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CAMEX - Câmara de Comércio Exterior

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CAMEX - Câmara de Comércio Exterior

RESOLUÇÃO Nº 58, DE 19 DE JUNHO DE 2015.

(Publicada no D.O.U. de 22/06/2015)

Prorroga direito antidumping definitivo, por um prazo de até 5 (cinco) anos, aplicado às importações brasileiras de seringas descartáveis de uso geral, originárias da China.

O PRESIDENTE DO CONSELHO DE MINISTROS DA CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR, no uso da atribuição que lhe confere o

§ 3º do art. 5º do Decreto nº 4.732, de 10 de junho de 2003, e com fundamento no art. 6º da Lei nº 9.019, de 30 de março de 1995, no inciso XV do art. 2º do Decreto nº 4.732, de 2003, e no inciso I do art. 2º do Decreto nº 8.058, de 26 de julho de 2013, CONSIDERANDO o que consta dos autos do Processo MDIC/SECEX 52272.000937/2014-92,

RESOLVE, ad referendumdo Conselho:

Art. 1º Prorrogar a aplicação do direito antidumping definitivo, por um prazo de até 5 (cinco) anos, aplicado às importações brasileiras de seringas descartáveis de uso geral, de plástico, com capacidade de 1ml, 3ml, 5 ml, 10 ml ou 20 ml, com ou sem agulhas, comumente classificadas nos itens 9018.31.11 e 9018.31.19 da Nomenclatura Comum do MERCOSUL – NCM, originárias da China, a ser recolhido sob a forma de alíquota específica fixada em dólares estadunidenses por quilograma, nos montantes abaixo especificados:

Origem Produtor/Exportador Direito Antidumping Definitivo (em US$/kg)

China Todos 4,55

Parágrafo único. Ficam excluídos da aplicação dos direitos antidumping os seguintes tipos de seringas: (i) “Seringas Descartáveis de Insulina”; (ii) “Seringas Descartáveis Preenchidas com Solução Salina ou Heparina”; (iii) “Seringas Descartáveis de Segurança”; e, (iv) “Seringas Descartáveis de Prevenção de Reuso”, que devem necessariamente ser dotadas de dispositivo que impeça o recuo do êmbolo após a aplicação.

Art. 2º Tornar públicos os fatos que justificaram a decisão, conforme consta do Anexo.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

ARMANDO MONTEIRO Este texto não substitui o publicado no DOU

ANEXO 1. DOS ANTECEDENTES

1.1 Da investigação original

Em 23 de novembro de 2007, a Becton Dickinson Indústrias Cirúrgicas Ltda., doravante denominada indústria doméstica, ou simplesmente BD, protocolou no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior petição de início de investigação de dumping nas exportações para o Brasil de seringas descartáveis de uso geral, de plástico, com capacidade de 1ml, 3ml, 5 ml, 10 ml ou 20 ml, com ou sem agulhas, quando originárias da República Popular da China (doravante denominada China), de dano à indústria doméstica e de nexo causal entre esses.

A investigação foi iniciada por meio da Circular SECEX no 37, de 18 de junho de 2008, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) de 19 de junho de 2008 e foi encerrada por meio da Resolução CAMEX no 53, de 17 de setembro de 2009, publicada

BRASIL Acesso à informação Participe Serviços Legislação Canais

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no D.O.U. de 18 de setembro de 2009, com aplicação, por 5 anos, de direito antidumping definitivo na forma de alíquota específica de US$ 7,73/kg para a empresa chinesa Shanghai Kindly Enterprise Development Group Co. Ltd., e de US$

10,67/kg para as demais empresas da China.

2. DA REVISÃO

2.1 Dos procedimentos prévios

Em 27 de novembro de 2013 foi publicada a Circular SECEX no 73, de 26 de novembro de 2013, que tornou público que o prazo de vigência do direito antidumping aplicado pela Resolução CAMEX no 53 encerrar-se-ia no dia 18 de setembro de 2014. Adicionalmente, foi informado que, conforme previsto no art. 111 do Decreto no 8.058, de 26 de julho de 2013, as partes que desejassem iniciar uma revisão deveriam protocolar petição de revisão de final de período, no mínimo, quatro meses antes da data de término do período de vigência do direito antidumping.

2.2 Da petição

O art. 110 do Decreto no 8.058, de 2013, determina que a revisão de final de período deverá ser solicitada pela indústria doméstica ou em seu nome.

Em 30 de abril de 2014, a BD protocolou pedido de revisão do direito antidumping aplicado às importações de seringas descartáveis quando originárias da China, com base no art. 106 do Decreto no 8.058, de 2013, doravante também denominado Regulamento Brasileiro.

Após exame preliminar da petição, em 6 de junho de 2014, solicitou-se à peticionária, com base no § 2o do art. 41 do Regulamento Brasileiro, informações complementares àquelas fornecidas na petição, as quais foram apresentadas no dia 18 de junho de 2014.

2.3 Do início da revisão

Considerando o que constava do Parecer DECOM no 43, de 15 de setembro de 2014, e tendo sido verificada a existência de elementos suficientes que justificavam a abertura, a revisão foi iniciada por meio da Circular SECEX no 54, de 16 de setembro de 2014, publicada no Diário Oficial da União de 17 de setembro de 2014.

2.4 Das notificações de início de revisão e da solicitação de informações às partes

De acordo com o art. 96 do Decreto no 8.058, de 2013, notificou-se sobre o início da revisão a indústria doméstica, os outros produtores nacionais - Saldanha Rodrigues Ltda. e Injex Cirúrgicas Ltda., o governo da China (Embaixada e Conselho Econômico-Cultural), os produtores/exportadores estrangeiros e os importadores brasileiros de seringas descartáveis, identificados por meio dos dados oficiais de importação da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), do Ministério da Fazenda, tendo sido enviada, na mesma ocasião, cópia da Circular SECEX no 54, de 2014.

A todos os fabricantes/exportadores e à representação diplomática da China no Brasil foi enviada, também, cópia do texto completo não confidencial da petição que deu origem à revisão.

Adicionalmente, atendendo ao disposto no § 3o do art. 15 do Decreto no 8.058, de 2013, as partes interessadas foram informadas de que se pretendia utilizar o México como terceiro país de economia de mercado para apuração do valor normal, já que a China é considerada, para fins de investigação de defesa comercial, uma economia não de mercado.

Dessa forma, também foram notificados do início da investigação os representantes do governo do México, bem como o produtor/exportador mexicano Becton Dickinson de México S.A., empresa indicada na petição apresentada pela indústria doméstica para a apuração do valor normal.

Como não houve exportações chinesas para o Brasil do produto objeto do direito antidumping no ano de 2013, embasado no inciso V do § 2o do art. 45 do Decreto no 8.058, de 2013, considerou-se que seriam partes interessadas os produtores/exportadores chineses que tenham exportado o referido produto para o Brasil dos anos de 2009 a 2012, quatro primeiros períodos considerados nesta análise. Por não ter havido exportações em P5 (janeiro a dezembro de 2013), também não foram selecionados produtores/exportadores para responderem ao questionário, já que se trata de medida aplicada sobre exportações de país de economia não de mercado cujos preços no mercado interno também não são considerados para fins de determinação de margem de dumping ou de probabilidade de retomada de dumping.

Assim, por ocasião da notificação de início da revisão de fim de período, foram simultaneamente enviados questionários aos outros produtores nacionais, com prazo de restituição de trinta dias, nos termos do art. 50 do Decreto no 8.058, de 2013, e ao produtor/exportador do terceiro país de economia de mercado, com a data limite de 6 de novembro de 2014 para a restituição.

2.5 Das partes interessadas

De acordo com o § 2o do art. 45 do Regulamento Brasileiro, foram consideradas como partes interessadas, além da indústria doméstica, o governo da China, os produtores/exportadores estrangeiros e os importadores brasileiros de seringas descartáveis.

Em atendimento ao estabelecido no art. 43 do Regulamento Brasileiro, buscou-se identificar, por meio dos dados detalhados de importação fornecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), do Ministério da Fazenda, as empresas produtoras/exportadoras do produto objeto da revisão durante o período de investigação de continuação/retomada de dumping. Buscou-se identificar, também, pelo mesmo procedimento, os importadores brasileiros que adquiriram o referido produto durante o mesmo período.

De acordo com o estabelecido no § 3o do art. 45 do Decreto no 8.058, de 2013, foi concedido prazo de vinte dias, contados a partir da data de publicação da Circular de abertura da revisão, para pedidos de habilitação de outras partes que se

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considerassem interessadas, com a respectiva indicação de representantes legais.

A empresa Jichun apresentou pedido de habilitação como parte interessada na investigação em 7 de outubro de 2014.

Foi respondido que a Jichun estaria excluída do conceito de parte interessada, pois não foram identificadas importações do produto objeto da revisão originárias da China, cuja produção pudesse ser vinculada a essa empresa, no período de análise, qual seja, de 2009 a 2013.

A empresa K&G, por sua vez, protocolou pedido de habilitação em 8 de outubro de 2014.

Respondeu-se, em 17 de outubro de 2014, que a K&G havia sido incluída no conceito de parte interessada, pois exportara o produto objeto da revisão para o Brasil, no período de análise de continuidade ou retomada do dano.

2.5.1 Das manifestações acerca das partes interessadas

Em 23 de março de 2015, a indústria doméstica protocolou manifestação na qual defendeu que as empresas Jiangsu Jichun Medical Devices Co., Ltd. e Shanghai K&G International Co., Ltd. não seriam partes interessadas da revisão de que trata este documento, alegando que:

“[...]o artigo 45, §3o, do Decreto 8.058/2013 dispõe que “será concedido o prazo de vinte dias, contado da data da publicação do ato da SECEX para a apresentação de pedidos de habilitação de outras partes que se considerem interessadas e de seus respectivos representantes legais.

Portanto, qualquer exportador chinês que se julgasse parte interessada na Revisão tinha até 7.10.2014 para requerer sua habilitação.

Intempestividade da habilitação da Jichun e K&G. Jichun e K&G apresentaram seus pedidos de habilitação no dia 7.10.2014, às 16 horas e 38 minutos e ás 16 horas e 36 minutos, respectivamente, conforme se depreende das fls. 1105 e 1099.

Conforme o art. 2o, da Portaria SECEX no 34/2013, somente serão considerados tempestivos os documentos impressos e as respectivas mídias eletrônicas recebidas no protocolo do DECOM até às 16h30 do dia de vencimento do prazo correspondente.

Considerando-se que os pedidos de habilitação de Jichun e de K&G foram realizados após às 16h30, do dia 7.10.2014, suas manifestações devem ser consideradas como protocolizadas no dia 8.10.2015.

Portanto, Jichun e K&G apresentaram intempestivamente seus pedidos de habilitação neste processo.”

Citou ainda que:

“[...]esse D. Departamento analisou o pedido e conclui que Jichun não é parte interessada, pois não realizou exportações do produto investigado para o Brasil no período de interesse.

Destaque-se que o Artigo 6.11 do Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do GATT 1994 (“Acordo Antidumping”) requer que a parte interessada estrangeira tenha efetivamente produzido ou exportado o produto investigado para o País Membro que esteja conduzindo a investigação.[...]

Da mesma forma, o artigo 45, §2o, do Decreto 8.058/2013, estabelece que:

§ 2o Serão consideradas partes interessadas:

I - os produtores domésticos do produto similar e a entidade de classe que os represente;

II - os importadores brasileiros que importaram o produto objeto da investigação durante o período da investigação de dumping e a entidade de classe que os represente;

III - os produtores ou exportadores estrangeiros que exportaram para o Brasil o produto objeto da investigação durante o período da investigação de dumping e a entidade de classe que os represente;

IV - o governo do país exportador do produto objeto da investigação; e

V - outras partes nacionais ou estrangeiras afetadas pela prática investigada, a critério do DECOM.

No caso concreto, Jichun não realizou qualquer exportação do produto investigado para o Brasil entre 2009 e 2013.

[...]

Ainda assim, o Acordo Antidumping permite que, por mera liberalidade, partes que não preencham o requisito acima sejam consideradas partes interessadas caso a autoridade investigadora assim o queira. O inciso V do artigo 45, §2o, do Decreto 8.058/2013, reflete essa portabilidade.

No caso concreto, esse D. Departamento estabeleceu critério objetivo, pelo qual também seriam consideradas partes interessadas os produtores ou exportadores chineses que tivessem exportado o produto investigado entre 2009 e 2012. No entanto, Jichun também não preencheu esse requisito.

Portanto, sob qualquer perspectiva que se analise a questão, resta claro que Jichun não é parte interessada neste processo administrativo e deve ser imediatamente excluída dos autos.”

Em 13 de abril de 2015, a indústria doméstica protocolou manifestação em que reiterou sua posição de que as empresas K&G e Jichun não poderiam ser consideradas partes interessadas na revisão, porque protocolaram pedidos de habilitação intempestivamente e, no caso da Jichun, a empresa nem sequer realizara exportações para o Brasil durante todo o período de análise.

Na mesma data, a produtora/exportadora K&G defendeu-se do questionamento apresentado em manifestação da indústria doméstica. A parte alegou que, mesmo que o protocolo do pedido de habilitação tivesse sido realizado após o dia 7 de outubro, quando afirmou ter sido realizado, não se poderia falar em intempestividade da habilitação. Segundo sustentou, a K&G já seria considerada parte interessada, nos termos do § 2o, art. 45, do Decreto no 8.058, de 2013, e fora decidido que a empresa estaria incluída no conceito de parte interessada, “pois exportou o produto investigado no período de interesse”.

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A indústria doméstica, em manifestação final protocolada dia 27 de maio de 2015, reiterou que “[...] a participação da empresa Shanghai K&G International Co. (“K&G”) como parte interessada neste processo administrativo é indevida, pois não dispensaria habilitação” e que “por não ter realizado exportações do produto investigado durante P5, K&G não deve constar necessariamente como parte interessada nesta revisão[..]”. Assim, “as exportações realizadas por K&G entre P1 e P4 a qualificariam apenas nos termos do art. 45, § 2o, inc. III, do Decreto Antidumping, que requer a habilitação prévia da parte.”

2.5.2 Do posicionamento

Conforme já decidido em resposta a recurso administrativo, a empresa Jiangsu Jichun Medical Devices Co., Ltd. não foi considerada pela autoridade investigadora como parte interessada, nos termos do § 2o do art. 45 do Decreto no 8.058, de 2013.

Como consta da Circular SECEX nº 54, de 16 de setembro de 2014, não houve exportações chinesas para o Brasil do produto investigado no ano de 2013. Assim, usando o inciso V do §2o do artigo supracitado, considerou-se que seriam partes interessadas os produtores/exportadores chineses que tenham exportado o produto investigado para o Brasil entre os anos de 2009 e 2012, quatro primeiros períodos da investigação.

A empresa Jichun, mesmo com o prazo concedido para demonstrar sua condição de parte interessada, não logrou êxito em provar que exportou/produziu o produto para o Brasil no período que compreende os anos de 2009 a 2013. Ademais, ao se examinar os 5 (cinco) períodos da investigação original também não foram encontradas exportações da Jichun para o Brasil.

Dessa forma, a empresa não se encaixava em nenhuma das hipóteses estabelecidas pelo Decreto no 8.058, de 2013, e tampouco atendeu aos critérios definidos para habilitar-se como parte interessada, motivo pelo qual teve seu pedido de habilitação indeferido.

Com relação à habilitação da empresa Shanghai K&G International Co., Ltd., conforme exposto nos excertos acima, haja vista que não foram registradas exportações do produto chinês em 2013 (P5), adotou-se como critério, para ser considerado como parte interessada, a realização de exportações do produto sob revisão para o Brasil de 2009 a 2012 (P1 a P4). A K&G, na condição de trading company, exportara seringas descartáveis de uso geral da China para o Brasil no referido período, assim, tendo protocolado pedido de habilitação, e, tendo sido identificada como exportadora por meio dos dados de importação fornecidos pela RFB, foi habilitada. Consequentemente, não há que se falar em intempestividade do pedido.

2.6 Do recebimento das informações solicitadas 2.6.1 Dos produtores nacionais

A BD apresentou suas informações na petição de início da presente revisão, as quais foram complementadas quando da resposta ao ofício de informação complementar, de 6 de junho de 2014, que solicitou esclarecimentos adicionais ao pleito inicial.

Nenhum dos outros produtores nacionais respondeu aos questionários remetidos.

2.6.2 Dos importadores

Não foram solicitadas informações aos importadores, pois não houve importações originárias da China no ano de 2013.

2.6.3 Dos produtores/exportadores

Não foram solicitadas informações aos produtores/exportadores, pois não houve exportações ao Brasil originárias da China no período de janeiro a dezembro de 2013.

Registre-se que as empresas Jiangsu Jichun Medical Devices Co. e Shanghai K&G International Co., Ltd. apresentaram voluntariamente questionário conjunto do produtor/exportador, no qual informaram valores de exportação de seringas descartáveis para outros países, uma vez que não realizaram vendas para o Brasil em P5. Decidiu-se não utilizar os dados apresentados para determinar preço de exportação fictício e margem de dumping individualizada, haja vista que, em casos de inexistência de exportações no período de revisão, procede-se ao cálculo da probabilidade da retomada de dumping, conforme previsto no § 3o do art. 107 do Decreto no 8.058, de 2013.

2.6.4 Do terceiro país

A empresa Becton Dickinson de México S.A. apresentou tempestivamente sua resposta ao questionário dentro do prazo originalmente concedido.

2.6.5 Das manifestações acerca das informações solicitadas

Em 17 de dezembro de 2014, a Noronha Advogados, representando as empresas Shanghai K&G International Co., Ltd. e Jiangsu Jichun Medical Devices Co., Ltd., protocolou manifestação questionando a decisão de desconsiderar-se os dados de exportação das referidas empresas.

Argumentou que, por ter sido concedido prazo até 17 de dezembro de 2014 para que a Jichun se manifestasse acerca de seu enquadramento como parte interessada, não se poderia ter desconsiderado a resposta ao questionário do produtor/exportador antes de a empresa não ter sido aceita como parte interessada.

Em seguida, argumentou não haver impeditivo legal à apresentação da resposta ao questionário e citou o art. 54 do Decreto no 8.058, de 2013, conforme o qual “as partes interessadas disporão de ampla oportunidade para a defesa de seus interesses”. Segundo a empresa, ao não elaborar um questionário do produtor/exportador, desde o princípio, desestimulou- se a apresentação das informações e a participação das empresas chinesas.

Sustentou que a mens legis do dispositivo legal seria garantir a participação de todas as partes interessadas no processo administrativo, coibindo qualquer eventual ameaça a princípios constitucionais consagrados, como o devido processo legal, a

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ampla defesa e o contraditório.

Argumentou, ainda, que não caberia ao aplicador o direito de interpretar restritivamente uma norma garantista, sob pena de nulidade do ato. A seu ver, ao diminuir as garantias trazidas pela legislação, o Estado assumiria papel arbitrário, o que traria insegurança jurídica, incoerente com o Estado de Direito moderno, em que o garantismo seria entendido como agente da validade, efetividade e vigência das normas.

Suscitou o princípio da legalidade, apontando que inexiste espaço para liberdade ou vontade pessoal do administrador, sendo imperiosa a obediência aos ditames e regras previstas no direito positivo.

Afirmou que, ao desconsiderar a resposta ao questionário do produtor/exportador, apresentado pelas empresas K&G e Jichun, limitou-se a participação e os direitos das referidas empresas chinesas.

Em seguida, alegou que o § 3o do art. 107 do Decreto no 8.058, de 2013, o qual versa sobre o cálculo da probabilidade de retomada do dumping, não determina metodologia de cálculo do preço de exportação, do valor normal e da margem de dumping. Por conseguinte, uma vez que seja consubstanciada a decisão de prorrogar o direito antidumping em revisão, as empresas produtoras e exportadoras da origem investigada teriam direito à margem de dumping individualizada. Razão pela qual deveria aceitar-se o questionário do produtor/exportador apresentado pela K&G e Jichun.

Em prosseguimento, invocou o inciso II do art. 21 do Decreto no 8.058, de 2013, para requerer que o preço de exportação das empresas chinesas fosse construído a partir de uma base razoável, conforme previsto em casos de não haver revenda a um comprador independente ou na mesma condição em que os produtos foram importados. No mesmo sentido, de acordo com o art. 14 do Decreto no 8.058, de 2013, o preço de exportação para terceiros países deveria ser utilizado para o cálculo do valor normal das empresas. Conforme a argumentação apresentada, com base no § 6o do art. 28 do Decreto no 8.058, de 2013, as referidas empresas chinesas teriam direito a uma margem de dumping individualizada, uma vez que, não tendo sido incluídas na seleção, apresentaram a informação necessária a tempo de ser considerada durante a investigação.

Ademais, explicou que apresentou os dados de exportação para terceiros mercados da K&G e da Jichun conjuntamente, por serem estas partes relacionadas. Requereu, por essa razão, que fosse utilizada a média do preço de exportação dos produtos fabricado pela Jichun e exportados pela K&G em P5, para determinação de margem de dumping conjunta para as empresas. Caso não se adotasse essa metodologia, solicitou a escolha de um destino das exportações dessas empresas, para cálculo conjunto do preço de exportação das duas empresas.

Em sequência, solicitou, com base no art. 181 do Decreto no 8.058, de 2013, que, caso mantivesse a decisão de desconsiderar o questionário do produtor/exportador apresentado, fosse fundamentado e comunicado o motivo da recusa, pois o simples fato de não ter havido exportações chinesas do produto investigado em P5 não seria suficiente para justificar a decisão.

Em conclusão, afirmou que a desconsideração da resposta ao questionário do produtor/exportador apresentado pela K&G e pela Jichun teria suprimido o direito de defesa dessas empresas, portanto solicitou a reconsideração da decisão. Ademais, caso a decisão não fosse reconsiderada, solicitou que o recurso apresentado fosse encaminhado às autoridades superiores, nos termos do art. 57 da Lei no 9.784, de 1999.

A indústria doméstica, em manifestação protocolada no dia 23 de março de 2015, argumentou que K&G e Jichun apresentaram a sua “Resposta ao Questionário” com o objetivo de obter margem de dumping, mas que no presente caso haveria impossibilidade de individualização das margens de dumping, pois:

“Conforme estabelecido no art. 25 do Decreto 8.058/13, a margem de dumping constitui a diferença entre o valor normal e o preço de exportação. No entanto, as informações apresentadas por Jichun e K&G não contribuem para o cálculo do preço de exportação, tampouco do valor normal.

Preço de exportação inexistente. Jichun e K&G não realizaram qualquer exportação do produto investigado para o Brasil no período objeto de análise. Portanto, não há preço de exportação a ser reportado por Jichun e K&G e, consequentemente, tomado como base para o cálculo de eventual margem individualizada de dumping, conforme interpretação do art. 18 e seguintes do Decreto 8.058/2013.

Valor normal com base em terceiro país. Pelo fato de importações investigadas serem originárias de país que não é considerado predominantemente como economia de mercado, o cálculo do valor normal é tomado com base em informações provenientes de países comparáveis e que sejam considerados economia de mercado, conforme art. 15 do Decreto 8.058/2013.”

Pelo exposto, a BD sustentou que a informações apresentadas pela Jichun e K&G seriam descabidas, pois, no presente caso, tanto o preço de exportação quanto o valor normal deveriam ser calculados com base na melhor informação disponível.

A BD, em manifestação protocolada em 13 de abril de 2015, reiterou o argumento de que a resposta ao questionário do produtor/exportador, apresentada voluntariamente pelas duas empresas, não poderia ser considerada, porquanto não estava acompanhada de tradução para o português. A BD questionou novamente a utilidade dos dados apresentados pelas empresas chinesas, haja vista que não serviriam para calcular a margem de dumping individualizada requerida.

Em manifestação final, protocolada dia 27 de maio de 2015, a indústria doméstica reiterou a desnecessidade de envio de questionários aos produtores e exportadores chineses, especificamente para esse processo de revisão.

2.6.6 Do posicionamento

No que tange ao uso do questionário enviado pela K&G com informações sobre suas exportações para outras origens, cumpre esclarecer que, para fins de apuração da existência de continuação ou retomada da prática de dumping, são

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analisadas informações relacionadas aos preços de venda efetivamente praticados pelas empresas investigadas durante o período analisado em operações destinadas ao mercado brasileiro. Ora, se a empresa não realizou nenhuma venda destinada ao Brasil durante o período analisado, como pode pretender fornecer informações para fins de apuração de preço de exportação para determinação da margem de dumping individual?

Ademais, o §3o do art. 107 do Decreto 8.058/13 é claro ao estabelecer que:

§ 3° Na hipótese de não ter havido exportações do país ao qual se aplica a medida antidumping ou de ter havido apenas exportações em quantidades não representativas durante o período de revisão, a probabilidade de retomada do dumping será determinada com base na comparação entre o valor normal médio internalizado no mercado brasileiro e:

I - o preço médio de venda do produto similar doméstico no mercado brasileiro, apurados para o período de revisão; ou II - o preço de exportação médio de outros fornecedores estrangeiros para o mercado brasileiro em transações feitas em quantidades representativas, apurados para o período de revisão.

Assim, no presente caso não se efetua o cálculo de margem de dumping para cada produtor/exportador e sim se analisa a probabilidade de retomada do dumping, até mesmo pela impossibilidade de se apurar tal margem, uma vez que não houve exportações. Por consequência direta, não faz sentido utilizar os artigos 18 e 21 do Decreto 8.058/13 para se chegar a um preço de exportação fictício, pois os mesmos não versam sobre a possibilidade de determinação de um preço quando inexistem exportações, mas quando existem exportações e não há preço para estas.

Há de ressaltar que o §6o do art. 28 do Decreto 8.058/13 não é aplicável ao caso, pois não foi feita seleção de produtores/exportadores conforme explicado anteriormente. Tratando-se a China de país cuja economia não é predominantemente de mercado, e não havendo exportações para o Brasil durante o período de análise de probabilidade de retomada de dano, não havia sentido em enviar questionários a produtores/exportadores chineses solicitando informações sobre valor normal ou preços de exportação em P5. Ademais, o art. 27 do mesmo Decreto afirma que, apenas preferencialmente, será determinada margem individual de dumping para cada um dos produtores ou exportadores conhecidos do produto objeto da investigação.

2.7 Da decisão final a respeito do terceiro país de economia de mercado

É importante esclarecer que, conforme estabelece o § 1o do art. 15 do Decreto no 8.058, de 2013, “O país substituto consistirá em um terceiro país de economia de mercado considerado apropriado, levando-se em conta as informações confiáveis apresentadas tempestivamente pelo peticionário ou pelo produtor ou exportador (...)”.

Na petição, a indústria doméstica justificou a escolha do México pelo fato de ser este país um grande produtor de seringas descartáveis e por ser o produto mexicano similar ao produto chinês, o que garantiria que o valor normal apresentado não se encontraria superestimado. Ademais, segundo a indústria doméstica, para a escolha desse país teria sido levada em consideração a robusteza dos dados, principalmente o volume significativo de vendas do produto similar no mercado mexicano.

Ainda, de acordo com a indústria doméstica, o fato de, na investigação original, ter sido o México escolhido como terceiro país de economia de mercado ratificaria a manutenção deste como país substituto na investigação de revisão.

2.7.1 Das manifestações acerca do terceiro país de economia de mercado

A empresa importadora Descarpack Descartáveis do Brasil Ltda. e a trading company Shanghai K&G International Co., Ltd., protocolaram, na data de 25 de novembro de 2014, manifestações semelhantes acerca da escolha do México como terceiro país de economia de mercado.

As partes alegaram que o México não seria o terceiro país mais apropriado para a determinação do valor normal chinês, uma vez que o preço praticado no mercado mexicano não refletiria o mercado internacional e a empresa mexicana que fornecera os dados de vendas no terceiro país seria parte relacionada à indústria doméstica.

Argumentou que a cessação das exportações chinesas para o Brasil em P5 denunciava um descolamento entre o preço praticado no mercado mexicano e o preço das seringas no mercado internacional. O valor normal elevado do produto chinês, calculado na investigação original a partir das vendas no mercado interno mexicano, teria resultado em margem de dumping que tornou impeditiva as exportações chinesas para o Brasil. A manutenção do México como terceiro país seria de interesse apenas da indústria doméstica.

Com a ressalva de que o produto investigado não seria homogêneo e com base nos dados de importação disponibilizado no Circular SECEX no 54, de 2014, as partes compararam o valor normal chinês de acordo com os dados da BD México com os valores das importações brasileiras originárias de outros países. Concluíram, dessa forma, que o valor normal apurado para a China, com base nos dados mexicanos, seria superior ao preço médio das importações brasileiras de outras origens.

Enquanto os preços das importações das outras origens variam de US$ 33,05 a US$ 56,41 por mil unidades, o valor normal chinês corresponde a US$ 68,60 por mil unidades.

Comparando o valor das vendas no mercado interno mexicano da BD México com o valor das exportações do produto similar do México para o Brasil, foi alegado haver indícios de prática de dumping nas exportações mexicanas. As partes alegaram existir margem de dumping absoluta de US$ 12,19 por mil unidades nas exportações de seringas do México para o Brasil no ano de 2013.

Adicionalmente, apresentaram excerto de artigo de julho de 2011, em que se afirmava que, apenas 20% da produção da BD México destinavam-se ao mercado interno mexicano, em comparação com 80% da produção destinada ao exterior. Destas, 6,9% destinavam-se ao Brasil.

Diante disso, as partes concluíram dispunha-se de dados suficientes para iniciar, de ofício, investigação por suposto

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dumping nas exportações mexicanas de seringas para o Brasil.

Em seguida, as partes argumentaram que não deveriam ser utilizados os dados fornecidos pela BD México, por ser esta uma empresa relacionada à indústria doméstica. De acordo com o raciocínio manifestado, a BD México poderia ter manipulado os dados, inflando os preços de venda no mercado interno mexicano em 2013, para garantir a hegemonia da parte relacionada no Brasil.

Assim, em razão do relacionamento entre a indústria doméstica e a empresa do terceiro país, do descolamento entre o preço no mercado mexicano e no mercado internacional, da suposta prática de dumping nas exportações mexicanas para o Brasil e do excessivo direito antidumping aplicado na investigação original, as partes consideraram que a escolha do México como terceiro país não garantiria a justa comparação e solicitaram a determinação do valor normal chinês por meio de outro paradigma.

As partes sugeriram três alternativas para a determinação do valor normal da China: a eleição da Colômbia ou do Paraguai como terceiro país de economia de mercado, ou a adoção de outra metodologia de cálculo do valor normal.

Propuseram a Colômbia por ser este um país com grande atuação no mercado de seringas descartáveis a preços competitivos equiparados aos do mercado internacional, e por seu um dos principais exportadores para o Brasil.

As partes indicaram a empresa RYMCO S.A. como produtora do produto similar na Colômbia e solicitaram que lhe fosse enviado questionário do terceiro país para determinação do valor normal. Afirmaram que tal empresa não possuía relação com a indústria doméstica e tinha grande representatividade na Colômbia. Assim, a seu ver, empregando seus dados, seria possível determinar valor normal mais realista.

Ademais, caso não se enviasse questionário à RYMCO S.A., as partes solicitaram que fossem utilizados os dados de exportações da Colômbia para terceiro país (Venezuela ou Paraguai), a fim de determinar o valor normal chinês. Com esse intuito, forneceram dados de exportação da Colômbia para esses países, extraídos do sítio eletrônico Trade Map.

Alternativamente à Colômbia, as partes sugeriram o Paraguai como escolha de terceiro país de economia de mercado, por também possuir grande atuação no mercado do produto similar a preços competitivos e por ser o segundo maior exportador de seringas descartáveis para o Brasil. Além disso, as exportações chinesas teriam se deslocado principalmente para o Paraguai, após a imposição do direito antidumping. Solicitaram, nesse sentido, o envio de questionário de terceiro país à empresa SR Productos para Salud S.A.

Por fim, argumentaram que, caso se decidisse manter o México como escolha de terceiro país de economia de mercado, o valor normal chinês fosse determinado não com base nas vendas no mercado interno mexicano, mas nas exportações da BD México para a Colômbia ou para outro mercado de exportação representativo. Esses dados poderiam ser obtidos junto à BD México com envio de outro questionário. Não sendo possível obtê-los, as partes sugeriram que fossem utilizados os valores de exportação do México para a Colômbia, extraídos do Trade Map.

Em 13 de abril de 2015, a indústria doméstica protocolou manifestação em que reiterou apoio à escolha do México como terceiro país de economia de mercado, para cálculo do valor normal da China.

Segundo a BD, na manifestação protocolada pelas empresas Descarpack e K&G, em 25 de novembro de 2014, na qual questionaram a escolha do México como terceiro país, essas indicaram outros países e metodologias para cálculo do valor normal, porém não comprovaram os volumes de exportação e venda, nem a similaridade do produto. Salientou que os dados apresentados foram analisados e foi informado que as alegações das duas partes eram insuficientes, para alterar o cálculo do valor normal.

A indústria doméstica complementou que, durante a investigação original do direito ora em revisão, foi realizada ampla análise para escolher o México como país substituto adequado. A indústria doméstica ainda rechaçou as alegações de que os dados da BD México eram tendenciosos, conforme confirmado em verificação in loco. Assim, a adoção de outra metodologia para cálculo do valor normal da China seria questionável e prejudicial à revisão.

Em seguida, a indústria doméstica afirmou que a decisão acerca da escolha do terceiro país de economia de mercado já havia sido proferida sem ter sido objeto de recurso administrativo. O prazo para contestação à escolha do país substituto já teria transcorrido e, por essa razão, os novos argumentos, apresentados no último dia da fase instrutória, pela Descarpack e K&G, não poderiam ser considerados. As informações apresentadas no último dia da fase probatória não teriam como ser verificadas, portanto a escolha do México seria acertada e definitiva. Em manifestação final de 27 de maio de 2015, a indústria doméstica reiterou a regularidade da escolha do México como terceiro país de economia de mercado para cálculo do valor normal da China.

Em 28 de maio de 2015, a empresa Shanghai K&G International Co., Ltd., produtora/exportadora do produto objeto da investigação, protocolou manifestação final na qual reiterou sua insatisfação na escolha do México como terceiro país para fins de apuração do valor normal chinês, alegando que o país eleito não é o mais adequado e que a empresa escolhida faz parte do mesmo grupo econômico da indústria doméstica.

A parte alegou ainda que os preços apresentados pela BD México estão completamente descolados do cenário internacional, sendo superiores aos praticados por todas as origens das quais o Brasil importa o produto investigado. Para demonstrar tal fato, apresentou o seguinte quadro:

Valores em US$/mil Unidades

Valor Normal (BD México) Importação Brasileira Origem Diferença

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81,19 39,66 Colômbia 104,72%

81,19 42,83 Coreia do Sul 89,56%

81,19 33,05 Índia 145,66%

81,19 34,26 Malásia 136,98%

81,19 56,41 México 43,93%

81,19 46,59 Paraguai 74,26%

81,19 54,01 Demais Países 50,32%

Acrescentou em seguida “que o preço determinado como “normal” é mais de 43% superior ao preço mais alto praticado para o Brasil que, ressalta-se, é do próprio México, configurando a existência de prática desleal pelo país eleito como paradigma.[..]

Como resultado, a medida que tem como objetivo defender a indústria brasileira de práticas desleais de comércio torna-se uma barreira tarifária contra uma única origem e sem qualquer benefício à indústria nacional.”

Ademais, a parte alegou que a corrente comercial do produto investigado sofreu grande alteração no mercado mexicano em 2013, pois as importações aumentaram em 455%, sendo que as importações dos Estados Unidos aumentaram em aproximadamente 250% e tiveram preço médio diminuído em mais de 70%. Assim, reafirmou que são claros os indícios de manipulações dos dados apresentados pela BD México e que “[..]requerer que as partes comprovem que o aumento dessas importações decorreu de comportamento atípico da BD México em seu mercado doméstico, acaba sendo uma exigência diabólica.”

No mesmo diapasão, afirmou que “[..] neste caso, diante dos indícios, cabia à BD México comprovar que seu preço e sua prática permaneceram as mesmas, não sofrendo alteração específica e extraordinária no período de análise, fato este que não ocorreu” e requereu, uma vez mais, que os dados da BD México fossem considerados como imprestáveis à determinação do valor normal chinês.

A parte ainda questionou os argumentos de que a decisão sobre o terceiro país já havia sido realizada quando da publicação da Circular no 12, de 12 de março de 2015, com amparo no § 4o do art. 15 do Decreto no 8.058 de 2013, afirmando tratar-se de verdadeira lesão à legítima defesa e ao contraditório, uma vez que o dispositivo invocado concede o poder de decisão final à uma análise inicial e perfunctória. Alegando ainda que “qualquer que seja a distorção ulterior à determinação preliminar, como é o caso discutido, a China fica refém da condição de seu substituto” e que “Impossibilitar a revisão da decisão de acordo com as novas provas apresentadas e os documentos disponibilizados posteriormente traz um grande engessamento ao procedimento além de trazer grave prejuízo às partes, notadamente lesando seu direito à ampla defesa e mitigando a possibilidade de contraditório.”.

Assim, entendendo pelo caráter não definitivo acerca da decisão sobre o terceiro país, a parte apresentou formas alternativas para determinação do valor normal chinês:

“Requer-se, desta forma, que o valor normal seja determinado pela eleição do Paraguai ou da Colômbia, com envio de questionários às empresas locais, não relacionadas ao Grupo BD, com a prorrogação da presente investigação para a apuração dos fatos em cumprimento ao princípio da busca pela da Verdade Real.

Na eventualidade de não ser este pedido acatado pelo R. Departamento, a K&G requer seja considerado o valor normal de acordo com as exportações realizadas do México para a Colômbia, de acordo com as informações apresentadas no SIAVI e no TradeMap, ambas já juntadas aos autos do presente processo.”

A parte justificou a sugestão da Colômbia asseverando que:

“[..]os mercados são semelhantes e a Colômbia possui grande atuação no mercado de seringas descartáveis, sendo, ainda, um dos principais exportadores do produto investigado para o Brasil.

Ademais, o país possui indústria nacional forte, notadamente a RYMCO S.A., empresa que inclusive foi apresentada como sugestão para o envio do questionário paradigma.

Isso não obstante, verificou-se que o volume comercializado pelo México com o Brasil e com a Colômbia foi muito semelhante.”

Acerca do cálculo do valor normal por meio das exportações realizadas do México para Colômbia a parte defendeu que essas são as únicas que guardam semelhança com o preço praticado por todas as origens ao Brasil, o que também demonstraria maior similaridade na cesta de produtos comercializada, pois “uma vez analisado o volume comercializado, o preço praticado,

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as condições de mercado e geográficas da Colômbia e do Brasil, verifica-se que a utilização das exportações do México para a Colômbia é mais apropriada para determinar o valor normal da China.”.

2.7.2 Do posicionamento

Decisão final em relação à escolha do terceiro país foi emitida por meio da Circular no 12, de 12 de março de 2015, com amparo no § 4o do art. 15 do Decreto no 8.058 de 2013, tendo confirmado o México como país substituto para apuração do valor normal para a China.

A respeito das alegações trazidas pelas partes, cabe esclarecer que, quando da apresentação da petição, a indústria doméstica apresentou informações de vendas do México como indicativo de valor normal da China. As informações fornecidas foram avaliadas e se considerou que os dados eram suficientes para a apuração do valor normal, para fins de abertura da revisão. Ressalte-se também que o México já havia sido utilizado como terceiro país quando da investigação original.

Acrescente-se que, para fins de determinação final, não apenas se procurou verificar a adequação das provas apresentadas, como também realizou-se verificação in loco nas dependências da empresa mexicana, confirmando que as faturas de vendas correspondiam à totalidade de vendas de seringas descartáveis de uso geral para o mercado interno do México.

Cumprindo as disposições legais, tão logo iniciada a revisão da medida antidumping, quando da notificação de seu início, todas as partes interessadas foram informadas de que se pretendia utilizar o México como terceiro país de economia de mercado para fins de cálculo do valor normal, nos termos do § 3o do art. 15 do Decreto no 8.058, de 2013. As partes foram informadas, também, que poderiam se manifestar a esse respeito, e que caso não concordassem com o terceiro país de economia de mercado informado, deveriam apresentar as razões dessa discordância, fundamentando suas alegações e indicando qual outro terceiro país seria mais adequado.

Muito embora as empresas tenham indicado outros países que não o México como terceiro país para o cálculo do valor normal da China, restringiram-se a elencá-los, observando que esses países teriam condições de mercado e de fabricação mais próximos ao da China, sem, nos termos do art. 15, §1o, do Decreto no 8.058, de 2013, apresentar informações sobre volume de exportação e vendas internas do produto similar nos mesmos, similaridade do produto fabricado, disponibilidade e adequação dos dados do país para a investigação atual. As empresas contestaram a escolha do México como terceiro país a partir da comparação de preços de exportação e pela participação das exportações da empresa BD México em sua produção total.

Cabe ressaltar que, como serão utilizadas as vendas domésticas do país substituto para apuração do valor normal, as condições de venda no mercado interno do país escolhido devem ter prioridade no critério de definição, a despeito das características de suas exportações. Por este motivo, pelo tamanho da economia que representa, o mercado interno mexicano inegavelmente apresenta maior similaridade com o chinês do que os da Colômbia ou Paraguai, indicados pelas partes. Apesar de as vendas internas da BD México representarem um percentual minoritário da produção da empresa (20%, segundo alegado), a mesma fonte de informação da parte indica que ela possui 55% de market-share no México, relativamente ao mercado de seringas.

No que tange à alegação de que a BD México é parte relacionada da peticionária e que, por esse motivo, poderia manipular os dados, inflando o preço no mercado interno mexicano, não se pode trabalhar com hipóteses e sim com dados fundamentados trazidos aos autos. Ademais, foi realizada verificação in loco na empresa mexicana e os dados apresentados por ela na resposta ao questionário do terceiro país puderam ser comprovados.

No caso das seringas descartáveis de uso geral, os itens tarifários em que são usualmente classificadas as importações englobam também outros produtos, distintos daqueles objeto da revisão. Dessa forma, considerou-se que utilizar os dados do trademap seria mais impreciso do que trabalhar com informações relacionadas à comercialização das seringas no mercado interno mexicano, por se tratar de informações individualizadas por tipo de produto, e passíveis de verificação in loco.

Ressalta-se ainda que, como se trata de decisão definitiva, nos termos do § 4o do art. 15 do Decreto no 8.058 de 2013, eventual discordância posterior apenas poderia ser analisada em sede de recurso administrativo, não interposto por qualquer das partes durante o prazo regulamentar.

2.8 Das verificações in loco 2.8.1 Do produtor nacional

Fundamentado nos princípios da eficiência, previsto no § 2o do art. 1o da Lei no 9.784, de 1999, e da celeridade processual, previsto no inciso LXXVIII do art. 5o da Constituição Federal de 1988, realizou-se a verificação in loco dos dados apresentados pela indústria doméstica previamente à elaboração do Parecer de Abertura.

Assim, solicitou-se, em face do disposto no art. 175 do Decreto no 8.058, de 2013, anuência para que equipe de técnicos realizasse verificação in loco dos dados apresentados pela BD, no período de 4 a 8 de agosto de 2014, em Curitiba, Paraná.

Após consentimento da empresa, técnicos realizaram verificação in loco na BD, no período proposto, com o objetivo de confirmar e de obter maior detalhamento das informações prestadas pela empresa na petição de revisão de final de período e na resposta ao pedido de informações complementares.

Constatou-se que os dados apresentados pela empresa precisavam ser corrigidos e com esse propósito, em 26 de agosto de 2014, a BD protocolou, documentos com os ajustes decorrentes da verificação in loco realizada naquele período.

Para confirmar a validade dos dados reapresentados, solicitou-se, em face do disposto no art. 175 do Decreto no 8.058, de

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2013, anuência para que equipe de técnicos realizasse verificação in loco dos dados apresentados pela BD, no período de 10 a 14 de novembro de 2014, em Curitiba, Paraná.

Após consentimento da empresa, técnicos realizaram verificação in loco nas instalações da BD, no período proposto, com o objetivo de confirmar e de obter maior detalhamento das informações prestadas pela empresa na petição de revisão de final de período, na resposta ao pedido de informações complementares e nos ajustes apresentados após a primeira verificação in loco.

Considerou-se válidas as informações fornecidas pela empresa, depois de realizadas as correções pertinentes. Os indicadores da indústria doméstica aqui apresentados incorporam os resultados da verificação in loco realizada no período de 10 a 14 de novembro de 2014.

As versões restritas dos relatórios das verificações in loco constam dos autos restritos do processo e os documentos comprobatórios foram recebidos em bases confidenciais.

2.8.2 Do terceiro país

No período de 28 a 30 de janeiro de 2015, foi realizada verificação in loco na empresa produtora de seringas descartáveis no terceiro país, BD México, na Cidade do México, Estados Unidos Mexicanos, nos termos do § 1o do art. 52 do Decreto no 8.058, de 2013.

Cumpriram-se os procedimentos previstos no roteiro previamente encaminhado à empresa, tendo sido verificadas as informações prestadas. Também foram obtidos esclarecimentos acerca dos processos produtivo das seringas e da estrutura organizacional da empresa.

Em atenção ao § 3o do art. 52 do Decreto no 8.058, de 2013, a versão restrita dos relatórios das verificações in loco foi juntada aos autos restritos do processo. Todos os documentos colhidos como evidência do procedimento de verificação foram recebidos em bases confidenciais. Cabe destacar que as informações aqui constantes incorporam os resultados da referida verificação in loco.

2.8.3 Das manifestações acerca das verificações in loco

A empresa Descarpack Descartáveis do Brasil Ltda., importadora do produto objeto da investigação, protocolou manifestação em 23 de dezembro de 2014 em que sustentou que a indústria doméstica não logrou êxito em comprovar os dados apresentados na petição durante a verificação in loco no período de 4 a 8 de agosto de 2014.

A Descarpack ressaltou que:

“[...]durante a primeira verificação in loco: (a) 12 (doze) notas fiscais foram verificadas, tendo sido encontradas inconsistências em 10 (dez); (b) a quantidade vendida reportada no Apêndice VIII foi superior à verificada pelos investigadores, tendo em vista a inclusão de notas de remessa neste Apêndice; (c) a fatura 143.975 apresentou divergência de valores e gerou nota de crédito ao cliente, a qual não foi reportada; (d) foram encontradas faturas de vendas e de devolução não reportadas, bem como faturas reportadas em duplicidade; (e) não foram reportados rebates existentes; (f) foram encontradas inconsistências quanto ao CPV, especificamente no que se refere ao demonstrativo de resultados; e (g) não foi possível validar o Apêndice XVI, tendo em vista divergências encontradas na base de dados de massa salarial da Indústria Doméstica.”

Afirmou ainda que, para a consideração dos dados apresentados pela indústria doméstica, foi necessária modificação substancial das informações inicialmente prestadas, o que seria vedado pelo § 2o do art. 42 do Decreto no 8.058, de 2013.

Por esse motivo, a presente revisão não deveria ter sido iniciada.

Destacou também que, além de ter sido reprovada na primeira verificação in loco – que deveria ter sido a única – a indústria doméstica teve a oportunidade de apresentar novos dados e passar por uma segunda verificação in loco, que ocorreu no período de 10 a 14 de novembro de 2014. Argumentaram também que, durante essa segunda verificação in loco, houve mudança integral na base de dados como parte das correções iniciais, pois houve alterações nos seguintes dados: (i) quantidade vendida; (ii) faturamento; (iii) impostos; (iv) abatimentos; (v) fretes; (vi) receita operacional bruta; (vii) estoques; (viii) demonstração de resultados; (ix) retorno de investimento; e (x) fluxo de caixa.

Ademais, acrescentou que “mesmo com estas inúmeras alterações substanciais, ainda foram encontradas divergências nas informações prestadas, tais como: (i) a política de bonificação dos clientes; (ii) o demonstrativo de resultado; (iii) o número de empregados; e (iv) a massa salarial.” Assim, a importadora requereu que a investigação fosse encerrada, uma vez que, mesmo com a nova submissão de dados, as informações apresentadas não puderam ser verificadas e necessitaram de sensíveis alterações.

No mesmo diapasão, a Descarpack asseverou que a indústria doméstica não poderia ser beneficiada, devendo o tratamento às partes ser isonômico. Assim, se não é facultado ao exportador corrigir seus dados e passar por nova verificação in loco tal tratamento não deveria ser dispensado à indústria doméstica.

Novamente, em manifestação de 13 de abril de 2015, o importador Descarpack solicitou o encerramento da investigação, por considerar que a indústria doméstica falhou em sua submissão de dados, não conseguindo comprová-los durante a primeira verificação in loco realizada. As correções e ajustes necessários teriam sido realizados de forma tão significativa que teriam exigido a realização de uma nova verificação in loco e, segundo a parte, “em afronta ao princípio da isonomia e sem qualquer base legal”. De toda forma, na segunda verificação in loco, ainda teriam sido realizadas outras mudanças substanciais nos dados, em itens como política de bonificação de clientes, demonstrativo de resultados, emprego e massa salarial.

Em suas manifestações finais, de 28 de maio de 2015, a Descarpack contestou parte do posicionamento da autoridade investigadora a respeito do tema. A parte julgou que os novos dados enviados alteraram sim de forma significativa o pedido de revisão, tendo em vista a necessidade de realização de nova verificação in loco. Afirmou ainda que a decisão de realizar-se

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uma nova verificação seria contrária ao interesse público, pois provocaria insegurança jurídica e afrontaria o princípio da legalidade. Segundo argumentou, “a disposição do § 2º do artigo 42 do Decreto 8.058/2013 é clara, e não dá margens para interpretações”, a saber: § 2º Serão indeferidas petições que (...) demandem informações complementares, correções ou ajustes significativos.

A indústria doméstica, em manifestação final protocolada dia 27 de maio de 2015, defendeu a regularidade da verificação dos dados da indústria doméstica, conforme preceitua o ordenamento jurídico brasileiro, as normas que regem os processos administrativos e os princípios da isonomia, contraditório, eficiência e celeridade processual.

A respeito do princípio da isonomia a parte acrescentou que “[..]Descarpack Descartáveis do Brasil Ltda (“Descarpack”) faz uso de conceitos ultrapassados de igualdade formal para alegar suposta violação ao princípio da isonomia. O princípio da isonomia pressupõe seja dado tratamento igual aos iguais e, desigual aos desiguais. Trata-se da proclamada igualdade proporcional/ substancial” e que, no caso concreto, não há que se falar em qualquer quebra do princípio da isonomia, pois as situações da indústria doméstica e dos exportadores são, de fato, muito diferentes.

A parte dispõe ainda pela inaplicabilidade do art. 42, § 2o, do Decreto Antidumping, pois “O artigo 94 do Decreto Antidumping dispõe que os procedimentos administrativos de revisão obedecerão, no que couber, ao disposto nos capítulos referentes às investigações originárias. Assim, o legislador deixa claro que em certas situações não será cabível tal aplicação.”

Por fim, indústria doméstica defendeu que “[..]a realização de duas verificações in loco também não causou prejuízos ao direito de contraditório das demais partes interessadas no processo de revisão, tampouco alterou qualquer prazo processual, não tendo prejudicado os prazos da investigação. Ademais, foram concedidas amplas oportunidades para análise e contestação dos dados apresentados pela indústria doméstica.”.

2.8.4 Do posicionamento

Quando da investigação original, coube à indústria doméstica comprovar a existência de dano decorrente das importações efetuadas a preços de dumping. Já em sede de revisão da medida já aplicada, a questão que se põe não é a constatação fática de dano à indústria doméstica, mas a construção de cenários prováveis decorrentes da retirada ou não da medida aplicada. De fato, o artigo 106 do Regulamento Brasileiro dispõe que a duração de um direito antidumping pode ser prorrogada caso determinado que a sua extinção levaria muito provavelmente à continuação ou à retomada de dumping e do dano dele decorrente.

Observam-se, assim, naturezas bastante distintas entre investigações originais e revisões de final de período. Enquanto para a aplicação de uma medida original é imprescindível a comprovação de dano na indústria doméstica por meio da avaliação de todos os fatores e índices econômicos pertinentes definidos nos §§ 2o e 3o do art. 30 do Decreto no 8.058, de 2013, a avaliação destes mesmos fatores e índices econômicos recebe outra natureza na revisão da medida, não sendo sequer necessário observar a ocorrência efetiva de dano à indústria doméstica para a prorrogação de uma medida.

A distinção entre os dois casos, se estende, inclusive, ao tipo de informação necessária em cada análise e aos prazos dedicados pelo regulamento a um e outro procedimento. Assim, nas revisões, o prazo de antecedência à apresentação da petição é mais largo que o previsto em sede de investigação original, o que vem permitindo a realização de investigações in locopreviamente ao início da revisão.

No caso em questão, a autoridade investigadora não considerou que as informações reapresentadas pela indústria doméstica alterassem substantivamente o pedido de revisão do direito antidumping. Não obstante, tais informações, trazidas aos autos antes do início da presente revisão, não poderiam ser confirmadas sem que fosse realizado um novo procedimento de verificação após o início da revisão.

Haja vista que a realização de uma nova verificação in loco para confirmação das correções realizadas não causaria prejuízo aos prazos da investigação, mormente pelo fato de que a primeira verificação ocorreu antes mesmo do início do processo de revisão, a autoridade investigadora aceitou o protocolo das informações corrigidas e aquiesceu em agendar novo procedimento de verificação para o período pós-início. Tal posicionamento é consoante com os princípios da eficiência, da economia processual e do interesse público. A realização de uma verificação dos dados prévia ao início da revisão viabiliza, no caso, o atendimento adequado dos prazos processuais do Decreto no 8.058, de 2013, mesmo diante da eventualidade ocorrida. Causaria prejuízo muito maior ao interesse público e ao interesse das partes caso a autoridade investigadora se recusasse a receber as novas informações mediante justificativa de impossibilidade de verificação ou, caso as aceitasse, não realizasse a investigação in loco para atestar sua veracidade.

Apesar da alegação da Descarpack de desrespeito ao princípio da isonomia, tal argumento não é cabível na situação aqui referida. Primeiramente porque, em não havendo importações ao longo do período de análise de continuação ou probabilidade de dumping, os importadores, produtores estrangeiros e exportadores nem sequer tinham dados a serem apresentados e verificados pela autoridade investigadora.

Mesmo em um caso onde existissem respostas aos questionários de importadores e produtores estrangeiros e exportadores, a quantidade de informações exigidas da indústria doméstica é maior e mais extensa que a exigida de produtores/exportadores. Enquanto para aqueles são solicitados todos os dados necessários para apuração dos indicadores de dano (vendas, estoques, demonstrações de resultados, custos, massa salarial e emprego, entre outros), para 5 períodos diferentes de 12 meses, para os últimos exige-se o envio de informações de apenas 1 período, relacionadas somente às vendas domésticas, exportações, despesas de vendas e custos de produção.

Recorde-se, ainda que o Acordo Antidumping da Organização Mundial do Comércio faz referência ao procedimento de verificação in loco em seu artigo 6.7 e traça diretrizes para o procedimento no Anexo I da referida legislação. O Acordo trata a

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verificação in loco como uma faculdade de cada autoridade investigadora, no sentido de verificar a correção das informações fornecidas pelas partes e obter dados e esclarecimentos adicionais. Não há obrigatoriedade na legislação multilateral de realização do procedimento para as partes e tampouco vedação que a verificação aconteça em mais de uma oportunidade.

O Decreto no 8.058, de 2013, regulamentação nacional do processo de investigação antidumping, faz referência às verificações in loco nos seguintes termos:

“Art. 52. O DECOM buscará, no curso das investigações, verificar a correção das informações fornecidas pelas partes interessadas.

§ 1o Poderão ser realizadas verificações in loco no território de outros países, desde que obtida a autorização das empresas envolvidas, notificado o governo do país correspondente e este não apresente objeções à realização do procedimento.

§ 2o Serão aplicados às verificações in loco realizadas no território do país exportador os procedimentos descritos no Capítulo XIII.

§ 3o Poderão ser realizadas verificações in loco nas empresas localizadas em território nacional, desde que previamente por elas autorizadas.”

Novamente, a legislação nacional reitera a realização da verificação in loco como uma faculdade da autoridade investigadora.

O procedimento não é mandatório e muito menos limitado em número de ocorrências. Trata-se de um procedimento discricionário da autoridade investigadora, necessariamente pautado pelos princípios que regem a Administração Pública e o processo administrativo brasileiro.

Em resumo, a correção das informações pela indústria doméstica e a realização de uma nova verificação in loco em nenhum momento desrespeitaram a legislação de defesa comercial e tampouco os princípios que norteiam a atividade pública. A indústria doméstica apresentou as correções antes do início do processo e confirmou a veracidade das informações na verificação in loco realizada após o início da revisão. Não houve prejuízo às partes, que tiveram mantidos seu direito à ampla defesa e ao contraditório com base em informações corretas, sem qualquer protelação de prazos.

Com relação à manifestação final apresentada pela Descarpack, a autoridade investigadora reitera o posicionamento aqui exposto e sua observância estrita aos regulamentos antidumping multilateral e nacional, além dos princípios constitucionais da Administração Pública, incluindo-se aí o da legalidade.

2.9 Do encerramento da fase de instrução

De acordo com o estabelecido no art. 59 do Decreto no 8.058, de 2013, no dia 23 de março de 2015 encerrou-se a fase probatória da revisão em epígrafe.

Conforme previsto no art. 60 do Decreto no 8.058, 20 dias após o encerramento da fase probatória, em 13 de abril de 2015, encerrou-se a fase de manifestação sobre os dados e as informações constantes dos autos.

Em 8 de maio de 2015, foram disponibilizados os fatos essenciais a serem considerados na determinação final da revisão de direito antidumping de que trata este documento, em consonância com o art. 61, do Decreto no 8.058, de 2013.

Em 28 de maio de 2015, completaram-se os 20 dias após a divulgação dos fatos essenciais sob julgamento, previstos no caput, do art, 62, do retrocitado decreto, para que as partes interessadas apresentassem suas manifestações finais. O prazo foi estendido em 1 dia em relação ao previsto no cronograma da Circular SECEX nº 12, de 12 de março de 2015, tendo em vista atraso equivalente na divulgação dos fatos essenciais.

No prazo regulamentar, manifestaram-se acerca dos fatos essenciais as seguintes partes interessadas: BD, Descarpack e K&G. Os comentários dessas partes acerca dos fatos essenciais sob análise constam deste Anexo, de acordo com cada tema abordado.

Deve-se ressaltar que, no decorrer da revisão, as partes interessadas puderam solicitar, por escrito, vistas de todas as informações não confidenciais constantes do processo, as quais foram prontamente colocadas à disposição daquelas que fizeram tal solicitação, tendo sido dada oportunidade para que defendessem amplamente seus interesses.

3. DO PRODUTO E DA SIMILARIDADE 3.1 Do produto objeto da revisão

As “Seringas Descartáveis de Uso Geral” são um dispositivo médico de precisão, composto de três peças, a saber, um cilindro (onde é impressa a escala), uma haste e uma rolha de borracha ou plástico, a qual se encaixa na haste. Acopla-se à seringa uma agulha, que pode ser vendida separadamente, colocada ao lado da seringa na embalagem ou montada no bico da seringa que fica no cilindro. A agulha quando importada isoladamente não é objeto desta investigação

Há diferentes tipos de seringas descartáveis. Interessam a esta revisão apenas as “Seringas Descartáveis de Uso Geral”. As

“Seringas Descartáveis de Uso Geral” atendem a uma variedade diversificada de uso, sendo normalmente agrupadas de acordo com sua capacidade em mililitros (ml). As “Seringas Descartáveis de Uso Geral” podem ser embaladas com ou sem agulhas na mesma embalagem, podendo ainda conter bicos dos tipos “rosca” (Luer Lok) ou “simples” (Luer Slip). Outra característica das “Seringas Descartáveis de Uso Geral” é a impressão opcional da marca comercial ou do nome do fabricante no produto.

As “Seringas Descartáveis de Uso Geral” existem no mercado doméstico há mais de trinta anos, sendo de uso generalizado em hospitais, clínicas, laboratórios e farmácias, para inserir substâncias líquidas por via intravenosa ou intramuscular, ou retirada de sangue, para citar suas principais aplicações. Algumas possuem dispositivos para destruição da haste após o uso, porém cabe ao profissional de saúde acioná-los, não podendo, por esse motivo, se enquadrarem nos tipos de seringa que contêm prevenção de reuso.

Referências

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