar feita pelos alunos.

Nos pressupostos teóricos é apresentado um breve histórico da pesquisa escolar no Brasil a partir das ideais de Dewey e surgimento da Escola Nova. Na sequencia, nos referimos a obrigatoriedade da pesquisa escolar imposta pela lei 5692/71 e suas consequências no processo educacional. Abordam-se, também, desde estudos inseridos nas teorias de comunicação aos avanços tecnológicos que influenciaram toda a sociedade, inclusive as escolas.

Explanamos sobre as tecnologias de informação e comunicação e a formação e preparação dos professores para uso destas tecnologias na sua prática pedagógica e na efetivação do trabalho com pesquisa escolar.

No item 3 descrevemos os procedimentos metodológicos adotados para o trabalho, justificando a opção pela pesquisa qualitativa e uso do questionário para a coleta de dados. Apresentamos também os participantes da pesquisa, os procedimentos de coleta e análise dos dados.

No item 4 apresentamos os resultados e discussões a partir dos dados obtidos nos questionários. Em seguida são descritas as considerações finais em relação ao trabalho desenvolvido.

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2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

2.1. Breve histórico da pesquisa escolar no Brasil

No entrelaçamento do conhecimento e aprendizagem, muito se tem feito para que a prática da pesquisa escolar ocupe o seu verdadeiro lugar na Educação brasileira. Para entender melhor a necessidade do homem em buscar informações e soluções para seus questionamentos, fossem eles filosóficos, culturais e sociais, objetivando trazer facilidades e agilidade em suas atividades cotidianas, é importante conhecer como se deu esse processo com o passar dos tempos.

A compreensão desse processo histórico remete à conquista e ação do homem para a sua emancipação intelectual e social no exercício da qualidade de ator consciente e produtivo (DEMO, 1998) de sua cidadania. No entanto, esse processo muitas vezes chegou através de discussão repetida, confrontada, dialogada até o ponto em que a “massa de manobra” se reconhece como tal (ibidem) e se posiciona não mais como objeto da ação, mas sim sujeito social competente e produtivo.

No início do século XX, a disseminação das ideias de John Dewey influenciou as ações de pesquisa escolar no Brasil, já que para ele era de vital importância que a educação não se restringisse ao ensino do conhecimento como algo acabado,

“mas que o saber e habilidade adquiridos pelo estudante pudesse ser integrado a sua vida de maneira que o caracterizasse como alguém que ultrapassa seus limites na busca do conhecimento, da aprendizagem”. (RABELO, 2010).

No Brasil, na década de 30, intelectuais influenciados pelas ideias de Dewey, implantaram o movimento de renovação do ensino chamado de Escola Nova. A Didática da Escola Nova, considerava o ensino como um processo de pesquisa, de atividade em torno de um problema, já que o momento histórico nacional passava por um processo de colonização e a educação vinha aos moldes da Congregação Jesuíta alicerçada pelo pensamento de Berkley que dizia “saber é poder” e “a Igreja como tal, sempre monopolizou o saber em suas mãos”. (ibidem). “Segundo essa compreensão escolanovista, os assuntos que merecem ser tratados pela escola são

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problemas significativos que devem ser investigados pelo próprio aluno, a partir de suas dúvidas e indagações” (CAMPELLO et. al., 2010, s.p.).

Nesse contexto, o aluno começa sentir a necessidade de ir atrás de meios que satisfaçam seus anseios no que concerne o aprender, como aponta Demo (1994), a busca do “aprender a aprender e do saber pensar”, aprender a buscar, ir atrás, fazer uma investigação. O sujeito tem que pensar. Ele pensa.

A partir dos anos 60, a prática educacional brasileira introduziu a pesquisa escolar influenciada pela contribuição da psicologia genética com a compreensão de como acontece o processo de desenvolvimento na construção do conhecimento.

(COORDENAÇÃO DE MULTIMEIOS; COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, s/d)

Muito embora, a prática da pesquisa escolar se remeta ao uso de novas tecnologias, Milanesi8 (1985), Suaiden9 (1995) e Santos10 (1989) apud Bernardes e Fernandes (2002) apontam que o seu surgimento partiu de um decreto oficial do Governo Brasileiro que, através da Reforma do Ensino de 1971, propunha através da lei 5.692, o redimensionamento da estrutura do ensino e institucionalizando a pesquisa escolar como prática obrigatória.

Tendo como espaço obrigatório a utilização das bibliotecas para consultas às enciclopédias, livros, revistas, jornais entre outros, muitas vezes enriquecida com visitas a Museus, centros culturais e livrarias, não eram o bastante para o enfrentamento das transformações revolucionárias da ciência e das tecnologias.

Certamente, segundo Bernardes e Fernandes (2002, p. 3), ao “ecoar no cotidiano das escolas, essa proposta institucional tomou outras dimensões” que, para Milanesi (1985) apud Bernardes e Fernandes (ibidem), não foram positivas.

Isso se deu, segundo o autor “pelo desconhecimento dessa prática pelos próprios professores e o despreparo da escola para o atendimento das novas necessidades”.

Assim, diante desses pressupostos, “a prática da pesquisa escolar apresentou-se uma tarefa destituída de significado, mecanizada e apenas uma tarefa a ser cumprida pelo aluno imposta pela escola”, afirmam Bernardes e

8 MILANESI, Luiz. O que é biblioteca. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.

9 SUAIDEN, Emir. Biblioteca pública e informação à comunidade. São Paulo: Global Editora, 1995.

10 SANTOS, M. S. Multimeios na biblioteca escolar. In: GARCIA, Edson Gabriel (org.) Biblioteca Escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Loyola, 1989.

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Fernandes (ibidem).

Deste modo, o que se evidencia é a falta de integração no trabalho da escola e da biblioteca, onde uma disputa se estabelece quanto à responsabilidade do ato que, segundo Milanesi (1985) apud Bernardes e Fernandes (2002, p. 3), “critica-se de um lado, o bibliotecário, as (des)orientações das pesquisas... por outro lado, reclama o professor da falta de acervo adequado das bibliotecas”.

Então, as autoras certificam que para Milanesi (1985), apud Bernardes e Fernandes (ibidem), “não foi positivo a institucionalização dessa proposta no cotidiano das escolas” e mostram que dois fatores foram apontados por esse autor, os professores não possuíam conhecimento da prática de pesquisa e a escola não estava preparada para atender as novas necessidades para realização de trabalhos de pesquisa, destacando a ausência de bibliotecas escolares (MILANESI,1985).

Segundo o autor acima citado, “não se pode instaurar o desejo de pesquisar nos alunos se o professor não pesquisa. E as poucas bibliotecas que figuravam no contexto escolar não possuíam acervo adequado para as novas demandas dessa proposta educacional” (BERNARDES; FERNANDES, 2002, p. 3). Assim, parafraseando Paulo Freire (1996, p.17) como não há homem sem mundo, nem mundo sem homem, não pode haver reflexão e ação fora da realidade-homem.

As transformações revolucionárias da ciência e das tecnologias da informação estão surgindo como mecanismos operacionais com disponibilidade eficiente na busca de informações sobre quase todo o conhecimento construído pela humanidade. Logo, as instituições educacionais não podem fugir a essa condição absoluta em que se insere: a realidade do homem contemporâneo.

Diante desse novo paradigma, é importante frisar que

a revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capitalismo introduziram uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede. Essa sociedade é caracterizada pela globalização das atividades econômicas decisivas do ponto de vista estratégico, por sua forma de organização em redes; pela flexibilidade e instabilidade do emprego e pela individualização da mão-de-obra. Por uma cultura de virtualidade real construída a partir de um sistema de mídia onipresente, interligado e altamente diversificado.

(CASTELLS11, 2003 apud MORIGI; PAVAN, 2004, p. 117).

11 CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. 7 ed. Tradução Roneide Venancio Majer. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

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Esses aspectos relevantes da revolução tecnológica remontam a década de 50, pois era o momento chave para “o posterior desenvolvimento dos âmbitos da Tecnologia Educacional destacando a importância crescente do tema da comunicação”, afirmam Bartolomé e Sancho12 (1994 apud LITWIN, 1997, p. 14).

Nesse momento, a sociedade passa a considerar que a informação é o elemento mais importante para que ocorram as grandes transformações “no trabalho, na economia, na política, na cultura no modo de vida e nas relações interpessoais”, afirma Castells (2003).

Em meados da década de 60, torna relevante o crescimento da psicologia cognitiva, onde “diferentes métodos ou meios no processo de aprendizagem do aluno” Litwin (1997, p.14), são aplicados no contexto escolar de sala de aula, isto é, com o foco na forma de pensar do aluno, como processa seu conhecimento, manifesta atenção, memória, compreensão, evidencia a recordação, aplica uma tomada de decisão, e usa a linguagem etc. “Típico desta perspectiva é o uso sistemático de experimentos científicos e sua proximidade com as ciências da informação e da computação” conclui a autora.

O que resultou de todo esse propósito de atuação da pesquisa educacional foi que a Direção de Pesquisa e Comunicação Educativas do Instituto Latino-Americano da Comunicação Comunicativa (ILCE), foi a constatação de que

[...] a origem desse campo se caracteriza por um equívoco inicial: supor que a utilização de instrumentos derivados do avanço técnico melhorará automaticamente a eficiência e a eficácia dos sistemas educacionais e abrirá, inclusive, possibilidades para a substituição do professor. (LITWIN, 1997, p.14)

Vê-se que nesse momento, a educação passa por um processo de instabilidade e toma um rumo para uma educação meramente informativa no que se refere a novos meios tecnológicos educacionais, pois, segundo Litwin, “os meios não se comprovam efetivamente, e a tecnologia Educacional, na linha da denominada visão ampla, persiste em sua intenção de controlar o processo de ensino e aprendizagem” (Ibid. p.15).

12 BARTOLOMÉ, A. e SANCHO, J. La cuestión de la investigación em Tecnologia Educativa, em J.

De Pablos (comp), La Tecnologia Educativa em España, Servilha, Servicio de Publicaciones, Universidade sw Servilha, 1994.

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Agora o caminho percorrido pela educação, nos anos 70, ainda perpassa pelo eixo desta visão ampliada numa perspectiva de buscar solução para os problemas,

“antes de estabelecer uma conceitualização dos mesmos” (DIÁZ BARRIGA13, 1994, p.140 apud LITWIN, 1997, p.15) baseados no desenvolvimento e na administração de elementos sistêmicos, isto é, melhorar o sistema de ensino e aprendizagem e torná-los controláveis, já que “as propostas de Tecnologia Educacional apoiaram-se na confluência de três ciências sociais”, afirma Litwin, (1997, p.19), sendo elas: “a teoria da comunicação, a psicologia da aprendizagem e a teoria sistêmica”.

Sabe-se que na escola, ainda hoje, tanto o professor quanto aluno não dominam o processo de pesquisa, sendo que os alunos apresentam uma tentativa meramente de cópia só de um livro, um texto recortado, por exemplo, pobre em informação para ser julgado e depois considerado como uma avaliação. Com o avanço tecnológico, fica evidente uma das mudanças significativas “diversificando os modos de ler e escrever”, pontuam Bernardes e Fernandes (2002, p. 3), colocando este tema em pauta nos meios escolares das instituições educacionais brasileiras.

É importante que toda instituição educacional, a partir desse novo momento tecnológico, aproprie-se da consciência de que se faz necessário oportunizar um ambiente desafiador, instigador, criativo e dinâmico, com novas formas de aprender, ensinar, produzir, comunicar e reconstruir o conhecimento. Dominar as novas tecnologias digitais na escola, principalmente a Internet, demanda o conhecimento prévio de seu funcionamento enquanto tecnologia, uma vez que uma série de fatores-problemas está ligada diretamente à atuação do professor (PROFESSOR DIGITAL, 2010), como, por exemplo:

1. Falta de planejamento pedagógico do professor.

2. Falta de clareza na proposta de pesquisa e falta de orientação adequada aos alunos.

3. Forma pobre com que a pesquisa é proposta.

4. Falta de disposição do professor para analisar as produções de maneira crítica e construtiva.

5. Abandono intelectual do aluno durante o processo de pesquisa.

13 DÍAZ BARRIGA, A . Currículo y Tecnologia Educativa, en Ponencias del Seminario Internacional de Tecnologia Educativa, Cuadernos para el Análisis n. 7. Barcelona, Horsori, 1994.

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Vencidos todos esses obstáculos, acredita-se que a escola estará pronta para que o processo de pesquisar passe a fazer parte metodológica do professor, para efetivar a aprendizagem e autonomia dos estudantes, não importando as diferentes denominações, tais como: terceira revolução industrial, revolução científica e técnica, revolução informacional, revolução informática, era digital, sociedade técnico-informacional do conhecimento ou, simplesmente, revolução tecnológica, assim alguns estudiosos do assunto mencionam (LIBÂNEO, 2009).

Nota-se um grande esforço dos poderes públicos e educacionais em implantar meios tecnológicos, como a internet, como um ponto de apoio aos professores nas suas práticas pedagógicas, enriquecendo os instrumentos metodológicos e didáticos de sala de aula. No Paraná pode-se citar, como exemplo, a implantação dos laboratórios de informática em todas as escolas públicas estaduais chamado de “Paraná Digital” e da instalação das TVs Multimídia14 em todas as salas de aula destas mesmas escolas. Estes equipamentos oportunizam a inclusão e acesso para professores e alunos das novas tecnologias no ambiente escolar. Contudo, no cotidiano escolar percebe-se o pouco uso destes equipamentos pois os professores ainda não tem o conhecimento de como implementar estas tecnologias como metodologia no processo de ensino e aprendizagem.

2.2 O Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação na pesquisa escolar

Conhecer a forma como se pensa a pesquisa escolar, de acordo com Madeira (2010), significa conhecer os conceitos e práticas que foram sendo construídas no decorrer dos tempos já que encontramos na escola um espaço social, formado por pessoas que trazem um conhecimento epistemológico adquirido na realidade social dos grupos que se formou para distingui-lo da realidade de outros grupos, como forma de posicionar o indivíduo diante da realidade em seu cotidiano.

14 Televisores de 29 polegadas com entrada para VHS, DVD, cartão de memória e pendrive e saídas para caixa de som e projetor multimídia.

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[…] supõe objetos, sejam eles, pessoas, coisas, conceitos, ideias reais ou imaginárias, aprendidos, conhecidos, apropriados no processo prático por homens inseridos de forma determinada numa dada totalidade social, num tempo e num espaço precisos. Uma representação social não pode, portanto, ser capitada como um dado estanque e isolado, mas no movimento pelo qual o homem concreto – relacionado e histórico – vai, continuamente, atribuindo sentido aos objetos dos quais se apropria […]

(MADEIRA, 2010, s.p.)

Freire (1996, p.15 e 17), quando escreve sobre o compromisso do profissional com a sociedade, faz algumas reflexões que remete a abrangência da palavra

“profissional” pontua a “necessidade de penetração cada vez maior no conceito do compromisso, com o qual podemos apreender aquilo que faz com que um ato se constitua em compromisso” e, em se referir à possibilidade de reflexão diz que

somente um ser que é capaz de sair de seu contexto, de “distanciar-se” dele para ficar com ele; capaz de admirá-lo para, objetivando-o, transformá-lo e, transformando-o, saber-se transformado pela própria criação; um ser que é e está sendo no tempo que é o seu, um ser histórico, somente este é capaz, por tudo isso, de comprometer-se (FREIRE, 1996, p.17)

Diante dessa reflexão, entende-se que a pesquisa escolar passa pela postura do professor e aluno, enquanto seres humanos, cidadãos responsáveis com a sociedade em se comprometerem em suas praxes, justamente por ter a “capacidade de atuar, operar, de transformar a realidade de acordo com finalidades propostas”, complementa Freire, (1996, p.17). Mas, o que fazer quando propostas didáticas- metodológicas utilizando as novas tecnologias como a internet, vídeos, multimídias, surgem “na cena educacional, como algo imprescindível e temível ao mesmo tempo”? (LITWIN, 1997, p. 128).

Propor novas tecnologias expressa a necessidade de a escola estar preparada qualitativamente e quantitativamente para trabalhar com “os novos paradigmas de aprendizagem introduzidos pelo uso das TICs” (PROFESSOR DIGITAL, 2010). Para tanto, deve organizar-se em seus projetos de materiais educativos, na elaboração do currículo, no que se refere ao espaço físico, mas, principalmente, no que se refere ao corpo docente, pedagógico, pois “a qualificação profissional passa a ser prioridade, já que os mencionados novos paradigmas não

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são bem compreendidos pelos educadores e sobre como e porque isso deve ser usado” (ibidem).

Quando se fala em tecnologia educacional como meio de apresentar novas tecnologias para o professor, incluindo uma abordagem curricular, é preciso que a escola tenha claras as ideias de que existem contribuições importantes na área da tecnologia educacional, de forma que os elementos integrados na realidade curricular estarão “condicionados pela natureza e concepção (...) sob as quais foram gerados” e “dependendo da concepção curricular da qual se parta, variarão as funções que possam ser designadas aos meios”. (AREA,1991b15, apud SANCHO (1998, p. 63).

Nesse momento, precisa-se compreender por que o problema passa pela

“profissionalização pedagógica dos professores” (DE PABLOS; LUCIO-VILLEGAS, 199216, apud SANCHO, 1998, p. 66). O conceito de profissional de Schön, (199217 apud SANCHO, 1998).

integra uma série de capacidades e habilidades especializadas que lhe permitem ser competente na sua área de trabalho (...), fica comprometido a assumir um espírito cooperativo, (...) incorporar-se a um coletivo de profissionais que não atua sem coordenação ou sem controle. ( p. 66).

Como se sabe, hoje em dia, a sociedade está ligada pela comunicação via satélite, na qual todos têm acesso à informação de qualquer parte do mundo. Por isso, chama-se, sociedade globalizada. No entanto, essa visão remete uma falsa ideia de que essa sociedade recebe informações de forma igualitária, sem fronteiras de classe social, no universo da comunicação.

Uma vez estabelecidos alguns conceitos e reflexões, precisa-se saber se o uso das mídias nas atividades didáticas escolares está atendendo todas as necessidades e expectativas no que se refere de uma educação tecnológica informativa moderna comprometida com as metas educacionais previstas de ensino- aprendizagem do aluno.

15 AREA, M. Los medios, los profesores y el currículo. Barcelona: Sendai. 1991.

16 De PABLOS. J. & LUCIO-VILLEGAS, E. El profesor universitario y la formación pedagógica.

Revista de Enseñanza Universitaria, n. 2 e 3, p.59-67. 1992.

17 SCHON, D. A. La fomación de profesionales reflexivos. Madri: Paidós/MEC. 1992.

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Segundo Freire (2005, p. 78), “como pesquisa não é qualquer coisa”, o aluno precisa “desconstruir conhecimento e reconstruir com mão própria”. Para isso, o professor precisa ter as informações das multimídias para que as fontes de pesquisa escolares não passem de uma simples cópia, já que a internet, considerada uma biblioteca virtual ou digital, é utilizada para construir conhecimento.

Nesse contexto, o aluno se encontra diante de várias possibilidades de contatar múltiplas formas de texto, através da internet, CD-ROM, quer na escola ou fora dela, como base para a criação de uma individualidade textual que vai apresentar características que garantem a veracidade do texto e a apropriação de seu conhecimento.

Libâneo (2009) afirma que

A escola com que sonhamos é aquela que assegura a todos a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã, possibilitando uma relação autônoma, crítica e construtiva com a cultura em suas várias manifestações: a cultura provida pela ciência, pela técnica, pela estética, pela ética, bem como pela cultura paralela (meios de comunicação de massa) e pela cultura cotidiana. (p. 3).

Diante deste “sonho” o autor destaca que é preciso resgatar a identidade profissional do professor com formação inicial e continuada atendendo as necessidade da realidade contemporânea envolvendo os avanços tecnológicos para enfrentar os desafios pedagógicos das tecnologias digitais no contexto educacional que são questões de ordem social, institucional e pedagógica.

O professor deve utilizar os recursos tecnológicos, como a internet, na escola ou fora dela, como “estratégias de ensino” para fazer da pesquisa escolar um momento de interação e de “desenvolvimento de suas próprias competências”, pontua o autor, levando o aluno a atitudes de reflexão, trabalho em equipe, superando o senso comum, “discutir soluções para problemas a partir de diferentes enfoques (interdisciplinaridade), contextualizar o objeto de estudo em sua dimensão ética e sociocultural” (LIBÂNEO, 2009, p. 19).

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3. METODOLOGIA

Tendo em vista a investigação a ser realizada “Como os professores do Ensino Médio de um colégio público estadual de União da Vitória tratam a pesquisa em sala de aula? Quais são os encaminhamentos, acompanhamentos e avaliações realizadas nos trabalhos com a pesquisa escolar?” optamos em trabalhar com a pesquisa qualitativa buscando compreender o entendimento e a prática pedagógica do grupo pesquisado em relação ao tema abordado. Este tipo de pesquisa propicia entender um fenômeno específico através dos dados coletados trabalhando-os com descrições, comparações e interpretações.

De acordo com Triviños (1987), na pesquisa qualitativa o pesquisador está inserido no ambiente a ser pesquisado, em contato direto com a realidade pesquisada possibilitando a coleta dos dados necessários para a compreensão do seu objeto de estudo.

Moreira e Caleffe (2006, p. 73), caracterizam a pesquisa qualitativa como sendo aquela que “explora as características dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente”, ou seja, os dados coletados são interpretados pelo pesquisador levando em consideração o lado subjetivo e intencional dos sujeitos pesquisados, do contexto e processos em que estão inseridos.

Quanto aos objetivos optamos em trabalhar com a pesquisa descritiva que segundo Gil (2002, p. 42) “tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população” possibilitando uma análise a partir do referencial teórico com os dados coletados.

3.1 Campo de estudo

O universo escolhido para realização desta pesquisa é um colégio público estadual situado na zona urbana de União da Vitória, Estado do Paraná. Atuando como pedagoga neste estabelecimento de ensino, observando a prática pedagógica

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dos professores, percebi a necessidade de investigar o entendimento e prática em relação a pesquisa escolar o que determinou a escolha deste tema de estudo.

O referido colégio atende a aproximadamente mil alunos do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio com funcionamento nos períodos matutino e vespertino. Toda a equipe pedagógica e a maioria dos professores, além da formação específica de sua área de atuação na graduação também possuem especialização latu-sensu.

Este colégio apresenta boa infraestrutura física composta por 22 salas de aula (todas com TV Multimídia), biblioteca, laboratório de ciências e biologia, laboratório do Paraná Digital com 24 computadores conectados a internet, auditório equipado com sistema multimídia e som, área desportiva. Conta ainda com sala dos professores, equipe pedagógica, direção, secretaria sendo todas equipadas com computadores/internet e impressora. No prédio também está disponibilizado sistema de internet sem fio.

3.2 Seleção dos participantes

Todos os professores que atuam como docentes no Ensino Médio foram convidados a participar da pesquisa totalizando trinta professores. A opção pelos professores deste nível de Ensino se deu devido a confirmação, de acordo com atividade desenvolvida pela equipe pedagógica já descrita na introdução deste trabalho, de que os alunos do Ensino Médio dominam as ferramentas e equipamentos do computador e da web 2.0, o que foi considerado positivo no sentido de facilitar a pesquisa escolar como meio de ensino.

3.3 Procedimento de coleta de dados

Por estarmos estudando um tema atual “Como os professores de Ensino Médio entendem pesquisa escolar”, o delineamento adotado como procedimento para coleta foram questionários elaborados pela pesquisadora para atingir os objetivos propostos neste trabalho.

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De acordo com Gil (2002) o questionário é instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.

Este mesmo autor aponta como vantagens deste instrumento a economia tempo, possibilidade de atingir maior número de pessoas simultaneamente, oportuniza respostas mais rápidas e mais precisas, maior liberdade nas respostas em função do anonimato e menor chance de distorção pela não influência do pesquisador. Como desvantagens, o autor apresenta a pequena percentagem dos questionários que voltam, o grande número de perguntas sem resposta, a impossibilidade de ajudar o pesquisado em questões mal compreendidas e a devolução tardia que prejudica o calendário ou sua utilização.

Para Gil (2002, p. 116) “a elaboração de um questionário consiste basicamente em traduzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem redigidos”. Assim, as perguntas foram elaboradas a partir dos objetivos específicos propostos que foram: identificar a finalidade da pesquisa escolar; verificar o espaço que a pesquisa escolar tem na aula do professor; investigar como são encaminhados, acompanhados e avaliados os trabalhos de pesquisa escolar;

especificar o trabalho de pesquisa escolar com o uso da internet, e analisar as experiências de socialização da pesquisa escolar feita pelos alunos.

Para os questionamentos, foram seis perguntas com as respostas em aberto, para que as respostas dos respondentes fossem diretamente consoantes aos seus pensamentos e concepções.

Para elaboração do questionário foram seguidas as regras básicas mencionadas por Gil (2002), tais como:

[…] perguntas relacionadas ao tema proposto; […] devem ser formuladas de maneira clara, concreta e precisa; […] deve-se levar em consideração o sistema de referencia do entrevistado, bem como o nível de informação; […]

deve possibilitar uma única interpretação; […] não devem sugerir respostas;

[…] devem referir-se a uma única ideia de cada vez; […] apresentação gráfica do questionário tendo em vista facilitar seu preenchimento. (p. 116 e 117)

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Após a elaboração do questionário, objetivando avaliar e validar no sentido de que possa coletar os dados pretendidos, este instrumento foi aplicado como pré- teste sugerido por Gil (2002) para as pedagogas que atuam na equipe pedagógica no colégio alvo desta pesquisa. Após a aplicação do questionário e análise das respostas dadas por elas, a pesquisadora entrevistou as pedagogas, confirmando que este instrumento atende aos objetivos propostos.

O convite aos professores para participarem da pesquisa foi feito oralmente, durante uma reunião pedagógica. Foi explicado que este questionário é o instrumento de coleta de dados à utilizado na elaboração do trabalho de conclusão do curso da pesquisadora, o Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Mídias Integradas na Educação. O convite foi aceito por todos e, então, foram distribuídos os questionários para coleta de dados. O período destinado para resposta e devolução dos questionários foi na primeira quinzena de novembro de 2010.

Dos trinta questionários distribuídos, foram entregues respondidos apenas dezoito. Quanto aos doze professores que não fizeram a devolução, quando solicitado pela pesquisadora, alguns afirmaram que tinham esquecido e outros que não tiveram tempo para responder.

3.4 Procedimento de análise de dados

Pela natureza desta pesquisa e opção do instrumento de coleta de dados com questionário de perguntas abertas, a organização e análise dos dados serão de forma descritiva, abordando as respostas dos respondentes pergunta por pergunta na sequencia em que foram apresentadas no questionário18. Para preservar a identidade dos respondentes não será citado nenhum nome ou disciplina de atuação dos participantes da pesquisa.

Gil (2002) afirma que a interpretação e análise dos dados devem ser feitas a partir de conhecimentos significativos, originados de pesquisa empírica ou de teorias comprovadas.

18 Modelo do questionário no Apêndice 1.

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Nessa perspectiva, a análise dos dados que expressam o entendimento e prática pedagógica em relação à pesquisa escolar dos professores será realizada com comentários embasados no referencial teórico estudado para que este trabalho possa servir de material de estudo aos interessados em uma compreensão mais clara sobre o que é pesquisa escolar e o seu papel na educação.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A primeira questão elaborada buscou coletar dados sobre os conceitos de pesquisa escolar sendo solicitado aos professores que escrevessem o que entendem por pesquisa escolar? Os professores pesquisados conceituaram pesquisa escolar como:

R191 “É o estudo de um determinado tema proposto, através de livros, internet e outros meios” (3 professores responderam desta forma).

R2 “Toda atividade que o aluno possa se inteirar de algum conteúdo através de livros, jornais, internet, etc”.

R3 “São atividades extras de investigação desenvolvidas em sala de aula e fora dela”.

R4 “Método alternativo para auxiliar na ampliação dos conhecimentos e assim desenvolver o senso crítico, avaliando a veracidade dos conteúdos divulgados”.

R5 “A pesquisa escolar vai além do mero repasse de informação e conteúdo, é necessário entender que é uma forma de auxiliar o entendimento e o repasse de informações”.

R6 “Este dispositivo para a disciplina de sociologia é importantíssimo porque a pesquisa aperfeiçoa o repasse do docente, e faz com que o sistema de ensino associe a relação com o sistema social, que elimina os pobres de saber, com os que não dominam a linguagem da cultura escolar”.

R7 “Pesquisa escolar é um instrumento didático que nos auxilia na assimilação de conteúdos e também fazer o aluno estudar sozinho, independente”.

R9 “É a busca de informação de um determinado assunto com a intenção de adquirir conhecimento. Não se limita apenas a cópia”.

R10 “A pesquisa escolar é uma atividade que envolve a construção do conhecimento que envolve a leitura e escrita”.

R11 “Uma parte do processo pedagógico que permite o aprimoramento do estudo do tema, tendo em vista que o aluno tem que ler, entender e escrever”.

19 Resposta

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Percebe-se que o entendimento sobre pesquisa escolar está distante do conceito de educar pela pesquisa, como afirma Demo, (1998, p. 2) quando diz que para “educar pela pesquisa é preciso de um profissional da educação que maneje a pesquisa como princípio científico e educativo, e a tenha como atitude cotidiana”.

Assim, o que se observa é que, a grande maioria dos pesquisados demonstrou não ter um conhecimento mais elaborado que se aproximasse dos pressupostos teóricos metodológicos sobre Pesquisa Escolar dos quais o presente estudo parte. Como afirma Demo (1998), na sua introdução em “Educar pela Pesquisa”, que cabe ao professor “desafio de construir a capacidade de (re) construir, na educação básica (...), qualidade formal e política, teoria e prática, inovação e ética, e não mais como “mero instrutor” diz o autor (p.10). Assim, o professor e o aluno deixam de serem objetos para serem sujeitos nesse processo, propiciando um ambiente de trabalho conjunto.

Somente as respostas 9, 10 e 11 se aproximam do entendimento de pesquisa apontada por Bagno (2004) e Demo (2004) no que diz respeito a obtenção de conhecimento sobre um determinado assunto. Observa-se que os professores descrevem a pesquisa escolar como uma forma dos educandos ampliarem seus conhecimentos ao buscarem informações dentro e fora do contexto escolar, e que poderá auxiliá-los na compreensão de um determinado assunto trabalhado em sala de aula. Afirmam também que a pesquisa escolar é uma forma dos educandos complementarem seus estudos.

A segunda questão “Para que serve a pesquisa escolar? ¨ objetivou coletar dados sobre o entendimento da utilidade da pesquisa escolar para os entrevistados.

As repostas escritas pelos professores foram:

R1 “complementar e reforçar o conteúdo visto em aula”; (resposta dada por 7 professores)

R2 “como aprofundamento de conteúdo”;

R3 “para ajudar o professor a inovar”;

R4 “adquirir todo conhecimento possível”;

R5 “obter novos e mais conhecimentos”;

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R6 “alternativa para o aluno aprender”;

R7 “obter ponto de vista”;

R8 “buscar por si próprio o conhecimento”;

R9 “a capacidade de síntese e de entendimento”;

R10 “caminhos para o professor e aluno estudarem e lerem mais”.

Ao analisar as respostas dadas à segunda pergunta percebe-se que não há a compreensão de pesquisa como um instrumento metodológico e que por si só não é eficaz. O professor deve ser mediador no processo de ensino e aprendizagem como Sócrates já assegurava quando insistia na instigação do professor para promover a emancipação dos alunos (Demo, 2004, p.13).

Quanto a resposta 1 dada por sete professores e a resposta 5 que descrevem a pesquisa escolar como uma forma dos educandos buscarem mais informações, ampliarem os conteúdos encontramos respaldo em Demo (2004, p. 93) quando se refere “ao uso de livros didáticos disponíveis”. No entanto, o mesmo autor complementa que esta pesquisa deve comparar documentos, (DEMO, 2004, p. 93)

“distinguindo maneiras diferentes de analisar o mesmo assunto, descobrindo pontos de vista diferenciados de autores e mesmo pontos teóricos de fundo divergentes”.

Para que esta forma de pesquisa aconteça, é necessário que o professor tenha este entendimento e oriente os alunos à realizá-lo o que não foi citado pelos professores.

Diante disso, diz Demo (1998, p. 99): “a escola é chata e a professora uma figura bisonha”. Isto é, o aluno não desempenha o seu papel de pesquisador e, no mesmo contexto, o autor (1998, p. 98 a 101) aponta que “é crucial mudar a pedagogia, [...] para torná-la, sobretudo como didática do aprender a aprender e do saber pensar [...]”. Sabe-se que o professor mediador é aquele que não se considera o possuidor do conhecimento, mas aquele que proporciona autonomia de, no espaço da sala de aula, organizar os meios e os recursos tecnológicos no seu plano de aula estabelecendo uma interação entre professor/aluno.

A terceira questão levantou dados sobre o lugar que a pesquisa escolar tem na aula de cada professor entrevistado. O que se pretendia era um relato do

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professor em relação a importância dada a pesquisa escolar como metodologia para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. Algumas das respostas dadas são:

R1 “[...] busco sempre que necessário”;

R2 “alternativa que busco sempre que necessário, mesmo cometendo alguns erros, estamos sempre aprendendo”;

R3 “o lugar principal para entender as relações concretas dos conhecimentos sociais com a realidade social, cultural contemporânea e causas históricas”;

R4 “auxilia no desenvolvimento do conteúdo a ser transmitido [...]”;

R5 “procuro trabalhar com pesquisa, pelo menos uma vez ao ano […];

R6 “não uso na minha aula”; (5 professores)

R7 “não utilizo muito porque sinto muita dificuldade ou porque os alunos ainda tem ideia de cópia [...]”;

R8 “divido a pesquisa como 50%; (2 professores)

R9 “não dou prioridade”;

R10 “apesar dos esforços os alunos não estão preparados para tal atividade”;

Pode-se observar pelas respostas dadas que uma parcela ínfima, apenas as respostas 1 a 3 dos professores entrevistados demonstrou algum conhecimento teórico-metodológico em sua sala de aula.

No livro “professor do Futuro e Reconstrução do Conhecimento, Demo (2004), primeiro capítulo, afirma que

cuidar da Aprendizagem leva a uma profunda reflexão sobre o professor atual, “aquele que “dá aula”, carrega o estigma secular de repasse reprodutivo de conhecimento alheio, em “semanas pedagógicas ao invés de estudar, reconstruir conhecimento, elaborar projetos pedagógicos, não fazem mais que ficar escutando palestra, em posição instrucionista evidente.

Nesse contexto, pode-se evidenciar o quanto são duras, mas necessárias as palavras de um especialista em educação como o Professor Pedro Demo, pois ao observar as respostas dos entrevistados: “não se utiliza pesquisa”, não dá prioridade¨, “uso pelo menos uma vez ao ano”, “somente “50%”, aqui deve ser com relação ao valor para avaliação, “os alunos limitam a copiar”, “apesar dos esforços os alunos não estão preparados para tal atividade” percebe-se que não é importante

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dizer que na escola tem “sala de informática, aparelhos de multimídias, entre outros recursos que devam ser utilizados como recursos metodológico pelo professor e alunos na reconstrução da aprendizagem se o professor ainda pensa que a nota é o resultado primordial nesse espaço educacional e considerando que o aluno deve saber pesquisar sem que o professor lhe tenha ensinado.

Na resposta 7 o professor demonstra a preocupação de que os alunos veem pesquisa como fazer cópia. Para Demo (1998, 2004) e Brito e Purificação (2005) afirmam que para superação do copiar em pesquisa escolar é necessário que o professor aprenda a pesquisar para então ensinar o aluno.

Em nenhuma das entrevistas a pesquisa foi citada como proposta de atividade, como aponta Bagno (2004, p. 16) ao definir pesquisa como “uma atividade (...) em diversos momentos do cotidiano”, além do “caráter científico quando a investigação é feita com o objetivo expresso de obter conhecimento específico e estruturado sobre um assunto preciso”. Este entendimento é reafirmado por Demo (2004) que considera a pesquisa “como princípio científico e educativo”.

Na quarta questão foi perguntado aos professores como encaminham, acompanham e avaliam a pesquisa escolar com seus alunos. Oportunizou-se aos professores que relatassem como orientavam o aluno para o desenvolvimento da pesquisa em seu trabalho de busca das informações nos meios disponíveis e indicados pelo professor e de que forma esse professor avalia o trabalho de pesquisa, tanto na busca individual quanto nas solicitadas, além da capacidade de reestruturação de informações tipicamente individual, solução de problemas, indicação de respostas adequadas, de forma ética e crítica e ainda quais os critérios e instrumentos de avaliação do trabalho realizado.

Algumas das repostas dadas à quarta questão são:

R1 “ensinado e procurando orientá-los”; (3 professores)

R2 “organizo grupos com sorteio de temas que serão pesquisados, sobre os quais o grupo deve montar uma apresentação na qual podem usar slides, cartazes e até maquetes, com tempo e critérios claros”;

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R3 “esclarecendo o tempo para a pesquisa e entrega, durante esse tempo se dá um acompanhamento para verificar as dificuldades. Normalmente avalio pela apresentação em seminários”,

R4 “explico o assunto esclarecendo os pontos que não podem faltar no trabalho, falo da importância de comparar vários autores;

R5 “passo o assunto específico, oriento sobre o uso correto da internet e dou sugestões de alguns sites”;

R6 “através de debates, seminários e de forma escrita”;

R7 “avalio com exposição do tema de forma dialogada quanto a coerência da explanação”;

R8 “Como não utilizo, não sei responder”; (2 professores)

R9 “encaminhar e avaliar sem acompanhar no sentido de perceber se estão com dificuldade em encontrar o tema da pesquisa, se o tema proposto tem em livros, não deve acontecer”;

Através da resposta 1 dada por três professores “ensinado e procurando orientá-los e da resposta 8 “não utilizo” percebe-se a falta de compreensão destes professores de como encaminhar, acompanhar e avaliar a pesquisa e como inseri-la na sua prática pedagógica. Estas respostas demonstram o que dizem Bernardes e Fernandes, (2002, p. 3) que agindo assim a pesquisa escolar torna-se “uma atividade mecanizada, destituída de significação, uma mera tarefa a ser cumprida por parte do aluno que passava a frequentar às bibliotecas, sob a obrigatoriedade imposta pela escola”.

Para Demo (2004) os professores devem ter claro que a pesquisa é um meio para construir conhecimento e que o encaminhamento deve desafiar, instigar a descoberta a fim de buscarmos subsídios sobre o que queremos aprender ou buscar respostas para os desafios.

Ao analisar as repostas 2 a 7, apesar de serem iniciativas importantes o que se observa é a falta de planejamento, já que ele, segundo Blattmann e Fragoso (2003, p. 48) “possibilita evitar a rotina e a improvisação”, isto é, receber simplesmente o trabalho do aluno, fazer um seminário, debates, avaliar com uma prova escrita o tema objeto da pesquisa, exposição oral, ou, simplesmente não usar

Referências

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