Introdução
Essa é a terceira aula do módulo e iniciaremos o estudo dos recursos em espécie, com o compromisso de ressaltar as principais mudanças introduzidas na CLT pela Lei nº 13.015/14, no que se refere ao processamento de recursos no âmbito da Justiça do Trabalho.
Hoje estudaremos: embargos, recurso ordinário, embargos de declaração e pedido de revisão do valor da causa.
Objetivo:
Compreender os seguintes recursos: embargos, recurso ordinário, embargos de declaração e pedido de revisão do valor da causa.
Conteúdo
Considerações sobre a Lei nº 13.015/2014
Antes de adentrar nas modalidades de recurso, convém registrar a importância da Lei nº 13.015/2014, a qual tem por lastro anteprojeto dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho e norte os constitucionais princípios da duração razoável do processo, efetividade, economia e celeridade processual.
Além disso, tal diploma prima pelo fortalecimento da construção jurisprudencial, pois ao mesmo tempo em que valora os precedentes dos Tribunais Superiores, chama à responsabilidade os TRFs, no que diz respeito à necessidade de consolidação de seus entendimentos, de sumulá-los. A nova lei promoveu a incorporação da sistemática do julgamento dos recursos repetitivos, há muito usada no processo civil e que racionaliza os trabalhos dos Tribunais Superiores.
Objetivos da lei
O Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, João Orestes Dalazen, ao se pronunciar sobre as inovações processuais e repercussões acarretadas pela Lei nº 13.015/2014, em conferência realizada pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, em 06.12.2014, destacou os objetivos desta norma como sendo:
1º. Inibir novos recursos de revista para o TST, utilizando, para tanto, normas processuais aptas a restringir o uso desordenado dessa modalidade recursal, criando filtros para dificultar a interposição e, ao final, desafogar essa Corte;
2º. Corrigir uma grave disfuncionalidade — por força da qual o TST via-se na contingência de uniformizar a jurisprudência interna dos tribunais —, com atribuição de um novo papel e responsabilidade aos Tribunais Regionais do Trabalho;
3º. Fortalecer o papel do TST na construção da jurisprudência trabalhista no âmbito nacional, atribuindo-lhe competência para julgar recursos de revista repetitivos (Artigo 896, “b” e “c”, da CLT).
Alterações da lei
Quando os recursos de revista tiverem uma questão jurídica comum, o TST poderá selecionar alguns, como representativos de controvérsias, e os demais serão sobrestados nos Tribunais Regionais, para apreciação depois de sedimentada uma jurisprudência a ser aplicada pelos TRT e varas do trabalho.
Ao final, é oportuno registrar que essa lei sofreu várias mudanças no Congresso Nacional, como uma atípica possibilidade de interposição de agravo de instrumento sem o pagamento do depósito recursal, afastamento das multas previstas na redação originária para as hipóteses de litigância de má-fé, entre outras coisas.
Recursos em espécie
Da literalidade do artigo 893, da Consolidação das Leis do Trabalho, conclui-se que das decisões proferidas pelos órgãos da Justiça do Trabalho, cabem os seguintes recursos:
1) Embargos
2) Recurso ordinário 3) Recurso de revista 4) Agravo
A esse rol, todavia, devem ser acrescidos:
5) Embargos de declaração (previstos no art. 897-A, da CLT, desde 2000 e há muito admitidos no processo do trabalho, por força do art. 769, da CLT)
6) Recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal (art.102, III, “c’, da CRFB).
7) Pedido de revisão do valor da causa (com previsão no art. 2º, da Lei nº 5.584/70).
Embargos (Artigo 894 da CLT)
Segundo o Artigo 894, da CLT, no Tribunal Superior do Trabalho, cabem embargos nas seguintes situações:
1ª: Inciso I, alínea “a”
De decisão não unânime de julgamento que: “conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos previstos em lei”.
2ª: Inciso II
Das decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias à súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal (Redação dada pela Lei nº 13.015, de 2014).
§ 2o
A divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual, não se considerando tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (incluído pela Lei nº 13.015, de 2014).
§ 3o
O Ministro Relator denegará seguimento aos embargos: (incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)
I - se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou com iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, cumprindo-lhe indicá-la; (incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)
II - nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de representação ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco de admissibilidade (incluído pela Lei nº 13.015, de 2014).
§ 4o
Da decisão denegatória dos embargos caberá agravo, no prazo de 8 (oito) dias (incluído pela Lei nº 13.015, de 2014).
Mudanças legislativas
Vejam que as mudanças legislativas, nos artigos, estão no inciso II e seus parágrafos, pois ao mesmo tempo em que foram mantidas as possibilidades de interposição de embargos das decisões das turmas que divergirem entre si e das decisões da Seção de Dissídios Individuais, foram acrescentadas previsões acerca de possibilidade de uso desse recurso para impugnar decisões que se apresentem contrárias à súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou enunciados de súmulas vinculantes do Supremo Tribunal Federal.
Observamos que houve uma verdadeira depuração quanto à finalidade dos embargos para a Seção de Dissídios Individuais, pois, não resta dúvida de que diante de decisão recorrida em desarmonia com a jurisprudência do TST é necessária admissão de embargos para se alcançar a almejada uniformização de entendimento.
Decisões desarmônicas
Também representa um avanço a admissão do referido recurso contra decisão que se mostre em desarmonia com verbete de súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal. Esse artigo, por atecnia do legislativo, não tem § 1º. Quanto ao
§ 2º, chamamos a atenção para o fato de que não representa verdadeira inovação, mas normatização do Enunciado nº 333 do TST, da Súmula nº 168 do STJ e aprimoramento da redação do próprio Artigo 894, II c/c Artigo 896, § 2º, da CLT.
Súmula nº 333 TST: Recurso de Revista. Conhecimento. Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.
Súmula nº 168 do STJ: Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do tribunal se firmou no mesmo sentido do acordão embargado.
No que se refere ao § 3º, também não houve novidades, tendo em vista as previsões do Artigo 896, § 5º, que já eram neste sentido, e a prática utilizada pelo Tribunal Superior do Trabalho, que, inclusive, editou a Súmula nº 435.
TST. Súmula nº 435: Aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o Artigo 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973).
Por fim, sedimenta o § 4º que à decisão denegatória de embargos caberá agravo, a ser interposto no prazo de oito dias. Esse agravo é o interno. O recurso de embargos tem prazo de oito dias e também está sujeito ao depósito recursal e custas processuais.
Recurso ordinário (Artigo 895 da CLT)
De início convém registrar que o recurso ordinário ora analisado equivale à apelação do processo civil, e não pode ser confundido com o recurso ordinário a que se reporta a Constituição Federal, nos Artigos 102, II, e 105, II, pois versam sobre matérias completamente diferentes e são encaminhados a tribunais com competências distintas.
Tal modalidade recursal não sofreu alterações com o advento da Lei nº 13.015, de 2014, e está disciplinada no Artigo 895 da CLT. Veja a seguir os termos em que ela está disciplinada:
Recurso ordinário (Art. 895 da CLT)
Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:
I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e
II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em
processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.
§ 1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso ordinário:
I- (VETADO).
II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;
III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão;
IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.
§ 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.
Cabimento
Regra: O recurso ordinário pode ser utilizado para recorrer de decisões finais ou terminativas de juízo de primeiro grau de jurisdição e para impugnar julgados de órgão colegiado, ou seja, acórdãos dos Tribunais Regionais do Trabalho, nos feitos de competência originária, quer em dissídios individuais, quer em dissídios coletivos.
Exceção: Há decisões que mesmo sendo interlocutórias, por terem “natureza terminativa” desafiam o uso de recurso ordinário, caso do julgamento que pronuncia a incompetência absoluta da justiça do trabalho e determina a remessa do processo à justiça comum estadual (Art. 799, §2º, da CLT).
Súmula nº 124
Vamos observar agora o que diz a Súmula nº 124:
Súmula nº 214 do TST
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova redação) - Res. 127/2005, DJ, 14, 15 e 16.03.2005
Na Justiça do Trabalho, nos termos do Artigo 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no Artigo 799, § 2º, da CLT.
Tem-se recurso, portanto, com rol de possibilidade de interposição não taxativo.
Hipótese sumulada de não cabimento
Não cabe recurso ordinário de decisão do TRT proferida em agravo regimental.
Veja a decisão do TRT:
OJ 100 SBDI-II do TST. Recurso ordinário para o TST. Decisão de TRT proferida em agravo regimental contra liminar em ação cautelar ou em mandado de segurança. Incabível. Não cabe recurso ordinário para o TST de decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho em agravo regimental interposto contra despacho que concede ou não liminar em ação cautelar ou em mandado de segurança, uma vez que o processo ainda pende de decisão definitiva do Tribunal a quo.
Preparo e pedido liminar
O recurso ordinário está sujeito ao pagamento de custas e depósito recursal, com a peculiaridade de que, se interposto de decisão proferida pelo TRT em processo de sua competência originária, o valor a ser depositado equivalerá ao do recurso de revista.
Na hipótese de ser o recurso ordinário interposto de decisão proferida em ação rescisória, em havendo necessidade e utilidade, é possível que a parte recorrente formule pedido liminar em suas razões de recurso para suspender a execução da decisão rescindenda.
Neste sentido é a Súmula nº 405 do TST:
Súmula Nº 405 AÇÃO RESCISÓRIA. TUTELA PROVISÓRIA. (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 208 de 2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016
I - Em face do que dispõe a MP 1.984-22/00 e o art. 969 do CPC de 2015, é cabível o pedido de tutela provisória formulado na petição inicial de ação rescisória ou na fase recursal, visando a suspender a execução da decisão rescindenda.
Fundamentação
Como visto nas aulas anteriores, a parte recorrente tem que zelar pela fundamentação do recurso, para evitar o não conhecimento do mesmo sob esse fundamento. Sendo assim, veja a Súmula nº 422 do TST:
TST Súmula 422
RECURSO. FUNDAMENTO AUSENTE OU DEFICIENTE. NÃO CONHECIMENTO (redação alterada, com inserção dos itens I, II e III)
-Res. 199/2015, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.06.2015. Com errata publicado no DEJT divulgado em 01.07.2015
I – Não se conhece de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que proferida.
II – O entendimento referido no item anterior não se aplica em relação à motivação secundária e impertinente, consubstanciada em despacho de admissibilidade de recurso ou em decisão monocrática.
III – Inaplicável a exigência do item I relativamente ao recurso ordinário da competência de Tribunal Regional do Trabalho, exceto em caso de recurso cuja motivação é inteiramente dissociada dos fundamentos da sentença.
Embargos de declaração (Artigo 897-A da CLT)
Por muito tempo os embargos de declaração foram admitidos no processo do trabalho, invocando, subsidiariamente, as previsões dos Artigos 1.022 e seguintes do CPC/15, antigo artigo 535 do CPC.
Somente com a Lei nº 9.957/2000, que acresceu o Artigo 897-A à CLT, passamos a ter expressa previsão de embargos de declaração nessa justiça especializada.
A Lei nº 13.015/14 incluiu três parágrafos no Artigo 897-A, com o propósito evidente de pôr fim à discussão acerca de quando se interrompe ou se suspende o prazo para interposição de outros recursos.
Atenção
A vantagem do inciso III deve ser vista com reservas, pois não desobriga a parte de veicular correta fundamentação recursal.
Vejamos a atual redação: Artigo 897-A. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
§1º Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer das partes (Redação dada pela Lei nº 13.015, de 2014).
§2º Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias (incluído pela Lei nº 13.015, de 2014).
§3º Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua assinatura.
Aspectos importantes dos embargos de declaração
Em relação aos embargos de declaração (Artigo 897-A, da CLT), é importante registrar os seguintes aspectos:
Positivação da necessidade de oitiva da outra parte quando os embargos tiverem efeito modificativo.
Interrupção do prazo: a Lei nº 13.015/14 fixou a regra de que os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos. Salvo quando:
• Intempestivos;
• Houver irregularidade de representação; ou
• Ausência de assinatura.
Ausência de pedido: são improcedentes os embargos quando ausente o pedido de declaração da omissão dita existente no julgado anterior.
Súmula nº 317 do STF: são improcedentes os embargos declaratórios, quando não pedida a declaração do julgado anterior, em que se verificou a omissão.
Fins de prequestionamento: é comum o uso de embargos de declaração para fins de prequestionamento das matérias que se pretende vê apreciadas pelo STJ e STF, prática essa também a ser adotada, quando necessário, no que se refere ao recurso de revista, por força das alterações trazidas pela Lei nº 13.015/2014.
Súmula nº 98 do STJ: embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório.
Referência jurisprudencial: o Tribunal Pleno do TST julgou embargos de declaração, nos termos do Artigo 896, § 13º, da CLT (Lei nº 13.015/2014), cujo trecho da decisão ora elencamos e leitura na íntegra consideramos obrigatória.
Veja a seguir a decisão:
Embargos de Declaração em Recurso de Revista n° TST-E-ED-RR- 160100-88.2009.5.03.0038
RECURSO DE EMBARGOS. MATÉRIA AFETADA AO TRIBUNAL PLENO PARA QUE SEJA PROFERIDA DECISÃO UNIFORMIZADORA DE SUA JURISPRUDÊNCIA, COM EFEITOS EXTRAPROCESSUAIS. LEI Nº 13.015/2014. ARTIGOS 896, § 13, DA CLT E 7º DO ATO Nº 491/SEGJUD.GP, DE 23 DE SETEMBRO DE 2014.
1. Interpostos pela reclamante embargos à SbDI-1, nos termos do artigo 894, II, da CLT, contra a decisão da Sétima Turma do TST que conheceu do recurso de revista da reclamada por contrariedade à Súmula nº 6, item VI, deste Tribunal e deu-lhe provimento para julgar improcedente seu pedido inicial de pagamento de diferenças salariais e reflexos decorrentes de sua equiparação salarial com os paradigmas que indicou, essa matéria veio à deliberação deste Tribunal Pleno em decorrência de decisão da Subseção de Dissídios Individuais I do Tribunal Superior do Trabalho, que deu aplicação imediata ao disposto na Lei nº 13.015/2014, que alterou a redação do artigo 896 da CLT, prevendo a possibilidade de afetação de matéria relevante para o Tribunal Pleno para fixação da ratio decidendi sobre a questão de direito controvertida, em processos submetidos à apreciação daquela Subseção de Dissídios Individuais, sem necessidade de múltiplos processos em que a questão seja debatida, nos termos do § 13 da nova redação dada ao mencionado dispositivo e secundado pelo artigo 7º do Ato nº 491/SEGJUD.GP/2014, que regulamentou aquela lei. A finalidade desse incidente de assunção de competência é, como se sabe, consagrar um precedente cuja ratio decidendi deverá ser observada por todos os demais juízes e órgãos fracionários da Justiça do Trabalho, em casos idênticos, bem como, se for o caso, determinar a edição de Súmula ou a revisão de Súmula já existente no mesmo sentido da decisão uniformizadora.
EQUIPARAÇÃO SALARIAL EM CADEIA. SÚMULA Nº 6, ITEM VI, DO TST.
IRRELEVÂNCIA E DESNECESSIDADE DE QUE A DIFERENÇA DE TEMPO DE SERVIÇO NA FUNÇÃO ENTRE O RECLAMANTE E O PARADIGMA REMOTO OU ORIGINAL SEJA SUPERIOR A DOIS ANOS E DE QUE ESTES TENHAM CONVIVIDO E ATUADO SIMULTANEAMENTE NA RECLAMADA.
2. Em decorrência dos debates realizados na denominada "2ª Semana do TST", no período de 10 a 14 de setembro de 2012, os Ministros componentes do Tribunal Pleno desta Corte decidiram, por meio da Resolução nº 185/2012 (DEJT de 25, 26 e 27 de setembro de 2012), alterar a redação da Súmula nº 6, item VI, que passou a ter o seguinte teor: "EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT (redação do item VI alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. [...] VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial tenha origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma, exceto se decorrente de vantagem pessoal, de tese jurídica superada pela jurisprudência de Corte Superior ou, na hipótese de equiparação salarial em cadeia, suscitada em defesa, se o empregador produzir prova do alegado fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito à equiparação salarial em relação ao paradigma remoto".
(...)
6. Fixada por ampla maioria a ratio decidendi da questão de direito que, por sua relevância, foi afetada ao julgamento do Tribunal Pleno, deve ela desde logo produzir todos os efeitos extraprocessuais daí decorrentes após a sua regular divulgação (artigo 22, parte final, do Ato nº 491/SEGJUD.GP/2014 do TST), além do encaminhamento desta decisão à Comissão de Jurisprudência e Precedentes Normativos do TST, para elaboração de proposta de nova redação do item VI da Súmula nº 6 desta Corte que explicite aquilo que se considerou virtualmente nela já contido, em sua atual redação. Foi exatamente por esta razão, aliás, que se entendeu que os anteriores precedentes da SbDI-1 e das Turmas do TST já deram a correta aplicação à atual redação da Súmula em questão, não havendo, no caso presente, porque se cogitar de modulação dos efeitos da presente
decisão para valer apenas para o futuro, devendo a ratio decidendi consagrada nesta decisão produzir todos os seus efeitos de direito neste caso e em todos os demais casos idênticos presentes e futuros, independentemente da data das decisões neles proferidas e da futura alteração do enunciado de precedente jurisprudencial em questão.
Embargos conhecidos e providos.
Disponível em: <http://www.tst.jus.br/1392>, consultado em 28 set. 2015, às 12h16.
Importante alteração com a Reforma Trabalhista se deu no inciso IV, do parágrafo primeiro A, do art. 896 da CLT, em que: "transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da omissão".
Pedido de revisão do valor da causa
(Artigo 2º da Lei nº 5.584/70)
O pedido de revisão do valor da causa é formulado contra decisão interlocutória e, por isso, entendemos que tenha natureza de recurso. É previsto no Artigo 2º,
§ 1º, da Lei nº 5.584/70, e tem prazo específico de 48 horas.
Artigo 2º Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e não havendo acordo, o Presidente, da Junta ou o Juiz, antes de passar à instrução da causa, fixar-lhe-á o valor para a determinação da alçada, se este for indeterminado no pedido.
§ 1º Em audiência, ao aduzir razões finais, poderá qualquer das partes, impugnar o valor fixado e, se o Juiz o mantiver, pedir revisão da decisão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do Tribunal Regional.
admissibilidade, esse recurso exige:
• Que o valor da causa seja igual ou inferior a dois salários mínimos.
• Que haja impugnação em audiência por qualquer das partes do valor fixado pelo juízo ou atribuído à causa, inexistência de retratação, pelo juízo, do valor fixado.
Atividade proposta
Faça um fichamento sobre os objetivos da Lei nº 13.015/2014.
Disponível em <http: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/
l13015. htm>
Referências
ALMEIDA, André Luiz Paes de. CLT e Súmulas do TST comentadas. 13. ed.
São Paulo: Rideel, 2015. (Série Descomplicada).
FUX, Luiz (Coord.) ; NEVES, Daniel Amorim Assumpção (Org.). Novo Código de Processo Civil: comparado – Lei 13.105/2015. 2. ed. revista. Rio de janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho.
5. ed. São Paulo: LTr, 2007.
FERRARI NETO, Luiz Antônio; LIMA, Marçal Muniz da Silva. A inspiração das recentes mudanças na CLT pela nova lei 13.015/14. Disponível em:
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI213364,91041-
A+inspiracao+das+recentes+mudancas+na+CLT+pel a+nova+lei+130151
Exercícios de fixação
Questão 1Em reclamação trabalhista, o juiz atende ao pedido expresso do autor na petição inicial e, de plano, defere tutela de urgência para que a empresa entregue ao trabalhador o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) e, com isso, ele possa requerer aposentadoria especial junto ao INSS.
Intimada da decisão, a empresa o contrata para tentar impedir o efeito da tutela de urgência deferida, pois teme que os demais empregados sigam o mesmo destino, especialmente porque ela não reconhece que haja condição
desfavorável no ambiente de trabalho.
De acordo com o entendimento consolidado do TST, assinale a opção que apresenta a medida a ser adotada.
A. Interpor agravo de instrumento.
B. Opor embargos declaratórios.
C. Interpor recurso ordinário com efeito suspensivo.
D. Interpor reclamação correicional.
Questão 2
Assinale a opção correta com referência aos recursos no processo do trabalho.
A. O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados.
B. Omissões e contradições podem ser questionadas por intermédio de embargos de declaração, que deverão ser opostos no prazo de oito dias, contados da publicação da sentença ou acórdão.
C. As decisões proferidas pelos TRTs em processos de dissídios coletivos são irrecorríveis.
D. Nos recursos de revista, assim como nos recursos especiais, o recorrente apenas poderá fundamentar a afronta a dispositivo de lei federal, cabendo ao STF a análise de afrontas à CF.
Questão 3
Na reclamação trabalhista G, a empresa F saiu intimada da sentença de primeiro grau proferida em audiência realizada no dia 31 de março. Considerando que o dia 31 caiu em uma quinta-feira, bem como que sexta-feira e os dias da semana seguinte foram dias úteis, o prazo para interposição de Recurso Ordinário termina em:
A. 10 de abril.
B. 7 de abril.
C. 8 de abril.
D. 9 de abril.
E. 12 de abril.
Questão 4
Determinada sentença apreciou o mérito da lide. Por lapso, omitiu-se quanto a ponto importante da controvérsia. A parte opôs embargos declaratórios, pedindo suprimento da omissão e alteração do julgado. O Juiz do Trabalho:
A. Poderá declarar a omissão, mas não supri-la, servindo os embargos declaratórios apenas para prequestionamento da matéria, que deverá ser apreciada pelo TRT, este sim podendo dar efeito modificativo à sentença.
O recurso de revista deve ser interposto no prazo de 05 dias.
embargos declaratórios efeito modificativo.
C. Poderá declarar a omissão e até supri-la, mas não alterar a conclusão, pois já cumprido o ofício jurisdicional.
D. Poderá declarar a omissão e, suprindo-a, emprestar aos embargos declaratórios efeito modificativo.
E. Nada poderá declarar, face à preclusão.
Questão 5
Cabe recurso de revista, EXCETO.
A. Das decisões proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.
B. Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas Turmas, em execução de sentença, na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal.
C. Quando as decisões proferidas derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme do TST.
D. Quando as decisões proferidas derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa, ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da sentença recorrida, interpretação divergente.
E. Das decisões definitivas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de oito dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.
Questão 1 - C
Justificativa: SÚMULA 414 – I DO TST.
Questão 2 - A
Justificativa: O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados.
Questão 3 - C
Justificativa: ARTIGO 895 DA CLT Cabe recurso ordinário para a instância superior: I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias;
Questão 4 - D
Justificativa: Súmula 278 do TST - A natureza da omissão suprida pelo julgamento de embargos declaratórios pode ocasionar efeito modificativo no julgado.
Questão 5 - E
Justificativa: Artigo 895 da CLT – Cabe recurso ordinário para a instância superior: II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária, no prazo de oito dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.
