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POESIA E A RELAÇÃO TERAPÊUTICA NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO: ASPECTOS DE CORAGEM, AMOR E CONSCIÊNCIA

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Academic year: 2021

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POESIA E A RELAÇÃO TERAPÊUTICA NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO: ASPECTOS DE CORAGEM, AMOR E CONSCIÊNCIA

Ana Paula dos Santos 1 Dr. Artur Vandré Pitanga 2

Resumo

Por meio deste relato de experiência, com base em pesquisa qualitativa e registro manual de sessões, o presente trabalho aborda um caso clínico com foco na relação terapêutica das terapias comportamentais contextuais (ou de terceira geração) que envolvem aceitação e compromisso, tendo como base de intervenção a ACT. Os procedimentos de terapias de terceira geração apresentam resultados surpreendentes, contribui para o contexto clínico na análise do comportamento, propõe um estudo sobre a relação terapêutica, possibilitando fornecer conhecimento a respeito do impacto na relação terapêutica. O tema poesia foi trabalhado pois a paciente escreve textos e poemas. Procedimentos foram utilizados de acordo com os objetivos terapêuticos, alguns relacionados ao convívio familiar. Assim pode-se perceber a influência da terapia na análise dos primeiros textos escritos pela paciente e os últimos textos após 6 meses de terapia. Terapeuta e paciente perceberam a mudança em relação a escrita após iniciar terapia. As mudanças verbais da paciente, assertividade com seu familiares e iniciativas no campo social, como estudar e procurar amigos marcou o início de resultados positivos na terapia, apresentando um repertório de comportamento contrário às suas queixas iniciais.

Palavras-chave: poesia; relação; comportamental; contextual;

Abstract

Through this experience report, based on qualitative research and manual recording of sessions, the present study approaches a clinical case focused on the therapeutic relationship of contextual (or third generation) behavioral therapies involving acceptance and commitment, based on the ACT. The procedures of third generation therapies present surprising results, it contributes to the clinical context in the behavioral analysis, proposes a study about the therapeutic relationship, allowing to provide knowledge regarding the impact on the therapeutic relation. The poetry theme was worked because the patient writes texts and poems. Procedures were used according to the therapeutic objectives, some related to family life. Thus we can see the influence of therapy on the analysis of the first texts written by the patient and the last texts after 6 months of therapy. Therapist and patient noticed the change over writing after starting therapy. The verbal changes of the patient, assertiveness with her relatives and initiatives in the social field, such as studying and seeking friends marked the beginning of positive results in therapy, presenting a repertoire of behavior contrary to her initial complaints.

Keywords: poetry; relationship behavioral; contextual;

Introdução

No início do século XX grandes nomes da psicologia e áreas afins buscaram um novo objeto de estudo, o comportamento. Ivan Pavlov descobriu e explicou a aprendizagem reflexa, J. Watson fundou o behaviorismo metodológico, B.F. Skinner desenvolveu a noção de comportamento operante. Esses pesquisadores pioneiros, entre vários outros,

1Acadêmica de psicologia na UniEvangélica. Estagiária em terapia comportamental. anaapaulads@hotmail.com

2 Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Professor de Psicologia na UniEvangélica. arturvandre@gmail.com

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contribuíram com seus estudos para o desenvolvimento da análise do comportamento e o advento da terapia comportamental (LUCENA-SANTOS, PINTO- GOUVEIA, e OLIVEIRA, 2015).

A terapia comportamental é compreendida atualmente a partir de três momentos históricos, definidos com gerações. O intuito da terapia comportamental, em seus primórdios (primeira geração, surgiu em meados da década de 1950), era realizar intervenções cuidadosamente definidas e empiricamente testadas e relacionar as intervenções psicológicas às pesquisas sobre princípios básicos. A primeira geração da terapia comportamental tem como base os princípios clássicos de aprendizagem (HAYES e PISTORELLO, 2015), mudanças diretivas de comportamento respondente e operante.

A segunda geração surgi por volta da década de 1970, quando a psicologia cognitiva ganhou espaço no cenário das pesquisas em psicologia, valorizando os aspectos cognitivos do comportamento. Os terapeutas comportamentais da época não satisfeitos com as técnicas comportamentais começaram a integrar novas técnicas que valorizavam as cognições (pensamentos) (BARBOSA e BORBA, 2010).

A segunda geração de terapeutas associava a perspectiva cognitiva na mediação do comportamento ao uso de estratégias e técnicas de terapeutas da primeira geração (DOBSON e BLOCK, 1988; SHINOHARA, 1997, citado por LEONARDI, 2015).

A Terapia Cognitiva Comportamental visa adaptar o comportamento do indivíduo substituindo as distorções cognitivas (pensamentos-problema), tentando reduzir a duração,

a frequência e a intensidade desses pensamentos (LUCENA-SANTOS, PINTO- GOUVEIA, e OLIVEIRA, 2015).

A terceira geração (ou terapias comportamentais contextuais) apresenta um avanço da terapia comportamental e da terapia cognitiva. Entre as terapias de terceira geração estão: Psicoterapia Analitico-Funcional (FAP) desenvolvida inicialmente por Robert J.

Kolenberg e Mavis Tsai, a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) criada por Steven Hayes, e Terapia Comportamental Dialética (DBT) tendo como percursora Marsha Linehan, e a Terapia Comportamental Integrativa de Casais (IBCT), por Jacobson. No Brasil as terapias comportamentais de terceira geração são baseadas em experiências inovadoras e voltadas para resultados efetivos (HAYES e PISTORELLO, 2015).

Por meio de um relato de experiência, com base em pesquisa qualitativa e registro manual de sessões, o presente trabalho aborda um caso clínico com foco na relação

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terapêutica que envolvem aceitação e compromisso, tendo como base de intervenção a ACT. Os procedimentos de terapias de terceira geração apresentam resultados surpreendentes, contribui para o contexto clínico na análise do comportamento, propõe um estudo sobre a relação terapêutica, possibilitando fornecer conhecimento a respeito do impacto na relação terapêutica.

Foi atendida uma paciente “B”. de 19 anos, solteira, cursando ensino pré-vestibular, sem indicação religiosa, reside com os avós. Os atendimentos foram realizados na Clínica Escola de Psicologia do Centro Universitário Unievangélica em Anápolis, no Bloco E. A clínica escola atualmente possui sala de espera, uma sala para evolução de prontuários e arquivos, três consultórios para adultos e um infantil. Os consultórios adultos possuem uma mesa, duas cadeiras, duas poltronas, tapete, ar condicionado, controle para o ar condicionado, relógio de parede e caixas contendo lenços de papel.

A paciente B. relatou que os pais e o irmão mais velho moram em São Paulo.

Trouxe como queixa a necessidade de resolver “questões pessoais”, se amar mais e se conhecer mais. Indicou comportamentos relacionados a quadro de depressão, vivência de conflitos familiares e de relacionamento amoroso e com amigos. Gosta de assistir filmes em francês, pintar, escrever poesias e ficar sozinha em seu quarto. Contou que faz exercícios diariamente e meditação. B. relatou também outras demandas, como paralisia do sono, pesadelos, sofrer bullying e carência afetiva.

Procedimentos foram utilizados de acordo com os objetivos terapêuticos, alguns relacionados ao convívio familiar. Livros que abordavam a carência afetiva foram indicados e abordados nas sessões como forma de reflexão e mudança de perspectiva. Tarefas como escrever sobre sua vida, seus relacionamentos e aspectos familiares eram recomendados.

Criar vínculo, segurança, no primeiro momento, foi o objetivo da terapeuta.

Resultados

B. apresentava conteúdo verbal negativo, uma visão obscura da realidade, escrito em poesias e/ou verbalizado durante as sessões. Uma das tarefas foi que ela escrevesse textos com perspectivas diferentes, um pouco mais positivos e termos de conteúdo, durante as sessões foi reforçado o comportamento de verbalizar e perceber aspectos positivos da vida. Investigar as questões relacionadas ao bullying, trabalhar a flexibilidade, explorar e fazer análise de seus sonhos, questionar a respeito dos medos que B. vivencia.

Foi sugerido ser assertiva com os avós, falar sobre os textos e poesias escritas, sobre

1Acadêmica de psicologia na UniEvangélica. Estagiária em terapia comportamental. anaapaulads@hotmail.com

2 Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Professor de Psicologia na UniEvangélica. arturvandre@gmail.com

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sentimentos de esperança e capacidade de amar com sentimentos nobres e genuínos. Foi possível reforçar comportamentos de confiança, ensinar técnicas de atenção plena, observar o corpo, respiração e relatar sinais de diferenças. Valores, limite, relação saudável, análise funcional e expectativas.

O tema poesia foi trabalhado na sessão terapêutica. B. escreve textos e poemas.

Assim pode-se perceber a influência da terapia na análise dos primeiros textos escritos pela paciente e os últimos textos após 6 meses de terapia. Terapeuta e paciente perceberam a mudança em relação a escrita após iniciar terapia. As mudanças verbais de B., assertividade com seu familiares e iniciativas no campo social, como estudar e procurar amigos marcou o início de resultados positivos na terapia, apresentando um repertório de comportamento contrário às suas queixas iniciais.

Conclusão

Os objetivos propostos, até o presente momento, foram cumpridos. Com bases na Análise do comportamento a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) emprega uma nova visão de ajuda ao cliente a observar o sofrimento em uma perspectiva diferente, evitando a esquiva e o controle rígido por regras (COSTA e SOARES, 2015).

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REFERÊNCIAS:

1. BARBOSA, J. I. C.; BORBA, A. O surgimento das terapias cognitivocomportamentais e suas consequências para o desenvolvimento de uma abordagem clínica analítico- comportamental dos eventos privados. Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., Campinas- SP, 2010, Vol. XII, no 1/2, 60-79.

2. COSTA, R. S.; SOARES, M. R. Z. Terapia de Aceitação e Compromisso: o sofrimento psicológico em um caso clínico. Revista Psicologia: Teoria e Prática, 17(3), 19-27. São Paulo, SP, set.-dez. 2015.

3. HAYES, S. C.; PISTORELLO J. A Terceira Geração da Terapia Cognitiva e Comportamental no Brasil e nos Demais Países de Língua Portuguesa. Terapias Comportamentais de Terceira Geração: guia para profissionais. Orgs: Lucena-Santos, P.

Pinto-Gouveia, J. & Oliveira, M. S. [et al.] – Novo Hamburgo : Sinopsys, 2015.

4. LEONARDI, J. L. O lugar da terapia analítico-comportamental no cenário internacional das terapias comportamentais: um panorama histórico. Perspectivas em análise do comportamento, 6(2), 119-131. 2015.

5. LUCENA-SANTOS, P. PINTO-GOUVEIA, J. OLIVEIRA, M. S. Primeira, Segunda e Terceira Geração de Terapias Comportamentais. Terapias Comportamentais de Terceira Geração: guia para profissionais. Orgs: Lucena-Santos, P. Pinto. 2015.

1Acadêmica de psicologia na UniEvangélica. Estagiária em terapia comportamental. anaapaulads@hotmail.com

2 Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Professor de Psicologia na UniEvangélica. arturvandre@gmail.com

Referências

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